INSTITUTO EDUCACIONAL
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGOGICA
APRESENTAÇÃO
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela
filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explicitada à
aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola
Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908. Viveu num período
marcado por instabilidade social e turbulência política.
Você está recebendo este material didático, na certeza de contribuirmos para sua
formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para melhoria de
seu desempenho profissional. Todos nós, da equipe WALLON, esperamos retribuir a sua
escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
O presente material didático foi produzido criteriosamente, por meio de coletâneas,
compilações e pesquisas, pelos Professores e Coordenadores do Instituto Wallon, para
que os referidos conteúdos e objetivos sejam atingidos com êxito. Esperamos que este
seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento
teórico e para o aperfeiçoamento de sua prática. Leia com muita atenção as orientações a
seguir e um ótimo estudo!
Abraços!
Direção Geral
Sumário
DESENHO
2 - Vinculo familiar:
-a planta da minha casa
-os quatro momentos do dia
-família educativa
3 - Vinculo consigo mesmo:
-o dia do meu aniversário
-minhas férias
-fazendo aquilo de que mais gosta
-o desenho em episódios
Observações a serem feitas para análise das técnicas projetivas:
O tamanho do desenho;
O tamanho dos personagens;
Se o sujeito está presente nas cenas ou não;
Quem não aparece no desenho;
O distanciamento dos personagens (separados por barreiras ou presos);
Se usa borracha de forma exagerada ou nunca;
Se desenha pés ou mãos (dificuldades nos relacionamentos);
Se faltam olhos, nariz, orelhas;
Se o desenho é condizente ao que é pedido;
Se recusa a desenhar;
Se recusa a escrever.
Obs.: os desenhos devem ser analisados dentro de um contexto geral e não de forma
isolada.
Observar no relato os mecanismos de dissociação, negação e repressão. Se existe
objeto de aprendizagem.
LEITURA E ESCRITA
É verificada através das Provas Pedagógicas (Laura Monte Serrat) – identificação do
nível de aquisição de escrita, leitura e interpretação que o paciente se encontra, observando os
aspectos afetivos, cognitivos, motores, orgânicos e socioculturais. São aplicadas considerando
a série e a idade do paciente.
Leitura: competência de leitura silenciosa (observar a velocidade da leitura);
Compreensão de texto: observar o que foi compreendido pela criança (sequência dos
fatos, explicação com detalhes, ideias do texto);
PSICOMOTRICIDADE
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem por meio do seu corpo em
movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades
de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada
ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 1999)
Avaliar o aprendente através das Provas Psicomotoras (Oliveira, Almeida e
Fonseca) – observar e avaliar suas habilidades e equilíbrio, bem como o domínio dos
gestos e dos instrumentos (coordenação fina) do seu corpo, desde o movimento mais
simples ao mais complexo, que são determinados pelas contrações musculares e pela
maturação do sistema nervoso (coordenação global; esquema corporal; lateralidade; e
discriminação visual e auditiva).
Lateralidade
A capacidade de a criança poder olhar e agir para todas as direções, com equilíbrio, com
coordenação mínima corporal e com noções de espaço.
Direito/esquerdo,
Olho dominante (buraco no papel),
Definição de lateralidade (mão, pé, olho direito...),
Esquema corporal (desenhos)
Orientação temporal (perguntas),
Orientação espacial (quebra-cabeças, tec. proj.)
Devolutiva Psicopedagógica
A entrevista de devolução é a comunicação verbal que o psicopedagogo faz
ao paciente, a seus pais e ao grupo familiar, dos resultados obtidos no diagnóstico
psicopedagógico. Trata-se de uma entrevista final, posterior à aplicação do último teste.
O psicopedagogo deve claramente apontar o caminho para a solução do
problema apresentado de acordo com o diagnóstico e prognóstico do paciente.
A entrevista de devolução deve ser passadas aos pais e ao filho
separadamente, pois dessa forma, favorecemos a distinção de identidades dentro do
grupo familiar com linguagens diferentes.
Roteiro
Procedimento: Inicia-se a entrevista retomando a queixa inicial;
Procedimento: decorre-se sobre cada instrumento utilizado, com a criança, fazer
a lembrança de sessão. O material nunca deve ser mostrado aos pais (ética);
Procedimento: tocar nos aspectos positivos do paciente (baixa autoestima, baixo
autoconceito) que fora detectado na anamnese e provas projetivas.
