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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED


DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO

FICHA PARA CATÁLOGO


PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título O Quilombo de Palmares: Organização e Economia


.Capitania de Pernambuco, 1630-1695.

Autor Irene Cardoso Leite

Escola de Atuação Colégio Estadual Paulo VI - Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Xambrê

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Orientador Marcos Roberto Pirateli

Instituição de Ensino Superior UNESPAR- Campus Paranavaí

Disciplina/Área (entrada no PDE) História e Cultura Afro-Brasileira

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Não

Público Alvo Alunos da 1ª Série do Ensino Médio

Localização Colégio Estadual Paulo VI – Ensino Fundamental e


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Médio
Rua Florianópolis nº 463 – Xambrê-PR
Apresentação: Este trabalho contempla a Lei nº 10.639/2003 que inclui
no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
E está sendo desenvolvido para esclarecer que o
escravo não foi um ser passivo que aceitou a sua
condição, ele lutou de várias formas e uma delas foi a
fuga para viver nos quilombos.
O quilombo a ser estudado foi o de Palmares por ter sido
um grande exemplo de luta e resistência dos escravos
ao sistema escravista.
O objetivo desse trabalho foi elaborar vários textos sobre
a organização política, religiosa, familiar, econômica e
social dos quilombolas com a finalidade de proporcionar
aos alunos uma discussão sobre o Quilombo de
Palmares através de pesquisas, atividades e reflexões.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Quilombo – Palmares – Escravos- Resistência


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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNESPAR- CAMPUS PARANAVAÍ

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

O QUILOMBO DE PALMARES: ORGANIZAÇÃO E ECONOMIA. CAPITANIA DE


PERNAMBUCO, 1630 - 1695.

Orientador IES: Marcos Roberto Pirateli


Orientanda PDE: Irene Cardoso Leite

XAMBRÊ-PR
2011
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IRENE CARDOSO LEITE

UNIDADE DIDÁTICA

O QUILOMBO DE PALMARES: ORGANIZAÇÃO E ECONOMIA. CAPITANIA DE


PERNAMBUCO, 1630 - 1695.

Produção didático Pedagógica apresentada


ao Programa de desenvolvimento
Educacional- PDE 2010, sob orientação do
Profº Marcos Roberto Pirateli, da
UNESPAR- Campus Paranavaí.

Xambrê – Paraná
2011
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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Irene Cardoso Leite


Área PDE: História
Professor Orientador: Marcos Roberto Pirateli
IES Vinculada: URPR – Campus Paranavaí
Escola de Implementação: Colégio Estadual Paulo VI – Ensino Fundamental e
Médio – Xambrê – PR
Público Objeto de Intervenção: Alunos do 1º ano do Ensino Médio

INTRODUÇÃO

Durante o período da escravidão no Brasil por meio do tráfico negreiro, vieram


para o Brasil cerca de 4 milhões de africanos, a eles a escravidão foi imposta em
sua forma pura, o escravo era considerado uma propriedade total do seu senhor,
mantendo uma relação de dependência e privado de quaisquer direitos, o seu dono
podia fazer o que bem quisesse como vender, alugar, penhorar e até mesmo matar.
Os escravos trabalhavam duramente durante quinze horas ou mais inclusive
domingos e feriados (FREITAS, 1978). A alimentação era precária e o tempo médio
de vida para os escravos que trabalhavam nos canaviais era mais ou menos de
cinco anos.
Também ele era torturado segundo o seu comportamento sofrendo maus
tratos e castigos, mas mesmo sofrendo, passando por todo esse suplício, ele tentou
resgatar a sua humanidade. Durante todo o período da escravidão no Brasil os
escravos resistiram à situação de opressão em que se encontravam de várias
formas. Apesar de ser considerado apenas como uma coisa, ele era um ser
humano, e como tal, não ficou passivo diante da sua condição, pelo contrário lutou
de diversas formas e principalmente fugindo para formar os quilombos e viver em
liberdade.
O Quilombo de Palmares é fato marcante no processo histórico de resistência
negra desencadeados pelos africanos escravizados no Brasil. Isto é importante para
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nós, pois contempla a Lei nº 10.639/2003 que incluiu no currículo oficial da Rede de
Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”
contribuindo para a produção de conhecimento referente aos afro-descendentes
para que sua cultura seja valorizada tanto por eles quanto pelos outros. Os fatos
ocorridos em Palmares nos mostram que os negros não eram escravos, eles foram
escravizados. No entanto, mesmo tendo vindo de tão longe para uma terra estranha
não ficaram passivos aceitando a sua condição, mas lutaram fugindo para formar os
quilombos buscando resgatar a cultura e a forma de viver que deixaram na África,
contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira.

