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Analise com Volumes

de Controle Finitos

Muitos problemas da mecanica dos fluidos podem ser resolvidos a partir da analise do
comportamento do material contido numa regiz‘io finita do espago (um volume de controle). Por
exemplo, nos podemos estar interessados em calcular a forea necessaria para ancorar uma turbina a
jato numa bancada de teste on em determinar o tempo necessario para encher um grande tanque'de
amazenamento de liquido. Uma das tarefas usuais dos engenheiros é estimar a poténcia necessaria
para transferir uma certa quantidade de égua por unidade de tempo de um recipiente para outro
(normalmente os tanques apresentam elevagoes diferentes). 0 material deste capitulo mostrara que
estes, e outros problemas importantes, podem ser facilmente resolvidos utilizando volumes de
controle finitos. A base deste método de solueao é formada por alguns principios basicos da fisica
como a conservagao da massa, a segunda lei de Newton, a primeira e a segunda lei da
termodinamica' . O método de solugfio que sera apresentado é poderoso e aplicavel a um grande
mimero de problemas da mecanica dos fluidos e, ainda mais, as equagoes obtidas sao muito faceis
de interpretar e de serem utilizadas na solugfio de muitos problemas reais.
As equagoes adequadas para a analise de volumes de comrole sao derivadas a partir das
equagoes que representam as leis basicas aplicadas a sistemas. Vocé ja deve estar acostumado a
resolver problemas utilizando sistemas mas, normalmente, a soluoao dos problemas de mecanica
dos fluidos é menos complicada se utilizamios 03 volumes de controle. Assim, na mecanica dos
fluidos, normalmente é mais conveniente o ponto de vista Euleriano do que o Lagrangeano. Os
elementos chave para a derivagao das equagoes adequadas aos volumes de controle 3510 a nogao do
sistema e do volume de controle que ocupa a mesma regifio do espago num certo instante e o
teorema de transporte de Reynolds (Eqs. 4.19 e 4.23) .
Neste capftulo nos vamos utilizar formulagoes integrals para garantir a generalidade das
equaeoes apresentadas. Note que as integrais de volume podem acomodar variagoes espaciais das
propriedade‘s dos materiais contidos no volume de controle e que as integrals de superficie (na
superficie de controle) permitem que as variaveis dos escoamentos apresentem distribuieoes
superficiais. Entretanto, por simplicidade, nos sempre vamos admitir que as variaveis dos
escoamentos estao uniformemente distribufdas nas segoes de alimentagao e descarga dosvolumes
de controle. Este escoamento uniforme é denOminado escoamento unidimensional. Os efeitos das
nao uniformidade dos perfis de velocidade e de Outras variaveis do escoamento nas segoes de
alimentagao e descarga serao analisados detalhadamente nos Caps. 8 e 9.
O regime da maioria dos escoamentos apresentados neste capftulo sera o permanente.
Entretanto, nos apresentaremos algumas anélises de escoamentos transitorios. Apesar da énfase
dada aos volumes de controle fixos e n50 deformaveis nos também apresentaremos alguns
exemplos de volumes de controle moveis defonnavei‘s e indeformaveis.

5.1 Conservaefio da Massa — A Equagfio da Continuidade


5.1.1 Derivagfio da Equaefio da Continuidade
Um sistema é definido como uma quantidade fixa e identificavel de material. Assim, o
princfpio de conservaefio da massa para um sistema pode ser estabelecido por
Iaxa de variaefio temporal da massa do sistema = 0
01]
DM sis. = 0 (5‘1)
0!
onde a massa do sistema, Mm, pode ser representada por
I A seqio sobre a segunda lei da tennodinémica pode .x'er omilida sem comprometer a continuidade do lexto.
186 Fundamenlos da Mecénica dos Fluidos

Mm = l P‘IW (5.2)
sis

Note que esta integraofio cobre todo 0 volume do sistema. A Eq. 5.2 estabelece que a massa do
sistema é igual a somatoria das massas de todos os volumes elementares (a massa de um volume
elementar é igual ao produto da massa especr’fica do material pelo volume elementar).
A Fig. 5.1 mostra um sistema e um volume de controle fixo e n50 deformavel coincidentes
num dado instante. A aplicaofio do teorema de transporte de Reynolds (Eq. 4.19) ao caso ilustrado
resulta em
D 3
_
Dtipdl/ : __._ .A
atipdv+iadA (5.3 )
ou
taxa de variagfio temporal taxa de variaeao temporal da vazfio liquida de massa
da massa do sistema = massa contida no volume de + através da superficie de
coincidente controle coincidente controle
Nos expressamos a taxa de variagfio temporal da massa do sistema na Eq. 5.3 pela soma da taxa de
variaofio temporal da massa contida no volume de controle.
r9
—— (1
drip U
com o vazfio lfquida de massa na superficie de controle,
I p V -fi dA

Quando o regime do escoamento é o permanente, todas as propriedades no campo de


escoamento (i.e., as propriedades em qualquer ponto — por exemplo, a massa especffica)
permanecem consmntes ao longo do tempo e, assim, a taxa de variaeéo temporal da massa contida
no volume de controle é nula, ou seja,

—0:— J p d l/ 2 0
8t
O termo V - fi (154 na integral da vazfio em massa representa o produto do componente do
vetor velocidade perpendicular a uma pequena porgao da superficie de controle e a area diferencial
dA. Assim, V - n (M 6 a vazfio em volume através da area (M e ,0 V - fi dA é a vazz‘ao em massa
através de 024. Ainda mais, o sinal do produto escalar V 0 fi é positivo quando o escoamento é para
fora do volume de controle e negativo para os escoamentos que alimentam 0 volume de controle
porque fl 6 considerado positivo quando aponta para fora do volume de controle. Nos obtemos a
vazao liquida de massa no volume de controle somando todas as contribuigoes diferenciais
p V ~ fi 094 que existem na superficie de controle, ou seja,
Jpv-fidAzzmsmzmc (5.4)
SC ,

Si stoma Volume dc controle


._ \ f
\ /
\ /
\ l
| f
l l
I, '\
\
x. __ / / \\ r

(a) (it) (c)

Figura 5.1 Sistema e volume de controle em trés instantes diferentes. (a) Sistema e volume de
controle no instante f — 5 t. (b) Srstema e volume de controle no instante r — condioéo coincidente.
(c) Sistema 6 volume de controle no instante t+ 5 t.
Analise com Volumes de Controle Finltos 187

onde n‘z é a vazao em massa (kg/s). Note que existe uma taxa de transferéncia de massa para fora do
Volume de controle se a integralda Eq. 5.4 for positiva. Agora, se a integral 6 negativa, a taxa d8
transferéncia do massa ocorre para dentro do volume de controle.
A expressz’io para a conservagfio da massa num volume de controle também é conhecida como
a equaofio da continuidade. Combinando as Eqs. 5.1, 5.2 e 5.3, nos podemos obter uma oquagéo de
conservaoao da massa adequada a volumes de controle fixos e 1150 defonnaveis. Assim,

g] pawl pV-fidA=0 (5.5)


A Eq. 5.5 mostra que a soma da taxa de variaoéo temporal da massa no volume de controle com a
vazfio liquida de massa na superficie de controle tem que ser nula para que a massa seja conservada.
De fato, o mesmo resultado poderia ser obtido mais diretamente relacionando as vazoes em massa no
volume de controle com a taxa de acumulaoao de massa no volume de controle (veja a Sec. 3.6.2).
Entretanto, é muito interessante mostrar que a aplicaeao do teorema de transpone de Reynolds
funciona neste caso simples. »
Uma expressz‘io muito utilizada para a avaliaqfio da vazao em massa, ”'1, numa segéo da
superficie de controle que apresenta area A é
lia=pQ=pAV (5.6)
onde p 6 a massa especffica do fluido, Q 6 a vazfio em volume (m3 /s) e V é o componente do velor
velocidade perpendicular 21 area A. Como
#2:; pV‘fidA
A

a aplicagao da Eq. 5.6 envolve a utilizagao de valores representatives das medias da massa especffica
do fluido, p , e da velocidade do escoamento na segao que cstamos considerando. Nos normalmente
consideraremos uma distribuigao uniforme da massa especfflca do fluido em cada segao de
escoamento dos escoamentos compressiveis e permitiremos que as van'agées de massa especffica
ocorram apenas de uma seeao para outra. O valor da velocidade que deve ser utilizado na Eq. 5.6 é_0
médio do componente do vetor velocidade normal at area que estamos analisando. O valor médio, V ,
é definido por
_[ pV-fidA
V = "——-——— (5.7)
pA
Se 0 perfil de velocidade do escoamento é uniforme na seeao transversal que apresenta area A
(escoamento unidimensional), temos
I p V ' fl dA
V = A—————- = V (5.8)
pA
Note que, as vezes, a barra sobre a velocidade nfio é utilizada para indicar que nos estamos operando
com o valor méclio da velocidade na segao de escoamento (como no Exemplo 5.1). Entretanto, a
barra nos indica que devemos utilizar o valor médio da velocidade quando a distribuigz'to de
velocidade na seoao transversal n50 é uniforme (como no Exemplos 5.2 e 5.4).
5.1.2 Volume de Controle Fixo e Indeformével
Existem muitos problemas da mecanica dos fluidos que podem ser adequadamente analisados
com um volume de controle fixo e indeformavel. Nos apresentaremos a seguir um conjunto de
problemas que podem ser resolvidos com este tipo de volume de controle (CD 5.1 - Escoamento
numa pia).
Exemplo 5.1
Agua do mar escoa em regime permanente no bocal conico mostrado on Fig. E51. 0 bocal esté
instalado numa mangueira e esta é alimentada por uma bomba hidréulica. Qual deve ser a vazfio
em volume da bomba para que a velocidade da segao de descarga do bocal seja igual a 20 m/s?
188 Fundamentos da Mecanico dos
Fluldos

89950 (1) (deccuga da bomba)

89950 (2) (descarga do basal)


Escoamento

é"
/

V2 u 20 D115
D2 = 40 mm
,0 \
Volume de controle Figura E5.1

Solugéio N63 desejamos detenninar a vazfio em volume da bomba que alimenta a mangueira, que
por sua vez, alimenta o bocal. Nos temos informaeoes do escoamento na segfio de descarga do bocal
e com elas nos podemos determinar a vazfio em massa na 'segfio de descarga do bocal. Deste modo.‘
n6s podemos determinar as vazoes no volume de‘ controle tracejado apresentado na
Fig. E5.1. Este volume de controle contém, em qualquer instante, a égua do mar que esté contida na
mangueira e no bocal.
Aplicando 3 Eq. 5.5 neste volume de controls,
8 A (1)
——_[pdl/ +JpV-ndA20
<9!
W—J

é nulo (o regime é pennanente)


Note que o termo referente 51 taxa de variagéo temporal da massa no volume de controle é nulo
porque o regime do escoamento é o permanente. A integral de superficie da Eq. I envolve as vazoes
em massa na segéo de descarga da bomba, swim (I) e a vaziio em massa na descarga do bocal. segéo
(2), cu seja
[pv-iidA =t —m, =0
SC

de modo que
#12 = m, (2)
Como a vazfio em massa é igual ao produto da massa especffica do fluido pela vazfio em volume
(veja a Eq. 5.6), temos
p2 Qz =pr Q: (3)
Nos vamos admitir que o escoamemo é incompressfvel (pois ‘0 escoamento é de liquido a baixa
velocidade). Assim, ' ‘
92 = P: (4)
Combinando as Es. 3 e 4,
Qz = Ql (5)
Assim, a vazéo em volume da bomba (também conhecida como capacidade da bomba) é igual a va-
zfio em volume na segz'ao de descarga do bocal. Se, por simplicidade, nos admitirmos que o escoa-
mento é unidimensional na seqio de descarga do bocal, a combinagfio clas Eqs. 5, 5.6 e 5.8 fornece
7:
Q1: Q2 =V2A2 = V220;

= 20><§><(0,040)2 = 0,0251 m3/s


Exemplo 5.2
A Fig. 135.2 mostra um escoamento de ar num trecho longo e reto de uma tubulagfio que apresenta
difimetro interno igual a 102 mm. 0 ar escoa em regime permanente e as distribuigoes de tempera-
tura e pressfio $50 uniformes em todas as segoes transversais do escoamento. Calcule a velocidade
média do ar na segfio (l) sabendo que a velocidade media do ar (distfibuigfio nfio uniforme dc
velocidade) na segfio (2) e 300 m/s.
Anélise com Volumes de Controle Finitos 189

Volume de controls Tubo

Beams-mag E—igg— ———————— E q

Segao (1) Di = D 2 = 102mm Seqao (2)

Pl = 690 kPa (abs) P2 = 127 kPa (abs)


T1 =300K T2: 252K
:72 = 300 mjs Figura E52

Solugfio A velocidade média do escoamento em qualquer segao pode ser calculada com 21 Eq. 5.7.
cu seja, é igual a vazao em massa dividida pelo produto da massa eSpecffica do fluido na segfio
com a érea da $6950 do escoamento. Nos vamos relacionar os escoamentos nas segées (I) e (2)
com 0 volume dc controie mostrado na Fig. 135.2.
ApIicando a BC}. 5.5 neste vo!ume do controls,

%jpd1/ +IpV‘fidA=0
é nulo (o regime é pen-nancme)

Note que o termo referente a taxa de variagz‘io temporal da massa rio volume do controle é nulo
porque o regime do escoamento é o permanente. A integral dc superficie desta equaqao envolve as
\‘azoes em massa nas segoes (l) e (2). Aplicando a Eq. 5.4, temos

IpV-fia’A=n'zz—Ihl =0
SC

on
”-1: = r612 (1)
Combinando as Eqs. 1, 5.6 e 5.7,
P, AIVE =p2 A2 V2 (2)
ou

j = 92 172 (3.)
P:
porque AI = A2.
0 at, nas faixas de temperatura e pressfio deste problema, pode ser modelado como um gas
perfeito. A equagao dc estado para um gas perfeito 6 (Eq. 1.8)
p .
= .—~—— (4)
p RT
Combinando as Eqs. 3 e 4,
17 _ plVz (127x103 )(300)(300)
-
=66 m/s
' p. T: (690x103 )(252)
N63 vimos, neste exemplo, que a equagfio da conservagfio da massa (equagao da continuidade,
Eq. 5.5) é vélida tamo para escoamentos compressiveis quanto incompressiveis o que é possfve]
trabalhar com perfis de velocidade n50 uniformes se utilizarmos o conceito do velocidade média.
Exemplo 5.3
O desumidificador mostrado na Fig. E 5.3 é alimentado com 320 kg/h de ar fimido (uma mistura do
ar seco com vapor d'égua). A vazéo em massa de égua liquida retirada do equipamento 6 7.3 kg/h.
Determine a vazfio em massa do ar fimido na segfio dc descarga do desumidificador —- segéo (2).
190 Fundamentos da Mecénicédoe :Fluidos

' "w- 2W
Seeao (1) Serpemina de refrigeraqao

_"
Volume de controle .
\ I / Motor ~ Ventilador
"'11 = \r—-, _fi l'"— / _
320kg/h | l IF f— 1,"!2”
/| I | i j \ ""
IL/I I' |I L" r A L — J\
/ |I |U o dl
V V
'I _
$391100)
Coudensado
(égua) I l
. L _______ "J

[1‘23 = 7,3 kg/h Figura E53

Solugfio A incognita do problema, a vazao em massa na $6950 (2), e funqéo das vazées em massa
nas segoes (l) e (2) para 0 volume de controle mostrado na Fig. [35.3. Note que 0 volume de
controle contém uma mistura (1:: ar e vapor d'zigua e 0 condensado (a’gua liquida) no
desumidificador. 0 volume de controle n50 engloba 0 ventilador, 0 motor e a serpentina de
refrigeragfio. Nos vamos admitir que o regime do escoamento no equipamemo é o permanente
mesmo sabendo que o escoamenu) nu regiao proxima do ventilador n50 e’ permanente (ele é
periodico). Deste modo, as vazoes em volume nas segoes ( l), (2) e (3) serfio constantes e a taxa de
variagao temporal da massa comida no volume de controle, em media, pode ser considerada nula.
A aplicagfio das Eqs. 5.4 e 5.5 a0 volume de controls mostrado na figura resulta em

IpV-firiAz—mi+ii12+m3 =0

ou
I“: = Mli — "'23 = 320,0 —7,3 = 312,7 kg/h
Note que a Eq. 5.5 pode ser utilizada em volumes dc controle que apresentam varias segoes de
alimentagao e descarga.
A mesma resposta seria obtida se utiliza’SSemos um outro volume de controle. Por exemplo,
se nos escolhéssemos um volume de controle que também englobasse a serpentina de refrigeragao,
a equagfio da cominuidade ficaria da seguinte forma:
m1 = IiiI —n13 +m4 —m5 (1)

onde ”’24 e 1525 $50 as vazoes em massa de fluido refrigerante nas segoes de alimentagfio e descarga
da serpentina de refrigeragao. Como o equipamento opera em regime permanente, estas vazGes em
massa $50 iguais e, assim, a Eq. ] fornece um resultado igual aquele obtido com 0 volume (is
controle original.

