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Universidade Católica Portuguesa

Faculdade de Ciências Humanas

Licenciatura em Serviço Social – Ano letivo 2017/2018

Relatório de Execução

Departamento de Ação Social

Discente: Sofia Prata/ 131212011

Docente: Doutora Ana Maria Oliveira

Orientadora: Dra. Cátia Rodrigues

Lisboa, novembro de 2017


Índice

Introdução………………………………………………………………...…………..5

1.– DO PRÉ DIAGNÓSTICO AO DIAGNÓSTICO………………………………..7

1.1. Do Grupo Auchan à Fundação Pão de Açúcar – Auchan……………………….7


1.1.Organização da Instituição…………………………………………………….……9

1.2.Modelo de Intervenção e Lugar do Serviço Social…………………………..……10

1.3.Responsabilidade Social - O Serviço Social de Empresa…………………………11

1.4.Principais Problemas ………………………………………-…………..…………14

1.5. Foco do Diagnóstico………………………………………………………….......16

2 – DO DIAGNÓSTICO AO PROJETO DE INTERVENÇÃO……………...…………

2.1. Síntese Diagnóstica………………………………………………………………….


2.1.1. Metodologias de Diagnóstico…………………………………………………...…
2.1.2. Papel do Serviço Social na promoção do bem-estar dos colaboradores do Grupo
Auchan…………………………………………………………………………...………
2.1.3. Sistema de Ação……………………………………………………………...……
2.1.4. Análise das Causas e das consequências…………………………………………..
2.1.5. Síntese do Disgnóstico realizado - Análise SWOT………………………………
2.1.6. Prioridades e hipóteses de intervenção………………………………...………….

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Índice de Siglas

DAS – Departamento de Ação Social

FPAA – Fundação Pão de Açúcar - Auchan

IAL – Início de Ano Letivo

IRS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

SER – Responsabilidade Social Empresarial

GOF- Gestão do Orçamento Familiar

Índice de Figuras

Índice de Anexos

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Resumo e Palavras-chave

Resumo: Pretende-se neste relatório final, através de uma metodologia de investigação- Commented [AMDCO1]: Ver comigo….

ação, compreender quais os fatores que contribuem para os colaboradores da Grupo


Auchan manifestarem indicadores de carência económica. Para tal, foi realizada uma
abordagem através do ciclo de intervenção social do Serviço Social, que pretende passar
pelas etapas de Pré-diagnóstico, Diagnóstico, Projeto/ Intervenção e Avaliação,
refletindo o percurso de estágio realizado na Fundação Pão de Açúcar - Auchan.

Pretendeu-se com a passagem por estas etapas compreender o papel do Departamento


de Acção Social (Serviço Social) na empresa, e como é que este Departamento na
relação com os colaboradores poderia afetar de forma positiva o bem-estar profissional
dos colaboradores. Assim, com base no Diagnóstico realizado, foram priorizadas duas
ações específicas em projeto que têm como objectivo contribuir para o bem-estar dos
trabalhadores do Grupo Auchan.

Palavras-chave: Bem-estar, Carência Económica, Sobreendividamento, Serviço Social,


Responsabilidade social nas empresas, Trabalhadores pobres

Abstract and Keywords

Abstract:

Keywords: Welfare, Economic Need, Over-Indebtedness, Social Work, Company


Social Responsibility, Poor Workers

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Introdução

No âmbito da cadeira de Seminário de Estágio V, inserida no curso de Serviço Social,


lecionada na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, a
aluna realizou o Estágio Curricular de 3ºano na sede da Fundação Pão de Açúcar –
Auchan e foi nessa instituição que desenvolveu o presente relatório, mais Commented [AMDCO2]: A verde coloco tudo o que
considero ser um problema de redacção/formulação
especificamente no Departamento de Ação Social (DAS). O local de estágio situa-se na
Formatted: Highlight
Travessa Teixeira Júnior, 1 1300-553, em Lisboa. Formatted: Highlight

A elaboração deste Relatório de ExecuçãoFinal de estagio tem como principal foco a Formatted: Highlight

realizaçãodar conta do percurso de intervenção social em Serviço Social,


contextualizado na Fundação Pão de Açúcar – Auchan.

O presente Relatório foi realizado de acordo com a metodologia de investigação-ação Formatted: Highlight

tendo tido como objetivo o desenvolvimento de um conhecimento científico sobre


determinados fenómenos sociais, neste caso sobre o bem-estar profissional, para que
posteriormente se pudesse definir intervenções que atingissem as necessidades. Optou-
se assim por uma metodologia de investigação-ação participada em que se pretendeu
que “[…] algumas pessoas das organizações ou comunidades sob estudo participam
ativamente com o investigador profissional através dos processos de investigação desde
a definição inicial até à apresentação final dos resultados e discussão das suas
implicações na ação.” (Guerra, 2010: 53).

A metodologia utilizada para a elaboração do presente relatório é a Intervenção Formatted: Highlight

Psicossocial. Trata-se de uma atuação de suporte, apoio e orientação às pessoas com


problemas no seu funcionamento social, e assenta essencialmente no Serviço Social de
casos, que é um trabalho realizado com o estudo de casos individuais (indivíduos e
famílias) e a ajuda social prestada é a nível individual.

A intervenção psicossocial tem sempre dois focos: as pessoas e o meio. Os aspetos


psicológicos são tomados em consideração, mas são um problema para os dilemas e as
necessidades em termos de causalidade social e do funcionamento social. A atuação é
portanto, sempre feita nestes dois pontos obrigatoriamente.

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As capacidades, as oportunidades, as pessoas, o meio e os objetivos estão sempre
relacionados com a situação ou problema que afeta a qualidade de vida dos indivíduos.

O principal objetivo da Intervenção Psicossocial é contribuir para melhorar a relação


entre a pessoa/utente com o meio ambiente, para que possa atingir a sua plena
realização e, a nível do meio ambiente, possa haver transformações que promovam essa
realização. Commented [AMDCO3]: Não creio…Isso em todo o caso
foi o modelo de intervenção utilizado

Este documento encontra-se dividido em três grandes capítulos: o primeiro vai do Pré-
diagnóstico ao Diagnóstico, ou seja, pretende fazer um breve enquadramento e
caracterização da organização de estágio, abordando o papel do Serviço Social e de
seguida qual o foco de Diagnóstico. Commented [AMDCO4]: Será que é isto o primeiro
ponto?!

O segundo capítulo centra-se no percurso entre o Diagnóstico e o Projeto de


intervenção, tendo sido realizada uma síntese diagnóstica explicando como decorreu
todo o processo, sendo que posteriormente o Diagnóstico se divide em duas grandes
áreas: a teoria, em que é apresentada a explicação de uma temática, e a empiria, em que
se pretende ter a visão de vários atores sobre a temática em estudo. Ainda neste capítulo
após a apresentação das soluções é feita uma priorização para projeto, e a apresentação
do mesmo.

O último capítulo prende-se com a Avaliação do projeto em três momentos destintos: a


avaliação do processo de intervenção a partir das atividades realizadas, a avaliação dos
objetivos com base nos instrumentos e indicadores de avaliação, e uma reflexão final
que pretende medir o impacto das ações no sistema de ação.

Pretende-se que o trabalho esteja claro e conciso de forma a corresponder aos objetivos
delineados para a sua elaboração.

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1. – DO PRÉ DIAGNÓSTICO AO DIAGNÓSTICO

1.1. Do Grupo Auchan à Fundação Pão de Açúcar - Auchan

O Grupo Auchan nasceu no norte de França, há mais de 50 anos, mais precisamente em


1961, fundado por Gerárd Mulliez. Este Fundador criou a primeira loja do Grupo
Auchan no bairro “Hauts Champs”, que deu o nome à empresa. O primeiro
Hipermercado surge seis anos mais tarde, em 1967.

Nos anos 90 o Grupo Auchan investe no Grupo Pão de Açúcar, um grupo brasileiro que
surgiu em Portugal nos anos 70 e que desde sempre mostrou “uma preocupação
constante com a inovação e as formas de comércio e o pioneirismo das tecnologias
aplicadas”. (Auchan Portugal Hipermercados)

No seguimento das boas páticas levadas a cabo pelo Grupo Auchan, nomeadamente no
que diz respeito a este grupo não utilizar trabalho infantil ou forçado, ter em conta as
condições de higiene, saúde e segurança no trabalho, não discriminar, respeitar os
horários de trabalho, e assumir boas páticas de renumeração, foi em Novembro de 2006
certificado com a Norma SA 8000, em Responsabilidade Social, uma norma que
possibilita gerir riscos sociais, correlacionados com a política de responsabilidade social
da empresa e que afetam sobretudo os colaboradores da mesma. Este reconhecimento
fez do Grupo Auchan o primeiro em Portugal e o segundo no mundo a ser distinguido
no sector da distribuição.

O Grupo Auchan obteve ainda reconhecimento em muitos outros países, estando hoje
presente em 16 países do mundo e empregando, só em Portugal, 7530 colaboradores.

A Fundação Pão de Açúcar – Auchan, local onde se integra o estágio, foi fundada em
1993, por um conjunto de 115 fundadores/ colaboradores do antigo Grupo Pão de
Açúcar. Aquando a sua criação, a então Fundação Pão de Açúcar, detinha como
principais finalidades melhorar as condições socioeconómicas dos colaboradores
efectivos do Grupo, assim como das suas famílias diretas em situações de
vulnerabilidade. A Fundação Pão de Açúcar foi assim fundada com princípios e valores
de cidadania e solidariedade.

