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Arquitetura islâmica

A arquitetura islâmica agrupa o conjunto de estilos seculares e religiosos aplicados no


desenho e construção de edifícios e estruturas, desde a época de fundação do Islão, até
os dias atuais.

Os tipos principais de construções da Arquitetura Islâmica são: as Mesquitas, as


Tumbas, os Palácios e os Fortes. De menor importância são os Banhos públicos, as
Fontes, e a arquitetura doméstica.

A Coluna, o Arco e a Cúpula são características marcantes dessa arquitetura, na medida


em que as três juntas lhe dão beleza e originalidade.

História

Em 630, quando o exército de Maomé reconquistou a cidade de Meca, o santuário da


Caaba foi reconstruído e dedicado ao Islão; a obra foi executada por um náufrago
carpinteiro etíope, em seu estilo nativo, e concluída antes da morte de Maomé em 632,
vindo a tornar-se um dos primeiros trabalhos de grande envergadura da arquitetura
islâmica.

As paredes foram decoradas com pinturas de Jesus, Maria, Abraão, profetas e anjos. A
partir do Século VIII, a doutrina islâmica, baseada no Hadiz, proibiu o uso de imagens
em sua arquitetura, sobretudo as de humanos e de animais.

No Século VII, as forças muçulmanas conquistaram extensos territórios. Ao se


estabelecerem em uma região, sua primeira preocupação era encontrar um lugar para
erguer uma mesquita. O desenho simples, baseado na casa do profeta Maomé, tornou-se
o padrão de construção dessas novas mesquitas ou de adaptação de edifícios já
construídos como igrejas.

Influências e estilos tradicionais


O Domo da Rocha é um exemplo chave da
arquitetura islâmica.

Um estilo arquitetônico islâmico facilmente reconhecivel se desenvolveu pouco depois


da morte do profeta Maomé, formado a partir de modelos romanos, egipcios, persas e
bizantinos. A rapidez de seu surgimento teve como marco o ano 691, com a finalização
do Domo da Rocha (Qubbat al-Sakhrah), em Jerusalém, que apresenta traços
abobadados, um domo circular, e o uso de estilizados e repetitivos padrões decorativos
(arabesco).

A Basílica de Santa Sofia, em Istambul, também influenciou a arte islâmica, ao agregar


elementos da arquitetura bizantina. Quando os otomanos capturaram a cidade dos
bizantinos, converteram-na de basílica em mesquita, sendo atualmente um museu. Essa
igreja também serviu de modelo para muitas outras mesquitas otomanas, como a
Mesquita Sehzade e a Mesquita de Süleymaniye.
Arquitetura persa

Mesquita de Shah, em Isfahan,


Irã.

Uma das primeiras civilizações com a qual o Islã entrou em contato foi com a persa, da
qual os islâmicos absorveram abundantes elementos.

Muitas cidade, como Bagdá, por exemplo, foram erguidas junto a construções
precedentes, como Firouzabad, na Pérsia. É sabido que dentre as pessoas contratadas
por Al-Mansur para desenhar os planos da cidade, encontravam-se Naubakht, um antigo
persa seguidor de Zoroastro, e Mashallah (‫)ماشاءال‬, um antigo judeu de Khorasán, Irã.

Arquitetura andaluza ou mourisca

Vista do interior da
Mesquita de Córdoba.
A construção da grande Mesquita de Córdoba, começada no ano785, marcou o começo
da arquitetura islâmica na península Ibérica e no norte da África. Essa mesquita se
destaca por seus arcos interiores em forma de ferradura.

A arquitetura andaluz atingiu seu clímax com a construção da Alhambra, o magnífico


palácio-fortaleza de Granada, com seus espaços abertos e afrescos em roxo, azul e
dourado. As paredes são decoradas com estilizados motivos de folhagens, inscrições em
árabe, e desenhos com arabescos nas paredes azulejadas.

Pouco antes de concluída a reconquista cristã, a influência islâmica teve seu derradeiro
impacto na arquitetura da Espanha, através do estilo mudéjar, mesclando elementos
cristãos e muçulmanos.

Arquitetura otomana

A Mesquita Azul em Istambul.

A arquitetura do Império Otomano caracteríza-se por suas grandes mesquitas, baseadas


nos modelos de Sinán, como a Mesquita de Süleymaniye, de meados do Século XVI.
Durante cerca de 500 anos, exemplos da arquitetura bizantina serviram de modelos para
a maioria das mesquitas otomanas, como a Mesquita Sehzade e a Mesquita Rüstem
Pash.

