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MARÍLIA
2006
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Orientadora:
Profª. Drª. Suely Fadul Villibor Flory
MARÍLIA
2006
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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
REITOR
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
MÍDIA E CULTURA
LINHA DE PESQUISA
ORIENTADORA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Mestranda:
________________________________________
Áurea Sílvia Amaral Marques da Silva
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado saúde para seguir esta caminhada.
À orientadora PROFª. DRª. Suely Fadul Villibor Flory que, por compartilhar seu saber e
enriquecer minha experiência, com paciência, dedicação e competência, tornou possível a
realização deste trabalho.
À professora Drª. Lucilene dos S. Gonzales, pelo apoio incondicional, dedicação e pela
pertinência de seus questionamentos que iluminaram a qualificação do projeto desta
Dissertação e proporcionaram um valioso contato com a pesquisa, estimulando-me a
prosseguir nesta trajetória.
Aos professores e pesquisadores desse país, que lutam, direta ou indiretamente, para uma
melhoria na qualidade de ensino, sem deixar de acreditar em seus sonhos, de um futuro
promissor da questão educacional de nosso país.
Ao meu marido, Roberto Fernandes da Silva e filhos Nayara e Wesley, pelo apoio,
compreensão e incentivo incondicional, sempre colaborando e me encorajando para eu
alcançar mais um objetivo.
A todos os amigos e mestres que colaboraram para a elaboração e conclusão deste trabalho.
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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo abordar o texto publicitário no livro didático de
nossos alunos, apresentando no texto verbal e não-verbal uma ideologia que retrata
vivências compartilhadas pelos alunos, que influenciam sua compreensão do mundo. Essa
de nossos alunos, por meio de novas leituras, além das já existentes nos livros didáticos.
portuguesa e a opção pela leitura dos textos publicitários permite-nos ampliar o repertório
ABSTRACT
This study has the objective of approaching the publicity text in the Portuguese didactic
book, evaluating the functionality of these texts in the formation of the reading capacity of
the students in the 7th (seventh) year of Elementary School. The publicity texts are highly
significant education areas because they are close to the daily reality of our students, they
present, in the verbal and non-verbal text, an ideology that represents experiences shared
by the students, and, this way, they influence their comprehension of the world. This
teacher-student relationship, thinking about the new functions of the teacher as a mediator
of the communicative process, assuming the belief in the transformation power of the
cognitive capacities of our students, by means of new readings, besides the existing ones in
the didactic books. Producing competent readers is the goal of the educational activities
and the Portuguese language teaching and the option for reading the publicity texts allows
us to increase the student’s repertory, making them realize the daily use of the mother
tongue.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11
2 O TEXTO PUBLICITÁRIO..................................................................................... 40
INTRODUÇÃO
competência leitora nos alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, ciclo II. Tal estudo foi
compreensão leitora, promovidos pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e das
desestimulados com os textos veiculados nos livros didáticos por estarem carregados de uma
ideologia estereotipada, organizados em torno de temas que, segundo Citelli (1995, p. 53), são
“textos de forja, de artesanato da alma, de inculcação dos modelos que as classes dominantes
Estadual de Ensino, os livros didáticos tornam-se mais acessíveis aos alunos, demonstrando o
cotidiano dos estudantes e trabalhando com os recursos que estes têm, isso é, o acesso direto a
jornais, revistas, outdoors, internet e outros meios, ou seja, os livros referidos analisam a
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linguagem por meio de textos reais, aliando a teoria à prática e inserindo a aprendizagem no
atual. A linguagem publicitária extrapola os limites dos meios de comunicação, fazendo parte
de muitos outros discursos. Hoje o texto publicitário, pela sua riqueza de linguagem, é visto e
das pessoas. Apresentam um mundo de sonhos e fantasias, até certo ponto realizáveis, por
Nosso objetivo neste estudo é o de refletir sobre o uso de textos publicitários nos
de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, aprovado pelo MEC2 para o PNLD
Ler, escrever e pensar, é justamente isso que o próprio Governo Federal sugere na
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). Ensinar às crianças e aos
1
SARESP é o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo; a sigla ENEM significa
Exame Nacional do Ensino Médio.
2
MEC: Ministério da Educação.
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capacidades cognitivas de nossos alunos, com novas perspectivas de leituras, além das já
escola pode e deve estabelecer uma relação saudável com os meios de comunicação de massa,
utilizando-os como motivação do conteúdo de ensino, como ponto de partida mais dinâmico e
interessante, diante de uma nova situação a ser estudada. Os meios de comunicação são
homem atual e este se movimenta sob vários signos culturais, que influenciam sua
compreensão do mundo.
sobre a pertinência desse tipo de texto em um veículo que visa proporcionar ao aluno um
aprendizado que atenda à política educacional do setor público e não se deixe envolver por
fatores alheios à educação. Toda a polêmica foi gerada devido às características e objetivos
MEC que, através do parecer CEB nº. 15/2000, apresenta a polêmica situação, passando para
têm acesso no seu cotidiano, e ainda, com a rapidez com que se dá a produção de
podemos ajudar nossos alunos a ler criticamente, tendo o texto publicitário, como mais um
dos alunos da escola pública, tomando como objeto de análise, reflexão e produção, o texto
publicitário; se este pode ou não ser apresentado nos livros didáticos enviados pelo PNLD e
como devem ser trabalhados pelos professores, partindo de suas características próprias, como
pelo aluno e são feitos para atingir o grande público, tornam-se mais atraentes e acessíveis,
relação ao texto.
desenvolver uma mudança de postura com o uso do livro didático, numa nova proposta de
leitura, de acordo com a diversidade textual exigida pelos PCNs de Língua Portuguesa e as
características da leitura e dos leitores atuais, com a influência dos meios e formas de
comunicação, baseando-se nas idéias dos autores Regina Ziberman, Ezequiel Silva, Bárbara
Freitag, Marisa Lajolo, Adilson Citelli, Roxane Rojo, Eni P.Orlandi, Ingedore G. Villaça
acordo com Carvalho, Vestergaard e Schroder, Carrascoza, Citelli, Gonzales, Farina, Brown,
15
e a influência das cores no processo ideológico. Esse estudo servirá como parâmetro para a
compreensão das análises dos anúncios a serem apresentados no terceiro capítulo, auxiliando
demonstrar nesse capítulo algumas considerações sobre as influências dos meios e formas de
comunicação na competência leitora dos educandos por meio do livro didático. Pretendemos
textos da mídia.
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prática pedagógica segundo os PCNs; o trabalho com a compreensão leitora e suas influências
A rapidez com que as mudanças sociais estão se processando altera a nossa vida
cotidiana e impõem como prioridade que o ensino da Língua Portuguesa esteja ligado à
variados.
os modos de atingir a população e exige, de todos os envolvidos, competência para agir com
Governo Federal e enviados a todas as escolas como documento que orienta as práticas
as informações, efetuando uma escolha adequada do material didático a ser utilizado em sala
previstos nos PCNs (1998, p 32), “espera-se que o aluno amplie o domínio ativo do discurso
nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem,
emprego oral e escrito da linguagem por pare do aluno para que ele possa aumentar sua
capacidade no exercício da cidadania. Ainda sobre este assunto, Armando Sant’anna (1999, p.
representações construídas em várias áreas do conhecimento. Deve saber como proceder para
ter acesso às informações, compreendê-las e fazer uso delas, principalmente as contidas nos
textos, podendo, dessa forma, reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social como
análise crítica.
objetivando-se uma diversificação com qualidade para que os discentes percebam intenções,
valores e preconceitos veiculados nos diferentes tipos de textos, estando atentos às constantes
teóricos; ser capaz de continuar aprendendo; ter autonomia intelectual e pensamento crítico
em seu cotidiano.
aumento do consumismo.
cognitiva, e o domínio da língua como sistema utilizado por uma comunidade lingüística são
aos alunos o acesso aos saberes lingüísticos, necessários para o exercício da cidadania.
Considera-se que é por meio da linguagem que se expressam idéias, pensamentos e intenções,
devem ser:
devem ser prioritárias nas propostas dos livros didáticos. As práticas de reflexão sobre a
proporção que se fizerem necessárias e significativas para a (re)construção dos sentidos dos
textos.
pragmaticamente, seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas
A preocupação com a leitura de diferentes tipos de textos está presente nos PCNs
referentes à Língua Portuguesa. Esses indicam que a escola, como espaço institucional de
acesso ao conhecimento, precisa atender às demandas das transformações dos níveis de suas
práticas de ensino para que elas possibilitem ao aluno aprender a linguagem, a partir da
bastante específicas em função de sua finalidade: o ensino. Assim é que os PCNs enfocam o
O jovem que se distancia do livro enfadonho, procura uma leitura que retrate
melhor o seu dia-a-dia, que não se afaste da estrutura de mundo com a qual tem convivido.
Ensinar a Língua Portuguesa é, antes de tudo lembrar que a língua está viva, pertence a um
momento histórico, a um espaço e a uma cultura e, como tal, precisa ser aprendida como
contexto, que as novas formas de produzir e fazer circular as informações atingiu diretamente
as mais diversas instituições e os livros didáticos sofreram uma reformulação nesse sentido,
passando a introduzir, em sua maioria, os diferentes tipos de textos, inclusive dos meios de
A linguagem visual é mais acessível e a preferida dos alunos, visto que quase não
exige reflexão, pois a informação vem pronta. Nossos alunos precisam saber que a rapidez da
imagem pode ser prejudicial para o desenvolvimento de seu pensamento crítico, pois a
imagem vindo pronta, sua colocação naquele espaço de tempo tem uma intenção nem sempre
A grande diversidade de gêneros textuais impede que a escola trate todos eles
como objeto de ensino; assim os próprios PCNs de Língua Portuguesa priorizam aqueles cujo
usos sociais mais freqüentes dos textos, no que se refere aos gêneros selecionados, pois as
pessoas lêem muito mais do que escrevem, escutam muito mais do que falam, quando em
contato com os meios de comunicação em geral, ou seja, no seu dia-a-dia, enquanto falantes
da Língua Portuguesa.
