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FÍSICA II – Licenciatura em Engenharia da Segurança

2018/19

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Índice

1. LEIS GERAIS DA ELECTRICIDADE ................................................................................................ 3


1.1. Introdução. Noções gerais sobre a estrutura da matéria. ..................................................... 3
1.2. Tensão Elétrica ....................................................................................................................... 6
1.2.1. Formas de produzir a Tensão Elétrica ............................................................................. 7
1.3. Corrente Elétrica .................................................................................................................... 9
1.4. Resistência Elétrica............................................................................................................... 10
1.4.1. Condutores .................................................................................................................... 11
1.4.2. Isolantes ........................................................................................................................ 11
1.4.3. Resistência elétrica........................................................................................................ 13
1.5. Múltiplos e Submúltiplos das Unidades ............................................................................... 18
1.6. Circuito elétrico .................................................................................................................... 19
1.7. Lei de Ohm ........................................................................................................................... 20
1.8. Variação da resistência de um condutor com a temperatura ............................................. 21
1.9. Associação de Resistências .................................................................................................. 22
1.9.1. Resistências em série .................................................................................................... 22
1.9.2. Resistências em paralelo ............................................................................................... 24
1.9.3. Circuito misto ................................................................................................................ 26
1.10. Lei de Joule. Potência elétrica ............................................................................................ 26
1.11. Leis de Kirchhoff ................................................................................................................. 29
1.12. Divisor de tensão e divisor de corrente ............................................................................. 31
1.13. Potencial ao longo de um circuito...................................................................................... 33
1.14. Teorema de Thévenin ........................................................................................................ 33
1.15. Fontes de tensão e fontes de corrente .............................................................................. 35

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1. LEIS GERAIS DA ELECTRICIDADE

1.1. Introdução. Noções gerais sobre a estrutura da matéria.


Há poucas décadas desenvolveram-se inúmeras possibilidades de aplicação da energia elétrica,
presente em todos os setores da nossa vida, seja no lar, na indústria, no comércio ou no trânsito.
Com o emprego da eletricidade em aparelhos, máquinas e equipamentos industriais, trabalhos
manuais e mentais foram facilitados ou mesmo substituídos. Através da energia elétrica, pode-
se produzir luz, calor, ação magnética ou fenómenos químicos.

Para o estudo dos fenómenos elétricos, não se pode imaginar uma disciplina de estudo
isoladamente. Serão necessários estudos em outras disciplinas, como a química, por exemplo.
Assim como a física visa explicar os fenómenos da natureza, a eletricidade (parte da física) visa
explicar os fenómenos elétricos, às vezes sem justificá-los, afinal são fenómenos da natureza!

O que acontece é uma transformação de energia, afinal “na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”. A energia elétrica é transformada em outra forma de energia, através de
um aparelho ou máquina elétrica, como a batedeira (energia mecânica de rotação), a lâmpada
(energia luminosa), o chuveiro (energia térmica) etc.

Matéria

É tudo o que existe e ocupa lugar no espaço. Tudo o que existe no universo é composto por
matéria, e toda matéria é composta por átomos.

Se pegarmos num punhado de sal de cozinha (cloreto de sódio), o dividirmos em partes, e cada
parte for novamente dividida, chegaremos a um grão. Continuando a divisão, chegaremos à
molécula NaCl. Se dividirmos esta molécula, teremos um átomo de sódio (Na) e um átomo de
cloro (Cl). Se dividirmos um átomo de sódio ou cloro, teremos então protões, neutrões e
elétrões. Veja que, até a divisão da molécula em dois átomos, podíamos diferenciar as matérias,
após a divisão dos átomos, não podemos dizer a quem pertencia um protão qualquer.

Átomo

É a menor partícula divisível que ainda conserva seu estado de matéria.

Figura 1 - Processo de divisão da matéria até a obtenção do átomo

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O átomo é composto de um núcleo, onde se encontram os protões e os neutrões. Os protões
possuem carga elétrica positiva, e os neutrões não possuem carga elétrica.

Ao redor do núcleo, estão os eletrões em movimento orbital e dispostos em camadas. Os


eletrões são atraídos ao núcleo por uma força eletrostática, mas, como estão em movimento,
não chocam com o núcleo, devido à força centrífuga que tende a afastá-los.

Figura 2 - Estrutura do átomo

Curiosidades do átomo:

Um átomo em equilíbrio possui o mesmo número de protões e eletrões. Caso o átomo possua
maior número de protões, haverá uma força que tentará captar eletrões para o seu equilíbrio.
Caso o átomo possua maior número de eletrões, então a força irá expulsar eletrões para seu
equilíbrio. Para o equilíbrio completo, o átomo deverá ter 8 eletrões na última camada. Para
isto, os átomos agrupam-se, doando ou compartilhando os seus eletrões da última camada,
formando as moléculas.

A lei da eletrostática diz que “cargas de mesmo sinal se repelem, e cargas de sinal diferente se
atraem”.

Figura 3 – Comportamento dos potenciais elétricos

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Sabe-se da Física que qualquer substância é constituída por partículas atómicas carregadas,
rodeadas por um Campo Eletromagnético.

Uma das propriedades das partículas atómicas é a chamada carga elétrica.

A carga elétrica é uma grandeza que se manifesta por forças de atração ou repulsão entre
partículas.

Através da experiência somos levados a concluir que há duas espécies de cargas elétricas –
cargas positivas e cargas negativas; e ainda que, cargas do mesmo sinal se repelem e cargas de
sinal contrário se atraem.

Passaremos então a poder resumir de uma forma sistemática os factos observados


experimentalmente e a poder adotar um modelo simples para a sua representação.

O modelo utilizado obedece às três “regras” referidas anteriormente:

• existência de duas espécies de cargas (positivas e negativas);


• repulsão entre cargas do mesmo sinal;
• atração entre cargas de sinal contrário.

Assim, além das forças gravitacionais de atração que atuam sobre todas as partículas atómicas,
existem também as forças repulsivas e atrativas de origem elétrica.

Contudo, na maioria das situações que iremos considerar, as forças gravitacionais podem ser
desprezadas em função das forças elétricas existentes.