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Depois de alguns anos, a agora, Fundação Pão de Açúcar – Auchan, daqui em diante
denominada de Fundação, consolidou-se, iniciando a sua atividade no campo da ação
social no ano 1999/2000, sendo assim assente sobre um estatuto de Instituição Particular
de Solidariedade Social (IPSS). As IPSS são instituições constituídas sem finalidade
lucrativa que, de acordo com o Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de fevereiro, são
instituições “com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de justiça e
de solidariedade, contribuindo para a efetivação dos direitos sociais dos cidadãos,
desde que não sejam administradas pelo Estado ou por outro organismo público”.
(Direção Geral da Segurança Social)

A missão da Fundação passa por “melhorar a qualidade de vida dos Colaboradores do


Grupo Auchan Portugal, das suas famílias e da comunidade, contribuindo para a
construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.” (Modelo de
Intervenção Social (2011), Fundação Pão de Açúcar – Auchan)

No que respeita aos valores da Fundação, esta pauta-se por ser reconhecida como
instituição de Solidariedade, Ética, Transparência, Confiança e Sustentabilidade.

Os objetivos que a Fundação pretende alcançar expressam-se no apoio aos


colaboradores efetivos do Grupo Auchan, e respetivos agregados familiares, assim
como a ex-colaboradores do mesmo grupo, desde que os mesmos tenham permanecido
na empresa pelo menos pelo período contínuo de dez anos. Este apoio é sustentado pela
promoção da igualdade de oportunidades no sector da ação social, assim como numa
intervenção baseada no respeito e confidencialidade.

No seguimento dos objetivos, surgem as principais áreas de intervenção da Fundação,


que se definem, em linhas gerais pelo Apoio Social dado aos colaboradores e agregados
familiares ao nível familiar, de saúde e orientação. No que respeita aos apoios
educativos, a Fundação apoia os colaboradores concedendo-lhes subsídios o pagamento
de jardins-de-infância, creches, e atividades de tempos livres. Não obstante este apoio, a
Fundação, promove ainda a concessão de bolsas universitárias e prémios de mérito,
assim como apoia programas específicos ao Início de Ano Letivo (IAL), subsidiando os
colaboradores para que estes possam adquirir livros, material escolar, e roupa. Importa
referir que a Fundação Pão de Açúcar – Auchan apoia ainda os filhos de colaboradores
na sua participação em campos de férias. (Anexo 1)

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A intervenção da Fundação segue critérios rigorosos e específicos, tentando
salvaguardar a equidade e justiça nos apoios prestados, bem como o total cumprimento
de critérios éticos e deontológicos subjacentes à entidade.

1.2. Organização da Instituição

Para cumprir os objetivos acima mencionados, a Fundação conta com um Conselho de


Administração, que tem como objetivo definir e acompanhar as políticas gerais da
Fundação. A Fundação conta ainda com a deliberação da Comissão Executiva composta
por 5 voluntários que asseguram a tomada de decisões relativas aos pedidos de apoio
social e são soberanas neste processo; o Conselho Fiscal que vigia o cumprimento da
legislação e dos estatutos da instituição, fiscalizando a administração e as suas contas; e
com o Conselho Consultivo, do qual fazem parte o Presidente, o Vice-Presidente, e dez
vogais, compostos pelos Delegados representantes de cada região. Importa referir que
os órgãos sociais acima referidos (Anexo 2) são voluntários, que trabalham em prol do
bem-comum. A Fundação conta ainda com o apoio, também voluntário, dos Delegados
das lojas que são eleitos democraticamente pelo período de três anos. São assim
responsáveis pela divulgação da Fundação aos colaboradores das respetivas lojas e pela
identificação e acompanhamento dos casos alvo de intervenção.

Como órgãos não voluntários, a Fundação, conta com três Assistentes Sociais, uma
Psicóloga Clínica, uma coordenadora, também ela Psicóloga, e ainda uma Técnica de
Contabilidade.

As técnicas de ação social (Assistente Sociais e Psicólogas) têm como função o


acompanhamento dos diferentes casos que chegam à Fundação, tanto na sede, como nas
lojas, quando se deslocam as mesmas para realizarem atendimentos sociais aos
colaboradores. Cabe ainda às técnicas da Fundação organizar ações formativas junto dos
Delegados da mesma, para que estes detenham orientações para desenvolver a sua
atividade voluntária.

A técnica de contabilidade organiza toda a vertente financeira subjacente à atividade da


Fundação.

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A presença do Serviço Social na Fundação justifica-se pela necessidade de aplicação de
conhecimentos teóricos e técnicos de índole mais científica e específica, que outros
trabalhadores sem esta formação não têm. (Modelo de Intervenção Social (2011),
Fundação Pão de Açúcar – Auchan)

Financeiramente a Fundação gere o seu próprio capital. Como fontes de financiamento,


conta com o donativo anual do Grupo Auchan, com donativos externos, com 0,5% do
imposto liquidado no Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares (IRS) dos
contribuintes que queiram comparticipar a Fundação por esta via, e por último com o
capital resultante da organização de eventos destinados ao financiamento da mesma,
como a “Loja Social”, realizada na sede do Grupo Auchan em Dezembro, e a
“Quermesse” em Junho, realizada também na sede.

No que respeita aos recursos materiais, a Fundação dispõe de escritórios na sede da


Auchan, local onde se encontra a mesma. No entanto, apesar do DAS se situar na sede,
as técnicas da Fundação fazem deslocações esporádicas (Anexo 3) às lojas existentes,
possuindo para esse efeito, um automóvel.

Relativamente trabalho das técnicas no Departamento de Ação Social, cada uma possui
um computador e um telefone.

1.3. Modelo de Intervenção e Lugar do Serviço Social

O modelo de intervenção utilizado no Departamento de Ação Social da Fundação Pão


de Açúcar – Auchan, é o modelo de Intervenção na Crise. Considera-se que a crise
consiste numa relação subjetiva à tensão originada por um determinado acontecimento,
que afeta a estabilidade e o desempenho social dos indivíduos. Assim, considera-se que
as situações de crise são de ordem múltipla e (…) podem ligar-se a acontecimentos
sociais, a ruturas afetivas, a perdas materiais ou a ocorrências graves e súbitas, como
acidentes, catástrofes ou crimes (…) ”. (Núncio, 2010, 133).

De acordo com o autor, a intervenção na crise descreve-se pelas seguintes


características: intervenção imediata à crise; duração breve; intervenção fortemente
estruturada; dirigida a objetivos concretos; intervenção intensiva; intervenção diretiva
por parte do Assistente Social.

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No que diz respeito ao lugar que o Serviço Social ocupa na Fundação, pode dizer-se que
este se ocupa das necessidades e fragilidades dos colaboradores, no sentido de alcançar
a estabilidade das condições sociais dos mesmos. Desta forma o serviço social no
contexto da Fundação desenvolve um trabalho contínuo com os colaboradores que
revelam insuficiência económica. O Serviço Social na Fundação Pão de Açúcar –
Auchan desenvolve então, uma intervenção individualizada de acordo com as
necessidades de cada colaborador. Commented [AMDCO5]: Creio que isto é uma colagem
de trabalhos anteriores. O que se pretende neste ponto é
situar brevemente o local onde estagiou e dar conta do
levantamento inicial dos problemas e de porque define
como principal problema a carência económica. Assim deve
rever o índice e reescrever desde aqui….
1.4. Responsabilidade Social - O Serviço Social de Empresa

De acordo com Cavalli, uma empresa tem uma dupla intenção. Por um lado, visa a
obtenção de lucro, sendo que paralelamente propõe atividades que promovem o bem-
estar do colaborador, sem se distanciar da obtenção de lucro. É exatamente neste espaço
que nos encontramos o trabalho do assistente social. É precisamente neste contexto que
surge o trabalho do assistente social nas empresas. (Cavalli, s.d:11)

No contexto das preocupações sociais da empresa relacionadas com os seus


colaboradores, surge o conceito de Responsabilidade Social nas Empresas (RSE).

A RSE divide-se em duas dimensões, uma interna, e uma externa. Esta primeira
focaliza-se no âmbito da própria empresa, acabando por se concentrar nos assuntos
internos da mesma, relacionadas aos recursos humanos, como por exemplo, a saúde, e a
segurança.

A dimensão externa da RSE refere-se à comunidade local, envolvendo não só os


colaboradores, mas também os parceiros comerciais e fornecedores, os clientes, e as
autoridades públicas. No caso concreto do Grupo Auchan, a responsabilidade social
interna da empresa compete à Fundação Pão de Açúcar - Auchan.

Deste modo, conclui-se que compete ao Departamento de Ação Social promover a


Responsabilidade Social interna da Empresa.

O que na prática significa preocupar-se e contribuir para o bem-estar social dos


colaboradores do Grupo Auchan. Esta preocupação na construção e melhoria do clima
de bem-estar social da empresa e dos colaboradores é comum a preocupação e

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finalidade do Serviço Social de Empresa. Para Andrade (1963:53) este ramo do Serviço
Social destina-se a “contribuir para um funcionamento mais perfeito da empresa pela
melhoria da atuação e situação de pessoas no seu conjunto.”

O Serviço Social de Empresa auxilia os colaboradores da empresa com o objetivo de


melhorar o seu bem-estar pessoal e profissional, com o intuito de que melhorar a
satisfação pessoal e profissional dos mesmos, o que terá efeitos positivos para a
empresa. Assim, o Assistente Social representa a união entre a empresa, os
colaboradores e as entidades exteriores.

O Serviço Social nas empresas tem o objetivo de acolher e identificar as necessidades


dos colaboradores que possam por em causa o seu bem-estar profissional, sendo que
desta forma o seu propósito melhorar a “ (…) qualidade de vida dos funcionários e das
famílias, atendendo-os nas suas necessidades básicas.” (Cavalli, s/d:12).

Segundo Cavalli (s/d) o Assistente Social na empresa tem como principais funções,
avaliar a organização da empresa assim como melhorar as condições de trabalho no
sentido de proporcionar um maior e melhor rendimento do colaborador.

Estas práticas são desempenhadas pelo Assistente social nas empresas principalmente
através da mediação. A mediação é um conceito que “(…) está ligado à filosofia do
conhecimento e constitui uma categoria analítica da realidade social.” (Almeida,
2003:53). Pode-se compreender assim, que a mediação é uma estratégia de intervenção,
que conduz o Assistente Social à resolução de conflitos, onde este funciona como um
intermediário, procurando alcançar o bem-estar dos colaboradores e o seu
desenvolvimento social.