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A escola hoje deve ser um espaço de práticas sociais em que os alunos não apenas
entrem em contato com valores determinados, mas também devem aprender a estabelecer
social, moral, já que deve se ocupar de uma formação ética, para a construção de uma
consciência moral reflexiva cada vez mais autônoma, mais capaz de se posicionar e atuar em
situações de conflito. Esses objetivos podem ser alcançados através da compreensão leitora
Neste contexto, a valorização de outras linguagens, além da verbal, tem sido cada
vez mais freqüente: se diferentes signos interagem na sociedade e na informação, como pode
simplesmente complementares?
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introdutório, “na escola é possível provocar situações que permitam atribuir outros
como desenvolver atitude crítica frente aos conceitos veiculados” (PCNs, 1998, p.143).
Nacional do Livro Didático. A organização das obras didáticas busca a ampliação do trabalho
efeitos da leitura dos textos veiculados nos meios de comunicação de massa em diferentes
o único material de suporte às aulas. Não podemos deixar de considerar que, para a maioria
das famílias, o único acesso a livros ocorre apenas pela via dos livros didáticos ofertados pelo
Estado. Não será necessário e urgente verificar o que tem sido ofertado? Como estão sendo
trabalhados em sala de aula? Como os livros são recepcionados pelos alunos? E, ainda, quais
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publicitário?
compra de livros feita pela própria Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, mediante
convênio assinado pelo MEC/FNDE e o Governo de São Paulo/SEE, o que permite a oferta
Esta Secretaria executa o PNLD nas três redes de Ensino Fundamental: estadual, municipal e
federal. O Programa em São Paulo incentiva a utilização de livros não só didáticos, por
professores e alunos, mas também, informativos, de literatura, de interesse geral, entre outros.
Segundo Freitag; Costa e Motta (1993, p. 22), “a política do livro didático afeta
Considerando que, para a maioria das famílias, o único acesso aos livros ocorre apenas pela
via livros didáticos ofertados pelo MEC, esses têm, portanto, condições de influenciar um
contingente cada vez maior de pessoas, questionamos sobre a forma com que os textos
em sala de aula, mas nem sempre atendem à realidade particular de cada escola: é preciso
levar em conta a comunidade em que ela está inserida, suas ideologias e as concepções que
dos alunos.
acervos denominados módulos, com obras de ficção e não-ficção, para ampliar e aprofundar o
utilizado nas aulas de Língua Portuguesa, podendo difundir um conteúdo voltado para o
realidade dos jovens, não contribuindo para a formação do cidadão que necessita ter um
instrumento eficaz para a compreensão do mundo que o cerca. Dessa forma, o professor deve
ter muito cuidado ao escolher um livro didático, fazendo uma análise criteriosa, pensando,
prática docente do dia-a-dia da sala de aula e os livros de ficção e não-ficção, que abrem
convivência com a diversidade de posições e valores. É preciso estar atento para que se criem
escola.
Pelo que foi exposto, o livro didático deve funcionar, em sala de aula, como
aprendizado objetiva desenvolver nos alunos para o exercício das atividades cotidianas. Como
(...) é um dos poucos gêneros de impressos com base nos quais parcelas
expressivas da população brasileira realizam uma primeira – e muitas vezes
única – inserção na cultura escrita. É, também, um dos poucos materiais
didáticos presentes cotidianamente na sala de aula, constituindo o conjunto
de possibilidades com base nos quais a escola seleciona seus saberes,
organiza-os, aborda-os.
linguagem escrita disponível ao aluno, não estigmatize a leitura como tarefa de exclusividade
escolar, ao contrário, que transforme a recepção e produção textual em hábito de leitura para
aprendizado, sobretudo quando permite, como é o caso do livro em questão, uma leitura
crítica do mundo.
Linguagens de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, aprovado pelo MEC
para o PNLD 2002, da 7ª série do Ensino Fundamental - traz uma seleção de textos
cartum, a charge, a poesia, a música, o texto teatral, o conto maravilhoso, o seminário, a carta
língua, e principalmente de gramática, não implica numa ruptura com os conteúdos históricos
por outra, desta ou daquela teoria lingüística. O esforço consiste em dar um novo tratamento a
esses conteúdos, que passam a ser vistos também pela perspectiva da semântica, da estilística,
normativa, alargando o horizonte dos estudos de linguagem, apoiando-se nos recentes avanços
na teoria dos gêneros textuais ou discursos e na linguagem textual. Todo esse apanhado de
textos tem por interesse explorar (seja na condição de receptor, seja na condição de produtor)
outras linguagens, além da verbal, incorporando o uso da imagem que está presente na
Os temas que organizam cada uma das unidades são variados e levam em conta
Freire e Schor (1987, p. 111), atestam que o livro didático necessita ter uma
linguagem que possa envolver o leitor e, para que isso aconteça, os assuntos nele tratados
devem ter uma relação cujo contexto contemple o cotidiano. Entendemos, contudo, que o
livro didático não deve ser discutido como se fosse a salvação de todos os problemas da
expectativas tanto do professor, que pode escolher o material que melhor se adapte à sua
contextualizado e diversificado.
Devemos entender, contudo, que a aquisição dos saberes na escola pode-se efetuar
conhecimentos prévios adquiridos pelo educando, ao vê-lo apenas como um ser passivo e
tendo como única verdade, a palavra do professor e a do livro corre o sério risco de estar
prejudicando o aluno, que não questiona e não se envolve com suas próprias atividades
educacionais.
de uma diversidade textual. Entendemos que esta diversidade deve ser apresentada no livro
mídia impressa, posto serem mais acessíveis aos alunos, como o texto publicitário. O discurso
satisfatório quando se põe o aluno, desde cedo, em contato com uma verdadeira diversidade
textual. Os diferentes gêneros fazem parte de nossa realidade lingüística, cultural e social.
uma efetiva interação do professor e alunos e dos alunos entre si, para que cada um possa
Por vários motivos, muitos alunos não têm contato sistemático com uma leitura de
qualidade e com adultos leitores. A escola torna-se, às vezes, o único veículo de interação dos
alunos com os textos, cabendo a nós, professores, oferecer leituras de qualidade, diversidade
leitores competentes. É preciso que a leitura da palavra amplie a leitura do mundo em que
nosso alunado está inserido, levando-os a manipular textos verbais e não-verbais variados,
Aprender a língua não significa apenas apreender seus significados, que são
que um código e está em contínua mudança. O sujeito que utiliza a língua não é um ser
passivo, mas alguém que interfere na constituição do significado do ato comunicativo. Assim,
há uma relação intrínseca entre o lingüístico e o social que precisa ser considerada no estudo
da língua. Por esse motivo, o lugar privilegiado para a análise desse fenômeno é o discurso,
do próprio ser humano, posto que, lendo, o homem atribui sentidos, situa-se, transforma-se,
uma maneira mais ampla, ela poderá ser entendida como atribuição de sentido e, de acordo
com esta acepção, pode servir tanto à oralidade como à escrita. Dessa forma, a leitura torna-se
possível sempre que nos deparamos com qualquer forma de linguagem. Entretanto, leitura
pode ser vista, também, como concepção. Neste sentido, ela está relacionada à compreensão
de mundo do leitor e, por isto mesmo, tem caráter ideológico (ORLANDI, 2001).
Para Platão e Fiorin (1997, p. 241), “Leitor perspicaz é aquele que consegue ler
nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de significados importantes e
decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse.”
Dessa forma, a leitura reflexiva e interativa é a porta de entrada para a socialização, para a
do educando. Portanto, o acesso aos mais variados tipos de textos e o contato com o maior
número possível deles só fará ampliar a visão de mundo desses indivíduos, facilitando sua
De acordo com Koch (2000, p. 160), “Ao professor cabe a tarefa de despertar no
educando uma atitude crítica diante da realidade em que se encontra inserido, preparando-o
para ‘ler o mundo’: a princípio, o seu mundo, mas, daí em diante, e paulatinamente, todos os
O ensino de gêneros textuais que socialmente circulam entre nós, além de ampliar
alunos, aponta-lhes inúmeras formas de participação social que eles, como cidadãos, podem
33
fazer uso da linguagem, observando-se que o seu valor e importância são determinados,
Portuguesa.
“refere-se a ‘um sistema de contratos semânticos’ responsável por uma espécie de ‘filtragem’
que opera os conteúdos em dois domínios interligados que caracterizam o dizível: o universo
sobre a língua de sua comunidade e utiliza para a construção das expressões que compõem os
seus textos, orais e escritos, formais ou informais, independente de norma padrão, escolar ou
linguagem entre os falantes de uma língua, dentro de uma comunidade lingüística dada, e a
mobilizar saberes das mais variadas ordens, desde a apropriação dos elementos contextuais
dos gêneros textuais: unidade composicional, unidade temática e estilo ou a escolha das
verbal e o não-verbal. Trata-se de mobilizar recursos de vários níveis para, por meio de um
significados ao que vêem. No ambiente escolar, portanto, é possível provocar situações que
a partir deles, assim como desenvolver atitude crítica frente aos conteúdos veiculados pelos
preciso levar em conta a necessidade de uma reelaboração do modo de ver, analisar, entender,
enfim, ler adequadamente os meios pelos quais a informação e os conteúdos simbólicos são
objetos da educação formal em língua escrita. No entanto, além disso, entre tantos meios
A partir dos diferentes objetivos em que os textos se apóiam, é preciso saber puxar
o fio que levará ao trabalho interpretativo, revelador de como o discurso foi tecido, para
perceber as intenções que estão por trás de cada palavra, de cada representação, enfim, de
cada ato discursivo, bem como compreender a ideologia que lhe é subjacente.