Documento 1

Presidência da República
Casa civil
Subchefia para assuntos jurídicos

LEI Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003


Mensagem de veto
Altera a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática ”História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÙBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida
dos seguintes arts. 26-A e 79-B:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
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História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3º (VETADO)”
“Art. 79-A. (VETADO)”
“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia
Nacional da Consciência Negra’.”
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182º da Independência e 115º da


República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e


para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.p.35

O QUE ERAM OS QUILOMBOS?

Quilombos eram comunidades formadas por escravos que fugiam dos seus
donos buscando resgatar a cultura e a forma de viver que deixaram na África. Os
quilombos eram formados em regiões onde havia grandes concentrações de
escravos longe das cidades no meio das matas.
Os habitantes dos quilombos eram chamados de quilombolas.
No período da escravidão, o Brasil se transformou em um conjunto de
quilombos, uns eram maiores e outros menores, mas todos muito importantes para a
nossa história. Durante o período que a escravidão existiu os quilombos existiram
em todo território brasileiro (MOURA,1981).

Os quilombos pareciam ser grupos defensivos, mas muitas vezes atacavam


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para conseguir artigos e objetos para poderem sobrevier como a pólvora e o sal.
Não eram um grupo isolado, eles tinham contato com outros grupos, os quilombos
recebiam os índios, mulatos e negros, criminosos, fugitivos do serviço militar, esses
eram os oprimidos da sociedade escravista (MOURA,1981).

Havia entre eles uma grande solidariedade, eram avisados das expedições
punitivas contra eles pelos demais grupos fazendo com que os quilombos tivessem
vida longa, pois quando as expedições chegavam ao local, eles já haviam se
retirado levando os produtos que eram produzidos nos quilombos.

Os quilombos variavam também de forma e de origem. Às vezes eles


ocupavam fazendas ficando muito tempo até serem expulsos (MOURA,1981).

Existiram vários quilombos no Brasil, o mais famoso de todos foi o Quilombo


de Palmares.

TEXTO 1
Escravidão

“Instituição secular caracterizada pela situação de indivíduos juridicamente


considerada um objeto, do qual outra pessoa pode dispor livremente, exercendo
direitos de propriedade. [...] A escravidão no Brasil, advinda no século XVI, teve
cerca de quatro séculos de existência, só sendo oficialmente extinta em 1888. Em
nenhuma parte do globo terrestre a escravidão durou tanto. Pelo menos três
milhões de escravos negros povoaram nosso país de norte a sul, com presença e
atividade brasileira. A mão-de-obra escrava foi o elemento dominante na riqueza
nacional. É importante assinalar, ainda, que a escravidão no Brasil envolveu
também indígenas, caçados, dominados e exterminados na sua maior parte.”

In: AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos


históricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 177-178
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TEXTO 2
Quilombos

“A palavra quilombo/mocambo para a maioria das línguas bantu da África Central e


Centro-Ocidental quer dizer ‘acampamento’. Em regiões africanas centro-ocidentais
nos séculos XVII e XVIII, a palavra kilombo significava também o ritual de iniciação
da sociedade militar dos guerreiros dos povos imbangalas (também conhecidos
como jagas). Os imbangalas eram povos falantes do kimbundu do Nordeste de
Angola. Sua expansão no interior angolano – terra dos umbundu – iniciou-se no
século XVI, e eles, como estratégia política, social e militar, tinham a prática de
incorporar os habitantes das regiões conquistadas ao seu povo, por meio de um
ritual. Havia ainda outros processos históricos em torno dos quilombos africanos.
embora não existam pesquisas sistemáticas nessa direção, sugere-se a existência
de uma cultura escrava e a recriação de alguns significados desse ritual africano
(kilombo) entre os cativos no Brasil, no sentido de que, ao fugir para quilombos,
escravos reorganizavam-se numa comunidade de africanos originários de regiões
diversas e também de crioulos (como eram denominados em termos de
classificação racial os escravos nascidos no Brasil, portanto descendentes dos
africanos). É possível, portanto, estabelecer nexos entre os significados do kilombo
na África Central e as experiências históricas dos quilombos brasileiros.”