Seez'io (] ) Volume de Controle

4,42 = 2 1i: ra'r Seofio (2)

u = "max [1432]
Figura E5.4

Exemplo 5.4
A Fig. E54 mostra o desenvolvimento de um escoamento laminar de égua num tubo reto (raio R).
O perfil de velocidade na segfio (l) 6 uniforme com velocidade U paralela a0 eixo do tubo. O perfil
de velocidade na segéo (2) 6 axissimétrico, parabolico, 00m velocidade nula na parede do tubo e
Anélise com Volumes de Controle Finitos 191

velocidade méxima, um , na linha de centro do tubo. Qual é a religfio que existe entre U 6 u"121x ?
Qual é a relaqiio que existe entre a velocidade média na segfio (2), V 2 , e um?
Solugfio A aplicagzfio da Eq. 5.5 no volume de coritrole mostrado na figura resulta em
I p V - fi dA = 0

Avaliando as integrais de superficie nas segoes (l) e (2), temos

—p,A,U+i-fidAl=0 (1)
. 42
Os componentes dos vetores velocidade na segéo (2), V, 550 perpendiculares 21 369130 e serz‘ao
denotados por u2 . 1:5 0 elemento diferencial de érea, dAZ , é igual a 2m-dr (veja a figura). Aplicando
estes resultados na Eq. 1,
R
—pIAIU+pzju227crdr=0 . (2)
0

Nos vamos admitir que o escoamento é incompressivel, ou seja, p, = p3. Aplicando o pet-til
parabolico de velocidade da segfio (2) na integral da Eq. 2,

R . 3
—aU+2mmj 1—[L] rdr=0 (3)
o R
Integrando,
2 _4 R
meZU+2123u_ 34— I , =0
"”x 2 4R' 0
on

Como o escoamento é incompressivel, a Eq. 5.8 mostra que U é a velogidade média em todas as
segfies transversais do tubo. Assim, a velocidade média na segfio (2), V 2 , é igual a metade da
velocidade méxima, ou seja,
'

u max
IJ<

2
Exemplo 5.5
A banheira retangular mostrada na Fig. 55.5 esté sendo enchida com égua fornecida por uma
torneira. A vazfio em volume na torneira é constante e igual a 2,0 m3/h. Determine a taxa dc
variagéo temporal da profundidade da égua na banheira, (9 11/8: , em m/min.
Solugfio Nos veremos no Exemplo 5.9 que este problema pode ser resolviclo com um volume de
controls defonnével que inclui somente a égua na banheira. Por enquanto, nos utilizaremos 0
volume de controle indeformével indicado na Fig. E55. Este volume de controle contém, em
qualquer instante, a égua acumulada na banheira, a égua do jato descarregado pela tomeira e at. A
aplicaqfio das Eqs. 5.4 e 5.5 a este volume de controle resulta em

Volume de controle

Figura E55
192 Fundamentos da Mecénica dos Fluidos

a
_ a
d 1/ + _ P: d 1/5 .
-— m‘,A + m. = 0
3 [ “om“;[dgfr at a t Volume'ldc figufiua gun gua Elf

Note que, isoladamente, a taxa de variagfio temporal da massa de ar e a de égua nfio sfio nulas.
Entretanto, a massa de ar precisa ser conservada, ou seja, a taxa de variagfio temporal da massa de
ar no volume de controle precisa ser igual ao fluxo de massa que sai do volume de controle. Para
simplificar o exemplo nos varnos admitir que n50 ocorre vaporizaeéo de égua no volume de
controle. Aplicando as Eqs. 5.4 e 5.5 para 0 ar contido no volume de controle, temos
8 .
— I pm, d l/ar+ mar = 0
at volumede ar

Aplicando as mesmas equagoes a égua contida no volume de controle,

J pégua d y£1q : ”.Tfigun (1)


a I volume dc figua

A taxa de variagfio temporal da figua no volume de controle pode ser calculada do seguinte modo:

£9— jpéguu dl/m =i(pfigm [so,6xl,5+(0,5—/1)A,. ]) (2)


at volumcdefiguu g at

onde A; 6 a érea da segéo transversal do jato d'égua. Combinando as Eqs. I e 2,


h
pfigua (0’9—Aj )%;=n.1zjgua

Assim,
ah _ Qfigun

E—_l0,9-Aji
Se A}. << 0,9 m: nos podemos concluir que
8h Qéua 2
— ’3 ——’g-——=6,2X 10'4mls=37mm/minuto
3— (0,9) “ 3600x0,9

O exemplo anterior ilusrra alguns resultados importantes da aplicagéo do principio de conservagéo


da massa em volumes de controle fixos e indeforméveis. O produto escalar V13 6 considerado
positive quando o fluxo de massa é para fora do volume de controle (descarga, safda) e negativo
quando o fluxo de massa é para dentro do volume de controle (alimentaefio, entrada). Assim, as
vazoes em massa que estéo sendo descarregadas do volume de controle sz'io positivas enquanto que
as de alimentagéio séo negativas. Quando o regime do escoamento é o permanente, a taxa de
variagéo temporal da massa contida no volume de controle,

i j p d ’f/
arw
é nula. Nestes casos, a somatoria das vazoes em massa na superficie de controle também é nula, ou
seja,
2m; -Z"‘u = 0 . (5.9)
A somatoria da vazfio em volume na superficie de commie também seré nula se 0 escoamento for
incompresslvel e em regime permanente,

ZQS “ELQc =0 (5.10)


Muitos escoamentos transitorios ciclicos podem ser considerados como permanentes em media.
Quando o escoamento é transitério, a taxa de variaeéo instantfinea da massa contida no volume de
controle £150 6 necessariamente nula e pode ser uma variével importante (CD 5.2 — Aspirador
industrial). A quantidade de massa contida no volume de controle aumenta ao longo do tempo se 0
valor de
Anélise com Volumes de Controle Finitos 193

a
— pd ’l/
a: J
6 positivo e a quantidade de massa contida no volume de controle diminui ao longo do tempo se an
integral é negativa.
Quando o escoamento é uniformememe distribuido numa segfio de escoamemo localizada na
superficie de controle (escoamento unidimensional),
m=pAV
onde V é o modulo (uniforms) do componente doivetor velocidade normal 271 firea cla_segfio de
escoamento, A. Lembre que nos devemos utilizar o valor médio do perfil de velocidade, V . quando
este n50 for uniforme na segfio de escoamento, ou seja, (veja 3 Eq. 5.7)
m = p A 17 (5.1 1)
Se 0 volume de controle so apresenta uma segéo de alimennaez'io (l) e outra de descarga (2).
n) = p. A117: = p3A2l72 (5.12)
Além disso, se 0 escoamento for incomp1‘e35fvei, temos '

Q=All7, =Azl72 (5.13)


Se 0 regime dos escoamentos associados a um volume de controle que apresenta vérias seeoes
de entrada (alimentagfio) e safda (descarga) é o permanente, '
zmc = Ems
Note que os exemplos apresentados mostram que a anélise de problemas da mecfinica dos fluidos
com volumes de controle fixos e indefemuiveis é bastante versétil 6 mil.

6.1.3 Volume de Controle Indeformével e Move]


Muitas vezes é necessério analisar um problema utilizando um volume (:16 controle
indeformével solidério 21 um referencial movel. Entre estes cases nos podemos ressaltar as anélises
dos escoamentos em turbinas de avifio, em chaminés de navios e em tanques de combustr’vel cle
automoveis em movimento.
Nos mostramos na Sec. 4.4.6 que a velocidade do fluido em relagfio 30 volume de controle
move] (velocidade relativa) é uma variével importante na anélise de escoamentos em volumes de
controle moveis. A velocidade relativa, W, e’ a velocidade do fluido vista por um observador
solidfirio ao volume de controle. A velocidade do volume de controle, c, é a velocidade do volume
dc controls detectada por um observador solidério a um sistema de coordenadas fixo. A velocidade
absoluta do fluido, V, é a velocidade detectada por um observador imével solidério a0 sistema de
coordenadas fixo. Estas velocidades estfio relacionadas pela seguinte equagfio vetorial:
V = W + V“, ' (5.14)
Note que esta equagfio é idéntica a Eq. 4.22.
A aplicagé‘io do teorema de transporte de Reynolds (Eq. 4.23) a um volume de corrtrole movel e
indeformével resulta em
DMsis _ 1]
pd'U-l-J pW-fidA (5.15)
Dr 3: W
Como a massa do sistema n50 varia, (veja a Eq. 5.1)

<9
a: j pdv+j pW-fidA=0 (5.16)
Exemplo 5.6
O aviéo esboeado na Fig. E56 voa a 971 km/h. A érea da segéo frontal de alimentaefio de ar
da turbina é igual a 0,8 m2 e 0 ar. neste local, apresenta massa especffica igual a 0,736 kg/m3. Um
M cériica dos Fluidos

observador solidério ao solo detecta que a velocidade dos gases de exaustfio é igual a 1050 km/h.
A érea da segfio transversal dc exaustfio da turbina 6 0,585 m2 e a massa especffica destes gases 6
0,515 kg/m3. Estime a vazfio em massa de combustl’vel utilizada nesta turbina.

alvfilo‘
971 km/h
.4..—

./ I)! comb. 0
Volume dc conll'ole A ,ma
- ., m + ‘
c
‘,\_ 971 km: V» = 1050 kin/11
f L i
.--' .

”z = ‘f ~- ‘ W2=1050+971 —
971 kJTb’h/ 339-50 (2) 2021 kin/11 A
35950 (I) Figura 135.6
Solugfio Nés vamos utilizar um volume de controle que se move solidério a0 avifio e que engloba
toda a turbina (veja as Figs. E5.6a e 5.61)). A aplicaeéo da Eq. 5.16 a este volume de controle
resulta em

53?; d+J pW-fidA‘=0 (1)


O primeiro termo da equaoéo é nulo porque nos vamos considerar que o regime do escoamento em
relaoéo :10 volume de controle movel é, em média, permanente. Nos podemos avaliar a
integral de
supel'fi’cie da Eq. I so admitirmos que o escoamento é unidimensional. Deste modo,
—' m
comb. c —,01 Al WI +p2 A2 W2 =0
0U
V

’hcomh. c = p] A2 W2 — pl AI pVI (2)


Nos vamos considerar que a veiocidade do admissfio de ar em relaoz'io 210 volume de controle
move], WI ,é igual a veiocidade do avifio (971 km/h). A velocidade dos gases de
exaustfio em'
relagfio ao volume de controle move], W,, também precisa ser avaliada. Como o observado
r fixo
detectou que a velocidade dos gases de exaustfio da turbiua é igual a 1050 km/h, 21 velocidade
destes gases em relagéo a0 volume de controle movel é dada por (veja a Eq. 5.14)
v2 2w: + vavian =1050+971=2021kmlh
Aplicando 21 Eq. 2, .
mW a(0,515)(0‘558)(2021x1000+3600)—-(0,736)(0,8)(971x1000+3600)
=161,3—158.8 = 3,5 kg/s
Note que a vazfio em massa de combustfvel foi calculada pela diferenga de dois valores bastante
grandes e muito préximos. Assim, é necessario conhecer com precisfio os valores de W2 e W| para
que seja possivel obter um valor razoeivei para mm“.

A2 at 30 mm?-
Segfio (2)
Volume de commie

Seeflofl)

Seqfio (2)

Figura E5.7 R Q - 1000 ml]:


Analise corn Volumes de Controle Finitos 195

Example 5.7
A vazéo de égua no irn'gador rotativo de jardim mostrado na Fig. 55.7 e l000 mlls. Se a érea da
sege‘io de descarga de cada um dos bocais do in'igador é igual a 30 mmz, determine a velocidade da
figua que deixa o irrigador em relagz‘io a0 bocal se (a) a cabega do in'igador esté imével, (b) a cabega
do irrigador apresenta rotagfio de 600 rpm, (c) a cabega do irrigador acelera de 0 a 600 rpm.
Solugfio N65 vamos utilizar 0 volume de controle indicado na figure (ele contém toda a égua
localizada na cabega do dispositivo). Este volume de controls é indeformével e é solidério a cabega
do inigador. A aplicagfio da Eq. 5.16 neste volume cle controle - vélida para os trés casos descritos
na formulagéo do problema - resulta em

57] pdl/+J' pW-fidA=0


O primeiro termo da equagéo é nulo porque o regime de escoamenlo é o permanente - tanto para 0
caso (a) quanto para os casos (b) e (c) - para um observador solidério é cabega do dispositivo. De
outro lado, a cabeoa do in'igador est'ci sempre cheia de égua e, deste mode, a taxa de variagfio da
massa de figua contida na cabega do in-igador é nuIa. Assim.
Jr,12‘v7-iia'xél=—Iiic +17}S :0
SC

on
ll'l'c = [1.1).
Como
”'1‘ = 2pA2 W2 6 lire = pQ
segue que
__ Q- _ lOOOxlO‘“
216.7 ms
3 2A2 2x30><10‘6
O valor de W2 independe da velocidade angular da cabega do irrigador e representa a velocidade
média da figua descan'egada nos bocais em relagz‘io a0 bocal [esta concluséo é valida para os casos
(a). (b) e (0)]. A velocidade da égua descan'egada em relaofio 21 um observador estacionério (i.e., V2)
variaré com a velocidade angular da cabega do irrigador porque (veja a Eq. 5.14)
g=mmu
onde U 6 a velocidade do bocal em relagfio :10 observador estacionério (igual a0 produto da
velocidade angular da cabega do in'igador pelo raio da cabega do dispositivo).

A convengfio do produto escalar continua a mesma quando nos trabalhamos com volumes de con-
trole moveis e indeforméveis. Note que a taxa de variagio da massa no volume de controls é nula
quando o escoamento no volume de coon-ole move] é em regime permanente, ou permanente em
média, e que clevemos utilizar as velocidades vistas por urn observador solidério ao volume dc con-
trole (velocidades relativas) na equagao da continuidade. As velocidades absoluta e relativa estfio
relacionadas por uma equagfio vetorial (Eq. 5.14) que envolve a velocidade do volume de controle.

5.1.4 Volume de Controle Deformével


A utilizagz‘io de um volume de controle deformével pode simplificar, algumas vezes, a solugfio
de um problema. Note que o tamanho de um volume cle controle defonnével varia e, por isto, a
superficie de controle se movimenta. Nestes casos. nos devemos utilizar o teorema de transporte de
Reynolds adequado a volumes de controle moveis. Combinando as Eqs. 4.23 e 5.1, obtemos

log/1:53 :gjpdlqj‘ pW-fidA=0


(5.17)

A taxa de van'aqéo da massa contida no volume de controle


196 Fundamentos da Mecénica dos Fluldos

c9
—— p d l/
a: {E
normalmente n50 é nula e precisa ser calculada cuidadosamente porque a fronteira do volume de
controle varia com o tempo. Jé o termo
I p W -fi (1A
SC

precisa ser calculado com a velocidade do escoamento em relagfio a superflcie de controle ,W.
Como 0 volume de controle é deformével, a velocidade da superficie de controle n50 é
necessariamente uniforme e idéntica a velocidade do volume de centrole, c (como acontecia no
case em que 0 volume de controle era move! e indeformével). Assim, para um volume de controle

-..
deformzivel. ‘

___-'.
V=W+V$c ' ' ' “ (5.18}
onde V5c é a velocidade da superficie de controle detectada por um observador fixo. E interessante
frisar que a velocidade relativa, W, deve ser determinada cuidadosamente. Os préximos dois exem-
pIos iluslrarfio a utilizaofio da equagfio da continuidade aplicada a volumes de controle deforméveis.

Exemplo 5.8
A Fig. 135.8 mostra o esquema de uma seringa utilizada para vacinar bois. A érea da segfio
transversal do émbolo e 500 mmz. Qual deve ser a velocidade do émbolo para que a vazfio de
liquido na agulha seja igual a 300 cm3 Iminuto? Admita que ocorre um vazamento de liquido entre
o émbolo e a seringa corn vazfio igual a 10% daquela na agulha.

Qvaz=OJQ2 \ l——,—-l
Modmento “ ,— ————————— .1 Q2 = 300 cm3/min
do émbolo l AP = I

l 500 mmz ,5 7 “in”


‘44 ’ _________ _|
’ \ Seefio (2)
8:33:50 (1) Volume de controls Figura E5.8

Solugz’io 0 volume de controle escolhldo para resolver este problema esté indicado na Fig. E58.
A segio (1) do volume de controle se movimenta com o émbolo. A ail-ea da 56950 (1), Al , vai ser
considerada igual a érea da segéo transversal do émbolo, A”. 'Esta consideragfio n50 é verdadeira
devido a presenga de vazamento entre’ o émbolo e a sen'nga. Entretanto, normalmente, esta
diferenga é pequena e assim,
‘ A] = A], (I)
O lfquido também deixa e seringa pela 36950 (2) que apresenta érea da $6950 transversal igual a All.
A aplicagfio da Eq. 5.17 neste volume de controle resulta cm

iI p d l/ +17”:Z +m= 0 (2)


at
Mesmo que QW e o escoamento na segéo (2) sejam permanentes, a taxa de variaeéo temporal da
massa de liquido no volume de controle nfio é nula porque 0 volume de controle esté ficando cada
vez menor. A massa de liquido contido no volume de controle é dada por,

lpdl/=p(M.+1/ugu.m) <3)
onde I e o comprimento variéve] do volume de controle (veja a Fig. 55.8) e Vagulha é 0 volume
interno da agulha. Derivando a Eq. 3, obtemos

a 81
arip d 1/ = Ma:
——-- (4)
Analise com Volumes de Controle Finitos 197

Note que
3! = Vp
m3;
(5)
onde VP 6 a velocidade do émbolo. Combinando as Eqs. 2, 4 e 5,
—pA[Vp+m2+m=0 (6)
Lembrando que .
n12 = p Q2 . (7)
(veja a Eq. 5.6) nos podernos rescrevcr a Eq. 6 do seguinte modo

-pA1Vp+pQ2+m=0 (3)
Isolando o termo Vp ,

V 3 Mg
P A]
(9)
Como Qvaz = 0,1 QZ, . . . .
_ Q2 +0.1Q2 1,1 Q2 1,1x300x103
V = = = 660 mm/minuto
F Al A, 500

Exemplo 5.9
Resolva o Exemplo 5.5 utilizando um volume de controle deformével que so contém a égua
acumulada na banheira.
Soluqfio A Eq. 5.17 aplicada a este volume dc controle dcformével resulta em

19— jd+Jpw-fidA=o (1)


‘9 agua s:

O pn'meiro termo da Eq. I pode ser avaliado do seguinte modo


8 3 8h
6:5n d’l/=—-—
— who h ( 1,5 )( 0,6 )1 =0,9 pg!
— ()
2

O segundo termo da Eq. I é igual a


A 8/2
IpW-ndA=—p[Vj+§t—]Aj (3)
0nde A. 6 a érea da segéo transversal do jato descarregado pela tomeira 6 VJ é a velocidade da égua
no jato. Combinando as Eqs. 1, 2 e 3, obtemos‘
3h_ VIA}. _ Q53“
5?_(0,9—Aj)'(0,9—Aj)
SeAj<<0,9m3, V
fl=%€m___.———
2’0-—-=6,2><10'4 m/s=37 mm/minuto
3t (0,9) 3600X0,9

Nos mostramos que é razoavelmente fécil aplicar o princfpio dc conservagz’io da massa a0


contefido do volume do controls. A escolha apropriada de um tipo de volume de controle (por
exemplo, fixo e indeformével, move] e indefonnével ou deformével) pode tornar mais simples
o
processo de solugfio de um problema. Normalmente, é interessante localizar a superficie de
controls perpendicularmente ao escoamento (nas regioes onde existe escoamento). Nés
mostraremos nas proximas segoes que o principio de conservagfio da massa é utilizado em
conjunto com outras leis importantes da fl’sica para resolver os problemas da mecz’inica dos fluidos.
198 Fundamentos da Mecanica dos Fluid
os‘

5.2 Segunda Lei de Newton — As Equagoes da Quantidade de Movimento


Linear e do Memento da Quantidade de Movimento

5-2‘1 Derivagfio da Equagfio da Quantidade de Movimento Linear


A segunda lei de Newton , para sistemas, estabelece que
taxa de variagfio temporal $01113 daS forgas .
da quantidade de movimento = externas que atuam
do sistema no sistema
A quantidade de movimento de um sistema é igual ao produto de sua massa por sua
velocidade (© 5.3 — Escoamento dos gases descarregados de uma chaminé). Assim, uma pequena
particular com massa p (11/ apresenta quantidade de movimento igual a Vp dl/ e um sistema
apresenta quantidade de movimento Lit Vp 0W. Aplicando este resultado na segunda lei de
Newton. ”
D
“I Vpdl/=ZFsis (5.19)
I Sis
Qualquer referencial. ou sistema de coordenadas, aonde esta afirmagfio é valida é denominado
inermal. Um sistema de coordenadas fixo é inercial e um sistema cle coordenadas que se desloca
numa linha reta com velocidade constante também é inercial.
Nos apresentaremos a seguir o desenvolvimento da equaeao da quantidade de movimento
linear adequada 21 volumes dc controle. Quando 0 volume de controle é coincidente com o sistema,
as forgas que atuam no sistema e as forgas que atuam no contetido do volume de controle
coincidente (veja a Fig. 5.2) $50 instantaneamente idénticas, ou seja,

Z Fsis = :4 Fconmldndo volumede (5'20)


controlc coincidcnrc

A aplicaefio do teorema de Iransporte de Reynolds no sistema e no contefido do volume de


controle coincidente, que é fixo e indeformavel, fornece (Eq. 4.19 com I) e Bsis respectivamente
iguais a velocidade e a quantidade de movimento do sistema),

EidvziidV+pV-fidxl (5.21)
DI sis at vc st:
ou
taxa de variagao temporal taxa de variagao temporal fluxo liquido de
da quantidade de movimento = da quantidade de movimento + quantidade de movimento
linear do sistema linear do contefido do volume linear através da superficie
de controle de controle
A Eq. 5.21 estabelece que a taxa de variagao temporal da quantidade de movimento linear é
dada pela soma de duas quantidades relacionadas ao volume de controle: a taxa de variagao
temporal da quantidade de movimento linear do contet’tdo do volume de controle e o fluxo liquido
de quantidade de movimento linear através da superficie de controle. As particulas de fluido que
cruzam a supeificie de controle transportam quantidade de movimento e, assim, nos detectamos
um fluxo Ifquido de quantidade de movimento linear na superficie do volume de controle.

