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Adolescentes
APONTAMENTOS
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MODELOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
No âmbito da Psicologia do Desenvolvimento, destacam-se três modelos a que estão associadas
diferentes perspetivas sobre a avaliação psicológica:
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• Modelo estrutural-construtivista do desenvolvimento;
PSICOMETRIA DO DESENVOLVIMENTO
Alicerça-se no modelo maturacionista de desenvolvimento.
• Não é feita uma leitura qualitativa das especificidades identificadas em cada trajetória
desenvolvimental.
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• Enfatiza as qualidades psicométricas dos instrumentos utilizados na avaliação do
desenvolvimento enquanto garantia do rigor da avaliação.
MODELO ESTRUTURAL-CONSTRUTIVISTA DO
DESENVOLVIMENTO
• O modelo de Piaget não é uma teoria do desenvolvimento, mas uma teoria sobre o processo de
construção de conhecimento (i.e., epistemologia genética).
• Assume existência de uma interação dinâmica entre fatores íntrinsecos e extrínsecos (i.e.,
inatos e adquiridos).
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• Inteligência como sistema adaptativo:
• equilibração.
Piaget defende que o desenvolvimento de processa de acordo com uma sequência de estádios:
• apresentam uma ordem constante universal, mesmo que com um ritmo diferente,
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• Operações formais (a partir dos 11 anos)
• A passagem ao estádio seguinte requer uma mudança qualitativa, que consiste numa
transformação potenciada por uma descontinuidade estrutural.
• Piaget posicionou-se criticamente face ao modelo psicométrico e aos testes por eles veiculados:
• defendia que o processo de avaliação não deve cingir-se à observação pura, mas antes
configurar-se como um processo de experimentação.
PROVAS OPERATÓRIAS
• Implicam o recurso a um aparato específico, com materiais e instruções próprios.
• Figuram nos inventários de Jean Piaget, que foram publicados pela OCDE (1977/1981).
• As questões que norteiam a administração destas provas são introduzidas, a fim de seja possível
acompanhar o raciocínio da criança.
• Por este motivo, as questões não devem ser colocadas sempre da mesma maneira.
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Testes e escalas de desenvolvimento estandardizados
• Estádio sensório-motor
• A obtenção de sucesso numa prova indica que a estrutura subjacente está consolidada,
remetendo a avaliação de desenvolvimento para o estádio correspondente a essa estrutura.
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MODELO SOCIOGENÉTICO E HISTÓRICO-
CULTURAL DO DESENVOLVIMENTO
Conceito de desenvolvimento
• idades estáveis (primeiro ano, infância precoce, idade pré-escolar, idade escolar e
puberdade);
• ‘crises’ (crise do ano, crise dos três anos, dos sete anos, dos treze e dos dezassete anos).
Conceito de desenvolvimento
• Cada período de desenvolvimento é pautado por uma ‘nova formação principal’ própria da
idade.
• Em cada idade, a existência social da criança é regulada pela situação social do desenvolvimento.
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• A incorporação das experiências sociais leva a que o ‘social se transforme em individual’.
• As progressivas aquisições da criança vão condicionar aforma como se relaciona com os seus
contextos de socialização.
• Assume que as aquisições desenvolvimentais são potenciadas pela interação da criança nos seus
contextos vivenciais.
• É nestes contextos que a criança internaliza padrões, regras e valores, que, depois de
internalizados, promovem aquisições desenvolvimentais específicas.
‘Toda a função no desenvolvimento cultural da criança aparece em cena duas vezes, em dois
planos: primeiro, no plano social e, depois, no psicológico; primeiro, entre os homens como
categoria interpsíquica e, depois, no interior da criança, como categoria intrapsíquica.’ (Vygostky,
1984/1996, p. 265).
• Vygostky teceu duras críticas aos procedimentos estandardizados de avaliação propostos pelo
modelo psicométrico:
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Implicações para a avaliação do desenvolvimento
• O diagnóstico clínico consiste na avaliação do que a criança é e o que ainda não é, mas pode vir
a ser.
• Avalia a qualidade das interações, por forma a que o nível de desenvolvimento potencial se
converta em atual.
SÍNTESE INTEGRADORA
• O modelo psicométrico:
ENTREVISTA CLÍNICA
• Recursivo: a avaliação não segue um fio condutor rígido e unidirecional, sendo pautada
por avanços e retrocessos.
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PLANEAMENTO DA ENTREVISTA INICIAL
• Este processo de decisão implica identificar a(s) figura(s) que endereçam o pedido:
• As pessoas que podem estar envolvidas no processo de avaliação clínica podem enquadrar-se
nalgumas destas categorias:
• criança/adolescente;
instituição);
• O processo de avaliação requer várias sessões, pelo que estas podem assumir diferentes
configurações:
• Reunião na escola;
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• No âmbito da prática clínica, é usual os psicólogos iniciarem a entrevista sem qualquer
conhecimento sobre o problema que motivou a preocupação da família e/ou dos cuidadores
da(o) criança/adolescente.