In: GOMES, Flávio dos Santos. Sonhando com a terra, construindo a cidadania. In:
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo:
Contexto, 2008, p. 449.

COMO SE FORMOU O QUILOMBO DE PALMARES

Os primeiros escravos que se refugiaram na região de Palmares que se


localizava na Capitania de Pernambuco que atualmente é o Estado de Alagoas,
provavelmente não pensavam em derrubar a escravidão, a única forma de conseguir
a liberdade era por meio da fuga, eles fugiam à noite pelo mato adentro, e o mais
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importante para eles era não voltar a ser escravo (FREITAS,1978;


CARNEIRO,1966).
No começo, havia poucos quilombolas, faltavam principalmente mulheres,
então surgiu à necessidade de raptar negras, índias, mulatas e também brancas
(FREITAS, 1978). Às vezes mulheres livres fugiam livremente com os palmarinos.
Também foi necessário sequestrar escravos do sexo masculino, e quando
chegavam no quilombo eles eram mantidos como prisioneiros e quando
sequestravam outros escravos conseguiam a liberdade dentro do quilombo.
Os quilombolas de palmares realizavam incursões para conseguirem armas,
ferramentas e pólvora, muitas vezes colocavam fogo nas plantações e destruíam os
engenhos como forma de vingança (FREITAS,1978).
As mais importantes comunidades palmarinas situaram se na parte meridional
da capitania de Pernambuco, hoje o Estado de Alagoas.
Palmares era uma confederação de quilombos sendo os principais: Mocambo
de Zumbi, Acotinero, Tabocas, Dambrabanga, Subupira, Macaco, Osenga,
Serinharém, Amaro, Andalaquituche, Alquatune, além de outros menores, sendo que
Macaco era a capital da República.
O Quilombo dos Palmares era como se fosse um estímulo para os escravos
que viviam na região fugirem para lá em busca de liberdade, e foi semelhante a
muitos estados que existiram na África (CARNEIRO, 1966).
O nome de Palmares surgiu devido à abundância de palmeira pindoba que
havia na região.

TEXTO 3
Pindoba

A Pindoba, Attalea oleifera Barb. Rodr., é uma palmeira nativa do Nordeste do


Brasil, Pernambuco, Paraíba e Alagoas e encontrada em outros estados brasileiros.
A espécie é endêmica da floresta litorânea até a faixa de transição para a Caatinga
ou o Cerrado, ocorrendo também nos Brejos de Altitude. A palmeira possui até 25 m
de altura e tronco com 30-48 cm de diâmetro com folhas de 4-5 m de comprimento
e 200 pares de pinas. A espécie é indicada para paisagismo, as folhas usadas para
cobertura de casas rústicas. As amêndoas, sementes produzem óleo comestível de
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boa qualidade, utilizado para iluminação e produção de sabão. Os indivíduos


adultos podem ser transplantados.

Fonte: http://arboreto.blogspot.com/2008/05/pindoba.html

TEXTO 4
República de Palmares

Em Palmares a combinação de eletividade e igualdade civil faz antes de pensar em


uma república que em um reino. Mas não seria válido conceber uma república do
tipo da que o mundo veio a conhecer depois da Revolução Francesa. Era uma
república peculiar a que não poderiam aplicar conceitos históricos ou políticos de
inspiração européia. Indubitavelmente, era uma república igualitária, fraternal e livre.
O que não permite supor que o regime político fosse liberal. Aquela coletividade
acossada pela guerra intermitente não podia certamente prescindir da arma
defensiva do autoritarismo.

In: FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos. Rio de Janeiro: Graal, 1978,
p. 104.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- O escravo ao fugir para os quilombos conseguiu resgatar a sua humanidade?


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2- Para você o que eram os quilombos?