Verifica-se então que, qualquer corpo pode ou não estar eletricamente carregado, ou seja,
possuir uma determinada quantidade de carga elétrica, pois a carga elétrica é uma grandeza
quantificável.

Relembre-se também que, a carga elétrica pode ser facilmente transferida de um corpo para
outro, uma vez que a carga elétrica é uma grandeza que se conserva.

Resumindo, a carga elétrica de uma partícula atómica é a propriedade que explica a “ligação”
entre essa partícula e o Campo Eletromagnético por ela criado.

Constituição do átomo

O modelo atómico proposto por BOHR no início do século, embora atualmente não seja
considerado inteiramente correto é, contudo útil para a visualização da estrutura atómica.

Assim, Bohr considerou o átomo constituído por um núcleo central cuja carga elétrica se
convencionou ser positiva. Gravitando à volta desse núcleo, em órbitas definidas, existem
partículas cuja carga elétrica se considerou negativa, chamada eletrões.

A massa do átomo encontra-se praticamente toda concentrada no núcleo; os eletrões têm


massa aproximadamente desprezável relativamente à massa do núcleo.

O núcleo é essencialmente constituído por duas espécies de partículas: os protões cuja carga é
positiva e os neutrões que são partículas sem carga elétrica.

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No estado normal o átomo é constituído por igual número de protões e eletrões e como a carga
elétrica do protão é numericamente igual à do eletrão (embora uma seja positiva e outra
negativa), resulta que no conjunto o átomo não tem carga elétrica, isto é , é eletricamente
neutro.

Todavia, os átomos podem ganhar ou perder um ou mais eletrões tornando-se electricamente


carregados e recebem o nome de iões (positivos ou negativos).

Chamam-se eletrões livres, os eletrões que devido à sua fraca ligação ao núcleo, se “libertam” e
circulam livremente pela estrutura atómica do material.

Refira-se que, como os protões do núcleo são cargas todas positivas, exercem entre si forças
elétricas de repulsão; contudo, o núcleo mantém-se coeso devido às forças nucleares que atuam
em oposição às anteriores.

As cargas elétricas (em repouso ou em movimento) criam um campo elétrico em toda a região
do espaço que as circunda. E esse campo atua sobre qualquer outra carga elétrica que se
coloque na sua presença, com uma força de origem elétrica (dada pela lei de Coulomb).

Tudo se passa como se o campo elétrico desempenhasse o papel de transmissor da interação


entre as cargas.

Diz-se, portanto, que num dado ponto do espaço existe um campo elétrico, quando uma força
de origem elétrica se exerce sobre uma dada carga colocada nesse ponto.

Quando um átomo possui um maior número de protões que de eletrões, dizemos que ele está
carregado positivamente com carga +q e chamamos de ião positivo. Quando um átomo possui
um maior número de eletrões que de protões, dizemos que ele está carregado negativamente
com carga -q e o chamamos de ião negativo.

Quanto maior a diferença entre o número de protões e de eletrões, maior será a carga elétrica.
Se dois corpos estão carregados eletricamente (com sobra ou falta de eletrões), podemos
comparar os seus potenciais e saber qual o corpo que está mais carregado. A isto damos o nome
de tensão elétrica ou diferença de potencial (d.d.p.).

1.2. Tensão Elétrica


Tensão elétrica é a diferença de potencial entre dois corpos, medindo o quanto um corpo está
carregado em relação a outro. A unidade de medida é o VOLT [V] .

Considere os corpos a seguir:

Figura 4 – Medição da diferença de potencial entre os corpos

Em todas as medições, o corpo A estava mais carregado que o corpo B.

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Assim como em medidas de comprimento, para medir uma diferença de potencial, precisamos
estabelecer uma referência, isto é, com o que estamos a comparar.

Vamos analisar uma pilha elétrica. Ela possui dois polos: um positivo e outro negativo. No polo
positivo, haverá falta de eletrões, e no polo negativo, haverá excesso de eletrões. Sabemos que
a pilha é de 1,5 Volts, mas o que representa isto? Representa que no polo positivo há uma
diferença de potencial de 1,5 V em relação ao polo negativo.

Figura 5 – Pilha elétrica e o seu símbolo (fonte)

O instrumento utilizado para medir a tensão elétrica é o voltímetro. Como ele mede a diferença
de potencial entre os terminais de um componente (pilha), deve ser ligado em paralelo.

Figura 6 – Medição da tensão

1.2.1. Formas de produzir a Tensão Elétrica


A tensão elétrica é a diferença de potencial entre dois corpos, portanto, para que haja tensão
elétrica, devemos carregar os corpos eletricamente, isto é, retirar eletrões dos átomos de um
corpo e injetá-los no outro.

Figura 7 – Processo de carga de um corpo

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Geração de Tensão por Atrito

Ao friccionarmos dois corpos, os eletrões da última camada de um corpo acabam por passar
para o outro corpo, devido ao atrito.

Geração de Tensão por Calor

Ao aquecer o ponto de contato entre dois metais deferentes, aparece uma pequena tensão. O
valor desta tensão depende da temperatura. Este fenómeno é utilizado para medir a
temperatura de fornos.

Geração de Tensão por Pressão

Quando um cristal é submetido à tração ou compressão, produz-se tensão elétrica entre as suas
superfícies. O valor desta tensão é proporcional à pressão exercida sobre as superfícies do
cristal. Este fenómeno é utilizado em microfones de cristal, captadores de instrumentos
musicais, células de carga para balanças etc.

Geração de Tensão por Luz

A luz que incide sobre determinados materiais (silício, germânio, selénio) provoca uma
separação das cargas elétricas. O valor desta tensão depende da intensidade da luz. Este
fenómeno é aplicado em painéis solares, calculadoras com painel solar etc.

Geração de Tensão por Eletrólise

Submergindo duas placas de materiais diferentes em um líquido condutor (eletrólito), as placas


carregam-se, isto é, produzem tensão elétrica. O valor da tensão depende do material dos
elétrodos. Este fenómeno é utilizado em pilhas e baterias.

Geração de Tensão por Magnetismo

Quando se movimenta um íman próximo de uma bobina, produz-se uma tensão induzida. Este
método é o mais utilizado para produção de eletricidade em larga escala. É o princípio de
funcionamento dos geradores e dínamos.