FD Volume de
00:}! role
coincidente
\ \_\/

FiguraS. 2 Forgas externas que atuam no


Sislema FA sistema e no volume de controle coincidente.
Anéiise com Volumes de Controle Finitos 199

Combinando as Eqs. 5.19, 5.20 e 5.21 nos podemos obter urna fonnulagfio matemética da
segunda lei de Newton para volumes de controle fixes (inerciais) e indeforméveis,

i .r v p d V +1 V to V ' fidA = 2 Fcomeddudovolume (5'22)


a: dc conlmlc

A Eq. 5.22 6 conhecida como a equagfio da quantidade de movimento linear.


lnicialmente, por simplicidade, nos s6 analisaremos problemas com volumes de controle
fixos e indeformaveis e posteriormente nos discutiremos a utilizaefio de volumes de controles
moveis e indeforméveis (mas inerciais). Nos n50 consideraremos 05 volumes de controle
deformaveis ou que apresentem aceleragées (n50 inerciais). Se 0 volume de controle nfio é inercial,
os componentes do vetor aceleraefio (por exemplo a aceleragfio de translagfio, a aceleragfio de
Coriolis e a aceleragio centrifuga) requerem um tratamento especial. -
As forgas que compoem a somatoria
2 Fconzclido du v5)!u_me
dc commlc connculenle

$50 as de campo e as superficiais que atuam no conteudo do volume de‘controle. A finica forga de
campo que nos consider’aremos neste capftulo é a associada a aceleragaoda gravidade. As forgas
de superficie sao exercidas no conteudo do volume de controle pelo material localizado na
vizinhanga imediata e externa a0 volume de controle. Por exemplo, uma parede em contato com o
fluido pode exercer uma forga superficial de reagfio no fluido que ela confina. De modo anélogo, o
fluido na vizinhanea extema do volume de controle pode empurrar o fluido localizado na
vizinhanea interna da interface comum (normalmente isto ocorre em regioes da superficie cle
controle onde se detecta escoamento de fluido). Um objeto imerso também pode atuar sobre 0
escoamento de um fluido com forgas superficiais.
Os termos da equagfio de quantidade de movimento linear devem ser analisados cuidadosn-
meme. Nos apresentaremos, nas proximas segoes, vérias aplicagoes desta equagao.

5.2.2 Aplicaefio da Equagfio da Quantidade de Movimento Linear


A equagfio da quantidade de movimento linear para um volume de controle inercial é uma
equagao vetorial (veja a Eq. 5.22). Normalmente, nos problemas de engenharia, é necessério
analisar todos os componemes desta equagfio vetorial em relagfio a um sistema de coordenadas
ortogonal [por exemplo: o sistema de coordenadas cartesiano (x, y, a) on o sistema de coordenadas
cih’ndrico (r, 6, 2)]. Inicialmente, nos apresentaremos a anélise de um problema simples que
envolve um escoamento unidimensional, incompressfvel e que ocorre em regime permanente.

Exemplo 5.10
A Fig. E5.10a mostra um jato d’agua horizontal incidindo num anteparo esracionario. O jato e
descarregado do bocal com velocidade uniforme e igual a 3,0 m/s. 0 finguio entre o escoamento de
agua, na segao de descarga do anteparo, e a horizontal é 9. Admitindo que os efeitos gravitacionais
e viscosos sao desprezfveis, determine a forga necessaria‘para manter o anteparo imovel.
Solugfio Considere 0 volume de controle que inclui o anteparo e a zigua que esté escoando sobre
o anteparo (veja as Figs. [-35.10 b e c). Aplicando a equagz'io da quantidade de movimento linear,
Eq. 5.22, nas diregoes .1: e z, temos

£Iud+jupV-fidA=2Fx ‘ (1)
e .
2%.; war/+1 p-fidAzzF: (2)
onde 21“,. e 2F; representam as componentes da forga resultante que atua no contefido do volume
de controle e V =u i+wk é a velocidade do escoamento. Observe que as derivadas temporais s‘ao
nulas quando o regime de operagao é o permanente.
200 Fundam'entos da Mecénica dos Fluidos

we. : r-‘é.W£ku~‘lx;t‘l€-:5W~

(:7)

Volume de —"I' ———————————————y


controle

(b)

Figura E5.10
A agua entra e sai do volume de controle como um jato livre a presséo atmosférica. Nesta
condigfio, a pressfio que atua na superficie do volume de controle é uniforms e igual a atmosférica e
a forca liquida, devida a pressio, que atua nesta superficie é nula. Se nos desprezarmos o peso da
égua e do anteparo, as finicas forcas que amam no conteudo do volume de controle 5510 05
componentes horizontal 6 vertical da forca que imobiliza o anteparo (FM e FAZ, veja a Fig. E5.10c).
Nos 56 detectamos escoamentos nas segfies (I) e (2) da superficie do volume de controle consi-
derado. Observe que V 1“: = —V, na segfio de alimentacfio (1) e que V - fi = V2 na secfio de descarga
do volume dc controle (2). Relembre que o versor normal associado a uma superficie sempre aponta
para fora do volume de controle. A velocidade do escoamento na $6950 (2) é igual aquela na secao
(I) porque n65 vamos desprezar os efeitos viscosos e gravitacionais e jé vimos que as pressoes nas
segoes dc alimentagfio e descarga do anteparo sfio iguais (veja a equagfio de Bernoulli, Eq. 3.6).
Assim, u = V. , w = 0 na secfio (l) e u = V, 0036 , w = V1 sen0 na segfio (2). Utilizando estas
informacoes, as equacoes 1 e 2 podem ser reescritas do seguinte modo
mp(—I4)A.+Kcosep(K>A2=FM (3)
(0)p(—V])A1+V.sen9p(Vl)A2=FAZ (4)
As Eqs. 3 e 4 podem ser simplificadas se nos utilizarmos a equagio da continuidade restrita aos
escoamentos incompressfveis, ou seja, A: V1 =.- As. Como V, = V2, temos que A; = A; e
FM =—pA,V,2+pA1Vficose=«pA,v,2 (I—cosB) (5)

FA: =pA1 V12 sa (6)


Utilizando os dados fomecidos,
FAX = —(999)(5,57><10'3)(3)2(1—cos€ ) = —50,1 (1 ecosB) N

FA: = (_999)(5,57><10'~")(3)2 sen6 =50,1 sen6 N


Observe que, quando 6 = 0, a forga necessérla para imobilizar o anteparo é nula. Isto ocorre
porque nos modelamos o escoamento como invfscido. Se 9 = 90°, n63 encontramos FAX = —50,1 N 6
FM = 50,1 N. Nesta condicz‘io, o jato tenta empurrar o anteparo para a direita. Se 6 = 180°, nos
encontramos PM = "100,2 N e FA]. = O N, on seja, a componente vertical da forga que atua no jato
Anéfise‘ com Volumes de Controle Fin'rtos 201

(5 nula e o modulo da componente horizontal dessa forga é o dobro daquele verificado quando na
condigao em que 9 = 90
As componentes horizontal e vertical da forga necessaria para imobilizar o anteparo também
podem ser escn’tas em fung'ao da vazfio em massa do jato. Lembrando que :5: = p A, V, ,
FA; =—r:51Vl (1—0056)

FA: =rhl/1 sene


Exemplo 5.11
Determine a forga necessaria para imobilizar um bocal cénico instalado na segfio de descarga de
uma tomeira de laboratério (veja a Fig. ES.1 la) sabendo que a vazao de figua na torneira é igual a
0,6 litres/s. A massa do bocal é 0,1 kg e 05 diametros das segoes de alimentaqao e descarga do
bocal s50, resp'ectivamente, iguais a 16 mm c 5 mm. 0 eixo do bocal esta na vertical e a distancia
axial entre as segoes (I) e (2) 6 30 mm. A pressao na segz‘io ( 1) e 464 kPa.
Solugfiio A forga procurada é a forqa de reagao da tomeira sobre a rosca do bocal. Para avaliar esta
forea nos escolhemos 0 volume de controle que inclui o bocal e a égua contida no bocal (veja as
Figs. E5.I la e E5.11b). Todas as forgas verticais que atuam no contefido deste volume de controls
estao identificadas na Fig. 55.1117. A 3950 da pressao atmosférica é nula em todas as diregoes e,
por este motive, nao esta indicada na figura. As forgas devidas a pressao relativa na diregao
vertical nao se cancelam e estfio mostradas na figura. A aplicagao da Eq. 5.22 (na diregao vertical,
z) ao contefido do volume de controle resulta em

%1 wpdV-i-I p-fidA=FA—Wn—plAl—Ww+p2A2 (1)


onde w e o componente do vetor velocidade na diregao z e as outros parémetros podem ser
identificados na figura. Observe que o primeiro termo da equagfio é nulo porque o regime de
operagao é o pennanente.
Note que nos consideramos que as forgas sao positivas quando apontam "para cima". Nos
também vamos utilizar esta convengao de sinais para a velocidade do fluido, w. 0 produto escalar
V-r'i da Eq. 1 sera positivo quando o escoamento "sair" do volume de controle e negativo quando
o escoamento "entrar" no volume de controle. Para este exemplo,

[— , Volume de
r__.____

r P" control:
01:16am: 1
"’1 I
I
— ———- , ,'._— Segaom

\ If h-BO mm

‘ I 5:950 (2)

MD;— 5mm

“’2

‘iw Figura E5.11a


202 ‘ H dos Fluidos

l Volume de
I/ control:

F... = Forea que atua no bocal


W~l=, Peso do bocal . .
W". = Peso (fa figua contida no bocal
A. 2 Area dz: seqfio de alimentagfio
A: = Area da segfiode descarga

Figura 135.111)
“’2

V-fidA=:|w|dA (2)
onde 0 sinal + é utilizado no escoamemo para fora do volume de controle e o sinal —~ no
escoamento para 0 volume de controls. Nos precisamos conhecer os perfis de velocidade nas
segoes de alimentaoao e descarga do volume de controle e também como varia o valor da massa
especffica do fluido, p, no volume de controls. Por simplicidade nos vamos admitir que os perfis
de velocidade $50 uniformes e com valores wI e w2 nas segoes de escoamento (l) e (2). Nos
também vamos admitir que o escoamento é incompressfvel de modo que a massa especffica do
fluido é constante. Utilizando estas hipéteses nos podemos rescrever 3 Eq. 1 do seguinte modo
("fill )("Wl )+rI-l'_1 (—11}; )=FA —W,_. —P[ AI "Wu. +173 A2 (3)

onde n'z = pA V e a vazao em massa.


Note que nos utilizamos —wl e —w1 , porque estas velocidades apontam para baixo, —n'2l ;
porque o escoamento na segfio (I) é para dentro do Volume de controle e +n‘12 porque o
escoamento na segao (2) e para fora do volume de controle. Nos podemos encontrar a forga de
imobilizagfio, FA , resolvendo a Eq. 3. Assim,
FA = n'zlwl — fizz w2 + W; + 171A: + W_ — 112/42 (4)
A aplicagfio da equaoao da conservagfio da massa, Eq. 5.12, a este volume de controle fornece
151' :17}: an”: (5)
que combinada com 21 Eq. 4 resulta em
F.4 = n’z(w¥— w2 )+ W" + ,91 A: +W“. — [22/12 (6)
Note que a forga necesséria para imobilizar o bocal é proporcional a0 peso do bocal, W" , a0
peso da agua contida no bocal, WW , a pressfio relativa na 569130 (1), I" , e inversamente
proporcional a pressao na segao (2), p2 . A Eq. 6 também mostra que a variagéo do fluxo de
quantidade de movimento na direoio vertical, u'z (w| — w: ), provoca uma diminuigéo da forga
necesséria para imobilizar o bocal porque w, > W: .
Para completar este exemplo nos vamos avaliar numericamente a foroa necessaria para
imoblllzar o bocal. Da Eq. 5.6‘
m: pwlAl = pQ=999x(0,6><10-3)=0.6 kg/s (7‘)
Analise com Volumes de Controle Finitos 203

w
Q
=———=
Q _
.-
(0,6x10‘3) =3,0II1/S
.

(8)
' A; ”(DE/4) 7t((l6><10“3)2/4) .
Aplicando novamente 3 Eq. 5.61
—3
WZ=--——- Q - (0’6X10 ) =30,6m/s (9)
A2 2:09; /4)_n((5x10‘3 )2 /4)
O peso do bocal. W". pode ser obtido a partir da massa do bocal, m". Deste modo,
w" = m” g = 0,1x9,8 = 098 N (10)
O peso da égua contida no volume de controle, WW, pode ser calculado com a massa especifica da
zigua, p , e 0 volume interno do bocal.-

W“. =pT/g =p-I—157zh(D,2+Dzz+DlD2)g

Wu. 31-9597: (30x10'3 )[ (16)2 +(5)2 +(16x5) ]><10“6 x9,8=0,028N (11)


Aplicando estes resultados na Eq. 6, temos

1: 16x10"3 2
FA =0,6(3,0—30,6)+0,98+464><103x——(—-—--————)+O.028H0
2—16,5+0,98+93,3+0,028
=77,8N
O sentido da forga FA é para cima porque seu valor é positivo. Note que 0 bocal seria arrancado da
tomeira se ele n50 estivesse fixado é tomeira.
0 volume de controle utilizado neste exemplo nfio é o finico que pode ser utilizado na
solugéo do problema Nos vamos apresentar dois volumes de controle alternatives para a solugéo
do mesmo problema - um que inclui apenas o bocal e outro que inclui apenas a égua contida no
bocal. Estes volumes de controls, e as forgas que devem ser consideradas, estéo mostrados nas
Figs. £5,110 6 Eilld. A nova forqa R: representa a interagfio entre a égua e a superficie cénicu
interna do bocal (esta forga é composta pelo efeito da pressfio liquida que atua no bocal e pelo
efeito das forgas viscosas na superficie interna dobocal).
A aplicaofio da Eq. 5.22 a0 contelido do volume de controle da Fig. E5.l lc resulta em
FA =Wn+Rz —palm (At—AZ) (12}

”um

§.__,‘ (2)
Town”;
Figura 135.1 1c Figura E5.1 1d
Frau

204 Fundamentos da Mecénica dos Fluidos

O termo pm (AI — A2 ) é a forga resultante da pressao annosférica que atua na superficie


externa do bocal (i.e., na porgao da superficie do bocal que n50 esta em contato com a agua).
Lembre que a forga de pressao numa superficie curva é igual a pressfio multiplicada pela projegz‘io
da area da superficie num plano perpendicular ao eixo do bocal. A projegao desta area num plano
perpendicular a diregao z é Al - A2. 0 efeito da pressao atmosférica na area interna (entre o bocal e
a figua) também esta inclui’do em Ra que representa a forga liquida nesta area.
1a a aplicaeao da Eq. 5.22 30 contefido do volume de controle da Fig. 155.1 1d resulta em

R: =m(wluw2)+Ww+(pl+patm)Alm(p2+Palln)A2 (13)
onde pl e p2 3510 pressoes relativas. E claro que o valor de Rz na Eq. 13 depende do valor da pressao
atmosférica , Pam, , porque A1 at A2 e isto nos obriga a utilizar pressoes absolutas, e nao pressoes
relativas, na avaliagao de R2.

Combinando as Eqs. 12 e 13 nos obtemos, novamente, 3 Eq. 6, on seja,
FA =n'1(W;—w2 J+Wn +1)! A] +W“. —[)2 A3

Note que apesar da for-9a que atua na interface fluido — parede do .bocal, R2, ser fungao da pressao
atmosférica, a forga para imobilizar 0 bocal, FA , independe do valor de palm . Este resultado
corrobora 0 método utilizado para calcular F,1 com 0 volume de controle mostrado na Fig. 135.1 lb.

Muitas aspectos importantes sobre a aplicagfio da equagio da quantidade de movimento


linear (Eq. 5.22) ficaram aparentes no exemplo que acabamos de apresentar.
1. As integrais de superficie se tornam mais simples quando nos modelarnos os escoamentos na
fronteira do volume de controie como unidimensionais. Assim, é muito mais- facil operar com
escoamentos unidimensionais do que com escoamentos que apresentam distribuigoes de
velocidade nz'io uniforme.
2. A quantidade de movimento linear é uma entidade vetorial e, assim, ela pode apresentar
trés componentes ortogonais. A quantidade de movimento linear de uma particula fluida pode
ser pode ser positiva ou negativa. No Exemplo 5.11 apenas a quantidade de movimento na
diregfio z foi considerada e todos os fluxos’de quantidade de movimento apresentavam sentido
negativo no eixo 2. Por este motivo estes fluxos foram tratadas como negatives.
3. O sinal do fluxo de quantidade de movimento linear numa regifio da superficie de controle que
apresenta escoamento depende do » sinal do produto escaiar V-fi e também do sinal do
componente do vetor velocidade em que estamos interessados. O fluxo de quantidade de mo—
vimento linear na segao (I) do Example 5.11 6 positivo enquanto que na segfio (2) e negative.
4. A taxa de variagao da quantidade de movimento linear do contefido de um volume de
controle (i.e. d/ d tLCVp dl/ ) é nula quando o regime é permanente. Os problemas sobre
quantidade de movimento linear considerados neste iivro so envolvem escoamentos em
regime permanente. -
5. A forga superficial exercida pelo fluido que esta localizado fora do volume de controle no
fluido que esta dentro do volume de controle, nas regioes da superficie de controle onde se
detecta escoamento, é a provocada pela pressao so nos colocarmos a superficie de controle
perpendicularmente ao escoamento. Note que a pressao numa segao de descarga do
volume de controle é igual a atmosférica se 0 escoamento for descarregado na atmosfera
e se este for subsonico. O escoamento na segao (2) do Exemplo 5.11 6 subsonico de
modo que nos admitimos que a pressao na segfio de descarga do bocal é igual a pressao
atrnosférica. A equagfio da continuidade (Eq. 5.12) nos permitiu avaliar as velocidades do
fluido nas segoes (I) e (2). .
6. As forgas devidas a pressfio atrnosférica e que atuam na superficie de controle podem ser
necessén'as no calculo da forga de reagao entre o bocal e a tomeira (veja a Eq. 13).
Note que nos nao levamos em consideragao as forgas devidas a presséo atmosférica no
calculo da forga necesséria para imobilizar o bocal, FA , porque estas se cancelavam (veja
Analise corn Volumes de Controle Finitos 205

que esta forga desaparece se combinarmos 3 Eq. 12 com a 13). E impomnte ressaltar que
é necessario utilizar pressoes relativas na detenninagao de 13‘,1 .
7. As foreas extemas sao positivas se apresentam mesmo sentido que o positivo do sistema de
coordenadas.
8. Apenas as foreas extemas que atuam no contelido do volume de controle devem set consi-
deradas na equagao de quantidade de mOVimento linear (Eq. 5.22). Assim, é necessario
considerar as foroas de reagfio entre o fluido e a superficie, ou superficies, em contato com
o fluido na aplicagao da Eq. 5.22 se 0 volume de controle so contém um fluido. m as
foroas que atuam no seio do fluido e nas superficies localizadas dentro do volume de controle
n50 aparecem na equagfio de quantidade de movimento linear porque elas sao internas. A
fox-9a necessaria para imobilizar uma superficie em contato com o fluido é uma forea extema
e precisa ser Ievada em consideraoao na Eq. 5.22.
9. A forga necesséria para imobilizar um objeto é uma resposta as forgas de pressfio e vis-
cosas (atrito) que atuam na superficie de controle, a mudanga da quantidade de movimento
linear do escoamento no volume de controle e aos pesos do objeto e do fluido contido no
volume de controle. A foroa necesséria para imobilizar o bocal do Exemplo 5.1] 6 fonemente
influenciada pelas forgas de pressfio e parcialmente pela variagao de quantidade de movimento
do escoamento no boca] (o escoamento apresenta uma aceleragao). A influéncia dos pesos da
agua e do bocal é muito pequena no calculo da forge necessaria para imobilizar o bocal.

Nos apresentaremos a seguir um outro exemplo de aplicagao da equagao da quantidade de


movimento linear a um escoamento unidimensional e 36 depois n63 discutiremos as outras facetas
desta equaoao fundamental.