Os otomanos desenvolveram uma arquitetura de alto nível, nas terras que dominaram.
Dominaram a técnica de construir extensos espaços internos confinados por abóbadas, e
de alcançar a harmonia perfeita entre os espaços interiores e exteriores, assim como
entre a luz e a sombra. A mesquita deixou de ser um compartimento escondido e escuro,
com suas paredes cobertas por arabescos, para se tornar um santuário do equilíbrio
estético e técnico, da elegância refinada e, de uma forma indireta, do transcendental, do
divino.
Arquitetura fatímida

Mesquita de Al-Hakim.

Os Fatímidas adotaram o modelo arquitetônico tulúnida, mas também desenvolveram


suas próprias técnicas, das quais a Mesquita de Al-Hakim é um exemplo. Sua primeira
mesquita congregacional, no Cairo, foi a Mesquita de al-Azhar ("a esplêndida"), que,
junto à sua instituição adjacente, a Universidade de al-Azhar, se converteu no centro
espiritual do Ismaelismo.

Outros exemplos destacados dessa arquitetura são as elaboradas construções funerárias


e as monumentais portas das muralhas da cidade do Cairo, instaladas pelo poderoso
emir e vizir fatímida Badr al-Jamali (c. 1073–1094).

Arquitetura mameluca

Mesquita do Sultão
Hassan, no Cairo, Egipto.
No reino dos Mamelucos (1250-1517) a arte islâmica recebeu um impressionante
florescimento, caracterizando-se pelo zelo religioso, que viria a se tornar um padrão de
arquitetura e das artes em geral. Suas técnicas apuradas utilizavam o claro-escuro e
outros recursos ópticos para produzir efeitos luminosos em seus edifícios. As abóbadas
majestosas, os pátios, e os Minaretes altíssimos (que podem ser vistos nos bairros mais
antigos da cidade do Cairo), são uma boa demonstração do explendor dessa arte.

Arquitetura Mughal (Babur)


Um estilo arquitetônico distinto desenvolveu-se na Índia, por volta do Século XVI, com
a fusão de elementos persas e hindus. Exemplo desse estilo é a cidade real de Fatehpur
Sikri, construída pelo imperador mogol, Akbar, em 1500 aproximadamente.

O Taj Mahal, em Agra, na Índia,


construído pelo imperador mogol Shah Jahan, como mausoléu para sua
esposa.

Mas o exemplo por excelência da Arquitetura Mughal é, inegavelmente, o célebre Taj


Mahal, "uma lágrima na eternidade", terminado em 1648 pelo imperador Shah Jahan,
em memória de sua esposa Mumtaz Mahal, que morreu ao dar à luz o seu 14º filho. Ele
representa o ponto culminante da arquitetura islâmica na Índia, sendo reconhecido como
um dos mais belos edifícios do mundo. É totalmente simétrico, com exceção do
sarcófago de Shah Jahan, que é excêntrico devido à sua colocação no quarto da cripta,
debaixo do piso principal. O uso abundante de pedras preciosas e semipreciosas, e a
vasta quantidade de mármore branco requerida pela obra, quase levou o império à
bancarrota.
Arquitetura sino-islâmica

A Grande mesquita de
Xi'an, China.

A primeira mesquita na China surgiu no Século VII, durante a Dinastia Tang, em Xi'an.
A Grande Mesquita de Xi'an, cujas atuais instalações datam da Dinastia Ming, não imita
a maioría das características associadas às mesquitas tradicionais, tendendo a
subordinar-se aos clássicos padrões da Arquitetura chinesa. As mesquitas localizadas na
China ocidental incorporam elementos tipicamente islâmicos, encontrados no Oriente
Médio, como minaretes altos, arcos curvos e terraços em forma de cúpula, mas as
mesquitas do leste tendem a se assemelhar a pagodes. Ainda assim, a China é renomada
por suas belas mesquitas, semelhantes a templos.