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1.3. Corrente Elétrica
Analise dois corpos carregados eletricamente e, entre eles, coloque um corpo eletricamente
neutro.

Figura 8 – Circulação das cargas elétricas

O corpo B, positivamente carregado, irá “roubar” um eletrão do primeiro átomo do material


intermediário, este ficará em desequilíbrio e “roubará” um eletrão do átomo vizinho, até que o
último átomo do material intermediário “roube” eletrões do corpo A, onde há justamente
excesso de eletrões.

A essa circulação de cargas elétricas (no caso o eletrão) damos o nome de corrente elétrica, e é
ela que irá executar algum tipo de trabalho, seja aquecimento, iluminação, força etc.

CORRENTE ELÉTRICA é a circulação de cargas elétricas num meio material.

Consideremos um condutor, com a seguinte forma, sob a ação de um campo elétrico exterior.

Figura 9 – Condutor sob a ação de um campo elétrico (E) exterior

O valor da intensidade de corrente elétrica depende da “quantidade” de eletrões livres que


atravessam uma secção reta do condutor, por unidade de tempo.

Suponhamos que n eletrões atravessam a secção reta de área S do condutor, num dado sentido,
no intervalo de tempo t.

Sendo a carga de cada eletrão q0 então a carga total que atravessa a secção reta S do condutor
no intervalo de tempo t, será:

Q = n.q0 Com q0 = - 1,6 * 10-19 C

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A intensidade de corrente elétrica será a carga total que passa num determinado sentido na
secção reta do condutor, na unidade de tempo:

A unidade do Sistema Internacional de medida de intensidade da corrente elétrica é o ampere


[A]. Como a corrente elétrica é um fluxo de cargas, devemos medir este fluxo por uma unidade
de tempo, logo, ampere significa fluxo de cargas por segundo.

Um ampere equivale ao fluxo de 6,25 x 1018 eletrões por segundo.

O instrumento para medida da intensidade de corrente elétrica é o amperímetro. Como a


corrente elétrica é um fluxo, para a sua medição, ela deverá passar através do instrumento, que
deve ser ligado em série.

Figura 10 – Símbolo do amperímetro

1.4. Resistência Elétrica


Vimos anteriormente (Figura 8) que um corpo eletricamente neutro serviu de caminho para a
corrente elétrica do corpo A para o corpo B, isto porque os seus eletrões da última camada
podiam ser capturados por outros átomos. Mas se estes eletrões estivessem firmemente presos
ao núcleo? Neste caso não haveria condução de corrente elétrica.

Existem materiais que possuem os eletrões da última camada com pouca atração ao núcleo,
sendo facilmente capturados por outros átomos. Na verdade, estes eletrões não são ligados a
átomo algum, estando ali apenas para dar equilíbrio ao átomo, e ficar a circular pela estrutura
do material. A estes eletrões damos o nome de eletrões livres.

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Figura 11 – Eletrão livre

Qualquer corpo pode possuir no seu interior um determinado número de eletrões livres. Esses
eletrões livres podem existir em grande quantidade ou serem em número muito reduzido,
dependendo do tipo de material que constitui o corpo. Esses eletrões movem-se
desordenadamente no interior do material.

Quando se aplica um Campo Elétrico exterior a um dado corpo, as forças do Campo Elétrico vão
atuar sobre os eletrões livres desse corpo, deslocando-os todos no mesmo sentido e então dois
casos podem ocorrer: ou temos um material (corpo) condutor ou temos um material (corpo)
isolante.

1.4.1. Condutores
São materiais que no interior dos quais possuem um grande número de eletrões livres, que se
movem contínua e ordenadamente por ação de um campo elétrico exterior, servindo como
meio de condução da corrente elétrica. Ex.: cobre, ouro, alumínio, zinco, chumbo, prata, etc.

Outros materiais não possuem eletrões livres, logo, se os colocarmos entre dois corpos em que
há diferença de potencial, não haverá corrente elétrica, pois os átomos não irão ceder eletrões.

1.4.2. Isolantes
São materiais que no interior dos quais não possuem eletrões livres na sua estrutura, ou
existem em muito pequena quantidade, e que portanto, quando se aplica a esse material um
campo elétrico exterior muito poucas cargas se podem movimentar e como tal não conduzem
corrente elétrica. Ex.: borracha, amianto, madeira, vidro, mica, plástico, etc.

Estes materiais que dificultam a passagem de corrente elétrica, dizemos que possuem uma
resistência elétrica. A resistência elétrica é função da força com que os eletrões são atraídos ao
núcleo.

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Isolantes Condutores
Borracha Cobre
Ar seco Prata
Vidro Alumínio
Parafina Volfrâmio
Mica Zinco
Plásticos Latão
Baquelite Níquel
Porcelana Estanho
Cera Platina
Papel parafinado Ferro
Vidro comum Bronze
Fibra Carvão
Óleos minerais Ouro
Etc etc

Um qualquer isolante pode passar a comportar-se como condutor, se a intensidade de


Campo Elétrico a que estiver sujeito, ultrapassar certos limites, dá-se então a perfuração
do isolante. Haverá eletrões que deixam de estar ligados ao núcleo e que passam a
comportar-se como eletrões livres.

Rigidez dielétrica – é o máximo valor da intensidade de Campo Elétrico a que um


isolante pode estar sujeito sem perder as suas propriedades de isolante.

Quando num material há movimento ordenado, contínuo e estável de eletrões livres,


por ação de um Campo Elétrico exterior, diz-se que existe corrente elétrica nesse
material.

A corrente elétrica é portanto um movimento ordenado, contínuo e estável de eletrões


livres, sob o efeito de um Campo Elétrico exterior aplicado a um material condutor. A
corrente cessará quando deixar de atuar o Campo Elétrico exterior que a originou.
Vejamos o que se passa nos condutores sólidos do tipo dos metais. À temperatura
ambiente, os eletrões livres existentes numa dada porção de metal movem-se
desordenadamente no seu interior, isto é, há uma agitação de eletrões livres no interior
do metal. Se considerarmos uma qualquer secção de uma porção de metal, pode dizer-
se que o número de eletrões livres que atravessam essa secção para um e para outro
lado é, em média, igual. Não se pode portanto, considerar a existência de qualquer
corrente elétrica. Aplicando um Campo Elétrico exterior a essa porção de metal,
sobrepor-se–à ao movimento de agitação dos eletrões livres, um movimento constante,
orientado e ordenado desses eletrões livres a que chamamos corrente elétrica.