O acesso à leitura – um bem cultural – deve ser ofertado a todos os cidadãos. Ler
a palavra escrita, a palavra oral, a palavra não-dita, implícita no contexto ou em uma imagem
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prioridade na escola e fora dela. A escola deve cumprir seu papel de formadora de leitores e,
para isso, não dispensar a colaboração que os meios de comunicação podem dar, a despeito do
poder manipulador que exercem sobre os indivíduos e a sociedade, especialmente com o uso
da publicidade.
A leitura ajuda a formar valores do indivíduo que, simultaneamente, vai por meio
dela, projetando o seu próprio sistema de valores, que podem ser demonstrados na ideologia
dos textos publicitários e de propaganda. O ato crítico de ler aparece como uma constatação
de atos da consciência do leitor, que são acionados durante o encontro significativo desse
Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que
possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que
estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos
podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da
leitura racional das coisas e, com isto, poder questionar situações estabelecidas. O
busca da verdade dos fatos e atos, dispostos nos meios de comunicação de massa, seus
situam.
A fragilidade dos alunos desta faixa etária (ensino fundamental) leva-os a serem
atraídos por um mundo de imagens e símbolos parciais e voltados para o consumismo. Dessa
forma, esta atração e curiosidade, bastante característica de adolescentes e jovens, pode levá-
los à alienação e um estudo direcionado com a influência do professor para uma leitura
37
veiculada.
busca do rigor no meio educacional das estratégias e modos de ler e ver essa realidade, são
um caminho pedagógico para o conhecimento racional e mais amplo das mensagens que
lingüístico e discursivo, cultural e ideológico somam-se outras que indicam quais dos
situação de leitura.
decodificação. Tal leitor sabe que tipo de variáveis pode dificultar a compreensão, como o
pertence o leitor, embora muitos livros didáticos usem o termo indistintamente do termo
interpretação.
foi escrito por outro (veiculado), interagindo com o texto, o contexto e seus conhecimentos
38
convencional: “ler é interpretar signos, é captar a realidade significante dos signos, saber ler
1978, p. 84). A leitura, portanto, nesta concepção, aplica-se a qualquer tipo de signo — leitura
Os diferentes signos que representam o universo que nos cerca são constituídos
ambiente, da capacidade que ele possui de se adaptar a novas situações com a compreensão
de novos significados.
diferentes níveis. Ensinar a ler é ensinar a compreender o texto, as funções sociais que
atualização. Implica, também, ensinar a reconhecer a relação entre leitura e escrita de lugares
e costumes diferentes.
compreensão leitora. Portanto, só se constituem como tais, na medida em que colaborem para
2. O TEXTO PUBLICITÁRIO
ponderar que esse tipo de discurso tem como objetivo provocar reações emocionais no
receptor, visto que utiliza recursos retóricos para convencer e persuadir, alterando
computadores ligados à rede mundial e outros meios de comunicação. Esses meios, ao serem
comunicação, como jornais e revistas, também são bastante comuns nas aulas. Esses veículos
processo de ensino, para tornar nossos alunos aptos a compreender as exigências dos meios
Os textos publicitários passaram a fazer parte do nosso cotidiano e isso não pode
ser negado pela escola ou por qualquer outra instituição. “Conhecer melhor a forma de
produção e difusão da informação através dos médias pode ajudar a fugir da alienação a que
sido utilizados, indistintamente, pelos cidadãos e pela mídia de uma maneira geral, o que às
vezes gera confusão. Dessa forma, convém relatarmos algumas definições de texto
rigorosamente a mesma coisa quando buscamos suas origens. Publicidade deriva de público
(do latim publicus) e designa a qualidade do que é público. Significa o ato de vulgarizar, de
tornar público um fato, uma idéia. Já, o termo propaganda, deriva do latim propagare, que
significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo.
Propagare, por sua vez, deriva de pangere, que quer dizer enterrar, mergulhar. Seria, então, a
O termo propaganda foi utilizado, nesse sentido, pela primeira vez pela Igreja
católica. Podemos afirmar, então, que a palavra publicidade significa genericamente, divulgar,
tornar público, e propaganda compreende a função de incutir uma idéia, uma crença na mente
alheia.
embora a propaganda seja uma atividade bastante antiga, ela é tida como um fenômeno
resultante da era industrial. Mesmo em tempos mais recentes, a propaganda não possuía a
em larga escala que se iniciou com a Revolução Industrial gerou um tipo diferenciado de
comunicação publicitária, que vai além da informação e chega até uma área mais complexa e
sofisticada: a motivação.
maneiras rápidas de escoar os estoques. O meio mais eficaz encontrado foi o da propaganda.
A propaganda passou a aprimorar suas técnicas de persuasão para poder induzir grandes
massas a aceitar e consumir produtos que não correspondessem apenas à satisfação de suas
necessidades básicas.
produtos novos e padronizados. Com o tempo, esses produtos passaram a ser extremamente
semelhantes, o que fez com que fosse insuficiente apresentá-los de maneira objetiva. Passou a
ser necessário seduzir o consumidor, despertar desejos latentes para levá-lo ao ato da compra.
com o universo de nossos desejos, prazer, camuflando a realidade, tem fins comerciais, mas
institucional, religiosa, ideológica, está voltada para a esfera dos valores éticos e sociais,
controle social e, para bem realizar essa função, simula igualitarismo, remove da estrutura de
Por este motivo, observamos que os alunos do Ensino Fundamental II, numa faixa
etária de 11 a 15 anos, são atraídos por um mundo de imagens e símbolos parciais e voltados
para o consumismo e é esta atração, curiosidade, que se faz acompanhar da exigência de rigor
na busca da verdade, realizada por um caminho pedagógico que possibilite a ampliação de sua
leitura de mundo.
imagem, a reconhecer a intenção e o posicionamento de quem escreve, a ser mais crítico e não
aceitar o que está escrito como "a verdade", mas como "uma representação da verdade",
conforme observa Carvalho (1996, p. 161). Tem-se na publicidade uma possibilidade oposta
visitas culturais.
“erro” ou a certeza. Assim, os publicitários de fato não ocultam ao público uma verdade
encoberta ideologicamente, mas antes o iludem, buscando produzir nele o desejo de comprar,
motivar e influir no comportamento de seu público por meio do uso intencional de imagens,
estereotipado. Entretanto, ela pode se servir de técnicas criativas a fim de enfatizar o bem-
estar que um produto e uma marca propiciam. Tais técnicas vão ao encontro de uma dinâmica
plenitude, a velhice beatificação, sempre a mesa farta, sagrada família, a sedução. Mundo nem
enganoso nem verdadeiro, pois seu registro é da mágica, a ilusão de um mundo perfeito e
feliz. A publicidade retrata o cotidiano por intermédio dos símbolos. O discurso publicitário
fala sobre o mundo, sua ideologia é a forma de controle social. Fazendo do consumo um
Nesse sentido, podemos citar Perelman (apud KOCH, 1996, p. 20), que afirma
que todo discurso parte de alguém, é dirigido para alguém e procura, mesmo que em níveis
O conceito de texto, de acordo com Kleiman (1995), pode variar de acordo com a
perspectiva teórica que se adote. No decorrer do tempo, a concepção dessa palavra foi se
modificando. Assim, o texto foi conceituado, inicialmente, como: a) unidade lingüística que
não se interrompe, e outras definições. Já, numa perspectiva de natureza pragmática, o texto
passou a ser concebido: a) como atos de fala seqüenciais; b) pelas vertentes cognitivas, como
e c) pelas orientações que adotam por pressuposto a teoria da atividade verbal, como parte de
atividades de comunicação mais abrangentes, que ultrapassam os limites do texto, já que este
construção. Visto a partir desses últimos conceitos, o texto pode ser compreendido como
organizados pelos falantes e que se realiza pela interação entre os sujeitos, conforme suas
Para alguns lingüistas como Kleiman e Koch, o “texto equivale a todo e qualquer
processo discursivo”. É nesta linha que se pode afirmar que uma das aptidões específicas do
46
Então,
realiza por meio da construção do mundo textual, da articulação entre os elementos do texto e
globais.
fragmento, uma parte (frase, palavra) não possui autonomia, não podem ser tomados
isoladamente, na medida em que cada parte liga-se ao todo. Um texto sempre revela a
perspectiva (visão de mundo) que o autor ou produtor constrói da realidade, dessa forma, vale
dizer que os textos são dotados de certo grau de intencionalidade, fenômeno mais notável em
podendo ter qualquer extensão: pode ser desde uma simples palavra até um conjunto de
frases. O que o define não é sua extensão, mas o fato de que ele é uma unidade de significação
em relação à situação. É o lugar, o centro comum que se faz no processo de interação entre
“Assim, o texto não resulta da soma de frases, nem da soma de interlocutores: o(s)
efetivamente realizados. Esta margem – este intervalo – não é vazio, é o espaço determinado
noção de texto torna-se abrangente e passa a designar não apenas o lingüístico, mas o
conjunto significativo. As palavras estão tão intimamente relacionadas com os demais signos
e com os elementos da situação que não se pode tomá-las de forma isolada. Dessa forma, a
análise significativa que amplia a competência leitora parte da leitura do verbal e não-verbal,
determinada marca, criando-lhe uma imagem clara e duradoura. Para Citelli (2000), essa
mensagem precisa ser correta para persuadir o consumidor a preferir uma marca em
do emissor. Para isso, a propaganda, para produzir resultados positivos, deve cumprir
48
corretamente a sua função de comunicar e informar. Isso significa que se devem levar em
anunciante se dirigem a um público que não pode responder à comunicação emitida; nesse
sentido, o discurso publicitário é autoritário (CITELLI, 1995, p. 46), pois não há como o
comerciais.
receptor através de um conjunto de mídias. Segundo Jakobson (1971), para ser eficaz deve
estar dirigida à audiência-alvo, o que significa conhecer as necessidades desse público, suas
verificaremos que há muitas especificidades na construção desse tipo de gênero textual. Uma
margem à imaginação do leitor. Por exemplo, “Neston Barra. Sua academia de bolso. Neston.