A característica mais importante da arquitetura sino-islâmica é sua ênfase na simetria,


detalhe que lhe confere uma certa grandeza. Ela se aplica tanto a palácios quanto a
mesquitas. Todavia, uma exceção notável encontra-se no desenho de jardins, que
tendem a ser assimétricos.
Arquitetura afro-islâmica

Grande Mesquita de
Djenné, em Mali, exemplo do estilo de arquitetura afro-islâmica

A conquista muçulmana do norte da África motivou um notável desenvolvimento


arquitetônico nessa região, do qual a cidade do Cairo é um de seus exemplos. No Sahel,
a influência da arquitetura islâmica cresceu inicialmente nas cidades de Djenné e de
Timbuctu. A Mesquita de Sanskore, em Timbuctu, era similar em estilo à Grande
Mesquita de Djenné.

Em Kumbi Saleh, no bairro onde se concentravam os comerciantes, ergueram-se 12


belas mesquitas (descritas por Abū 'Ubayd 'Abd Allāh al-Bakrī). Madeira e barro eram
os materiais mais empregados nas construções.

A famosa cidade de Benin possuia um grande complexo de edifícios de barro, com


terraços de ripas. O palácio real tinha uma seqüência de espaços cerimoniais, adornados
com placas de cobre amarelo (Bronzes de Benin).
Interpretações

Caligrafia árabe gravada no


portal de acesso ao Taj Mahal.

As interpretações mais comumente aplicadas à Arquitetura Islãmica, podem ser assim


resumidas:

• O conceito do poder infinito de Alá, que é evocado por desenhos que repetem os
temas, sugerindo o Infinito.
• As formas humanas e animais raramente aparecem na arte decorativa, pois se
considera mais importante retratar a obra de Alá.
• A Caligrafía árabe é usada para realçar o interior de um edifício (ou o caminho
de acesso a ele, como no Taj Mahal), com citações do Alcorão.
• A Arquitetura Islâmica tem sido chamada de “arquitetura velada”, porque sua
beleza artística não raro se enconde nos espaços interiores dos edifícios (como
nos pátios), ocultando-se aos olhos do observador externo. Por outro lado, o uso
de formas majestosas, tais como grandes abóbadas e minaretes elevados,
pretende transmitir energia e alardear o poder e a cultura muçulmanas.

Referências

• Ettinghausen, Richard and Grabar, Oleg. (1987) The Art and Architecture of
Islam: 650 - 1250, Penguin, USA
• Copplestone, Trewin. (ed). (1963). World architecture - An illustrated history.
Hamlyn, London.
Arquitetura Islâmica
No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de Yatrib que, desde então,
se conhece como Medina (Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a orientação
dos califas, sucessores do profeta, começou a rápida expansão do Islã até a Palestina,
Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor e Norte da África e Espanha. De origem nômade, os
muçulmanos demoraram certo tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as
bases de uma estética própria com a qual se identificassem.

Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços estilísticos dos povos
conquistados, que no entanto souberam adaptar muito bem ao seu modo de pensar e
sentir, transformando-os em seus próprios sinais de identidade. Foi assim que as cúpulas
bizantinas coroaram suas mesquitas, e os esplêndidos tapetes persas, combinados com os
coloridos mosaicos, as decoraram. Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na
realidade, desde seu início, conceitual e religiosa, sendo sua beleza quase mágica. O luxo
e a opulência dos califados surgem como num conto das mil e uma noites,entre cúpulas
floridas e minaretes inalcançáveis.

Mesquita do sultão Ahmed ou Mesquita Azul


Istambul

As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos VI e VIII, seguindo o


modelo da casa de Maomé em Medina: uma planta quadrangular, com um pátio voltado
para o sul e duas galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área de
oração era coberta, enquanto no pátio estavam as fontas para as abluções. A casa de
Maomé era local de reuniões para oração, centro político, hospital e refúgio para os mais
pobres. Essas funções foram herdadas por mesquitas e alguns edifícios públicos.

No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a rusticidade dos


materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso as obras dos primeiros califas: Basora
e Kufa, no Iraque, a Cúpula da Roca, em Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco.
Contudo, persistiu a preocupação com a preservação de certas formas geométricas, como
o quadrado e o cubo. O geômetra era tão importante quanto o arquiteto. Na realidade,
era ele quem realmente projetava o edifício, enquanto o arquiteto controlava sua
realização. Tudo era estruturado a partir da geometria, já que até a língua árabe é
numérica e os edifícios e seus ornamentos eram a tradução arquitetônica das fórmulas e
números de caráter místico, segundo sua doutrina.