Procedimento: analisa-se os aspectos que estão realmente causando a
dificuldade na aprendizagem apresentando recomendações (nos níveis familiares e
escolares) e indicações necessárias (atendimentos necessários com outros
especialistas).
Procedimento: finaliza-se a sessão deixando claro os pontos fortes e fracos do
paciente quanto a sua aprendizagem, assim como as possibilidades de mudança na
busca do prazer e eficiência no Aprender.
Atendimentos
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGOGICO
O diagnóstico
psicopedagógico é um
grande desafio, devido a
complexidade de
informações necessárias
para o seu
desenvolvimento. É por
meio do diagnóstico
psicopedagógico que ações
interventivas serão vinculadas para o desenvolvimento das habilidades parcialmente ou ainda
não estabelecidas pelos indivíduos.
O diagnóstico psicopedagógico está vinculado aos fatores intrínsecos e extrínsecos
necessitando de uma percepção diagnóstica multifocal em busca da queixa focal.
O diagnóstico que não possui essa percepção desenvolve intervenções que não atende
as necessidades do indivíduo.
Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, uma pesquisa do que não
vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada.
Será portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e escola.
As principais queixas são:
Não aprende;
Tem dificuldade em aprender;
É um pouco lento (a);
Não presta atenção em nada que a
professora fala;
Tem muita preguiça;
Foge das atividades propostas.
A investigação não se pretende classificar o paciente em determinadas categorias
nosológicas (doenças), mas sim obter uma compreensão global da sua forma de aprender e dos
desvios que estão ocorrendo nesse processo.
A conduta clínica não deve está subordinada a um único método. Essa ação irá
fechar o caso em uma particularidade.
O tipo de conduta para realização diagnóstica deve ser “pesquisa em ação”, essa
forma possibilita ao terapeuta levantar hipóteses provisórias que irão sendo confirmadas
ou não ao longo do processo.
Processo inicial
Eixos de análise:
INSTRUMENTOS:
Entrevista Familiar Exploratória Situacional;
Entrevista com toda a família incluindo paciente e irmãos;
Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem;
Sessões lúdicas;
Testes diversos;
Provas Operatórias;
Entrevista com a equipe da escola e outros profissionais;
Análise da produção do sujeito (material escolar, desenhos, escritos).
EIXO: A-HISTORICO
O sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos
utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade
de aspectos revelados em cada situação.
O diagnóstico psicopedagógico é composto de vários momentos que temporal e
espacialmente temam dimensões diferentes conforme a necessidade de cada caso.
A base do diagnóstico psicopedagógico necessita possuir uma Sequência
Diagnóstica.
Sequência Diagnóstica:
Entrevista Familiar Exploratória Situacional;
Entrevista de Anamnese;
Sessões lúdicas centradas na aprendizagem;
Complementação com provas e testes;
Síntese Diagnóstica-Prognóstico;
Devolução e Encaminhamentos.
Sequência Diagnóstica:
Anamnese;
Testes;
Laudo;
Devolução.
Singularidade do ser:
Existem pacientes que não aceitam sessões diagnósticas formais. Torna-se
necessário, então fazer uma avaliação ao longo do próprio processo terapêutico.
Sugestão: Ludodiagnóstico centrada na aprendizagem, procurando observar
concomitantemente(simultaneamente) aspectos afetivos, cognitivos e pedagógicos.
Enquadramento?
Técnicas Projetivas:
em particular;
Não é necessário aplicar todas as provas e que é adequado utilizar somente
aquelas que se considerem necessárias em função do que se observou;
Observar que os critérios para interpretação devem somar-se aos critérios gerais
do diagnóstico para a interpretação das provas.
Os desenhos deverão ser analisados dentro de um contexto geral e não de uma forma
isolada.
Durante a aplicação das técnicas projetivas, podemos solicitar à criança que escreva algo
sobre seu desenho, se a criança já estiver alfabetizada.
Caso seja percebida uma dificuldade muito acentuada, como trocas que caracterizam
uma dislexia, por exemplo, poderemos realizar testes mais específicos de consciência
fonológica e fazer uma investigação mais aprofundada, bem como indicá-lo para uma avaliação
com outros especialistas.
Se a acriança não quiser escrever nada, não devemos forçá-la, pois estas provas
envolvem uma situação muito ligada ao emocional. Em todos os desenhos, devemos ficar
atentos ao:
Título do desenho: por meio do título, também observamos o vínculo que se estabelece
com a aprendizagem.