Exemplo 5.12
Agua escoa na curva mostrada na Fig. E5.12a. A area da segéio transversal da curva é constante e
igual a 9,3 x10‘3 m2. A velocidade é uniforme em todo o campo do do escoamento e e igual 21
15,2 m/s. A pressfio absoluta nas segfies de alimentagz'io e descarga da curva sac, respectivamente,
iguais a 207 kPa e 165 kPa. Determine os componentes da forga necesséfia para ancorar a curva nas
direooes x e y.
Soluefio Nos vamos utilizar 0 volume de controle mostrado na Fig. E51 1a (inclui a curva e a agua
contida na curva) para avaliar as componentes da forea necessaria para imobilizar a tubulagao. As
forgas horizontals que atuam no contefido deste volume de controle esta’io indicadas na Fig. E51117.
Note que o peso da agua atua na vertical (no sentido negativo do eixo z) e, por isto, nao contribui
para a componente horizontal da forga de imobilizagao. Nos vamos combinar todas as foreas
normals e tangenciais exercidas sobre o fluido e 0 who em duas componentes resultantes FM e FI”.
_A aplicagao da componente na diregao x da Eq. 5.22 no contefido do volume de controle resulta em

I ”wad/4:121; (I)
96‘

/
Volume p2A2 —> G
*— de conuole V24—
= ———————— Curva de 180°
15,2 1114’s Seofio (2) (tube)
/
Volume de contole FAJr
‘“’ (b)
Figura E512
206 Fundamentos do Mecénica dos Fluidos

Agua na cuIva de 180° 3:

/
Volume de controls
(r) (d)
Figura‘ESJZ (continuagfio), ,,

As diregoes dos escoamentos nas segoes (1) e (2) coincidem com a do eixo y e per este motivo
temos que u = 0 nesta seoc'ies. Note que n50 existe fluxo de quantidade de movimento na direoéo x
para dentro ou para fora deste volume de controls e, entfio, nos podemos concluir que FM: 0 (veja
a Eq. 1).
A aplicagfio da componente na diregz‘io y da Eq. 5.22 no contefido do volume de controle resulta em
'[vpV-fidA=FAy+plAl+p2A3 (2)
SC

Como o escoamento é unidimensional, a integral de superficie da Eq. 2 pode ser facilmente


calculada. ou seja,
(+13] )(“i‘i’ll )+("V3 )(+I7.12)=FA)-+p[A| +p2 A2 (3)

Note que 0 components do vetor velocidade na direoao y é positivo na seofio (l) e que é negativo
na $6950 (2). O termo de vazao em massa é negativo na $6950 (1) (escoamento para dentro do
volume de controle) e 6 positive na segfio (2) (escoamento para fora do volume de controle). Apli-
cando a equaoao da continuidade (Eq. 5.12) no volume de controls indicado na Fig. 55.12, temos
:5: =m[ =mz . (4)
Combinando este resultado com a Eq. 3,

~75! (VI'H’z): FAy+pIAI+P2Az ' (5)


[solando o termo FM,
I FAy 2—”.3 (v! +V2)—P1AI_P2A2 (6)
Nos podemos caicular a vazéo em massa na curva com a Eq. 5.6. Deste modo,
"a = p.A.v, =(999)(9,3><10‘3 )(15,2)=141,2kg/s
Nos podemos trabalhar corn pressoes relativas para determinar a forga necesséria para imobilizar a
curva, F,1 , porque os efeitos da pressfio atmosférica se cancelam. Aplicando valores numéricos na
Eq. 6, temos
FM = 441,2 (l5,2+15,2)—(207><103 —100x103)9,3x10'3 —(l65x103 —100><103)9,3><10--‘
= —4292,5—995,1—604,S = —5892,1 N
Note que FM 6 negativa e, assim, esta forga atua no sentido negative do sistema de coordenadas
mostrado na'Fig. 135.121).
A forga necesséria para imobilizar a curva é independente da pressao atmosférica (como no
Exemplo 5.11). Entretanto, a forga com que a curve atua no fluido contido no volume de controls,
RV , é fungao da pressz‘io atmosférica. Nos podemos mostrar este fato utilizando 0 volume (16
cOntroIe mostrado na Fig. E5.12€ (contérn apenas o fluido contido na curva). A aplicagao da
equagfio da quantidade de movimento linear a este volume de controle resulta em
RV = —n'1 (v1 +1)2)—pI Al —[)2 A2

code ,01 e {32 5510 as pressoes abs01utas nas seqoes ( 1) e (2). ApIicando os valores numéricos nesta
equagfio,
Anélise com Volumes de Controle Finitos 207

12,. =441,2(15,2+15,2)—(207x10-‘ )9.3><10-~‘ —(165><103)9,3><10‘3 (7)


=—4295,5—1925,1—1534,s=—7755,1 N
Nos podemos utilizar 0 volume de controle que inclui apenas a curva (sem o fluido contido na
tubulagfio veja a Fig. 5112(1) para detsrminar FM . Aplicando a equagfio de quantidade de
movimento linear, referents a dirsgfio y, a este novo volume de controls,
(8)
FA)‘ = Ry + palm (Al + A2)

code a forga RV é dada pela Eq. 7. O tsrmo pm (AI + A2) representa a forga de presséo ifquida na
porgfio externa' do volume ds controls. Lembre que a forga de presséo lfquida na superficie interna
da curva é lsvada em consideragfio em Ry. Combinando as Eqs. 7 e 8, temos

F,” =—7755,1+100x10-‘ (9,3x10-3 +9,3><10'-“ )= —5895,1 N


Note que ssts resultado ssté ds acordo com o obtido utilizando 0 volume ds controls da Fig. 55.1217.

0 ssntido do escoamento qus sntra no volume de controls do Exemplo 5.12 6 diferente do


sentido do escoamsnto que sai do volume 8 controls. Esta mudansa de sentido do escoamsnto (a
vslocidade do escoamsnto psrmansce constants) é provocada pela forga exercida pela curva sobre
o fluido. Os Exemplos 5.1 l e 5.12 mostram que as variagoes ds velocidade e sentido dos
escoamentos ssmpre estfio acompanhadas por foreas do magic. Os proximos exemplos v50
mostrar como outros problemas da rnscfinica dos fluidos podsm ser resolvidos com a equagao de
quantidade de movimento linear (Eq. 5.22).

Exemplo 5.13
Ar escoa em regime permanente num trecho reto de tubulagfio que aprsssnta difimetro interno
igual a 102 mm (veja a Fig. E513). As distribuiooes de tempsratura e pressfio nas scooes
transversais do escoamsnto sfio uniformes. Nos dstsrminamos no Exemplo (2) que a velocidade
média na seoéo (2), V: , 6 300 m/s quando a velocidads média do ar é 66 m/s na segfio (1).
Admitindo que os perfis de velocidads séo uniformes nas ssgoes (1) s (2), determine a forga de
atrito exercida pelo who no sscoamento de ar entre as scooes (1) e (2).
Soluofio 0 volume de controle utilizado no Exemplo 5.2 também é apropriado para este problema.
As foroa que atuam no escoamento ds ar, entrs as 369665 (1) e (2) estfio idsntificadas na
Fig. 155.13. Note que nos n50 levaremos em consideragfio o peso do ar porque ele é muito psqueno.
A forga de rsagfio some a superficie interna do tubo e o escoamento de ar, Rx , é a forga de atrito
procurada. A aplicagfio da equagz‘io do conservagfio da quantidads de movimsnto na diregfio x
(Eq. 5.22) nests volume de controls rssulta em '
IupV‘fidA=—-R_r+plAi—p2A3 (1)
sc .

O sentido positivo do eixo x 6 para a direita. Se as distribuigoes de vslocidade 550 uniformes nas
segoss ds sscoamento, a Eq. I fica reduzida a
(+u1)(‘ml)+(+“3)(+fi12)="R1+P1Ai—P2A2 (2}
A aplicagfio da equagfio de conservagfio da massa, Eq. 5.12, neste volume de controls fornece
m = m, -- m: (3)

V Volume :39 controls _ y


1 \_ 1’;
p114] arr —————————— ‘1 1‘
<— Rx ‘# -—-h-
14'— _____\ _ ___ P2 A: Escoamento
Seoio (1) Tuba Seo'a'o ( 2)

pl = 600 kPa (abs) P2 = 137 kPa (abs)


Tl = 300 K T2 = 252 K Figura E5.13
208 Fumdamsm doé Fluidos

Aplicando este multado na 59- 2,


m(u2_ul)=_Rx+Al(pl_p2) (4)
Isolando o termo v
R,=A2(p.—p2)—rfi(uz—u.) (5)
Se admitirmos que 0 ar 86 comporta como um gas perfeito,

=_p2 (6
‘02 RT2 _ )
A area da segfio transversal de escoamento, A2, é dada per

75 02
, A2 =, , 4 2 , . ,7 (7 )
Combinando as Eqs. 3, 6 e 7,
. DZ 3 2
m: 13.2. L. “a = fl 73°12. X300=4,65 kg/s (3)
RTZ 4 - 286,9x252 4
Aplicando esie resultado na Eq. 5,

R = 19:21 (600— 137)x10-‘ —4,65(300 — 66)


= 37833 -—1088,I = 2695.2 N
Note que tanto a variagfio de pressz‘io como a de quantidade dc movimento linear estélo
acopladas com a forga dc atrito, Rx. Entretanto, n50 haveria contribuigfio da variagéio da quantidade
de movimento linear para a foroa de atrito se 0 escoamento fosse incompressfvel (u1 = uz).
Exemplo 5.14
Desenvolva uma expressfio para a queda de pressfio que ocorre entre as segoes (1) e (2) do
escoamento indicado no Exemplo 5.4. Admita que o escoamento é veflical e ascendente.
Solugfio 0 volume de controle inclui apenas o fluido delimitado pelas segfies (I) e (2) do tubo
(veja a Fig. BSA). As forgas que atuam no fluido contido no volume de controls estao indicadas na
Fig. 155.14. A aplicagfio da equagao da quantidade de movimento linear neste volume de controle
(diregfio z) resulta em

1 Escoamento

P2112
2
M12 2 ZWIEI'" £2] 1/ 8:950 (2)
I
r ' Volume dc
L/’ oontrole
1
I
Aperias o fluido w l
l
l
l
l
V -|
I
l
l
“’1 l!
‘/ 89.950 (1)

”1‘1

x,” v 7 Figura 135.14


Aréfise com Volumes de Controle Finitos 209

pV-fidA=p1Al—R:—W—p2A2 (1)
SC

onde R é a forga que 0 who exerce no fluido. Lembrando quc o escoamento é uniforme na segao
(1) e que o escoamento é para fora do volume de controle na seoao (2), temos

(+w. )(-m.)+I(+wz)p(+w2)dA1 =P1Al —Rz 'W-Pz A2 (2)


A1

0 sentido positivo de eixo z 6 para cima. A integral de supex‘ffcie na segéo (2) - que apresenta {area
da segfio transversal A2 , pode set avaliada se utilizarmos o pertil parabolico de velocidade obtido
no Exemplo 5.4 (veja a parts superior esquerda da Fig. E514). Deste modo,

AH"): )p(wz )dA2 =pj W2221€rdr=2flPI(2W,2)[I_[


%)z] rdr

Assim,
R2

1(W2)P(w2)dA2 =. 4” ,0 WI: "'3'." (3)


"2
Combinando as Eqs. 2 e 3,
4 p7rR2=P
_w12a2+§w,2 1A1‘Rz_w_p2A2 (4)
Isolando o tenno 12, -pz,
2

P!
_ p2 = low] +—
R:
+—W
3 A] . A;

Esta equagao mostra que a vat-iagao entre as pressoes nas segoes (l) e (2) é pmvocada pelos
seguintes fenomenos:
1. Variaeao de quantidade de movimento linear do escoamento (associada a alteragao do perfil
de velocidade - de uniforme, na segz‘io de entrada do volume de controle, para parabélico,
na segfio de safda do volume de commie).
2. Atrito na parede do tubo.
3. Peso da coluna de figua (efeito hidrostético).
Se 0 perfis de velocidade nas segoes (1) e (2) fossem parabélicos — escoamento plenamente
desenvolvido —- os fluxos de quantidade de movimento linear nestas segoes seriam iguais Neste
caso, a queda de pressao P1 p2 seria devida apenas ao atrito na parede e 30 peso da coluna de
agua. Se além disso os efeitos gravitacionais forem desprezfveis (como nos cscoamentos
horizontais dc 11quidos e escoamentos dc gases em qualquer diregao), a queda de pressao 17,— p2
seré provocada apenas pelo atrito na parede.
Apesar das velocidades médias do escoamento nas segoes (1) e (2) serem iguais, o fluxo de
quantidade dc movimento na segfio (1) é diferente daquele na $6950 (2). Se isso n50 ocorresse, o
lado esquerdo da Eq. 4 sen'a nulo. 0 fluxo dc quantidade de movimento em escoamentos com
perfil de velocidade n50 uniforms pode ser relacionado com a velocidade media, 17, através do
coeficiente de quantidade de movimento, B, que é definido por
fl _ I wp V-fidA
— - [317s
Assim, o fluxo de quantidade de movimento é dado por
jwp V-fidA = —[3,w,2pirR2 + fizwfaz
onde [3‘] = 1 (,3 = 1 se 0 perfil de velocidade é uniforme) e B; = 4/3 (B > 1 se 0 perfil de velocidade
n50 for uniforms).
210 Fun'da‘méntoé'd Mewénica dos Fluidos

Volumde commie

cfiou)

“ ” Figura E5.15

Exemplo 5.15
A Fig. 55.15 mostra o esquema de um banco de testes para turbinas de avifio. Um teste tr’pico
forneceu os resultados abaixo relacionados. Determine o empuxo da turbina ensaiada.
Veloddade na segfio de alimentagfio = 200 mfs
Velocidade na seofio de descarga = 500 m/s
Area da segfio de alimentagfio (transversal) = 1 m2 ' .
Pressfio estatica na 56950 de alimentaqio = —22,5 kPa = 785 kPa (abs)
Temperatura estatica na segfio de alimentaqio : 268 K
Pressao estética na segao de descarga = 0 kPa = 101 (abs)

I Solugfio: Nos utilizaremos 0 volume de controle cilindrico mostrado na Fig. 135.15 para resolver
este problema. Note que as forgas externas que atuam na direqfio axial (x) também estéo mostradas
na figura. A aplicagfio da equagfio da quantidade de movimento linear (Eq. 5.22) ao contelido deste
volume de controls resulta em

J.upV-fidA:plAl+F1up2A2~pal:ll(AI—A2) (I)
onde as pressoes sac absolutas. Admitindo que o problema é unidimensiona], nos podemos
rescrever a Eq. 1 do seguinte modo:

(+1“ )(—n'z. )+(+u2 )(+n'22 )= F, +(PI “Pam. )AI ‘(Pz “Faun M: (2)
N63 adotamos que os vetores sao positivos quando apontarn para a direita. A aplicagéo da equagéo
de conservagfio da massa, Eq. 5.12, neste volume (16 corntrole fornece
#2:)”l=p1A,u.=n'13=p;A3uz (3)
Combinando as Eqs. 2 e 3 e utilizando pressées relativas, temos
n'r(u2 -u, )= F; ,+ p,A, — pZA2 (4)
Isolando o termo Fl, 6 p
F: = 1171A.i + 11v2A:+r.iz(u3 —ul) ‘ h (5)
E necessario conhecer a vazfio em massa, rh, para que seja possfvel calcular F.- mas, para calcular a
vazfio em massa, n68 precisamos conhecer o valor da massa especifica na segao (I). Se admitirmos
que 0 ar se comporta como gas perfeito,
3
p] = fl. 3 M... =1,02 kg/m“
RT, 286,9 x 268
Assim,
riz=p,A,u; =(l,02)(l)(200)=204kg/s (6)
Combinando as Eqs. 5 e 6 e lembrando que ‘02: 0, obtemos
F, =-(1)(—22,5xl03 )+0+(204)(500—200)
= 22500+0+61200 = 83700N
A forga que atua no contefido do volume de controle atua para a direita logo 0 t‘luido "empurra" a
turb'ma (e o aviéo) para a esquerda.
Anéiise com Volumes de Controle Finitos 211

Compona fechada Compona abcrta


Volume de controls Volume do com-ole

(a) (b)

Apenas zigua Apenas égua


Volume dc oonlrolj Volume de conlrolc/
\
E'“ “1 .L—— “a
1
I i R 1' ——'>-i I' R.\-
—TH)H6’ i 2 I4...
(2 i l (2 TH) ”6}" } Scone)
: "*4 L-1»/_._..2
L——~—--‘ /Lm_-;J
+— 1
8:950 (I) Ff E yh hb

(cl (0’)
Figura ES.16

Exemplo 5.16
A compona deslizante esquematizada na Figs. E5.16a e E5. 16b esté instalada num canal
que
apresenta largura b. A forga necesséria para imobilizar a compona é maior quando a
compona esté
fechada ou quando a compona esté aberta‘?
Solugfio Nos responderemos a esta pergunta comparando as expressoes para a forga
horizontal
com que a égua atua sabre a compona, Rx. Os volumes de controle que nos utilizarem
os para a
determinagfio destas forgas estéo indicados nas Figs. E5.16a 6 E5162).
. As forgas horizontais que atuam no conteudo do volume de controle mostrado na Fig. E5.16a
{referente a situagfio onde a comporta estai fechada) estfio mostradas na Fig. E5.l6c. A aplicagfio
da
Eq. 5.22 a0 contelido deste volume de controle fornece
. l
j‘upV-n. dA=37s —RJ (1)
SC

0 primeiro termo da equagfio é nulo porque n50 cxiste escoamento. Nesta condigéo,
a forga com
que a compona atua na égua (que, em m6dulo, é igual a forga necesséria para imobiliza
r a
comporta) é igual a
.

Rx =-;— y H 2b (2)
on seja, o modulo de Rx é igual a foroa hidrostética exercida na compona pela égua.
As forgas horizontals que atuam no conlefido do volume de controle mostrado na Fig. E5.14b
(referente a situagfio onde a comporta esté aberta) estfio mostradas na Fig. E5.14d. A
aplicagfio da
Eq. 5.22 a0 conteudo deste volume de controle fomece
-
A I 1
IupV-ndA =§sb—Rx——2—y122b— F[ (3)
‘ SC .

Nos admitimos que as distribuigoes de pressio sfio hidrostéticas nas segfies (l) e
(2) e que a forga
de atrito entre o fundo do canal e a figua foi representada por Ff. A integral de superficie
da Eq. 3 6
n50 nula somente se existir escoamento através da superficie de controle. Se admitirmos que
os
perfis de velocidade sfio uniformes nas segées (l) e (2), temos
_
I upV-fidA:(ul)p(—ul)Hb+(u2)p (uJ/wb (4)
SC
212 ‘Funqamentos da Mecanlca dos Fiuidos

Se H >> h, a velocidade a0 IOnge "1 é muito menor do que a velocidade u2 . Nesta condiqz‘io, a
contribuiga‘io da quantidade de movimento do escoamento que entra no volume de controle pode
ser desprezada. A combinagfio da Eq. 3 com a Eq. 4 fomece

—pub+pu§hb=%yH2b—Rx—%yhzb—Ff (5)
Isolando o termo RX 6 admitindo que H >> h,
1
Rx =-—— 2 1 2 2
27’ H b——27’ h b—Ff — p u,hb
_ (6)
Comparando as expressoes para Rx (Eqs. 2 e 6) 6 possfvel concluir a forga com que agua atua na
compona é menor quando a compona esté aberta.