Mil maneiras de ser saudável.” (Superinteressante, maio de 2001). Pode-se observar que esse
traço estilístico é bastante freqüente no texto publicitário. É claro que as variedades de estilo
sempre seguem a norma padrão, pelo contrário, tentam agredir a linguagem com desvios que
especialmente criativos, com destaque aos chamados desvios gramaticais. São eles:
situação. Mais formal, menos formal, coloquial, científica, gíria etc. Por exemplo: “Pense
de termos da língua materna. Por exemplo: “No Big shopping center, você encontra várias
expressionais, com a função de valorizar as letras ou chocar com as palavras. Por exemplo:
paronomásia, procurando salientar o aspecto poético do som das palavras. Por exemplo:
prefixações, sufixações, abreviações etc., para compor uma nova palavra ou para realçar a
intensidade ou aumento do sentido. Por exemplo: “Passe na Pampeiro e compre seu zerinho.”
propaganda, tais como, recursos estilísticos ou expressivos com simplicidade estrutural. Por
exemplo: “Pensou cerveja, pediu Brahma” (Comercial de TV), ou “ Um fica o tempo todo
na água. O outro não sai ”. (Loção protetora solar NIVEA, Cláudia, janeiro de 2001).
palavras para entreter o destinatário, desafiá-lo a entender a mensagem e prender sua atenção.
Por exemplo: “Relógio que atrasa, não adianta. Classifolha. Pontualmente toda quinta,
sábado e domingo”. (Folha, setembro de 1991), ou “Isso é da sua conta. Tudo que você
assinatura. São as informações sobre quem produz o texto e o assunto a ser tratado. Por
exemplo: “Não deixe a natureza ir embora” (título). “Pássaros, plantas e animais que sempre
habitaram nossas florestas estão sendo extintos ou isolados em pequenas manchas verdes....”
forma diferente das demais mensagens, a publicidade impõe, nas linhas e entrelinhas, valores,
mitos, ideais e outras elaborações simbólicas, utilizando os recursos próprios da língua que
comunicação de massa, cujos objetivos são transmitir uma informação e incitar as pessoas a
certos comportamentos. Assim, o texto publicitário é considerado como texto pela sua
textualidade e características, posto possuir os elementos estruturais da língua, por ser uma
unidade complexa de significação e pela sua interação entre diferentes signos verbais e não-
verbais. Possui um conjunto harmônico que resulta em uma unidade significativa global, que
é manipulada para servir aos objetivos de quem comunica. A diferença entre as duas
linguagens está no grau de consciência quanto aos recursos utilizados para o convencimento.
Jakobson (1991, p. 24), afirma que “uma das tarefas essenciais da linguagem é
vencer o espaço, abolir a distância, criar uma continuidade espacial, encontrar e estabelecer
uma linguagem comum”, o que pode ser aplicado como característica do discurso publicitário:
para os alunos, que vêem nessa linguagem uma aproximação de sua realidade lingüística.
persuasão atua como indutora das mudanças de atitudes, valores e comportamentos, sendo
52
uma importante aliada do processo educativo. Segundo Carvalho (1996, p. 10), “o papel da
publicidade é tão importante na sociedade atual, ocidentalizada e industrializada, que ela pode
ser considerada a mola mestra das mudanças verificadas nas diversas esferas do
almeja persuadir tem caráter ideológico, subjetivo, une-se às vontades, desejos e sentimentos
sedução, a redação publicitária, que de início trabalhava com textos meramente informativos,
ao longo dos anos vai abandonando essa característica e passa a abrigar elementos mais
vez mais competitivos, como já comentamos anteriormente, que acaba por levar o consumidor
a ter que optar por um dos produtos oferecidos e sua escolha depende do quanto foi afetado
Segundo Mattelart (1994, p. 116), "se os homens nascem iguais diante da lei, eles
não nascem iguais diante do mercado e essa desigualdade coloca constantemente em perigo o
exercício da soberania do cidadão e dos povos". Como foi visto, a publicidade é um modelo
de referência. Talvez isto seja explicável pelo fato de que "os publicitários, consciente ou
de controle social e, para bem realizar essa função, simula igualitarismo, remove da estrutura
53
sedução”.
econômicos, como também do uso de efeitos retóricos e icônicos aos quais não faltam as
destinatário.
da sua vida diária.”. Os referidos críticos acrescentam ainda que “é irracional esperar que os
leitores decifrem os anúncios como expressão factual da realidade. Na sua maioria, são muito
lidos de forma literal”. Os autores relatam em seu livro que “a propaganda não nos mostra a
realidade, mas a fantasia, e o faz admitindo abertamente o devaneio, embora de tal forma que
os leitores de que é possível atender às suas necessidades comuns e solucionar seus problemas
54
alguns problemas indesejáveis, que nossas necessidades diárias podem proporcionar, tentando
política e social (fluxo menstrual, secagem de cabelo, produtos para cabelos crespos, mau
cheiro nos pés), de acordo com as ponderações de Vestergaard e Schroder (1996, p. 160,161).
“Na verdade, os dois mecanismos são essenciais ao esforço da publicidade para convencer os
leitores de que é possível atender às suas necessidades e solucionar seus problemas mediante
o consumo”.
Para persuadir e seduzir, Vestergaard e Schroder (1996, p. 46) dizem que “o texto
exemplo uma pessoa bem vestida e de boa aparência, induzindo à idéia de pessoa bem
para persuadir. Por exemplo: “Povo unido, jamais será vencido” ou “ Mês de maio, mês das
55
mães”. A característica maior do estereótipo é não permitir perguntas, visto ser como uma
verdade conhecida;
exemplo, em vez de dizer que “o capitalismo vai mal”, diz-se que “é preciso reaquecer a livre
iniciativa”; em vez de dizer que “os Sem-terra ocuparam as terras”, diz-se que “os Sem-terra
invadiram as terras”;
limpeza ou germicidas, que colocam como inimigos os germes ou fungos, ou mesmo nos
comerciais de sabão em pó, que vêem na sujeira o inimigo oculto. Pode também aparecer
determinados assuntos , por exemplo, do dentista que afirma que determinada pasta de dente é
melhor do que as outras, porque possui determinados componentes que combatem a cárie e o
tártaro, ou do atleta que usa determinado tênis, porque é mais resistente e possui
Então, usa-se a certeza em forma de imperativo para não deixar dúvidas. Os verbos têm o
poder de conduzir a vontade do receptor. Temos exemplos nas afirmações: “Use OMO”;
do receptor; para isso, ao elaborar o texto publicitário, leva-se em conta o receptor ideal da
mensagem, ou seja, o público para o qual a mensagem está sendo criada. Propaganda é, por
56
definição, um ato de persuasão, deve estar em contato com a consciência do leitor, com o
que seja a realidade anunciada, esta é sempre fechada, tornada natural, disfarçada como não
Assim, o público consome produtos, bem como se utiliza de serviços, conceitos, idéias e
mais sutil. Ele é seduzido por uma espécie de romance preparado para satisfazer suas
necessidade de consumo opera nas das necessidades emocionais humanas por meio da
veiculados no anúncio.
57
enunciado publicitário, de maneira que ele atinja seu objetivo primordial: motivar as pessoas
produtos, serviços e bens simbólicos, ela demonstra modelos a serem seguidos, apresentando,
produtos, e um objetivo implícito, por intermédio do qual flui sua ação pedagógica.
Por meio desta ação, a publicidade propõe transmitir valores sociais e pessoais,
cidadania segundo o qual "quem não o ostenta é imediatamente jogado para o campo dos
Carvalho (1996, p. 17), e para realizar essa função, simula igualitarismo, remove da estrutura
sedução. Sustenta-se que os recursos permitem que o discurso publicitário cumpra sua
em modelo de referência, tem ainda a função "de demonstração de modelos a serem seguidos,
Sendo a publicidade algo que visa levar o público ao consumo, o faz, sobretudo
por elementos não representacionais, como a retórica verbal (do texto) e não-verbal (da
imagem), ao menos para uma persuasão bem sucedida. Para além do conteúdo verdadeiro ou
Para tanto, eles terminam usando o discurso e a imagem de modo platônico, ou seja,
mensagem publicitária”.
visuais codificadas, só faz repetir o que o público espera e conhece, enquanto a ideologia do
consumo consiste em “convidar” o público a consumir o que quer que seja, devido à
59
termos, as propagandas não tendem a expor razões claras para o consumo nem para a adesão a
comportamentos.
inclinações das novas tendências, fascinando-o, especialmente pelo poder irracional sobre as
necessidades que são inerentes à sua própria natureza ou criadas artificialmente pela
do material didático, do livro, textos e até de edições diferenciadas e mais icônicas de obras
clássicas, sem se considerar inovações como áudio–book ou uso direto do computador como
instrumental didático.
produtor representa o universo sob uma determinada ótica, fazendo interagir diferentes signos
interlocutor.
mesma forma, a palavra tradicional passa a ser desenhada intencionalmente para designar algo
contudo, retrata a sociedade e seus costumes, embora não se possa ignorar o seu alto poder de
influenciar esta sociedade. Portanto, quando nos referimos à publicidade, o texto é a noção de
conjunto – texto e imagem – tecido pela intenção do produtor de fazer crer na sua visão e no
seu recorte do universo, usado para estimular o consumo, despertar no público o desejo de
maneira pública de comunicação verbal e não-verbal e para desempenhar essa função ela
opera como discurso informativo e persuasivo, tendo como principais funções, a referencial e
a apelativa, o discurso publicitário visa tornar um produto, marca ou serviço conhecido pela
com produtos e serviços, compram também conceitos, valores e estilos de vida. A publicidade
universo imaginário em que o leitor consegue materializar os desejos insatisfeitos da sua vida
61
diária. Os autores também afirmam ser irracional esperar que os leitores decifrem os anúncios
como expressão factual da realidade. Uma interpretação mais sutil da propaganda nos permite
alimentar a fantasia, observando-se que se vive numa contradição entre o que se é e o que se
gostaria de ser.