Cúpula da Roca - arte muçulmana Mesquita moura-judia


Jerusalém Damasco, Síria

A cúpula ou teto de pendentes, herdado da cultura bizantina, permitiu cobrir o


quadrado com um círculo, sendo um dos sistemas mais utilizados na construção de
mesquitas, embora não tenha existido um modelo comum. As numerosas variações locais,
devido a grande extensão dessa cultura, fez que suas manifestaçãoes se adaptassem aos
estilos locais mantendo a distribuição dos ambientes, mas nem sempre conservando sua
forma. As mesquitas transferiram depois parte de suas funções aos edifícios públicos.

As residências dos emires constituíram uma arquitetura de segunda classe em relação às


mesquitas. Seus palácios eram planejados num estilo semelhante, pensados como um
microcosmo e constituíam o hábitat privativo do governante. Exemplo disso é o
Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de muralhas sólidas, o
palácio tinha aspecto de fortaleza, embora se comunicasse com a mesquita por meio de
pátios e jardins. O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.

Pátio interno de uma mansão Vista do Alhambra, Granada


Arte muçulmuna - Cairo, Egito Arte muçulmana

Outra das construções mais originais e representativas do Islã foi o minarete, uma
espécie de torre cilíndrica ou octogonal situada no exterior da mesquita a uma altura
significativa, para que a voz do almuadem ou muezim pudesse chegar até todos os fiéis,
convidando-os à oração. Sua posição no núcleo urbano era sempre privilegiada. A
Giralda, em Sevilha, é um exemplo dos minaretes da arte andaluza.

A Giralda Miranete da Grande Mesquita Marinete Kurubiyya Marinete de Kalian


Sevilha de Samara - Iraque Marrekech Buyara, Rússia

Outras construções representativas foram os mausoléus ou monumentos funerários,


semelhantes às mesquitas na forma e destinados a santos e mártires.

Mausoléu de Barquq - Arte muçulmana Mausoléu de Timur ou Gur-i Mir


Cairo, Egito Samarcanda, Rússia

As obras nascidas dessa cultura são grandiosas e deixam o espectador sem palavras.
Muitos de seus edifícios estão entre os escolhidos pela Unesco como patrimônio da
humanidade, desde a costa atlântica do Marrocos até os confins da China.
Arquitetura islâmica tenta construir
visões do Paraíso
A celebrada arquitetura islâmica tenta mostrar a magnificência de um Deus
onipresente e invisível através de uma "sinfonia de pedra" - harmônica,
matemática, racional, musical - que tenta simbolizar esta transcendência. Esta
é a opinião do filósofo e historiador da arte Roger Garaudy, ele próprio
convertido ao Islam depois de Ter sido dirigente do Centro de Formação
Política do Partido Comunista francês, com o qual rompeu no Maio de 68.

O desafio de expressar este "Deus onipresente e invisível", para ele, foi


encontrada num forte simbolismo cuja expressão típica é a mesquita, edifício
destinado às orações, verdadeira porta entre a realidade sensível e a realidade
transcendente. Para Garaudy três elementos sintetizam este simbolismo: a
ordem geométrica e harmônica, o uso da luz e a caligrafia que ornamenta os
detalhes.

As curvas que se perseguem ao infinito e se entrelaçam formando hexágonos


e outras figuras geométricas numa repetição criativa. Os suaves mas
marcantes contornos delineados a gesso copiando formas vegetais e minerais.
Os arcos harmoniosos e semicruzados compondo uma sinfonia de pedra. Para
Garaudy é necessário recorrer à música como metáfora para tentar descrever
a harmonia matemática da mesquita.

Luz

Para ele a luz - segundo símbolo - é tão evidente que nem sempre é
percebido. A luz, destaca ele, é referenciada incontáveis vezes como metáfora
da Divindade, da Revelação e portanto é evidente o papel da iluminação no
conjunto da Mesquita, reforçado por mil artifícios técnicos buscado pelos
arquitetos muçulmanos.

O terceiro símbolo é a caligrafia, os desenhos suaves que formam imagens e


que marcam todos os pontos principais da mesquita e encontram sua
expressão mais significativa no "mihrab", oratório na parede ao fundo da
mesquita que marca a "qibla" - direção de Meca para onde todo muçulmano se
volta quando faz as suas orações, verdadeiro símbolo da unidade de toda a
Ummah - a comunidade dos muçulmanos.

