Obra avaliada: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS/CONITEC. Diretriz nacional de assistência ao
parto normal – relatório de recomendações. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
1. INTRODUÇÃO
A Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras – ABENFO NACIONAL,
composta por todas as suas Seccionais e mais de 600 associadas considera a Diretriz Nacional de
Assistência ao Parto Normal um marco histórico para o cuidado centrado na mulher, recém-
nascido e família por buscar resgatar parto e nascimento como um evento fisiológico que faz parte
da vida sexual e reprodutiva da mulher.
Ratificamos sua importância para a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das cidadãs
brasileiras e reconhece a urgência em qualificar a assistência profissional no ciclo grávido-
puerperal como modo de reduzir intervenções desnecessárias e muitas vezes prejudiciais, e que
colocam em risco a saúde/saúde mental das mulheres e seus direitos humanos básicos, bem como
resgatar o papel central da mulher no processo de parir, devolvendo a ela a sua autonomia e o
direito de participar das decisões e escolhas de intervenções no parto e nascimento.
Neste sentido, este documento foi elaborado com base nas considerações do grupo
elaborador dessa Diretriz, no qual a ABENFO, de modo articulado com todas as suas Seccionais,
visando contribuir para os avanços que se fazem necessários em relação a incorporação das
melhores práticas baseadas em evidência científica na assistência ao parto, a redução de
intervenções desnecessárias e muitas prejudiciais, e finalmente a qualificação do cuidado às
mulheres seus bebês e famílias no processo de parto e nascimento.
As Diretrizes do NICE “concluíram que o parto, de uma maneira geral, é muito seguro em
todos os locais, com uma incidência absoluta muito baixa de mortalidade ou morbidade grave”
(p. 94). Como base nas considerações do grupo elaborador da Diretriz as seguintes alterações no
texto foram indicadas e encontram-se apresentadas no Quadro abaixo, em caixa alta/negrito.
ITEM PÁGINA INDICAÇÃO DE ATERAÇÃO NO TEXTO (CAIXA
ALTA/NEGRITO)
2 97 Informar ADEQUADAMENTE às gestantes DE RISCO
HABITUAL1 sobre complicações e que o parto normal é
geralmente muito seguro tanto para a mulher quanto para a
criança.
3 As mulheres nulíparas ou multíparas que optarem pelo
planejamento do parto em Centro de Parto Normal (extra, peri ou
intra-hospitalar), se disponível na sua área de abrangência ou
próximos dessa, devem ser RESPEITADAS em sua decisão.
4 97 Informar a todas as gestantes que a assistência ao parto no
domicílio não faz parte das políticas públicas no país e AINDA
não é coberto pela saúde suplementar.
5 97 Informar às nulíparas de RISCO HABITUAL que o
planejamento do parto no domicílio não é recomendado tendo em
vista o maior risco de complicações para a criança. Informar
também que as evidências são oriundas de outros países e não
necessariamente aplicáveis ao Brasil. ESSAS MULHERES
DEVEM SER ORENTADAS A TER SEU PARTO EM
UNIDADES EXTRA, INTRA OU PERI-HOSPITALARES
MANEJADAS POR ENFERIEMIRAS OBSTÉTRICAS OU
OBSTETRIZES.
6 97 Informar às multíparas de baixo risco de complicações que, tendo
em vista o contexto brasileiro, o parto domiciliar não está
disponível no sistema de saúde. No entanto, não se deve
desencorajar o planejamento do parto no domicílio, desde que
atenda o item 8.
Retirou-se do texto: “não há como se recomendar”.
1
Indica-se a substituição em todo o texto da Diretriz do termo baixo risco para risco habitual, pois esse é
o risco inerente à vivência da gravidez e não pressupõe uma escala, que vá do baixo ao alto risco.
7 97 As mulheres devem receber as seguintes informações sobre o local
de parto:
Acesso à equipe MULTIPROFISSIONAL (ENFERMAGEM:
ENFERMEIRA OBSTÉTRICA/OBSTETRIZ, obstetrícia,
anestesiologia, pediatria E DEMAIS PROFISSIONAIS QUE
SE FIZEREM NECESSÁRIOS, CONFORME
NECESSIDADE DA MULHER).
8 97 Assegurar que todas as mulheres que optarem pelo planejamento
do parto fora do hospital, BEM COMO SEUS BEBÊS tenham
acesso em tempo hábil e oportuno a uma maternidade, se houver
necessidade de transferência, E ACOLHIMENTO
RESPEITOSO PELA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL.
11 107 É recomendado que os gestores de saúde EM CADA ESFERA
DE GOVERNO, BEM COMO GESTORES DE SERVIÇOS
DE SAÚDE (PÚBLICOS, UNIVERSITÁRIOS/DE ENSINO,
FILATRÓPICOS, DO SETOR DE SAÚDE
SUPLEMENTAR, ENTRE OUTROS) proporcionem
condições para a implementação de modelo de assistência que
inclua a enfermeira obstétrica e obstetriz na assistência ao parto de
RISCO HABITUAL por apresentar vantagens em relação à
redução de intervenções e maior satisfação das mulheres.
179 306 Realizar exame retal para verificar se ocorreu algum dano ao
esfíncter anal externo e interno NA SUSPEITA DE LESÕES
DE 3º OU 4º GRAU da musculatura perineal.
193 313 Retirar o item abaixo, pois não foi apresentado evidências
para esta intervenção:
Inserir um cateter vesical permanente por 24 horas para evitar
retenção urinária.
193 313 Realizar exame retal após a conclusão do reparo EM LESÕES
DE 3º OU 4º GRAUS para garantir que o material de sutura não
foi acidentalmente inserido através da mucosa retal.
17.2.4. 324 Retirar o texto:
2.3 No entanto, às vezes há necessidade desse clampeamento ser mais
precoce nos casos em que é necessária uma reanimação neonatal.
OBS: Os estudos não avaliaram a relação cordão umbilical ligado
com dificuldade de reanimação. Assim, sugere-se que, havendo
necessidade de reanimação neonatal, esta seja feita com o cordão
ligado, o que melhorará o aporte de oxigênio para o recém-nascido
17.2.4. 327 Substituir as palavras
4.2 Resumindo, existem evidências de qualidade para justificar a
utilização rotineira da profilaxia da oftalmia neonatal por infecção
gonocócica, NA ausência de testes pré-natais universais PARA
gonorréia. Em relação à eficácia da profilaxia da oftalmia neonatal
por clamídia, as evidências não são conclusivas.