comunicação de massa dependem da cooperação dos leitores para ter êxito; o processo de
que, às vezes, são tão difíceis de decifrar. Os autores acima citados apontam para uma
reflexão importante a respeito das relações estabelecidas entre o emissor e o receptor, neste
pode ser considerado como uma celebração de experiências comuns, de sonhos e esperanças
consciência do leitor, primeiro para captar a sua atenção e, segundo, para predispô-lo a favor
procura resguardar as fórmulas e os valores estáveis e consagrados pelo tempo, reflete valores
e atitudes sociais generalizados sobre os meios e os fins das atividades humanas. Os processos
e 164),
(...) são aqueles que apresentam um fenômeno como algo tão evidente e
natural que dispensa qualquer exame crítico e o torna inevitável; as
convicções que não são questionadas por serem apresentadas como
inabaláveis; as mensagens que, envoltas por uma aura de puro “senso
comum”, não só procuram deter ou reverter a mudança social em andamento
como pressupõem que semelhante mudança é impossível.
não nos apegássemos a certas atitudes fundamentais e formas de pensar, nossa consciência
estaria num fluxo constante, que nos paralisaria por completo. Contudo, nossos valores
fundamentais são produtos do conhecimento humano e dos processos culturais e, como tal,
imediatamente para nós. Ele apresenta-se como a totalidade da realidade, o que denota que, no
63
1997, p. 26).
sociedade que servem para explicar e justificar a realidade e as relações entre os homens: é o
inversão da realidade, a ideologia está contida no objeto, no social, não podendo, portanto, ser
reduzida à consciência”.
conjunto de representações, de idéias que revelam a compreensão que esta classe tem do
mundo” (FIORIN, 1997, p. 32). Essas idéias são estruturadas em discursos, assim, podemos
entender que linguagem é ideologia, e se a ideologia cria a imagem do mundo pela linguagem,
estereótipos. Com isso, devem ser analisados por nossos alunos adequadamente, para que
de linguagem, uma que faz parte de nosso cotidiano é a imagem e os símbolos que são os
ideologia.
Dessa forma, devemos pensar nos alunos/receptores, a quem temos que dedicar
de convicções, de ideologias, orientando-os para uma leitura crítica a fim de que adquiram
competências específicas no ato da leitura das imagens e símbolos que circulam em nossa
sociedade.
criada e para a qual se dirige. Por todo o seu conteúdo emocional, por sua força de impacto e
por sua expressividade de fácil assimilação, é a cor um dos elementos contribuintes das
vida, isto é, à maneira que cada sociedade tem de ser e de fazer determinadas coisas. A
despertado e o fato de que a cor tem a capacidade de captar rapidamente e sob um domínio
ênfase a uma determinada cor se decidir a categoria social e a faixa etária, especialmente do
ela acentua o clima desejado, criando um ambiente que se adequa ou se antecipa ao desejo do
consumidor e à sua conseqüente ação para caracterizá-lo. Contudo, nenhuma cor é aplicável a
todas as circunstâncias.
A preferência das cores, na maioria das vezes, está ligada ao objeto em que a cor
se aplica. Depende das diversas faixas de idade, da cultura, do clima, da moradia, da saúde, da
classe social a que o indivíduo pertence, são fatores que podem determinar suas preferências.
66
parecem nos dar uma sensação de proximidade, calor, densidade, opacidade, secura, além de
serem estimulantes. São elas: o vermelho, o laranja, e pequena parte do amarelo e do roxo; já
as cores frias parecem distantes, frias, leves, transparentes, úmidas, aéreas, e são calmantes.
São as que integram grande parte do amarelo e do roxo, o verde e o azul. O emprego de cores
juntamente com a mensagem verbal, passamos a conhecer as influências que elas têm na
compreensão leitora, tornando as idéias expostas mais dinâmicas e interessantes para o aluno
publicitário, observamos que a utilização das cores e dos elementos visuais funciona como
uma análise dos textos publicitários, objeto deste estudo, e o tratamento dado ao processo de
instrumento auxiliar na compreensão leitora em sala de aula, de acordo com os autores citados
Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (1998), faz parte de uma coleção direcionada ao
ensino fundamental, ciclo II (5ª a 8ª séries). Foi escolhido pelos professores da Escola
Estadual Wanda Helena T. Nogueira, de Marília, no PNLD de 2002, para serem entregues às
Desse modo, o aluno tem à sua disposição, ao longo da obra, uma diversidade de
histórias em quadrinhos, pinturas, músicas, narrativas, cartuns, peças teatrais, bulas, textos
consistente de leitura a partir desses vários tipos de texto. Da mesma forma, visa ampliar o
dos gêneros textuais e na lingüística textual e explorando outras linguagens (pintura, desenho,
grafite).
renovação do ensino de língua e, principalmente de gramática, não implica uma ruptura com
daquela teoria lingüística. O esforço consiste em dar um novo tratamento a esses conteúdos,
que passam a ser vistos pela perspectiva da semântica, da estilística e da teoria do discurso.
Cada um dos volumes da coleção é composto por quatro unidades, e cada unidade
por quatro capítulos divididos em diferentes temas. Os temas que organizam cada uma das
unidades são variados e levam em conta tanto as recomendações dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) quanto os temas transversais, a faixa etária e grau de interesse dos alunos.
por ser uma coleção rica em imagens (pinturas, fotografias, desenhos), que funcionam não
apenas como recursos para atrair a atenção do estudante, mas como facilitadores do processo
de compreensão textual. Optamos pelo livro da 7ª série por dedicar uma unidade,
completo, como veremos nas análises do processo de leitura que podemos depreender dos
anúncios contidos neste livro. Consideramos que, como qualquer outro tipo ou gênero textual
constante deste livro, tais anúncios devem ser contextualizados e criticamente trabalhados.
crítica dos anúncios contidos no livro didático, esperamos criar condições para que o
pesquisa, proporciona o estudo dessas três relações da comunicação em todo seu contexto.
compreendido, mais facilmente por pessoas de qualquer lugar do mundo, diferentemente dos
textos verbais, dirigidos para a cultura e linguagem específicas de um determinado local. Daí,
qualquer, em sua materialidade significante, é ver que essa camada do discurso também é
carregada de significados.
tratam especificamente de uma mesma linha de produtos ou idéias. Cada anúncio apresentado,
seja ele para vender um produto/serviço ou oferecer uma idéia, possui diferentes funções no
Decreto n. 785/93, que dispõe que qualquer publicidade de responsabilidade dos órgãos
orientação social”. Além de não conter anúncios que possam ser nocivos à saúde e ao meio
tênis, bombons, produtos alimentícios, revistas, internet, shopping, saúde, sandálias de dedo,
carros, bancos, cartão de crédito, jóias, livros e calçados. Ao todo são 29 (vinte e nove)
(propagandas) de conteúdos variados, alguns deles não especificam o emissor e, ainda, não
publicitário, sua ideologia e os elementos de persuasão existentes, assim como sua estrutura, a
Biscoitos Bauducco
em julho de 1996, utilizado no livro para exemplificar o uso do trema na palavra agüenta. Os
anúncio. Em vista disso, cabe ao professor auxiliar o aluno para uma leitura interpretativa do
anúncio, analisando a linguagem verbal e não-verbal, com as relações existentes entre ambas,
posto que uma completa o sentido da outra no texto, facilitando a compreensão da mensagem
A tarefa do professor é auxiliar o aluno para que ele consiga enxergar o que está
considerando o cotidiano do aluno, os códigos legais, qual é o sentido dado a essa forma de
Dessa forma, o professor pode direcionar seu trabalho de leitura com o aluno
anunciante.
elaborar situações que façam com que o educando relacione seu cotidiano, suas experiências
questionar sobre o público-alvo do anúncio, que tipo de pessoa o texto pretende atingir?
Podemos partir da idéia de que o texto dirige-se às mulheres, devido ao veículo utilizado, uma
revista exclusivamente feminina, com um público de idade dos 25 aos 50 anos, mães, e dessa
forma, que podem ser influenciadas no momento da compra de um biscoito para o filho ou
produto, para que optem pelo novo biscoito. A publicidade busca justamente uma mudança
É importante fazer com que o aluno perceba que a publicidade sempre nos
apresenta produtos novos, mas que devemos estar atentos se esse produto deve ou não ser
aceito pelo consumidor. O aluno deve avaliar criticamente se o preço é acessível, se os pais
objeto apresentado é realmente necessário à sua vida, ou seja, se esse é o melhor biscoito,
que apresenta um questionamento: “Você não agüenta mais os velhos biscoitos?”, usado na
forma interrogativa para provocar o leitor e chamar sua atenção para a imagem indicativa do
velho (no texto não-verbal): o disco de vinil. Para direcionar a leitura e entendimento do texto
levantamento dos conhecimentos que ele tem sobre o disco de vinil, por ser um objeto que
não faz parte desta década. Podem levar ao conhecimento do aluno de que o disco de vinil era
conhecido, na linguagem informal por “bolachão” até a década de noventa, por isso foi
ela participou dessa época exposta no texto e que hoje o que temos em substituição ao disco
de vinil são os CDs, DVDs, MP3 dentre outros meios de difusão de músicas. Com isso, pode-
questionar a quais desses meios o aluno tem acesso. O termo “bolachão”, uma metáfora do
disco de vinil, serviu para indicar que não se deve ficar no passado, o público deve renovar
vinil com estilhaços representando uma mordida, objeto já ultrapassado, fora de uso), está
envolta em um quadro azul claro, indício de que a antiga bolacha foi para o espaço, está
Podemos também expor que esse modo verbal é um meio comum de despertar a atenção do
75
leitor, é um modo adotado por excelência no texto publicitário, porque procura alterar o
figura de linguagem muito comum no discurso publicitário, a antítese que, no caso do anúncio
novos), pares de antônimos usados para causar impacto e ressaltando o valor do novo produto,
instaura certa intimidade com o leitor e também oculta o caráter coletivo da mensagem,
demonstrando a função conativa da publicidade que tem o papel de passar a impressão de que
ela foi feita especialmente para aquele que lê (o indivíduo), enquanto o foi para todos (a
publicitária, o professor pode instaurar uma leitura sobre as cores utilizadas: com maior
sentido do velho, como se o produto velho, como já afirmarmos, tivesse ido para o espaço. Já
o quadro em que está o novo biscoito é branco para expressar afirmação do novo, moderno e
confiável, ou ainda, servir para distanciar o novo do velho. A cor vermelha utilizada na marca
Jeans Di Paolucci
linguagem é enfocada sob o ângulo da sua expressividade, do seu sentido figurado, em que ‘a
texto, seja seja ele verbal ou não-verbal, ou ainda a qualidade que um enunciado possui de ser
ambigüidade sugerida pela mensagem é desfeita pela imagem, pela marca ou pela própria
aliada, no caso da publicidade, à associação com a imagem e com o nome da marca, que dá a
chave do sentido. Vejamos de que forma o educador pode elevar a competência leitora de
seus alunos, auxiliando para que esse aprenda a associar o sentido de uma expressão no
linguagem coloquial tem um sentido pejorativo, “ficar com má fama, malvista”, ou seja, tem
sentido negativo. No entanto, usa-se o adjetivo “melhor” que contradiz o sentido comum
dessa expressão, o que torna a oração ambígua, impondo-se como um termo imprescindível
parte superior, ganha um novo sentido, “ser bem vista ou vista como bem-vestida, elegante”.