Relato: de acordo com Visca, o relato é uma projeção que denuncia o vínculo de
aprendizagem – do próprio conteúdo; pela correspondência com o desenho; por sua
relação com o título. Observe no relato os mecanismos de dissociação, negação e
repressão utilizados.
Procedimento:
Consigna: Gostaria que você se desenhasse com seus companheiros de classe.
Após o desenho (Algumas perguntas relacionadas ao desenho);
Análise: tamanho total – tamanho do personagem principal – tamanho dos demais
personagens – posição dos personagens – inclusão do docente – inclusão de pessoas de
fora do grupo;
Comentários sobre os companheiros;
Título.
Jogos
Brincar – no primeiro momento:
Brincar é fundamental para o nosso desenvolvimento;
É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades
de sobrevivência;
A criança interagi em suas atividades físicas e fantasiosas;
Brincar é agradável, brinca-se pelo prazer de Brincar.
Mas brincar:
O brincar é sério, uma vez que supõe atenção e concentração em um foco;
Necessidade de disponibilidade, espaço, tempo, do corpo da criança e de seus
conhecimentos, suas relações com pessoas, objetos e atividades.
Jogar:
É mais importante que brincar, pois é um contexto de REGRAS E OBJETIVOS;
No jogo, ganha-se ou perde-se;
As delimitações são condições fundamentais para sua realização;
Jogar é uma brincadeira organizada, convencional, com papéis e posições demarcadas.
O jogo é uma brincadeira que evoluiu.
Jogos
Pega –varetas
Tangran
Conte um conto
Imagem e ação
PROVAS OPERATÓRIAS
Nível 1: Não há conservação, o sujeito não atinge o nível operatório nesse domínio.
Nível 2 ou intermediário: As respostas apresentam oscilações, instabilidade ou não
são completas. Em um momento, conservam, em outro não.
Nível 3: As respostas demonstram aquisição da noção, sem vacilação.Algumas
crianças não obtêm êxito em apenas uma prova e apresentam acerto operatório nas
demais. Isto não significa que ela esteja em defasagem. É preciso analisar o resultado
geral das provas. Pode-se verificar se há um significado particular para a ação dessa
prova que sofra uma interferência emocional.
Encontramos crianças, filhos de pais separados e com novos casamentos dos pais, que
só não obtinham êxito na prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito
dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra argumentação do terapeuta, e
passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a operação que já são capazes de
fazer. (WEISS, 2003, p. 111)
Provas de classificação:
Mudança de critério
Quantificação da inclusão de classes
Interseção de classes
Prova de seriação:
Seriação de palitos
Provas de espaço:
Espaço unidimensional
Espaço bidimensional
Espaço tridimensional
Combinação de fichas
Permutação de fichas
Predição
Seleção das Provas para Pensamento Operatório Concreto de Acordo com a Idade
Sete anos
Seriação
Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos
Conservação de massa
Conservação de
comprimento
Conservação de superfície
Conservação de líquido
Espaço unidimensional
Provas Operatórias
Conservação de massa
Conservação de comprimento
Conservação de superfície
Conservação de líquido
Conservação de peso
Mudança de critério
Quantificação de inclusão de classes
Interseção de classes
Espaço unidimensional
Espaço bidimensional
Acima de 12 anos
É muito importante que o psicopedagogo sempre pergunte, após cada resposta dada:
Como sabe? Pode me explicar? Para observar o pensamento do entrevistado, que argumentos
utiliza. Se você deixar de perguntar, perderá a oportunidade de observar como ele está
pensando, bem como sua capacidade de argumentação e expressão verbal. Exemplos:
Argumento de identidade: “Tem a mesma quantidade porque não tirou nem colocou
nada”.
Argumento de reversibilidade: “Porque se voltar a fazer uma bola terá a mesma
quantidade de massa que esta outra bola”.
Argumento de compensação: “Este vaso é mais alto, mas este é mais fino.” “este é mais
alto, porém este é mais baixo.” Ou: “As fichas só estão mais separadas”.
Estratégias do Entrevistador
Antes de realizar o retorno empírico, pergunta-se ao entrevistado, por exemplo: “Se você
voltar a fazer uma bola com esta salsicha, ela ficará com a mesma quantidade que esta outra
bola, ficará com mais ou com menos?” Espere o entrevistado responder antes de retornar à
forma inicial.
