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Guia de Estudo “A Trindade”

Por Leandro Quadros

www.leandroquadros.com.br

10 de março de 2017
Introdução
1. Em João 17:3, Jesus disse que nossa vida eterna depende do correto
conhecimento da Pessoa de Deus. Portanto, apesar de Ele ser
misterioso (Is 45.15), devemos buscar compreender e aceitar aquilo
que Ele revela sobre Si mesmo (um conhecimento parcial,
obviamente, pois ainda somos limitados pelo pecado – ver 1Co 13.12).
2. Portanto, nossa lógica precisa “ajoelhar-se” diante da lógica divina (Is
55:8-9) se quisermos buscar a Deus, aprender sobre Ele e encontrá-Lo
(Jr 29.11-14).
3. Com esses pressupostos, demos início ao nosso estudo bíblico sobre a
Trindade.
1. Quantos “deuses” há? [Dt 6:4; 1Co 8:4]

2. Quais são os atributos de Deus?


A. Ele é Criador - Gn 1.1,2.
B. Ele é Eterno - Sl 90.2; Is 44.6.
C. Ele é Onipresente - Sl 139.7-9.
D. Ele é Onisciente – Sl 147.5
E. Ele é Onipotente – Sl 135.6; Is 43.13; Lc 18.27
F. Ele é Todo-Amoroso –Os 11.8; Jo 3.16; Rm 5.7,8; 1Jo 4.8, 16.
G. Ele é Salvador – Is 43.11; Os 13.4; At 4.12.
3. Como o “Único” Deus (em essência) é apresentado nas Escrituras? [Jd
1.20,21; Jo 14.16; 2Co 13.13; Mt 29.19; Ef 4.4-6

A. [ ] Como um Ser eterno isolado


B. [ ] Como sendo uma “Bindade”
C. [ ] Como sendo uma Triunidade ou Trindade.
Precisamos diferenciar “Trindade” de “Triteísmo” e “Modalismo”
A. Trindade: pluralidade de pessoas e uma unidade de essência.
B. Triteísmo: pluralidade de pessoas e várias essências diferentes (um
“deus” mais poderoso ou melhor que outro).
C. Modalismo: três modos de ser da mesma pessoa.

O conceito cristão de Trindade tem a ver com


Triunidade, não com politeísmo!
4. O que a Bíblia diz sobre Jesus Cristo?

(1) É relacionado com JEOVÁ:


A. É chamado de Jeová – Êx 3.14; Jo 8.58
B. É eterno como Jeová – Is 44.6; Ap 1.17
C. É o “Bom Pastor” assim como Jeová – Sl 23.1 e Jo 10.11
D. É Juiz como Jeová – Jl 3.12; Jo 5.27; Mt 25.31
E. É a verdadeira luz assim como Jeová – Sl 27.1; Jo 8.12
(2) É igual a Deus:
A. Perdoa pecados – Mc 2.5
B. Ressuscita mortos de uma maneira diferenciada em relação aos profetas – Jo 5.25,
29; 1Sm 2.6; Dt 32.39; Sl 2.7.
C. É Juiz – Jo 5.27 e Jl 3.12.
D. Possui mesma honra que Deus – Jo 5.23; Hb 1.7
(3) É identificado com o “Deus Messias”
A. Is 9.6
B. Sl 45.6 e Hb 1.8
C. Sl 110.1 e Mt 22.43-44
D. Dn 7.9 e 13 = O Messias é identificado como sendo Deus, digno
de adoração.
E. Mc 14.61-64
Preste atenção!

O Alcorão reconhece que Jesus era o


Messias (Sura 5.17, 25). O Antigo
Testamento ensina que o Messias seria o
próprio Deus. Portanto, se Jesus
reivindicou esse título e função, Ele está
dizendo que é Deus
(4) Aceitou adoração
A. Êx 20.1-5; Dt 5.6-9 (Antigo Testamento); compare com At 14.13-15;
Ap 22.8-9.
B. Mt 8.2
C. Mt 9.18
D. Mt 14.33
E. Jo 9.38
F. Jo 20.28
(5) Igualdade com Deus
A. Mt 5.21-22
B. Mt 5.18; 24.35; Jo 12.48

(6) Orações feitas em nome dEle (Jesus)


A. Jo 14.13-14
B. Jo 15.7
C. Jo 14.6
D. 1Co 5.4 e At 7.59
(7) Jesus afirmou ser Deus pelo uso que fez das Parábolas

“[...] das cinquenta e duas parábolas de narrativas registradas de Jesus,


vinte o descrevem na imagem que no Antigo Testamento se refere
tipicamente a Deus. A frequência com que isso ocorre indica que Jesus se
descrevia regularmente em imagens que eram particularmente
apropriadas para descrever Deus”.