Enquanto mediador, o Assistente Social pode ser definido como um profissional que
“(…) intervém por solicitação direta ou indireta de um sistema cliente, e a sua
intervenção resulta do processo de codificação-descodificação da informação
disponível; no entanto, ele é sempre um ator externo cujo papel consiste em facilitar,
construir e operacionalizar as mediações necessárias ao desenvolvimento humano e
social.” (Almeida, 2002:55). Assim, a interposição do Assistente Social constitui uma
forma deste interpretar e de agir sobre a realidade social, sempre através de uma relação
de reciprocidade, com o intuito de ajudar na resolução da situação em causa.

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Segundo Almeida (2003), existem nove tipos de mediação. São elas: mediação-
assistência, mediação-acessibilidade, mediação-sociabilidade, mediação-
consciencialização, mediação-dinamização, mediação-formação, mediação-assessoria,
mediação-representação e a mediação-compromisso. Pode-se destacar a mediação-
acessibilidade como o tipo de mediação que melhor se enquadra no papel que o
Assistente Social executa numa empresa, pois este pretende tornar alcançável e
disponibilizar aos colaboradores os direitos e os recursos que estes têm.

A mediação-acessibilidade distingue-se como um processo que tenciona responder às


necessidades dos colaboradores disponibilizando apoios e recursos existes para fazer
face aos problemas. O Assistente Social tenciona assim, agir como facilitador dando
resposta às necessidades dos trabalhadores através dos recursos que tem disponíveis. O
apoio é algo contratualizado decretando compromisso de ambas as partes (Assistente
Social, colaborador).

Em suma, o Assistente Social, procura coadjuvar na resolução de situações pessoais,


profissionais e sociais que possam pôr em causa o bem-estar profissional do
colaborador.

De facto, o Serviço Social traz um valor acrescentado ao todo da Fundação Pão de


Açúcar – Auchan, no sentido em que as Assistentes Sociais garantem a melhoria de
condições sociais dos colaboradores da empresa.

No sector empresarial, o Assistente Social tem um papel mediador no sentido de


promover a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores. O Assistente Social,
procura então ajudar a resolver as situações pessoais, familiares e sociais que possam
estar a colocar em causa o bem-estar profissional do trabalhador. Enquanto mediador a
estratégia passa por recolher a informação necessária e refletir se a pessoa tem as
condições necessárias para ter acesso a um determinado recurso. A mediação
caracteriza-se assim, por um processo de ‘oferta e procura’ de soluções, cabendo ao
Assistente Social a gestão deste processo, e desta forma contribuindo fortemente para o
objetivo último das empresas.

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1.5. Principais Problemas

De facto o Serviço Social traz um valor acrescentado ao todo da Fundação Pão de


Açúcar – Auchan, no sentido em que as Assistentes Sociais garantem a melhoria de
condições sociais dos colaboradores da empresa.

O Serviço Social assume assim a responsabilidade de intervir na vulnerabilidade da


força de trabalho do Grupo Auchan, prevenindo também a exclusão social, consequente
dessa vulnerabilidade.

Sejam quais forem os motivos que levam os colaboradores a solicitarem o apoio da


Fundação, estes revelam por unanimidade indicadores de carência economia. Esta foi a
questão que a aluna considerou pertinente aprofundar para o seu diagnóstico. No fundo
o objectivo será perceber qual a razão dos colaboradores do Grupo Auchan, que
solicitam o apoio da Fundação Pão de Açúcar – Auchan, revelarem por unanimidade
indícios de carência económica. Para isso, será necessário questionar os próprios
colaboradores, assim como os Delegados das lojas, pois devido à sua relação de
proximidade com os colaboradores, são as pessoas que melhor nos podem transmitir
informação acerca dos mesmos.

Através da técnica de entrevista, a aluna pretenderá avaliar a intervenção do DAS da Commented [AMDCO6]: Ver tempos dos verbos

Fundação, assim como ter uma maior percepção da razão que levou os colaboradores à Formatted: Highlight

carência económica.

O esperado será alcançar o entendimento acerca dos factores que conduziram o


colaborador a uma frágil situação económica, e que consequências esta situação pode
trazer. Será também desejado que se atinja qual a prioridade de intervenção a realizar
para que o problema não se amplie.

Tendo em conta o que foi exposto e percebendo que o problema identificado é a


carência económica, faz-se agora um estabelecimento das prioridades e hipóteses de
intervenção identificados no pré-diagnóstico. Em primeiro lugar, a aluna considera
como prioridade de intervenção trabalhar com os colaboradores questões relacionadas
com o problema, e a forma de o prevenir. Como hipótese considera-se importante por
parte do serviço social equacionar propostas de intervenção para a fase da vida que os

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colaboradores estão a viver. Esta intervenção pode contribuir para a diminuição das
causas / consequências que advêm numa fase de carência económica de um indivíduo.

O facto das políticas sociais dirigidas à problemática serem insuficientes, torna-se num
problema para a intervenção do serviço social na Fundação Pão de Açúcar – Auchan.

No seguimento de algumas conversas com a sua orientadora de estágio, Dr.ª Cátia


Rodrigues e restante equipa, observação de reuniões de equipa, consulta de processos,
entre muitas outras actividades desenvolvidas, que a aluna se questionou quais seriam as
necessidades e problemas mais sentidos pelas próprias técnicas do DAS da Fundação. A
aluna elaborou então, um questionário (Anexo 4), em que interrogou as técnicas da
Fundação sobre quais os problemas e quais as necessidades mais sentidas no
Departamento de Ação Social, assim como qual a problemática mais frequente nos
pedidos de apoio social. As técnicas do Departamento de Acção Social da Fundação Pão
de Açúcar – Auchan, responderam, relativamente aos problemas mais sentidos, que a
“(…) falta de recursos humanos para responder a todos os desafios e projetos que a
Fundação poderia desenvolver” é uma das suas limitações. Também o facto da área
geográfica abrangida pelo Departamento de Acção Social se torna para as técnicas da
Fundação, num obstáculo pois “a alta dispersão geográfica não permite que o
acompanhamento das situações seja mais frequente a nível presencial”. No que respeita
às necessidades sentidas, as técnicas apontaram que a maior necessidade seria aumentar
a equipa e a criação de uma equipa de aconselhamento jurídico. Também foi referido
nos questionários que seria importante uma maior presença das técnicas nas lojas para
que pudessem prestar apoio não só aos colaboradores, mas também aos Delegados.

Já na última questão do questionário, em que a aluna questiona, qual a problemática


mais frequente que surge nos pedidos de apoio social, as técnicas, por unanimidade,
elegeram, as problemáticas divórcio/ separação, desemprego do cônjuge, e problemas
de saúde.

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1.6. Foco do Diagnóstico

A Carência Económica foi a temática que a aluna elegeu para estudar, pois durante o
tempo em que teve oportunidade de estagiar na Fundação, verificou que sejam quais
forem os motivos que levam os colaboradores a solicitarem o apoio da Fundação, estes
revelam por unanimidade indicadores de carência económica. Esta foi a questão que a
aluna considerou pertinente aprofundar para o seu Diagnóstico. No fundo o objetivo foi
perceber quais as razões que levam os colaboradores do Grupo Auchan, que solicitam o
apoio da Fundação, a revelarem por unanimidade indícios de carência económica. Para
isso, tornou-se necessário conhecer a realidade dos próprios colaboradores, assim como
o parecer dos Delegados das lojas, pois devido à sua relação de proximidade com os
colaboradores, são as pessoas que melhor transmitem informação acerca dos mesmos.

A questão central da aluna para o seu diagnóstico foi perceber por que é que os
colaboradores do Grupo Auchan que solicitam o apoio da Fundação revelam indícios de
carência económica. Para obter algumas destas respostas, a aluna equacionou a
elaboração de um questionário para os Delegados das Lojas, uma vez que estes mantêm
uma relação de maior proximidade com os colaboradores, sendo muitas vezes um
ombro amigo para estes.

O esperado foi alcançar o entendimento acerca dos factores que conduziram o


colaborador a uma frágil situação económica e que consequências esta situação poderia
trazer. Através do mesmo questionário, a aluna elegeu as prioridades de intervenção a
realizar para que o problema não crescesse.

Demasiado subdividido, muito extenso e pouco centrado no que se pretende neste


ponto…

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2. - DO DIAGNÓSTICO AO PROJETO DE INTERVENÇÃO
2.1. Síntese diagnóstica
2.1.1. Metodologias de Diagnóstico Commented [AMDCO7]: Rever clqaramente o
índice…até este fica com efeito colagem….O que se
pretende neste ponto é dar conta do diagnóstico e de como
O Diagnóstico Social é uma metodologia de investigação-ação que envolve um surge o projecto.

conhecimento aprofundado da situação, neste caso, dos fatores que conduzem os


colaboradores do Grupo Auchan que solicitam o apoio da Fundação a situações de
carência económica, através de um conjunto de referências teóricas e empíricas.

Assim, no diagnóstico realizado pretendeu-se ter a perspetiva dos vários atores que na
sua prática diária têm uma preocupação com o bem-estar profissional dos colaboradores
do Grupo Auchan.

O aprofundamento de conhecimento acerca da realidade dos colaboradores que


experienciam situações de carência económica foi realizado junto das técnicas do DAS
da Fundação, uma vez que estas detêm conhecimento privilegiado sobre esta área
trabalhada, sendo conhecedoras da organização e estrutura do Grupo Auchan na qual se
movem os colaboradores e trabalham diretamente com estes.

A perspetiva da estagiária foi então centrada nas questões da carência económica e dos
problemas que lhe estão adjacentes, a fim de que fundado nas diferentes visões, se
conseguisse fundamentar todo o diagnóstico realizado, e para que este dê mostra da
realidade vivida pelos colaboradores com dificuldades económicas.

Desta forma os recursos principais pelos quais a estagiária teve acesso à informação
necessária para a construção deste diagnóstico foram a análise de processos (Anexo 5),
onde se adquire toda a informação primária, e a observação de reuniões de equipa,
registada através de grelhas de observação.

