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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

MARINA GARCIA, 120.340 – VESPERTINO

SÍNTESE DO TERCEIRO BLOCO


A QUESTÃO DA PALESTINA, EDWARD SAID

Guarulhos
2018
SAID, Edward. A Questão da Palestina. SP: UNESP, 2012. Capítulo 1: “A questão da
Palestina” (pag. 3-62).

Apresentação do autor
Nascido em 1935, em Jerusalém, Edward Wadie Said foi um importante intelectual
palestino, crítico literário e ativista. Cursou a formação básica em um colégio anglicano na
Jerusalém Ocidental, e depois no Cairo, até mudar para os Estados Unidos, país na qual o pai
havia adquirido cidadania pela participação na Primeira Guerra Mundial. Terminou a escola
em Massachusetts e entrou para a Universidade de Princenton, graduando-se como bacharel
em Artes em 1957 e mestre na mesma área em 1960. Em 1964 concluiu o doutorado na
Universidade de Harvard em Literatura Inglesa. Foi membro da Universidade de Columbia
como docente em Inglês e Literatura Comparada de 1963 até 2003 (ano de seu falecimento),
além de professor convidado das Universidades de Harvard, Johns Hopkins e Yale. Entre suas
obras, a principal é Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente, publicado pela
primeira vez em 1978 e hoje traduzido para mais de trinta idiomas.

Tema
Nesta obra, Said produz um ensaio crítico a respeito da disputa da Palestina e como ela
é vista e ressignificada para o Ocidente a partir da desumanização dos palestinos. Assim, o
autor desmembra e exibe a trajetória argumentativa europeia e sionista sobre este território,
vista na produção literária e intelectual do século XIX até as afirmativas organizacionais e
políticas do século XX, da mesma maneira como elas se entrelaçam e se adaptam em posições
conforme o interesse ocidental e israelense: de povos que existiam antes de Israel, mas não
merecedores da terra sagrada, que deveria ser “reconquistada”; ou da negação destes
inconvenientes povos árabes-palestinos. Este cenário, para Said, sobre a questão Palestina
seria o “confronto entre uma afirmação e uma negação”1.

Objetivo
Como o próprio autor diz, sua obra foi escrita com o objetivo de mostrar uma
realidade ao leitor, a realidade de que o povo Palestino existe e não são estes apenas
refugiados de terra nenhuma, ou de um território que nunca os pertenceu, pois era vazio,
como a citada campanha sionista “Uma terra sem povo para um povo sem terra”. Logo, a
pretensão de Edward Said é mostrar a argumentação que foi criada para legitimar a

1
SAID, Edward. A Questão da Palestina. SP: UNESP, 2012. Capítulo 1: “A questão da Palestina”. (p. 10)
empreitada sionista e sua colonização, bem como a invalidez, negação ou desconsideração os
palestinos pelos israelenses e pelo ocidente.

Argumentos
A estrutura argumentativa deste capítulo é feita a partir de análises de discursos de
intelectuais, políticos e organizações do século XIX e XX sobre interpretações feitas aos
palestinos e a legitimidade da presença sionista na região. Para isso, Said inicia o uma
explicação acerca do que significa utilizar o termo “questão”, tendo três possíveis
significações: um assunto isolado dos demais; um problema persistente – de longa data –; e
algo questionável. Para ele, a Palestina agrega os três. Logo, compreender esta questão é
entender seu conceito e ressignificação para um fim, a criação do Estado de Israel.
Didaticamente, seu argumento pode ser dividido em cinco partes:
a) Como resposta a um discurso que ignora ou omite a presença palestina na região,
Said afirma tal existência com os relatos ocidentais desde o século XVII. Mesmo que a
descrição destes povos árabes seja de forma pejorativa.
b) A interpretação europeia quanto a Palestina como um lugar que deveria ser
reconquistado, tendo um espaço especial na imaginação ocidental. A origem deste
pensamento pretencioso da desocupação da terra para a substituição de um ocupante mais
merecedor é, segundo ele, a gênese do sionismo moderno. Esta pode ser encontrada em
declarações contemporâneas como a de Balfour (feita por europeus, sobre um território não-
europeu), em que entres os objetivos é destacado a reconstrução da Palestina como pátria para
o povo judeu, dissolvendo quem e o que estivesse antes em completo desrespeito.
c) Instrumento de fundamentação e direito de alienação da terra não usufruindo da
mão de obra barata palestina, nem nos trabalhos menos remunerados, mais difíceis e
humildes, para que pudessem afirmar que não havia exploração objetiva, ignorando-os
completamente para não serem obrigados a dizer algo sobre eles ou sua situação.
d) Apreensão por parte sionista do discurso orientalista europeu a fim de denegrir a
figura árabe e legitimar seu Estado como progressista e moderno, parte da missão
civilizatória. Em seguida, usufruindo da negação ou desmerecimento da Palestina e dos povos
nativos, como a existência de uma aproximação quanto as qualidades do sionista e do
europeu: honestidade, civilização e progresso; das quais o árabe nunca compreenderia.
e) O problema da representação, na qual Israel e os sionistas se incubem de falar em
nome dos árabes e, principalmente, dos palestinos. Ele cita como a Organização de Libertação
da Palestina é reconhecida internacionalmente e pelos próprios palestinos como representante
legítimo deste povo; mas que tanto Israel, quanto o EUA desconsidera. O direito a tal
representação é se não para estes dois países e o Egito, fronteiriço. O palestino não recebe o
direito de falar por si só.
Por fim, Said termina expondo como ainda assim existe uma resistência e uma não
conformidade palestina aos atos que os expulsa ou os deslegitimam em sua terra. Cita ainda
que mesmo que o argumento seja de um êxodo por parte deles em 1948, é ainda um direito
internacional o retorno. Mesmo que a argumentação de oposição tente ratificar a questão. A
incapacidade de lidar com o outro, para ele, faz com que não percebam que suas vidas e
destinos estejam enredados; porém em situações e forças não-iguais.

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