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Arbitrou-se que o sentido positivo da corrente elétrica é o sentido oposto ao do
movimento dos eletrões livres; a corrente elétrica tem portanto o sentido dos potenciais
decrescentes.
Esses eletrões livres ao moverem-se vão chocar com as outras partículas estacionárias
que formam a rede cristalina do metal (protões, neutrões e eletrões não livres); essas
colisões são a causa da resistência oferecida pelo material condutor à passagem da
corrente.
Quando se dá a colisão, o eletrão perde parte da energia cinética que o Campo Elétrico
lhe tinha fornecido (porque perde velocidade); essa energia libertada é transmitida ao
metal e vai aumentar a energia térmica dos iões e portanto aumentar a temperatura do
material condutor (efeito de Joule). Portanto, a passagem da corrente elétrica provoca
um aumento da temperatura do material.
Notar também que o aumento da temperatura faz aumentar a agitação térmica
(movimento desordenado) dos eletrões livres, logo aumenta o número de colisões entre
esses eletrões livres e as partículas estacionárias que formam a rede cristalina do metal.
Assim, aumenta a resistência do condutor metálico quando aumenta a temperatura.
Após cada colisão os eletrões livres são novamente acelerados, pois ficam novamente
sujeitos às forças do Campo Elétrico. O movimento dos eletrões livres é portanto, uma
sucessão de acelerações (provocadas pelas forças do Campo Elétrico) e desacelerações
(provocadas pelos choques) e tudo se passa como se os eletrões livres se deslocassem
com uma velocidade média constante resultante das diversas acelerações e
desacelerações.

1.4.3. Resistência elétrica


É a oposição que um material apresenta à passagem de corrente elétrica.

A unidade de medida da resistência elétrica é o OHM [Ω]. Para medir a resistência elétrica de
um material utiliza-se o OHMÍMETRO, instrumento destinado a este fim. Como o ohmímetro
utiliza um circuito eletrónico propriamente alimentado, não devemos ligar este instrumento a
um material submetido a uma tensão elétrica, pois pode danificar o instrumento. Portanto, para
medir resistência elétrica o circuito deve estar sem alimentação (desenergizado).

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Figura 12 – Símbolo de ohmímetro

Mesmo os materiais condutores, na prática, possuem resistência elétrica, e esta resistência


depende de três fatores:

• Resistividade (ou resistência específica), ;


• Secção do material, S;
• Comprimento do material, l.

Em que, nas unidades do SI:

R - ohm []

 - ohm x metro [.m]

l – comprimento [m]

S – área [m2]

A grandeza que representa o inverso da resistência (R) de um condutor chama-se condutância


(G). Logo teremos,

e se ao inverso da resistividade () se chamar condutividade (), poderemos escrever:

Em que, nas unidades do SI:

G -inverso de ohm []-1 ou Siemens [S]

 - condutividade - inverso de ohm x metro [.m]-1

l – comprimento [m]

S – área [m2]

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Resistividade (ou resistência específica), 

É um coeficiente de resistência, retirado de uma tabela onde todos os materiais possuem o


mesmo comprimento, mesma seção e mesma temperatura, diferenciando-se apenas na
natureza do material.

Tabela 1 – Resistência específica ou resistividade de materiais

Secção do material, S

Quanto maior a seção, mais eletrões podem passar ao mesmo tempo.

Figura 13 – Secção do condutor

Comprimento do Material

Quanto maior o comprimento, maior a resistência apresentada.

Figura 14 – Comprimento do condutor

Resistências

São componentes dotados de uma resistência com valor conhecido. Normalmente, são feitos
de carbono ou de fio. A sua finalidade no circuito é limitar a passagem de corrente elétrica.

Figura 15 – Aspeto físico das resistências

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Figura 16 – Simbologia

O valor da resistência vem impresso no corpo da mesma, mas, em alguns casos, devido ao
pequeno tamanho, o valor vem em forma de código de cores.

Tabela de Código de Cores das Resistências de 4 Bandas

O significado de cada banda é indicado nas Tabelas 2 e 3. Convém referir que a mesma cor pode
ter significados diferentes consoante a resistência seja de precisão ou normal.

Nas resistências mais comuns, o significado de cada banda é o seguinte:

• A 1ª e a 2ª banda indicam os dois primeiros algarismos do valor nominal da resistência,


N1 e N2;
• A 3ª banda indica o fator multiplicativo do valor nominal da resistência, que pode ser
10-2, 10-1, 1, 10, 100,..., 109;
• A 4ª banda indica a tolerância do valor nominal da resistência, a qual pode ter valores
típicos de 5%, 10% e 20%. Estas tolerâncias são as mais comuns no mercado.

Tabela 2 – Código de cores das resistências de 4 bandas

Figura 17 – Resistência de 4 bandas de carvão

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A figura anterior apresenta uma resistência de 4 bandas, que contém as seguintes cores:

• 1.ª banda: verde – 5


• 2.ª banda: azul – 6
• 3.ª banda: vermelho - 2  102
• 4.ª banda: ouro – 5%

Estas bandas codificam a informação relativa a uma resistência de 5,6 kΩ e 5% de tolerância,


portanto com um valor nominal compreendido entre 5,3 kΩ e 5,9 kΩ.

Tabela de Código de Cores das Resistências de 5 Bandas

Nas resistências de precisão o significado de cada uma das cinco bandas é o seguinte:

• A 1ª, 2ª e 3ª bandas indicam os três primeiros algarismos do valor nominal da


resistência, N1, N2 e N3, respetivamente;
• A 4ª banda indica o fator multiplicativo do valor nominal da resistência, que pode ser
10-2, 10-1, 1, 10, 100,..., 109;
• A 5ª banda indica a tolerância do valor nominal da resistência, que neste caso pode ser
0,5%, 1% e 2%.