A observação por parte da aluna teve duas utilidades sendo a primeira descritiva, uma
vez que pretendeu descrever a reunião e o comportamento das técnicas no decorrer da
mesma. Na segunda utilidade da observação a aluna avaliou de forma qualitativa as
propostas de intervenção.

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No que respeita à observação propriamente dita, a aluna observou as interpretações dos
processos por parte das técnicas, assim como as interações entre si. Foram também
analisadas as suas apreciações relativas aos processos, tendo em conta o que era elegível
ou não elegível para apoio. A observação da aluna foi uma observação não estruturada,
com ausência de registo escrito, e só posteriormente à reunião é que se recorreu à grelha
de observação (Anexo 6). Estas técnicas sustentam e fundamentam este diagnóstico na
sua vertente mais empírica, no sentido de enriquecer o mesmo.

Ainda nesta vertente, de recolha de informação, a aluna equacionou a elaboração de um


questionário destinado aos Delegados da Fundação, onde enquadra a temática e adquire
o parecer dos mesmos acerca das necessidades e problemas relacionados com a carência
económica. Estando os Delgados em permanente contacto com os colaboradores,
alcançam, muitas vezes, a raiz dos seus problemas. No entanto, devido à
incompatibilidade de horários entre a estagiária e os Delegados (recorde-se que estes
últimos são voluntários da Fundação, desenvolvendo esta atividade paralelamente á sua
atividade profissional), recorreu-se ao Questionário de Avaliação do Departamento de
Ação Social realizado pelas técnicas do mesmo, ao qual 15 Delegados responderam no
passado dia 23 de março (Anexo 7), data em que se realizou a ação formativa, na qual a
aluna esteve presente. Assim sendo, este questionário procurou perceber qual o parecer
dos Delegados da Fundação relativamente à intervenção do DAS, mais precisamente no
que diz respeito à pertinência que estes consideram, ou não, das respostas que a
Fundação disponibiliza aos colaboradores. No mesmo DAS possa disponibilizar.

Por outro lado, numa vertente mais teórica, partindo da pesquisa bibliográfica realizada
sobre o tema, realizou-se um aprofundamento teórico sobre as questões relacionadas
com a carência económica. Assim, a aluna adquiriu, a par de uma fundamentação
empírica, fazer um aprofundamento teórico, podendo com base neste cruzamento de
informação fazer um diagnóstico bem estruturado, e centrado na realidade vivida pelos
colaboradores do Grupo Auchan.

Privilegiou-se este tipo de recolha de informação, uma vez que através desta se
consegue um conhecimento que vai de encontro à realidade, e que consequentemente,
de forma equilibrada pode ser aplicada ao contexto em que se integram os
colaboradores do Grupo Auchan. O objetivo foi realizar um aprofundamento do
conhecimento empírico sobre a realidade, para que com base na perspetiva dos

18
diferentes atores sobre a problemática, se pudesse realizar um projeto de intervenção,
que coadunasse com o diagnóstico elaborado.

2.1.2. Papel do Serviço Social na promoção do bem-estar dos


colaboradores do Grupo Auchan

O Serviço Social traz um valor acrescentado ao todo da Fundação Pão de Açúcar – Commented [AMDCO8]: Faz sentido isto aqui….?

Auchan, no sentido em que as Assistentes Sociais garantem a melhoria de condições


sociais dos colaboradores da empresa.

No sector empresarial, o assistente social tem um papel mediador no sentido de


promover a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores. Almeida (2002: 55)
refere que o assistente social

“(...) intervém por solicitação direta ou indireta de um sistema cliente, e a sua


intervenção resulta do processo de codificação-descodificação da informação
disponível; no entanto, ele é sempre um ator externo cujo papel consiste em
facilitar, construir e operacionalizar as mediações necessárias ao desenvolvimento
humano e social. “

Cabe, portanto, ao Serviço Social intervir nos problemas dos colaboradores, através de
uma relação mútua, a fim de os resolver.

O Serviço Social assume assim a responsabilidade de intervir na vulnerabilidade da


força de trabalho do Grupo Auchan, prevenindo também a exclusão social, consequente
dessa vulnerabilidade.

A responsabilidade social das empresas pressupõe que a atividade empresarial envolve


o compromisso de toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários e
fornecedores, além das comunidades, do ambiente e da sociedade, como um todo.

Com a crise do chamado “welfare State” onde o Estado é centralizado e burocrático, e


as políticas sociais se expressam em serviços estandardizados, o Estado é muitas vezes
alvo de críticas, sendo “acusado” de ser um “Estado mínimo”. Fazendo referência aos
atores que intervêm na ação do Estado, importa considerar o mercado, que tem sido
constantemente alvo de solicitações para que participe e contribua na solução das

19
questões sociais. Em simultâneo é promovida a ação do Terceiro Sector, que interligado
ao estado e ao mercado coadjuve no sentido de dar resposta “onde o Welfare State já
não funciona.” (Menegasso, M. E., 2001)

Os Assistentes Sociais situam a sua ação, no contexto empresarial, de informação de


direitos sociais dos colaboradores, na atuação na área de benefícios sociais, e na
articulação de redes e parcerias para prestação de serviços sociais (Menegasso M. E.,
2001).

2.1.3. Sistema de Ação

Após a compreensão do Serviço Social enquanto promotor do bem-estar dos


colaboradores do Grupo Auchan, pretendeu-se identificar e caraterizar os atores
intervenientes neste Diagnóstico.

20
Figura nº1 – Sistema de ação

Com base no sistema de ação apresentado, percebe-se que as dinâmicas de intervenção


da Fundação incluem diferentes atores, já mencionados numa primeira fase de
caracterização do local de estágio.

Assim, como aspeto central na base deste sistema de ação, no seio de toda a intervenção
concretizada, encontra-se o colaborador (beneficiário), que em caso de real necessidade
de apoio, o terá através do esforço desenvolvido pelas diferentes estruturas que
desenvolvem trabalho no âmbito do que são finalidades da Fundação, desde os
Delegados nas diferentes lojas, outras entidades envolvidas na intervenção realizada em
cada caso, bem como as técnicas e a Comissão Executiva. Este último tem como função
considerar, ou não, como elegível para apoio os diferentes casos que surgem, definir o
tipo de apoio a prestar bem como emitir o parecer final sobre uma situação/ problema,
dando assim o devido acompanhamento às diferentes situações.

Os colaboradores do Grupo Auchan presentes na ação da Fundação são colaboradores


efetivos do Grupo, que solicitam o apoio da Fundação. Estes colaboradores apresentam
índices de carência económica, o que muitas vezes, os leva a situações de vida bastante
complexas.

O colaborador surge então, neste contexto, como impulsionador de toda a ação a levar a
cabo, uma vez que é em virtude dos problemas, carências ou dificuldades nas quais se
encontra, que se desenrola todo o procedimento e articulação entre as diferentes
entidades patentes no sistema de ação. Esta intervenção tem o objetivo de minimizar ou
até erradicar as condições problemáticas que levam os colaboradores a solicitarem
algum tipo de apoio, bem como a potenciar alguma atitude proactiva, que
consequentemente leve a uma auto-resolução do problema por parte do colaborador/
beneficiário.

Desta forma, mais que uma prestação de apoio pontual em certos casos, percebe-se que
a intenção da Fundação neste ponto passa por fazer com que o colaborador, ao tomar
consciência da situação problemática na qual se encontra, procure meios e respostas
viáveis para a referida situação.

21
Os Delegados são, também eles, colaboradores do Grupo Auchan. Para além da sua
atividade profissional, disponibilizam-se para, de forma voluntária, delegarem as
informações dos colaboradores para a Fundação, e da Fundação para os colaboradores.
Tornam-se desta forma, um intermediário fundamental para o bom desempenho do
DAS.

Assim, o papel dos Delegados da Fundação nas lojas, passa por dar conhecimento da
ação desenvolvida pela Fundação, identificar os diferentes casos, formalizar o pedido de
apoio, e passar a informação às técnicas da Fundação. Trabalham em conjunto com as
mesmas, de forma a conseguir um estudo e um diagnóstico mais aprofundado sobre
cada caso. Importa salientar o papel dos Delegados neste contexto é muito importante,
uma vez que são este que mantêm uma relação de maior proximidade com os casos
identificados, dado que se encontram em contacto diário com os colegas visados,
desenvolvendo assim uma relação de particular proximidade com os mesmos.
Paralelamente são responsáveis pela emissão de um parecer obrigatório, sem caracter
vinculativo, mas que traduza a posição destes perante um possível apoio.

No que concerne ao papel da Fundação nos termos aqui colocados, as técnicas que a
integram, desenvolvem na sua intervenção uma ligação entre a realidade dos
colaboradores, e a Comissão Executiva. Este tem a decisão soberana sobre que
intervenção delinear em cada situação. Assim esta transposição entre a loja e a
Comissão Executiva é feita com base nos problemas apresentados pelo colaborador, nos
dados formalizados pelo delegado da Fundação, sendo também, os diferentes casos,
alvo de um estudo e diagnóstico mais aprofundado por parte das técnicas na Fundação.

Desta forma, para conseguir esta referida ligação, e num sentido de um diagnóstico
aprofundado sobre uma situação, afim de se proceder a uma avaliação com base em
factos verdadeiros, as técnicas da Fundação fazem uso do conjunto de saberes teóricos
próprios da sua formação de base (Serviço Social e Psicologia), a fim de conseguirem
ter uma visão do problema no seu todo e, a partir daí, também a intervenção a realizar
vá de encontro ao que é o diagnóstico.

