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História

O que é Tai Ji?


por Waysun Liao (extraído do livro Clássicos do Tai Ji, Ed. Pensamento)

Há muitos milhares de anos atrás os chineses estavam procurando por uma forma de
vida superior, em seu aspecto mental e físico. Com sua maneira única, eles atingiram
seu objetivo, diferentemente das civilizações ocidentais que separaram o corpo da
mente e permitiram o desenvolvimento espiritual apenas em termos de religião e
êxtase místico. Os Chineses conceberam a mente humana como algo de dimensões
ilimitadas. O foco de seu objetivo era uma filosofia unificada da vida humana e uma
simplificação das crenças. Este foi o nascimento daquilo que hoje conhecemos como
pensamento Tai Ji. Tai Ji tornou-se o poder invisível que guiou os movimentos da
história chinesa por milhares de anos. Deu um tremendo ímpeto aquela fabulosa
cultura, mostrando sua influencia em áreas desde a medicina até a dietética, das
artes a economia. Mesmo a ordem das relações humanas era designada de acordo
aos ideais Tai Ji.
Há centenas de anos atrás, aqueles que procuravam por um modo de elevar o corpo e
o espírito humano até seu nível supremo, desenvolveram um engenhoso sistema
conhecido como Exercícios Tai Ji. Este sistema que foi inspirado nos princípios
Tai Ji, tem provado ser o mais avançado sistema de exercício físico e mental,
jamais criado. Enquanto a classe governante Chinesa estava interessada apenas nos
benefícios produtivos do Tai Ji, aqueles que não se preocupavam com as autoridades,
estavam adaptando a filosofia a seus estilos de vida pessoal. Eles aplicavam a idéia
da harmonia natural ao desenvolvimento do corpo e da mente. Desde que isto tinha
pouco interesse por parte dos governantes, não há uma evidencia histórica de
quando exatamente o Tai Ji como um sistema físico e mental realmente começou.
Todas as artes tradicionais Chinesas, tais como a pintura, caligrafia, literatura,
poesia, cozinha, enfatizaram o princípio Yin/Yang como um meio de atingir o
Supremo.
A filosofia completa do Tai Ji assim tornou-se um aspecto integral destas artes.
Entretanto, o sistema físico e mental do Tai Ji como disciplina, foi o único que
explicitamente aplicou os princípios originais do Tai Ji de forma progressiva e
organizada. Assim ele tornou-se hoje um sistema completo para preservar esta
grande filosofia por centenas de anos, durando até nosso complicado mundo de hoje.

A Sistematização do Tai Ji Quan


por Waysun Liao (extraído do livro Clássicos do Tai Ji, Ed. Pensamento)

Aproximadamente há 1700 anos, um famoso médico Chinês, o doutor Hua Tuo,


enfatizou o exercício físico e mental como um meio de melhorar a saúde. Ele
acreditava que os seres humanos deveriam exercitar-se e imitar os movimentos de
animais tais como, pássaros, tigres, cobras e ursos, para recobrar suas habilidades
originais de vida, que tinham sido perdidas. Assim ele organizou artes folclóricas de
luta chamadas de a Luta dos Cinco Animais. Esta foi à primeira arte marcial
sistematizada na China. Desde então, a Luta dos Cinco Animais tornou-se popular na
China que a praticava como um exercício para a saúde.
Por volta de 475 D.C. Ta Mo (Bodhidharma) veio para a China desde a Índia, para
difundir seus ensinamentos religiosos e foi residir no Templo Shaolin na área de
Tang Fung, no Norte da China. Além de obrigações religiosas e meditação, ele incluiu
treinamentos físicos na rotina diária dos monges. Usou a Luta dos Cinco Animais
para desenvolver em seus seguidores, uma disciplina de equilíbrio físico e mental. A
dedicação ao Budismo, combinada com uma abundância no tempo para a prática,
permitiu que a Luta dos Cinco Animais de desenvolvesse neste contexto numa arte
marcial de alto nível.
Quando os seguidores de Ta Mo difundiram suas crenças religiosas através da
China, levaram junto consigo, sua Arte Marcial. O sistema desenvolvido pelos monges
do Templo Shaolin tornou-se conhecido como o Sistema Arte Marcial Shaolin. Ele
enfatizava tanto o fortalecimento físico como o desenvolvimento espiritual. Este foi
o início do desenvolvimento sistemático das Artes Marciais externas na China.
Em 1200 d.C. o monge Taoísta Zhang Sanfeng fundou um templo na Montanha
Wudang, para a prática do Taoísmo, visando o supremo desenvolvimento da vida
humana. Mestre Chang enfatizou a harmonia de Yin/Yang como um meio de melhorar
o desenvolvimento da mente e da habilidade física, meditação natural tão bem como
com movimentos naturais do corpo propulsados por uma energia interna que deveria
ser desenvolvida a certo nível de aquisição.
Desta forma, o sistema do templo da Montanha Wudang enfatizou o poder interno e
o desenvolvimento da sabedoria. Assim, os Chineses comumente se referiam ao
sistema Tai Ji como o sistema interno, para distingui-lo do sistema de arte do
Templo Shaolin. Com o passar dos anos, também houveram sistemas que combinaram
elementos de ambos os sistemas, Tai Ji e Shaolin, de forma moderada no
desenvolvimento de artes marciais. Estes hoje são conhecidos como o Xingyiquan, o
Sistema da Mente e da Forma, e o Bagua, o sistema de arte marcial dos Oito
Trigramas.
Seguidores do Tai Ji acreditavam que o povo deveria se disciplinar para ser
espiritual, saudável, bom e inteligente; ser responsável e auxiliar os outros para
atingir graus maiores de desenvolvimento; amar a verdade; lutar ferozmente
contra a imoralidade e a injustiça e proteger os necessitados e os fracos. Foi
com estes objetivos na mente que o aspecto da arte marcial do Tai Ji se
desenvolveu e foi enfatizado.
As teorias Tai Ji foram facilmente aplicadas às artes marciais. Mente e corpo em
harmonia com a ordem natural das coisas era a regra do Tai Ji. Isto ofereceu
uma direção e desenvolvimento completamente diferente das outras formas
técnicas de luta. O Tai Ji também desenvolveu alguns resultados em termos de
habilidades humanas que surgem do poder da mente e assim tornou-se a arte marcial
mais poderosa, que já foi conhecida.
Através da história da China, períodos de guerras incessantes forçaram a que os
praticantes de Tai Ji se envolvessem em lutas comuns e ensinassem a população a se
defender com a arte. Infelizmente os aspectos filosóficos da arte começaram a ser
ignorados pela maioria do povo e as instruções se limitaram aos aspectos marciais.
Durante os tempos em que a paz era re-estabelecida, e a necessidade da auto
defesa não era tão importante, aqueles que tinham ensinado a arte
profissionalmente levavam adiante suas carreiras dedicadas, como uma espécie de
negócio familiar. Eles ensinavam somente a aqueles que estavam seriamente
interessados, especialmente qualquer um de seus filhos que tinham o interesse de
estudar a arte como uma profissão.
Os sobrenomes das famílias se associaram com os diferentes estilos do Tai Ji que
foram sendo ensinados de boca a ouvido, de geração em geração, por exemplo, o
estilo Chen, o estilo Yang e o estilo Wu. Muitos destes são ainda conhecidos hoje.
Cada estilo era distinto, mas todos seguiram os princípios Clássicos do Tai Ji.
Por volta de 350 anos atrás em 1644, os Manchurianos invadiram o império Chinês e
estabeleceram a dinastia Ching. Apesar de que a dinastia foi fundada a força e para
o benefício dos governantes, os Manchus foram absorvidos dentro da Cultura
Chinesa.
Quando os construtores do império Ching ouviram falar sobre a sofisticada arte do
Tai Ji, convocaram os mestres mais famosos daquela época, Yang Luchang (1799-
1872), fundador do estilo Yang ou do sistema da família Yang, para dentro do
serviço real. Não querendo ensinar os Manchus, o Mestre Yang deliberadamente
modificou as formas de meditação do Tai Ji, convertendo-a num tipo de movimento
vagaroso, exercício externo e ignorando completamente a filosofia interna e a
disciplina mental que é a chave do Tai Ji. Mestre Yang sabia que se a família real
soubesse da sua resistência em ensiná-los, e de todas as modificações que fez, o
imperador iria retalhá-lo, talvez até matando sua própria família. Desta forma
Mestre Yang percebeu que não podia confiar em ninguém; apenas em seus filhos e
foi para eles, e mais ninguém que pode ensinar a arte genuína do Tai Ji.
Entretanto, as instruções forçadas do Mestre Yang Luchan, serviram para um
propósito muito útil. Apesar do Tai Ji público ser meramente uma sombra do estilo
clássico original do templo, ele oferece grandes oportunidades para que o povo
Chinês e outros povos sejam apresentados a arte. Na realidade, se os governantes
da Dinastia Ching não tivessem se interessado pelo Tai Ji, talvez ele tivesse
desaparecido, na época do desenvolvimento da industrialização. É quando uma pessoa
torna-se séria no estudo do Tai Ji que a busca pela arte autêntica dos templos
começa. Devemos então apreciar a coragem e a dedicação dos mestres que tem
preservado a linhagem do Tai Ji dos templos através dos séculos. Esta á nossa
herança.
As Cinco Famílias