Tabela 3 – Código de cores das resistências de 5 bandas

Figura 18 – Resistência de 5 bandas de carvão

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A figura anterior apresenta uma resistência de 5 bandas, que contém as seguintes cores:

• 1.ª banda: castanho – 1


• 2.ª banda: preto – 0
• 3.ª banda: preto - 0
• 4.ª banda: castanho - 1  101
• 5.ª banda: vermelho – 2%

Trata-se assim de uma resistência de 1 KΩ e 2% de tolerância.

Existem resistências com valores nominais padronizados.

1.5. Múltiplos e Submúltiplos das Unidades


Escrever 15 amperes é fácil, mas já imaginou 0,000002 A ou 69000 Volts ou ainda 22000000
ohm. Para este problema, utilizam-se os múltiplos e submúltiplos das unidades.

Tabela 4 – Múltiplos e submúltiplos das unidades

Tabela 5 – Múltiplos e submúltiplos da tensão, corrente e resistência

Exemplo:

250 V = 0,250 kV

85000 Ω = 85 kΩ

26000 mA = 26 A

Isto vale para qualquer unidade de medida.

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1.6. Circuito elétrico
Analise o circuito hidráulico seguinte:

Figura 19 – Circuito hidráulico

A água que está no reservatório superior desce a tubagem em direção ao reservatório inferior,
mas é limitada pela turbina que se movimenta com a passagem da água e executa um
movimento giratório (executa trabalho).

Assim também é um circuito elétrico.

Figura 20 – Circuito elétrico

Os eletrões em excesso no polo negativo da bateria, dirigem-se através dos fios condutores até
ao polo positivo da bateria, onde há falta de eletrões, mas este fluxo é limitado pela resistência
que, com a circulação de eletrões, produz calor e aquece o chuveiro.

Um circuito elétrico é composto de fonte de tensão, meio condutor e carga ou recetor.

CIRCUITO ELÉTRICO é o caminho fechado onde a corrente elétrica circula.

Sabemos que o fluxo de eletrões num circuito elétrico vai do polo negativo para o polo positivo.
Este é o sentido real da corrente elétrica, mas, por convenção, analisa-se o fluxo de corrente
elétrica fluindo do polo positivo ao polo negativo, sendo este o sentido convencional da corrente
elétrica.

Sentido Real da Corrente Elétrica: Do polo negativo para o polo positivo.

Sentido Convencional da Corrente Elétrica: Do polo positivo para o polo negativo.

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1.7. Lei de Ohm
A lei de Ohm estabelece a relação entre, a queda de tensão ou diferença de potencial (V)
aplicada aos terminais do condutor em estudo, a sua resistência (R) e a intensidade de corrente
(I) que então o percorrerá.

LEI DE OHM “A corrente elétrica é diretamente proporcional à tensão aplicada e


inversamente proporcional à resistência a percorrer.”

Assim, consideremos um dado condutor representado pela sua resistência R, aos terminais do
qual é aplicada a diferença de potencial ou queda de tensão V.

Figura 21 – Diferença de potencial (ddp) ou queda de tensão entre os terminais de um condutor


de resistência R

Nessas condições, o condutor será percorrido por uma corrente de intensidade I, com o sentido
indicado na figura (sentido dos potenciais decrescentes).

A expressão matemática que traduz a lei de Ohm é:

Com,

V - [V]

I – [A]

R – []

Exemplo:

V = I x R  10 =I x 20  I = 10 / 20  I = 0,5 A

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1.8. Variação da resistência de um condutor com a temperatura
Consideremos um condutor de resistividade ρ e resistência R. Para variações relativamente
pequenas da temperatura (por exemplo, variações de 10º C), a lei de variação da resistividade e
da resistência com a temperatura são, respetivamente:

Em que

θ → Temperatura mais alta

θ0 → Temperatura mais baixa

ρ → Resistividade à temperatura mais alta (θ)

ρ0 → Resistividade à temperatura mais baixa (θ0)

R → Resistência à temperatura mais alta (θ)

R0 → Resistência à temperatura mais baixa (θ0)

α→ Coeficiente de temperatura

As unidades, no SI, de R e ρ já são conhecidas; a de θ e θ0 é o grau celsius e a de α é o inverso


do grau celsius ( º C)-1 .

As expressões que caracterizam as leis de variação de resistividade com a temperatura e de


resistência com a temperatura são idênticas, uma vez que a resistência de um condutor é
proporcional à sua resistividade.

Há substâncias para as quais α é positivo, isto é, a resistividade e portanto a resistência


aumentam com a temperatura (é o caso dos metais); para outras substâncias α é negativo e
então a resistividade e a resistência diminuem quando a temperatura aumenta (é o que
acontece com os líquidos e gases condutores).

Como já se disse anteriormente, nos metais (em que α > 0), a agitação térmica caótica dos
eletrões livres aumenta quando a temperatura aumenta, o que origina um maior número de
colisões entre partículas. Deste efeito resulta portanto, um aumento da resistência (e da
resistividade) nos metais, quando a temperatura aumenta.

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1.9. Associação de Resistências
Até aqui falamos de circuito elétrico com apenas uma carga, mas geralmente possuímos várias
cargas associadas.

1.9.1. Resistências em série


Neste circuito, os componentes são ligados um após o outro, sendo que só haverá um caminho
para a corrente elétrica fluir.

Figura 22 – Circuito em série

No caso da figura 22, se uma das lâmpadas se queimar, as outras apagar-se-ão, pois não há
outro caminho para a corrente elétrica percorrer. A resistência elétrica total (que será sentida
pela corrente) será a soma das resistências parciais.

Para melhor entendermos o anteriormente exposto, consideremos a seguinte associação de


resistências:

Figura 23 – Associação de resistências em série

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff, podemos escrever:

Todas as resistências (ligadas em série) são percorridas pela mesma corrente I. A diferença de
potencial ou queda de tensão nos terminais de cada uma das resistências é:

22
Circuito equivalente:

Podemos substituir o conjunto das três resistências R1, R2 e R3 (em série) por uma só
resistência, desde que, quando ambos os circuitos estiverem a ser percorridos pela mesma
corrente I, tenhamos nos seus terminais a mesma d.d.p. ou queda de tensão V. Deste modo,
teremos:

Figura 24 – Circuito equivalente ao representado na figura 23

Neste circuito V = R I, onde R é a resistência equivalente à série de resistências R1, R2, R3.

