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FIG – UNIMESP

CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DE SÃO PAULO

TRABALHO DE FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO.

DISSERTAÇÃO SOBRE O TEXTO DE BOURDIEU

A ESCOLA CONSERVADORA:

AS DESIGUALDADES FRENTE À ESCOLA E À CULTURA.

FERNANDO GIORGETTI DE SOUZA – 1108

ANA PAULA - GEOGRAFIA

GUARULHOS/2012.
FERNANDO GIORGETTI DE SOUZA

ANA PAULA - GEOGRAFIA

TRABALHO DE FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO.

DISSERTAÇÃO SOBRE O TEXTO DE BOURDIEU

A ESCOLA CONSERVADORA:

AS DESIGUALDADES FRENTE À ESCOLA E À CULTURA.

Trabalho solicitado para averiguação


de aprendizagem da disciplina
Fundamentos Sociológicos da
Educação ministrada pela professora
Doutora Any Marise

Guarulhos-SP – 2012
O teórico da educação Pierre Bourdieu trata das desigualdades na
escola tendo como base a herança cultural dos alunos das diferentes classes
sociais.
É interessante notar os indicativos das pesquisas elaboradas sobre as
chances que um estudante de escola particular tem para acessar o ensino
superior, ser inúmeras vezes superiores do que as chances de um aluno das
camadas populares.
Apesar desse estudo ter sido publicado em 1966 na França, pode-se
observar em sua crítica, a ideologia da classe dominante sendo reproduzida
nas escolas conservadoras, até mesmo na atualidade.
Diante dessas considerações, o autor leva em conta a herança cultural
de cada aluno e sua influência no êxito escolar. Isto pode ser visto tomando
como exemplo a questão de visitação a museus e teatros, a leitura de clássicos
e demais conhecimentos culturais.
A transmissão do capital cultural é fator relevante no êxito escolar e
acontece através da relação familiar sendo um fator importante de ser
analisado, uma vez que, a família transmite o ethos da classe que está
inserida, influenciando o caminho e as decisões tomadas pelos estudantes.
Nesse sentido, as aspirações das crianças das camadas cultas são
orientadas pelos pais e avós desde os primeiros passos na vida escolar e as
taxas de êxito escolar são consideravelmente favoráveis, devido à transmissão
do capital cultural.
Em contrapartida, a desigualdade entre as classes sociais é notável
através do manejo da língua, das práticas e dos conhecimentos culturais. A
comunidade escolar de baixa renda, dificilmente tem acesso à cultura, aos
bons livros, ingresso às escolas particulares e eventos frequentados apenas
pela elite dominante.
As aspirações das crianças das camadas cultas são orientadas sobre
sua carreira futura, pois elas são treinadas para o sucesso em sua conduta
escolar e para o bom resultado em vestibulares, o que as diferenciam das
crianças de camadas inferiores, que desde cedo, são ensinadas a trabalhar ao
invés de estudar.
Em relação ao manejo da língua, pode-se perceber que a família exerce
um papel importante de reprodução da herança cultural. Quanto maior for o
nível cultural dos pais mais informações serão adquiridas pelas crianças no
meio familiar.
Sobre a escolha do destino, de acordo com Bourdieu (1966, p. 46) “As
atitudes dos membros das diferentes classes sociais, pais ou crianças e, muito
particularmente, as atitudes a respeito da escola, da cultura escolar e do futuro
oferecido pelos estudos são, em grande parte, a expressão do sistema de
valores implícitos ou explícitos que eles devem a sua posição social”.
As interiorizações são realizadas subjetivamente através de sucessos e
derrotas. Desse modo, as esperanças e desesperanças são impostas de
acordo com a classe social. As crianças das classes médias são beneficiadas
pelos encorajamentos e exortações e também pelo ethos de ascensão social,
ao passo que, as crianças oriundas das camadas populares, são prejudicadas
pelas atitudes conformistas e condicionantes reproduzidas pelos pais.
Tendo em vista essas interiorizações, descreve o especialista em
educação: “De maneira geral, as crianças e sua família se orientam sempre em
referência às forças que as determinam” (BOURDIEU, 1966, p. 49).
Em relação ao acesso ao nível superior, a desigualdade entre as classes
sociais em que pertencem, é fator significante, e é notado de acordo com o
nível cultural de cada grupo familiar, ou seja, as crianças cujos pais pertencem
às camadas cultas recebem estímulos e são incentivadas pela família a cursar
o nível superior.
Com isto, elas crescem no desejo de ascensão e de ter prestígio social e
cultural cada vez maior.
Em contrapartida, as crianças vindas de classes sociais mais baixas de
pais operários aspiram somente ter uma profissão que garanta a sua
sobrevivência no meio em que vivem.
Desse modo, o desempenho e o prosseguimento nos estudos também
estão relacionados com a influência que o meio familiar possui, e de acordo
com o autor, “Ainda que o êxito escolar, diretamente ligado ao capital cultural
legado pelo meio familiar, desempenhe um papel na escolha da orientação,
parece que o determinante principal do prosseguimento dos estudos seja a
atitude da família a respeito da escola, ela mesma função, como se viu, das
esperanças objetivas de êxitos escolar encontradas em cada categoria social.”
(BOURDIEU, 1966, p. 50).
O autor afirma ainda, “O capital cultural e o ethos, ao se combinarem,
concorrem para definir as condutas escolares e as atitudes diante da escola,
que constituem o princípio de eliminação diferencial das crianças das
diferentes classes sociais” (BOURDIEU, 1966, p. 50), ou seja, as classes
médias acabam por ter maior aspiração em adquirir cultura e ascensão social,
procurando limitar o número de filhos, desejando uma educação secundária
que permita alcançar suas aspirações.
Portanto, a qualidade dos estudos secundários e os estudos acadêmicos
relacionam-se com as vantagens e desvantagens das escolas pela perspectiva
de uma herança social e cultural, que aproxima as várias classes sociais do
sistema escolar de forma diferenciada.
“É assim que uma pesquisa mostrou que os resultados obtidos pelos
estudantes universitários de letras em um conjunto de exercícios destinados a
medir a compreensão e a manipulação da língua, e em particular da língua
acadêmica, eram função direta do tipo de estabelecimento frequentado durante
os estudos secundários, bem como do conhecimento do grego e latim.”
(BOURDIEU, 1966, p. 51).
Por isso, essas pesquisas sobre estudantes das faculdades de letras
mostram que o capital cultural é mais rentável na vida escolar e é constituído
pelas informações sobre o mundo universitário e sobre o cursus pela facilidade
verbal e pela cultura livre adquirida nas experiências extraescolares.
Conclui-se diante da análise do texto, ser Bourdieu um autor
progressista que acredita nas necessidades de mudanças estruturais objetivas
para então obter a igualdade social e viabilizar assim, uma gestão escolar
libertadora, sendo a Escola instrumento de mudanças positivas, e que gere
oportunidades coletivas para a sociedade e transformações positivas que
favoreçam não só as classes altas, mas também as classes baixas.

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