Historicamente temos 5 estilos de Tai Chi Chuan que estão ligados uns aos outros;
Chen, Yang, Wu, Wu Hao e Sun. Todos os 5 estilos estão unidos; seus movimentos
externos são um pouco diferente mas internamente as energias são as mesmas. É
importante saber que o nome de cada estilo surge desde o nome de seu criador e
que na verdade, a palavra “estilo”, na China praticamente não se usa. Em chinês,
quando se referem ao Tai Chi Chuan as pessoas literalmente dizem Tai Chi Chuan da
Família Chen ou Tai Chi Chuan da família Yang e assim por diante. Os criadores de
cada um dos estilos foram:
Chen foi criado por Chen Wanting
Yang foi criado por Yang Luchan
Wu/Hao foi criado por Wu Yuxiang
Wu foi criado por Wu Jian Quan ou Wu Quanyu
Sun foi criado por Sun Lutang

Filosofia do Tai Chi Chuan


Baseado nos ensinamentos do professor Roque Enrique Severino – diretor da SBTCC

Na sua origem o Tai Chi Chuan foi desenvolvido através de 13 Posturas Essenciais
que surgem desde os princípios do I Ching, justamente por essa conexão íntima com
os Oito Trigramas e os Cinco Elementos.
A teoria do Yin e do Yang foi apresentada pela primeira vez dentro do contexto do
livro das mutações, o I Ching. Esse tratado teve início aproximadamente no ano de
2.223 a.C. e foi redigido por cinco grandes sábios chineses:
Fu Xi: Estudou o céu, a terra e os organismos dos seres vivos e criou os primeiros
símbolos do I Ching – o Tai Chi (Ying-Yang), os oito trigramas e 64 hexagramas;
Rei Wen: Fundador da Dinastia Chou (1.121 – 256 a.C.). Autor dos 64
“Julgamentos”dos hexagramas – os comentários sobre cada hexagrama;
Duque de Chou: Filho do Rei Wen. Escreveu os “julgamentos das linhas”, que
determinam os significados das 384 linhas em cada hexagrama;
Confúcio: Viveu entre 551 – 479 a.C. Um dos maiores filósofos de todos os tempos.
Escreveu sete obras sobre o I Ching, num total de dez volumes, chamados de “Dez
Asas”;
Wang Pi (226 a 249 a.C.) Viveu apenas 24 anos e desenvolveu a mais brilhante
interpretação metafísica dos últimos 1700 anos.

Observando os movimentos do céu e da terra pode-se ver as suas mudanças, os


períodos de claridade e escuridão, as mudanças do calor e frio. Esta dualidade foi
denominada Yin e Yang. As relações de Yin e Yang dão origem aos 5 elementos:
metal, água, madeira, fogo e terra. Os cinco elementos são regidos pelas quatro
configurações: produção, destruição, extinção e respeito.
Pela observação da natureza, o Divino Imperador Fu Xi, pôde observar que havia um
padrão de comportamento, dos movimentos e das mudanças. Este padrão ocorre
através de uma relação entre duas energias, as quais ele denominou Yin e Yang. Yin é
representado iconograficamente por uma linha partida, descontínua (_ _) e
Yang por uma linha cheia, contínua (__). Estas duas forças permeiam tudo o que
existe e possibilitam a análise de toda a existência. O significado original das
palavras Yin e Yang está relacionado com as duas faces de uma mesma montanha, de
maneira que Yin está relacionado com a parte escura e Yang com a parte iluminada.
Yang está relacionado com a atividade, o calor, a luz, o dia, o Sol, o objetivo e direto,
o masculino, o imaterial, o céu. Yin está relacionado com a receptividade, o frio, o
escuro, a noite, a Lua, o subjetivo e indireto, o feminino, o material, a terra. Esta
representação mostra que Yin e Yang são fruto de uma síntese. Isto quer dizer que
Yin e Yang são inseparáveis, um depende do outro, não podem existir
separadamente. Como diziam os antigos chineses: “há um yin, há um yang, que se
chama Tao”.

O diagrama Tai Chi Tu acima representa a cosmologia chinesa:


Diz-se que no início havia apenas um vazio, do qual surge uma primeira manifestação
que é dividida em duas, três e assim sucessivamente. O Vazio é representado por
Wu Chi, o vazio primordial, o que havia antes da criação, o que existia antes da
primeira manifestação, o extremo silêncio e quietude. De Wu Chi surge o Tao, a
primeira faísca, o germe de criação, a semente, a energia potencial de todas as
coisas. Do Tao surge oTai Chi, representando tudo o que existe de maneira
manifesta no universo, pois mostra o Yang dentro do Yin, o Yin dentro do Yang, a
mutação constante, a transformação constante de um no outro, o outro no um, de um
extremo ao outro e um retorno ao outro extremo. Da junção de Yin e Yang em duas
linhas tem-se quatro possibilidades de digramas, os “Quatro Símbolos” ou as
“Quatro Expressões de Energia”.
O velho Yang representa: o meio-dia, verão, lua cheia, fogo; o Jovem Yin: o ocaso,
outono, lua minguante, metal; o Velho Yin: meia-noite, inverno, lua nova, água; o
Jovem Yang: aurora, primavera, lua crescente, madeira.