• A existência de uma triagem prévia da casuística e/ou de uma ficha de inscrição com uma
informação sumária sobre o pedido poderão autorizar a formulação de algumas hipóteses prévias,
mas nunca o desenho do guião de entrevista.
• Dados identificatórios
• Percurso escolar
• História familiar
DADOS IDENTIFICATÓRIOS
• Idade
• Nível de escolaridade
• Local de residência
• A entrevista com a família inicia-se, geralmente, incidindo sobre a história do(s) problemas
atuais(ais), no que respeita:
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HISTÓRIA DE DESENVOLVIMENTO
• 0-5 anos:
• Gravidez e parto;
• Saúde física;
• Padrão de sono (i.e., idade da primeira noite de sono completa e problemas de sono) e
potenciais problemas neste domínio;
• Temperamento e vinculação;
• Desenvolvimento motor,
• 6-12 anos:
• Saúde física,
• Adolescência:
• Rotinas de alimentação;
PERCURSO ESCOLAR
• idade com que começou a frequentar o infantário e adaptação a este contexto (i.e., relação
da(o) criança/adolescente com os pares e os adultos);
• transição para o 1º ciclo do ensino básico (CEB) (i.e., gestão das regras de funcionamento
da sala de aula e dos momentos de trabalho);
• transição para o 3º CEB, nomeadamente, no que respeita à forma como a criança adquire
e aplica conceitos abstratos, e generaliza aprendizagens.
• A exploração do contexto físico e social da família deve, também, ser incluído na entrevista
clínica com a família.
• Duração do envolvimento,
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• Razões para o envolvimento.
• Com base na informação recolhida na entrevista realizada com a família, é possível formular
hipóteses preliminares, que tenham em consideração os fatores:
1. predisponentes,
• caraterísticas biológicas ou psicológicas da(o) criança/adolescente,
• aspetos negativos da relação precoce pais-filho,
• situações familiares que tornaram a criança, ou membros da rede familiar, vulneráveis
ao desenvolvimento do problema, ou dos comportamentos, que o mantêm.
FATORES PREDISPONENTES
INDIVIDUAIS: CONTEXTUAIS
• Stressores
Individuais
• Fatores biológicos
• vulnerabilidade genética,
• agressões precoces,
• lesões,
• doenças.
• Fatores psicológicos:
• dificuldades cognitivas,
• temperamento difícil,
• baixa autoestima,
• Desorganização familiar
Contextuais
Stressores
• Luto
• Separação
• Mau-trato infantil
• Precariedade económica
• Institucionalização
2. precipitantes,
• Acontecimentos que levam ao aparecimento do problema.
• Incluem:
• um acontecimento de vida gerador de sofrimento;
• doença ou lesão física,
• transições/crises no ciclo de vida do indivíduo e da família.
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FATORES PRECIPITANTES
• Doenças ou lesões
• Mau-trato infantil
• Bullying
• Nascimentos/lutos
• Desemprego parental
• Dificuldades financeiras
3. de manutenção e
FATORES DE MANUTENÇÃO
FATORES DE MANUTENÇÃO
INDIVIDUAIS: CONTEXTUAIS
• Biológicos • Intervenção
• Psicológicos • Familiares
• Parentais
Pessoais
Fatores biológicos
• Sintomas fisiológicos
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Fatores psicológicos
Contextuais
Contextuais
Fatores familiares
• Vinculação insegura
• Desorganização familiar
• Ausência parental
• Litígio conjugal
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Fatores Parentais
• Vinculação insegura,
• Atribuições externas,
• Distorções cognitivas
4. de proteção.
FATORES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAIS: CONTEXTUAIS
• Biológicos • Intervenção
• Psicológicos • Familiares
• Parentais
Individuais
Fatores biológicos
Fatores psicológicos
• Temperamento fácil
• Elevada autoestima
Contextuais
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Fatores familiares
• Envolvimento parental
Fatores parentais
criança/adolescente
• Vinculação segura
OBJETIVOS:
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• Avaliar a perceção da criança sobre os seus contextos de vida significativos (i.e., escolar,
familiar e outros contextos relevantes, como escuteiros, clube desportivo, escola de dança)
e as dinâmicas relacionais que os pautam;
• Pode ser vantajoso realizar uma avaliação centrada na criança, depois de conhecer o ponto
de vista dos adultos significativos da sua rede de suporte.
• Desta forma, é possível perceber como é que a criança reage às perspetivas que os pais e
os professores têm sobre o problema.