Todos os exemplos até aqui apresentados foram resolvidos com volumes de centrole fixos e
indeformaveis. Estes volumes de controle também eram inerciais porque 05 volumes de controle nao
apresentavam aceleragfio. Um volume de controle indeformavel que translada numa linha reta com
velocidade constante também é inercial porque a velocidade do movimento é uniforme. A aplicagfio
do teorema de transporte de Reynolds (Eq. 4.23) para um sistema e um volume de controle inde-
formavel, que se move com velocidade constante e que sac coincidentes num ceno instante, fomece

£IVd=iidV+IVpW-fidA (5.23)
Dt sis at vc so
So nos combinarmos a Eq. 5.23 com as Eqs. 5.19 e 5.20 é possfvel obter
8 A
E j Vpd1/+ [ pmm=ZlmWNWlode (5.24)
Agora, se utilizarmos a equaefio que relaciona as velocidades absoluta, relativa e a do volume de
controle, Eq. 5.14, temos
A
a

nocomeadodo (5'25)
W
at v (W + V" )p d 1/ +‘f (W + VVC )p w I II M = Z Fawam
volumede control:
Se a velocidade do volume de' controle, c , é constante e o escoamento ocorre em regime
permanente para um ObSBrVadOl‘ solidario a0 volume de comrole,
a
3;] (W+c)pd1/:0 (5.26)
Para este volume de controle inercial e indeformével
j(W+vvc)pw-fidA=jp-fidmvvcfpw-fi'dA (5.27)
Se 0 regime é permanente (ou permanente em média), a Eq. 5.15 mostra que
jpw-fidA=0 (5.2s)
Combinando as Eqs. 5.25, 5.26, 5.27 e 5.28 nés podemos concluir que a equagao da quantidade de
movimento linear para um volume de controle movel e indeformavel que engloba um escoamento
em regime pemanente (instanta’ineo on em média) 6

J- W p w I fi M = Z Fatuam no conlefido do (5'29)


volume dc control:

0 Example 5.17 ilustra a utilizagao da Eq. 5.29.

Exemplo 5.17
A Fig. 135.1761 mosua um can-inho que 36 move para a direita com velocidade constante V0 . O
cam’nho é movido por um jato de agua que é descanegado de um bocal com velocidade V] e que é
desviado em 45". Lembre que este caninho jé foi analisado na Sec. 4.4.6. Determine o modulo,
Anéfise com Volumes de Controle Finitos 213

diregfio e sentido da forga exercida pelo jato d'égua sobre a superficie do carrinho
. A velocidade do
jato d'égua na segfio de descarga do bocal 6 30 m/s 6 o carrinho 56 move para
a direita com
velocidade iguai a 6,0 m/s.
SOlugfio Nos aplicaremos a Eq. 5.29 a0 contefido do volume de controls move!
mostrado na
Fig. 85.1719 para determinar o modulo, :1 diregfio e o sentido da forga exercida
pelo jato no
carrinho , . As forgas que atuam no contct’ldo deste volume de controle estfio
indicadas na
Fig. E15.7c. Note que todas as forgas devidas a pressfio se cancela
m porque a pressfio em torno d0
carrinho é a atmosférica. Admitindo quc as forgas na diregao x 35.0 positiva
s quando apomam para
a direita,

IeW-fidADR‘»
SC
on
(+W.)(—n'1.)+(+W3cos45°)(+n'zz)=—Rx (1)
onde
'
ml=p1W|A1 e mz=pzs2
Admitindo que as forges na diregéo z 550 positivas quando apontam
para cima.
[wz pW~fidA=Rz -Ww
on St
(+W2 sen45")(+n'12 )= Rz -Ww (2)
Nos vamos admitir, para simplificar o problema, que o escoamento de égua
n50 apresema atrito e
que a variagz’io da cota da égua no carrinho é desPrezivel. Deste modo nos podemos
concluir (veja
a equagfio de Bernoulli, Eq. 3.7) que a velocidade da égua em relagfio
a0 volume do controls
move], W, é constante, ou seja,

W. = W2
A velocidade relativa do escoamento de égua que entra no volume de
controle, WJ , é dada por
Wl =V1—Vo= 30—6 = 24 m/s
Assim,
WI = W2 = 24' m / s
A massa especffica da égua é constants. Deste modo,

v
A, = 5.57 x10" m2 .4‘ /
/ \
— «mm—*3” ’
VI 5}.
Va

Volume de "*i
controle move! g

Figura E517
214 Fundamentos da Mécan ca doeFluidos‘

p, = 02 .= 1000 kg/ m3
A aplicaeao da equagao de conservagt‘io da massa (Eq. 5.16) ao conteudo do volume de controle
mével fornece
ml =pIWiAI =92W2A2 =".12
Combinando os resultados ja obtidos,

R, = pwf A; (1 —cos45°)= (1000)(24)2 (5,57x10“ )(1 -cos45°)= 94,0N


A Eq. 2 fornece,
' R2 = pW|2(sen45°)Al+ w“.
onde
Wu: ‘7‘ pgAll
Assim,
R: : (1000)(24)2 (sen45)(5,57><10“‘ )+(1000)(9,8)(5,57x10“ )(0,3)
: 226,9+.1,6 = 228,5 N
O mOdq da forga que atua no conteudo do volume de controle‘movel e

R =(R3 +123. )“2 =(94,02 +228,5z )”2 =247,1 N


O angulo formado pelo vetor R e a direoao x, a, é
‘ R
a = arctannl-e-i— = arctan 23’5 = 67,6“
I $

A modulo da forga com que a agua atua no carrinho também é igual a 228,5 N mas sua diregao é
oposta a de R.

Os exemplos anteriores mostraram que a variagz'io do vetor quantidade de movimento linear dos
escoamentos, as forgas de pressao, as forgas de atrito e o peso do fluido podem gerar uma forga cle
reagio. Lembre sempre que a escoiha do volume de conuole é importante na analise de um
problema porque a escolha adequada pode facilitar muito o procedimento de solugao do problema.

5.2.3 Derivagfio da Equagfio do Momento da Quantidade de Movimento2


O momento de uma forga em relagao a um eixo (torque) é importante em muitos problemas
da engenharia: Nos ja mostramos que a segunda lei do movimento de Newton forneoe uma relagao
muito util entre as forgas que atuam no conteudo de um volume de controle e a variagao da
quantidade de movimento linear deste volume de controle. A equagao da quantidade de
movimento linear também pode ser utilizada para resolver problemas que envolvem torques.
Entretanto, nos consideraremos o memento da quantidade de movimento e a forga resultante
associada com cada particula fluida em relagao a um ponto localizado num sistema de coordenadas
inercial para desenvolver a equagao do momento da quantidade de movimento (relaciona torques e
a quantidade de movimento angular do escoamento contido no volume de comrole). Nos veremos
que a equagfio da momento da quantidade de movimento é mais conveniente do que a equaefio da
quantidade de movimento linear nas situagoes onde os torques sao importantes .
A aplicagao da segunda lei do movimento de Newton a uma particular fluida fornece
D
B; (Vp6l/)=5F panicula (5.30)
onde V 6 a velocidade da particula medida em relagao a um referencial inercial, p é a massa
especifica do fluido, (5V é 0 volume da particula fluida (infinitesimal) e 5 Fm].cula é a reSultante
das forgas externas que atuam na particula. Se nos tomarmos o momento de cada um dos tennos
da Eq. 5.30 em relagao a origem de um sistema de coordenadas inercial, temos

3 Esta seeEio. em conjunto com as Secs. 5.2.4 e 5.2.5, podc ser omitida sem perda de continuidade. Entretanto, estas seqoes
sao essenciais para o entendimento do material apresentado no Cap. 12.
Anélise com Volumes de Controle Finitos 215

\
\
h-_"_‘f‘
|
\
Figura 5.3 Sistema de coordenadas inercial.

D
FXEOIP 6V): rxaaru‘culu (5'31)

onde r é 0 voter posigfio da particula fluida (medido


a partir da origem do sistema de coordenadas
— veja a Fig. 53). Nos sabemos que

£[(rxv)p5vJ=D—,rxvp61/+rx—Q(Vp57j)
Di 0! Dr
(5.32}

e

231 = V (5.33)
Dt
Combinando as Eqs. 5.31, 5.32, 5.33 e lemb
rando que
Vx V = 0 ' (5.34)
6 possfvel obter
D
3; [(rvpa1/J= rX 613,m (5.35)
A Eq. 5.35 é vélida para quauer particula do fluido
.‘E necessério utilizar a somatoria de cadé Hum
dos Iados da Eq. 5.35 so 1165 estamos interes
sados em analisar um sistema (i.e., um conju
panf culas). Deste modo, nto de

I—g;[(r><V)pd7/]=Z (HF)... (5.36)


onde

Z r X 5 Fpam’cula = Z (I'X F)sis (5-37) .


Note que

2—} (rxV)pd1/=f £[(rxV)pd1/] (5.38)


D: m sis Dr »
porque a ordem da diferenciagz’io e integragfio pode‘
ser invertida sem qualquer consequéncia.
Lembre que a derivada material, D( )IDI representa a
derivada temporal seguindo o sistema (veja a
Sec. 4.2.1). Assim. combinando as Eqs. 5.36 e
5.38 nos obtemos

9—. j (rxV)pd 1/ = 2 (HF)... (5.39)


DI sis I .
on v
taxa de variagfio temporal do momento ; soma dos torques
externos
da quantidade do movimento do sistema que atuam no sistema
Os torques que atuam no sistema e no contefido
de um volume de controle que coincide
instan taneamente com o sistema sfio idénticos, ou seja

Z (r X F)... = 2 (”FL (5.40)


Se aplicarmos o Ieorema de transporte de Reynolds
(Eq. 4.19) para 0 sistema e o conteudo do
volume de controle coincidente (vamo s admitir que este é fixo e indeformével), obteremos
216 Fundémentos da Mecfinica dos Fluidos

8 ,
£f(rxv)pd7/=a—j (rxv)pd1/+j (rxV),oV-ndA (5.41)
sis t vc so

on
taxa de variaefio temporal do taxa de variagio temporal do fluxo Ifquido de momenlo
momenta da quantidade de 2 momento da quantidade de + da quantidade de
movimento do sistema movimento no vc movimento na sc

Nos podemos obter a equaofio do memento de quantidade de movimento adequada para volumes
de controle fixos (e portento inerciais) e 1150 deformziveis se combinarmos as Eqs. 5.39, 5.40 e
5.41. Deste mode,

81 j (rxv)p d’U+_[ (rxv)p v -fi dA = Z (r><1«‘)mmdo (5.42)


. . , tvc . . .SC_ . .. , . . .."°.'“"“.‘d°.°°“"°'° _
Os escoamentos em méquinas rotativas (ou que tendem a rotacionar em torno de um (mico eixo)
podem ser facilmente modelados com a ajuda da Eq. 5.42. 03 irrigadores de jardim, circuladores
de ar do tipo teto, turbinas de vento, turbocompressores e turbinas a gés sfio bons exemplos de
equipamentos que apresentam escoamentos desta classe. Estes equipamentos 550 usualmente
denominados turboméquinas.

5.2.4 Aplicagfio da Equaofio do Momento da Quantidade de Movimento3


Nos 56 vam‘os aplicar a Eq. 5.42 sob as seguintes hipoteses:
1. Nos vamos admitir que o escoamento é unidimensional (distribuigfio uniforme de velocidade
em qualquer seoéo).
2. Nos 56 analisaremos escoamentos em regime permanente ou permanentes em media
(escoamentos cfclicos). Nestes casos,

£4 (rxV)pd?/=O
3. Nos 50’ trabalharemos com a componente axial da Eq. 5.42. A direefio considerada é a mesma
do eixo de rotaefio do escoamento.
Considere o irrigador de jardim esbogado na Fig. 5.4. O escoamento de égua cria um torque no
braoo do irrigador e o faz girar. Note que existe uma modificaofio na diregéo e na velocidade do
escoamento no brago do irrigador pois o escoamento na segfio de alimentaoéo do brago — segfio ( I)
~— 6 vertical e 03 escoamentos nas segoes dc descarga — seeéo (2) — sfio tangenciais. Nos vamos
utilizar 0 volume de controle fixo e indeformével mostrado na Fig. 5.4 para analisar este
escoamento. 0 volume de comrole, com a forma de um disco, contém a cabeoa do irrigador
(girando ou estacionéria) e a égua que esté escoando no irrigador. A superficie de controle corta a
base da cabega do irrigador de modo que o torque que resiste a0 movimento pode ser faciimente
identificado. Quando a cabega do irrigador esté girando, o campo de escoamento no volume de
controle estacionério é cfclico e transitorio mas note que o escoamento é permanente em média.
Nos 56 vamos analisar a componente axial da equaofio de momento da quantidade de movimento
deste escoamento (Eq. 5.42).
O integrando do termo referente ao escoamemo na superficie de controle da Eq. 5.42
I (rxV)p V~fi dA
SC

56 pode ser r1510 nulo nas regioes onde existe escoamento cruzando a superficie de comrole. Em
qualquer outra regifio da superficie de controle este termo serfi nulo porque VI“! = 0. A égua entra
axialmente no brago do irrigador pela segio (1). Nesta regifio da superficie de controle a compo-
nente de r x V na diregéio do eixo de rotaofio é nula porque r x V é perpendicular ao eixo
de rotagfio. Assim, n50 existe fluxo de momento da quantidade de movimemo na seofio (1).
Agua é descarregada do volume de controle pelos dois bocais (seefio (2)). Nesta segfio, o modulo da

2 Esra seoio, em conjumo corn as Secs. 5.2.3 e 5.2.5. pode ser omitida sem perda de continuidade. Entretanto, estas scooes
sfio essenciais para o emendlmento do material apresentado no Cap. 12.
Anélise corn Volumes de Controle Flnitos 217

Emmncmo

\ Btcoanmlo
(ailimcnlngfio)

W2 ,’ x
z \
Uzl / a) ‘4\—Sc;34>(2)
/ A \
var" 1 >31
Std (I ._——'-" “1‘ \

:W/ .2
‘~ V
I
r 1
1
\ \ /
,1 [than

VnIu-rnc J: omxmle Soc?» ( I)

?
Esmamenln Figura 5.4 (a) Irrigador dc jardlm. (b) Vista em planta
in do irrigador. (c) Vista lateral do irrigador.

componente axial dc r X V 6 FZV92, onde r2 6 o araio da $6950 2, medido em


relagfio a0 eixo de [0-
tagao, 6 V9; é a componente tangencial do vetor velocidade do escoamento nos bocais
dc descarga
do brago medido em relagao ao sistema de coordenadas solidario a superficie de controls (que
é
fixa). A velocidade do escoamento em relagfio a superficie de controle fixa é V. A velocidade do
escoamento vista por um observador solidario a0 bocal é denominada velocidade relativa, W. As
velocidades absoluta e relativa, V e W, estao relacionadas pela seguinte equagao vetorial
V = W+U (5.43)
onde U 6 a velocidade do bocal medida em relagfio a superficie de controls fixa. 0 produto
vetorial
e o produto escalar do termo referente ao escoamento na superficie dc controle da Eq. 5.42

J (rXV)p V ~ fi 054
SC

podem SCI' positivos ou negativos. O produto escaiar Vii é negativo para os escoamentos que
entram no volume de controle e é positivo para os escoamentos descarregados do volume
de
controle. O sinal da componente axial de r x V pode ser determinado com a regra da mfio direita
(o sentido positivo no eixo dc rotagfio esta mostrado na Fig. 5.5). A diregao do compOnente
axial
de :- x V também pode ser verificada lembrando que o raio é dado por ré , c que a componen
te
tangencial da velocidade absoluta é dada por Vgé 3. Assim, para o irrigador esbogado na Fig. 5.4,

Figura 5.5 Rogra da mac direita.


' 218 Fundamentas da Mecanica dos Ftuidos

[“1”l V‘fia’A] = (wt/a: )(m) (5.44)


onde m 6 a vazao em massa (total) no irrigader. N65 mestrames no Exemple 5.7 que a vazao em
massa no irrigador é a mesma se 0 dispositivo estiver girande on parade. O sinal correte do
cemponente axial de 1' x V pode ser facilmente determinado pela seguinte regra: o produto vetorial
é positive se es sentides V9 6 U forem iguais.
O termo de torque na equaeao do memento da quantidade de movimento (Eq. 5.42) sera
analisade a seguir. Nos 36 estamos interessados nos torques que atuam em relaeao ae eixo de
rotagéio. O torque liquide, em relaefio a0 eixe de rotagao, associado com as forgas normais que
atuam no conteudo do volume de controle é muito pequene (5e nae for nule). O torque liquido
devide as forgas tangenciais também é desprezfvel para 0 volume de controle considerado. Assim,
para o irrigador da Fig. 5.4,

Z [ (e) conlcudo do ] A =Tm (5.45)


volume dc comrole

Note que nos admitimes que Tc i m 6 positive na Eq. 5.45. [Ste E: equivalente a admitir que if"uixu atua
no mesmo sentide da rotagae. -
O componente axial do veter memento da quantidade de movimento é (combinando as
Eqs. 5.42. 5.44 e 5.45)
—r2V92rir. = Tcixo . (5.46)

Note que it“cixo é negative e iste indica que o torque no eixo é oposto a rotaefie do braeo do irrigador
(veja a Fig. 5.4). O torque de eixo, m é eposto a retaefie em todas as turbinas.
Nos pedemos avaliar a poténcia no cixe, Wm , associado a0 torque no eixo, Teixo , pelo
produto de 7"eixo com a velocidade angular do eixo, a). Assim, da Eq. 5.46, '
Weixo = 7'cixo co = —r3 Vagina) (5.47)
Como race 6 a veloeidade dos becais, U, nés pedemos reescrever a equaeae anterior do seguinte
mode:

Wcixo = "U2 V62 riz (5-43)


0 trabalhe realizado per unidade de maSSa é definido per Wm) hit. Dividinde a Eq. 5.48 pela
vazae em massa,

Wcixo = ‘U: V92 (5'49)


0 volume cle centrele realiza trabalho quando este 6 negative, ou Seja, uabalhe é realizado pele
fluido no rotor e, pertanto, no seu eixo.
Os principies asseciados ae exemplo do irrigador podem ser estendides para modelar a
maioria dos escoamentos encentrados nas turbemaquinas. A técnica fundamental 1150 6 diffcil.
Entretanto, a geometria destes escoamentos costuma ser bastante complicada. 0 Example 5.18
ilustra a utilizagao da equagao restrita do memento da quantidade de m0vimento (Eq. 5.46).

Exemplo 5.18
A vazao de agua na segao de alimentaefio do brage do irrigador mostrado na Fig. E518 é igual a
1000 ml/s. As areas das segoes transversais dos becais de descarga de égua sao iguais a 30 mm2 e
e escoamente deixa estes bocais tangencialmente. A distancia entre o eixo de rotaeae até a linha de
centre dos bocais, r2 , 6 200 mm.
(3) Determine o torque necessario para imobilizar o brago do irrigader.
(b) Determine e torque resistive necessario para que o irrigador gire a 500 rpm.
(c) Determine a velocidade do irrigador se nae existir qualquer resisténcia ao movimento do braeo.
Selugfio Nos utilizaremes 0 volume de controle mostrado na Fig. 5.4 para resolver as partes (a),
(b) e (c) deste exemple. A Fig. 13.5.] 8a mestra que 0 (truce torque axial é aquele que resiste a0
movimento. Tcixo ‘
Anéfise com Volumes de Controle Finitos 219

’2 ' .
I 20 mm Area da seeao de
Volume de commie descarga do
\ 7, .- ._ _ .. _ bocal - 30 mm2

\ .\
j Escoamento

Q 2 1000 mils

la)

V2 V2 ' Vaz

(6)

V2 " V92

(c) Figura E5.18

A Fig. 135.1819 mostra as velocidades nas segoes de alimentagfio e descarga do volume de


controle quando a cabega do irrigador esté lmovel [0350 (3)]. Aplicando a Eq. 5.46 210 contefido
deste volume de controls,
Tcixo =w~r2 V62 152 (1)
Como 0 volume (it: controle é fixo e indeformével e 0 escoamento é descarregado tangencialmente
em cada um dos bocais,’
=V (2)
Combinando as Eqs. 1 e 2,
T —r2 v2 m (3)
Nos conclufmos no Example 5.7 que ‘l/2 = 16,7 m/s. Aplicando este resultado na Eq. 3,
Tm = —(0,2)(l6,7)(999)(0,001)= —3,34N-m
Quando a cabs-9a do born‘fador estfi girando a 500 rpm, 0 campo de escoamento no volume
de controls é transitério e ciclico mas pode ser modelado como pennanente em média. As
velocidades dos escoamentos nas segoes de alimentagéo e descarga do volume de controle estéo
indicadas na Fig. E.5.17c. A velocidade absoluta do fluido que é descarregado num dos
bocais, V2,
pode ser calculada com a Eq. 5.43, on seja»
v, =w, —u2 (4)
onde (veja o Exemplo 5.7)
W2 = 16, 7 m I s
A velocidade dos bocais, U2, pode ser obtida com
220 Fundamentos da Mat-$1M dos Huides

U =rw (5)
Combinando as Eqs, 4 e 5,
0,2 500 211:

Aplicande es valeres caiculados na versée simplificada da equaqfio do memento da quantidade de


movimento, Eq. 3, obtemes,
= (0 2)(6,2)(999)(0,001)..—1,24N m
Note que o torque resistente associade ao escoamente na cabega do irrigador é bem mener do que
o torque resistente necessétio para imebiiizar a cabega do irrigader.
. Nos mestraremos a seguir que a cabega do irrigador apresenta rotagéo méxima quando o tor-
qUe resistente é nuie. A aplicagée ‘das Eqs. 3, 4 e 5 30 contefide do volume de centrole resulta em

tixn
= ""2 (W3 —— r3 61))Ifi (6)
Come'e torque resistente é nule.
0 = —r2 (W2 -—r2 (0)151

a): “ (7)

Nos vimes no ExempIe 5.7 que a velocidade reiativa do fiuido descairegado peios becais W, ,
independe da velocidade angular da cabeea do irrigader a), desde que a vazae em massa no
dispositive seja censtante Assim,

w=fl=—-’—l67 =83Srad/s
r2 ,2
Ou
= (83,5)(60)
= 797 m
(211) ”3
Nesta cendieae (T.cim—

- 0) es mementos anguiares dos escoamentes nas seeees de alimentaefie e
descarga do brago do in‘igador sfie nuias.
Observe que o torque resistentc nos cases ende o brage do irrigador apresenta retagao $510
menores do que o torque necessario para imobilizar o brago e que a rotaeae do bragoé finita
mesme na ausencia de torque 1esistente.