Realizar sempre o retorno empírico antes da próxima modificação: Aqui se realiza
concretamente o retorno ao estado inicial. Depois, passa-se para a próxima modificação.
quantidade?” Se ela responder que tem a mesma quantidade peça-lhe que explique por que
agora mudou de opinião.
A criança poderá dizer que tem a mesma quantidade depois da contra argumentação,
mas está oscilando na opinião, encontrando-se no nível de transição entre o pré-operatório e o
operatório concreto.
Estas contra argumentações valem para todas as provas de conservação.
Pergunta de coticidade:
A ativação dos esquemas cognitivos que o trabalho psicopedagógico estimula inclui tanto
o conhecimento em sentido estrito, como valores, normas, atitudes, destrezas, como também a
possibilidade de uma nova situação de aprendizagem. Nessa situação, o sujeito cognoscente
constrói, provoca mudanças, enriquece e diversifica os seus esquemas. Assim sendo, para que
tal aconteça faz-se necessário a existência de uma sólida base metodológica, uma prática e
técnica oriundas de uma teoria que lhe dê sustentação.
A necessidade do saber teórico como sustentação numa ação psicopedagógica, seja ela
desenvolvida por qualquer que seja a metodologia, deve se fazer presente para que possamos
trazer fiabilidade e veracidade ao fazer psicopedagógico. Isto significa que o psicopedagogo
precisa apropriar-se de um conhecimento específico para entender como acontece a
aprendizagem, qual o papel que as estruturas cognitivas, sociais e afetivas desempenham para
que este processo se concretize no sujeito de forma satisfatória.
A elucidação sobre essa forma de ação instituída em bases teóricas definidas faz com
que o psicopedagogo busque melhores formas de ativar a aquisição de novas habilidades, a
sedimentação de tantas outras na tentativa de estabelecer a integração do sujeito ao seu
contexto, às várias nuances do processo de aprendizagem, do ato de aprender.
Assim sendo, o eixo teórico que nos deu sustentação para desenvolver o trabalho
desenvolvido com S. foi a Epistemologia Convergente do Jorge Visca 2. Isso não significa que
outras teorias não tenham sido utilizadas, estudadas, que outras práticas não tenham servido de
instrumento para novas intervenções psicopedagógicas. Dessa forma, vemos que o
desenvolvimento de ações com base em outros parâmetros constitui-se de extrema importância
para que possamos, frente a estes, desenvolver um ação que mais se adeque ao sujeito com
quem estamos trabalhando, à proposta estabelecida pelo profissional psicopedagogo.
O caso de S., que ora apresentamos, nos conduz à reflexão sobre o ato de aprender, a
relação do adulto com a aprendizagem e as suas dificuldades, com os seus avanços e recuos,
com seus medos, acertos, com o reconhecimento das suas dificuldades e o aprender a conviver
com elas, com o seu progresso quanto à aquisição de novas habilidades e sedimentação de
tantas outras, enfim com a possibilidade de aprender, reaprender com mais fluidez e
competência.
pessoas que já têm uma consciência firmada sobre si mesmo, sobre o que busca, sobre o que
quer, tem uma vida relativamente definida, tanto pessoal como profissional.
Dessa forma, temos que levar em consideração:
que o adulto tem consciência do que procura, do que quer, apesar de não ter clareza
sobre o que tem;
quando o adulto busca esse tipo de ajuda, ele tem direcionado o desejo de descoberta
e de cura;
que ele busca muitas explicações. É uma pessoa que está ávida por esclarecimentos
e exige do psicopedagogo elucidações sobre o trabalho que está sendo desenvolvido. Sente a
necessidade de entender o que profissional está fazendo, o que ele está fazendo e por quê;
os motivos que o estão levando à procura de um psicopedagogo, investigá-los para
direcionar melhor a ação psicopedagógica;
o que ele espera desse trabalho psico-pedagógico, quais são os seus anseios com
relação ao diagnóstico, ao tratamento.