Em último plano surgem ainda outras entidades, suscetíveis de serem envolvidas na


intervenção levada a cabo pela Fundação. Estas entidades surgem como objetos de
encaminhamento. Ou seja, como muitas vezes o que o colaborador precisa é de uma

22
informação/ orientação. Quando isto acontece, as técnicas de ação social contactam
estas entidades no sentido de estas auxiliarem o colaborador, quer seja em questões de
saúde, de apoio jurídico, entre outras. Estas entidades têm desta forma um papel
complementar ao apoio dado pela Fundação. Assim, são elas, clinicas privadas com a
qual a Fundação tem protocolos, no sentido de serem feitas avaliações psicológicas por
esta entidade nos casos necessários, podem incluir-se aqui outras instituições como
serviços públicos ou privados com os quais se articule/ encaminhe uma determinada
situação/ problema.

É com base nos diferentes atores que compõem o sistema de ação apresentado, e na
relação estabelecida entre os mesmos que se dá todo o funcionamento e a intervenção da
Fundação, tendo em vista a supressão das carências ou dificuldades, bem como o
desenvolvimento das diferentes ações anteriormente identificadas.

Como é observável no sistema de ação acima apresentado, a aluna distinguiu três


contextos de intervenção, sendo eles o contexto micro, meso e macro. Este primeiro
foca-se fundamentalmente no indivíduo, intervindo junto deste ao nível pessoal. A
intervenção meso tem como forma de atuação a articulação entre o indivíduo e o grupo,
ou seja, entre o indivíduo e a sua realidade mais próxima. O nível macro da ação
favorece a intervenção comunitária, onde são envolvidas entidades e redes de suporte
mais abrangentes. (Moura, 2006)

No contexto de ação micro, onde a aluna considerou os colaboradores como principais


atores, a intervenção centra-se no colaborador, sendo uma intervenção tendencialmente
personalizada. Já no contexto meso, foram considerados intervenientes os delegados das
lojas e o DAS da Fundação. Estes são profissionais que fazem o diagnóstico de recursos
e necessidades dos colaboradores, assim como experimentam novas práticas e políticas
inovadoras. Assim, o contexto meso, é considerado um contexto organizacional que
trabalha para a comunidade (colaboradores).

Por último, no contexto macro do sistema de ação, a aluna considerou a Comissão


Executiva e outras entidades a que os colaboradores podem recorrer. O contexto macro
traduz-se numa estratégia de coesão social orientada para a satisfação das necessidades
dos colaboradores.

23
2.1.4. Análise de causas e consequências

Remetendo aos pontos anteriores, importa referir que a carência económica é uma “ (…)
situação de risco de exclusão social em que o indivíduo/família se encontra, por razões
conjunturais ou estruturais, e que aufere um rendimento per capita inferior ao valor da
pensão social (€ 201,53), atualizado anualmente, por referência ao Indexante dos
Apoios Sociais (IAS).” (ISS, 2015: 5)

De acordo com o Instituto da Segurança Social (ISS), a carência económica pode ser
uma situação momentânea, pela ocorrência de um facto inesperado, ou por outro lado
pode der uma situação persistente, ou seja, quando a carência é uma situação estrutural,
ou geracional.

Importa referir que as diversas causas que levam os colaboradores do Grupo Auchan
que auferem do apoio social da Fundação, devem-se a diversos handicaps que
determinam a sua vulnerabilidade, tais como:
a) Diversos problemas financeiros, dos quais se destacam os baixos rendimentos
familiares, isto é, dos colaboradores do Grupo Auchan. Ora, sendo a média de
remunerações dos colaboradores do Grupo Auchan que trabalham na loja de
Cascais de 552.26 euros, pode perceber-se que este facto contribui em muito
para a dificuldade de gestão orçamental de uma família.
b) Ainda numa vertente financeira, no que respeita aos fatores que contribuem para
situações de carência económica, a aluna destaca também o
sobreendividamento. No entanto importa agora definir e caracterizar esta
problemática do sobreendividamento bastante frequente nos colaboradores do
Grupo Auchan.
O sobreendividamento é entendido como a situação em que os indivíduos não
tenham possibilidade de cumprir compromissos financeiros, sem pôr em risco a
sua sustentabilidade e do seu agregado familiar. (Regulamento dos Projetos
Piloto Experimentais de Acão Social, artigo 20.º da Lei n.º 19-A/96, de 29 de
Junho).

24
A procura de uma definição para o fenómeno do sobreendividamento deverá
permitir identificar e caracterizar com clareza as situações em que o devedor,
por insuficiência de rendimentos, se encontre impossibilitado de pagar as suas
dívidas de crédito sem pôr em risco a subsistência do agregado familiar. O
crescente endividamento dos indivíduos deve-se em grande parte tanto à procura
de crédito por parte destes e á oferta das instituições de crédito. O mercado do
crédito entrou em concorrência o que levou estas instituições a apostar no
crédito a pessoas singulares, que por norma revelam baixos níveis de
endividamento. Ao analisar os processos, a aluna concluiu que os colaboradores
que estão efectivamente nesta situação de sobreendividamento estão porque
necessitaram de liquidez para resolver alguns problemas, nomeadamente,
problemas de saúde, ou porque um dos membros do agregado familiar ficou
desempregado, ou até pelo tipo de família. Isto é, uma família monoparental, por
exemplo, pode ter dificuldade de gestão orçamental e a partir daí, contrair
dívidas para colmatar esta situação. No que respeita à procura de crédito por
parte dos indivíduos, estes foram seduzidos pelas baixas taxas de juro, e em
grande parte, movidos pela luta contra o desemprego, e com o objectivo de
liquidar despesas relacionadas com os filhos, com os pais, ou mesmo para
colmatar despesas de saúde. (Marques e Frade, C.,2003)
Importa referir que o endividamento e o sobreendividamento são coisas
diferentes. Os indivíduos que possuem um elevado número de créditos
(endividamento) podem correr o risco de ter mudanças na sua capacidade
financeira, que lhes permite liquidar os créditos. Podem, portanto, surgir
alterações como a subida das taxas de juro, o desemprego ou emprego precário,
desagregação da estrutura familiar e consequentemente financeira (divórcio/
falecimento), problemas de saúde, etc. Estas mudanças dão origem a indivíduos
sobre endividados pois tornam-se incapazes dar resposta aos seus compromissos
financeiros por escassez de rendimentos, e torna-se imprescindível que os
indivíduos, que aprenderam a “utilizar as vantagens do crédito (…)” saibam
“(…) gerir com a mesma atenção e disponibilidade os seus eventuais efeitos
negativos” (Marques et al., 2000:303)
c) Como foi mencionado no subponto anterior, o tipo de família/ agregado familiar
dos colaboradores pode influenciar a sua situação financeira. Na loja de Cascais,
os colaboradores que beneficiam do apoio da Fundação apresentam estruturas

25
familiares bastante diversas. No entanto, a aluna foca-se no exemplo de uma
família monoparental com dívidas contraídas em atraso, por insuficiência de
rendimentos. Ora, como consequência, esta família enfrenta uma situação de
sobreendividamento, que teve na sua génese a diminuição da estrutura familiar
(separação/ divórcio). Esta diminuição não foi só do número de indivíduos, foi
também no rendimento, pois existiam dois salários, e agora só existe um.
As modificações mais recentes na estrutura familiar, como referido
anteriormente, podem ser também um fator condutor da carência económica. Na
década de 80, apenas entre um quarto e um terço das famílias americanas tinham
uma estrutura tipicamente nuclear, constituída por pai, mãe, e filhos que
coabitem na mesma habitação, o que indica uma redução no peso da família
nuclear em relação ao passado. (Toffler, A. cit. In CARMO, 2000:35). O mesmo
autor indica também que o número de indivíduos a viverem sós quase triplicou
entre os anos 70 e 80. Estes indivíduos eram jovens entre os 14 e os 30 anos que
saiam precocemente de casa dos pais, sem terem ainda casado, ou estavam
divorciados.
Verificou-se também um aumento de casamentos informais, com a duplicação
de casais que optaram por viver juntos sem assinarem um compromisso legal na
década de 70 e um aumento de casais sem filhos. Outra tendência analisada por
Toffler (2000) é o aumento de famílias monoparentais, sendo que em 1980, uma
em cada sete crianças norte- americanas vivia apenas com o pai ou com a mãe.
Da mesma forma, o autor observou famílias reconstruídas, compostas por um
casal, casado em segundas núpcias, que vive com os filhos, de três casamentos.
Por último, registou ainda uma crescente diversificação de modelos
convencionais, que integram grupos de um ou mais casais, casais homossexuais,
etc. As principais alterações apontadas por Toffler (2000) dizem respeito à
redução do tamanho da família, à despadronização de papéis parentais, à
democratização das relações intergeracionais e na relação do casal, à redução da
ligação emocional à rede familiar externa e a existência de um ciclo de vida mais
complexo da família e não linear. O autor afirma que a divisão de trabalho e o
sistema de poder no interior tendem a despadronizar-se, observando-se uma
polivalência das funções parentais e uma maior democratização do processo
decisório e que, por outro lado, as relações emocionais com a rede familiar
exterior tendem a enfraquecer.