Nesse contexto, a expressão “ficar falada” passa a ter um sentido positivo, pois se trata de
uma pessoa invejada pelo bom-gosto usando as roupas da marca Di Paolucci. Assim, o
anúncio propõe, a partir de uma leitura global, que os consumidores – as jovens – que
comprem essas calças vão “ficar conhecidas em seu bairro, pois estão usando as calças da Di
Paolucci”.
alunos o significado das cores, discutindo coletivamente os seus sentidos como importante
e azul, na maior parte do texto - servem para acentuar as formas do corpo das moças,
Com oPara ampliar a compreensão leitora dos alunos, o professor poderá enfatizar
ainda, no texto verbal, o uso da forma interrogativa que, leva o leitor a imaginar, a criar uma
expectativa quanto ano duplo sentido da resposta, a partir da marca Di Paolucci e o slogan
78
“Por onde passa, marca”, possibilitando-lhe compreender um outro sentido: você chama
O título, mensagem grafada com letras maiores e diferentes no anúncio, visa fazer
com que o leitor/consumidor pare para entender o sentido da imagem por ele delimitada e
diferentes nos anúncios, sabendo que se trata de recursos gráficos que objetivam expressar
e a maneira de expressarem suas atitudes pela aparência - a roupa. Além dessas atividades de
leitura, o professor pode sugerir aos alunos que produzam um texto a partir de pesquisas e
noventa, buscando em seu meio familiar, como era a adolescência de seus pais, tios,
dessa forma, o professor pode viabilizar uma discussão, a partir das características visuais,
sobre qual seria esse veículo, colocando em destaque os meios de comunicação à disposição
79
anúncio, que no caso são as adolescentes. Inferir sobre a mensagem principal do contexto, ou
seja, para ser uma pessoa elegante e andar na moda, você (adolescente) precisa usar roupas de
outros jovens.
por meio da denotação e conotação. Essas situações da linguagem são usadas no texto
publicitário.publicitário.
discurso publicitário é o apelo à autoridade, com o objetivo de tornar o produto confiável aos
Confirmamos tal situação com o texto veiculado pela revista Cláudia, de setembro de 1996,
80
questões relacionadas às vozes verbais, na oração: “Estes produtos são desenvolvidos por
roupas, desinfetante).
destacar a voz passiva analítica (são desenvolvidos) e o agente da passiva (por pesquisadores,
técnicos e milhares de telefonemas). Ainda faz alguns questionamentos como: de quem são os
telefonemas? Por que teriam ligado? Trabalha com o sentido da palavra milhares, mencionada
81
de que a opinião de seus consumidores gera produção, considerada quando seus produtos são
criados.
consumidores porque, como agente da passiva, são eles que, na verdade, praticam a ação
autoridade no assunto, isto se torna um atrativo, pois o consumidor é tratado com respeito, é
ouvido.
O professor pode também, neste anúncio, observar que nele há vários emissores
atividade de leitura desse anúncio pode desencadear uma pesquisa via internet, revistas ou da
própria embalagem dos produtos apresentados, para saber qual é a marca comum a todos os
produtos do anúncio. Dessa forma, o aluno/leitor vai saber que todo texto publicitário possui
código e um contexto – e vai verificar que apesar de serem vários produtos/emissores, há uma
considerada uma das fornecedoras líderes de produtos de bens de consumo do mundo, que
não costumava destacar sua marca nos anúncios que apresentavam seus produtos, mas que
82
na mente do consumidor.
imagens representando os produtos, já conhecidos pela maioria das pessoas, por estarem no
interessante recurso para discutir com seus alunos a questão do papel da mulher na sociedade
demonstrando a mulher como mãe de família, esposa e dona-de-casa, mas também que há
aquelas que trabalham fora em tempo integral ou parcial e ainda cuidam dos afazeres
família e com produtos a serem utilizados para a manutenção de sua casa, sendo a
Sabe-se que a realidade torna-se conhecida quando se interage com ela. O aluno
Tênis Adidas
autoridade, nesse caso, coloca-se a Ciência, aqui com o sentido de um “conjunto organizado
83
palavra à que ele se refere em um exercício de fixação desse conteúdo. Podemos depreender
outras questões para melhor compreensão do texto apresentado, tanto no plano verbal como
no plano não-verbal.não-verbal.
tênis da Adidas.
esse recurso serve para complementar a idéia vaga contida no adjetivo “incompreensíveis”, o
das pessoas” sugere uma aproximação entre o produto e o consumidor, este não precisa sentir-
se desconfortável por não saber exatamente o que é “circuit training”, pois a Adidas, marca
sugerindo que o consumidor, ao adquirir o produto, vai ter status. Confere essa identidade por
meio do nome do tênis Circuit training e do slogan The brand with the three stripes (a marca
fornecer elementos aos alunos para inferirem sobre o veículo em que circulou esse anúncio.
marcas de calçados e roupas, a influência da língua estrangeira no meio cultural e social, pode
também ser uma estratégia de leitura diversificada e interessante para o educando, que tem
capacidade para observar, nessa faixa etária o uso cotidiano da língua estrangeira no comércio
do texto verbal e não-verbal, usa a declaração afirmativa, iniciada pela expressão “ciência”,
mais uma vez reforça uma das características da mensagem publicitária que é o apelo à
autoridade.
conhecimento do aluno, a partir da idéia exposta pelo anúncio, que a luta cotidiana para
jovens dos estratos de baixa renda, a se esforçar para poder ostentar uma roupa ou tênis de
igualdade social.
pode orientar os alunos para as questões associadas à cidadania: será que a condição para a
circulação no espaço público depende do uso de roupas ou calçados “de marca”? Os jovens
de mudanças pode ser representada pela discriminação social ou até mesmo racial?
86
Citelli (2004, p. 65) destaca que “discutir com os alunos as estratégias utilizadas
pelo discurso publicitário é importante para a compreensão dos valores sociais, culturais ou
discurso legitima a dominação das elites, e a publicidade constitui um exemplo claro, pois
Chocolates Garoto
seleção vocabular. De acordo com Carvalho (1996, p. 47), na seleção vocabular um dos
cuidados principais diz respeito à adequação dos termos ao público que o anúncio pretende
atingir; “um termo usual tem o poder de alcançar o grande ´público e obter alto grau de
compreensibilidade”.
busca de recursos expressivos que chamem a atenção do leitor, fazendo-o ler a mensagem que
lhe é dirigida, nem que para isso se infrinjam as normas da linguagem padrão ou se passe por
livro didático como parte de um exercício de linguagem e interação para realçar o valor do
complemento nominal através do texto verbal: “Tá com raiva do namorado? Morde aqui.”,
texto. Com a intenção de estimular o receptor a consumir o produto, nesse caso, o bombom, a
indiretamente atinge também os rapazes, visto que, implicitamente, ele quer dizer “Compre
bombons Garoto para sua namorada no caso de brigarem ou quando ela estiver com raiva de
pode perceber que o texto publicitário destina-se a um público jovem, primeiramente, pelo
emprego da forma verbal “tá”, em vez de “está”; em segundo lugar, pela mistura de
tratamento, já que “tá” (está) é uma forma verbal em terceira pessoa e “morde” é um
este deve atentar para o fato de que esse uso não pode ser freqüente quando falamos em
público, quando conversamos com pessoas mais instruídas ou que ocupam cargo ou posição
elevada, nesse caso, deve-se utilizar a linguagem formal, de modo mais cuidadoso, sem
expressões grosseiras, gírias e que não demonstre intimidade com o interlocutor. A linguagem
publicitária usa desse artifício, a linguagem informal, buscando aproximar o consumidor, seu
É possível expor aos alunos a questão das variantes lingüísticas, a norma culta e a
norma popular, coloquial, visto que a norma culta é o referencial de prestígio na sociedade,
conscientizar de que o uso da língua pode revelar o seu nível cultural, sua posição social e sua
capacidade de se adaptar a certas situações, o que interfere na sua forma de ser e ver o mundo,
aluno que o discurso publicitário “é um discurso matizado pela cultura em que está inserido,
um discurso que utiliza a língua da comunidade e escolhe o léxico mais aceito e a carga
lexical que lhe é inerente – assim como a imagem, produto e produtor da cultura”
manipulação. Temos como propósito mostrar aos alunos que se trata de uma manipulação
89
cotidiana para informar, seduzir e persuadir o público-alvo. Dessa forma, o professor deve
perceber que o texto verbal desse anúncio da Garoto aproxima o leitor/consumidor com o uso
pela cor - o amarelo e vermelho que estimulam o apetite -, pelo espaço tomado na
que este tem como objetivo não só o de oferecer um produto, mas também informar o
nosso aluno pode não conhecer e um comportamento social que era comum em décadas
passadas: fazer serenata para alegrar ou acalmar o coração da mulher amada e, dessa forma,
conquistá-la. Era uma forma de o homem agradar, seduzir sua pretendente, cantando em sua
isso o aluno poderá inferir que não é por acaso que na embalagem do bombom apresentam-se
os indícios de uma serenata: a lua, estrelas, corações, e a cor azul escura indicativa da noite
escura. Para ampliar ainda mais a compreensão leitora do aluno, o professor poderá fazer um
seminário sobre as diferentes maneiras dos jovens conquistarem suas pretendentes e como é a
situação atual de “ficar” e namorar, ampliando para a questão do respeito aos sentimentos do
outro.