Depois das quatro expressões de energia, Fu Xi acrescentou uma linha, formando-se


três linhas, os Trigramas. Estes símbolos “são estabelecidos pela observação das
mudanças cósmicas nas operações das forças positivas (Yang) e negativas (Yin)”,
representando“ os oito estados essenciais da natureza e do universo em quatro
pares de opostos”.

Oito Energias ou Entradas e sua relação com os 8 trigramas do I Ching:


Peng (desviar) = Trigrama Chien (céu)
Lu (rolar para trás) = Trigrama Kun (terra)
Chi (pressionar para frente) = Trigrama Kan (água)
An (empurrar) = Trigrama Li (fogo)
Tsai (puxar para baixo) = Trigrama Sun (vento)
Lieh (rachar) = Trigrama Chen (trovão)
Chou (golpe de cotovelo) = Trigrama Tui (lago)
Kao (golpe de ombro) = Trigrama Ken (montanha)

Há uma relação entre os ciclos existentes na natureza e os Trigramas, observemos:

Na natureza, primeiro vem o Céu claro (Chien); depois surge o vento (Sun); que traz
as nuvens (Tui); depois vem o trovão (Chen); vem a escuridão (Kun); seguido deste a
chuva (Kan); depois volta o vento (Sun); que traz a calma (Ken); após a calma vem a
luz do Sol (Li); e o céu volta a ser claro novamente (Chien).

O mesmo ocorre em termos psicológicos no ser humano:

Primeiro há a mente clara e serena (Chien); depois surgem os pensamentos (Sun); a


descrição das coisas, o intelecto (Li); que trazem as emoções confusas, a dúvida
(Tui); que causa a mente escura, o repouso, a solidão (Kun); que origina ansiedade,
angústia (Chen); seguindo-se o sofrimento, o choro, a tristeza (Kan); ao que se segue
o silêncio, acalma (Ken); e volta-se a ter a mente clara (Chien).
Após a criação dos trigramas, Fu Xi fez as relações entre todos os Trigramas,
mostrando todas as possibilidades de disposição dos trigramas em cima e embaixo,
ou seja, multiplicou 8 x 8 e obteve os 64 Hexagramas.

Os 3 Poderes Primordiais

Os três poderes primordiais se manifestam pelos trigramas, quando se desdobram


pelos hexagramas. Há três Taos: o Tao da Terra, o Tao do Céu e o Tao da
Humanidade. A existência de três Taos é a razão das três linhas dos trigramas e das
seis linhas dos hexagramas. O Yin Yang se apresentam no Céu, na Terra e na
Humanidade.

Os 5 Elementos e as 4 Configurações

Os 5 elementos surgem das inter-relações de Yin Yang, são 5 energias básicas que
constituem o universo, no taoísmo são as 5 forças misteriosas. Veja exemplos das
correspondências entre os 5 elementos:

Elementos Madeira Fogo Terra Metal Água


Órgãos Fígado Coração Baço Pulmão Rins
Víceras Vesícula biliar Intestino Estômago Intestino grosso Bexiga
delgado
Sentidos Visão Paladar Tato Olfato Audição
Estações Primavera Verão Verão Outono Inverno
prolongado
Cores Azul Vermelho Amarelo Branco Preto
Sabores Ácido Amargo Doce Picante Salgado
Direções Leste Sul Centro Oeste Norte
Emoções Raiva Alegria Preocupação Tristeza Medo
Natureza Vento Calor Umidade Secura Frio

Ciclo de produção

No I Ching, esta configuração aparece sob a forma de boa Fortuna, sucesso,


suprema boa fortuna ou sublime boa fortuna. “Este é o ciclo natural em que os
elementos se ajudam mutuamente, a fim de manter o equilíbrio da natureza. (...) Em
todos eles nossa vida está participando de acordo com as leis da natureza”.

Madeira (alimenta) => Fogo


Fogo (produz cinzas) => Terra
Terra (produz) => Metal
Metal (sob calor o metal vira líquido) => Água
Água (nutre) => Madeira

Ciclo de destruição

No I Ching, esta configuração aparece sob a forma de Infortúnio. Diferente do ciclo


anteriormente visto, este mostra uma “configuração contrária aos ciclos naturais, ou
seja, de sofrimento e morte”.

Porém lembremos que estas são manifestações da natureza, não dizem


necessariamente que são algo bom ou ruim. È apenas quando se usa a inteligência
humana que as configurações são alteradas.
Madeira (suga todos os nutrientes e a umidade) => Terra
Terra (absorve) => Água
Água (apaga) => Fogo
Fogo (derrete) => Metal
Metal (corta) => Madeira

Ciclo de extinção

No I Ching, esta configuração aparece sob a forma de Leve Infortúnio,


arrependimento e humilhação. Esta configuração, quando relacionada com a vida “são
os erros que cometemos constantemente, porém que, aplicando a inteligência,
poderemos resolver sem maiores dificuldades”.

Fogo (consumindo) => Madeira


Madeira (absorve) => Água
Água (corroendo) => Metal
Metal (retira minerais) => Terra
Terra (abafando) => Fogo

Ciclo de respeito

No I Ching, esta configuração representa que estamos sendo sinceros, mas não
depende de nós o desfecho da situação.
Em nossa vida diária, o respeito mútuo é uma situação onde não há amor, e sim ódio
contido transformado nas relações de poder, onde um pode destruir o outro a
qualquer momento. Por exemplo, o chefe pode mandar o empregado embora a
qualquer momento, o policial pode prender o ladrão, etc. Este é o fundamento dos
relacionamentos hipócritas.

Fogo (respeita, teme) => Água


Água (respeita) => Terra
Terra (respeita) => Madeira
Madeira (respeita) => Metal
Metal (respeita) => Fogo

Wu Sheng = 5 elementos no Tai Chi Chuan são:


Avançar = Fogo
Retrair = Água
Olhar à esquerda = Madeira
Olhar à direita = Metal
Equilíbrio central = Terra

A evolução do Tai Chi Chuan da família Yang


Por Gu Liuxin (texto extraído do livro: Yang Style Tai Ji Quan, Mestre Yang Zhenduo)