26
d) Há também uma forte relação entre o nível de escolaridade e os rendimentos
verificado nos colaboradores que beneficiam de apoio social da Fundação.
Verifica-se que na loja de Cascais, os colaboradores têm níveis qualificações
baixas ou obsoletas e que isso se reflete nas suas remunerações. Ora com estes
salários reduzidos, estes colaboradores veem-se muitas vezes impossibilitados
de conceder estudos mais avançados aos seus filhos, sendo estes, um dos ciclos
viciosos da pobreza: um indivíduo pobre tem baixos níveis de escolaridade por
ser pobre e é pobre por ter níveis baixos de escolaridade. (Monteiro, A. et al,
2015: 50).
Desta conceção resulta, que a pobreza permaneça não apenas no decorrer da
vida dos indivíduos, mas também que se verifique nos descendentes destes
indivíduos. (Monteiro, A. et al, 2015: 50).
Nos últimos anos, e com a chegada da crise económica a Portugal, os
rendimentos familiares regrediram cerca de 5%, embora este decréscimo não nos
de a perceção do impacto redistributivo, ou seja, não nos de a perceção de quais
foram os grupos mais afetados (Rodrigues, 2016). Ainda assim, quando
analisada, a distribuição de rendimento dos indivíduos portugueses, sejam estes
indivíduos pobres ou ricos, revela que de 2009 a 2014 a desigualdade de
distribuição em Portugal sofreu um agravamento significativo.
e) Em alguns dos casos analisados, a aluna verificou que existindo cônjuge, este,
muitas das vezes encontra-se em situação de trabalho precário ou até em
situação de desemprego. A população desempregada aumentou muito com a
crise, sendo que em 2013, representava cerca de 40,5% da população em risco
de pobreza. Esta situação só por si torna o agregado familiar em situação de
vulnerabilidade económica e financeira. Deve também ser enfatizado que cerca
de 30% da população em risco de pobreza tem como principal fonte o
rendimento de trabalho. (Monteiro A. et al.: 2015:49)
f) Como referido anteriormente, as colaboradoras da loja de Cascais que
beneficiam do apoio social da Fundação são inteiramente mulheres. A
diferenciação dos sexos é, em todas as culturas, um dos princípios
fundamentais de organização sexual. Na sociedade industrial e urbana, a
diferenciação de funções entre os sexos coexiste com uma ideologia igualitária
que sublinha e equivalência dos indivíduos e a aptidão das mulheres para o
desempenho de grande parte das funções tradicionalmente ligadas a homens. No

27
entanto de acordo com um estudo realizado pelo Centro de Investigação e
Estudos de Sociologia, a diferença percentual entre as remunerações dos homens
e das mulheres manteve-se praticamente inalterada entre 1988 e 2008. A
diferença mais significativa é entre os trabalhadores com ensino superior: em
1988 os homens auferiam, em média, mais 27% do que as mulheres; em 2008
essa percentagem passou a ser de 32%. Isto significa que em 2008, tal como já
acontecia em 1988, as trabalhadoras portuguesas auferem remunerações médias
substancialmente inferiores às dos homens com níveis de habilitações
equivalentes (anexo 6). (Observatório das desigualdades)
g) Ainda num contexto de desigualdades, pode dizer-se que no Grupo Auchan se
verifica uma grande desigualdade salarial, muitas vezes em colaboradores que
desempenham as mesmas funções. Esta situação não é de todo, um reflexo da
crise em Portugal. O nosso país é de facto um país com níveis salariais baixos
(comparativamente à Europa) e com uma forte disparidade na distribuição dos
ganhos nas remunerações mais elevadas. (Rodrigues, 2016:24). Dos 9 processos
analisados pela aluna, de colaboradores da loja de Cascais, pode concluir-se que
3 destes entraram na empresa antes do ano 2000, e que as suas remunerações
base são de valores compreendidos 632 e 955 euros. As restantes colaboradoras
entraram depois do ano 2002, sendo que a remuneração mais alta destas é de 577
euros. Esta redução das remunerações justifica a queda do rendimento dos
agregados familiares, que se verificou, mais significativamente, em famílias com
menores rendimentos (Rodrigues, 2016: 28).

Importa salientar dois conceitos que poderão ser confundidos com o conceito de
pobreza, tais como, a desigualdade e privação. Esta última está incluída no conceito de
pobreza, uma vez que, para se ser pobre, o individuo está sujeito a diversas privações.
No entanto esta situação não é cíclica, pois a existência de privações não significa
necessariamente que o indivíduo seja pobre, sendo necessário muitos mais elementos
para uma pessoa ou agregado familiar serem considerados pobres. Por exemplo, um
indivíduo pode ser privado de comprar um carro novo, ou uma casa nova, mas isso não
expressa evidentemente que viva uma situação de pobreza.

O conceito de privação reincide sobre necessidades que não são satisfeitas, ao passo que
a pobreza é uma conceção mais universal, e que envolve a insatisfação continuada de
necessidades. A desigualdade pode muitas vezes ser expressa através da pobreza,
28
principalmente nas classes sociais mais baixas e desajudadas. Isto é, a pobreza é
transmissora de desigualdades no acesso aos bens essenciais dos indivíduos que se
encontrem nesta situação. A par destes conceitos, surge ainda o conceito de equidade,
que de acordo com os seus princípios, qualquer indivíduo deve ter o direito a uma
nutrição adequada, acesso à saúde, abrigo, vestuário, educação e sobretudo viver sem
privações relacionadas com os bens essenciais para o bem-estar dos indivíduos (Nunes,
1999).

Os fenómenos da pobreza e da desigualdade de rendimento estão estruturalmente


interligados. A crise económica traduziu-se inevitavelmente no aumento da população
em situação de pobreza, assim como numa degeneração de meios da população pobre.
A queda dos rendimentos dos agregados familiares conduz à descida do valor do
rendimento mediano e, consequentemente a diminuição do valor delimitado para a linha
de pobreza. Desde o início da crise, este limiar de pobreza observou um decréscimo de
434 Euros (2009) para 422 (2014). Desta forma, muitos indivíduos saíram tecnicamente
da linha da pobreza, mas na realidade os seus recursos não aumentaram, mas antes, a
linha de pobreza é que ficou abaixo dos seus recursos (Rodrigues. 2016: pp19)

Depois de 2012 12,6% dos indivíduos estiveram em situação de pobreza pelo período
de um ano, sendo que destes, 8,2% estiverem efetivamente nesta situação durante um
ano inteiro. Estes “novos pobres” encontraram-se nesta situação pela 1ª vez. Este fator
explica que a crise colocou grupos que não eram afetados pela pobreza nessa situação.

Ora, quem se encontra nesta situação, nomeadamente os colaboradores do Grupo


Auchan que auferem apoio social da Fundação, revelam efetivamente privações ao nível
material. Esta privação caracteriza-se pela falta de pelo menos três dos itens da figura
abaixo apresentada (Figura nº 2). Considera-se em situação de privação material severa
o agregado familiar que “não conseguir assegurar no mínimo quatro desses itens.”
(Rodrigues, 2016:22)

29
Figura nº2: Itens de Privação, 2009 – 2014
Fonte: INE, ICOR 2009 e 2014 Cálculo dos autores

Afastando-se agora da temática das desigualdades, entramos numa órbita mais


direcionada para aquilo a que podemos considerar consequências da carência
económica. Se de facto não houver uma intervenção direcionada para a prevenção/
solução dos fatores que conduzem os colaboradores do Grupo Auchan a situações de
carência económica, podem surgir consequências desta situação, tais como a pobreza e a
exclusão social. Primeiramente, a exclusão é um processo complexo em que as causas e
consequências aparecem cruzadas entre si, não sendo um processo redutível a situações
de carência/escassez em termos de recursos patrimoniais individuais ou globais.
Enquanto a pobreza é sobretudo um processo estático, a exclusão é um processo
dinâmico, associado a uma trajetória que conduziu à marginalização, presenciando-se a
acumulação de handicaps vários (ruturas familiares, carências habitacionais, isolamento
social, etc.). (Rodrigues E. V. et al: 69)

Destaca-se o impacto da desigualdade de remunerações entre homens e mulheres na


repartição da riqueza em Portugal, e ainda o efeito que as disparidades salariais entre
homens e mulheres têm sobre os rendimentos ao longo da vida, dado que as mulheres
ganham menos ao longo da vida, pelo que são mais baixas as suas reformas e é maior o
risco de pobreza na terceira idade.

30
O facto das qualificações dos colaboradores do Grupo Auchan serem baixas, dá origem
a que o emprego seja de pouca qualidade e consequentemente, as renumerações sejam
baixas. Destas baixas remunerações surge uma outra consequência que assola a grande
maioria dos colaboradores do Grupo Auchan que solicitam o apoio da Fundação. Ora,
com rendimentos incapazes de satisfazer as suas necessidades e as necessidades dos
seus agregados familiares, os colaboradores acabam por recorrer ao crédito e
progressivamente cair em situações de sobreendividamento. Este, por sua vez, põe em
causa o equilíbrio orçamental das famílias, o que pode conduzir a situações de
perturbação emocional, e numa perspetiva mais pessoal, à dissolução de famílias.

Em situações em que os colaboradores se vêm impedidos de satisfazer as suas


necessidades e as necessidades dos sues agregados familiares, muitas vezes, utilizam
substancias psicoativas como escape à situação difícil em que se encontram. O facto de
o colaborador se encontrar sobreendividado leva-o muitas vezes a situações de
insolvência, o que o exclui do mercado de crédito. Commented [AMDCO9]: Este ponto OK apenas rever
tempos verbais e

2.1.5. Síntese do Disgnóstico realizado - Análise SWOT

Após a identificação das causas e consequências da carência económica, torna-setornou-


se necessário elaborar uma breve síntese da informação recolhida. Para tal, a aluna
apresenta de seguida uma análise SWOT da situação-problema, que permitiue clarificar
quais são eram as forças, fraquezas, potencialidades e ameaças existentes no contexto
analisado. (cf. Schiefer, 2007:13) Commented [AMDCO10]: Tempos verbais em todo o
documento

31
Forças Fraquezas
- Atendimentos com periocidade alargada
- Existência de Apoio Social a colaboradores do
- Desconhecimento da Fundação por parte dos
Grupo Auchan
colaboradores
- Trabalho em equipa
- Desorganização do Banco de Equipamentos
- Colaboradores (Delegados) como agentes
participativos
- Diversidade de intervenções realizadas pela
Fundação
- Parecerias entre entidades exteriores à Fundação,
nomeadamente ligadas à gestão orçamental

Oportunidades Ameaças
- Risco de situações de pobreza e/ ou exclusão
- Participação dos colaboradores que ultrapassaram social
situações de vulnerabilidade/ carência - Ausência de políticas sociais adequadas a
trabalhadores em situações de vulnerabilidade
Só? - Desigualdade salarial
- Crise social económica

Figura nº3: Análise SWOT

Após a sintetização do Diagnóstico através da tabela em cima situada, a aluna


considerou importante e necessário realçar os alguns pontos.