que têm a função de formar as opiniões de seus receptores, a fim de lhes incutir uma ideologia
Trata-se, nesse caso, da propaganda, que pode ser definida atualmente como “o conjunto de
traz em si uma ideologia que pode provocar discussões entre os alunos, em sala de aula,
devido ao tema apresentado: o uso de drogas, abrindo-se a possibilidade de uma leitura mais
polissemia. O professor pode depreender com seus alunos que se trata de uma propaganda,
pois não visa vender um produto, mas apresentar uma idéia para que o público leitor informe-
demonstrando com o texto verbal e não-verbal, que quem usa drogas é estúpido, teimoso e
“curto” de inteligência, com idéias retrógradas; é também um asno porque se deixa conduzir
por elas, (o cabresto) não tem autonomia, ou seja, não consegue ser ele mesmo.
que pode ser empregada em diferentes situações, com diferentes significados, somente
esclarecidos pelo contexto - imagem e texto verbal, ou seja, é o conjunto desses elementos
que vai permitir a depreensão dos vários significados existentes numa só expressão
O uso dos verbos no modo imperativo, para exprimir uma ordem agressiva,
visando chocar o público leitor, pode conduzir o professor a desvendar o objetivo do anúncio
com o emprego dos verbos ser e usar. Pelo fato de tratar de produtos ilegais (drogas), busca-
92
exercem na propaganda.
as pessoas de que a droga é um mal e só a utiliza quem não pode discernir entre o que é bom e
o que é ruim, não sabe fazer escolhas certas, porque a ignorância não lhe permite.
Consideramos que a propaganda está voltada para a esfera dos valores éticos e
sociais, procura despertar nos leitores certa indignação. Esse desconforto com relação ao
assunto propagado na campanha sobre o uso de drogas com a frase “Seja burro”,
de drogas.
laranja, sugere a dureza e severidade, da mensagem verbal, curta e simples. As letras garrafais
que não o do consumo; ela é cada vez mais mobilizada para despertar uma tomada de
consciência dos cidadãos diante dos graves problemas do momento e modificar diversos
De acordo com os PCNs (1998), a intensidade dos desafios e das descobertas leva
a uma extrema valorização do convívio entre os próprios adolescentes e jovens, fazendo com
que a sociabilidade ocupe posição central na vivência juvenil; em seu grupo, os jovens
procuram buscar respostas para suas questões. O anúncio em questão, veiculado em uma
possibilita às mães desses adolescentes pararem para refletir sobre as influências das drogas
na vida dos filhos; como formadoras de opinião, vão direcionar sua opinião quanto aos
anúncio, cabe a ele propor uma atividade de discussão do tema proposto, elaborar um
responsáveis que tentam sempre esclarecer e auxiliar seus filhos quando dialogam sobre
assuntos que podem levá-los a caminhos muitas vezes prejudiciais à sua vida.
anúncio “Seja burro, use drogas”, explorando o entendimento de que as pessoas esclarecidas,
que sabem os problemas que o uso de drogas pode causar não se deixam levar por elas e sim
Shopping Continental
decisões positivas num determinado momento de sua vida, em seu convívio social.
leitura, devemos ponderar que esse tipo de discurso tem como objetivo provocar reações
certo ponto, reflexo e expressão da ideologia dominante, dos valores em que se acredita, pois
ela manifesta a maneira de ver o mundo de uma sociedade em certo espaço da história.
2003, p. 103).
uma forma de expressão que consiste em utilizar palavras em sentido figurado, isto é, em um
tanto na linguagem comum quanto na linguagem artística, literária e publicitária. Seu uso
95
adequado chama a atenção do receptor sobre a própria linguagem e sobre o emissor que as
figurado, por meio de uma associação subjetiva; enquanto que a metonímia trata da alteração
do sentido de uma palavra, expressão ou imagem, quando o sentido adquire uma relação de
inclusão ou de implicação, esta parte de uma relação objetiva entre a significação e o efeito
figurado (FIORIN & SAVIOLI, 1990, p. 123). Esses recursos expressivos são utilizados pela
feita por Carvalho (apud GONZALES, 2003, p. 97), “os recursos lingüísticos são bem
explorados na publicidade bem-feita (...) e para que se transformem numa eficiente ferramenta
Segundo Citelli (1995, p. 21), a metonímia nasce de uma relação objetiva entre a
sua significação própria da palavra ou imagem e o seu efeito figurado. Cabe ao professor
citadas: metáfora e metonímia, além de outros recursos para fazer com que o público leitor
fixe seu olhar nos textos verbal e não-verbal e assimile a idéia desejada.
e interação, a partir de uma colocação a respeito de uma entrevista realizada pela pesquisadora
criação da agência Italo Bianchi, Recife); “os mesmos de sempre: metáfora e metonímia”
se que se trata de uma mulher porque a mão é tipicamente feminina: delicada, com unhas
feitas.
que dá à mulher um papel familiar de mãe, ou seja, conota: a barriga (parte) e mãe (o todo);
97
barriga (efeito) e bebê (causa); barriga (continente) e bebê (conteúdo). Tem-se, dessa forma, a
metonímia – figura de linguagem que utiliza esse tipo de mecanismo para estabelecer entre
expressão “desse presente” foi empregada como se o presente já tivesse sido mencionado
anteriormente, sendo completada a idéia pela imagem, referindo-se à barriga que é substituída
pela palavra bebê, o esperado presente. Assim, a palavra presente foi empregada com o
sentido de outra, numa relação de intersecção, com isso temos outra figura de linguagem, que
é a metáfora.
“o processo metafórico capta com mais eficácia a atenção do leitor, preenchendo seu objetivo
partir daí, fazer com que ele se interesse pelo texto e, conseqüentemente, pelo que é
propagado”.
ambigüidade como meio de atrair a atenção do público. Publicado às vésperas do dia das
mães, data em que convencionalmente os filhos dão presente às mães, pode-se depreender que
a mãe não deixará de receber seu presente, pois o bebê é o próprio presente.
O termo “o que vem depois”, então, pode ser interpretado de diferentes formas: se
a barriga é o presente, então “o que vem depois” é o bebê; mas também podem ser as alegrias
que o filho vai trazer, ou os presentes que ele vai dar à mãe futuramente.
esposas estão grávidas; em segundo lugar, a todos os homens e mulheres que um dia também
sentido da mensagem no contexto em que se insere, a partir dos recursos retóricos de que
Todo esse estudo foi realizado nas atividades de linguagem e interação do livro
realizando uma leitura que amplie os conhecimentos do aluno em seu cotidiano, visando
Além desse estudo realizado pelos autores do livro, o professor poderá trabalhar a
problemática do consumismo crescente, pois a valorização que se deu ao dia das mães é de
cunho comercial, modificando nossa cultura. As mães esperam ganhar presentes e os filhos
refletirem sobre qual seria o melhor presente que as mães gostariam de receber de seus filhos
Doenças do frio
o anúncio abaixo trata de uma propaganda ideológica, voltada para a esfera dos valores
conselho, é um convite à ação. Às vezes, ele é empregado de uma forma indireta, ocultando a
real intenção do texto. No texto a ser analisado a seguir foi usada a forma direta.
recorre a apelos verbais e visuais que objetivam fazer acreditar naquilo a que se propõe por
meio da idéia básica “Proteja-se”. Estes apelos são demonstrados nas imagens, formas, cores,
fazem parte de um mesmo campo semântico: proteja-se, prevenir, procure, médico, resolver,
doutor, para chamar a atenção do leitor quanto à intenção do texto, isto é, a mensagem que o
influência da marca, do emissor da mensagem veiculada pelo anúncio, expondo que esta
100
publicidade não possui a marca, o emissor da mensagem. Esse foi um lapso dos autores do
livro, que devem ter recortado por algum motivo o nome do anunciante; acredita-se que há
uma outra parte e que ocorreu uma falha dos autores que só se preocuparam com a mensagem
sinusites, otites e pneumonias) que ocorrem, com maior freqüência, no inverno. Na imagem
apresentada, o aluno pode observar um cachecol com sentido metafórico de proteção e inferir
que é uma forma sugerida para a prevenção dessas doenças, agasalhar-se bem para evitar as
doenças. Caso essa proteção não resolva, aponta-se uma outra solução: que procure um
possessivo “seu” que está relacionado à idéia de posse, concordando a coisa possuída
(médico) com o possuidor (doente), indicando também uma proximidade entre as pessoas do
discurso.
em sua forma de interagir, reforça o individualismo: o que interessa é a sua prevenção (“se
prevenir”: o sujeito é agente e paciente da ação verbal, portanto sua ação reflete em si
pronome apassivador “se”, ainda com o uso do verbo “procure” na terceira pessoa do
corpo de uma pessoa, juntamente com a frase “Proteja-se”, faz com que esta apresente um
101
duplo sentido: um veiculado pela imagem, proteger-se do frio, e pelo texto, no sentido de se
expressando um conselho, além de estar grafado com letras maiores, para chamar a atenção
do público leitor para a mensagem principal do texto. Na frase “O doutor sabe do que se
trata”, as formas verbais ‘sabe’ e ‘trata’ foram empregadas no modo indicativo, porque o fato
de o doutor saber do que se trata é real, certo, gerando a confiabilidade na ideologia do texto.