Por outro lado, o psicopedagogo, ao considerar toda essas questões trazidas pelo adulto,
subsídio para o levantamento de hipóteses e de canalização para um trabalho mais efetivo,
deve também não perder de vista questões extremamente importantes, específicas da ação
psicopedagógica, que deverão fazer parte inerente do diagnóstico e do tratamento, tais como:
os sintomas apresentados quanto às dificuldades de aprendizagem;
a idade do sujeito e canalizar todo o trabalho, a avaliação, o tratamento para uma ação
psicopedagógica adequada a essa realidade;
a sua história e a-história, ou seja, a sua vida profissional, pessoal, os vínculos que
estabeleceu ou estabelece com as pessoas com as quais convive, vínculos consigo mesmo,
com a aprendizagem de modo geral;
"a análise de fatores passados e presentes que permitam estabelecer diferenças entre
idade, saúde, inteligência, afetividade, etc."3;
a sua estrutura cognitiva para poder detectar sobre a forma como opera mentalmente,
qual o seu modelo de aprendizagem e, em consequência, poder desenvolver um trabalho
compatível com o detectado.
Como vemos, o trabalho psicopedagógico desenvolvido com adulto tem características
muito próprias e complexas, pela sua própria natureza, visto que exige um olhar muito especial,
muito próprio, por se tratar de pessoas com posições definidas (não importa que tipo de
definição) sobre si mesmo, sobre a vida, sobre suas experiências de vida.
O ESTUDO DE CASO
A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Todos os momentos existentes na avaliação diagnóstica, assim como os instrumentos
utilizados, são de grande importância. São eles que nos darão condições de detectar as causas
que estão provocando as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo sujeito. Contudo, em
se tratando de avaliação de adultos, queremos, entre esses instrumentos, destacar a entrevista
contratual e a anamnese por estas trazerem uma estrutura de funcionamento diferente da que
nós, psicopedagogos, estamos acostumados a desenvolver quando avaliamos a criança ou o
adolescente.
Na entrevista contratual com o adulto é ele quem responde por si mesmo (salvo em
situações especiais), quem relata todas as questões que lhe afligem no que diz respeito às suas
dificuldades de aprendizagem, ao motivo que o está levando a uma avaliação psicopedagógica
e, é ele quem decide por fazer ou não a avaliação. Nesse momento explicamos todos os passos
a serem seguidos durante a avaliação e damos orientação sobre como pode nos ajudar a fazer
a anamnese, a qual virá no final da avaliação.
A anamnese desenvolvida com o adulto é feita diretamente com o mesmo (salvo em
situações especiais). Ela é posicionada no final da avaliação para que o sujeito possa, durante o
período em que está sendo avaliado, buscar informações sobre si mesmo, desde o pré-natal até
a idade em que se encontra, procurando saber sobre a sua trajetória pela escola, pela
aprendizagem como um todo. Sugerimos que essa busca seja feita com as pessoas mais
próximas ao adulto, pessoas da família, sejam a mãe, o pai, parentes, amigos ou outras
pessoas que possam ajudá-lo a reconstruir a sua caminhada. É uma procura difícil, mas muito
reveladora, não só para o psicopedagogo como também para aquele que busca a sua história.
Traçamos um
plano de trabalho no qual
começaríamos com
instrumentos que
mexessem com a sua
estrutura cognitiva, sua
capacidade de tornar-se
mais autônoma, com mais
iniciativa, para depois de
algum tempo, a depender
da evolução observada,
introduzir um trabalho voltado para a discriminação percepto-visual, a discriminação auditiva, a
capacidade leitora.
Assim o fizemos. E para atender a esse plano utilizamos em nossas intervenções jogos
que pudessem mexer com a sua estrutura cognitiva, elaboramos projetos que serviram como
ponto de partida para desenvolver a sua autonomia, independência e um trabalho específico
para ativar a sua percepção visual, auditiva, espacial com vistas a uma melhor aquisição da
leitura.
OS INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Nem todos os instrumentos utilizados estarão expostos nesse momento, visto que foram
muitos no decorrer de quase três anos de tratamento. Citaremos alguns que consideramos
como um divisor de águas nesse trabalho, aqueles que mais atingiram os objetivos propostos
nesse tratamento: o quarto, o lig quatro, o Otelo, o GoBang, O Pingo no i, a Mancala, as
Matrizes Lógicas e o livro UNI DUNI TRE, da Mabel Condemarin, para trabalharmos a
discriminação de forma, a percepção visual, a discriminação auditiva com vistas a uma melhor
aquisição da leitura, trabalhamos também com palavras cruzadas e com a elaboração de
projetos. Estes instrumentos, necessariamente, não seguiram essa ordem na qual estão
apresentados.
percebíamos que a sua autoestima estava mais elevada e quanto tinha avançado.
