Diretoria 2015-2016
Marcelo Carvalho (UNIFESP)
Adriano N. Brito (UNISINOS)
Alberto Ribeiro Gonçalves de Barros (USP)
Antônio Carlos dos Santos (UFS)
André da Silva Porto (UFG)
Ernani Pinheiro Chaves (UFPA)
Maria Isabel de Magalhães Papaterra Limongi (UPFR)
Marcelo Pimenta Marques (UFMG)
Edgar da Rocha Marques (UERJ)
Lia Levy (UFRGS)
Diretoria 2013-2014
Marcelo Carvalho (UNIFESP)
Adriano N. Brito (UNISINOS)
Ethel Rocha (UFRJ)
Gabriel Pancera (UFMG)
Hélder Carvalho (UFPI)
Lia Levy (UFRGS)
Érico Andrade (UFPE)
Delamar V. Dutra (UFSC)
Equipe de Produção
Daniela Gonçalves
Fernando Lopes de Aquino
Capa
Cristiano Freitas
Carvalho, M.; Fornazari, S. K.; Haddock-Lobo, R. Filosofias da Diferença. Coleção XVI Encontro
ANPOF: ANPOF, p. 274-285, 2015.
Minha língua do outro: desconstrução e comunicação
ama apaixonadamente sua terra. Próspero, por outro lado, nutre inten-
sa paixão pelos livros, que ele coleciona em grande número. Trazendo
para a ilha o conhecimento conquistado por seus livros e a libertação
que seu modo de vida representa, o colonizador lamenta a condição de
barbárie em que se encontra Caliban e decide ter compaixão do pobre
nativo. Tal gesto de compaixão se traduz na peça pelo aculturamento
de seu escravo. Ensinando sua própria língua ao colonizado, Próspero
e sua filha Miranda acreditam finalmente poder retirar Caliban de sua
natureza selvagem, ensinando-lhe assim os caminhos do conhecimen-
to de si mesmo.
Após ter apreendido a língua do colonizador, Caliban, no entan-
to, não se comporta como era esperado. Ao contrário da delicadeza dos
gestos, da voz baixa e dos impulsos comedidos, dignos de todo homem
civilizado, Caliban penetra no mundo do logos tal qual um corpo estra-
nho que, por não ser reconhecido pelo organismo que o recebe, deve
inevitavelmente ser expulso, rejeitado, lançado para fora. Próspero, o
homem de razão, o colonizador civilizado, dedicou seu tempo a educar
seu vassalo no intuito de oferecer a ele a mais digna humanidade. Vendo
seus esforços trilharem um caminho impreciso e desviante, Próspero e
sua filha, num belíssimo momento da peça onde o desespero toma conta
destas duas figuras, esbravejam em direção à Caliban:
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Considerações finais
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não presente apenas na Europa), mas que deve nos manter atentos e
vigilantes onde quer que se apresente. O pluralismo universalista de
Habermas também deve ser submetido à crítica – e talvez possa revelar
em si mesmo um poderoso contextualismo:
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Bibliografia
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brasileiro, 2002.
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ZEA, Leopoldo. Discruso desde a marginalização e a barbárie. Rio de Janeiro: Ga-
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