Philip B. Payne, Tese doutoral defendida em Cambridge. Citado por Norman Geisler em Teologia
Sistemática, vol. 1 (Rio de Janeiro: CPAD, 2010), p. 794.
Essas imagens são o Semeador, o Diretor da Colheita, a Rocha, o Pastor, o
Noivo, o Pai, o Doador de Perdão, o Dono da Vinha, Deus e muitas mais.
Portanto, “Jesus se descreve nestas parábolas como o pastor [...] e, desse
modo, reivindica implicitamente que é Deus”

Ibid., p. 794.
5. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo?

(1) O Espírito Santo possui nomes de Deus


A. At 5.3-4
B. 1Co 3.16; 6.19
C. 1Co 12.4-6
D. 2Co 3.17
E. Hb 9.14
(2) O Espírito Santo tem os atributos Deus
A. Vida em si mesmo (Rm 8.2)
B. Verdade absoluta (Jo 16.13)
C. Amor absoluto (Rm 15.30)
D. Santidade (Ef 4.30,31)
E. Eternidade (Hb 9.14)
F. Onipresença (Sl 139.7)
G. Onisciência (1Co 2.11)
H. Onipotência (Lc 1.35)
(3) O Espírito Santo executa os atos de Deus
A. Atos da criação (Gn 1.2; Jó 33.4; Sl 104.30)
B. Atos da redenção (Is 63.10-11; Ef 4.30; 1Co 12.13)
C. Realização de milagres por Seu próprio poder (Gl 3.2-5; Hb 2.4).
(4) O Espírito Santo se associa com Deus nas bênçãos e fórmulas
batismais
A. Is 63.7, 9, 10.
B. Mt 28.19
C. 1Pe 1.2
D. Jd 1.20,21
E. 2Co 13.13
6. Só o Pai e Jesus são Pessoas?

TEXTOS PARA LEITURA: Jo 14.26; 1Co 12.11; Ef 4.30; Jo 16.13; Gn 6.3; Rm


8.26; 1Co 2.11; 2Pe 1.21.

RESPOSTA:

Define-se como personalidade alguém que possui mente, vontade


e sentimentos. Os textos acima mostram que o Espírito Santo
possui tais características sendo, portanto, uma PESSOA.
6. Como entender os textos que mostram ser o Espírito Santo “inferior”?

Ao estudar a Bíblia percebemos que a “inferioridade” entre as


Pessoas da Divindade é apenas na função que cada um
desempenha na criação e no plano de salvação. Veja o gráfico a
seguir...
UNIDADE ESSENCIAL
(Colossenses 2.9)

Na Criação No Plano de
Salvação

SUBORDINAÇÃO FUNCIONAL
(João 14.28)
Funções das Pessoas da Divindade
(Norman Geisler, Teologia Sistemática,
vol. 1, p. 800-801)

PAI FILHO ESPÍRITO

Pelo título “Pai”, a primeira O “Filho” é o Meio, o Enviado O “Espírito Santo” é o


pessoa tem uma função e o Realizador da salvação. Aplicador da salvação, ou seja:
superior. Ele é apresentado convence e converte o pecador
como a Fonte, o Remetente e e faz com que este sinta a
o Planejador da Salvação. necessidade de Jesus Cristo.
Não esqueça!