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3- Quando os escravos fugiam para palmares eles já pensavam em derrubar o


regime escravista? Justifique sua resposta.
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4- Houve escravidão no Quilombo de Palmares? Explique.


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A ECONOMIA PRATICADA EM PALMARES

Os palmarinos no início do quilombo viviam da caça, da pesca e da coleta de


alimentos, com o passar do tempo ocorreu o aumento da população, passando
então a diversificar a economia, além de braços suficientes para todo tipo de
trabalho passaram a contar com artesão para melhorar a técnica da produção,
usando o ferro para fabricação dos seus instrumentos de trabalho (FREITAS,1978).
Desenvolveram também a agricultura, plantavam milho, mandioca, feijão,
cana- de -açúcar, batata e legumes.
O terreno era preparado através de queimadas. O trabalho de preparar a
terra, semear e colher eram feito coletivamente.
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O fim da colheita era celebrado com festejos durante uma semana, onde
dançavam, comiam, bebiam e é claro folgavam. Provavelmente a terra pertencia a
toda população (FREITAS, 1978).
No quilombo também havia grandes pomares com diversas árvores frutíferas.
Lá se praticava a produção extrativa principalmente com a palmeira já conhecida por
eles na África .Os frutos da palmeira cresciam no cacho e cada cacho tinha até cem
frutos, do tamanho de um ovo ou mais. A casca do fruto da palmeira após ser batida
dava uma polpa que os palmarinos comiam com farinha, também da polpa retirava
um óleo que dela servia para iluminação, extraiam azeite para preparar os alimentos
e a manteiga. Da palmeira fabricavam uma espécie de vinho, da casca faziam
cachimbos e com as folhas cobriam as casas, faziam esteiras, cestos e abanos
(FREITAS, 1978).
Os quilombolas adotavam a base econômica da família livre, organizado a
base da agricultura de subsistência e criação de animais, viviam em um regime
comunitário através do trabalho coletivo e de solidariedade, aumentando a produção
(MOURA 1981; MOURA, 1987).
Da fauna e da flora os palmarinos retiravam o que era necessário às suas
vidas, como: azeite, luz, roupas, materiais para fabricação de suas casas e da argila
modelavam potes e vasilhas.

TEXTO 5
A África antes dos europeus

Antes de os europeus colonizarem a África, no século XIX, diversas sociedades


autônomas já existiam nesse continente. Cada uma contava com sua própria
organização econômica, política e cultural. Portanto, a história da África não pode
ser pensada a partir do contato com o mundo ocidental.
No ano 1000, havia na África povos nômades e povos sedentários. Alguns deles
possuíam governos centralizados; outros estavam organizados em aldeias,
formadas por conjuntos de famílias que viviam sob o comando de conselhos de
anciãos e de chefes de clãs.
Parte das sociedades africanas praticava a agricultura, mas muitas delas se
dedicavam ao comércio e às trocas de produtos artesanais e agrícolas ou á
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exploração de jazidas de ouro e pedras preciosas, como o diamante.

In: APOLINÁRIO, Maria Raquel. História. São Paulo: Moderna, 2007, p. 52.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
1- Descreva a economia de palmares.
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2- Quais os benefícios que a natureza oferecia aos palmarinos?


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3- Quais as característica da prática econômica do Quilombo de Palmares?


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4-Utilize as palavras abaixo para formar um pequeno texto.

Quilombo de Palmares - economia – agricultura – caça – pesca – artesãos – terra.


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ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA NO QUILOMBO DE PALMARES