Os colaboradores do Grupo Auchan que auferem o apoio social da Fundação são


privilegiados, pois vivenciam experiencias de vulnerabilidade económica/ social, às
quais a Fundação dá resposta. Esta resposta por parte da Fundação permite que estes
colaboradores ultrapassem as situações – problemas pelas quais estão a passar. E
fazendo uma reflexão, conclui-se que muitas são as empresas em que assiste à
inexistência de apoio a colaboradores em situações de vulnerabilidade, o que pode
prejudicar de forma significativa o bem-estar social dos mesmos.

2.1.6. Prioridades e hipóteses de intervenção

Após a identificação das causas e consequências desta problemática e da síntese do


diagnóstico realizado, tornou-se fundamental priorizar. Assim, sabendo que o foco de
diagnóstico centrou-se na temática carência económica presente na vida dos
colaboradores do Grupo Auchan que solicitam o apoio da Fundação saíram do
diagnóstico quatro prioridades de intervenção.

32
A primeira prioridade centrou-se na prestação de um maior apoio a colaboradores em
situação de sobreendividamento pois este apoio poderia contribuir para uma melhor
perceção da situação dos colaboradores sobreendividados, assim como arriscaria
prevenir que os colaboradores que não recorreram ao crédito, não o fizessem.
Relacionada com esta primeira prioridade, seria pertinente um maior esclarecimento
sobre gestão orçamental/ familiar, visto que esta medida poderia prevenir situações de
precariedade económica provenientes de situações de sobreendividamento. De facto, a
partilha de conhecimento acerca deste fenómeno do sobreendividamento pode ser um
fator essencial para os colaboradores do Grupo Auchan, centrada na colaboração e na
entreajuda.

A terceira prioridade de intervenção referiu-se aos recursos de intervenção utilizados


com os colaboradores, em particular dos que beneficiam do apoio social da Fundação.
Por fim, a quarta prioridade tinha em vista as políticas sociais adequadas à realidade dos
trabalhadores com baixos rendimentos. No entanto esta última prioridade foi
considerada desde cedo, uma prioridade difícil de executar, devido a sua imensa
complexidade.

Através do Modelo de Eisenhower, a aluna priorizou as intervenções, de acordo com a


sua urgência e importância.

Prestar maior apoio a


Esclarecer os colaboradores
colaboradores em situação
Importância

sobre Gestão Orçamental


de sobreendividamento

Criação de políticas sociais Criação de novos recursos de


adequadas a trabalhadores com intervenção
baixos rendimentos

Figura nº4 – Modelo de Eisenhower – Hierarquização de prioridades

33
Face à priorização das prioridades de intervenção acima referenciadas, tornou-se
necessário desenvolver algumas hipóteses operacionais, que funcionam como que
hipóteses de causa-efeito no combate às mesmas necessidades priorizadas. Assim
sendo, e tendo em conta o foco de diagnóstico - os fatores que conduzem os
colaboradores do Grupo Auchan a situações de carência económica - definiram-se três
hipóteses operacionais:

Hipótese 1: se os colaboradores gerirem melhor o seu orçamento, podem prevenir


situações de carência económica provenientes de situações de sobreendividamento.

Hipótese 2: se houver um maior acompanhamento de casos de sobreendividamento,


diminuirá o risco desta situação e o risco de situações de carência económica.

Hipótese 3: se forem criados mais recursos para a fundação, haverá manos situações de
carência económica, pois cada vez chegam mais pedidos de apoio à fundação, e torna-se
importante diversificar os recursos que a fundação tem para oferecer aos colaboradores.

Estas hipóteses, mais precisamente a hipótese 3, serviram como ponto de partida para o
projeto de intervenção apresentado no ponto seguinte.

2.2. Apresentação do projeto


2.2.1. O projeto Commented [AMDCO11]: Rever titulo

Para Isabel Guerra, um projeto

(…) é a expressão de um desejo, de uma vontade, de uma intenção, mas também é a


expressão de uma necessidade, de uma situação a que se pretende responder. Um
projeto é, sobretudo, a resposta ao desejo de mobilizar as energias disponíveis com
o objetivo de maximizar as potencialidades endógenas de um sistema de ação
garantindo o máximo de bem-estar para o máximo de pessoas. (Guerra, 2010:126)

O presente projeto surge através do percurso de estágio realizado pela aluna. O projeto
“Reutilizar” nasceu do cuidado e da preocupação que a instituição, mais concretamente

34
a Fundação Pão de Açúcar - Auchan, tem para com todos os seus colaboradores.
Através deste projeto pretendeu-se que os colaboradores em situações de
vulnerabilidade económica pudessem sair desta situação, assim como se pretendeu
prevenir futuras situações de carência. Desta forma, o Banco de Equipamentos surgiu
com a finalidade de espelhar o conceito de reaproveitamento, tanto ao nível social,
distribuindo equipamentos/ ajudas técnicas, em estado novo ou passíveis de
reutilização, como ao nível ambiental, pois ao existir reaproveitamento e reutilização
destes bens, estes não são desperdiçados com os custos ambientais que tal processo
exige. De forma a serem reutilizados, os bens doados à Fundação terão que passar por
um processo de avaliação, no sentido de se determinar se o seu estado é digno de ser
reutilizado. Caso o equipamento esteja em condições respeitáveis, pode integrar a base
de dados elaborada pela estagiária. Nesta base de dados constam todas as informações
relativas ao equipamento, bem como informação específica sobre a sua utilidade e a
quem se destina.

Torna-se necessário então, esclarecer a pertinência deste projeto. Para tal, serão de
seguida apresentados os fundamentos do mesmo.

A estratégia metodológica iniciou-se pela identificação dos problemas no diagnóstico.


Dentro desta fase, definem-se os problemas e as necessidades através de estratégias de
recolha de dados, onde foram estabelecidas prioridades de intervenção.

2.2.2. Fundamentação

Neste ponto do presente relatório pretende-se fundamentar a relevância e a necessidade


da concretização de um projeto de intervenção, tendo em conta o diagnóstico
anteriormente exposto. Commented [AMDCO12]: Continua com colagem em
vez de produzir pontos proprtios o que dificulta a
leitura….Como faz uma ligação lógica com o anterior dando
A realização do diagnóstico possibilitou que a aluna concluísse que uma má gestão conta do percurso?

financeira/ orçamental conduzirá os colaboradores do Grupo Auchan a situações de


carência económica. Desta forma nasceu então, o projeto “ReUtilizar”. Este projeto
pretendeu responder às consequências provocadas pela carência económica, e às quatro
prioridades de intervenção precedentemente identificadas, com o intuito de garantir o
bem-estar social dos colaboradores do Grupo Auchan, mais precisamente, dos
colaboradores que auferem o apoio social da Fundação.

35
As quatro prioridades de intervenção e as três hipóteses operacionais que a aluna
identificou no diagnóstico, através da análise documental, dos questionários, e da
observação, foram expostas no ponto 1.6 deste relatório.

2.2.3.2.2.2. Finalidade, objetivos e metas a alcançar

A finalidade do projeto pode ser compreendida entre a razão de ser do mesmo e entre o
contributo que o projeto pode dar na resolução do problema identificado. (Guerra,
2010). No caso concreto do projeto de estágio da aluna, a sua finalidade foi contribuir
para o decréscimo de situações de carência económica dos colaboradores do Grupo
Auchan.

Os objetivos do projeto podem ser distinguidos entre os objetivos gerais, e objetivos


específicos. Estes objetivos direcionam a intervenção e são o ponto de partida para
operacionalizar os objetivos do projeto. Os objetivos gerais “descrevem grandes
orientações para as ações e são coerentes com as finalidades do projeto, descrevendo
as grandes linhas de trabalho a seguir” (Guerra 2010:163). Já os objetivos específicos
expressam aquilo que se pretende alcançar, detalhando os objetivos gerais. (Guerra,
2010).

No que diz respeito às metas a alcançar, estas consistiram em indicadores específicos,


que a aluna apresenta na figura abaixo situada. Na mesma tabela, serão também
expostas a finalidade, os objetivos gerais, os objetivos específicos acima referidos.

36
Finalidade - Contribuir para o decréscimo de situações de carência económica dos colaboradores do
Grupo Auchan
Objetivos Gerais Objetivos Específicos Metas a alcançar

Sensibilizar os colaboradores
Melhor GOF por parte dos
para uma melhor Gestão de
colaboradores sensibilizados
Orçamento Familiar (GOF)
Melhorar a gestão financeira
dos colaboradores Fomentar uma maior
X colaboradores sensibilizados
informação e esclarecimento aos
colaboradores sobre até ao final da intervenção

sobreendividamento
Ativar o Banco de Banco de Equipamentos a ser
Equipamentos utilizado até ao final de outubro
Criar novos recursos de
intervenção para a Fundação Guia de Recursos a ser utilizado
Criar um suporte de informação
pelas técnicas do DAS até ao
à intervenção
final de outubro

Figura nº5 - Finalidade, objetivos e metas do projeto “ReUtilizar”

2.2.4.2.2.3. Estratégias

Para atingir os objetivos e as metas propostos, a estagiária identificou algumas


estratégias que lhe darão auxílio na concretização dos mesmos. Para Schiefer (2007)
uma estratégia é aquilo que nos conduz ao objetivo que pretendemos alcançar.

Face aos objetivos gerais anteriormente identificados, melhorar a gestão financeira dos
colaboradores e criar novos recursos de intervenção para a Fundação, a aluna
considerou necessário a utilização das seguintes estratégias

 A comunicação quer com os colaboradores, quer com a equipa técnica de forma


a alcançar os dois grandes objetivos acima referidos;
 A participação, especialmente nas atividades e reuniões que ocorrerão ao longo
do projeto, e que permitiram à aluna acompanhar o desenvolvimento do Banco
de Equipamentos;

37
 A divulgação é uma estratégia que aliada à comunicação permitirá que aos
colaboradores em situações de carência económica ou de sobreendividamento
fossem informados acerca desta problemática.