Símbolos do
genograma
• Nesta folha, está desenhado um alvo composto por vários círculos, um, dois, três, quatro
e cinco (contar com a criança). Este alvo representa um “mapa” e preciso da tua ajuda para
o completar. Imagina que aqui no centro estás tu (representado pelo” X” no centro do
círculo, atender também à numeração dos círculos, 4 a 1 sendo o 4 o mais exterior e o 1 o
mais perto do centro).
• O que te vou pedir é para colocares no mapa as pessoas mais e menos importantes para
ti. Neste círculo mais perto de ti, colocas as pessoas de que tu gostas muito (1), aqui as
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pessoas que tu gostas um bocadinho menos (2), depois aquelas de que tu gostas (3), depois
aquelas de que não gostas (4).
• Como vês, o mapa tem estas linhas que servem para separar as pessoas que vais colocar
no mapa.
• Seguindo os ponteiros do relógio, indicar: aqui, fica a tua família (indicar parte superior
direita), aqui ficam outras pessoas que são da tua família, mas que não vivem contigo
(indicar parte inferior direita), aqui, ficam os teus amigos e/ou vizinhos (indicar parte
inferior esquerda) e aqui ficam as pessoas da tua escola (indicar parte superior esquerda).”
OBSERVAÇÃO CLÍNICA
• Desta forma, a/o psicóloga(o) poderá conseguir formular inferências sobre o comportamento
da criança.
• aparência,
• grau de cooperação,
• tolerância à frustração,
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• padrões de pensamento.
COMPORTAMENTO APARÊNCIA E
VOZ E DISCURSO
NÃO-VERBAL VESTUÁRIO
VOZ E DISCURSO
• fluência (e.g., repetições, revisões, frases e/ou palavras incompletas, sons prolongados).
COMPORTAMENTO NÃO-VERBAL
• comportamento motor:
• maneirismos,
• coordenação,
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• nível de atividade;
• postura e mudanças posturais (e.g., relaxado, rígido, tenso; voltar-se de costas para a/o
psicóloga(o));
• expressões faciais e sua adequação ao contexto (e.g., alerta, perplexo, ansioso, zangado, tenso,
triste) e
APARÊNCIA E VESTUÁRIO
• vestuário:
• limpo/sujo,
• deselegante/desgrenhado;
• penteado:
• despenteado/desgrenhado,
• cuidado, ou
• arrojado.
Exemplo: A criança parece deprimida, ansiosa, ou zangada, mas dá respostas que sugerem
despreocupação.
• o nível de atividade da criança oscila e a que conteúdos estão associadas essas oscilações,
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COMPORTAMENTO NÃO- POTENCIAL SIGNIFICADO
VERBAL
1. Contacto ocular direto Atenção, disponibilidade para interagir com
a/o psicóloga(o)
2. Fixar uma pessoa ou objeto Desafio confrontativo, preocupação, possível
rigidez ou ansiedade
3. Lábios cerrados Ansiedade, determinação, zanga, hostilidade
4. Acenar com a cabeça da esquerda para a Desacordo, desaprovação, descrença
direita
5. Virar-se de costas para a/o psicóloga(o), Tristeza, vergonha, resistência
dobrar-se sobre si próprio, esconder o rosto
6.Tremer, mexer as mãos Ansiedade, zanga
7. Bater com os pés no chão Impaciênca, ansiedade
8.Sussurrar Dificuldade na autorrevelação
9. Silêncio Relutância em falar, preocupação
10. Mãos transpiradas, respiração pesada, Medo, ativação positiva (excitação, interesse)
dilatação das pupilas, palidez, erupções ou negativa (ansidade, embaraço),
cutâneas no pescoço intoxicação por substâncias
• espontaneidade e iniciativa,
• humor e sociabilidade,
• nível de ansiedade,
• nível de atividade,
1. Comportamento da criança
2. A criança é tímida?
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3. Mostra-se assustada, agressiva, ou amigável?
• dificuldades visuais?
Nota: Pedir à criança para repetir a perguntar pode fornecer pistas sobre os
fatores que contribuem para explicar o comportamento.
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13. Como é que reage a perguntas que visam aprofundar a exploração sobre um
determinado tema (e.g., reconsidera a resposta, mantém a primeira resposta,
rapidamente diz ‘Não sei’, ou fica em silêncio)?
confiança excessiva?
• reação às tarefas,
4. A criança bloqueia nalgumas tarefas (e.g., ‘Eu sei, mas nãoconsigo pensar.’).
• reação ao insucesso e
1.Como é que a criança reage face ao confronto com a dificuldade? A criança retrai-se,
fica agressiva, esforça-se, tenta fazer batota, foge da tarefa, ou admite abertamente o
insucesso?
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4. A criança desculpa-se, racionaliza, aceita tranquilamente o insucesso, ou sente-se
humilhada?
2. linguagem,
3. aspetos visuomotores e
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