Vejamos, agora como relacionar as várias resistências. No primeiro circuito a queda de tensão V
será igual à soma das várias quedas de tensão entre os terminais das resistências R1, R2, R3.

E como,

Temos,

Ou seja:

Exemplo:

Figura 25 – Cálculo da resistência total (Rt)

23
1.9.2. Resistências em paralelo
Neste tipo de circuito, as cargas estão ligadas de forma a permitir vários caminhos para
a circulação da corrente elétrica.

Figura 26 – Circuito em paralelo

Neste caso, o funcionamento de cada lâmpada não depende do das outras. A corrente total será
maior que qualquer uma das correntes parciais, logo, a resistência total será menor que
qualquer uma das resistências parciais. A fórmula para o cálculo é a seguinte:

Para melhor entendermos o anteriormente exposto, consideremos a seguinte associação de


resistências:

Figura 27 – Associação de resistências em paralelo

Todas as resistências (ligadas em paralelo) apresentam nos seus terminais a mesma


queda de tensão V. Logo,

Ou seja,

Circuito equivalente:

Podemos substituir o conjunto das três resistências R1, R2 e R3 (em paralelo) por uma só
resistência, desde que, quando ambos os circuitos estiverem a ser percorridos pela mesma
corrente I, tenhamos nos seus terminais a mesma d.d.p. ou queda de tensão V.

Então teremos,

24
Figura 28 – Circuito equivalente ao representado na figura 27

Neste circuito:

Logo,

Em que, R – resistência equivalente às resistências em paralelo R1, R2, R3

Vejamos, agora como relacionar as várias resistências. A corrente I será igual à soma das
correntes que percorrem as três resistências R1, R2, R3 (lei dos nós de Kirchhoff):

I = I1 + I2 + I3

Caso assim não fosse, era porque haveria acumulação de cargas no ponto a, o que não é
admissível.

Como,

Temos que,

Ou seja,

NOTA: Caso se esteja a considerar apenas 2 resistências em paralelo, teremos:

25
Nota sobre Amperímetros e Voltímetros:

Os amperímetros são instrumentos de muito baixa resistência interna.

Os voltímetros, pelo contrário, têm elevada resistência interna.

Sendo assim, num circuito, o modo de ligação, de um amperímetro ou de um voltímetro tem de


ser diferente. Os amperímetros ligam-se em série e os voltímetros em paralelo.

1.9.3. Circuito misto


É quando juntamos uma associação em série e paralela no mesmo circuito. Para o cálculo destes
circuitos, utiliza-se as regras de cada circuito isoladamente.

Figura 29 – Circuito misto

1.10. Lei de Joule. Potência elétrica


Lei de Joule

Sabe-se já que, quando um condutor é percorrido por corrente, ou seja, quando os eletrões
livres que nele existem se movimentam por ação de um campo elétrico exterior, ocorrem
choques dos eletrões livres com as partículas estacionárias que formam o material.

Então, sempre que há um choque, a energia cinética que o campo elétrico tinha fornecido aos
eletrões livres para eles se moverem, anula-se sendo convertida em calor, fazendo aumentar a
temperatura do condutor. Há, portanto uma transformação da energia do campo elétrico em
calor.

Pode então exprimir-se a quantidade de calor libertada por um condutor, em termos da queda
de tensão entre os seus extremos e da corrente que nele circula.

Seja V a queda de tensão ou a d.d.p. entre os extremos do condutor e seja Q a carga movendo-
se através do condutor (Q = I t ).

Figura 30 – Queda de tensão entre os extremos de um condutor

26
Por definição de d.d.p., sabe-se que:

isto é, o trabalho realizado pelas forças do campo elétrico para mover os eletrões livres no
interior do condutor é:

Este trabalho (ou energia), como já se disse, transforma-se em calor sempre que há choques
dos eletrões livres com as partículas estacionárias do condutor.

Então o calor ou energia de Joule (WJoule) desenvolvida no condutor será:

e como V = R I pode escrever-se que,

Obtemos assim, a expressão matemática da Lei de Joule:

A energia elétrica convertida em calor no tempo t num condutor é proporcional ao quadrado de


corrente que o percorre.

EFEITO JOULE é a produção de calor com a circulação de corrente elétrica num condutor.

Potência Elétrica

E a energia elétrica dissipada por unidade de tempo, ou seja, a potência elétrica dissipada será
PJoule.

No Sistema Internacional a unidade de potência é o watt [W] e a unidade de energia elétrica é


o [W.s] ou o [kWh].

Para podermos comparar dois aparelhos elétricos, devemos utilizar a potência elétrica, que vem
a ser o trabalho realizado por unidade de tempo. O trabalho elétrico surge quando
movimentamos uma quantidade de cargas num condutor e é medido em Joule [J]. Um Joule
corresponde a um ampere impulsionado por um volt, durante um segundo.

27
A potência elétrica indica a rapidez com que se realizará o trabalho. A sua unidade de medida
é o Watt [W], e um Watt é alcançado quando realizamos o trabalho de um Joule num segundo.

Trabalho Elétrico - W - surge do movimento de cargas num condutor. Unidade ⇒ Joule


1 J = 1 V . 1 A . em 1 s

Potência Elétrica – P - indica a rapidez com que será realizado o trabalho elétrico. Unidade
⇒ Watt 1 W = 1 J . em 1 s

Aplicações: A produção de calor em condutores devido à passagem de corrente elétrica é


largamente usada em aplicações práticas. Exemplos: ferro elétrico, fogão, aquecedores
domésticos e industriais, lâmpadas, etc.

Equivalência de Unidades:

1 hp – 745,7 kW

1 BTU (unidade térmica britânica por hora) – 0,293 W

Através do conhecimento da potência dos equipamentos instalados num edifício conseguimos


determinar o consumo de corrente elétrica. Isto é muito útil para o projeto da instalação
elétrica, pois as tomadas, os fios e os disjuntores deverão suportar as correntes drenadas pelos
aparelhos.