Outro símbolo importante é a água, presença marcante das construções


islâmicas. Na mesquita água com seu simbolismo de "purificadora serve para
marcar a passagem do profano ao sagrado, do mundo real para o
transcendente. No Sahn - pátio aberto que antecede o Haram (sala destinada
às orações) - há sempre um sabil, fonte de água corrente na qual os fiéis
fazem as suas abluções rituais - o wudhu - lavando mãos, antebraços, roto e
pés, purificando-se para a oração.

Palavra divina

Na área externa a mesquita é marcado pelo minarete, torre da qual o muezin


faz cinco vezes ao dia o adhan - chamado para a oração - avisando a
vizinhança que chegou a hora de rezar.

Para o historiado de arte há um outro simbolismo nem tão evidente no


conjunto, o de um jardim, com as suas flores na decoração, suas árvores
estilizadas em colunas, seu córrego metamorfoseado na fonte. Um jardim
iluminado pelo sol e no qual uma suave melodia de fundo - a música da
palavra divina, ressoa através do aliterado canto do muezin, na salmodiação
do Iman ao recitar o Alcorão, na caligrafia que ilumina as paredes e sobretudo
naquela ordem matemática e harmônica do conjunto. É o Jardim do Paraíso.

Estilo sintetizou influências culturais diversas

A base da arquitetura islâmica vem da herança mediterrânea praticada por


gregos e romanos mesclada à influência do Império Sassânida na Pérsia e,
posteriormente da renovação trazida por invasores turcos e mongóis que
trouxeram influências novas mais do Oriente.

]Contudo não há como negar que não houve apenas uma amálgama apenas
de estilos anteriores, mas uma verdadeira síntese baseada numa nova visão
de mundo. A arte muçulmana é extremamente conceitual, repleta de
significados inseridos nos detalhes, de símbolos flagrantes, mas sutis.

Talvez por isto mesmo jamais foi uma obra de autor, mas um concerto de
milhares de artesãos anônimos que tentavam louvar a seu Deus e não a si
mesmos. Assim no céu da arquitetura mais cintilante não brilha a estrela de
nenhum arquiteto, mas o esplendor de uma fé.

Unidade na diversidade
Do estilo básico da arquitetura islâmica surgiram cinco estilos diferenciados em
suas ênfases, materiais e recursos. Na península arábica, Síria e Egito
predominou um estilo mais fiel à tradição mediterrânea.

No Maghreb (Norte da África) e na Espanha Muçulmana desenvolveu-se uma


forte variante regional mais grandiloquente que a anterior, ainda que sua
tributária. Esta variante, em geral chamada de estilo mourisco buscou um
refinamento das formas originais, mas buscou seus próprios caminhos uma
vez que estava mais livre das influências orientais.

Na Pérsia a influência Sassânida com as suas fachadas monumentais foi


bastante forte e desenvolveu-se um estilo visual mais elaborado e rico em
detalhes que na região mediterrânea. Na Índia os imperadores Mughal criaram
um estilo eclético na qual se nota a forte influência tanto dos estilos hindus e
budistas como de outras culturas circundantes, configurando um estilo cuja
marca principal é o ecletismo.

Por fim a arquitetura Otomana, de surgimento mais tardio incorpora a herança


bizantina de Constantinopla alimentada pela grandiosidade de um Estado forte,
portanto generoso, e pela busca de uma excessiva sobriedade.

Interferências mútuas

Contudo esta classificação não é definitiva porque os estilos se influenciam


mutuamente, em grande parte devido à mobilidade dos artesãos e constantes
mudanças políticas. Os artífices da corte de um soberano que perdia poder ou
era derrubado em geral se mudava para outra corte mais afortunada.
Governantes em ascendência buscavam prestígio e legitimidade contratando
artesãos habilidosos para embelezar sua capital.

Além disso a unidade da língua - mesmo nas regiões onde o árabe não era a
primeira língua ele falado pela elite - as estradas relativamente seguras e a
ampla circulação de mercadorias permitia o fluxo de idéias e pessoas.
Arquitetura Islâmica
As restrições religiosas à representação de figuras humanas e de animais no Islam
impediu a evolução de técnicas como a pintura e a escultura e acabou por transformar a
arquitetura na modalidade artística mais desenvolvido na cultura islâmica.

A arquitetura islâmica, em virtude da forte religiosidade, encontra sua melhor expressão


na mesquita, edifício destinado às orações comunitárias.