O resultade da aplicaez‘ie da equagfio do memento da quantidade de movimento (Eq. 5.42) 21


um escoamento unidimensienai numa méquina retativa 6

TM =(—n‘ze )(ire v1,c )+( m, )(i‘rn, ) (5.50)


Lembte que o Sinai negative asseciado com a vazfio em massa na $69510 de alimentaefio da
méquina, lite, resulta do produto escalar V - fi . Id 0 Sinai associado ae preduto rVe depende do
sentido do preduto vetorial (r x Wm“. Um mode simples dc determinar e sinal do preduto I‘V9 é
comparando o sentido de V9 com e da velocidade da palheta ou bocai, U. 0 produte rVa e positive
se V9 e U apresentam e mesme sentido. O Sinai do torque no eixo é positive seTa“ apresenta e
mesme sentido daquele da veiecidade anwxlar, a). -
A potenc1a no 61140, Wcim , esté relacienada com o torque no eixe, Tam, per
W.CIXO =Tclxo to (5.51)
Se admitirmos qucTam e positive, a cembinagz‘ie das Eqs. 5.50 e 5.51 fernece
Anélise com Volumes de Controle Finitos 221

Ware =(—n’ze )(in cove. )+( ms )(irs ns) (5.52)


Lembrando que rm: U,

Weixo =(_mc)(iUcV9c )+(fi15)(iUns ) (5.53)

O produto UVg é positivo 33 U 6 V9 apresentam o mesmo sentido. Note também que nés
admmmos que o torque no eixo é positivo para obter a Eq. 5.53. Deste modo. Wei", 6 positive
quando a poténcia é consumida no volume de controle (por exemplo, nas bombas) e é negativa
quando a poténcia é produzida no volume de controle (por exemplo, nas turbinas).
0_ trabalho de eixo por unidade de massa , wmo, pode ser calculado a partir da poténcia de‘
61x0, WW),- p013 basta dividir a Eq. 5.53 peIa vazé‘ro em massa, ”'1. A conservagio da massa impée
que
m = "1c 3 ms

6 se aplicarmos este resultado na Eq. 5.53 obteremos

“‘cixn =“(iUc Vac )+(iU5 V95 ) (5'54)

0 proximo exemplo ilustra a aplicaofio das Eqs. 5.50, 5.53 e 5.54. 0 Cap. i2 Iambém apresema
vérios exemplos onde 550 utilizados cste conjunto de equagoes.

Exemplo 5.19
A Fig. E5190 mostra o esbogo de um rotor de ventilador que apresenta difimetros externo e
interno iguais a 305 mm e 254 mm. A altura das palhetas do rotor 6 25 mm. 0 regime do
escoamento no rotor é permanente em média e a vazfio em volume média é igual a 0,110 m3/s.
Note que a velocidade absoluta do ar na segfio de alimentagfio do rotor, VI , é radial e que o fingulo
entre a direge’zo do escoamento descarregado do rotor e a diregéo tangencial é igual a 30°. Estime a
poténcia necesséria para operar o ventilador sabendo que a rotagéo do rotor é 1725 rpm.

4‘
Volume de commie fixo ‘

Dz 2r2 = 305mm
-
D1 = 21‘] =254 mm

. . ' . ‘
0w U2
Volume dc controle
' fixo W2; wnz “ V5.2 v2
Crl—DTelxo 30° Viz

(a) (b) Figura E519


222 Fundamentos da Mecénica dos Fiuidos

Solugfio Nos vamos utilizar 0 volume de controls indicado na Fig. ESJQa na solugao deste
problema. Este volume do controle é fixo, indeformavel e inclui as palhetas do ventilador e o
fluido contido no rotor O escoamento neste volume de comrole é ciclico mas pode ser
considerado como permanente em média. O unico torque que nos consideraremos é o torque no
eixo motor, TCIXO Note que este torque é produzido pelo motor acoplado ao ventilador Nos vamos
admitir que os escoamentos nas seoées de alimentaoao e descarga do rotor apresentam perfis
uniformes de velocidade e propriedades. A aplicagao da Eq. 5 53 a0 conteudo deste volume de
controle fornece

Wmo=0auxivno)+wn)&uzwz) 0)
=0 (Vi éradial)

Esta equagao mostra que é necessério conhecer a vazao em massa iii, a velocidade tangencial do
escoamento descarregado do rotor, V32, e a velocidade periférica do rotor, U2 , para que seja
'possfve‘i caicUlar a poténcia consumida no aoionarnehto do ventiiador A vaZao em massa dc ar
pode ser calculada com 21 Eq 5 6 ou seja,
n‘z: pQ=l,23x0,1 10:0,135 kg/s (2)
A velocidade periférica do rotor, U2 , é dada por
(0,305) (l725)(22r)
t12 =r1a)= 227,5m/s (3)
2 (60)
Nos vamos utilizar a Eq. 5.43 para determinar a velocidade tangencial do escoamento d_escarre-
gado do rotor, V92. Deste modo,
w=m+m @
A Fig. E5.19b mostra e5ta adigao vetorial n3 forma de um "triangulo de velocidades". Analisando
esta figura n65 conclufmos que
V62 = U2 —W2 cos30° (5)
Note que é necessario conhecer o valor de W2 para resolver 3 Eq. 5. A Fig. 135.1912 mostra que
V”: W2 sen30° (6)

onde VR2 é 0 components radial dos vetores W2 e V. A Eq. 5.6 fornece


.n_p1vm m
e a farce: A2 6 definida por
A2 = 2!: r3 h. (8)
onde h e a altura das palhetas do ventilador. Combinando as Eqs. 7 e 8,
ti; 2 p27: r2 I1 VR2 (9)
Combinando o resultado apresentado na Eq. 6 com a ultima equaoao nos obtemos uma expressfio
para W2,

W2 = my...” (10)
p 2;: r2 [2 sen30°
Aplicando os valores numéricos nesta equagao,
(0,135)
=9,16 m/s
=,(1 23)22: ((1,15s0 025)sen30°
Com 0 valor de W2 n68 podemos calcular V92 com a Eq. 5. Assim,
V93 = 02 — W2 cos 30°: 27,5 9.l6cos 30°: 19,6 m/s
-
Voltando a Eq. 1,
W111“ = (m; )( Uzi/,92 )= (0,135)(27,5x19,6)=72,8 w = 0,0976 hp
Anélise cum Volumes de Controle Fmitos 223

Note que mss consideramos o produto U2 V92 positive. Isto foi feito
apresentam o mesmo sentido porque os dois vetores
. A poténcia calculada, 72,8 W, é a necesséria para aciona
rotor nas condieoes estabelecidas no exemplo. Toda a poténc r o eixo d0
escoamento 'se todos os processes de transferencia
ia no eixo so sera transfe rida a0
dc energia no ventilador forem ideais.
Entretanto, o atrito no escoarnento impede que isto seja
realiza
poténcia iré produzir um efeito fitil (i.e., um aumento dc pressé do e apenas uma parte desta
o). A quantidade de energia trans—
ferida ao escoamento depende da eficiéncia da transfe
réncia de energia das palhetas do ventilador
para o fluido. Este aspecto importante da transferéncia de
energia sera analisado na Sec. 5.3.5.

5.3 A Primeira Lei da Termodinfimica — A Equagfio da Energ


ia
5.3.1 Derivagfio da Equagfio da Energia

A primeira lei da termodinfimica estabelece que


Taxa de variaeao Taxa Ifquida de Taxa de realizagfio de
temporal da energia = transferéncia de calor + trabalho (poténcia
total do sistema para o sistema transferida ao sistema)
Esta lei, na forma si'mb'ollcaLequivale a H A
D
E l epdv=lze. £9,. L + (Ewe. —zw.. . L
ou ‘ I

— J ep 41/: ((2q +W.iq.¢ )


D r

DI. sis
' '

sis (5.55;
A energia total per unidade de massa (energia total especffica),
e, esta relacionada com a energia
interna especffica, a? , com a energia cinética por unidade de massa,_
V2/2 e com a energia poteneial
por unidade de massa, gz, pela equagfio
‘7

e=fi+ + 32 ‘ (5.56)
2
A taxa liquida de transferéncia de calor para o sistema é_representada
por Quq‘ e e a taxa de
transferéncia de trabalho para o sistema é representada por q.¢-
As transferéncias de calor e de
trabalho séio consideradas positivas quando sfio transferidas para
o sistema e negativas quando
transferidas para fora do sistema. »
A Eq. 5.55 6 valida para
referenciais inerciais ou n50 inerciais. Nos vamos desenvolver uma
formulaefio da primeira lei da termodinfimica adequada para
volumes de controle. Para isto,
conside re um volume de controle coincidente com o sistema num dado instante
. Nesta condiefio,
( 9W +WLe L = (QW +W..-q.e )ggilggsgetgomwle (5.57)
A aplicagfio do teorema de transporte de Reynolds (Eq. 4.19
com o parfimetro b igual a e) pode
fomece r uma relagao entre
a energia total do sistema e a do conteudo do volume de controle
coincidente (nos vamos considerar que este volume de control
e é fixo e indeformével). Assim,
D 8 .
—-— e d'U=— e dl/+ e V-fidA
D: i p (5.58
.9: VIC ’0 SJ: '0 )
ou
Taxa de variaeao Taxa de variaefio temporal Fluxo liquido de energia
temporal da energia = da energia total do conterido + total na superficie de
total do sistema do volume de controle controle
A primeira lei da termodinamiea adequada a volumes de control
e pode ser obtida'pela combinagfio
das Eqs. 5.55, 5.57 e 5.58. Procedendo deste mode,
224 Fundamentos da Mecanioa dos Fluidos

1". epdV-l-I ep V'fi 6114 =(Qliq.e +Wliq.e )\'Olum=d::nn:1:i: (5.59)


at coincidente

A taxa de transferéncia de calor, Q, representa todas as interagoes do conteudo do volume de


controle com o meio devidas a diferengas de temperatura. Assim, radiagéo, condugfio e convecgao
sao mecanismos de transferéncia dc calor. A transferéncia de calor para 0 volume de controle é
considerada positiva e a transferéncia de calor do volume de controle para o meio é considerada
negativa. Vérios processes encontrados nas atividades do engenheiro podem ser considerados
adiabaticos. Nestes casos, a taxa do transferéncia de calor é nula. A taxa liquida de transferéncia de
calor também pode ser nula se ZQe — 2Qs = 0‘ '
A taxa de transferéncia de trabalho (poténcia) é pOSitiva quando 0 trabalho é realizado pelo
meio sobre o contefido do volume de controls e é negativa quando 0 trabalho é realizado pelo con-
. tet’tdo do volume do controls. Otrabalho pode ser transferido pela superficie de controlede \rérios
modos. Nos analisaremos nos préximos parégrafos algumas formas de transferéncia de trabalho.
Em muitas situaoées o trabalho é transferido para o centefido do volume de controle (através
da superficie de controls) por um eixo movel. Note que ocorre transferéncia de trabalho, através da
t’egiao da superficie de controle cortada pelo eixo. nas turbinas, ventiladores e hélices. Mesmo nas
méquinas recfpl'ocas, como os motores de combustao interna e compressores que utilizam arranjo
cilindro — pistao. é utilizado um virabrequim. Como o trabalho é igual a0 produto escalar do t’orga
pelo deslocamento. a taxa de trabalho (a poténcia) é o produto escalar da forga pela velocidade de
deslocamento. Assim. a poténcia transferida num eixo, We5m , esté relacionada a0 torque que
provoca a rota‘gfio. T,LiXU " e a velOL-idade angular do eixo, a), pela relagao

W=Tcu
eixo cixn

Quando a superficie do controle corta 0 material do eixo, o torque exercido pelo material do eixo
atua na superficie de controle. Se generalizarmos esta conclusz'io a uma superficie de controle que
apresenta varios eixos,
WeioI'quido 7' Z Wcixo.e — ZWeixo.s ‘ (5'60)

A transferéncia de trabalho também pode ocon‘er quando uma forga associada com a tensao
normal no fluido é deslocada. Considere o escoamento simples e 0 volume dc controle mostrados
na Fig. 5.6. Para esta situagé‘to, as tensoes normals no fluido, 0‘, 550 iguais a pressao com sinal
negativo, ou seja,
0 = —p (5.61)
Esta relagao é aproprlada em varios casos e pode ser utilizada em muitos problemas da engenharia
(veja 0 Cap. 6).
A poténcia associada com as tensoes normais que atuam numa particula fluida, 5 W mm “mm“
pode ser avaliada como 0 produto escalar da forga normal associada a esta tensao, , 6F mm "mm, e
a velocidade da particula, V. Deste modo,

lensfio normal = 6Ftensfionormal I V

So a forga devida a tensao normal for expressa como o produto da pressao local, pols
0' = —- p, pela area da particula fluida, 54 fi ,

Seofio ( l) Volume de controls 36950 (3) T3130

”max

)2] “2 = ”max [1 _ ([32] FiguraS.6 Escoamento simples


m plenamente desenvolvido.
Anélise oom Volumes de Controle Ftnitos 225

6Wl9n550n0m31=0fi6Av =“Ffi6A'V =hpv'fi6-A

Assim, o valor de 5 Wlmfio normal referente a todas as particulas que estfio situadas na superficie de
controls da Fig. 5.6, num dado instante, é dado por -

6cnsionorlnul =J O'aA =I—‘pV‘fidA (5.62)


SC SC

Note que 5 WEN.o normal 6 nulo para as particulas que estéio na viainhanga imediata da superficie
interna do tubo porque V - f] e igual a zero neste local. Assim, 5 Wlensfio mm so pode ser nao nulo
nas regioes da superficie de controle que apresentam escoamento. A Eq. 5.62 e abrangente apesar
dela ter sido formuiada a partir da analise do escoamento simples num tubo. 0 volume de controle
utilizado nesta demonstraeio também pode ser utilizado como referéncia geral para outros casos.
As foreas associadas as tensoes tangenciais também podem transferir trabalho numa
superficie de controls. 0 trabalho de rotagao de um eixo é transferido pelas tensoes de cisalha-
mento no material do eixo. Para uma pat'ti’cula fluida, a poténcia associada a forga tangencial,
6 WWW, magma-3| , pode ser calculada pelo produto escalar da forga tangencial, 6 Flensiotangcncial , e a
velocidade da particula fluida, ou seja,
» aw ,.
lensfio tangential _
. «r!
”M1550 tangcncial
V

A velocidade da particula fluida é nula na vizinhanga imediata da superficie interna do tubo


mostrado na Fig. 5.6. Assim, n50 existe‘transferéncia de trabalho associado as tensoes tangenciais
nesta porgfio da superficie de controle. Além disso, a forea devida a tensfio tangencial é
perpendicular a velocidade da particula fluida onde o fluido atravessa a superffeie de controie, e
assim, a transferéncia de trabalho devido as tensoes tangenciais também é nula nestas regides da
superficie de controls. De modo geral, nos escolhemos 03 volumes de controle do modo como foi
escolhido 0 da Fig. 5.6 e consideramos que a poténcia transferida, devida a tensfio tangencial, é
muito pequena.
N65 podemos expressar a primeira lei da termodinémica para o contefido do volume de
controie combinando a nossa discusséio sobre poténcia e as -Eqs. 5.59, 5.60 e 5.62. Deste modo,

g—Jepdl/+JepV-fidA=Q'Hqc+W“qe—JlpV-fidA (5.63)
I \‘c sc ' ' I so

Se nos aplicarmos a definigfio da energia total (Eq. 5.56) na equaefio anterior, obtemos

5' ._ J V2 ,. . .
52ft BPdV+i[u +é—+—2—+ gz )p V ‘ndA = QMe +Wfiq‘e (5.64)

5.3.2 Aplicagfio da Equaefio da Energia


O termo d/ d 1 LC 6;) d 7/ da Eq. 5.64 representa a taxa de variagz'io temporal da energia total
do volume de controle. Este termo é nulo quando o regime de escoamento é o permanente e
também é nulo se 0 escoamento for permanente em média (cfclico).
'Otermo

j EI+—’?-+-Y:+ z pV-fidA
p 2 8
da Eq. 5.64 so’ pode ser n50 nulo nas regioes da superficie de controle onde Se detecta escoamento
(V . fi :fi 0). A integragao desta equagéo é trivial se 05 valores dc L7 , p/p, W12 6 gz forem
uniformes nas segoes de alimentaeao e descarga do volume de controle. Nestas condieoes,
2 2
j[a+£+K—+gz ]pV-fi dA = Z[J+-p—-+L+gz]m
sc P 2 s p 2
V2 (5.65)
«20? +£+——+gz )n’t
e p 2
MW?”
226 Fundamentos da Mecanica dos Fiuidoe

v
Tubo de corrente

V FiguraS . 7 Escoamento
num tubo de corrente.

A equagio anterior fica mais simples se 0 volume de controle 56 apresentar uma segfio de
alimentagfio e uma de descarga (os escoamentos nestas segoes sfio unifomes). ou seja,
,
2., V2I ._ .
V \ ,. .
.
-
-
I u +L+T+gz PV’n dA =[u +£+7+8ZJ ”1. —
50
p p 2 s (5.66)
12 V .
-
ll +m+7+ gZ me
C

O escoamento num [ubo de corrente com difimetro infinitamente pequeno er uniforme (veja a
Fig. 5.7). Este tipo de escoamento esté associado a0 movimento, em regime permanente, de uma
particula fluida a0 longo de sua trajetoria. N63 também podemos modelar o escoamento numa
segfio como uniforme e. deste modo, na‘io é necessério Ievar em consideragéo as nfio uniformidades
que podem existir na segfio de escoamento. N68 denominamos este escoamento de unidimensional.
Apesar destes escoamentos serem rams, a simplicidade do modelo justifica o seu uso. Mais
detalhes sobre os efeitos das distribuieoes n50 uniformes de velocidade e de outras variz’weis do
escoamento podem ser encomradas na Sec. 5.3.4 e nos Caps. 8, 9 e 10.
E interessame ressaltar que o escoamento precisa ser transitério — pelo menos locaimente
(veja as Refs. [1 e 2}) — quando temos transferéncia de trabalho no volume de controie. O
escoamento em qualquer méquina que envolve trabalho de eixo é transitério. Por exemplo. a
velocidade e a pressfio numa posigfio fixa e préxima as palhetas de um ventilador centrifugo
variam a0 Iongo do tempo. Entreganto, o escoamento pode ser modelado como permanente a
montante e a jusante da maquina. E comum 0 trabalho de eixo estar associado com escoamentos
transitorios ciciicos. A Eq. 5.64 pode ser simplificada com os resultados mostrados nas Eqs. 5.9 e
5.66 para 03 cases onde o escoamemo é unidimensional, permanente em média e num vqme de
controle que apresenta apenas um segfio de alimentagio e uma segfio de descarga, ou seja.