Segundo as R.T.I.E.B.T as secções dos condutores dos circuitos das instalações de locais de
habitação devem ser determinadas em função das potências previsíveis, com os valores
mínimos indicados no quadro seguinte:

Tabela 6 - Secções mínimas dos condutores dos circuitos em locais de habitação

A título de exemplo, as correntes admissíveis, em amperes para dois condutores carregados


isolados a policloreto de vinilo (PVC) são:

28
Tabela 7 - Correntes admissíveis, para dois condutores carregados isolados a PVC

Outro fator da potência elétrica é o consumo. As companhias de energia elétrica cobram uma
média de quilowatt consumidos por hora. O wattímetro é um aparelho que permite que se
façam diretamente leituras de potências elétricas. A leitura é feita em watt ou kilowatt.

1.11. Leis de Kirchhoff


São as leis fundamentais dos circuitos elétricos e baseiam-se na lei da conservação de energia.

Ramo → é uma parte de um circuito constituída por um elemento ou conjunto de elementos


ligados em série e onde portanto a intensidade de corrente é a mesma.

Ramo ativo – se contém força eletromotriz

Ramo passivo – se não contem força eletromotriz

Nó → é um ponto do circuito onde concorrem 3 ou mais ramos.

Malha → anel fechado formado por vários ramos.

Figura 31 – Circuito elétrico

29
O circuito tem 4 nós (1, 3, 4, 6 ); (2 e 5) são pontos do circuito, mas não são nós Exemplo de
ramo (3 – 4); Exemplo de malha (4 – 5 – 6 - 4)

Primeira Lei de Kirchhoff

A soma das correntes que entram num nó é igual à soma das correntes que dele saem.

Ou

Nota : As correntes que chegam ao nó podem ser consideradas, por exemplo, positivas e as
que saem negativas, ou o inverso.

Figura 32 – Entrada e saída das correntes num nó

Figura 33 – Entrada e saída das correntes num nó

Segunda Lei de Kirchhoff

A soma algébrica das tensões (d.d.p.) num circuito fechado ou malha é igual a zero.

Ou, A soma algébrica das forças eletromotrizes existentes na malha é igual à soma algébrica
de todas as quedas de tensão.

Esta lei é utilizada para análise de circuitos série, onde a corrente é a mesma em todos os
componentes, mas a tensão da fonte divide-se nos componentes do circuito.

30
Figura 34 – Divisão de tensão num circuito

Atentemos na figura 31. A aplicação das leis de Kirchhoff na determinação das correntes de
ramo (I1 … I7) é feita do seguinte modo:

Num circuito com n nós podem escrever-se n-1 equações de nós independentes.

As equações de nós são independentes se em cada nova equação que se escreva existir pelo
menos uma corrente que não entrava em nenhuma outra equação anterior.

As equações de malha são independentes se em cada nova equação que se escreva entrar pelo
menos um ramo que não existia em nenhuma outra equação anterior.

No exemplo considerado (figura 31) temos 7 correntes de ramo (portanto 7 incógnitas),


teremos de escrever 7 equações independentes:

- como há 4 nós, teremos 3 equações de nós independentes.

- faltam então 4 equações, que serão 4 equações de malha independentes.

nó 1 : I1 + I2 = I3

nó 3 : I1 + I2 = I4 + I7

nó 4 : I4 + I6 = I5

malha 1231 : E1 = R1.I1 – R2.I2

malha 1361 : E2 = R2.I2 + R7.I7 + R3.I3

malha 6346 : - E2 = R4.I4 + R5 I5 - R7.I7

malha 6456 : - E3 = - R6.I6 – R5.I5

1.12. Divisor de tensão e divisor de corrente


Divisor de tensão

É um circuito formado por resistências que permitem obter, a partir da alimentação fornecida,
qualquer valor de tensão menor, necessária ao funcionamento dos circuitos.

Consideremos o seguinte circuito.

Dados R, R’ e V, determinar V’.

31
Figura 35 – Divisor de tensão

Divisor de corrente

Consideremos o seguinte circuito.

Dados R, R’ e I, determinar I’.

Figura 36 – Divisor de Corrente

Influência da Carga

Note que a corrente em cada resistência é a mesma, mas se aplicada uma carga, a corrente em
R1 será a soma da corrente em R2 e na carga (Lei de Kirchhoff), logo, devemos considerar a
corrente de carga para o cálculo da tensão de saída do divisor.

Figura 37 – Comportamento do divisor de tensão com a carga ligada

32
1.13. Potencial ao longo de um circuito
Considere-se o seguinte circuito:

Figura 38 – Análise do potencial ao longo de um circuito

E1 + E2 = (1 + 2 + 2) . I  I = 15/ 5 = 3 A

Como a variação do potencial ao longo de um circuito fechado é nula, pode escrever-se:

1.14. Teorema de Thévenin


O teorema de Thévenin é bastante útil quando se deseja calcular a corrente e/ou tensão em
apenas uma resistência de um circuito genérico. Este teorema também é de grande utilidade
quando se necessita determinar a corrente e/ou a tensão numa única resistência de um circuito,
considerando que tal resistência pode assumir diversos valores.

Teorema de Thévenin

O teorema de Thévenin permite substituir um circuito, com exceção da resistência (denominada


carga) cuja corrente e tensão devam ser calculadas, por um circuito equivalente que contém
somente uma fonte de tensão (denominada tensão de Thévenin) ligada em série com uma
resistência denominada resistência de Thévenin. O teorema de Thévenin garante que a corrente
e a tensão calculadas no circuito original e no circuito equivalente de Thévenin são idênticas.

O teorema de Thévenin estabelece que qualquer circuito linear visto de um ponto, pode ser
representado por uma fonte de tensão (igual à tensão do ponto em circuito aberto) em série
com uma impedância (igual à impedância do circuito vista deste ponto).

A esta configuração chamamos de Equivalente de Thévenin em homenagem a Léon Charles


Thévenin, e é muito útil para reduzirmos circuitos maiores num circuito equivalente com apenas
dois elementos a partir de um determinado ponto, onde se deseja por exemplo, saber as
grandezas elétricas como tensão, corrente ou potência.

