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APROFUNDANDO O SABER SOBRE ALIMENTAÇÃO

O mais importante para uma alimentação saudável não é


necessariamente escolher um sistema alimentar ou dieta e segui-lo
à risca por um longo período de tempo. A alimentação ideal deve
ser consciente. Seguindo ou não um padrão, deve ser vivenciada e
adequada, levando em conta o organismo do indivíduo, seus
padrões mentais e valores pessoais.

Segundo o Bhuta Shuddhi, técnica yogue de purificação do corpo


físico, corpo emocional e corpo mental, envolve tanto a seleção
dos alimentos quanto o controle dos pensamentos e das emoções.
Devemos comer alimentos que não tenham cessado o seu processo
vibratório e de circulação de energia por estarem podres ou em
decomposição. Frutas, verduras, hortaliças, alimentos naã o-gordurosos,
naturais e sem conservantes saã o muito bem-vindos, pois saã o ricos em prana;
bioenergia.

O prana eé a energia vital que existe em abundaâ ncia em todo o planeta, em noé s,
nos animais, aé rvores, ar, aé gua, terra e em tudo. ÉÉ tambeé m uma energia
inteligente, viva e que obedece a conscieâ ncia. Éle eé canalizado no corpo atraveé s
das nadis, que em saâ nscrito significa “rio” ou “corrente”. Saã o meredianos do
sistema energeé tico, como veias, por onde o prana eé transportado (veja figuras
ilustrativas no final do texto “Condicionamentos”). Os Rishis, saé bios antigos da
ÍÉndia, afirmavam que onde a conscieâ ncia vai, o prana vai atraé s. Todas as teé cnicas
do Yoga levam isso em consideraçaã o, utilizando esse conhecimento para
manipular a energia do sadhana (praé tica) e fazeâ -lo surtir o efeito devido.
A alimentação do corpo mental é observada no nível dos
pensamentos. Pensamentos de culpa e medo são os principais
inimigos. Eles cortam a capacidade de absorvermos o prana e as
energias divinas que recebemos e nos fazem viver, se movimentar e
utilizar a consciência. O sahasrara chakra, principal chakra (órgão
energético), situado no topo da cabeça, recebe o tempo todo um
manancial de energia e vitalidade que nutre os outros chakras e
todos os corpos (físico, emocional e mental) do ser. Ao permitirmos
que pensamentos viscosos entrem na mente, é como se
estragulassemos a entrada desse fluxo energético no corpo e na
medida em que cultivamos esses pensamentos, permitindo que eles
permaneçam na mente, deixamos que o prana vá ficando cada vez
mais escasso no organismo. Esse hábito, é muito comum em
pessoas depressivas. A correção é manter-se em estado de alegria,
pois nessas condições, vivemos em nosso estado natural de ser. A
prevenção está na observância dos pensamentos e
subsequentemente no desenvolvimento da capacidade de não dar
atenção aos pensamentos de medo, culpa e dúvida. Ou seja,
sentir o presente.

A alimentação do corpo emocional é diretamente ligada à essa


vigilância dos pensamentos e condicionamentos mentais. Também,
se permitir que pensamentos tristes tomem conta de você, estará
automaticamente abrindo espaço para que sejam depositados no
seu campo emocional, que se manifesta na aura. Fique vigilante.
Quando perceber algum pensamento que te leve a ter sensações
ruins, entregue-o para o Ser, para o Cosmos ou o Universo –
escolhendo a referência divina que você achar melhor – e descanse
na tranquilidade de que essa Consciência cuidou desses
pensamentos para ti. Nosso único papel é não deixar esses
pensamentos entrarem na nossa mente, entregando-os para o Ser…
o resto é Ele quem faz.