Yang Fukui (1799-1872) mais conhecido como Yang Luchan nasceu no Condado de
Yongnian na Província de Hebei ao norte da China. Devido à pobreza ele teve que
deixar sua cidade natal quando tinha dez anos e para sobreviver mudou-se para
Chenjiagou no Condado de Wenxian na Província de Henan no centro da China. Ele
serviu como um empregado da Família Chen e aprendeu a “Lao Jia” (A Velha Forma)
assim também como Tue Shou (Empurrar as mãos), e combate com armas do famoso
mestre de artes marciais chinesas Chen Changxing (1771-1853). Depois de trinta
anos de pratica e estudo diligente, ele retornou a Yongnian. Antes de partir para sua
cidade natal, Chen Changxing disse-lhe que já que ele havia se tornado um hábil
mestre de wushu, ele não teria mais que se preocupar com roupa e comida para o
resto de sua vida.
Quando Yang Luchan retornou ao Condado de Yongnian, ele instalou-se na Farmácia
Tai He Tang, administrada pela família Chen de Chenjiagou. A casa pertencia aos
Wu, e seus três irmãos – Wu Chengqing, Wu Heqing e Wu Ruqing – eram todos
entusiastas desta arte marcial popular. Eles admiravam a supremacia técnica de
Yang Luchan e aprenderam o wushu dele.
A população local de Yongnian tinha grande estima por Yang Luchan, tratavam o seu
Tai Ji Quan como sendo “o box de algodão”, “box suave” ou “box solúvel” por seus
efeitos maravilhosos de ultrapassar o forte e golpear seu oponente sem machucá-lo
e por sua tática flexível de ataque e defesa.
Naquele tempo, Wu Ruqing era um conselheiro no escritório de SiQuan no
departamento judicial da corte imperial. Ele indicou Yang Luchan para ensinar Tai Ji
Quan na antiga capital de Pequim onde muitos nobres e parentes da Dinastia Qing
aprenderam wushu com ele. A casa do Príncipe Duan, uma das famílias reais na
capital, tinha empregado um grande numero de mestres de luta e lutadores, e muitos
deles estavam ansiosos para experimentar a força de Yang Luchan, mas ele
invariavelmente declinou educadamente os desafios propostos. Um dia um famoso
mestre lutador de grande prestígio insistiu em competir com ele para ver quem era
mais forte. O lutador sugeriu que eles sentassem em duas cadeiras e apoiassem seus
punhos direto um contra o outro. Yang Luchan não teve escolha a não ser aceitar.
Pouco depois de começada a luta o mestre lutador começou a suar e sua cadeira
partiu como se fosse desmanchar. Mas, Yang Luchan continuava integro e sereno
como sempre. Então ele levantou-se e com um tom gentil para os que estavam
assistindo a luta disse: “A habilidade do mestre é verdadeiramente suprema. Apenas
sua cadeira não é tão forte quanto a minha”. O homem ficou tão comovido por sua
modéstia que ele nunca deixou de elogiar a conduta exemplar e a habilidade sem par
de Yang Luchan. Mais tarde sempre quando alguém queria testar sua capacidade e
proeza, ele jogava o desafiador no chão sem machucá-lo. Desta forma Yang Luchan
ganhou grande fama e alto prestigio e foi chamado de “Yang, O Invencível”. Mais
tarde ele foi nomeado como um oficial de wushu na corte Qing com um nível mais
alto que o oficial de sétimo nível. Quando foi visitar Chenjiagou para ver seus velhos
amigos, ele recebeu calorosas boas vindas.
O número de pessoas que desejavam aprender wushu começou a aumentar. Para
satisfazer as necessidades do povo, Yang Luchan gradualmente apagou da serie de
movimentos ações difíceis como saltos, explosões de energia e vigorosas pisadas.
Após revisões feitas por seu terceiro filho Yang Jianhou (1839 -1917), esta serie de
movimentos ficou conhecida como “Zhong Jia” (Forma Média). Mais tarde, foi
novamente revisada por Yang Chengfu (1883 -1936), o terceiro filho de Yang
Jianhou, que finalmente desenvolveu a atual “Da Jia” (Forma Longa) por causa de
suas posturas naturais e estendidas, e seus movimentos suaves e contínuos. Esta
forma era diferente da de seu tio Yang Banhou que ficou conhecida com o nome de
“Xiao Jia” (Forma Curta). Esta é hoje em dia a Escola de Tai Ji da Família Yang mais
conhecida.
A Escola Yang de Tai Ji Quan nasceu da Escola Chen de Tai Ji Quan que ficou
conhecida como “Lao Jia” (Velha Forma). Os movimentos são relaxados, contínuos e
harmoniosos como nuvens passando ou rios fluindo, muito diferente do Estilo Chen
que alterna movimentos lentos e rápidos, e ações vigorosas, controladas e contidas.
A apresentação do Estilo Yang de Tai Ji Quan é sóbrio e simples e sempre segue um
caminho circular, como o “desenrolar do fio de seda do casulo”. Os movimentos são
naturalmente combinados com a respiração que dever ser profunda e deve
submergir no Dan Tian (um ponto na parte inferior do abdômen um pouco abaixo do
umbigo). Neste ponto também difere do Estilo Chen que combina “submergir a
respiração profunda no Dan Tian” com “respiração circular na parte inferior do
abdômen”.
Yang Chengfu, um dos fundadores desta escola, foi um grande mestre de wushu de
sua época. Sempre que praticava Tai Ji Quan, ele estritamente seguia as rotinas e
nunca era relapso em seus movimentos. Os movimentos de todo o seu corpo
incorporam a quietude dos exercícios de Tai Ji Quan. Yang Chengfu disse uma vez:
Tai Ji Quan é uma arte com força escondida nos movimentos suaves, como uma “mão
de ferro coberta por uma luva de veludo” ou uma “agulha escondida no algodão” . Ele
advertiu aos alunos que sempre mantivessem o arredondamento e o relaxamento em
seus movimentos que, como ele disse, devem ser suaves, naturais, flexíveis e
contínuos assim como coordenados com a mente. Isto é a soma de sua própria
experiência e realização.
Após a ida de Yang Chengfu para o sul do país, ele gradualmente se deu conta de que
o Tai Ji Quan tinha a eficácia de tratar doenças crônicas, aumentando a saúde das
pessoas e trazendo a longevidade.
O filho mais velho de Yang Chengfu, Yang Zhenming, tem ensinado Tai Ji Quan em
Hongkong por um longo tempo. Yang Zhenji, seu segundo filho, é o atual presidente
da associação de Wushu na cidade de Handan na Província de Hebei. Yang Zhenduo
seu terceiro filho, agora ensina Tai Ji Quan na cidade de Taiyuan na Província de
Shanxi e também é presidente da Associação de Pesquisa da Escola Yang de Tai Ji
Quan nesta província. Em novembro de 1961 ele foi para Shanghai para dar
demonstrações de Tai Ji Quan, o que causou um grande impacto. Muitos fãs de Tai
Ji Quan foram para Shanghai especialmente assistir a seu desempenho.
As três gerações da Família Yang ensinaram o Tai Ji Quan por muitos anos e
acumularam experiências ricas neste campo. Com seu material de ensino e métodos
continuamente aperfeiçoando-se, a Escola Yang de Tai Ji Quan é agora
extremamente popular entre o povo Chinês.