VZ—Vz . .
:5: 123—6316 1’— —{3 +—‘———°—+g(zs—zc) =Qfiqve+wfiqle (5.67)
p . (p e 2
A Eq. 5.67 6 denominada equagao da energia unidimensiona] para escoamentos em regime
permanente em média. Note que a Eq. 5.67 6 vlida tanto para escoamentos incompressfveis
quanto para escoamentos compressiveis. A propriedade entalpia especffica é definida por

l2 =a+1—’ (5.68)
p
Assim, nos podemos reescrever a Eq. 5.67, em fungfio desta propriedade, do seguinte mode
_ v_-—v- 7 ')
. .
m 115—11e+-“-2—°-—+g(zs—zc) :Qfiqfiwme (5.69)
-
-
A Eq. 5.69 pode ser utilizada para resolver problemas que envolvem escoamentos compressfveis.
Os Exemplos 5.20 e 5.21 mostram como utilizar as Eqs. 5.67 e 5.69.
Exemplo 5.20
A Fig. E520 mostra o esquema de uma bomba d'agua que apresenta vazfio, em regime
permanente, igual a 0,019 m-‘ls. A pressao na segao (1) da bomba ~segao de alimentaeéio da bomba
- 61,24 bar
Anélise com Volumes de Controle Fm'rtos 227

5:950 c1) 3‘9“ (3) _


p1 = LL‘Abar p2 = 4,14 bur Figura E5.20

e o diametro do who do alimentagfio é igual a 89 mm. A seg-ao de descarga apresenta diametro


igual a 25 mm 8 a pressz‘ao neste local 6 4,14 bar. A vafiagio dc elevaofio entre 05 centres das
segfies (l) e (2) £3 nula e o aumento de energia interna especr’fica da égua associada com o aumento
de temperatura do fluido, L12 — in, 6 igual a 279 J/kg. Determine a poténcia necessaria para operar
a bomba admitindo que esta opere de modo adiabético.
Solugfio Nos utilizaremos 0 volume dc controls indicado na Fig. E520 para resolver este
example. A aplicagfio da Eq. 5.67 am contefido deste Volume do controle resuiia em ’

. _ p p V2 —V2 .. . .
-
”11:19 -u| “If; l _['B' 1 +"i‘a—l+3(zz _Z|) — Qua“ +Wliq.cixo {1)

Observe que o termos referentes a variagéio de energia potencial e a taxa de transferéncia de calor
$510 nulos. Nos precisarnos determinar os valores da vazz‘io em massa na bomba, m, e das
velocidades nas scgoes (I) e (2) do volume de controls para que seja possr’vel calcular a poténcia
necessén'a para operar a bomba com 21 Eq. 1. A vazfio em massa na bomba pode ser calculada com
3 Eq. 5.6,
n'z=pQ=(1000)(0,0i9)=19,0kg/s (2)
A velocidade numa segao de escoamento também pode set calculada com a Eq. 5.6, on seja,

V =2 ;_._9__
A 7502 I4
Assim.
0,019
.VI =£=——2—=3,lm/s (3)
A: 7: (89x10'3) /4
e .

V2 =_Q_=_,_______0’019 , =38,7m/s ' (4)


A2 7: (25x10'3 )7 /4
Aplicando estes valores na Eq. 1,
ao=(l9,0)[(279)+[4’14xm 5 ]_[1,24x10 5 ]+(38,7) 2— (3,1) 2 ]=2,49x104w
1000 1000 2
Note que sao utilizados 5,30 kW para aumentar a energia interna da égua, 5,5 kW para aumentar a
pressfio do fluido 6 14,1 kW para aumentar a energia cinética do escoamento.

Exemplo 5.21
A Fig. 135.21 mostra o esquema de uma turbina a vapor. A velocidade e a entalpia especffica do
vapor na segio de alimentagfio da turbina 550 iguais a 30 m/s e 3348 kJ/kg. O vapor deixa a turbina
como uma mistura de lfquido e vapor, com entalpia especr’fica igual a 2550 J/kg, e a velocidade do
escoamento na segfio de descarga da turbina é 60 m/s. Determine o trabalho no eixo da turbina por
unidade de massa de fluido que escoa no equipamento sabendo que o escoamento pode ser
modelado como adiabético e que as variagoes de cota no escoamento sao desprezlveis.
228 Fundamentos da Mecanica dos Fluidos

Volume de controle

3__...___-..__J
-->-' ‘ -—l~

5111011)
Y1 = 30 mfs
11 - 3348 11n "1.1., a ? 5:110 (2)
Y2 : 2:5:l . Figura 125.21

Solugfio N63 vamos utilizar 0 volume de conti'ole indicado n3 Fig. 55.2] para resolver este
problema. A aplicaefio da Eq. 5.69 ao conteL’ido deste volume de controle resulta em
H
1‘. » . V;—V
a. . ~ , ,, ‘l . ,.
-
fi1LhZ—Izl+_~ 2 I +g(z2 —:)J= Q“qc "Wm (1)

Observe que o termos referentes a variagfio de energia potencial e a taxa de transferéncia de calor
sao nulos. O trabalho no eixo da turbina por unidade de massa de fluido que eseoa n0
equipamento Wm} em , pode ser obtido dividindo .3 Eq. (1) pela vazao em massa de fluido na
turbina 151.Destemodo,
.
W.liq:e1xo e 2

wliq.cixo
=

m
= h, “h" +

'
” V"V'
2
2
(2)
OH
2 2

wliq.e‘1xo = 2550 "‘ 3348 +


M = -797 kJ/kg
2x1000
O trabalho por unidade de massa de fluido que escoa na turbina é negative porque o trabalho esté
sendo realizado pelo fluido que escoa no equipamento. Note que a variagio de energia cinética é
pequena em relagio a variaefio de entalpia do fluido que escoa 11a turbina (isto ocorre 11a maioria das
turbinas a vapor). Para determinar a poténcia fornecida pela turbina é necessério conhecer a vazéo
em massa no equipamento, 11'1.

Considere um volume dc controle com apenas uma seefio de alimentagfio e uma seefio de
descarga. Se 0 escoamento neste volume de controle e’ unidimensional e o regime for o permanente
em todo 0 volume de controle; ou seja, nfio existe trabalho envolvido no escoamento; a Eq. 5.67 fica
reduzida a
1
vl—v- .
11': 11’ —11 + 11 ._ L’ +s—°+g(zs—zc') =QmM (5.70)
p s p I. 0

Esta equagao é conhecida como a equagao da energia paia escoamento unidimensional e em regime
peimanente e ela é valida para escoamentos compressweis e incompressfveis. E mais comum
trabalharmos com a entalpia especrfica (em vez da energia inteina espec1fica) se 0 escoamento for
compressivel. Deste modo, a equaefio anterior pode ser rescrita do seguinte modo
1 2
V —V' .
11': I1 —/1 —1——-—2 °+g(;S-z ) "—‘a‘e (5.71)

Exemplo 5.22
A Fig. E5.22 mostra o esquema de uma queda d'figua com altura de 152 m. Determine a variaeao dc
temperatura associada a este escoamento sabendo que os dois reservatonos de égua sao grandes.
Solueao N65 vamos utilizar o tubo de conente com segao transversal pequena indicado na
Fig. E5. 22 na solugao deste problema. N63 precisamos determinar a variagao de temperatura
Tl— T_. Esta variaeao de temperatura estéi relacionada com a variagao de energia intema especffica
da agua pela relagao
Anélise com Volumes de Controle Finitos 229

Segfio (1)

Volume de
controle

J,
{T .

152 m

I
1 Seqfio (2)

Figura E522

T2_Tl= %:E
C
I in
onde c" 6 o calor especffico da égua (4187 J/kg-K). A aplicagéo da Eq. 5.70 a0 contefido do
volume dc controie indicado na figura leva a
‘ V2 —V2 -
1131':173 —e +(£] "[3] +———2——'+g(22 "ZI ):'=Qliq.e (2)
p z p . 2
N63 vamos admitir que o escoamento é adiabético, Qliq e = 0. Agora, se considerarmos que o
escoamento é incompressivel,
fl = __p_ (3)
P . P 2
porque as pressées nas 569665 (1) e (2) 550 iguais a pressz‘io atmosférica.
N65 também varnos admitir que as velocidades nas segées (I) e (2) $50 muito pequenas porque os
reservatérios d‘figua $510 grandes. Assim, n63 vamos aproximar estas velocidades por'
K=%=0 (a
Combinando as Eqs. 1, 2. 3 54,
TZMT'I : g(zlw z”)

c
e

, - ,=M=0,35K =0,35°C
' 4178
Note que a variagéo de temperatura calculada é pequena apesar da altura de queda d‘ égua ser alta.

N63 desenvolveremos na préxima $6950 uma forma da equagio da energia muito utilizada na
solugéo dc problemas que envolvem escoamentos incompressiveis.

5.3.3 Comparagfio da Equagfio da Energia com a de Bernoulli


Q11m 21 equagfio da energia para escoamentos em regime permanente em média, Eq. 5.67, é
aplicada a um escoamemo em regime permanente nés obtemos 3 Eq. 5.70. A (mica diferenga entre
230 Fundamentos da Mecanica dos Fluidos

estas equagoes é a poténcia de eixo, W1iq.eixo , que é nula se 0 escoamento é permanente em todo 0
volume do controle (lembre que os escoamentos em maquinas que operam com fluido sempre
apresentam regioes onde o escoamento é transitorio). Adicionalmente, so admitirmos que o
escoamento é incompressfvel, a Eq. 5.70 fica reduzida a
. .. _ s V: — Vt: '
ml:wx —uc +-[-)—~—-I3«°-+-—’-——-——+g(zs-Zu )]£Qliq.c (572}
P P 2
Dividindo a Eq. 5.72 pela vazao em massa, n'1, e rearranjando os termos,

103 K: 10: V22 " " .


w+?+gzs= p + 2 +cHGtS_uu—qliq.c) (5.73)

onde
_ Qliq.e
qliq.e _ ”'1

E: a taxa de transferéncia de calor por unidade do massa que escoa no volume de commie. Note que
21 Eq. 5.73 envolve energia por unidade de massa e 6 aplicavel a escoamentos unidimensionais em
volumes do controle com uma segao de alimentagao e outra de descarga ou em escoamentos entre
duas segoes de uma linha de corrente.
Se 05 efeitos viscosos no escoamento que estamos analisando forem despreziveis
(escoamento sem atrlto), a equagao de Bernoulli , Eq. 3.7, pods ser utilizada para descrever o que
acontece entre duas segoes do escoamento, ou seja, ‘
V2 V2
195+ [325 +725 = Pe+ pzc +72: (5.74)

onde 7 = pg 6 o peso especffico do fluido. Para que seja possfvel comparar a Eq. 5.73 com a
Eq. 5.74 é necessério transformar a Eq. 5.74 do modo que seus termos apresentem dimensao
energia por unidade dc massa. Para isto, nés vamos dividir a Eq. 5.74 pela massa especifica do
fluido, ,0. on seja,
v2 V2
35+ +gzg=£5+—°-+gzc (5.75)
2 ‘ p 2
A comparagao da Eq. 5.73 com a Eq. 5.74 indica
11$ —fie ‘41:“ = 0 (5.76)
quando o escoamento é permanente, incompressfvel e sem atrito. A experiéncia mostra que
n:s —-ue "(1|q > 0 (5.77)

nos escoamemos permanentes, incompressfveis e c0m atrito.


N65 vamos considerar que o termo (veja as Eqs. 5.73 e 5.75)
1) V2
—— + — + gz
p 2
6 a energia por unidade de massa disponfvel no escoamento. Logo, 0 termo 17 .- — z? E — ‘1:q repre-
senta uma perda de energia disponfvel, devida a0 atrito, no escoamento incompressivel. Assim,
(5.78)
' ES _l:c —q|iq.e = Perda

As Eqs. 5.73 e 5.75 nos mostram que esta perda é nula quando o cscoamento n50 apresenta atrito.
E sempre conveniente expressar a Eq. 5.73 em fungao da perda, ou seja,
“I

P..- (579)
+Vs_+ z -fl’—+V°.+gz -perda
2 g s ,0 2 c '

O proximo exemplo mostra uma aplicagao da Eq. 5.79.


Anélise com Volumes de Controfe Finitos 231

Volume dc
commie

.... _ V2
--—+- 02 = 1‘20 mm --—h-

Segfio (2)
Sceio (1 ) para 05
dois oril'iciOS
V! e: 0
p1 - 1.0 kPa \
\ X
\A“ _T____ v2
“‘9“ DZ == 120 mm —>-

829510 (2)

Volume de
controle

Figura .E5.23

Exemplo 5.23
A Fig. E5. 23 mostra dois orificios localizados numa parede com espessura iguaI a 120 mm. Os
oriffcios sao cilindricos e um deles apresenta entrada arredondada O ambiente (iado esquerdo da
figura) apresenta pressfio constante e igual a 1,0 kPa acima do valor atmosférico e a descarga dos
dois orificios ocorre 11a atmosfera. COmo nos discutiremos na Sec. 8.4.2, a perda de energia
dispom’vel no escoamento em oriffcios com antrada brusca (oriffcio superior da figura) é igua] a
0, 5V», ’/ 2 ends V é a veiocidade uniforme 11a segfio de descarga do oriffcio.1é a peida de energia
dispom’vei no escoamento no 01if1’cio com entrada arredondada é igual a 0 05V;Z / 2 onde V_ 621 ’
velocidade uniforme 11a segao de descarga do orificio Nestas condigoes determine as vazoes nos
011f1c1os mostrados na Fig E5. 23.
Solugao Nos _vamos utilizar 0 volume (it: conuole indicado na figura p313 1esolve1 este p1oblema
A vazao em volume num orifi’cio, Q, pode ser caIeuIada por Q=A_V_onc1e A é a a1ea da segao
transversai da 369110 (2) e V é a velocidade uniforme na mesma seéao A aplicagao da Eq 5. 79
valida para os escoamentos nos dois 01if1’cios, ieva a

1 V3~=
p—-+-= '31-— «'perda2 - (1)
p 2 p .
pois V1 foi considerada nula e 1150 existe variagz'lo de energia potencial neste escoamento. [soiando
0 termo V3, _
Ill
" )7
V: =[2[LLL— ,perdaz ]] (2)
p
onde
V2
|perda2 = K1 22 (3)

e K1 é o coeficicnte de perda (K1 = 0,5 3 0,05 para os dois oriffcios mostradOS na figural). C0111-
binando as 13113.2 6 3,
”2
_ , 1/2
V3: 2 MHKLL (4)
p 2
01.1
u ”2 '

V2 =[___€_'__£3____:J (5)
p((I+K1)/2)
232 Fundamentos da Mecanica dos Fluidos

Assim. a vazao em volume num orificio é dada per


1 1/2
_. V =75D5 PI‘Pz (6)
9”“ 4 p((1+KL)/2)
Para 0 orificio com borda arredondada mostrado na parte inferior da figura,
I12
mrr(0,12)2 1,0x103
] =0,445m3/s
4 1,23((1+0.05)/2)
Para 0 orificio com borda reta mostrado na parte superior da figura,
=7:(0,12)2J— l,0><10" Ta :0 372m3/S
4 L1,23(’(i+0,5)/2)J” ’ '
Note que a vazao no oriffcio com borda arredondada é maior do que aquela no outro oriffcio. Isto
ocorre porque a perda associada ao escoamento no oriffcio com borda arrcdondada é menor do que
a perda assoc1ada ao escoamento no orificio com borda reta.

Os escoamentos unidimensionais, incompressiveis, permanentes em média, com atrito e trabalho


de eixo sao importantes na mecéinica dos fluidos. Note que os escoamentos com massa especffica
constante em bombas, sopradores, ventiladores e turbinas estao inclufdos nesta categoria. Para este
tipo de escoamento, a Eq. 5.67 fica reduzida a

. V2 4/} . . '
mlui —uc +£3--Ewe--+—-3—--v——-—~~+g(zs —ze )]=a.e +Wliq.e (5.30)
-
-
_ P P 2
Dividindo esta equagao pela \razfio em massa, obtemos
V3 e V2
-
-
p3 +4—4—
2 8 Zs = p + 2c + g Zc +Wliq.eixo _‘ us “I": “413.:
q (5'81)

onde Wliq. cixo é o trabalho por unidade de massa (WM aim ln‘i). A Eq. 5.81 se torna idéntica 3
Eq. 5.73 se 0 regime do escoamento 6 0 permanente em todo 0 volume de controle e o termo
us — uc — qliq. c cominua a representar a perda de energia disponi’vel do escoarnento. Assim nos
concluimos que a Eq. 5.81 pode ser expressa por -
1 'l

lat-‘s-V7‘+gzs =£i+ll§~+gze+wliq. eixo — perda ‘ (5.82)

Esta é a forma da equagao da energia adequada para escoamentos incompressfveis code 0 regime é
permanente em media (G) 5.7 — Transferéncia de energia). Esta equaga‘io também é conhecida corn
3 equagao da energia mecz’inica ou a equagao de Bernoulli estendida. Note que a dimensao dos
termos da Eq. 5.82 e energia por unidade de massa (J/kg).
A Eq. 5.82 mostra que quanto maior for a perda num escoamento que recebe trabalho de eixo
'(por exemplo, numa bomba) maior sera o trabalho de eixo necessario para que seja possivel obter
o mesmo aumento de energia dispom’vel. De modo anélogo, quanto maior for a perda num
escoamento que realiza trabalho de eixo (por exemplo, nas turbinas) menor sera o trabalho de eixo
realizado para a mesma queda de energia dispom’vel. Os projetistas de equipamentos que
envolvem escoamentos se esforgzam para tornar minimas estas perdas. Os préximos exemplos
demonstram porque as perdas devem set as minimas nos sistemas fluidos.
Exemplo 5.2.4
A Fig. 135.24 mosrra o esquema de um ventilador axial que é acionado por um motor que transfere
0,4 kW para as pas do ventilador. O escoamento a jusante do ventilador pode ser modelado como
cili’ndrico (diametro iguai a 0,6 m) e 0 ar nesta regiao apresenta velocidade igua] a 12 m/s. 0
escoamento a montante do ventilador apresenta velocidade desprezfvel. Determine o trabalho
transferido ao at, on seja, o trabalho que é convertido num aumento na energia dispom’vel e estime
a eficiéncia mecanica deste ventilador.
Analise com Volumes de Controle Finitos 233

\\‘?\ aeIoPe
V1 '“ U\-\: \/
\ Volume do controls $6950 (2)
I '9- — —.._..__._ _
1/
|—>—

.—p—

Figura E5.24

Solugfio N65 vamos utilizar 0 volume de controle fixo e indeformével indicado na Fig. E524. A
aplicagfio da Eq. 5.82 ao contefido deste volume de controle leva a

2 ]
wliqcixo ~perda=[-—-2- (1)

Note que os tel-mos de presséo foram anulados porque a pressfio nas duas scoot-s é a atmosférica,
que nos admitimos nula a velocidade na $6950 (1) e que n50 ocorre variagfio do energia potencial
no escoamento. Assim, o aumento na energia dispom’vel nests escoamento é igual a
1

wliq.cixo
——perda 1: =72,0J/kg (2)
-
N65 podemos estimar a eficiéncia deste ventilador pela relagfio entre a quantidade de trabalho que
produz um efeito Litil (aumento da energia dispom’vel no escoamento) e a quantidade dc trabalho
fomecida as pés do ventilador, ou seja, .
—-perda
n= wliq cixo
(3)
Wliq.eixo
O trabalho fornecido as pas do ventilador, por unidade de massa que escoa no equipamento, pode
ser calculado com a relagao
W.l .
Iq-mo "’q 'eixo = (4)
m
onde rh é a vazfio em massa dc ar no volume de controle. Se admitirmos que o escoamento é
uniforme na $6950 (2),
71502
n'z=pAV=p V2 (5)

Combinando as Eqs. 4 e 5 e considerando que a massa4especffica do at é igual a 1,23 kg/m3 (ar na


condigfio padrfio), temos
4 Wliqsixo
Wliq.eixo =
__ 4 (400)
=95,8I/kg (6)
pisVg (l,23)7t(0,6)2 (12)
Apiicando os resultados numéricos na Eq. 3,

n=7—2’9=075
95,8
Note que apenas 75% da poténcia fornecida a0 ar resulta num efeito util, ou seja, no aumento da
energia dispom’vel no escoamento (0 resto é perdido por atrito e convertido em energia interna).
234 Fundamemos I:L=. Mecénicz dos Fiuidos

Os termos da Eq. 5.82 apresentam dimenséo energia por unidade de massa. Se multiplicar—
mos todos os termos desra equagéo pela massa especffica do fluido, temos

v2 V~
’i

[9S + p25 +‘}’Zs = pe'i" p2" +Yz¢ +p wliq.eixo —p(perda)


(5.83)

0nde l’ = .08 é 0 peso especffico do fluido. Os termos da Eq. 5.83 apresentam dimensfio energia
por unidade de volume que é igual a dimensfio de pressfio (N/m2 ). Agora, se dividirmos :1 Eq. 5.82
pela aceleraofio da gravidade, g,
‘1
2 V-
£L+ZL+ 5‘ =i’c_+—°+;c +11%, 41L (5.84)
Y 28 7 2!:
onde

him = wliq.ei“’ = H/Iirrcixn = Miqmixa


(5.85)

“ 3 mg 7Q
e 12L = perda/g. A dimensfio dos termos da Eq. 5.84 é comprimento (ou energia por unidade de
peso). Nos introduzimos na Sec. 3.7 a nogfio de carga (cuja dimensfio é comprimento). Na
hidréulica é normal utilizarmos a notagz‘io 11cm, == — 11, (com hr> 0) para as turbinas e hm, = 11,, para
as bombas. A quantidade hT é denominada carga da turbina e [1,, 6’ denominada carga da bomba. O
termo de perda, 11L, também é conhecido como perda de carga. A carga da turbina pode ser escrita
do seguinte modo
hr = — (heim +hL )7-

onde osubscrito Tindica a turbina contida no volume de controle. A quantidade l2, 6 a queda real
de cargo na turbina e 6 igual a soma do trabalho de eixo com as perdas de carga na turbina.
Quando uma bomba esté no volume de controle.
hi; = (hcixo —hL )1)

6 o aumento real de carga na bomba (igual a diferenga entre o trabalho de eixo na bomba e a perda
de carga na bomba). Note que 11L é utilizado tanto para as turbinas quanto para as bombas e que
este termo, nas duas filtimas equaoées, representa apenas a perda de carga no equipamento. E
importante lembrar que o termo hL da Eq. 5.84 envolve todas as perdas (incluindo aquelas na
turbina ou compressor) e que hL inclui todas as perdas exceto aquelas associadas com os
escoamentos na turbina ou bomba quando nos substitur’mos hm por hr (ou h!) ).