A alimentação do corpo físico é aquela que estamos mais


acostumados a vivenciar, na qual devemos equilibrar bem todos os
alimentos que ingerimos, de acordo com a necessidade do
momento. Como foi dito no início deste texto, ela não é absoluta.
Por exemplo: com o intuito de melhorar o funcionamento do seu
organismo, aumentar a imunidade ou simplesmente limpar o
sangue, digamos que uma pessoa tenha aderido à uma alimentação
exclusivamente de frutas. É natural com isso que o seu corpo físico
fique mais “leve”, que seu sistema emocional fique mais forte e
alegre [por não ingerir a adrenalina e as toxinas de putrefação da carne,
provenientes do momento em que o animal foi abatido, que
desestabilizam o sistema emocional] e que seus pensamentos fiquem
mais sutis. Mas imaginemos que essa pessoa tenha passado por um
momento de intensa raiva ou emoções bem fortes. Caso esteja
muito abalada por essa experiência, seria interessante para ela,
comer algum alimento mais pesado, como algum tipo de carne ou
alguma raiz (mandioca, batata-doce etc.) para filtrar essas emoções
e “aterrar” essa energia mais densa. Esse é apenas um exemplo
prático dentre muitos que podem acontecer. Com a experiência, vai
ficando cada vez fácil perceber essas nuances.

Na verdade, os 3 corpos estão simultaneamente interagindo entre


eles e sendo influenciados um pelo outro. Ao tempo em que você
filtra seus pensamentos, está fazendo com que o corpo emocional
esteja mais rico em prana e consequentemente o corpo físico
também.

Ao mesmo tempo, quando ingere alimentos com mais prana, está


ajudando o corpo mental a ficar também mais forte e limpo já que
não está se conectando com alimentos que passaram por uma
experiência de morte e forte descarga emocional. Na medida em
que você não permitir que emoções viscosas façam parte da sua
vida, está imediatamente evitando que elas sejam depositadas nos
seus músculos e sangue, na forma de adrenalina… e por ai vai.

Também pode-se comer carne à vontade e não causar nenhum mal


ao organismo. A depender do organismo ou do momento da vida de
um indivíduo, a ingestão de carnes é bastante recomendada.
Os sistemas alimentares mais comuns aos praticantes de Yoga e à
sociedade em geral são:

Onivorismo - Alimentação sem restrições. Engloba todos os


sistemas alimentares e permite a ingestão de todos os tipos de
alimentos, como: vegetais, carnes, enlatados, alimentos
processados e tudo que a imaginação permitir. É a mais usada no
Brasil e Ocidente.

Carnivorismo - Baseada na ingestão de carnes ainda frescas. Os


animais carnívoros que caçam são os principais consumidores. É
ingerida ainda fresca, antes que as toxinas de putrefação, naturais
dos organismos mortos entrem em ação. A carne ainda possui uma
grande quantidade de prana em atividade. Com humanos, essa
alimentação pode ser observada quando se come, por exemplo, um
peixe recém pescado ou uma galinha recém abatida.
Carniceirismo - Baseada na ingestão de carnes “passadas”. Os
humanos são os maiores consumidores já que a maioria das carnes
consumidas não foram comidas no momento exato em que se
abateu o animal. Até chegar à mesa de refeição, se passaram dias,
sem contar com os hormônios, conservantes, antibióticos, corantes
que são adicionados a ela. Entre os animais, as hienas, leões,
urubus, camarões, lagostas etc. a utilizam.

Ovo-lacto-vegetarianismo - É o Onivorismo sem o consumo de


carnes de qualquer tipo (vermelhas ou brancas). É o tipo de
vegetarianismo mais comum e fácil de se adaptar.

Lacto-vegetarianismo - Alimentação sem carnes e ovos. Neste


caso, tudo que for feito com ovos (bolos, pães, massas etc.) deve
ser substituído por outra coisa. Aceita-se todos os derivados do
leite: manteiga, queijos, iogurte, coalhada...

Vegetarianismo puro (Vegan) - Também conhecido como


Vegetarismo. É o Vegetarianismo mais forte. Além de não ingerir
nenhum tipo de alimento de origem animal, observa-se a
preocupação com a vida dos animais e o consumo de produtos
derivados deles. Há portanto uma forte filosofia que incentiva o não-
consumo de couros, peles e tudo que cause impacto na fauna do
planeta.