Os mestres da família Yang


por Mestre Yang Jun, 6º. Geração da Família Yang (extraído do site: www.yangfamilytaichi.com)
traduzido para o português por Paula Faro

O Tai Ji Quan da Família Yang é uma das jóias no mundo das artes marciais chinesas.
Desde o criador do Estilo Yang de Tai Ji Quan, Yang Luchan, seus filhos, seus netos,
e seus bisnetos trabalharam juntos para pesquisar, mudar, desenvolver e disseminar
o Tai Ji Quan. O Estilo Tradicional da Família Yang se tornou extenso e gracioso,
cuidadosamente estruturado, relaxado, gentil e fluído e ainda assim mantém seus
aspectos marciais. Também é um método para melhorar a saúde e curar doenças. O
Tai Ji Quan é amado por dez milhões de praticantes, que continuam desenvolvendo e
divulgando esta arte na China e por todo o mundo. Tornou-se a arte marcial chinesa
mais popular, provendo uma contribuição significante para a saúde humana.

Mestre Yang Luchan


Yang Fu Kui, mais tarde chamado Lu Chan (o “Lu” tem dois caracteres chineses)
nasceu em 1799 e faleceu em 1872. A Família de Yang Luchan era da província de
Hebei, no distrito de Guangpin, no Condado de Yongnian e desde sua infância sua
família era pobre. Ele seguia seu pai nas plantações dos campos e na sua
adolescência teve trabalhos temporários. Ele passou um período trabalhando na
Farmácia Tai He Tang localizada na parte oeste de Yongnian (a farmácia foi aberta
por Chen De Hu da Vila Chen da província de Henan, Condado de Wen). Quando era
criança, Yang Luchan gostava das Artes Marciais e começou a estudar Chang Quan
ganhando um bom nível de habilidade. Um dia ele viu alguns arruaceiros que vieram à
farmácia procurando briga. Um de seus companheiros de trabalho usou um tipo de
arte marcial que Yang Luchan nunca tinha visto, e os arruaceiros foram facilmente
vencidos. Por causa disto Yang Luchan decidiu estudar com o dono da Farmácia Tai
He Tang, Chen Du Hu. Ele viu que Yang Luchan era sincero em seu coração e estava
ansioso por aprender. Assim ele mandou Yang Luchan para a Vila Chen para procurar
a 14ª. Geração da Família Chen, Chen Chang Xing, para ser seu professor.

Mestre Yang Jian Hou

Yang Jian, chamado de Jian Hou, tinha o apelido de Jian Hu e também o “3o. filho”
até ficar mais velho, quando começaram a chamar-lo de “velho homem”. Nascido em
1842, ele começou a estudar Tai Ji Quan com seu pai quando era ainda muito jovem.
Sob os requerimentos estritos de seu pai, ele passava o dia inteiro praticando duro.
Freqüentemente sentia que não poderia mais agüentar, ele tentou escapar várias
vezes. Era claro que trabalhando duro diariamente e praticando gongfu sob a tutela
de seu pai ele iria melhorar suas habilidades grandemente. Finalmente ele se tornou
um homem de grande talento. Jian Hou levou a forma velha de seu pai e a revisou
mudando-a para a forma media. Ele também ganhou mestria no sabre, lança, espada
e outras armas. Sua habilidade com a espada era conhecida por combinar suavidade
e dureza. Jian Hou também ganhou a mestria no uso de bolas. Ele segurava três ou
quatro de uma vez em suas mãos e quando as jogava simultaneamente cada uma delas
acertava um pássaro diferente em vôo. Ele ganhou a fama de não desperdiçar
nenhuma bola quando as jogava.

Mestre Yang Cheng Fu

Yang Zhao Qing, chamado de ChengFu, ou “3o. filho”, nasceu em 1883 e morreu em
1936. Ele começou a receber ensinamentos de seu pai muito jovem. Durante sua
juventude ele trabalhou muito fazendo um estudo detalhado do Tai Ji, praticando
duro através do verão e do inverno com suas habilidades crescendo diariamente.
Eventualmente ele se tornou um artista marcial conhecido. Para se adaptar as
necessidades da sociedade, Yang Chengfu começou a revisar a forma media de seu
pai. Ele gradualmente estabeleceu a Forma Longa da Família Yang, tornando-se a
mais conhecida hoje em dia.
As posturas da forma longa estabelecidas por Yang Chengfu quando era mais maduro
são abertas e estendidas, simples e diretas. A estrutura é compacta e precisa, com
alinhamento corporal mantendo-se em movimento. Os movimentos são gentis e
fluidos, e executados em uma velocidade constante. Combinam a suavidade e a força,
leveza e peso. Todas estas características fazem com ela seja a forma padrão
representativa da Família Yang, servindo como padrão para todos aqueles que
querem seguir seu estudo. A forma estabelecida por Yang Chengfu pode ser
executada com um passo alto, médio ou baixo. Assim o grau de dificuldade pode ser
ajustado de acordo aos requerimentos e condições das pessoas. A forma retém os
aspectos marciais de ataque e defesa, e serve para o fortalecimento do corpo,
melhora da saúde, e a cura de doenças. Por causa disto, tem recebido o amor de um
amplo numero de praticantes e Tai Ji.

Mestre Yang Zhen Duo

Yang Zhen Duo, nasceu em 1926 e começou a estudar a arte do Tai Ji Quan com a
idade de seis anos com seu pai e seu irmão mais velho. Ele estudou assiduamente e
era bom em pesquisa, e assim foi capaz de captar a essência do Tai Ji Quan. Sua
habilidade é consumada e demonstrada com uma atitude natural. A disposição de
Yang Zhenduo é tolerante e gentil, com um coração simples e honesto. Ele ensina
pacientemente e meticulosamente. Modesto e simples como seu pai, ele recebe uma
profunda admiração e estima dos entusiastas da Família Yang. Zhen Duo carrega as
aspirações de seus ancestrais, dedicando-se a popularização e disseminação do Tai
Ji Quan. Desde o inicio dos anos 1960, ele vive em Taiyuan, na Província de Shanxi,
ensinando Tai Ji Quan. Em 1982 ele fundou a Associação de Tai Ji Quan da Família
Yang da Província de Shanxi, com um numero de dez mil alunos nesta província.
Muitas vezes ele viajou para os Estados Unidos, França, Itália, Alemanha,
Inglaterra, Suécia, Canadá, Brasil, Cingapura e muitos outros países oferecendo
seminários. Causando uma boa impressão em casa e no exterior, Yang Zhen Duo
ajudou o Tai Ji Quan da Família Yang a promover os laços de amizade entre os
habitantes da China e do resto do mundo.