Exemplo 5.25
A vazfio da bomba d’égua indicada na Fig. 5.5.25 é igual a 0,056 m3/s e o equipamento transfere
7,46 kW para a égua que escoa na bomba. Sabendo que a diferenga entre as cotas das superficies
dos reservatérios indicados na figura 6 9,1 m, determine as perdas de carga e de poténcia no
escoamento de égua.

SeoéoM)
\ -__/___
\\Volume dc_____ Y .1
control; 7
J r

9,] m

Seeilo ( B )
linmhu .

Figura E525
Anélise com Volumes de Controle Finitos 235

Solugfio A forma da equagfio da energia que n65 vamos utilizar 6 (Eq. 5.84)
V2 V2 .
p—‘+—"+ A=£i+—B—+zs+lzeiw—hL (I)
7 28 7 2g
onde A e B representam as superficies livres dos reservatérios. Observe que 1),. = [)3 = 0 , VA = VI: =
0, as = 0 e zA = 9,1 m. Nestas condigfies, 3. Eq. 1 pode ser reescrita do seguime modo
hL=/1.QIKO —~zA (2)
A carga da bomba pode ser calculada com a Eq. 5.85,
2 Wcixo c , = 7460 3 13 ’ 6 m
’7 cixo
yQ (9,8)(999)(0,056)
e a perda de carga no escoamento é
’1. = l3,6~9,1= 4,5 m
E interessante nomr Ique, neste exemplo, a fungao da bomba é‘”levantar’ a agua (9 l m) e veneer a
perda de caiga do sistema (4 5 m) porque nés nao detectamos variag6es de pressao e velocidade
nas super‘n’cies Iivres dos leservatérios
A perda de poténcia no escoamento também pode ser calculada com a Eq. 5.85. Assim,
WW...“ =tL =(9,8)(999)(0,056)(4,5)=2467w=2,47 kW

A comparagfio da equagfio da energia com a equagfio de Bernoulli levou a0 conceito de perda


de energia disponivel em escoamentos incompressfveis com atrito. No Cap. 8 nés apresentaremos
detalhadamente os métodos utilizados para estimar as perdas em escoamentos incompressfveis
com atrito. Na Sec. 5.4 e no Cap. 11 nés demonstraremos que a perda de energia dispom’vel
também é um fator importante nos escoamentos compressiveis com atrito.
5.3.4 Aplicagfio da Equagfio da Energia a Escoamentos N50 Uniformes
As formas da equagfio da energia apresentadas nas Secs. 5.3.2 6 5.3.3 350 aplicéveis av
escoamentos unidimensionais.
A anélise da equagfib da energia para volumes de controles, Eq. 5.64, em situagées onde o
perfil de velocidade nfio é uniforme em qualquer regifio onde o esc‘oamento cruza a superficie de
controle sugere que a integral
2
I—E—vfid/l

requer uma atengfio especial. Os outros termos da Eq. 5.64 podem set considerados do modo
apresentado nas Secs. 5.3.2 e 5.3.3.
Nés podemos calcular a integral acima com a relagfio

v2 v) 172
{—mdA= m a_ ——Oi—‘—-
2 2 2
onde 0t (-3 o coeficiente dc energia cinética e l7 é a velocidade média definida na Eq. 5.7. A partir
destes resultados nés podemos concluir que
rho: 172
=—:—V-‘dA
2 {2" n
para o escoamento que cruza a regifio da superficie de controle que apresema érea A. Assim,

five/2);; v-fi (1A


a:-’—‘———_——— 5.86
.n'zVZ/Z ( )
236 Fundamentos da Mecénica dos Fluidns

E possfvel mostrar que a 2 1 para qualquel- perfil de velocidade o que _a so é .igual a 1 se 0


escoamento for uniforme. A equagfio da energza, baseada na dlmensao energza por unldade de massa,
para um escoamento incompressivel e valida para um volume de controls com uma segfio de entrada
e outta de saida apresenta a seguinte forma

% + -52;
(1
K72 4. gas = —p—° +—‘-—2—-
a l72‘— + gze + wfiq‘mo
— perda (5-87}

Agora, so utilizarmos a base energia por unidade de volume para escrever a equagao da energia,
temos -
"'2 —')
aV a V“
p“. +p—é—s—+ 'yzs = pe +~€-§—E-+7ze + pwnwim‘ - p (perda) (5.88)
.e se utilizarmos a base energia por unidade do peso (carga),

5L“ 5 +z; zfi+——ae c +zc+-«-—'“‘“'°—12L


‘72 V - wi ‘x
(5.89)
Y 23 ' r 2g 8'
Os préximos exemplos iIustram a utilizagao do coeficiente da energia cinética.

Exemplo 5.26
A vazao em massa de an no pequeno ventilador esbogado na Fig. E526 é 0,1 kg/min. O escoamento
no who do alimentagfio do ventilador é laminar (perfil parabélico) e o coeficiente de energia cinética,
neste escoamento, é 2,0. 0 escoamento no who do descarga do ventilador é turbulento (o petfil dc
velocidade é muito préximo do uniforms) e o co’eficiente de cncrgia cinética é 1,08. 0 aumento dc
pressao estatica no ventilador é igual a 0,1 kPa e a poténcia consumida na operagao do equipamento
é 0,14 W. Compare 03 vaiores da perda de energia dispom’vel calculadas nas seguintes condigo'es: (a)
admitindo que todos os perfis de velocidade sao uniformes e (b) considerando os perfis de
velocidade reais nas segoes de alimentagfio e descarga do ventilador.
Solugfio A aplicagao da Eq. 5.87 ao contefido do volume de controle indicado na Fig. E2526 resulta
em
£4.05:s =fl+aIVI2
+ wliq. eixo —perda (I)
p 2 p 2
Note que n65 desprczamos a variagao de energia potencial do escoamento. Isolando a perda,
‘ - a 172 @772 (2)
-—-———'2 “
perda = wliq.cixo _ [3% )‘I‘ —|-2--l--

Assim, é necessario conhecer os valores de wfiq‘eixo, 17, 6 V2 para que seja possfvel calcular a perda.

__._____.....__.._‘
Emmenlo ‘
iurbulenlo

$6950 (2)
a2 = 1.08

Volume d: controlc

D1: 60 mm

$0950“)
al I 2.0

Escoamemo laminar
:5: = 0.1 karmin Figura E5.26
Anéiim com Vodumes de Controle Fmitos 237'

O trabalho no eixo, por unidade do massa de fluido que escoa no vendlador, pode ser calculado com
_ poténcia fomecida ao ventilador
wliq.cixo ‘- -
m
Substituindo os valores numéricos,
O 14
W.[Iq.e|xo
. = ’
(0,1)/ 60 = 84,0 J/k g ( 3)

A velocidade média na segfio ( 1) do volume de controls pode ser determinada com a Eq. 5.1 1. Assim,
V _ m _ m _ (0,1/60)
1 '— — ., — =0.48 m/s (4)
PA: p(7ID,'/4) (1,23)(7z0,062/4)
A velocidade média na 56950 (2) também pode ser calculada 00m a Eq. 5.11.

173:
m _ (0, 1/60) =1,92m/s (5)
p(7rD§/4) (1.23)(2r0.031/4)
(8) Se admitirmos que os perfis dovelocidade sio uniformes. temos que 061 6 0:2 550 iguais a ,1.
Utilizando a Eq. 2,
__ 172 ‘7:
perda = wliqxixo _[
______pz P. +4-“; (5)
p 2 2
Aplicando os resuItados obtidos nas Eqs. 3, 4 e 5 e o valor do aumento de pressfio fomecido na
formulagéo do problema,

perda = 84.0
_ (0,1><1o-‘)+ (0,48)2 _ (1,92)2
1,23 2 2
= 84.0 —81,3 +0.12 — 1,84 = 0,98 J/kg
(b) Nos temos que utilizar os coeficientes de energia cinética ( a] = 2 e (12 = 1,08) na Eq. 1 se vamos _
Ievar em consideraqfio os perfis do veiocidade fornecidos no problema. Deste modo,

_ [’2 p" p l 0! ‘72


]+'"L5L"_T ‘
0‘2‘723 (7)
perda _ wliq.cixn “[

Aplicando os valores numéricos,

perda = 84,0 —
(0,1x103 )+ 2(o,48)2 __1,08(1,92)2
1,23 2 2
z 84,0 — 81,3 +O,24-—l,99 = 0,95 J/kg
Note que a diferenga Entre a perda calculada com os perfis de velocidade uniformes e a perda
calculada com os perfis de velocidade nfio unifonnes é pequena em relaqéo ao trabalho por unidade
de massa transferido ao contefido do volume dc controle, w“.q am.

Exemplo 5.27
Aplique a Eq. 5.87 a0 escoamento do Exemplo 5.14 e desenvolva uma expresséio para a variagio de
pressz'io que ocorre entre as segoes ( 1) c (2). Compare a expressfio obtida para esta van‘agfio do
pressfio com o resultado do Exemplo 5.14. Quad 6 o valor da perda de energia disponfvel
escoamento?
Solugfio A apiicagfio da Eq. 5.87 a0 escoamento do Exemplo 5.14 (veja a Fig. E514) leva a
—2 "2
p a w p a V
—2+%+gz2 =—'+—1E'——+g2:l—perda\+wfiq'cixo . (1)

Lembrando que o trabalho realizado no processo é nulo, a variagfio de pressfio é dada por
afiz a W2
pl "P2 =p['T2—'T'+g(z2—zl)+perda:l (2)
238 Fundamentos da Mecénica dos Fluidos

O coeficiente dc energia cinética na 36930 1, 01,6 unitén'o porque 0 perfil de velocidade do escoamento
é unifonne nesta segao. M o coeficiente dc energia cinética na segao 2 a, , nao e‘ univirio e precisa ser
calculado com o perfil dc velocidade fomecido no Exemplo 5 4&1“m a ECJ 5-86
I 10 W2 dAz
062 = L"? (3)
m w2
Aplicando 0 perm pat 1b61ico na equagao anterior,

10](ZWI)3[1—(fi'/R)2]3 27nd:-
a3:
( .0 A2W1)W22
Como A, = A_ ,1,a 14111119710 de conservagao da massa fomece
-', =_2 (4)
Aplicando este resutlado na Eq. 3.
R 3

pm; 2;: f [ 1—(1-111)2 ] 1-111-


053 2 11 ,

p 71R ' W33


ou
1212 = {61 J8 [1—3(1—/R) 1 +3(r/R) .1 ~(r/R) (1 ]1-d1-=2 (51
R“ 11

Combinando as Eqs. 2 e 5,
2,014): 1,0wl2
p. - P2 = 10[m-
2 ---+
2 3&2" 21)+ perda] (6)
A equagfio da conservagéo da massa impée que W2 = _1 = W. Assim a equagfio anterior pode ser
reescrita da seguinte forma
10?172 103(22 "Z.)+p (Perda)
19. 12; = —2-+ (7)
-
O termo associado com a variagfio de elevagio. p g( 22 — z| ) é igual a0 peso por unidade de area
da segfio transversal da égua contida entre as segfies ( I) e (2), cu seja,

19111—1)?
W
(81
Combinando as Eqs. 7 e 8, temos I

[71—172 =p——-‘2V2 +--+p(perda) (9)

A queda de pressfio entre as segées (1)6 (2) e devida a:


1. Variagfio de energia cinética entre as segées (l) e (2). Esta variagfio esté associada com a
mudanga de perfil de velocidade uniforms para perfil parabélico de velocidade.
2. Peso da coluna de figua (efeito hidrostético).
3. Perda viscosa
Comparando'a Eq. 9 com a resposta obtida no Exemplo 5.14,

—+—+p(perda)=
p_:1"3 —+i:i—+%
pw (10)

Du
_2
R_ w
peida =—‘—-—-—
pA 6
Anélise com Volumes de Controle W 2‘39

5.3.5 Combinagfio das Equaqfies da Energia e de Momento da Quantidade de Movimento4

Nos podemos avaliar o trabalho de eixo numa méquina rotativa utilizando :1 Eq. 5.82 e 3
Eq. 5.54 [desenvolvida na Sec. 5.2.4 a partir da cquagfio do momento da quantidade dc movimento
(Eq. 5.42)]. Note que esta combinagfio dc equaqoes so pode ser aplicada a escoamentos
unidimensionais, incompressfveis e permanentes em média. O Exemplo 5.28 mostra come avaliar
a perda que ocorre no escoamento incompressfvel numa méquina rotativa com as Eqs. 5.54 e 5.82.

Exemplo 5.28
Reconsidere o Exemplo 5.19. Mostre que apenas uma parte da poténcia transferida ao ar 6
corwertida num efeito fitil no escoamento. Desmvolva uma equagfio para a eficiéncia do ventilador
e um modo prético para estimar a energia que n50 é c0nvertida num efeito fitil.
Solugfio Nos vamos utilizar neSte Exemplo o mesmo volume de controle que utilizamos na
solugfio do Exemplo 5.19. A aplicagfio da Eq. 5.82 a0 contefido deste volume de controle leva a
—'J _7
7, V,‘ V'
l—“—-+—~“——+gz,=—&-+ ' +gzl+wfi _iw—perda (I)
. 2 . - . p . . . .‘l-‘h .

Como no Exemplo 5.26, nos podemos identificar que o "efeito mil" neste ventilador é dado por

. . -
efe1todtll= “"rIq.n.lrm . V}
|. . —perda = -p—'+4+g;, 171
- p—‘-l¢+gz, (2)
_
p 2 p 2

Note que apenas uma porgfio do trabalho de eixo fornecido ao ar pelas palhetas do rotor é utilizada
para aumentar a energia dispom’vel no escoamento e o i'esto é perdido pelo atrito existente no
escoamento.
A eficiéncia do ventilador pode ser definida como a relaoéo entre 0 trabalho de eixo que é
convertido em efeito Lid] 6 o trabalho fornecido ao equipamento, wuq. aim. Assim. nos podemos
expressar a eficiéncia, n , como
__ wliq.cixo —perda
(3)
wliq.eixo

Entretanto, se aplicarmos Eq. 5.54 ~— que foi desenvolvida a partir da equagfio do memento da
quantidade de movimento (Eq. 5.42) — a0 contefido do volume dc controle da Fig. 135.19, temos

wliq.eixn = + Uzvaz (4)


Combinando as Eqs. 2, 3 e 4,
—'I
M—<

—+—-—+gz2 - %+—+gzl
to

n —" p Uzvez (5)


A Eq. 5 nos fornece um modo prético para avaliar a eflciéncia do ventilador do Exemplo 5.19.
A perda no equipamento pods ser determinada se combinarmos as Eqs. 2 e 4. Assim.
wu— —fi

P2 V22 PI Vl-
perda=U3V92- —+—+gzg — —+—~—-+gzl (6)
p p
A Eq. 6 nos fornece um método liti] para avaliar a perda devida ao atrito no escoamento do Exem-
plo 5.19. Note que todas as variéveis da equagfio podem ser determinadas experimentalmente.

" Esta segfio pode ser omilida sem perda de continuidade. Entretamo. ela nz‘lo pode ser esludada sem o conhecimento do
material apreseniado nas Sec. 5.2.3 e 5.2.4. Todus estas segées sfio essenciais para o entendimento do Cap. l2.
5.4 Segiiniie Lei da Termodinfimica —- Escoamento Irreversivel5
A segunda lei da termodinfimica nos permite formalizar a desigualdade
“2 —ul_ qliq.e ._
>0 (5.90)
nos escoamentos incompressiveis, unidimensionais e em regime permanente (veja a Eq. 5.73).
Nesta segio nos continuaremos a desenvolver 21 110950 de energia disponivel (ou fitil) para
escoamentos com atrito. A minimizaefio da perda de energia disponivel em qualquer escoamento é
muito importante na engenharia.
5.4.1 Formulagfio da Equagfio d3 Energia para Volumes de Controle Semi-infinitesimais
O resultado da aplicaofio da equagfio da energia adequada a escoamentos unidimensionais e
em regime permanente, Eq 5 70 a0 conteudo do volume de controle mostraclo na Fig. 5. 8 (note
'que sua espessura é infinitesimal) é

m[du+d[£ ]+d[v7h]+g(dz)]=5Q-mu (5.91)


p
A proxima relagfio termodinfimica é vélida para todas as substfincias puras ( veja a Ref. [3])

Tds=dfi+pd{%] (5.92)

onde Té a temperatura absoluta e s e a entropia especifica (por unidade de massa}.


Combinando as Eqs. 5.91 e 5.92- obtemos

v2 -
m[Tds-pd[~p~ ]+d[p ]+d["§“]+gd2]=5t.e

Dividindo a equagfio per 22‘: e definindo 561m .- como 6Qfiq_c ln'z,

55+d[—‘5£L]+gd =—(Tds—6q.iq..) (5.93)


p

5.4.2 Segunda Lei da Termodinfimica para Volumes de COntrole Semi-infinitesimais


Uma das formulaeoes gerais da segpunda lei da termodinéimica é
a '.
.1? j 5p (11/ 2 2 —QT’"'~‘ (5.94)
sis _
SIS

ou seja

Volume de controls

Figura 5.8 Volume de controle


Escoamemo semi - infinitesimal.

4 Esta se‘gao pode ser omilida sem perda da cominuidade do material apresentado no livro.

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