O Quilombo de Palmares era formado por vários mocambos que se


transformaram em uma confederação e depois em uma república que chegou a ter
aproximadamente 20 mil habitantes. Havia em cada povoação um chefe que era
escolhido pela sua inteligência e força, mas ele era controlado por um conselho,
existia também uma assembleia que tomava as decisões sobre os problemas mais
sérios onde participava os habitantes adultos do quilombo. Existia também a figura
do rei, que tinha poderes ilimitados e era votado pelo conselho, a escolha era eletiva
(FREITAS,1978).
Em palmares o regime político não era liberal, a legislação penal era rigorosa
e os crimes com roubo, adultério, homicídio e a deserção era punido com a pena de
morte (FREITAS, 1978).
A língua falada em Palmares era própria deles e era formada pela união da
língua portuguesa, africana e indígena.
A religião praticada pelos palmarinos era uma mistura de religião africana e
do cristianismo, no quilombo havia capelas com imagens de divindades africanas e
também de Jesus, Nossa Senhora da Conceição e São Brás. Havia celebração de
casamentos e batizados realizados por sacerdotes. No quilombo não era permitido a
existência de feiticeiros (FREITAS, 1978 ; CARNEIRO,1966).
A organização familiar era baseada na poliandria e poligamia. O rei e os
chefes dos mocambos praticavam a poligamia, tinham direitos a várias mulheres. A
família poliândrica funcionava na comunidade em geral. Isso ocorreu em palmares
devido à desproporção entre os sexos, e a poliandria e poligamia foi uma solução
para conseguir o equilíbrio entre os palmarinos (MOURA, 1987).
Palmares era um território grande e com uma população numerosa, para
garantir a segurança foi necessário organizar um exército para assegurar o sossego
de seus moradores. Ganga Muiça era o comandante do exército e as armas usadas
eram: arcos, flechas, lanças, facas e armas de fogo que eles obtinham através do
escambo (troca) ou tomavam das expedições. A militarização de Palmares surgiu
para defender as vidas e a república.
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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1-Fale sobre a organização política de Palmares.


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2- Existia religião em Palmares? Explique.


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3- Comente sobre a poliandria e poligamia existente no Quilombo dos Palmares.


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4- Faça uma análise sobre a militarização de Palmares.


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LÍDERES DE PALMARES: GANGA ZUMBA E ZUMBI

GANGA ZUMBA

Ganga Zumba foi o primeiro grande líder do Quilombo dos Palmares. Filho da
princesa Aqualtune, ele nasceu em Palmares, teve três mulheres, duas negras e
uma mulata e numerosos netos, era denominado de Grande Chefe. Provavelmente
tinha sido eleito pelos líderes dos mocambos que formavam o Quilombo dos
Palmares (CARNEIRO, 1966; FREITAS, 1978).
Em 1678 após vários conflitos, Ganga Zumba firmou um tratado de paz com
as autoridades coloniais. Zumbi, porém, não aceitou esse tratado. Ganga Zumba foi
envenenado e Zumbi tornou-se o chefe de Palmares.

ZUMBI

Zumbi nasceu livre, em 1655 nos Palmares, foi o último chefe do Quilombo
dos Palmares e considerado um símbolo da resistência negra à escravidão.
Com sete anos de idade, foi capturado e entregue a um padre português. Foi
batizado e recebeu o nome de Francisco. Ele teve a oportunidade de aprender a
língua portuguesa e praticar o catolicismo, mas em 1670 Zumbi voltou ao seu lugar
de origem (Palmares), com 15 anos de idade. Zumbi era considerado imortal por
aqueles negros que viviam fora do quilombo, devido às várias vitórias que tinha
conseguido contra os portugueses. Ele foi chefe do Quilombo dos Palmares no
período mais decisivo da luta, ou seja, quando foram enviadas expedições para
destruir definitivamente Palmares, era sobrinho do rei Ganga Zumba e irmão de
Andalaquituche.
Em 1675, Zumbi então “General das Armas”, foi ferido e ficou aleijado de uma
perna em um combate contra os soldados portugueses (CARNEIRO, 1966).
Provavelmente o nome Zumbi era um título ou apelido que significava “deus
da guerra”, ele era respeitado e temido pelos seus adversários. Zumbi teve mais de
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uma mulher e provavelmente uma delas era branca segundo os documentos


(CARNEIRO, 1966; MOURA, 1987).
Zumbi não aceitou o acordo feito entre Ganga Zumba e o Estado colonial,
devido a esse fato, ele assumiu o poder em Palmares e continuou a resistência
contra a pressão portuguesa. Durante o período em que Zumbi foi líder do Quilombo
dos Palmares, a comunidade aumentou e se fortaleceu, conquistando várias vitórias
contra os soldados portugueses, ele se tornou hábil em planejar e organizar o
quilombo devido à sua coragem e conhecimentos militares.
Em 1694, o bandeirante Domingos Jorge Velho comanda um grande ataque
ao Quilombo dos Palmares, após essa batalha a sede do quilombo é totalmente
destruída e Zumbi apesar de ferido foge, mas é traído por seu companheiro Antonio
Soares e morto em 20 de novembro de 1695 e a sua cabeça foi colocada em um
poste em Recife no “lugar mais público” em praça pública, para que os homens que
o consideravam imortal ficassem com medo (CARNEIRO, 1966).
Atualmente, o dia de sua morte, 20 de novembro é comemorado no Brasil
como o Dia da Consciência Negra.