Mestre Yang Jun

Yang Jun é o neto mais velho de Yang Zhenduo. Ele é o Presidente da Associação
Internacional de Tai Ji Quan da Família Yang de Tai Ji Quan da Família Yang e o
Vice Presidente de Operações e Treinamento da Associação de Tai Ji Quan da
Família Yang da Província de Shanxi. Ele passou sua infância e anos de formação
vivendo com seus avôs. Crescendo em uma família de artistas marciais, ele viu e
ouviu seu avô treinando seus alunos. Então, foi neste ambiente nutritivo que ele se
tornou profundamente imerso na linhagem de Tai Ji Quan da sua família. Yang Jun
começou o seu treinamento na arte marcial com seu avô quando ele tinha cinco anos
de idade. Naturalmente esperto e inteligente, se acoplando a tutela estrita de seu
avô, ele foi capaz de atingir um alto grau de realização mesmo que ainda não tivesse
completado vinte anos de idade. Em 1989 Yang Jun se formou na Universidade de
Shanxi com um diploma em educação física.
Depois de sua formatura ele viajou com seu avô na China e fora dela para ensinar e
provou ao seu avô ser um assistente capaz.
Yang Jun também está ativamente envolvido na organização do Tai Ji Quan. Ele
trabalhou com seu avô para promover a popularidade do Tai Ji Quan e seu
desenvolvimento. Seu papel foi fundamental na organização de atividades
internacionais ligadas ao Tai Ji Quan comemorando o 10º., 15º. E 20º. Aniversários
da fundação da Associação de Tai Ji Quan da Família Yang da Província de Shanxi.
Por muitos anos ele foi responsável pela coordenação de competições organizadas
pela Associação da Província de Shanxi. Em 1999 com o apoio de seu avô, Yang Jun
se mudou para os Estados Unidos e fundou a Associação Internacional de Tai Ji
Quan da Família Yang de Tai Ji Quan da Família Yang. Isto marcou o inicio de um
novo estabelecimento.
Em um curto período de tempo, trinta associações internacionais foram nomeadas
Centro Yang Cheng Fu. Yang Jun foi capaz de promover o Tai Ji Quan na Europa,
America do Norte e America Latina, incluindo onze países ocidentais, e viaja para
muitos países diferentes todo ano conduzindo seminários. Como resultado sua
associação é o maior grupo organizado do Tai Ji Quan da Família Yang fora da China.
No vídeo de ensinamentos de Yang Zhenduo feito em 1990 e os vídeos de 1996 de
Espada e Sabre da Família Yang, Yang Jun teve um papel importante como assistente
de seu avô. Em 2001, Yang Jun lançou o vídeo de ensinamentos da forma 49 e então
em 2005, o DVD da Forma Tradicional da Família Yang. Yang Jun é o primeiro
membro da Família Yang a morar fora da China. Ele é paciente e Diligente, e tem um
método de ensinamento profundo e preciso. Como resultado, ele é amplamente
recebido por entusiastas do Tai Ji Quan. De acordo a sua rica experiência em dar
aulas e com o passar dos anos, suas habilidades na arte marcial tem melhorado
grandemente. Ele é a sexta geração da Família Yang e atual detentor da linhagem.
Yang Jun tem uma filha e um filho. Juntos eles representam a próxima geração da
Família Yang, sua esperança e futuro.

A atual linhagem da Familia Yang é:


Yang Luchan, 1a. Geração (velha forma)
Yang Jianhou é a 2a. Geração (forma média)
Yang Chengfu é a 3a. Geração (forma longa)
Ele unificou a forma que é praticada em todo o mundo hoje.
Yang Zhenduo é a 4ª. geração
Yang Jun é a 6º. Geração

Os Dez Pontos Importantes de Yang Cheng-Fu


Comentados pelo Mestre Yang Zhenduo

Foi Yang Chengfu que através de seus estudos e práticas nos deixou os 10 Princípios
Importantes do Tai Chi chuan que atualmente têm sido utilizados por praticantes de
todos os estilos da arte, como uma guia para o desenvolvimento constante de suas
técnicas. Na medida em que os anos passam todos os praticantes sinceros percebem
que estes Dez Pontos Importantes vão se tornando claros e que se não fizerem
parte de nossa prática diária, não conseguimos evoluir e não bebemos dos grandes
benefícios que esta arte maravilhosa nos brinda: a seguir estão os 10 princípios de
Yang Chengfu transmitidos oralmente por Yang Chengfu e gravado por Chen
Weiming – traduzido para o inglês por Jerry Karin, e para o português pela Profa.
Angela Soci

Na primeira parte da forma estão contidos os 10 princípios que devem ser


observados muito atentamente, desde a primeira saída de movimentos.

1. Energia leve e sensível no topo da cabeça


Fique ereto e mantenha a cabeça e o pescoço naturalmente eretos com a mente
concentrada no topo da cabeça. Não tencionar demais pois isto não permite que o
sangue e a energia vital circulem suavemente.

2. Afundar o peito e arredondar as costas


Mantenha o peito ligeiramente para dentro o que o capacita a afundar ou submergir
a respiração no Tan Tien (baixo ventre). Não deixe o peito para fora (protuberante)
pois isto vai fazer com que a respiração torne-se difícil e de alguma forma o topo vai
ficar pesado. Uma grande força pode surgir desde a espinha apenas quando você
mantém a energia vital no baixo ventre.

3. Relaxar a cintura
No corpo humano, a cintura é a parte dominante. Quando relaxamos a cintura, os
dois pés terão força o suficiente para formar uma base sólida. Todos os movimentos
dependem da ação da cintura como se diz nos clássicos: “A força vital vem desde a
cintura”. Os movimentos desajeitados no Tai Chi Chuan surgem de ações erradas da
cintura.

4. Discernir cheio e vazio


É de importância primeira no Tai Chi Chuan distinguirmos entre “Xu” vazio e “Shi”
cheio. Se mudamos o peso do corpo para a perna direita então a perna direita vai
esta plantada solidamente no solo e a perna esquerda vai estar na forma vazia.
Quando o peso está na perna esquerda, então a perna esquerda estará solidamente
plantada no solo e a perna direita vai estar na forma vazia. Apenas desta forma
poderemos girar e mover o corpo sem esforço e corretamente., de outra forma
seremos lentos demais e desajeitados nos movimentos sem sermos capazes de
permanecer estáveis e firmes em nossos pés.

5.Afundar os ombros e cotovelos


Devemos manter os ombros na posição natural e relaxados. Se elevamos os ombros,
o chi vai subir com eles e todo o corpo vai ficar sem força. Devemos também manter
os cotovelos para baixo senão não seremos capazes de manter os ombros relaxados
e mover nosso corpo de forma suave.

6. Usar a mente e não a força


Entre as pessoas que praticam Tai Chi Chuan é bastante comum ouvir o comentário:
“É questão de usar inteiramente a mente, não a força”. Na prática do Tai Chi Chuan,
todo o corpo está relaxado e não há idéia de força bruta ou endurecida nas veias ou
juntas por trás dos movimentos do corpo. As pessoas podem perguntar: - Como é
possível se aumentar a potência ou a resistência sem exercer força? De acordo com
a Medicina Tradicional Chinesa no corpo humano existe um sistema de canais, os
meridianos que ligam as vísceras com as diferentes partes do corpo, fazendo do
corpo humano um todo integrado. Se o meridiano não estiver bloqueado, a energia
vital vai circular no corpo inteiro. Mas se o meridiano for preenchido com força
bruta, a energia vital não será capaz de circular e consequentemente o corpo não vai
se mover facilmente ou suavemente. Deve-se assim usar a mente ao invés da força
bruta, pois assim a energia vital irá seguir a consciência e circular por todo o corpo.
Através da prática persistente seremos capazes de cultivar e desenvolver uma
força interna genuína. Isto é o que os expertos em Tai Chi Chuan chamam de:
“Flexível na aparência, mas poderoso na essência”. Um mestre de Tai Chi Chuan tem
braços que são tão fortes como varas de aço recobertas de algodão, com imenso
poder oculto. Os boxeadores da “escolas externas” ( um ramo de wushu que enfatiza
o ataque, opostamente as “escolas internas” que enfatizam a defesa), parecem
poderosos quando exercem força, mas quando param de exercer força, o poder já
não existe mais. Assim sendo uma força meramente superficial.