Sua origem é a casa de Muhammad (na cidade de Madina), que constava de um pátio
cercado por muros, com diversos aposentos ao redor.

O projeto clássico da mesquita ficou estabelecido já nos primeiros tempos do


islamismo, na dinastia omíada, compõe-se de um minarete, torre muito alta com
plataforma da qual o muadhin chama os fiéis para as cinco orações diárias; um pátio de
arcadas que tem, ao centro, a fonte para as abluções; uma grande sala de orações,
dividida em diferentes naves com colunas; e a qibla, muro ao fundo da sala onde se
encontra o mihrab, ou santuário, um nicho que indica ser aquela a direção da cidade
sagrada de Makka, voltada para a qual os fiéis devem rezar, junto ao mihrab, está
localizado o púlpito, ou minbar.

Outro aspecto característico da arquitetura islâmica é a riqueza da decoração, com base


em motivos epigráficos (inscrições com trechos do Alcorão em escritura cúfica ou
naskh), vegetais (palmas, folhas de videira e de acanto) e geométricos (arabescos).

A ornamentação inclui ainda, com freqüência, estalactites em gesso, em forma de


prisma e com a face curva, a arquitetura islâmica se caracteriza também pelo uso do
tijolo, muitas vezes coberto de mosaicos, estuque ou gesso; pelo emprego de arcos em
forma de ferradura e multilobulados; e pelo uso da cúpula, quase sempre ornamentada.

Evolução Histórica

Do século VII, de quando datam as primeiras construções, feitas pela dinastia omíada,
até o século XVIII, início da decadência do império otomano, o Islam ergueu, em várias
regiões compreendidas entre a Espanha e a Índia, grande número de monumentos.

Na Síria e Palestina, os principais foram a mesquita de Umar, em Jerusalém, também


conhecida como o Domo do Rochedo, de forma octogonal com exterior decorado em
mosaicos bizantinos, concluída em 691; e a grande mesquita de Damasco (705-715),
que possuía um grande pátio com arcadas em três de seus lados e uma sala de oração
dividida em três naves, todas paralelas ao muro da qibla.

Com a dinastia abássida, instaurada no ano 750, a arte islâmica sofreu a influência da
Ásia, surgiram então os mausoléus, e a decoração se estilizou, a capital foi transferida
para Bagdá, no Iraque, onde se adotou um traçado urbano de forma circular, protegido
por uma muralha dupla.

Mais tarde, em 838, quando o império começava a ser desmembrado em principados


autônomos, a corte se estabeleceu em Samarra, na nova capital foi construída uma
grande mesquita, com naves paralelas à qibla e um minarete semelhante ao zigurate,
além de vários palácios.

Na Espanha, onde se refugiara Abd al-Rahman I, único sobrevivente da dinastia


omíada, ocorreu, paralelamente, um período de grande atividade artística, cujo centro
era a cidade de Córdoba, a mais importante das obras realizadas na época é a mesquita
da cidade.

Iniciada no século VIII, sofreu diversas ampliações ao longo dos dois séculos
posteriores, a mesquita de Córdoba tem 19 naves perpendiculares à qibla e um sistema
de construção original, no qual se combinam colunas e arcos em ferradura com arcos de
meio ponto, ao que tudo indica, uma influência da arte visigoda, decorados com
abóbadas alternadas em vermelho e branco. Seu mihrab é coberto de ricos azulejos
bizantinos, com profusão de motivos epigráficos e vegetais.

Outro grande exemplo da arte do califado de Córdoba foi a cidade palaciana de Medina
Azahara, construída por Abd al-Rahman III. No Egito, que se tornou independente com
os tulúnidas, foi construída no século IX a grande mesquita de Ibn Tulun, no Cairo; em
Túnis, os aglábidas ergueram a grande mesquita de al-Qayrawan.

No período que vai do século XI ao XV, as principais concepções estéticas islâmicas


tiveram origem em Isfahan, com os seljúcidas, no norte da África, Egito e Maghrib,e na
península ibérica, com os fatímidas, os almorávidas e os nazaritas.

Os seljúcidas, povos nômades das estepes convertidos ao islam que reunificaram por
algum tempo o Oriente Médio, estabeleceram seus centros em Isfahan e Tabriz. Foram
os responsáveis pela divulgação da madrasa (espécie de universidade na qual se
ensinavam teologia e ciências), em geral edificada junto a uma mesquita e estruturada
em torno de um pátio.