2.2.5.2.2.4. O Modelo Sistémico

Partindo das estratégias acima mencionadas, as opções metodológicas que se traçam


para este projeto passam em primeiro lugar pela aplicação de um modelo concreto.
Assim, no que se refere a esta realidade, e partindo do pressuposto de que os
colaboradores “(…) dependem de sistemas no seu ambiente social imediato para
conseguirem ter uma vida satisfatória” (Payne, 2002), o modelo utilizado neste projeto
será o Modelo Sistémico.

Os colaboradores do Grupo Auchan apresentam dificuldades de comunicação com os


diferentes sistemas, e consequentemente uma má adaptação entre o colaborador e o
ambiente. O modelo Sistémico tem como principais propósitos melhorar a interação e a
comunicação dos cidadãos com os sistemas que lhes rodeiam. Neste Modelo, a relação
entre os colaboradores e as técnicas é uma relação de reciprocidade, no qual se defende
a mútua influência da iteração comunicacional entre as técnicas e o colaborador.

É então, assente neste modelo que se desenvolveu a ação planeada no projeto, uma vez
que se considerou que com base no mesmo, se poderia atender às reais necessidades às
quais se tencionou dar resposta com este projeto.

2.2.6.2.2.5. Plano de Ação

De acordo com a figura acima apresentada (finalidade, objetivos e metas) pode-se


compreender que a partir dos primeiros dois objetivos específicos: Sensibilizar os
colaboradores para uma melhor Gestão de Orçamento Familiar (GOF) e Fomentar
uma maior informação e esclarecimento aos colaboradores sobre sobreendividamento,
decorreram seis atividades, respetivamente. A primeira corresponde à recolha de
informações sobre GOF, seguido da criação de um guia sobre o mesmo. Posteriormente,
a aluna distribuiu esse mesmo guia nos atendimentos sociais junto dos colaboradores.

38
Relativamente ao segundo objetivo específico, pretendia-se que a aluna entrasse em
contato com instituições que se disponibilizem a participar em sessões de
esclarecimento. Por fim, estas sessões seriam organizadas e de seguida, realizadas.

De acordo com o terceiro objetivo específico: Ativar o Banco de Equipamentos,


decorreram três atividades. A primeira atividade correspondeu à reorganização do
espaço do Banco de Equipamentos nas instalações da sede. Desta forma qualquer
membro da equipa tem acesso aos mesmos. A segunda atividade deste objetivo
específico procurou realizar um inventário dos equipamentos disponibilizados para os
colaboradores, para que estes fossem de fácil acesso e que se encontrassem organizados.
A terceira atividade proposta, centrou-se na divulgação do próprio Banco de
Equipamentos a toda a comunidade Auchan.

O quarto objetivo específico da aluna: Criar um Suporte de Informação à Intervenção


englobava duas atividades, sendo a primeira o contato com instituições, e a segunda, a
criação de um Guia de Recursos na base de dados da Fundação.

As atividades propostas estão em conformidade com os objetivos específicos


identificados e consequentemente com os dois grandes objetivos gerais de melhorar a
gestão financeira dos colaboradores e criar novos recursos de intervenção para a
Fundação.

O Plano de Ação elaborado pela estagiária (Anexo 8) engloba um esboço onde estão
referidas a finalidade, os objetivos que se pretendem alcançar, as ações e atividades
necessárias realizar, as técnicas e recursos necessários, e os responsáveis pelo projeto. O
plano de ação, segundo Isabel Guerra,

(...) descreve de forma detalhada e sistemática, o que se pretende fazer, quando se


pretende fazer, quem será encarregado das diferentes tarefas e quais os recursos
necessários para as concretizar. Estas atividades decorrem da relação entre objetivos,
meios e estratégias, pretendendo a concretização dos objetivos já definidos
(Guerra,2010:170)

39
2.2.7.2.2.6. Plano de Avaliação

Após a apresentação do plano de ação tornou-se fundamental compreender qual o plano


de avaliação correspondente.

A avaliação é uma etapa pertencente a toda a intervenção, no sentido em que é


estruturada de acordo com o projeto em questão, possibilitando a avaliação dos
conteúdos, de forma a melhorar o projeto. Assim, a avaliação consiste na “ (…) função
do desenho do projeto e é acompanhada de mecanismos de autocontrolo que permitem,
de forma rigorosa, ir conhecendo os resultados e os efeitos da intervenção e corrigir as
trajetórias caso sejam indesejáveis.” (Guerra, 2010: 175).

Desta forma, neste capítulo do trabalho, a aluna irá desenvolve o plano de avaliação
(Anexo 9) onde identifica o tipo e o modelo de avaliação, assim como a sua a
temporalidade, e também os critérios utilizados.

2.2.8.2.2.7. Avaliação por Objetivos

No que diz respeito ao modelo de avaliação, a aluna utilizou a avaliação por objetivos.
Este modelo utiliza como principais elementos, as finalidades e os objetivos do projeto,
pretendendo medir o modo e a intensidade com que os objetivos foram alcançados.
(Guerra, 2010).

O propósito deste modelo de avaliação ocorre na ação de “medir a forma e a


intensidade com que determinados objetivos foram atingidos” (Guerra, 2010: 191), isto
é, partindo dos objetivos, são definidos os indicadores de avaliação, que são
quantitativos e qualitativos. É nesta avaliação que a aluna conclui se o projeto teve ou
não sucesso.

A Avaliação por Objetivos é bastante vantajosa no sentido em que obriga a uma forte
clarificação das finalidades e dos objetivos.

40
2.2.9.2.2.8. Avaliação Interna e Auto Avaliação

Esclarecido o modelo e a metodologia de avaliação, torna-se elementar compreender


qual o tipo de avaliação. Dos tipos existentes: autoavaliação, avaliação interna,
avaliação externa, a aluna selecionou estes dois primeiros. Estes serão os tipos de
avaliação utilizados para avaliar os resultados alcançados.

Tal como refere Isabel Guerra (2010) a autoavaliação diz respeito à avaliação que a
própria equipa que a executa realiza, (Guerra, 2010: 176) isto é, diz respeito à
consciência que a própria equipa, neste caso aluna, tem acerca da intervenção realizada.

Foi igualmente realizada uma avaliação interna “ (…) dentro da organização gestora do
projeto, mas com distanciamento da equipa de execução.” (Guerra, 2010: 176), ou seja,
foi realizada uma avaliação pelo DAS da Fundação, que é um ator considerado externo
ao projeto, mas pertencente à instituição.

2.2.10.2.2.9. Temporalidade

De acordo com a temporalidade da avaliação pode compreender-se que há vários tipos,


como a avaliação diagnóstica (ex-ante), de acompanhamento (on going) e a avaliação de
resultados a qual pode ocorrer quando a intervenção está a terminar (ex-post). Neste
caso, foi utilizada a avaliação de acompanhamento (on going) que se caracteriza por
avaliar “ (…) a forma de concretização do projeto e dá elementos para o seu
afinamento ou a sua correção.” (Guerra, 2010: 195), pois a aluna pretendeu, no
decorrer do seu projeto, fazer uma avaliação da concretização do mesmo, de forma a
ajustar as necessidades e fragilidades que fossem surgindo. No entanto, quer a avaliação
seja ex-ante, on-going, ou ex-post, é sempre um processo de aprendizagem que permite
que a aluna aumente a capacidade de se gerir a si própria, assim como lhe dá a
possibilidade de corrigir erros que tenham sido cometidos em alguma das fases do
projeto. A avaliação permite ainda que a aluna redefina os objetivos do projeto sempre
que ocorram mudanças extremas no mesmo.

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2.2.11.2.2.10. Critérios de Avaliação

Ainda relativamente ao processo de avaliação, pretendeu-se avaliar a eficácia e a


eficiência assim como a adequação do projeto. No que diz respeito à adequação, esta
tem como objetivo perceber se “o projeto/programa adequa-se ao contexto do
problema e da situação sobre o qual se pretende intervir?” (Guerra, 2010: 198), ou
seja, se o projeto está em conformidade com aquilo que é o problema, no caso do
projeto em questão, compreender se permitiu aumentar o conhecimento dos
colaboradores do Grupo Auchan relativamente à problemática do sobreendividamento e
se estes obtiveram conhecimento da existência do Banco de Equipamentos, no sentido
de este aumentar as respostas que a Fundação oferece de forma a aumentar o bem-estar
profissional.

Já a eficácia é um critério de avaliação que avalia a congruência das atividades que


serão implementadas para alcançar os objetivos pretendidos, isto é, procura
compreender se os resultados obtidos estão em conformidade com os objetivos
propostos.

2.2.12.2.2.11. Técnicas, instrumentos e atores envolvidos

A avaliação do projeto baseou-se em instrumentos de avaliação, tendo em consideração


os indicadores qualitativos e quantitativos, e os objetivos anteriormente definidos no
projeto. Estes instrumentos são o resultado, da instrumentalização das técnicas de
avaliação.

Como é exposto no plano de avaliação, as técnicas a utilizar neste projeto centraram-se


na análise documental, no inquérito por questionário, e na observação.

Relativamente aos instrumentos de avaliação a utilizar, são os seguintes:

 Registo de Atendimentos

 Questionário sobre Gestão do Orçamento Familiar aplicado aos colaboradores a


ntes e depois da leitura do Guia

 Questionário sobre sobreendividamento aplicada aos colaboradores antes e depoi


42
s da sessão de esclarecimento

 Observação da Sessão

 Análise do registo de pedidos de apoio do Banco de Equipamentos

 Questionário sobre o Guia de Recursos Sociais aplicado às técnicas do DAS

 Questionário sobre a reestruturação do Banco de Equipamentos aplicado às técni


cas do DAS

 Atas/ registo das reuniões

 Registos das atividades realizadas

As técnicas e instrumentos enunciados permitirão à discente avaliar o projeto de estágio.


Tendo em conta a metodologia académica de investigação-ação, pretende-se envolver
os colaboradores do Grupo Auchan em situação de carência económica; a equipa de
Ação Social da Fundação, e a aluna. Commented [AMDCO13]: Valerá a pena sub dividir em
tantos pontos? Repare no numero de páginas….Há
informação desnecessáriia e que pode ser abreviada

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