As pessoas da Trindade têm apenas FUNÇÕES


SUBORDINADAS, não ESSÊNCIAS
DIFERENTES.
Possuem diferentes FUNÇÕES e mesma
ESSÊNCIA DIVINA.
8. Quais foram as principais heresias relativas a Jesus? (listarei
algumas)

(1) Modalismo:
a. Também chamado de “Sabelianismo” por ter sido fundado por
Sabélio (217-220 d.C).
b. Crença de que Deus é só uma pessoa isolada e que os termos “Pai”,
“Filho” e “Espírito” se referem apenas à três modos ou papéis diferente
que Ele assumiu ao longo da história.
c. É a base da crença da igreja Tabernáculo da Fé, por exemplo.
(1) Arianismo:
a. Heresia fundada por Ário (250-336 d.C).
b. Nega que Jesus seja completamente Deus sendo, portanto, um
“deus” criado. É a base da cristologia das Testemunhas de Jeová.
Continuação
(2) Docetismo:
a. Derivado do termo grego “dokeo” significa “eu pareço”.
b. Acredita na divindade de Jesus, porém, nega Sua humanidade,
afirmando que Ele apenas “parecia” ser um humano. Os apóstolos
combateram alguns elementos dessa heresia em seus dias (veja Jo 4.1-3;
2Jo 7; Cl 2.8-9).
c. Os muçulmanos aceitam uma forma desse erro doutrinário (Sura 4.187).

(3) Nestorianismo:
a. Os seguidores de Nestório (451 d.C) defenderam a visão (não se tem
certeza que ele mesmo acreditasse nisso) de que Jesus não tinha duas
naturezas (divina e humana), mas que Ele seria “duas pessoas”, de modo
que apenas a pessoa humana de Jesus morreu na cruz. Isso contradiz 1
Timóteo 2:1-6 que prova ser necessário Jesus ter dupla natureza para
poder morrer e interceder por nós.
Continuação

(3) Apoliniarismo:
a. Criada por Apolinário (310-390 d.C), tal seita cria na divindade de
Jesus, mas negava que Ele pudesse ter plena humanidade.

(4) Binitarismo:
a. Segundo essa heresia, há somente duas pessoas na divindade.
Algumas seitas e movimentos dissidentes do cristianismo
atualmente creem nesse erro.
“Não há nada novo
debaixo do sol”!
(Eclesiastes 3.9)

Perceba que as heresias atuais contra a doutrina da Trindade


sempre existiram ao longo da história e que, portanto, os
antitrinitarianos só estão repetindo aquilo que já foi
combatido por grandes biblistas e teólogos há muito tempo!
9. Como explicar os textos distorcidos para negar a Divindade de Cristo?