33
Resumindo: qualquer rede linear com fonte de tensão e resistências, pode ser transformada
numa Rth (resistência equivalente de Thévenin) em série com uma fonte Vth (tensão equivalente
de Thévenin), considerando-se dois pontos quaisquer.

Para melhor se entender o teorema de Thévenin, considere o circuito mostrado na figura 39


onde há uma resistência R, situada entre os nós A e B, que será denominado de carga.

Figura 39 – Circuito para a explicação do Teorema de Thévenin

Considere que seja necessário calcular a corrente e a tensão (ou a potência) na carga. Sabe-se
que estes cálculos podem ser realizados com o auxílio das leis de Kirchhoff e da lei de Ohm. No
entanto o teorema de Thévenin permite transformar o circuito original num circuito bem mais
simples, denominado circuito equivalente de Thévenin.

O teorema de Thévenin garante que o circuito mostrado na figura anterior pode ser substituído
pelo circuito equivalente de Thévenin mostrado na figura seguinte.

Figura 40 – Circuito equivalente de Thévenin

Na figura 40 a fonte de tensão VTH e RTH são, respetivamente, a tensão de Thévenin e a


resistência de Thévenin. Observe que a grande vantagem do teorema de Thévenin é reduzir um
circuito complicado, como o mostrado na figura 39, num circuito simples que é mostrado na
figura 40.

Cálculo da tensão de Thévenin

A tensão de Thévenin VTH é a tensão existente entre os pontos A e B, na figura 39 sem a presença
da carga, conforme ilustra a figura 41.

34
Figura 41 – Tensão de Thévenin no circuito mostrado na figura 39

Observe, na figura 41, que a tensão de Thévenin é a tensão aplicada na resistência R4. Esta
tensão pode ser calculada utilizando as leis de Kirchhoff e a lei de Ohm.

Cálculo da resistência de Thévenin

A resistência de Thévenin é a resistência "observada" a partir dos pontos A e B no circuito


mostrado na figura 39 sem a carga, considerando que todas as fontes de corrente do circuito
estejam abertas e que todas as fontes de tensão estejam em curto-circuito. A figura 42 mostra
o circuito da 39 sem a carga, com as fontes de corrente em aberto e com as fontes de tensão
em curto-circuito.

Figura 42 – Resistência de Thévenin no circuito mostrado na figura 39

Observe que a resistência de Thévenin, na figura 42, consiste da soma de R1 e R3 em paralelo


com R4.

1.15. Fontes de tensão e fontes de corrente


Para que os circuitos elétricos possam realizar algum trabalho, é necessária uma fonte de
energia como alimentação, afinal, a energia não se produz, transforma-se. As três grandezas
que a Lei de Ohm relaciona são tensão, corrente e resistência. A resistência é uma grandeza que
depende da carga e terá o seu valor constantemente alterado. Mas, para projetar o nosso
circuito, é necessário que alguma grandeza seja constante, isto é, não varie, especialmente a
alimentação, portanto, esta poderá ser de tensão constante ou de corrente constante.

Fontes de tensão constante

35
É a fonte mais comum e utilizada para alimentar os circuitos. A tensão é gerada a partir de uma
transformação de energia (ex.: energia química em energia elétrica- pilhas) e mantém-se
constante em função da variação da carga. Quem varia é a corrente elétrica.

Figura 43 – Símbolo da fonte de tensão constante

Fontes ideais de tensão

Estas fontes têm tensão V constante nos seus terminais, qualquer que seja a corrente I fornecida
ao exterior.

Figura 44 – Fonte ideal de tensão

Fonte de tensão real

A fonte de tensão ideal fornece apenas tensão elétrica, mas a fonte de tensão real possui perdas
que atuam como se fossem uma resistência em série. Ora, qualquer resistência em série com
um circuito forma um divisor de tensão, logo, a tensão na carga será menor que a tensão
fornecida pela fonte.

Figura 45 – Fonte real de tensão

Fontes de corrente constante

É um tipo de fonte de alimentação onde a corrente fornecida é sempre a mesma, variando a


tensão em função da carga. A sua aplicação restringe-se à calibração de instrumentos e
polarização de circuitos em que se deseja precisão e pouca variação térmica.

Figura 46 – Símbolo da fonte de corrente constante

36
Este tipo de fonte, ao contrário da fonte de tensão, é elaborada a partir de circuitos eletrónicos,
como no exemplo abaixo, e a sua limitação está no facto de necessitar de uma carga mínima na
saída para que a tensão não atinja o valor da tensão de alimentação interna da fonte.

Figura 47 – Fonte de alimentação e circuito de regulação e a sua representação por uma fonte
de corrente constante

Fontes ideais de corrente

Estas fontes têm corrente I constante nos seus terminais, qualquer que seja a tensão V fornecida
ao exterior.

Figura 48 – Fonte ideal de corrente

Assim como a fonte de tensão, a fonte de corrente também possui resistências e perdas internas
que se traduzem numa resistência em paralelo. Esta resistência, por estar em paralelo, irá
interferir no circuito. Portanto, quanto maior for o valor da resistência interna, melhor será a
fonte.

Figura 49 – Fonte real de corrente

37
Transformação de uma fonte de tensão numa fonte de corrente equivalente e vice-versa. Notar
que para o exterior dos pontos A e B as duas fontes são equivalentes, isto é, V e I são iguais nos
dois circuitos, ou seja a potência fornecida para o exterior é igual nos dois circuitos.

Passar de fonte de tensão para fonte de corrente:

Para os dois circuitos serem equivalentes, quando se lhes aplica a mesma tensão V, as correntes
I devem ser iguais nos dois circuitos, logo:

E portanto,

Figura 50 – Transformação de uma fonte de tensão na fonte de corrente equivalente

Para o exterior de A e B as fontes são equivalentes, isto é, V e I são iguais nos dois circuitos.

Passar de fonte de corrente para fonte de tensão:

38
Para os dois circuitos serem equivalentes, quando são percorridos pela mesma corrente I, as
tensões V devem ser iguais nos dois circuitos, logo

E portanto,

Figura 51 – Transformação de uma fonte de corrente na fonte de tensão equivalente

Para o exterior de A e B as fontes são equivalentes, isto é, V e I são iguais nos dois circuitos.

39

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