Naturalismo - Não consome quaisquer produtos artificiais, aceita


apenas os naturais. Muita gente confunde o Naturalismo com o
Vegetarianismo. O Naturalismo muitas vezes consome carnes,
normalmente carnes mais leves e em menor quantidade. O
Vegetarianismo, por sua vez, aceita produtos artificiais
(refrigerantes, processados etc).

Crudivorismo - Utiliza de alimentos crus, sem qualquer tipo de


cozimento. Não aceita carnes. É um excelente sistema alimentar,
riquíssimo em prana, nutrientes e energia. O cozimento queima o
prana e dissolve muitos nutrientes.

Cerealismo - Baseada no consumo apenas de cereais. A


alimentação macrobiótica se encaixa dentro do Cerealismo.

Frugivorismo – Alimentação à base unicamente de frutas. É


considerada a mais harmônica e poderosa de todas, pois
proporciona um alto grau de absorção de bioenergia e consome
muito pouco o organismo. O praticante tende a ficar com um
superávit de energia e saúde, além de regularizar as funções
digestórias e muitas outras funções orgânicas.

Quem pratica Yoga, no geral, passeia entre os 7 últimos sistemas


citados acima, sem carnes no cardápio. Mas isso não é regra. Pode-
se fazer Yoga e ter uma alimentação super comum. Isso vai
depender dos karmas da pessoa, dos seus caminhos espirituais, do
seu organismo e crenças que cultiva.

Paradoxal e prioritariamente, é a crença (o que a mente cultiva) da


gente que vai influenciar na alimentação e nos efeitos sobre a vida.
O corpo apenas segue as ordens. Quem ordena é sempre a sua
mente, as suas crenças, as escolhas quanto ao que você prefere
acreditar e portanto ver. Com a evolução mental que o Yoga (e
outros métodos de auto-conhecimento) proporciona, o conceito de
alimentação vai ficando mais fraco e desnecessário, já que é a
mente que comanda tudo. Se a pessoa estiver realmente resolvida e
em paz quanto ao que (e como) come, nada de negativo
acontecerá. Poderá comer o que quiser que o corpo e a mente
responderão com um sorriso. Nos estágios mais avançados de
desenvolvimento espiritual, nem mesmo as doenças se fazem reais,
deixam de existir na experiência daquele indivíduo. Isso é o mais
importante dentre tudo o que conversamos neste texto.

Quanto às dietas propriamente ditas, entenda que costumam ser


passageiras. Normalmente são contra o gosto do indivíduo e
possuem um propósito fraco. Elas tem um propósito definido que
não será útil depois que for alcançado. A reeducação alimentar é
mais efetiva, permanente e agradável. Oferece à pessoa condições
de conhecer-se melhor e ajustar sua alimentação às suas
necessidades. Se for optar por fazer uma dieta, prefira encará-la
como uma reeducação alimentar e moldá-la para isso. Isso muda
tudo.

A alimentação é o reflexo de um estilo de vida. Como vimos, tudo


que comemos, pensamos e fazemos influencia na vitalidade e na
felicidade de viver. E viver bem! Outros cuidados são muito
acolhidos também, como: uma excelente mastigação, com calma e
consciência; manter a coluna ereta enquanto se come; se
desconectar dos afazeres do cotidiano; concentrar-se no sabor dos
alimentos, degustá-los; dormir de 15 a 20 minutos após refeições
pesadas (isso permite que o sangue desça do cérebro para o
estômago, permitindo uma digestão mais eficiente e também repõe
as energias gastas. Mais de 20 minutos de sono, após as refeições,
não é aconselhável já que entramos em sono profundo; alimentar-se
de emoções boas, pensamentos construtivos e alegres durante todo
o dia!

Vitor Ramos.

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