(1) Mateus 19.16-30


(1) Distorção: alega-se que Jesus negou Sua Divindade ao dizer que
somente o Pai é Deus.
(1) Refutação: Cristo não negou Sua Divindade, mas pediu que o
jovem rico examinasse as implicações de chamá-Lo de “bom”.
O Salvador estava argumentando: “Tens certeza de que sou ‘bom’
como dizes? Com isso, está dizendo que sou Deus? Irá aceitar-me
como tal e seguir-me?” Seria um absurdo supormos que Cristo
estivesse contrastando a Si mesmo com o Pai, pois Ele estaria
insinuando com isso que “o Pai é verdadeiramente bom”
enquanto que o próprio Jesus “não seria tão bom assim”.
(2) Mateus 24.36
(1) Distorção: Jesus diz não ser Onisciente como Deus.
(2)Refutação: Esse texto fala do Cristo humano, em sua
condição de encarnado, quando Ele se autolimitou. Não
se refere ao Cristo Divino glorificado que reassumiu todos
Seus atributos, incluindo a Onisciência (ver Jo 2.24; Cl 2.2,
3).
(3) João 1.1
(1) Distorção: As Testemunhas de Jeová alegam na Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas que a tradução correta do
texto é que Jesus era “um deus”, com letra minúscula, pelo fato de
não existir no texto grego o artigo definido “o” (“Jesus era “o”
Deus”).
(1) Refutação: O Pai também é descrito como Deus no Novo
Testamento sem o artigo definido (leia Mateus 5.9; Lucas 1.35;
João 1.6). Estariam os autores bíblicos, com isso, negando que o
Pai é Deus com letra maiúscula? Além disso, “em grego, quando o
artigo definido é usado, às vezes destaca o individual, mas,
quando não está presente, refere-se à natureza da pessoa
denotada. Portanto, o versículo pode ser traduzido assim: ‘E o
Verbo [a Palavra] era da natureza de Deus’” (Norman Geisler,
Teologia Sistemática, vol. 1, p. 815).
(4) João 14.28
(1) Distorção: Jesus não é igual à Deus em natureza porque Ele
mesmo “afirmou” ser “menor”.
(2)Refutação: Na Sua condição humana, encarnado, é óbvio que
Jesus era menor que o Pai, que não havia encarnado e preservara
todos os Seus atributos. O Pai é maior que o Filho por ofício, não
por natureza, como atestam os seguintes textos: João 1.1-3, 8:58,
10.30 e Cl 2.9).
(5) Colossenses 1.15-17
(1) Distorção: Se Cristo é chamado de “primogênito”, isso significa
que Ele foi “criado” ou “gerado” pelo Pai.
(2) Refutação: A leitura do contexto demonstra claramente que
Jesus é “primogênito” da criação não no sentido de ter sido o
“primeiro criado”, mas no sentido de ser o “primeiro em
importância” por ser o Criador (Cl 1.16). Portanto, Ele não é o
primeiro na Criação, mas o primeiro sobre toda a Criação. Não
devemos interpretar o termo “primogênito” conforme usado nas
Escrituras exatamente como o entendemos na língua portuguesa.
Afinal, na cultura hebraica, “primogênito” significa também
“primeiro em importância”, não o primeiro “em uma ordem
cronológica”, como podemos ver no Salmo 89:26-27.
(6) Apocalipse 3.14
(1) Distorção: Sendo que Jesus é o “princípio da criação”, Ele não é
eterno como o Pai. Teve um começo.
(2)Refutação: Jesus, chamado de “Pai da Eternidade” (Is 9.6) e
“Autor da Vida” (At 3.15), disse sobre Si mesmo: “eu sou o primeiro e o
último” (Ap 1.17). Como Alguém com tais qualificações poderia ter
tido um começo?
(1)A mesma palavra “princípio” é usada em Apocalipse 21.6, 7 em
referência a Deus Pai, sem indicar que Ele tivesse um “começo”.
(2)A palavra grega para princípio - “arché” – pode também ser
traduzida por “Soberano” ou “Originador”, como bem expressa a
Nova Versão Internacional: “Estas são as palavras do Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus”.
Portanto, Cristo não é o princípio na criação, mas o princípio ou
soberano da criação.
Resumo
1. A doutrina da Trindade é bíblica e não pode ser confundida com o
politeísmo.

2. Não há contradição ter Três Pessoas em uma essência divina. A


Trindade pode ir além da razão, mas não vai contra a razão (Norman
Geilser, p. 802).

3. A Divindade de Cristo, a Personalidade e a Divindade do Espírito Santo


são assuntos claros nas Escrituras.

4. Somos privilegiados por ter os Três maiores poderes do universo ao


nosso lado.
Aplicação
(1) Como a compreensão correta sobre a doutrina da
Trindade interfere em sua relação com Deus? Como esse
estudo lhe ajudou nesse aspecto?
Aplicação

(2) O que as
funções subordinadas das Três Pessoas da
Trindade podem lhe ensinar sobre a humildade em seus
relacionamentos?
Oração

Peça a Deus Pai para que você sinta Seu


amor mesmo quando pecar; peça a Deus
Filho para lhe dar perdão e paz interior; peça
a Deus Espírito Santo para que seja seu
companheiro e consolador, e lhe batize com
Sua presença todos os dias.
Algumas obras sugeridas
1. Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve, A Trindade: como entender os
mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2003).
2. Norman Geisler, Teologia Sistemática, vol. 1 (Rio de Janeiro: CPAD, 2010), p. 783-819.
3. Millard J. Erickson, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2015), p. 315-337; 657-
677; 809-825.
4. Stanley M. Horton, A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento, 6ª ed.
(Rio de Janeiro: CPAD, 2002).
5. LeRoy Edwin Froom, La Venida del Consolador (Florida, Argentina: Asociación Casa
Editora Sudamericana, 2010).
6. Arnaldo B. Christianini, Radiografia do Jeovismo (Santo André, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1965).
7. Franklin Ferreira e Alan Myatt, Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e
apologética para o contexto atual (São Paulo: Vida Nova, 2007), p. 153-197; 483-541;
660-702.
Leandro Quadros é apresentador dos programas
“Na Mira da Verdade” e “Lições da Bíblia”, na
Rede Novo Tempo.

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