Sempre, como faz parte da práxis psiocopedagógica, a avaliação é uma constante. Tanto
por parte do psicopedagogo buscando um próprio feedback, descobrindo acertos e erros na
tentativa de sempre fazer o melhor para mudar ou manter caminhos, alterar hipótese, confirmá-
las, refutá-las na busca de novos instrumentos, como também faz parte do trabalho a avaliação
do próprio sujeito que está sendo tratado, dando-lhe oportunidade de observar e analisar o seu
desempenho, a sua participação, o seu crescimento pessoal, as alterações existentes ou não no
seu modelo de aprendizagem, etc.
Então, nesse clima de análise e de observação, S. deu o seu depoimento dizendo que:
já se sentia mais integrada à sua comunidade. Antes se sentia um pouco excluída por
não conseguir ler corretamente, por não participar ativamente dos momentos de discussão;
já estava pedindo para ler textos durante a missa e em outros momentos que se
fizessem necessários;
se não concordava com algo, se sentia mais capaz para dar alguma opinião. Não
ficava calada;
comentou que já estava se sentindo mais segura, mais independente;
via-se mais capacitada para estar com suas companheiras de comunidade;
relatou que a professora de Português, com a qual fazia reforço, disse que ela tinha
melhorado na leitura e na escrita;
falou da sua participação em um Congresso, pertencente à ordem religiosa da qual
fazia parte, com a presença de pessoas de todo o Brasil. Esse foi um momento de glória visto
que esteve presente em todas as atividades individuais e de grupo, conheceu pessoas de
outros estados e dizia do orgulho que sentiu de si mesma em se ver mais segura e feliz;
S. reconhecia que ainda escrevia com muitos erros e que sua leitura ainda não estava
boa, "mas sei que estou bem melhor", dizia ela.
Falou que estava se sentindo mais solta nas reuniões da comunidade, que já se
pronunciava sem a "suadeira" que lhe acometia quando ia dizer alguma coisa frente a alguém.
Anteriormente achava que as pessoas da comunidade a olhavam, esperando os seus erros e
quando se via assim, nessa situação, morria de medo. Mas, estava garantindo que isso já não
acontecia mais. Sentia-se outra pessoa.
Como pudemos observar, o trabalho com S. foi muito proveitoso e durante todo o
momento em que estivemos juntas pudemos constatar, por meio dela, do seu desempenho, o
nível de atenção que o adulto dá ao trabalho psicopedagógico, a consciência do que está
fazendo, o comprometimento consigo mesmo e como seu crescimento pessoal, com a
possibilidade de mudar, melhorar o aprender a aprender.
S. não pôde mais continuar o tratamento. Surgiram questões de saúde, muitas idas ao
médico, mais responsabilidades na comunidade em que vive e por isso teve que parar. Claro
que foi uma pena não poder continuar, mas valeu a pena ver os seus avanços, as mudanças
que trouxeram tantas novas perspectivas de ver o mundo, de se ver, de se integrar ao novo, a
novas aprendizagens.
Verificou-se, ainda, que o trabalho psicopedagógico desenvolvido com S. foi de grande
valia e lhe trouxe grandes avanços. É muito gratificante chegar a conclusões desse tipo. Isso
vem reforçar a importância e a necessidade do trabalho psicopedagógico em face às várias
dificuldades de aprendizagem que cada sujeito apresenta, não importa que idade tenha. Vem
nos mostrar, mais uma vez, a beleza de acreditar no desenvolvimento do sujeito, de
desenvolver ações para que isso aconteça, acreditar na possibilidade de se provocar
mudanças, na força de uma intervenção psicopedagógica adequada que possa conduzir o
sujeito a uma perspectiva de sempre estar melhorando, mudando, aprendendo.
Para encerrar este artigo, trago algumas considerações que fiz para sinalizar, evidenciar
a caminhada do adulto nos caminhos da psicopedagogia e de si mesmo.
O adulto acha que a dificuldade de aprendizagem o leva a lugar nenhum, contudo, depois
entende que, ao descobrir a estrada, o presente é mais interessante, no momento, do que o
ponto final.
Percebe que, não importa o caminho em que se encontre, o aprender será uma
constante.
Percebe, também, que mesmo com o caminho nublado as perspectivas de aprendizagem
são sempre inúmeras.
Descobre que pode existir sempre luz no seu caminhar através do seu ato de aprender.
E que, mesmo sem saber aonde chegar, a aprendizagem sempre se fará presente,
abrindo novos caminhos para o desconhecido, para o novo.