complemente a informação do texto verbal, com isso podemos inferir que a cor vermelha
mensagem.
oportunidade de intensificar a compreensão leitora de seu aluno, atentando para a questão dos
apresentada no uso de termos que despertam a atenção do leitor por meio de algo já
conhecido; são jogos de palavras que facilitam a comunicação, levando o leitor a reviver suas
expressão.
coordenativas adversativas na oração, por meio do texto verbal “Não é um pezinho de coelho,
mas traz muita sorte”, fazendo substituições da conjunção “mas” por, entretanto, todavia,
porém, para demonstrar as diferentes formas do uso das conjunções. Ainda analisando o texto
103
verbal, podemos depreender com o aluno que a oração “traz muita sorte” é introduzida pela
conjunção “mas”, dando a idéia de adversidade, retomando o assunto da oração anterior: “Não
carisma pelo bebê que está representado na imagem sobre as mãos de um adulto.
claro de provocação de lembranças em seu receptor. Inicia o texto verbal com uma
adivinhação: “O que é, o que é?” e continua com a situação “– Não é um pezinho de coelho
mas traz muita sorte.”, numa tentativa de predizer o futuro, usando uma forma da linguagem
popular brasileira que desperta no leitor seus esquemas mentais, tornando o texto familiar ao
leitor/ consumidor. A pressa e a rapidez que caracterizam esse tipo de mensagem contribuem
existente nas pessoas sobre a sorte com o uso do pé de coelho, uma questão folclórica da
população em geral, buscando convencer o público leitor de que “sorte e futuro” têm quem
demonstra que os adultos devem proteger o futuro de seus filhos fazendo uma poupança
especial, um bebê que terá seu futuro garantido e “muita sorte”. Usa o verbo traz no tempo
presente para afirmar a urgência de se participar dessa oportunidade: garantir o futuro de seu
filho, referindo-se ao ato de poupar e que esse futuro está nas mãos dos adultos que devem
tomar a iniciativa.
conotações sejam depreendidas a partir da mensagem não-verbal e verbal, a fim de que eles
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possam ser sujeitos de seu processo de aprendizagem e construam significados para aprender,
por meio das informações e interações que o texto pode proporcionar. Dessa maneira poderão
Calçados Kildare
apresentado no livro didático pelos autores para exemplificar o uso das orações subordinadas
substantivas reduzidas.
105
com uma oração desenvolvida (É bom que você use um Kildare), que apresenta o verbo no
modo subjuntivo e é introduzida pela conjunção que. O anúncio foi trabalhado somente nessa
situação gramatical, mas cabe ao professor fazer uma leitura mais aprofundada da conotação
correspondem à tentativa de fazer as palavras relacionarem-se com o sentido que o texto quer
passar. Remete a uma sensação de leveza, por meio da cor azul, num tom mesclado de claro e
mais escuro, dando a impressão de levitação, demonstrando ao leitor o conforto que o uso dos
sapatos dessa marca traz para seus pés, como se tivesse andando nas nuvens, tamanha a
O que mais chama a atenção é o texto verbal, sua disposição na página, assim
levando o receptor a entender que se não tem amaciantes de sapatos, deve usar um Kildare,
que já é macio. A situação demonstrada pelo texto “Ainda não inventaram amaciante de
sapatos. É bom você usar um Kildare”, é complementada pelo slogan “Calçado começa com
K”, com a repetição dos elementos de uma mesma cadeia sonora /K/. Esse recurso é chamado
movimentos.
inconsciente, tornando mais agradável à frase e dando maior musicalidade aos seus contornos
inferir sobre a disposição dos sapatos apresentados no anúncio, os quais sugerem um baralho
disposto para que se faça uma escolha. Na revista Veja, metade dos leitores são homens e
outra metade são mulheres, ou seja, os homens, como público-alvo da revista, têm o hábito de
jogar baralho e essa relação entre sapato masculino e baralho, indicada no anúncio, tem o
a marca e o slogan. Para obter tais resultados, utiliza uma forma verbal manipulável e curta
(CARVALHO, 1996, p. 95). O texto em questão torna-se bastante expressivo com o uso
A educação não tem usado o poder que possui. A utilização pedagógica dos meios
finalidade mais abrangente - é a preparação para a cidadania e o bom proveito dos recursos da
mídia em outros ambientes sociais - constituem um caminho possível para uma mudança de
postura dos alunos, tão dinâmicos quanto o meio social em que vivem, em contato com a
afirma que hoje tanto os meios de comunicação passaram a funcionar como mediadores dos
processos educativos, quer formais quer informais, como a escola deixou de ser a exclusiva
Com isso, a escola precisa, pelo trabalho com a leitura, exercitar novas linguagens
meio social, nas revistas, nos jornais, outdoors, na televisão, nos livros, na internet, enfim, em
sua vida diária. Essas mensagens interferem tanto no nível dos acontecimentos, ou seja, no
leitores para ter êxito”; “o processo de “leitura”, em si, requer energia e esforço de
interpretação”, citando como exemplo os jogos de palavras, às vezes tão difíceis de decifrar. É
interessante a colocação dos autores de que o conteúdo dos meios de comunicação de massa
pode ser considerado como uma celebração de experiências comuns, de sonhos e esperanças
O “compreender” deve ser visto como uma forma de ser, insurgindo das atitudes
do leitor diante do texto apresentado, assim como do seu conteúdo, seja ele verbal ou não-
verbal. O texto deve ser visto como uma percepção ou panorama dentro do qual os
significados são atribuídos por meio dos conhecimentos adquiridos e percebidos pelo
educando. Nesse sentido, não basta decodificar as representações indiciadas por sinais e
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transformando-o e se transformando.
Todo aluno deve saber que a leitura pode ser útil para muitas coisas, que não
se restringe a um exercício ou a uma tarefa escolar distante de sua realidade
e que tampouco se esgota enquanto fonte de sabedoria e poder de sedução
nas mesmas carteiras em que ele se esforça por aprender a escrever, a fazer
contas, a se informar e até, na melhor das hipóteses, a construir os
rudimentos possíveis do saber científico. A leitura pode começar, de modo
formal e disciplinado, na escola, mas não pode encerrar-se nesta. E, nesta, o
professor desempenha uma função fundamental e positivamente
contraditória (GARCIA, S. C. G. e SILVA, A M., 2002, p. 373).
conhecimento seguro ao seu intérprete, que quase não precisa do léxico lingüístico para
entender o texto. Reaprender a ler o texto sincrético (formado por mais de uma linguagem),
sem desprezar nenhum dos seus elementos constitutivos, é um imperativo da nossa era. Sabe-
se que o verbal ancora o não-verbal e vice-versa, mas isso não significa que um deve ser
mídia e escolher a que melhor se adapte ao olhar de seu aluno ou que está disponível em seu
CONSIDERAÇÕES FINAIS
leitor competente mostrou-se um caminho viável porque a partir dele é possível abordar
ideológicos tratados na sala de aula podem funcionar como ponto de partida para o
meios de comunicação.
nas particulares – não deve se limitar aos conteúdos nele propostos, mas o professor criativo
Dessa forma, a escola deve ser um espaço aberto a todos os gêneros textuais, sem
preconceitos. Cabe ao professor ter formação adequada para direcionar o processo de ensino-
aprendizagem, fazendo uma leitura crítica desses textos, assim formando leitores
competentes.
destinado aos estudos, se estiverem motivados para aprender. É preciso ter em mente que são
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certas práticas culturais, e não como mero instrumental mercadológico manipulador a serviço
implicados tanto pelo sistema hegemônico da estrutura econômica quanto pelas práticas
Um dos objetivos educacionais é que o aluno seja receptivo a textos que rompam
com seu universo de expectativas, por meio de leituras desafiadoras para sua condição atual,
dos alunos da escola pública, tomando como objeto de análise, reflexão e produção, o texto
publicitário.
conhecimento de mundo, entrar em contato com algo novo; além de mostrar, pela sua
linguagem ou discurso, os recursos comuns usados na língua portuguesa, tanto formais quanto
escolares, surge a possibilidade de se atingir uma leitura crítica diante das muitas informações
enriquecer o ensino e ampliar sua capacidade de leitura e com isso, ampliar a competência
leitora de seus alunos, sabendo utilizar os textos veiculados no livro didático adequadamente.
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Nosso objetivo enquanto educador é trabalhar a questão das influências dos meios e formas de
Temos a possibilidade, a partir desse estudo, de mostrar que a educação poderá ser
capaz de usar sua força para o desenvolvimento do senso crítico, o que pode interromper um
Compartilhamos com a idéia de Mello (1985, p. 28), de que “só o indivíduo capaz
de fazer uma leitura permanente do mundo, tentando captar os signos do seu dinamismo para
nele interferir e atuar, sente-se motivado para a leitura da palavra”. Nossos alunos, então,
devem ser capazes de analisar o que estão vendo, refletindo sobre o que “engolem” no
cotidiano, a partir das mensagens implícitas e explícitas dos textos, para deixarem de ser
e decidir sobre o que quer ou não, se é viável adquirir o produto, conforme suas condições
escola pode ser um local imprescindível para a transformação social e cultural. Por isso, a
insistência na necessidade de se considerar que essa instituição não seja somente transmissora
de conhecimentos acumulados pela humanidade, mas que deve ser vista como um espaço
onde ocorra uma relação comunicacional entre seus elementos. Com base nos conhecimentos
acumulados originários das múltiplas informações colhidas pelos educandos em seu cotidiano,
sentido dado a essas formas de comunicação, sua importância e estratégias utilizadas para
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