O sistema das madrasas passou a ser empregado em mesquitas como a de Isfahan,


concluída por volta de 1130, com um pátio central e quatro salas contíguas, ou eyvans,
cobertas por abóbadas semicirculares, a sala localizada ao lado da qibla conduz a outra
sala com cúpula.

Também surgiu nessa época um novo tipo de minarete, de forma cilíndrica, apoiado
sobre uma base octogonal, como o da mesquita Pa-Minar de Zawara, cujo exterior era
decorado com cerâmica esmaltada em motivos geométricos. A arquitetura funerária
popularizou o mausoléu quadrado coberto com uma cúpula, como o de Sanyar, do
século XII.

No Egito, a dinastia fatímida, que governou entre os séculos X e XII, construiu


importantes mesquitas, tais como as de al-Azhar e al-Hakim, na cidade do Cairo. Em
meados do século XIII, a dinastia dos mamelucos impôs a influência artística seljúcida.

Sua forma arquitetônica mais característica foi o mausoléu, cujo melhor exemplo é o
monumento funerário ao sultão Hassan, de planta quadrada e cúpula dourada sobre uma
base octogonal, no fim do século XI, após a desintegração do califado de Córdoba numa
série de reinos de taifas, a intervenção dos almorávidas, originários do sul do Maghrib,
permitiu um novo florescimento da arte na península ibérica e no noroeste da África.
Dois tipos de estruturas caracterizaram os períodos almorávida e almôada, do século XI
ao XIII, no Marrocos e na Espanha, um abrange as grandes mesquitas marroquinas,
como as de Tinmel e Hasan, em Rabat, e a de Kutubiya, em Marrakech, todas com
sólidos e grandes minaretes quadrados.

O outro tipo de arquitetura criou-se para fins militares, como fortificações e pontes com
arcos em forma de ferradura. Entre estas figuram a ponte Oudaia, em Rabat, e a ponte
Rabat, em Marrakech.

No norte da África, a arte não mudou muito nos séculos XIV e XV, o mesmo estilo de
mesquita continuou a ser construído, como a Grande Mesquita de Argel. A decoração
arquitetônica em estuco ou pedra esculpida ficou limitada geralmente a padrões
geométricos elaborados, temas epigráficos e alguns motivos vegetais.

O último período da arte islâmica na Espanha data do reino nazarita de Granada,


fundado no século XIII. Seu monumento mais característico é a Alhambra, cidade
palaciana que constitui talvez o mais grandioso monumento do gênio islâmico para
integrar arquitetura e natureza.

Constava do alcácer, salões para atos oficiais (mexuar, ou sala de justiça, quarto de
Comares), área privada (pátio dos Leões, sala das Duas Irmãs), salas de banhos e
maravilhosos jardins, como os do Generálife.

Desde meados do século XIII, quando os mongóis invadiram a Pérsia, registrou-se na


região um significativo impulso cultural que se traduziu artisticamente na construção de
mesquitas e madrasas de estilo seljúcida e na utilização de cúpulas afiladas e azulejos
decorados.

A conjunção de elementos mongóis e turcomanos foi a característica do período


timúrida, que transcorreu entre os séculos XIV e XVI. A capital do império foi a cidade
mítica de Samarkanda, grande centro político e cultural da Ásia central.

Importantes monumentos foram edificados na época, tais como a mesquita-madrasa de


Jargird, com pátio central e quatro eyvans, e a mesquita azul de Tabriz, Irã, famosa por
sua decoração em azulejos de cerâmica azul.

A arquitetura funerária desfrutou de grande prestígio entre os timúridas, que


construíram na própria capital a avenida de Shaji-Zindá, ladeada por vários mausoléus
da família imperial e de membros da nobreza, com suas cúpulas características e
decoração em azulejos.

Depois dos mongóis e dos turcomanos, chegaram ao poder na Pérsia os safávidas, que
promoveram a arte popular, proliferaram então as mesquitas e madrasas de quatro
eyvans e, na arquitetura palaciana, destacou-se o palácio Ali Qapu, com um segundo
andar repleto de colunas.