TEXTO 6

Dia da consciência negra

A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no


calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência
Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura
Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas
sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no
Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o
resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política
ao longo da história do país.
A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi
- líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois
Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da
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destruição do quilombo Palmares.


Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma
forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não
somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação
dos escravos, concretizada em 1888.

Fonte: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/home.html

TEXTO 7

Observações
por Leci Brandão

“Vinte de novembro de 2004. Estava eu na cidade do Rio de Janeiro passando pela


Avenida Presidente Vargas. De repente avistei um outdoor exibindo a data 20 de
novembro. Julguei ser uma homenagem ao Dia da Consciência Negra e a Zumbi
dos Palmares. Qual não foi minha surpresa ao ver o desenho de um enorme
mosquito. Na verdade, o referido out-door alertava para o inseto transmissor da
dengue. Nada contra as campanhas de saúde, lógico. Mas não vi nenhum cartaz,
faixa ou coisa semelhante que fizesse uma única referência ao aniversário de morte
de Zumbi. Nos programas de TV, pto pelo jornalismo. São muitos anais e quase
todos têm noticiário. Reparei que apenas dois canais dão oportunidade aos
apresentadores negros. Será que neste país, jornalistas negros não sabem falar ou
a imagem deles não faz parte do padrão da mídia? As agências publicitárias
persistem na invisibilidade do negro. Lançamentos de carros, imóveis, shoppings,
pacotes turísticos, bancos, etc. nós não somos vistos. A crueldade maior é com a
criança negra. Nos comerciais, quando raramente aparecem é de forma rápida sem
direito a close. Será que a criança negra não gosta de chocolate, iogurte, tênis,
brinquedo, parque de diversões? Na cabeça dos publicitários, NÃO. Companhias
aéreas são tímidas na admissão de negros como comissários de bordo. As redes
de shoppings evitam empregar negros em suas lojas. Agências bancárias temem
que gerentes negros espantem a clientela. Nos grandes restaurantes, não vejo
21

garçons negros. O lugar deles fica limitado na cozinha. As escolas de samba foram
criadas pela negritude. Atualmente, a gente negra vem sendo excluída,
paulatinamente, do desfile. Só existe chance na bateria, alas de baianas e
comunidade. Escola de samba presidida por negro não ganha carnaval. Nas
universidades é necessário a adoção de cotas para que a juventude negra possa ter
oportunidade de ter um curso superior. Por estas razões, faz-se necessária a
atuação dos governos federal, estadual e municipal para que as ações afirmativas
se concretizem. Queremos inclusão. Somos cidadãos brasileiros. O exercício da
democracia exige que haja visibilidade para a nossa existência. O que nos falta é
oportunidade para alcançar metas fundamentais que nos permita disputar o espaço
nas mesmas condições de igualdade. Não devo esquecer que além dos negros, os
índios também são merecedores da atenção e do respeito deste país. O Dia do
Índio é 19 de abril”.

Fonte: Revista Palmares in: http://www.palmares.gov.br/wp-


content/uploads/2011/02/revista01.pdf

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- Quem foi Zumbi dos Palmares?

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2- Por que Zumbi era considerado imortal?
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3- Qual o motivo pelo qual Zumbi não aceitou o tratado de paz feito entre Ganga
Zumba e as autoridades coloniais?
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4- Fale sobre o Dia da Consciência Negra.


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REFERÊNCIAS

APOLINÁRIO, Maria Raquel. História. São Paulo: Moderna, 2007.

AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos


23

históricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

CARNEIRO, Edison. O Quilombo dos Palmares. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira S.A. 1966.

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