7. Coordenar o Superior e o Inferior


De acordo com a teoria do Tai Chi Chuan a raiz está nos pés, a força é emitida
através das pernas, controlada pela cintura e expressa pelos dedos; os pés, pernas e
a cintura formam um todo harmonioso. Quando as mãos e a cintura e as pernas se
movem, os olhos devem seguir o seu movimento. Isto pode acontecer quando houver
coordenação entre a parte superior e inferior. Se alguma parte para de mover-se,
então os movimentos serão desconectados e cairão em desordem.

8. Harmonia entre o Interno e o Externo


Praticando Tai Chi Chuan o foco está na mente e na consciência. Daí o dito: “a mente
é o comandante e o corpo seu subserviente”. Com a tranqüilidade da mente, os
movimentos serão suaves e graciosos. Com relação à “forma” há apenas o “Xu”
(vazio), shi (sólido), kai (aberto) e he (fechado). Kai (aberto) não significa apenas
abrir os quatro membros, mas a mente também; e he (fechado) significa fechar a
mente junto com os quatro membros. A perfeição é atingida quando se unifica os
dois e se harmoniza o interno e o externo num todo completo.

9. Importância da Continuidade
No caso das escolas externas (que enfatizam o ataque) a força que se exerce é
rígida e os movimentos não são contínuos, mas acontecem paradas de movimentos
que permitem que o oponente possa tirar vantagem. No Tai Chi Chuan se focaliza a
atenção na mente e não na força e os movimentos de início ao final são contínuos e
num círculo infinito, assim “como um rio que flui sem fim” ou “como tirar cera do
casulo.”

10. Tranqüilidade no Movimento


No caso das “Escolas Externas” de boxe, a ênfase é colocada em saltar, dar
pancadas, socar e exercer força, e assim freqüentemente o praticante fica
ofegante após a prática.
No Tai Chi Chuan o movimento é combinado com a tranqüilidade e enquanto se
executa os movimentos, se mantém a tranqüilidade da mente. Na prática da “forma”,
quanto mais lento o movimento, melhores resultados são conseguidos. Isto acontece
porque quando os movimentos são lentos, pode-se respirar profundamente e
submergir a respiração no Tan Tien. Isto produz um efeito suavizante no corpo e na
mente.
Aprendizes de Tai Chi Chuan irão conseguir uma melhor compreensão de tudo isto,
através de estudo cuidadoso e prática persistente.

As 6 Virtudes Transcendentais na prática da forma longa

Tai Chi Chuan é meditação. Meditação significa estar no presente, isto é, não se
deixar arrastar pelas lembranças do passado nem pelos anseios do futuro.
Mas para quê praticamos meditação? Basicamente para sermos felizes a curto e
longo prazo.
Com relação à felicidade a curto prazo estamos nos referindo ao prazer físico e
mental.
Mas se olharmos mais profundamente vamos ter de aceitar que, para sermos felizes,
antes devemos ter certa paz em nossa mente, porque se nossas mentes estiverem
infelizes e sem tranqüilidade, não importa quanto prazer físico possamos
experimentar que não nos sentiremos felizes.
Então, a razão pela qual a meditação ajuda é que, normalmente, nós temos uma
grande quantidade de pensamentos. Alguns desses pensamentos são agradáveis, até
mesmo prazerosos. Alguns deles, porém, são desagradáveis, agitados e
preocupantes. Se vocês examinarem de vez em quando os pensamentos presentes em
suas mentes, verão que os pensamentos agradáveis são comparativamente poucos, e
os pensamentos desagradáveis, muitos – o que significa que enquanto suas mentes
forem governadas ou controladas pelos pensamentos que surgem, vocês serão
bastante infelizes. Então, para ganhar o controle desse processo, nós começamos a
praticar a meditação durante a forma longa, que produz um estado básico de alegria
e paz na mente do praticante. Este é um dos motivos de o Tai Chi Chuan ser
realizado de forma tão lenta.
Assim, se cultivarem esse estado de satisfação e paz mental, vocês tenderão a não
ficar doentes, e a se curarem facilmente quando e se ficarem doentes. A razão para
isso é que uma das condições básicas que provocam doenças é a agitação mental, que
produz uma agitação correspondente ou uma perturbação dos canais de energia do
corpo.
Este é o motivo relacionado a esticar as juntas e tornar nosso corpo uma unidade.
Além de treinarmos Tai Chi Chuan de forma lenta, nosso corpo deve estar aberto e
nosso espírito livre de toda influência dos pensamentos negativos. Assim a energia
poderá circular livremente pelos canais de Chi, trazendo não somente boa saúde,
mas também sabedoria.
Neste contexto, é necessário saber que nossa mente possui “venenos” que são
aspectos mentais negativos expressos em nossas palavras, ações e pensamentos,
causando um sofrimento cíclico que se repete infinitamente. E também que estes se
dividem em três categorias principais: ignorância, apego e raiva.
Aprofundando nossa análise da mente, esses três venenos primários se
ramificam em seis: orgulho, inveja, imoralidade, preguiça, avareza e ódio. Estas
combinações vão ficando cada vez mais sofisticadas, totalizando 84 mil tipos
diferentes de venenos.
Estes venenos constituem um obstáculo irrevogável à paz interior, criando
sem descontinuidade: inquietudes, perturbações, dificuldades, angústias e
sofrimentos. Não apenas para si mesmo, mas ainda para o próximo. É evidente, por
exemplo, que a cólera é sofrimento para si mesmo e para aquele a quem ela se dirige,
afligido por um rosto furioso, imprecações e palavras ofensivas.
Ao praticarmos o Tai Chi Chuan da família Yang, estão contidas em seus
movimentos as virtudes transcendentais que são os antídotos contra os venenos da
mente. Assim como os venenos que surgem da ignorância básica de não conhecer a si
mesmo, as virtudes emergem naturalmente com o reconhecimento da verdadeira
natureza da mente, que é obtido através da prática. As seis virtudes se
interdependem e manifestam-se como:

 Equanimidade
 Paciência
 Ética
 Entusiasmo
 Generosidade
 Sabedoria

Equanimidade

Ser equânime significa “não ter preferências”, ser imparcial.


Estamos sendo equânimes quando, pouco a pouco, não julgamos ou criticamos a
nós mesmos, nem aos outros. Aquele que critica a si mesmo, com certeza, critica o
outro. E se você quer se tornar uma pessoa melhor, comece por não criticar. Um
verdadeiro praticante de Tai Chi Chuan procura os venenos em sua própria mente,
sabendo que o mundo exterior é apenas um reflexo de si mesmo.
Quando o aluno começa a praticar a forma longa, depara-se com as
dificuldades da técnica e ao não conseguir realizar os movimentos da forma
demonstrada por seu professor, se julga e pune a si mesmo severamente. Se
fazemos isso durante a prática, fazemos também em nossa vida diária. E muitos
desistem logo no início por causa dessa imagem distorcida de si mesmo, de que tem
de ser “perfeito”, “impecável”, “melhor que seus colegas” para agradar e serem
aceitos pelos outros.
Ao invés de se punir, o aluno deve ter paciência consigo mesmo, e saber que o
movimento dele hoje está bom, porque é o melhor que consegue fazer no momento.
Portanto, aceite-se como é agora, mas com a promessa de melhorar e sempre buscar
o aperfeiçoamento.
Além disso, julgar-se a si mesmo e aos outros dissipa sua energia, trazendo
assim toda sorte de desequilíbrios emocionais, mentais e físicos.
O esforço para não julgar surge da paciência...

Paciência

A maioria de nós não tem paciência. Vivemos num mundo corrido, agitado,
onde sempre queremos resultados rápidos e imediatos. Fomos condicionados a
acreditar que “tempo é dinheiro”, isso pode até ser verdadeiro no âmbito
profissional, mas carregando essa crença conosco, a aplicamos em todos os aspectos
de nossa vida. Conheço pessoas que mesmo sem ter nenhum compromisso urgente,
vivem correndo, apressadas, de um lado para o outro, e quando questionadas sobre o
motivo de tanta pressa, inventam desculpas e justificativas para tal comportamento
compulsivo.
A paciência no Tai Chi Chuan faz com que suportemos todo o esforço da
prática. O esforço de continuar, apesar das dificuldades e problemas.
Quando começamos a praticar a forma, chega um ponto em que a pessoa
começará a encontrar-se com seus problemas internos, como o ideal de perfeição
(de onde surgem as críticas), ansiedade, medo, dúvida, irritação, ou seja, tudo aquilo
que a acompanha em sua vida diária.
Por esse motivo, os mestres dizem que a prática da forma longa é
autoconhecimento. Você começa a observar e conhecer a sua mente, seus estados
mentais aflitivos e, gradualmente, começa a transformá-los.
Se o aluno, apesar de se deparar com seus problemas, continuar treinando,
começará a desenvolver a verdadeira paciência. E quando começa a ser paciente
consigo mesmo, está sendo equânime, isto é, observa todos os seus problemas, não
se julga e continua firme em sua prática.
Por isso, quando praticamos lentamente a forma, sem julgamentos e críticas,
estamos praticando a paciência.
Praticantes que não conseguem fazer o movimento lento são impacientes,
ansiosos e, no fundo, não querem conhecer a si mesmos. Não compreendem que a sua
pressa em aprender constitui um grande obstáculo à sua prática, o que acaba
atrasando enormemente o seu progresso na Arte ou, na maioria das vezes, a sua
desistência.
Ética

De acordo com a filosofia oriental, a ética está relacionada ao respeito à


própria vida, isto é, ao não desperdício de sua energia vital sagrada através de ações
inadequadas do corpo, da fala e da mente. Como, por exemplo, o consumo de álcool,
fumo, atividade sexual desequilibrada, má alimentação, uso de palavras grosseiras,
maliciosas e duras que ofendem e magoam os outros, e também manifestar e nutrir
emoções e pensamentos negativos.
Assim, uma pessoa ética é aquela que procura de todas as formas levar uma
vida regrada e íntegra.
Ao praticarmos Tai Chi Chuan com regularidade, naturalmente nossa energia
se reequilibra e se não a desperdiçamos, ela começa a ser refinada e potencializada.
Esse processo de transformação da energia trará muita disposição e alegria. Quando
temos energia, temos alegria, nossos sentidos se aguçam, e começamos a enxergar
tudo ao nosso redor com mais brilho e mais vida. Já quando não temos energia, os
sentidos se atrofiam, não há alegria, nem disposição e o mundo ao redor torna-se
sem graça, sem luz.
Assim, pouco a pouco com a prática, essa energia transforma-se em
entusiasmo.

Entusiasmo

A etimologia da palavra entusiasmo vem do latim enthusiasmus e do grego


enthousiasmos que significa estar inspirado ou possuído por um deus.
Dessa forma, entusiasmo é o que leva o praticante a querer sempre treinar
mais. Essa virtude surge somente após o aluno ter estabelecido firmemente a
correta motivação em sua prática.
Nesse estágio, ele está cheio de energia, é uma pessoa alegre, otimista,
sempre disposta a ajudar. Essa paz de espírito conquistada através de sua prática,
naturalmente atrairá pessoas necessitadas, que irão sentir-se bem apenas em estar
junto do praticante.
É o entusiasmo que leva a pessoa a se relacionar com outras pessoas e
compartilhar sua alegria e energia. Daí surge naturalmente a generosidade.

Generosidade

Esta virtude está intimamente ligada com a anterior, pois ambas surgem após
o estabelecimento da motivação correta. A verdadeira generosidade se manifesta
quando o praticante já não treina com uma motivação estritamente pessoal, mas
consciente de que sua paz e equilíbrios internos influenciam beneficamente as
pessoas ao seu redor, ele pratica motivado em beneficiar os outros. Neste ponto, ele
já transcendeu as preocupações egoísticas para consigo mesmo e, naturalmente, sua
capacidade de ajudar aumenta em grande escala.
É neste momento que ocorre o refinamento de Ching em Chi, isto é, brota em
seu íntimo a aspiração de viver para ajudar a todos aqueles que sofrem. Aqui a sua
prática torna-se sólida e é totalmente motivada em ajudar as pessoas a terem uma
vida melhor, tornando-se seres humanos mais calmos, equilibrados e felizes. Um dos
maiores dons é ser capaz de ter uma influência positiva sobre alguém. Quando
ajudamos os outros a entender as repercussões das ações prejudiciais e benéficas,
os auxiliamos a ter algum controle sobre o seu futuro.

Sabedoria

Assim como o surgimento dos raios de sol num céu nublado, a sabedoria se
manifesta, pouco a pouco, no praticante quando ele se dedica com entusiasmo e
diligência a transformar os venenos da mente e as qualidades brilhantes e inatas
desta começam a aflorar.
Uma das melhores formas de se cultivar a sabedoria é através do processo
tríplice de estudar, contemplar e meditar sobre os ensinamentos espirituais.
O aluno se dá conta disto quando constata que seus antigos problemas, que
sempre lhe acompanharam durante a sua vida, os venenos da mente que costumavam
dominá-lo, começam a desaparecer.
Aquelas situações que antes tiravam-no o equilíbrio e a paz, já não o afetam
mais. Isso ocorre, porque através de sua prática constante e diligente, ele conseguiu
estabelecer um contato com sua mente que é perfeita paz, manifestando suas
qualidades puras.
Neste estágio, o praticante pode ser um agente transformador onde quer que
esteja, tornando-se um canal de ajuda para muitas pessoas que o procurarão
naturalmente.

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