Na mesma época em que ocorria o florescimento da arte entre os safávidas, o império


mongol da Índia construía, no século XII, grandes e luxuosas edificações inspiradas na
arte persa, como o Taj Mahal, de Agra, mausoléu feito para a esposa do imperador, e o
forte Vermelho, em Delhi.
A partir de meados do século XV, o império otomano consolidou-se e seu poder se
estendeu pela Turquia, Síria, Egito, Iraque e os Balcãs, na Europa, no império, que só
entraria em decadência no século XVIII, difundiram-se as cúpulas e foram construídas
mesquitas tanto em forma retangular, com pórtico em cúpula, de influência bizantina,
quanto com planta em forma de "T" invertido.

O império atingiu o apogeu nos séculos XV e XVI, quando Istambul se tornou grande
centro político e cultural, tendo a basílica bizantina de Santa Sofia como modelo,
proliferaram as construções monumentais, como as mesquitas de Suleiman II e de
Ahmed I, na mesma cidade.

O desaparecimento do império mughal da Índia, que passou ao domínio britânico, e o


gradativo desmembramento do império otomano fizeram com que a arte islâmica
sofresse, ao longo do século XIX, um processo de estagnação durante o qual passou a
experimentar uma crescente influência ocidental.

Essa adaptação às tendências do Ocidente se intensificou em meados do século XX,


quando novas escolas integraram técnicas ocidentais à arquitetura muçulmana, esse
movimento, iniciado na Turquia por Sedat Hakki Eldhem e no Egito por Hassan Fathy,
se disseminou depois por todo o mundo muçulmano.
ARQUITETURA ISLÂMICA – Beleza Pura!

Posted by felipebarbacena em 6 06UTC agosto 06UTC 2010

A arquitetura muçulmana é extremamente conceitual, repleta de significados inseridos


nos detalhes, de símbolos flagrantes, mas sutis.Talvez por isto mesmo jamais foi uma
obra de autor, mas um concerto de milhares de artesãos anônimos que tentavam louvar a
seu Deus e não a si mesmos. Assim no céu da arquitetura mais cintilante não brilha a
estrela de nenhum arquiteto, mas o esplendor de uma fé. Fonte:
http://salmaassalam.blogspot.com/2009/07/blog-post.html

Como já estudamos em algumas aulas da sessão “Aulas”, no século XVI na Europa


tivemos uma reforma na concepção das artes e na lida com o espaço provenientes do
forte movimento do renascimento. Em contrapartida, no século VII, com Maomé em
vida, surgiam as primeiras construções, feitas por mãos de um náufrago etíope que
dariam início a uma arquitetura que marcaria uma cultura.
Patrimônio da humanidade, tombado pela Unesco em 1983, oTaj Mahal é um exemplo
da arquitetura , em que se misturam os estilos arquitetônicos indiano, persa e islâmico.
Sua construção, no século XVII, foi resultado do trabalho de cerca de 22 mil homens
trazidos de várias cidades do oriente. É uma das Maravilhas do Mundo Moderno. Fonte:
http://plaggiado.blogspot.com/2009/11/patrimonio-da-humanidade-tombado-pela.html

Como claro exemplos citemos o Taj Mahal. Enquanto pintores,


escultores, gravuristas earquitetos renovavam as artes na Europa, na Índia era
construído um dos principais símbolos do Império Mongol (não confundir com o
Império Mongol, na China): o Taj Mahal. As obras começaram em 1632 e levaram
cerca de vinte anos para serem concluídas. Erguido a mando do
soberano Shan Jahan logo após
a morte de sua mulher, Mumtaz Mahal, para servir-lhe de mausoléu, o Taj Mahal foi
construído inteiramente em mármore branco.
Os detalhes são impressionantes. O interno revela o verdadeiro labor dos arquitetos
islâmicos.

As interpretações mais comumente aplicadas à Arquitetura Islãmica, podem ser assim


resumidas:

•O conceito do poder infinito de Alá, que é evocado por desenhos que repetem os temas,
sugerindo o Infinito.

•As formas humanas e animais raramente aparecem na arte decorativa, pois se considera
mais importante retratar a obra de Alá.

•A Caligrafia árabe é usada para realçar o interior de um edifício (ou o caminho de


acesso a ele, como no Taj Mahal), com citações do Corão.

•A Arquitetura Islâmica tem sido chamada de “arquitetura velada”, porque sua beleza
artística não raro se enconde nos espaços interiores dos edifícios (como nos pátios),
ocultando-se aos olhos do observador externo. Por outro lado, o uso de formas
majestosas, tais como grandes abóbadas e minaretes elevados, pretende transmitir
energia e alardear o poder e a cultura muçulmanas.

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