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VILLAÇA, Flávio. A segregação urbana.

In: Espaço intra-urbano no Brasil: São Paulo: Studio Nobel:


FAPESP: Lincoln Institute, 1998. pg. 141-155. CAPÍTULO 7: A Segregação Urbana.

No capítulo 7 o autor abordará a segregação urbana como um processo fundamental para se


compreender a estrutura espacial intra-urbana. Para isso Villaça adota o conceito de sítio social de Milton
Santos. Este conceito deriva de um estudo feito por Santos sobre a especulação imobiliária. Santos
constatou a existência de dois movimentos convergentes. Representado pela superposição de um sítio
social ao sítio natural, com uma disputa entre atividades e pessoas por dada localização. Assim no espaço
urbano, criam-se sítios sociais, que são produzidos conforme for a necessidade de funcionamento da
sociedade urbana, ocorrendo assim, a seletividade de lugares, esta é feita de acordo com a oferta de
recursos naturais, pela característica da sociedade da época, em que certas áreas torna-se mais atrativas.
Nesse sentido, parcelas da cidade perdem e ganham valor ao longo do tempo. Villaça ressalta que o
conceito de Milton Santos (sítio social) é muito útil para a análise de bairros residenciais, áreas
comerciais construídas pela e para a classe de maior renda. Uma vez que a segregação espacial é uma das
características mais marcante da metrópole brasileira, porque nela são criados sítios sociais muito
particulares. Villaça aponta que em todas as Metrópoles Brasileiras é possível perceber a segregação das
camadas de mais alta renda. Essa segregação pode ser observada nos últimos cem anos, em algumas com
maiores proporções como no (Rio de Janeiro) e outras em menores como no caso de (Recife). O autor
observa que uma região geral concentra parcelas de tais camadas. Diante desta explicação: Villaça faz as
seguintes perguntas: Por que a segregação se dá em determinados locais e não em outros quaisquer? As
causas das localizações escolhidas pelas classes de maior renda são específicas de cada cidade ou há
causas gerais, comuns? Quais seriam elas? Qual a razão da segregação? Seria a conveniência de morar
perto de “iguais”? Seria a busca de prestígio e dos status social? Seria a preservação dos valores
imobiliários?
Conceito: Segregação
Villaça escreve que há diferentes tipos de segregação nas metrópoles brasileiras (de classes, de
etnias, nacionalidades), contudo ele aborda a de classes sociais que é a que domina a estrutura das
metrópoles. Para o autor a segregação não impede a presença exclusiva da classe de alta renda numa
região, embora em determinada região haja a presença exclusiva de camadas de baixa renda, na melhor
das hipóteses pode haver tal exclusividade em bairros. O que determina a segregação de uma classe em
uma região é a “concentração significativa dessa classe mais do que em qualquer outra região geral da
metrópole”. Como exemplo: ele cita o caso da Rocinha no Rio de Janeiro que apesar de concentrar uma
numerosa população de baixa renda na zona sul, não é apenas nesta região de que se encontram as classes
de menor renda no Rio. Villaça explica que o padrão de segregação mais conhecido na metrópole
brasileira é o do centro/periferia. Em que o primeiro estaria dotado de melhores serviços urbanos,
públicos e privados, ocupado pelas classes de mais alta renda. E a periferia composta pelos excluídos.
Nesse sentido o espaço atua como mecanismo de exclusão. Essa abordagem centro/periferia (Lojkine,
1965) não faz mais sentido para um estudo empírico de segregação de uma metrópole, pelo simples fato
dela se concentrar apenas na questão envolvendo terras caras (classes de mais alta renda / terras baratas
(classes de mais baixa renda). Não quer dizer que isto não aconteça (ver localizações em frente ao mar),
no entanto, a questão que enfraquece o conceito é polo fato das classes de mais alta renda também
ocuparem as terras baratas da periferia. De certo, poderíamos aventar que as terras mais caras são sempre
ocupadas pelas camadas de mais alta renda. Partindo na análise Villaça adota um dos tipos de segregação
urbana de Lojkine (1965). O tipo adotado se refere “a uma separação crescente entre as zonas e
moradias reservadas às camadas sociais mais privilegiadas e as zonas de moradia popular” (p. 147).
Procurando descobrir os motivos da segregação urbana Villaça examina os estudos da sociologia
americana que trata sobre a “segregação ecológica”. Estes motivos seriam oriundos da reunião de
características de indivíduos / pessoas. Que nada mais é do que classes sociais. Assim, pode-se aventar
que há uma distinção específica na segregação que apesar de ser uma única,, pode-se perceber uma
“segregação voluntária e uma involuntária”. Sendo que na primeira o indivíduo ou a família escolhe onde
quer morar, enquanto na segunda o indivíduo ou a família se veem obrigados pelas mais várias forças a
morar num setor do bairro ou da cidade (excluídos). A segregação pode ser entendida ainda como um
poder político e econômico exercido pelas classes de mais alta renda para pressionar o Estado, este último
tende a promover uma distribuição desigual dos investimentos em infraestrutura. Outro ponto interessante
a se observar é a relação localização, tempo de deslocamento, o surgimento de subcentros, ausência de
transporte para deslocamento, saneamento básico, portanto a segregação ela possui um víeis ideológico de
luta de classes. Villaça aponta que as áreas de residências das camadas de mais alta renda tendem a se
afastar do centro da cidade ou do bairro que tenha indústrias, comércio, violência urbana, fenômeno que
ocorreu na década de 70. Assim o autor mostra que a ocupação de determinada área pode ser sim
abandonada conforme for os problemas que nela ocorram.

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