Ser adulto não significa saber de tudo, sobre tudo. Ser adulto significa descobrir que
muita coisa ainda está por vir e que, de verdade, muita coisa ainda há que se aprender.
1
1. Fournier M. Comment savoir? Rev Sciences Humaines. 1999;98.
2. Visca J. Psicopedagogia: teoria, clínica investigación. Buenos Aires: AG Servicios Gráficos;1993.
3. Visca J. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. Buenos Aires: AG Servicios Gráficos;1994.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATIVIDADE AVALIATIVA 1
Aluno (a):
Curso:
Cidade:
Disciplina:
4) Um profissional é contratado por uma instituição escolar para implantar uma intervenção em
Psicopedagogia que tem como meta reestruturar o currículo com base na Teoria das
Inteligências Múltiplas. Assim, como o profissional deve atuar?
A) Avaliar no contexto as múltiplas inteligências como um pré-requisito para desenvolver o
currículo em colaboração com equipe escolar.
B) Aplicar a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC) e, a partir do resultado,
reestruturar o currículo em um trabalho interdisciplinar.
C) Aplicar testes padronizados de desempenho escolar e, com base neles, criar disciplinas
específicas que enfoquem os conteúdos que os alunos têm maior defasagem.
D) “Não apressar o rio”. As inteligências múltiplas se manifestarão espontaneamente na escola.
Basta que os professores estejam atentos e, quando elas se manifestarem, devem fazer
adequações em suas disciplinas tradicionais.
E) Organizar o currículo para promover as capacidades lógico-matemáticas e linguísticas, uma
vez que elas constituem a base de todas as formas de inteligência.
5) Com base no estado atual da arte das pesquisas sobre alfabetização, uma atuação
profissional em Psicopedagogia deve:
A) orientar as escolas a usarem somente o método global para ensinar leitura e escrita,
especialmente no caso de crianças de níveis econômicos menos favorecidos.
B) alertar as escolas para que não trabalhem com consciência fonológica em sala de aula, uma
vez que isso não promove ganhos na capacidade leitora das crianças.
7) As condições de saúde da criança devem ser alvo de uma atenção especial no âmbito da
Psicopedagogia, uma vez que:
I. Desconforto respiratório pode contribuir para o surgimento de dificuldades de aprendizagem.
II. O sono, mais especificamente seus distúrbios, pode afetar negativamente a aprendizagem.
III. Quadros clínicos (por exemplo, epilepsia) podem estar associados às dificuldades de
aprendizagem.
IV. O uso de psicofármacos é sempre recomendável para crianças com dificuldades de
aprendizagem.
V. Há sempre um correlato biológico para as dificuldades de aprendizagem.
Está correto o que se afirma em:
A) IV e V, apenas.
B) I, II e III, apenas.
C) I, II, III e V, apenas.
D) II e III, apenas.
E) todos os itens
D) a criança em questão possui 4 anos e apresenta o pensamento dedutivo, por isso conseguiu
fazer uma correlação entre o chuveiro e a chuva. Esse aspecto mostra o franco
desenvolvimento da lógica matemática.
E) por estar na fase da fantasia, a criança que está nos primeiros anos de vida consegue
realizar a descentração de si mesma e criar novos pensamentos que possibilitam o
desenvolvimento do raciocínio lógico nos estágios futuros.
10) Em uma sala de aula de segundo ano do ensino fundamental, com 25 crianças, da faixa
etária de 7 anos, foram identificadas duas que apresentavam comportamento egocêntrico e de
dependência da professora. Não dividiam brinquedos e objetos pessoais, além de só realizar as
atividades quando juntas da professora. Ambas não manifestavam dificuldades na
aprendizagem. A psicopedagoga convocou os pais da criança para uma conversa e realizou o
encaminhamento dela ao psicólogo que, após a realização da avaliação, deveria realizar
orientações também à escola para que a mesma pudesse aprender a lidar com o aluno.
Baseado nas teorias que entremeiam a práxis psicopedagógica, assinale a abordagem que
permeou a observação da professora e da psicopedagoga da escola em relação ao
comportamento do aluno.
A) Psicolinguística.
B) Neuropsicologia.
C) Psicanálise.
D) Gestalterapia.
E) Nenhuma delas.
ATIVIDADE AVALIATIVA 2
Aluno (a):
Curso:
Cidade:
Disciplina: