Você está na página 1de 45

ACADEMIA TEOLÓGICA

CRISTOLOGIA – A DOUTRINA DE JESUS CRISTO

I. A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO................................................................................................................................................................... 2
II. SUA ENCARNAÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 2
III. AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO: Natureza Humana e Natureza Divina ............................................................. 3
1. A HUMANIDADE DE JESUS CRISTO .................................................................................................................................................. 3
1.1 - Características de Suas fraquezas e limitações humanas .......................................................................................... 3
1.2. Impecabilidade ............................................................................................................................................................................................ 8
1.3. Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano? ................................................................................ 9
1.4) Jesus será um homem para sempre (I Co 9.1; 15.8; Ap 1.13; Mt 26.29) .................................................... 11
IV. O ÚLTIMO TRIUNFO DE DEUS SOBRE O PECADO .............................................................................................................. 11
1. A IRA DE DEUS E A PROPICIAÇÃO DO PECADO .................................................................................................................... 12
2. BOAS NOVAS .................................................................................................................................................................................................. 15
3. A BONDADE E A SEVERIDADE DE DEUS ..................................................................................................................................... 16
2. A DIVINDADE DE JESUS CRISTO.......................................................................................................................................................... 18
A. Provada pelos Nomes atribuídos à Ele ......................................................................................................................................... 18
F. Provada por Suas Obras ......................................................................................................................................................................... 19
G. Provada pela Adoração Oferecida a Ele....................................................................................................................................... 19
H. Provada por Igualdade na Trindade............................................................................................................................................... 20
I. Provada por Seu comportamento ..................................................................................................................................................... 20
J. Provada pela evidência a partir da Interpretação do AT e NT ...................................................................................... 20
VI. A KENOSIS ......................................................................................................................................................................................................... 21
VII. SUA MORTE ...................................................................................................................................................................................................... 21
VIII. SUA RESSURREIÇÃO ............................................................................................................................................................................... 21
IX. SUA ASCENSÃO .............................................................................................................................................................................................. 22
X. SEU MINISTÉRIO ATUAL ............................................................................................................................................................................. 22
"Passagens Problemas" sobre a Deidade de Cristo ........................................................................................................................ 23
As 3 Doutrinas Essenciais do Cristianismo em relação à Divindade de Cristo ............................................................ 25
1. Jesus é Deus em carne ................................................................................................................................................................ 25
2. Salvação pela graça ....................................................................................................................................................................... 26
3. A Ressurreição de Cristo ............................................................................................................................................................. 26
A DUPLA NATUREZA DE JESUS CRISTO ................................................................................................................................................. 28
A EXISTÊNCIA DE DUAS NATUREZAS ................................................................................................................................................. 28
A EXIGÊNCIA DE DUAS NATUREZAS ................................................................................................................................................... 29
A INTEGRIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO ............................................................................................................. 30
A PERMANÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS ........................................................................................................................................ 30
A CONVIVÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS ......................................................................................................................................... 30
A AUTORIDADE DE CRISTO........................................................................................................................................................................ 30
AGRUPAMENTO DE TEXTOS BÍBLICOS SOBRE A DIVINDADE E A HUMANIDADE DE CRISTO .................... 35
3. A EXPIAÇÃO ......................................................................................................................................................................................................... 37
ASPECTOS TEOLÓGICOS DA EXPIAÇÃO ............................................................................................................................................ 37
AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPIAÇÃO .................................................................................................................................................... 37
O SOFRIMENTO DE CRISTO ....................................................................................................................................................................... 37
A OBRA DE CRISTO .............................................................................................................................................................................................. 38
CONCEITOS GERAIS DA OBRA DE CRISTO ..................................................................................................................................... 38
SETE POSIÇÕES DO MINISTÉRIO DE CRISTO .............................................................................................................................. 39
A OBRA DE CRISTO SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO .......................................................................................................... 39
OS EFEITOS DA OBRA DE CRISTO ........................................................................................................................................................ 42
TEORIAS NA HISTÓRIA DA TEOLOGIA SOBRE A EXPIAÇÃO ............................................................................................... 42

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 1 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

I. A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO

A. Provada pelo A.T. (Mq 5:2; Is 9:6, "Pai da Eternidade").

B. Provada pelo N.T.


1. João 1:1, em comparação com o versículo 14.
2. João 8:58, "Antes que Abraão existisse, eu sou (i.e., já existia)".

C. Provada por Obras.


Certas obras atribuídas a Cristo exigem Sua preexistência (e.g., criação, Cl 1:16).

D. Provada por Aparições.


As aparições do Anjo do Senhor (Êx 3 ;2, 4).

E. Provada pelos Seus Nomes.


1. Logos.
2. Filho de Deus.
3. Javé.

II. SUA ENCARNAÇÃO

A. Significado: Estar em carne.

B. Seu Meio. O nascimento virginal

1. Predito (Is 7:14).


2. Provado:
O pronome feminino empregado em Mateus 1:16 (“da qual” nasceu Jesus... “) indica que o
nascimento de Jesus veio por Maria apenas, sem participação de José.

C. Suas Razões

1. Revelar Deus aos homens (Jo 1:18).


2. Prover um exemplo de vida (1 Pe 2:21).
3. Prover um sacrifício pelo pecado (Hb 10:1-10).
4. Destruir as obras do diabo (1 Jo 3:8).
5. Ser um sumo sacerdote misericordioso (Hb 5:1-2).
6. Cumprir a aliança davídica (Lc 1:31-33).
7. Ser sobremaneira exaltado (Fp 2:9).

D. A Pessoa

A Pessoa do Cristo encarnado incluía:

1. Divindade plenamente mantida.


2. Perfeita humanidade.
3. União numa única Pessoa para sempre.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 2 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

III. AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO: Natureza Humana e Natureza Divina

“Jesus Cristo foi plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa e assim o será para
sempre” - Wayne Grudem

1. A HUMANIDADE DE JESUS CRISTO

A grande identificação de Cristo com o cristianismo é um dos aspectos que distinguem a religião cristã
das demais.

Se retirarmos totalmente o nome de Buda do Budismo como revelador pessoal do seu sistema; se
retirarmos totalmente a personalidade de Maomé do Islamismo, ou a personalidade de Zoroastro
da religião dos persas, toda a doutrina dessas religiões continuaria intacta. Seu valor prático, tal
como é, não estaria ameaçado ou diminuído.

Mas se retirarmos o nome e a pessoa de Jesus Cristo do cristianismo, e o que lhe restará? Nada! Toda
a substância e força da fé cristã centralizam-se em Jesus Cristo. Sem Ele não há absolutamente nada! -
Sinclair Patterson.

Do começo ao fim, em todas as suas diversas fases, aspectos e elementos, a fé e a vida cristãs estão
determinadas pela pessoa e pela obra de Jesus Cristo. Devem sua vida e seu caráter a Ele em cada
um dos seus pontos. Suas convicções são convicções sobre Ele. Suas esperanças são esperanças que
Ele inspirou e que Ele terá de cumprir. Seus ideais nasceram dos seus ensinamentos e de Sua vida. Sua
força é a força do Seu espírito. - James Denney.

1.1 - Características de Suas fraquezas e limitações humanas

A. Ele esteve sujeito às fraquezas da natureza humana que não são conseqüência do pecado

1. Ele foi tentado e sentiu fome (Mt 4:2)


2. Ele sentiu sede (Jo 19:28)
3. Ele se cansou da viagem (Jo 4:6)
4. Ele dormia (Mt. 8:24)
5. Ele chorou (Mt. 23:37; Jo 11:35)
6. Ele foi tentado (Hb 4:15)
7. Ele queria companhia humana no jardim (Mt. 26:36, 40)

B. Ele recebeu nomes humanos atribuídos por Ele mesmo e pelos outros

1. Filho do Homem (Lc 19:10) - 80 vezes nos Evangelhos


2. Jesus (Mt 1:21)
3. Filho de Davi (Mc 10:47)
4. O Nazareno (At. 2:22)
5. Homem (Is 53:3; 1 Tm 2:5)
Quando aceitou o titulo “Filho de Deus”, às vezes imediatamente depois substituiu o titulo por “Filho do
Homem” (Jo. 1:49-51; Mt. 26:63,64). Ao usar este titulo, Ele certamente se identifica com os filhos dos
homens.
Devido a Sua natureza e Sua vida sem pecado, Ele é Único entre os filhos dos homens. É UM Filho do
Homem pelo fato de ser carne de nossa carne e osso dos nossos ossos.
C. Ele foi capaz de morrer

D. Ele teve um nascimento humano, mas virginal

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 3 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Nascido de uma virgem: Maria (Mt. 1:18-20; Lc. 1:35)


"Foi assim" em Mt 1:18 indica que este nascimento foi diferente daqueles registrados até
então. Lucas 1:35 é explícito sobre o assunto. Atacar o nascimento virginal é atacar a santidade
da virgem.

A narrativa do nascimento virginal não precisa nos confundir. A abundância de evidências históricas
a seu favor deveria nos levar a sua aceitação. Todos os manuscritos em todas as antigas versões
contêm o seu registro. Todas as tradições da igreja primitiva o reconhecem. Sua menção foi feita no
mais antigo de todos os credos: o Credo dos Apóstolos.

E. Ele possuía um corpo humano

1. Nascido de mulher (Gn 3.15; Gl. 4:4-5)


Ele foi da "semente da mulher", não do homem.
(Veja Lucas 1:34 - "Então disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com
homem algum?”). Nenhuma lei de hereditariedade pode explicar a Sua geração. Através de um ato
criador de Deus entrou na geração humana e trouxe um ser sobrenatural.
Tendo assim nascido de mulher, Jesus Cristo submeteu-se às condições de uma vida humana, e
de um corpo humano; ele se tornou filho da humanidade através de um nascimento humano.
Da "semente da mulher", da "semente de Abraão", e da descendência e linhagem de Davi,
Jesus Cristo é inegavelmente humano. Ele teve uma família humana.

2. Jesus possuía uma mente humana sujeita a crescimento (Lc 2:40, 46, 52)
Ele cresceu em sabedoria e estatura como os outros seres humanos. Ele ficou sujeito às leis comuns
do desenvolvimento humano em corpo e alma.

"E o menino ia crescendo e fortalecendo-se ...". A forma reflexiva do verbo parece indicar que o Seu
crescimento era devido a Seus próprios esforços.

Até que ponto Sua natureza sem pecado influenciou o Seu crescimento não podemos saber.
Contudo, parece claro, nas Escrituras, que devemos também atribuir o crescimento e os progressos
feitos por Jesus ao treinamento que Ele recebeu em um lar piedoso, e à instrução recebida na
sinagoga e no templo.

De tudo isso parece claro que Jesus recebeu a Sua educação ao longo das linhas comuns do
progresso humano: instrução, estudo, reflexão.

3. Ele Tinha a aparência de Homem (Jo. 4:9; Lc. 24:13; Jo. 20:15; Jo. 21:4,5)

Jesus foi visto e tocado pelos homens (1 Jo 1:1 “as nossas mãos apalparam”; Mt 26:12 “derramando
ela este bálsamo sobre o meu corpo”).

Depois da ressurreição e ascensão Jesus ainda reteve a forma de um homem (At. 7:56; I Tm. 2:5).
4. Ele possuía uma natureza física humana: Corpo, Alma e Espírito (Jo. 1:14; Hb. 2:14; Mt.
26:12,38; Lc. 23:46; Lc. 24:39)

Através da encarnação Cristo veio a possuir uma natureza verdadeiramente humana; Ele não veio
apenas para os que eram Seus, mas veio a eles em semelhança de sua própria carne.

Naturalmente devemos fazer diferenciação entre natureza humana e natureza carnal. Uma natureza
carnal não faz realmente parte integral do homem como Deus o criou no princípio.

A natureza humana de Cristo foi verdadeiramente humana, "mas sem pecado" (Hb. 4:15).

Jesus possuía alma humana e emoções humanas. Há várias indicações de que Jesus possuía alma
humana (ou espírito). Logo antes de sua crucificação, ele disse: “Agora, está angustiada a minha
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 4 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

alma” (Jo 12.27). João escreve um pouco depois: “Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em
espírito” (Jo 13.21). Em ambos os versículos a palavra “angustiar” representa o termo grego
“ταρασσω” = tarasso, palavra muitas vezes empregada em referência a pessoas ansiosas, ou que de
repente são surpreendidas por um perigo.

5. Uma comparação entre o primeiro e o Último Adão

O ensino bíblico acerca de Jesus Cristo como segundo e último Adão é localizado em I Corintios 15,
o capítulo que trata da doutrina da ressurreição dos nossos corpos.

“Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém,
espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual e sim o natural; depois, o espiritual. O primeiro
homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu (I Co 15:45-47 RA)”.

Nos versículos 45 e 47 o primeiro Adão é sempre "protos" - não há ninguém antes dele. Jesus Cristo
é o Último Adão (v.45) "escatos" — não há ninguém depois dele.

No versículo 47 ele é o segundo Adão "deutero", não há sequer um igual entre ele e Adão. Os dois
termos estabelecem, portanto, a mesma verdade. Jesus Cristo é tanto o Último Adão (isto quer
dizer aquele que encerra a fileira de participantes), como é também Adão número dois em sentido
seqüencial. Usado no seu contexto, os dois conceitos de forma alguma admitem a possibilidade de
um terceiro ou quarto Adão.

Um estudo sistemático da Bíblia demonstra que enquanto há grandes semelhanças entre Adão e
Cristo, ao mesmo tempo há notáveis diferenças.

Vejamos as semelhanças para depois contabilizarmos as diferenças:

- Semelhantes na sua Identidade - Todos os dois foram criados imagem de Deus.

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele
domínio sabre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a
terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1:26-27 RA)”. "Ele é a imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação" (Cl 1:15 RA).

- Semelhantes na sua Humanidade - Tiveram uma natureza tríplice: espírito, alma e corpo.

Confirmada a autenticidade da natureza humana de Jesus Cristo, sua natureza tríplice torna-se
quase irrelevante. A apresentação paulina de Jesus como o segundo Adão ajuda a desmentir a
hipótese dos gnósticos “docetistas” (do termo grego “dokew” = parecer). Os docetistas eram uma
seita do 2o. século que negaram que Jesus era verdadeiramente humano, e que sugeriram que o
corpo físico de Jesus era apenas uma emanação, aparição.

Na teologia moderna, a autenticidade da natureza humana de Jesus é quase nunca contestada,


como testificam as buscas do Jesus histórico. Por isso, não nos delongaremos com provas
desnecessárias (Mc 26:26; Mt 26:38; Lc 23:46).

Basta observar que embora concebido de uma virgem, Jesus teve um crescimento vegetativo.
Nascido de uma mulher (Gl 4:4), diz Lucas: "E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante
de Deus e dos homens" (Lc 2:52 RA). O menino Jesus experimentou um amplo crescimento:
intelectual, corporal, espiritual e social.

- Semelhantes na sua Representatividade

Por escolha de Deus, Adão e Jesus foram comissionados como cabeças representativas da raça
humana. Do ponto de vista de Deus existem apenas dois chefes da humanidade: o primeiro, Adão, o
segundo e último, Jesus Cristo.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 5 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Na sua desobediência, Adão representou não somente a ele próprio como a toda a humanidade.
Igualmente, na Sua obediência, Jesus Cristo representa não apenas a si próprio, mas a toda a nova
humanidade que segue em Seus passos. O fato de que Deus encara Jesus Cristo como o segundo
Adão é parte do alicerce da sua morte substitutiva ou vicária em prol dos pecadores arrependidos.

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Porque até o regime da lei
havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não ha lei. Entretanto, reinou
a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.” (Rm 5:12-14)

“Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram
muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram
abundantes sobre muitos. O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou;
porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de
muitas ofensas, para a justificação. Se pela ofensa de um e por meio de um só reinou a morte,
muito mais os que recebem a abundância da graça a o dom da justiça reinarão em vida por meio de
um só, a saber, Jesus Cristo" (Rm 5:15).

“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim
também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá
vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim
também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.” (Rm 5:12-19 RA).

Somos justificados dos nossos pecados uma vez que rompemos com a nossa solidariedade com
Adão, em favor de uma nova solidariedade com Jesus Cristo.

- Semelhantes na sua Vulnerabilidade - Os dois foram semelhantemente vulneráveis às


intempéries da vida.

Depois da palavra expressa de Deus em Gênesis 3, ninguém precisa duvidar de que Adão era
vulnerável ao seu ambiente. Deus disse:

"Visto que atendeste à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu to ordenara não comesses,
maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela
produzirá também cardos e abrolhos, e comerás a erva do campo. No suor do rosto comeras o teu
pão, ate que tornes a terra, pois dela foste formado; porque tú es pó, e ao pó tornarás" (Gn 3:17-
19 RA).

Depois do pecado de Adão a natureza de toda a humanidade ficou caracterizada por fragilidade:

"Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e passaremos um ano, e
negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois,
apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa" (Tg 4:13-14 RA).

Mas será que Jesus foi igualmente vulnerável?

Obviamente que sim. Jesus foi plenamente humano e, portanto, plenamente frágil. Ele nasceu (Lc
2:7), e não soube andar ou falar, teve fome (Mt 4:2), teve sede ao 19:28), ficou cansado (Mt 8:24)
precisava dormir. Ficou triste (Mt 26:38), alegre (Jo 11:15), e ainda perturbado (Lc 22:44). Ele
chorou (Jo 11:35), sangrou (Jo 19:34), e morreu (Mc 15:37).

Mais importante de tudo, Jesus era vulnerável à tentação. Qualquer Cristologia que não observa
este fato é falha, e rouba de Jesus a plena vitória que obteve sobre o mundo, a carne e o diabo (Hb
12:1-4 RA).

Se Jesus não foi vulnerável à dor, ao desânimo, ao desmaio, sua vitória sobre o pecado é apenas
ilusória e de forma alguma pode servir de alento para uma igreja sofredora.

- Semelhantes na sua Santidade


Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 6 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

A última semelhança que queremos destacar é uma semelhança na sua santidade. Entendemos
pelas Escrituras que nem Adão nem Cristo vieram a este mundo com qualquer defeito proveniente
do pecado. Diferentes de nós, suas naturezas não foram enfraquecidas por tendências inerentes ao
pecado. Ao mesmo tempo é claro que os dois tiveram que resistir o diabo para manter e
desenvolver a sua santidade na presença de Deus.

As notáveis diferenças entre o Primeiro e o Último Adão

Notamos na Bíblia que as diferenças de fato pesaram contra Jesus, fazendo a sua vitória muito mais
louvável do que teria sido qualquer vitória do primeiro Adão.

- Diferentes na sua Habitação

Todos os psicólogos concordam que a questão do ambiente é de influência fundamental no


desenvolvimento do ser humano. Neste sentido, damos um destaque todo especial às óbvias
diferenças que enfrentaram Adão e Jesus.

Adão cresceu e viveu em um verdadeiro paraíso, onde não lhe faltava bem algum. Ele era casado
com uma mulher perfeita, não havia más companhias, e todo o governo estava na sua mão.

Jesus, o segundo e último Adão nasceu de pais pobres em um mundo decaído, dominado naqueles
tempos pelos terríveis romanos. Desde seu próprio nascimento em um estábulo à sua morte numa
cruz, Ele enfrentou todo tipo de adversidade. Caçado como um animal por Herodes o Grande,
passou seus primeiros anos como estrangeiro no Egito. De volta à cidade desprezada de Nazaré,
enfrentou as calúnias não só daqueles de fora, como de seus próprios irmãos. Mesmo os
representantes oficiais de Deus perseguiram-no e finalmente conseguiram condená-lo à morte,
mesmo inocente. Ridicularizado e rejeitado, não revidou aos insultos, mantendo a sua serenidade e
santidade até o fim. Nos últimos momentos de vida, intercedeu por Seus inimigos, pedindo a Deus,
Seu Pai, o Seu perdão.

- Diferentes na sua Tentação

Quanto à questão da tentação, havia grandes diferenças. Tudo indica que Adão havia de resistir
apenas a uma tentação, um ato de desobediência, para garantir sua santidade. No entanto, o
segundo Adão havia de viver uma vida completa de obediência a Deus.

Tudo indica que pouco tempo passou entre a criação de Adão e a sua queda. Contudo, Jesus havia
de viver 30 anos de provação antes mesmo de poder se candidatar à vaga de Messias. Em todos
estes 30 anos, Ele não sucumbiu a nenhuma das tentações (Hb 4:15 ).

Uma vez reconhecido como Seu Filho e como o Messias, Deus fez questão de prová-lo. Diz o
apóstolo Mateus: "A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo"
(Mateus 4:1 RA).

Enquanto Adão foi tentado no jardim, Jesus foi tentado no deserto. Enquanto Adão estava com toda
a sua força, Jesus, o segundo Adão, estava enfraquecido fisicamente, e com fome depois de
quarenta dias de jejum. Quando o diabo veio a tentar Adão era sua primeira experiência de tentar
vencer um ser humano. Quando enfrentou Jesus, havia o acúmulo de milhares de anos de
experiência a seu dispor. Mas Jesus o venceu.

Jesus, o segundo Adão, venceu a tentação pessoal recusando transformar pedras em pães. Ele
venceu a tentação nacional, recusando-se projetar na sua nação por uma descida espetacular do
pináculo do templo. Ele venceu a tentação global, recusando aceitar os reinos deste mundo em
troca de uma rápida continência ao grande usurpador.

- Diferentes na sua Submissão

Uma notável diferença existe no tipo de submissão requerido por Deus dos dois chefes da
humanidade. De Adão Ele cobrou uma submissão meio interesseira - uma submissão à vida. A
solene advertência de Deus era: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 7 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás” (Gn 2:16-17 RA). Com toda certeza era de grande interesse pessoal que Adão cumprisse
a ordem de Deus.

Veja a notável diferença na submissão requerida por Deus do Segundo Adão. Ele foi
chamado para uma submissão até a morte! Diz o apóstolo Paulo: "Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (Fl 2:5-8).

Jesus sabia perfeitamente que não havia nenhuma necessidade pessoal de Ele enfrentar a morte.
Quando seus discípulos se propuseram a livrá-lo dos soldados, Ele os repreendeu, dizendo: "Acaso,
pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?" (Mt 26:53-
54 RA).

Plenamente convicto da Sua missão salvadora, Ele trocou o Seu conforto e a segurança pessoal por
uma morte substitutiva e, por este motivo, "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2:9-
11 RA).

- Diferentes na sua Punição

Ligado aos fatos que acabamos de descrever, percebemos também uma grande diferença na
questão da punição que cada um dos chefes da humanidade sofreu.

Enquanto Adão foi punido por seus próprios pecados, Jesus Cristo foi punido por nossos pecados. O
profeta Isaías disse:

"Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer;
e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelos suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Is 53:3-6 RA).

- Diferentes na sua Qualificação

As Escrituras realçam com toda clareza que um relacionamento com Adão significa a morte. Um
relacionamento com Cristo significa a vida. Uma vez pecador, Adão era apenas qualificado para
comunicar morte a todos os seus descendentes. Jesus Cristo, porém, é qualificado para comunicar
vida a todos os seus filhos:

"Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim
também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá
vida" (Rm 5:18 RA). Pois assim está escrito: "O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O
último Adão, porém, é espírito vivificante" (I Co 15:45 RA).

Assim, concluímos que as semelhanças nos asseguram da legitimidade da Sua representação como
cabeça da nova humanidade. As notáveis diferenças sublinham a grandeza da Sua vitória sobre o
mundo, a carne, e o diabo.

1.2. Impecabilidade

A. Significado

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 8 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Cristo era incapaz de pecar. Isso não significa que Cristo era apenas capaz de não pecar.

Objeção:
Se Cristo era incapaz de pecar não poderia ter sido genuinamente tentado e, portanto, não poderia ser
um sumo sacerdote compassivo (Hb 4:15).

Resposta:
A realidade da tentação não está na, nem depende da, natureza moral da pessoa tentada, e a
possibilidade de compaixão não depende de uma correspondência específica entre os problemas
enfrentados.

B. Resultados

1. A tentação provou a impecabilidade de Cristo.


2. A tentação o capacitou-o a ser um sumo sacerdote misericordioso.

Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente
como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante: ele era isento de
pecado, e jamais cometeu um pecado durante sua vida.
Alguns objetam que se Jesus não pecou, então não era verdadeiramente humano, pois todos os
humanos pecam.
Mas os que fazem tal objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão agora numa
situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos. Adão e Eva no jardim do
Éden eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e nós agora, apesar de humanos, não nos
conformamos ao padrão que Deus deseja que preenchamos quando nossa humanidade plena,
impecável, for restaurada.

C. Jesus poderia ter pecado?


Alguns defendem a impecabilidade de Cristo, entendendo por impecável “não sujeito a pecar”.
Outros objetam que se Jesus não fosse capaz de pecar, suas tentações não teriam sido reais, pois
como uma tentação seria real, se a pessoa que estivesse sendo tentada não fosse mesmo capaz de
pecar?
Para responder a essa pergunta, precisamos distinguir, por um lado, o que as Escrituras afirmam
claramente e, por outro lado, o que é mais uma dedução:
1) As Escrituras afirmam claramente que Cristo jamais pecou de fato. Não deve haver nenhuma
dúvida a esse respeito em nossa mente.
2) Elas também afirmam que Jesus foi tentado e que as tentações foram reais (Lc 4.2). Se cremos
na Bíblia, precisamos crer que Cristo foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado” (Hb 4.15).
3) Também precisamos afirmar com as Escrituras que “Deus não pode ser tentado pelo mal” (Tg
1.13). Mas aqui a questão torna-se difícil: se Jesus era plenamente Deus e também plenamente
humano (e vamos argumentar adiante que as Escrituras ensinam isso várias vezes e de maneira
clara), então não somos obrigados também a afirmar que (em algum sentido) Jesus também
“não pode ser tentado pelo mal”?

1.3. Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano?

Respostas:
1) Possibilitar uma obediência representativa.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 9 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

2) Ser um sacrifício substitutivo.


3) Ser o único mediador entre Deus e os homens.
4) Cumprir o propósito original do homem de dominar a criação.
5) Ser nosso exemplo e padrão na vida.
Quando João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético, segundo o qual
Jesus não era homem. Essa heresia tornou-se conhecida como docetismo.
Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João podia dizer que se tratava de uma
doutrina do anticristo: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo
contrário, este é o espírito do anticristo” (1 Jo 4.2-3).
a. Para possibilitar uma obediência representativa
Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou e
desobedeceu. Vemos isso nos paralelos entre a tentação de Jesus (Lc 4.1-13) e a ocasião da
prova de Adão e Eva no jardim (Gn 2.15–3.7).
Também reflete-se claramente na discussão de Paulo sobre os paralelos entre Adão e Cristo,
na desobediência de Adão e na obediência de Cristo (Rm 5.18-19).
b. Para ser um sacrifício substitutivo
Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade
que nos cabia. (Hb 2.16-17; cf. v. 14).
c. Para ser o único mediador entre Deus e os homens
Porque estávamos alienados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se
colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a ele. Precisávamos de um mediador que
pudesse representar-nos diante de Deus e que pudesse representar Deus para nós. Só há uma
pessoa que preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus
e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Para cumprir essa função de mediador, Jesus
tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus.
d. Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação
Deus colocou o ser humano sobre a terra para subjugá-la e dominá-la como representante
divino. Mas o homem não cumpriu esse propósito, pois caiu em pecado.
O autor de Hebreus percebe que Deus pretendia que tudo fosse sujeitado ao homem, mas
reconhece: “Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas” (Hb 2.8). Então,
quando Jesus veio como homem, foi capaz de obedecer a Deus e, assim, teve o direito de
dominar a criação como homem, cumprindo o propósito original de Deus ao colocar o homem
sobre a terra.

e. Para ser nosso exemplo e padrão na vida


João nos diz: “... aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como
ele andou” (1 Jo 2.6), e nos lembra que “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele”, e que essa esperança de futura conformidade com o caráter de Cristo confere mesmo
agora pureza moral cada vez maior à nossa vida (1 Jo 3.2-3).
Paulo nos diz que estamos continuamente sendo “transformados [...] na sua própria imagem”
(2 Co 3.18), avançando, assim, para o alvo para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à
imagem de seu Filho” (Rm 8.29).
Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de considerar o exemplo de Cristo:
“pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 10 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

passos” (1Pe 2.21).


f. Para ser o padrão de nosso corpo redimido
Paulo nos diz que quando Jesus ressuscitou dos mortos, ressuscitou num novo corpo “na
incorrupção [...] ressuscita em glória [...] ressuscita em poder [...] ressuscita corpo espiritual”
(1Co 15.42-44).
Esse novo corpo ressurreto que Jesus possuía quando ressurgiu dos mortos é o padrão do que
será nosso corpo quando formos ressuscitados dos mortos, porque Cristo é “as primícias” (1Co
15.23) — uma metáfora agrícola que compara Cristo à primeira amostra da colheita, que
demonstra como será o outro fruto daquela colheita.
g. Para compadecer-se como sumo sacerdote
O autor de Hebreus lembra-nos de que “naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é
poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18; cf. 4.15-16).
Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não teria sido capaz de conhecer por
experiência o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida. Mas porque viveu como
homem, ele é capaz de compadecer-se mais plenamente de nós em nossas experiências.

1.4) Jesus será um homem para sempre (I Co 9.1; 15.8; Ap 1.13; Mt 26.29)

Jesus não abandonou a natureza terrena após sua morte e ressurreição, pois apareceu aos discípulos
como homem após a ressurreição, até com as cicatrizes dos cravos nas mãos (Jo 20.25-27).
Ele possuía carne e ossos (Lc 24.39) e comia (Lc 24.41-42).
Posteriormente, quando conversava com os discípulos, foi levado ao céu, ainda em seu corpo
humano ressurreto, e dois anjos prometeram que ele voltaria do mesmo modo: “Esse Jesus que
dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11).
“A encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza humana”. Wayne Grudem

IV. O ÚLTIMO TRIUNFO DE DEUS SOBRE O PECADO

A Hamartiologia - a doutrina do pecado define tanto a natureza como as conseqüências do pecado e


descobrimos que a natureza do homem e a criação física foram completamente desfiguradas pelo
pecado.
Também tornou-se claro que mediante a natureza sistêmica que liga Deus à sua criação, nenhum
membro da Trindade ficou isento do sofrimento proveniente do pecado.
Este assunto demonstra a promessa de Deus da sua última vitória sobre o pecado.

À serpente no jardim do Éden, Deus disse: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3:15 RA).
Sabemos que esta promessa do Redentor refere-se a Cristo. Terminando sua carta aos crentes em
Roma, Paulo escreveu: "E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos nossos pés a Satanás. A
graça de nosso Senhor Jesus seja convosco" (Rm 16:20 RA).

O PLANO DE DEUS PARA SALVAR A HUMANIDADE

Desde a eternidade, antes mesmo da criação do mundo, Deus arquitetou a salvação da humanidade.
Percebemos através do nosso estudo dos decretos de Deus que a entrada do pecado no mundo foi
permitida por Deus. Mas também observamos que sua derrota final também foi decretada. Da mesma
forma que a criação do Homem foi um projeto de equipe, na sua recriação vamos ver que todos os
membros da Trindade são ativamente envolvidos.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 11 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

1. A IRA DE DEUS E A PROPICIAÇÃO DO PECADO

INTRODUÇÃO

Em qualquer tratamento da salvação, precisamos entender que o homem é antes um criminoso do que
uma vítima, e é tratado assim por Deus. Como seres humanos, somos responsáveis e
responsabilizados pelo grande estrago que fizemos na criação de Deus. Como inimigos de Deus,
veremos que é inútil falar de salvação por Deus antes que tratemos da violenta ruptura que houve em
nosso relacionamento com Deus.

Começaremos, portanto, com o fato de que Deus não irá de forma alguma ignorar o pecado. Isto não
quer dizer que Deus necessariamente julga o pecado imediatamente. Aliás, como veremos, uma parte
bastante sinistra da ira de Deus é que em alguns casos, Ele, deliberadamente, adia ou esconde seu
julgamento para iludir o pecador perverso: "Lancei-te o laço, ó Babilônia, e foste presa, e não o
soubeste; foste surpreendida e apanhada, porque contra o SENHOR te entremeteste" (Jr 50:24 RA).

Em seguida faremos uma pesquisa bastante necessária acerca da ira de Deus. Não podemos continuar
a esquivar-nos de tão grande realidade como faz a maior parte da igreja contemporânea, pois "A ira
de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela
injustiça" (Rm 1:18 RA). Um conhecimento da ira de Deus será um aliado muito forte em nossa luta
contra o pecado em nossa vida pessoal.

A terceira parte focalizará o aspecto propiciatório do sacrifício de Cristo. Ele desviou a ira de Deus de
nós, tomando-a sobre Si e nos reconciliou com Deus. Veremos como o restabelecimento da amizade
entre o homem e Deus é o vínculo de todo progresso de salvação em nossas vidas. Entenderemos por
que a idéia de que o sacrifício de Cristo era apenas o pagamento dos nossos pecados é tão carente.

Concluiremos esta aula com uma reflexão sobre o texto de Romanos 11:22, onde o apóstolo Paulo
adverte os cristãos em Roma: "Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que
caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte,
também tu serás cortado".

DEUS NÃO IGNORA O PECADO

Se existe uma verdade que precisa ser proclamada em alto e bom som no início deste novo milênio, é
que Deus não ignora o pecado. Há pelo menos três sentidos em que podemos afirmar que Ele não
ignora o pecado:
• Deus não ignora o pecado no sentido de estar alheio à sua existência;
• Deus não ignora o pecado no sentido de passar vista grossa diante da sua presença;
• Deus não ignora o pecado no sentido de permitir que continue sem solução.
Que ninguém pense que consegue esconder seu pecado de Deus!
Quando Israel conquistou Jericó, Acã pecou contra Deus, tomando parte das coisas devotadas à
destruição. Ninguém sabia, mas Deus sabia e removeu a Sua proteção de Israel. Quando Josué
chorava diante de Deus e cobrava uma explicação, Deus falou: "Israel pecou e violaram a minha
aliança, aquilo que lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram e dissimularam. e
até debaixo da sua bagagem o puseram" (Js. 7:11 RA).

Que ninguém pense que Deus passará vista grossa no seu pecado!
No momento em que irrompeu a rebelião de Lúcifer no céu, Deus o expulsou junto com os seus anjos.
Talvez Satanás pensasse seriamente que seria diferente com o casal feito à imagem e semelhança de
Deus. Poderia ter raciocinado que no momento em que Adão e Eva pecaram, Deus daria um jeito para
eles.

Assim, pensou em usar esta inconsistência como alavanca contra Deus e corno artimanha de barganha
Contudo, para a surpresa de Satanás, quando Adão e Eva pecaram foram sumariamente expulsos da
Sua presença. Não apenas assim, mas no momento em que os nossos pecados foram postos em
Jesus, Deus virou as costas para Ele (Mt 27:46).

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 12 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

A Palavra de Deus diz: "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes
contemplar" (Hab 1:13). A nossa esperança de salvação, contudo, surge diante de uma terceira
realidade: Deus não ignora o pecado no sentido de permitir que continue sem solução.

Que ninguém pense que Deus permitiria que o pecado continuasse na Sua criação!
Ele mesmo toma as providências para expurgar o pecado da Sua criação e isso inclui suas criaturas
que renovam aliança com Ele.
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei; porque o pecado é transgressão da lei.
Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele
que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu nem o conheceu.
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele
é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o
principio. Para isco se manifestou o Filho de Deus: “para destruir a obras do diabo" (I Jo 3:4-8).

O PECADO SUSCITA A IRA DE DEUS

Na hamartiologia, a doutrina do pecado, estudaremos mais profundamente a ira de Deus. Precisamos


entrar neste assunto com uma certa profundidade, porque a nossa salvação depende de uma
propiciação ou aplacação da ira de Deus. O maior problema do pecador não é seu pecado, e sim o fato
de que o pecado provoca a ira de Deus contra ele.

O Problema com a Ira de Deus

Depois de uma superênfase sobre a ira de Deus no século passado, presenciamos uma ênfase quase
exclusiva sobre o amor de Deus neste século. O homem moderno encontra severas dificuldades com a
ira de Deus, corno salienta Dr. J. I. Packer no seu livro “O Conhecimento de Deus” (Editora PES):

O hábito moderno na maioria das igrejas é falar pouco sobre este assunto. Aqueles que ainda crêem
na ira de Deus (nem todos o fazem) falam pouco sobre ela, talvez pensem pouco também sobre isso.
Numa época que se tem vendido vergonhosamente aos deuses da ganância, do orgulho, do sexo, e do
egoísmo, a igreja apenas murmura alguma coisa sobre a bondade de Deus, mas não diz virtualmente
nada sobre o seu julgamento. Quantas vezes você ouviu falar a respeito disso no último ano; ou, se
você é um ministro, pregou algum sermão sobre a ira de Deus? Quanto tempo faz que um cristão falou
diretamente sobre este assunto na rádio ou na televisão, ou em pequenos sermões de meia-coluna
que aparecem em alguns jornais ou revistas? (E se alguém o fizesse, quanto tempo levaria para que
fosse pedido a ele que voltasse ao assunto?). O fato é que o assunto da ira divina tornou-se
praticamente um tabu na sociedade moderna, e os cristãos em geral têm aceitado o tabu e se
condicionado a nunca levantar o assunto.

Devido às suas dificuldades com a ira de Deus, o homem moderno tem uma dificuldade
correspondente em entender o porquê da morte de Jesus, e sua absoluta necessidade de aceitá-lO
como Salvador. Ele imagina que de alguma forma Deus vai abonar as suas faltas para com Ele. Nada
poderia estar mais longe da verdade.

Diz a Palavra de Deus "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens
que detêm verdade pela injustiça" (Rm 1:18 RA). Este assunto é mencionado 116 vezes no Antigo e
no Novo Testamentos. No Antigo Testamento, lemos:

“O Senhor é Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de ira; o Senhor toma vingança
contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos. O Senhor é tardio em irar-se,
mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na
tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés”. (Na 1:2-3 RA)

No Novo Testamento lemos em Hebreus 10:31: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo”.

As dificuldades modernas com a ira de Deus infestam até a igreja e teologia cristã.
Teólogos como C. H. Dodd, aparentemente querendo livrar Deus de um escândalo, insistem que o
conceito de um Deus irado é rude, pré-bíblico e pagão. Certamente Dodd não se vê nem um pouco

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 13 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

alinhado com o profeta João Batista, e muito menos com os fariseus e saduceus que sabiam fugir de
diante da ira de Deus (Mt 3:7).

Uma parte da dificuldade que ternos com a idéia da ira de Deus é que transferimos para ela todas as
características da ira humana. Vale a pena lembrar as palavras da epístola de Tiago 1:20: "Porque a
ira do homem não produz a justiça de Deus". Existem diferenças importantes entre a ira de Deus e a
ira do homem, embora o sentimento de cólera seja comum.

As Características da Ira de Deus

Segundo observa o Dr. Packer:

Em primeiro lugar, a ira de Deus na Bíblia é sempre judicial, isto é, ira do Juiz aplicando a justiça. A
crueldade é sempre imoral, mas a pressuposição explícita de tudo que vemos na Bíblia, e no sermão
de Jonathan Edwards (“Pecadores nas mãos de Um Deus irado”) com respeito ao assunto, sobre os
tormentos daqueles que experimentarão a plenitude da ira de Deus, é que cada um recebe
exatamente o que merece.

O "dia da ira", diz Paulo, é também o dia da "revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada
um segundo o seu procedimento" (Rm 2:5-6). O próprio Jesus, que na realidade tinha mais para dizer
sobre este assunto do que qualquer outra figura no Novo Testamento salientou que a recompensa
seria proporcional ao merecimento individual. "Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu
senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites. Aquele,
porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos
acoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia,
muito mais lhe pedirão" (Lc 12:47-48).

Em segundo lugar, a ira de Deus na Bíblia é alguma coisa que os homens escolhem por si mesmos.
Antes de o inferno ser uma experiência imposta por Deus, é um estado pelo qual o homem optou,
afastando-se da luz que Deus faz brilhar em seu coração para levá-lo a Si mesmo. Quando João
escreve "O que não crê (em Jesus) já está julgado (condenado); porquanto não crê no nome do
Unigênito Filho de Deus”, ele continua explicando:"E o julgamento é este, que a luz veio ao mundo e
os homens amaram mais as trevas do que a luz porque as suas obras eram más" (Jo 3:18-19).

É exatamente isso o que João quer dizer: o ato decisivo da condenação sobre os perdidos reside no
juízo auto-imposto pela rejeição da luz que os alcança em Jesus Cristo e por meio dele. Em última
análise, tudo o que Deus faz subseqüentemente, aplicando a ação judicial ao descrente, é com a
finalidade de mostrar-lhe a conseqüência total da escolha que fez e levá-lo a senti-la.

Acrescentamos ainda que a ira de Deus é muito mais que uma cadeia de causa e efeito. Sim, a Bíblia
ensina que colhemos o que semeamos (Gl 6:7), mas este conceito não esvazia a verdade da ira de
Deus. A ira de Deus representa uma ação pessoal na vida do culpado, que ora se revela hoje, ora será
revelado amanhã, no dia da ira (Rm 2:5).

Surpreendentemente, a ira de Deus nem sempre se manifesta em castigo direto. Ao contrário, pode
manifestar-se através do abandono. Em Romanos 1:24, nós lemos que "Por isso, Deus entregou tais
homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração para desonrarem o seu corpo entre
si". Neste sentido de abandono, é importante observar que existe certa reciprocidade. De um lado o
homem abandona a Deus, e fica à sua própria sorte. Notem bem que em primeiro lugar Adão e Eva
esconderam-se da presença de Deus para depois serem expulsos da Sua presença.

Um incidente na vida do profeta Balaão serve de excelente ilustração da operação da ira de Deus.
Deus o proibiu de acompanhar os mensageiros do rei Balaque, que oferecia galardão para amaldiçoar
o povo de Israel. Balaão não foi, mas queria ir. Mais tarde outros mensageiros voltaram para melhorar
a oferta. Em vez de mandá-los embora, o profeta voltou-se para Deus para ver se Deus o permitiria ir
e ganhar o prêmio oferecido. Para sua e minha surpresa, Deus permitiu. No entanto, diz a palavra de
Deus: "Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por
adversário" (Nm 22:22).

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 14 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Uma parte terrível da ira de Deus é Ele nos abandonar aos nossos pecados. Semelhante situação se vê
no caso do filho pródigo, que quer sua herança, quer sua liberdade, e consegue. Mas a que preço? O
preço da ira do pai que o abandona aos seus pecados. Imaginem como foram profundas as chagas do
pecado naquele moço antes de ele voltar ao convívio do seu Pai!

Judas, escrevendo acerca do juízo de Deus sobre o pecado, disse:

“Ora, quero lembrar-vos, se bem que já de uma vez para sempre soubestes tudo isto, que, havendo o
Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram; aos anjos que
não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em
prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades
circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas
como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno" (Jd 1:5-7 RA).

A história bíblica está tão cheia de exemplos do juízo de Deus que Ignoramos isso para nosso próprio
risco. Infelizmente é justamente o que muitos, inclusive cristãos, estão fazendo hoje. Vale a pena
ressaltarmos as palavras de Paulo aos Romanos: "Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente,
acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a
cada um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando fazer o bem, procuram
glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e
obedecem à injustiça" (Rm 2:5-8 RA).

A Propiciação aplaca a Ira de Deus

Talvez entendamos agora o suficiente acerca da ira de Deus para reconhecermos a importância da
doutrina da propiciação. Infelizmente, na teologia moderna, o conceito de propiciação tem sido diluído
para algo menor, passando a ser conhecido como expiação. Enquanto a expiação trata de cobrir ou
compensar o pecado ou a ofensa, a propiciação acrescenta a esta idéia o reparo do relacionamento da
intimidade entre o homem e um Deus irado.

Imagine que um amigo seu de repente furta a sua carteira ou bolsa e depois de ter gastado todo o seu
dinheiro fica arrependido. Mais tarde, ele decide devolver o objeto inclusive repondo o dinheiro
roubado. Como é que fica o seu relacionamento? Ele fez expiação pelo pecado (pagou o pecado como
fez Judas com as 30 moedas de prata). Ele pergunta "Tudo bem?" e você diz "Não! Não está tudo
bem!" Porque não? Porque ainda não foi reparado o seu relacionamento. Lembre-se que expiação é
fazer uma restituição que paga o preço do pecado; propiciação reconhece a necessidade de reparar o
relacionamento transtornado.
Daniel B. Pecota tenta reduzir as tensões teológicas quando diz: “Todos os léxicos demonstram que
kipper e hilaskomai significam” "propiciar" e "expiar". A diferença está na interpretação de seu
significado nas matérias bíblicas que tratam da expiação. Se aceitarmos o que a Bíblia diz a respeito
da ira de Deus, uma solução possível se apresenta.

As palavras têm uma referência vertical e uma horizontal. Quando o contexto focaliza a expiação em
relação a Deus, falam da propiciação. Mas significa expiação quando o enfoque recai em nós e nosso
pecado. Não escolhemos "ou/ou", mas "tanto/quanto". O contexto histórico e literário determina o
significado apropriado.

No entanto, Pecota admite que “Nem todos ficarão satisfeitos com essa solução tão simples.
Recomendo que não abra mão do conceito associado à propiciação: isto é, que um simples pagamento
do pecado nunca é suficiente para restaurar um relacionamento quebrado. O preço precisa ser pago,
mas até que a ira seja descarregada, o relacionamento nunca será reconstituído. Em famílias
disfuncionais este fato é ignorado e relacionamentos ficam superficiais porque todos sabem que há
muitas dores não sanadas debaixo da superfície das conversas amigáveis”.

2. BOAS NOVAS

As boas novas do Evangelho são que "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação" (II Co 5:19
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 15 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

RA). "Deus fez de Cristo a propiciação para nossos pecados" (Rm 3:25). O apóstolo João escreveu:
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou
o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I Jo 4:10).

Caiu sobre Jesus a ira de Deus e, portanto, se aceitarmos a Ele desviar-se-á a ira de Deus de nós. No
entanto, se desprezarmos o sacrifício de Cristo, nada poderá nos salvar no dia do juízo.
"De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho
de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora,
nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor
julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10:29-31).

3. A BONDADE E A SEVERIDADE DE DEUS

Tudo que temos ouvido hoje nos impulsiona na direção de Romanos 11:22 "Considerai, pois, a
bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade
de Deus, se nela permaneceis, doutra sorte, também tu serás cortado".

O mal teológico que vivemos é uma polarização doentia entre bondade e a severidade de Deus.
Enquanto gerações passadas têm focalizado a severidade de Deus, a nossa geração apenas acredita
naquilo que J. L Packer chama de uma teologia de Papai Noel. "... o pecado não traz problema algum e
o sacrifício torna-se desnecessário; a generosidade de Deus se estende tanto aos que desobedecem às
suas ordens quanto aos que as cumprem".

Exemplos da bondade e da severidade de Deus aparecem através da Bíblia inteira. Deus julga Adão e
Eva no jardim do Éden, mas veste a sua nudez com peles de animais. O que ninguém deixa de
perceber é que a salvação de um implicou a morte de outro. Quando o pecado se alastrou no mundo,
Noé é advertido para construir uma arca. Quando chega o dia do juízo, quem está na arca se salva,
quem está fora se perde. Uma vez que Deus fechou a porta não se abre nunca mais. Jesus salvou um
criminoso arrependido no momento em que morria na cruz, mas o outro, não arrependido, foi
condenado.

E disse-lhes: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado
será salvo; quem, porém, não crer será condenado" (Mc 16:15-16 RA).

"Pois Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não
crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (Jo 3:16-18 RA).

Packer diz que "O principio que Paulo está aplicando aqui é que por trás de toda a manifestação da
bondade divina encontra-se uma ameaça de severidade no julgamento se essa bondade for
desprezada. Se não deixarmos que ela nos conduza a Deus com gratidão e amor, seremos os únicos
culpados quando Deus se voltar contra nós”.

Aprendemos que:

Em qualquer tratamento da salvação precisamos entender que o homem é antes um criminoso do que
uma vítima e é tratado assim por Deus. Como seres humanos, somos responsáveis e responsabilizados
pelo grande estrago que fizemos na criação de Deus. Como inimigos de Deus, veremos que é inútil
falar de salvação por Deus antes que tratemos da violenta ruptura que houve em nosso
relacionamento com Deus.

Observamos que Deus não irá de forma alguma ignorar o pecado. Isto não quer dizer que Deus
necessariamente julga o pecado imediatamente. Aliás, percebemos que uma parte bastante sinistra da
ira de Deus é que em alguns casos Ele deliberadamente adia ou esconde seu julgamento para que o
pecador perverso iluda-se a si mesmo!

Depois, fizemos uma pesquisa bastante necessária acerca da ira de Deus. Notemos que, apesar da
maior parte da igreja contemporânea ignorar o fato, “A ira de Deus se revela contra toda impiedade e
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 16 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1:18 RA). Aprendemos que um
conhecimento da ira de Deus é um aliado muito forte em nossa luta contra o pecado em nossa vida
pessoal.

Tudo isso levou-nos a um entendimento do aspecto propiciatório do sacrifício de Cristo. Ele desviou a
ira de Deus de nós, tomando-a sobre Si e nos reconciliou com Deus. Aprendemos que o
restabelecimento de amizade entre o homem e Deus é o vínculo de todo progresso de salvação em
nossas vidas, e que qualquer idéia que limita o sacrifício de Cristo a apenas o pagamento dos nossos
pecados é muito superficial.

Concluímos com uma reflexão sobre o texto de Romanos 11:22, onde o apóstolo Paulo adverte os
cristãos em Roma: "Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus; para com os que caíram,
severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu
serás cortado".

Vamos andar com cuidado diante do nosso Deus, e produzir frutos dignos de arrependimento, pois
conforme está registrado em Mateus 3:10, "Já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore,
pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 17 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

2. A DIVINDADE DE JESUS CRISTO


Precisamos declarar não só que ele era plenamente humano, mas também plenamente divino.
Embora a palavra não ocorra de maneira explícita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo
encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana.
A encarnação foi o ato pelo qual Deus Filho assumiu a natureza humana. A comprovação bíblica da
divindade de Cristo é bem ampla no Novo Testamento. Vamos examiná-la sob várias categorias.

A. Provada pelos Nomes atribuídos à Ele


1. Deus (theos) - (Is 9:6; Hb 1:8; Jo 1:1, 18; 20:28; Rm 9:5; I Tm 3:16; Tt 2:13; Hb 1:3, 8; I Jo
5:20; Ap 4:8)

Apesar de a palavra theos, “Deus”, ser em geral reservada no Novo Testamento para Deus Pai, há
algumas passagens em que é também empregada em referência a Jesus Cristo. Em todos esses
trechos, a palavra “Deus” é empregada com um sentido denso em referência àquele que é Criador do
céu e da terra, o governante de tudo.

2. Senhor (kyrios) - (Mt 12:8; 22:43-45; Lc 6:46; Jo 20:28; I Pe 3:15)

Às vezes a palavra Senhor (gr. kyrios) é empregada simplesmente como tratamento respeitoso
dispensado a um superior (veja Mt 13.27; 21.30; 27.63; Jo 4.11). Às vezes pode simplesmente
significar “patrão” de um servo ou escravo (Mt 6.24; 21.40). Ainda assim, a mesma palavra é também
empregada na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento, de uso comum na época de
Cristo), como uma tradução do hebraico YHWH, “Javé”, ou (conforme traduzido com freqüência) “o
Senhor” ou “Jeová”.

3. Filho de Deus (Mt 16:16; 26:61-64a; Lc 22:67-71; Jo 1:34)


4. Emanuel (Is 7:14; Mt 1:23)
5. Rei dos reis a Senhor dos Senhores (Ap 19:16).

B. Provada por Suas reinvidicações de divindade (Jo 8:57-58; Mt 5:17; 11:10; 13:14;
21:42; 26:5, 56; Mc 13:26; Lc 4:20-21; 22:37; 24:27, 44; Jo 5:39, 46; 15:25)
Quando Jesus disse a seus opositores judeus que Abraão vira seu dia (o dia de Cristo), eles o
contestaram: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” (Jo 8.57).

Aqui uma resposta suficiente para provar a eternidade de Jesus teria sido: “Antes que Abraão fosse, eu
era”. Mas não foi isso que Jesus disse. Antes, ele fez uma declaração muito mais estarrecedora: “Em
verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou (ego eimi)” (Jo 8.58).

C. Provada a partir dos Escritores do Antigo Testamento: O Messias Prometido

1. A Deidade do Messias (Gn 3:15; 4:1); Sl 45:6-7; 110:1; Is 7:14; 9:6; 40:3-4, 9-11; 53:12; Jr
23:5-6; Dn 7:13; Os 1:7; Mq 5:2; Zc 12:10; 13:7 (cf., Jo 10:30, Fl 2:6); 14:3-4, 9; Ml3:1)

2. A Identidade do Messias (O Ofício Messiânico de Jesus)


a. As credenciais/requerimentos do Messias
Seu Lugar de Nascimento (Mq 5:2 - Mt 2:1)
Observe também: Nazareth - Mt 2:23; e Egito - Os 11:1 - Mt 2:15
b. A maneira de Seu Nascimento (Is 7:14 - Mt 1:18)
c. O Tempo de Seu Ofício (Daniel 9:24) = 33 d.C.
d. Sua Ancestralidade (Gn 12:2-3 (Abraão); II Sm 7:12-16 (Davi) - Mateus 1:1)
e. Sua Recepção (Jr 31:15; Mt 2:16; Is 53:3; Jo 1:11)

f. Seu Ministério
1) Precedido por um Precursor (Is 40:3; Mq 3:1; Jo 1:23)
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 18 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

2) Realização de Milagres (Is 35:5-6; Jo 20:30-31)


3) Discursos em Parábolas (Sl 78:2; Mt 13:3)
4) Entrada repentina no Templo (Ml 3:1;Mt 21:12)
5) Entrada em Jerusalém sobre um jumentinho (Zc 9:9; Jo 12:12)
g. Sua traição por um amigo (Sl 41:9; Mt 10:4 (c.f. Zc 11:12; Mt 26:15; Zc 11:13; Mt 27:5, 7)
h. Seu Abandono
1) Pelos Seus Discípulos (Zc 13:7; Mc 14:50)
2) Por Deus (Sl 22:1; Mt 27:46)
i. Seus Falsos acusadores (Sl 35:11; Mt 26:59-60)
j. Seu Silêncio diante dos seus acusadores (Is 53:7; Mt 27:12)
k. Seus Sofrimentos (Is 53:4; Mt 8:17; Is 50:6; Mt 26:67; Sl 22:7-8; Mt 27:31; Sl 22:16; Lc
23:33; Jo 20:25; Sl 22:18; Jo 19:23-24; Sl 34:20; Jo 19:33; Is 53:12; Mt 27:38)
l. Sua Morte (Is 53:8; Dn 9:26; Zc 12:10; Sl 39:20; Jo 19)
m. Sua Ressurreição (Sl 16:10; At 2:31)
n. Sua Ascensão (Sl 68:18; At 1:9)

D. Provada pela Divindade atribuída a Ele pelos escritores do NT (Mt 1:1; 16:16;
Gl 4:4; Fp 2:6, 11; Cl 1:15, 19; 2:9; I Tm 3:16; Jd 25)

- Como O Entenderam:
1. Seus Inimigos
Mc 2:1-12; 14:61-64; Jo 5:16-18; 8:59; 10:30
2. Seus Amigos
Mt 16:16; Jo 20:28
- Como Lhe responderam:
1. Seus Inimigos: Ira e Ressentimento
2. Seus Amigos: Adoração

E. Provada por Seus Atributos de Divindade

Além das afirmações específicas da divindade de Jesus vistas nas muitas passagens citadas acima,
vemos muitos exemplos de atos na vida de Jesus que indicam seu caráter divino.
1. Onipotência (Mt 8.26-27; Mt 14.19; Jo 2.1-11)
2. Onisciência (Jo 1:48; 28:18;Mt 12:25; Mc 2:8; Jo 21:17; Cl 2:3)
3. Onipresença (Mt 18:20; Jo 1:44-49)
4. Vida (Jo 1:4; 5:26)
5. Verdade (Jo 14:6)
6. Imutabilidade (Hb 13:8)
7. Eternidade (Is 9:6; Mq.5:2; Jo 8:58; Cl 1:17; Hb 1:7-8; 7:24-25; Ap 1:8; 4:8)
8. Perfeição (Jo 8:46)

F. Provada por Suas Obras

1. Criação (Is 42:5; Jo 1:3, 43; Ef 3:9; Cl 1:16).


2. Sustentação ou Preservação (Cl 1:17; Hb 1:3).
3. Perdão de pecados (Lc 7:48).
4. Ressurreição dos mortos (Jo 5:25; I Co 15:22).
5. Julgamento (Jo 5:27).
6. Envio do Espírito Santo (Jo 15:26).

G. Provada pela Adoração Oferecida a Ele

1. Por anjos (Hb 1:6).


2. Por homens (Mt 14:33; 16:16; 21:15; 28:9, 17; Mt 14:33; Jo 20:28; Jd 24-25).
3. Por todos (Fp 2:10).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 19 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

4. Pela oração dirigida à Ele (At 7:59)

H. Provada por Igualdade na Trindade

1. Com o Pai (Jo 14:23; 10:30).


2. Com o Pai e o Espírito (Mt 28:19; 2 Co 13:13).

I. Provada por Seu comportamento

1. Ele aceitou e encorajou adoração (Mt 4:10; Mt 14:33; 16:16; 21:15-16; 28:9, 17; Mc 14:3-9; Jo
5:23; 20:28)
2. Ele concedeu perdão e salvação (Is 43:25; Mc 2:1-12; Lc 7:47-50; Jo 10:9; 14:6)

J. Provada pela evidência a partir da Interpretação do AT e NT

Sl 68:18; Ef 4:7-8
Sl 97:7; Hb 1:6
Sl 102:12, 25-27; Hb 1:10-12
Is 6:1, 3; Jo 12:41
Is 8:13; I Pe 3:15
Is 40:3, Ml 3:1; Mt 3:3., Lc 3:4
Is 41:4 & 44:6;Ap 1:8, 17, 2:8
Is 45:21-25; Fl 2:10-11
Jl 2:32; Rm 10:13
Zc 12:10; Ap 1:7

V. SUA VIDA TERRENA


A. Sua Preparação

1. Nascimento.
2. Infância, pré-adolescência e crescimento até a maturidade.
3. Batismo.
4. Tentação.

B. Sua Pregação

1. Ministério inicial na Judéia (Jo 2:13 - 4:3).


2. Ministério na Galiléia (Mc.1:14 - 9:50).
3. Ministério da Peréia (Lc 9:51 - 19:28).

C. Sua Paixão

1. A última semana em Jerusalém (Lc 19:28-44). Na multidão não se encontra a Voz de Deus: no
domingo = Entrada Triunfal = Rei; na 6ª.feira = crucificado como criminoso!
2. Traição e prisão (Jo 18:2-13).
3. Julgamento perante Anás (Jo 18:12-24).
4. Julgamento perante Caifás (Mc 14:53-15:1).
5. Julgamento perante Pilatos (Mc 15:1-5).
6. Julgamento perante Herodes (Lc 23:8-12).
7. Segundo julgamento perante Pilatos (Mc 15:6-15).
8. Crucificação (Lc 23:26-49).
9. Sepultamento (Lc 23:50-56).
10. Ressurreição (Lc 24:1-12).

D. Seu Ministério Pós-Ressurreição a Sua Ascensão.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 20 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

VI. A KENOSIS
A. Significado. Lit., esvaziamento. Em outras palavras, quais foram as limitações do Cristo encarnado
sobre a Terra?

B. Texto. Fil 2:7, "a si mesmo se esvaziou".


Partindo desse texto, alguns teólogos da Alemanha (a partir de 1860-1880), e da Inglaterra (a partir
de 1890-1910) passaram a defender uma idéia de encarnação que jamais fora defendida na história da
igreja. Essa nova idéia foi chamada “teoria da kenosis”, e a posição geral representada por ela foi
chamada “teologia kenótica”.

C. A Verdadeira Doutrina da Kenosis envolve:


1. O encobrimento de Sua glória pré-encarnada.
2. Sua condescendência em assumir a semelhança de carne pecaminosa durante a encarnação.
3. O não-uso voluntário de alguns de Seus atributos durante Sua vida terrena.

D. Teoria Falsa da Kenosis.


Cristo abriu mão (perdeu) de certos atributos durante Sua vida terrena. Se isso tivesse acontecido, Ele
teria deixado de ser Deus durante aquele período.

VII. SUA MORTE

A. Seu Destaque.
1. No A.T. Sua Morte é como que um fio escarlate percorrendo a história, como o próprio Cristo
demonstrou (Lc 24:27, 44).
2. No N.T. ela é mencionada pelo menos 175 vezes.
3. É o propósito máximo da encarnação de Cristo (Mt 20:28; Hb 2:14).
4. É o coração do próprio evangelho (1 Co 15:1-3).

B. Sua Descrição.
1. Um resgate. A morte de Cristo pagou o preço da penalidade pelo pecado (Mt 20:28; 1 Tm 2:6).
2. Uma reconciliação. A posição do mundo em relação a Deus foi modificada pela morte de Cristo,
de tal modo que todos os homens agora podem ser salvos (2 Co 5:18-19).
3. Uma propiciação. A justiça de Deus foi satisfeita com a morte de Cristo (1 Jo 2:2).
4. Uma substituição. Cristo morreu no lugar dos pecadores (2 Co 5:21).
5. Uma prova do amor de Deus (Rm 5:8).

C. Falsas teorias sobre Sua Morte.


Quase todas as falsas teorias sobre a morte de Cristo podem ser classificadas em três categorias:
1. Teoria do exemplo ou da influência moral.
O único propósito da morte de Cristo foi exercer uma influência positiva sobre o homem.
2. Governamental.
O governo de Deus sobre o universo exigia que Ele fizesse da morte de Cristo um exemplo do Seu ódio
ao pecado.
3. Teoria neo-ortodoxa.
A morte de Cristo foi uma revelação do amor de Deus e da pecaminosidade do homem, mas não uma
substituição pelo pecado do homem.
4. Resgate a Satanás, que afirma que o resgate efetuado pela morte de Cristo foi efetivamente pago
a Satanás.
VIII. SUA RESSURREIÇÃO

A. O Fato da Ressurreição.
1. O túmulo vazio (Jo 20:1-9; Lc 24:1-12)
2. As aparições (Jo 21:1, Jo 21:14; Jo 20:19 c/ as portas fechadas; Jo 20:13)
a. À Maria Madalena (Jo 20:11-17).
b. Às outras mulheres (Mt 28:9-10).
c. A Pedro (1 Co 15:5).
d. Aos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:13-35).
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 21 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

e. Aos dez discípulos (Lc 24:36-43).


f. Aos onze discípulos (Jo 20:26-29).
g. A sete discípulos junto ao mar da Galiléia (Jo 21:1-23).
h. A mais de 500 pessoas de uma só vez (1 Co 15:6).
i. Aos onze em Sua ascensão (Mt 28:16-20).
j. A Paulo (1 Co 15:8).
3. A existência da Igreja.
4. A mudança operada nos discípulos.
5. O dia de Pentecostes.
6. A mudança do dia de culto para o domingo.

B. A Natureza de Seu Corpo Ressurreto.


1. Era um corpo real (Jo 20:20).
2. Foi identificado com aquele que fora colocado no túmulo (Jo 20:25-29).
3. Foi transformado de modo a nunca mais ser sujeito à morte e a limitações (Rm 6:9).

C. O Significado da Ressurreição.
1. Para Cristo.
a. Provou que Ele era o Filho de Deus (Rm 1:4).
b. Confirmou a verdade de tudo que Ele dissera. (Mt 28:6).
2. Para todos os homens.
a. Torna certa a ressurreição de todos (1 Co 15:20-22).
b. Garante a certeza do juízo vindouro (At 17:31).

3. Para os crentes.
a. Dá certeza de aceitação perante Deus (Rm 4:25).
b. Supre poder para o serviço cristão (Ef 1:19-22).
c. Garante a ressurreição do crente (2 Co 4:14).
d. Designa Cristo como Cabeça da Igreja (Ef 1:19-22).
e. Garante-nos um Sumo Sacerdote misericordioso no céu (Hb 4:14-16).

IX. SUA ASCENSÃO

A. Características (At 1:9-11).

B. Significado.
1. Fim do período de limitação a que Cristo Se sujeitou.
2. Exaltação (Ef 1:20-23).
3. Precursor (Hb 6:20).
4. Início de Seu ministério sumo sacerdote (Hb 4:14-16).
5. Preparação de um lugar para Seu povo (Jo 14:2).
6. Senhorio sobre a Igreja (Cl 1:18).

X. SEU MINISTÉRIO ATUAL

O atual ministério de Cristo no céu é todo relacionado, direta ou indiretamente, à Sua função de
mediador, e é revelado por sete ilustrações:

1. O Último Adão e a Nova Criação (1 Co 15:45; 2 Co 5:17).


Significado: Cristo como o Doador da vida.

2. Cristo, o Cabeça e a Igreja, Seu Corpo:


Significado: direção, sustento, concessão de dons espirituais.

3. Pastor de Ovelhas (Jo 10).


Significado: direção e cuidado.

4. Videira e Ramos (Jo 15).


Significado: produção de fruto espiritual.
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 22 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

5. Pedra Angular e Pedras do Edifício (1 Co 3:11; 1 Pe 2:4-8).


Significado: vida, segurança.

6 Sumo Sacerdote e Sacerdócio Real (1 Pe 2:5-9).


Significado: sacrifício e intercessão.

7. Noivo e Noiva (Ef 5:25-27).


Significado: prontidão.

"Passagens Problemas" sobre a Deidade de Cristo

A. Pv 8:22 “O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos
mais antigos”

Esse versículo não deve ser interpretado como referência direta a Cristo, como se Ele tivesse um
princípio, o que não tem sustentação bíblica.
Na realidade apresenta o papel da sabedoria na criação. A sabedoria é personificada, da mesma forma
que em 1.20-33; 3.15-18; 9.1-12.
Não deixam, porém, de fornecer parte dos antecedentes históricos para o retrato que o NT pinta de
Cristo como Palavra divina (Jo 1.1-3), e como uma personificação do atributo de sabedoria de Deus
(1Co 1.24,30; Cl 2.3).
Além do mais, não declara que a sabedoria teve um princípio (“possuída” é a tradução acurada do
hebraico qanah), mas que ela estava com Deus desde o princípio, como os versos seguintes deixam
claro. Esta passagem meramente declara numa forma poética que a sabedoria sempre teve uma parte
na natureza de Deus.

B. Jo 5:19 “Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si
mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz,
o Filho o faz igualmente.

É entendido que neste verso Jesus está corrigindo o “mal-entendido” daqueles que pensavam que Ele
estava reivindicando a deidade (v. 18). Na realidade, Jesus está aqui estabelecendo a mesma coisa!
Que Ele não podia “fazer nada de Si mesmo” significa que Ele nunca agiria contra a vontade do Pai.

Ele está expressando Sua proximidade e unidade com o Pai (cf., v. 20). Os versos seguintes deixam
claro que Jesus reivindicou fazer o que o Pai faz. Eles agiam juntamente em perfeita unidade. Jesus
está re-enfatizando (e não negando) a acusação deles de que Ele reivindicou a deidade.

C. Jo 10:35-36 “Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a
Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao
mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus?”.

A. T. Robertson declarou que um homem sem senso de humor não saberia como ler esta passagem.
Nela Jesus está sob ataque por causa de Sua reivindicação da deidade (cf, vv. 30). Em resposta aos
Seus inimigos, Jesus apela para o Salmo 82:6 que se refere aos homens (juízes e governantes,
homens que a este respeito agem no lugar de Deus) como “deuses”.

Se as Escrituras chamam esses homens (juízes e governantes) de “deuses”, que agem representando
Deus, quanto mais Aquele (o Filho de Deus) a quem o Pai enviou! (Jo 10:36).

O ponto altamente inteligente de Jesus é simplesmente que se até mesmo as Escrituras podem usar
tal linguagem dos homens, então eles certamente não poderiam atacá-lO por Sua reivindicação de ser
“o Filho de Deus” (v. 36). Certamente, Sua reivindicação implica mais do que o texto que Ele citou (vv.
37-38), e isto explica o contínuo esforço para matá- lO. (v. 39).

D. Jo 14:28 “Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-
íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.”

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 23 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Esta é meramente uma declaração da subordinação de Jesus à vontade do Pai.

E. I Co 11:3 “Quero porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a
cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo.”

Esta é também uma mera declaração da posição de subordinação à vontade de Deus, não de uma
inferioridade de natureza, ou essência.

F. I Co 15:28 “E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio
Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja
tudo em todos”.

Esta é novamente uma declaração da subordinação de Jesus à vontade do Pai, nada mais.

G. Fl 2:7 ("kenosis”) “mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se


semelhante aos homens”

A declaração aqui de que Cristo Jesus “esvaziou-se a Si mesmo” (Versão Rei Tiago ou KJV, “fez a Si
mesmo de nenhuma reputação”), não indica de nenhum modo que na Sua encarnação Jesus se tornou
menor ou que não possuía a plenitude da divindade.

Ele não se esvaziou a Si mesmo de Sua deidade, mas meramente “esvaziou-se a Si mesmo”, que deve
ser como uma declaração dramática de Sua maravilhosa condescendência em assumir a humanidade
(cf., vv. 5-11).

H. Cl 1:15 “o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”

A referência a Jesus como o “primogênito” é uma declaração de Sua posição com referência a toda
criação (como este e os versos seguintes explicam). Ele tem a soberania sobre tudo em razão do fato
de que Ele criou e sustenta todas as coisas, e todas elas são dEle.

I. Ap 3:14 “Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o princípio da criação de Deus.”

A tradução aqui não deveria ser que Jesus é “o princípio da criação de Deus”, mas que Ele é Aquele
que por Si só a começou! Ele é o criador de toda a criação (cf. as palavras de João em João 1:3).

CONCLUSÃO:

As passagens bíblicas que são alegadas contradizer a divindade de Jesus Cristo, quando consideradas
em seu contexto e à luz de todo o registro relatado na Escritura, parecem antes estabelecer, e não
contradizer, a Deidade de Jesus.

Cristo é plenamente divino.


O Novo Testamento, em centenas de versículos explícitos que chamam Jesus de “Deus” e “Senhor” e
empregam alguns outros títulos de divindade em referência a ele, e em muitas passagens que lhe
atribuem ações ou palavras aplicáveis somente ao próprio Deus, declara repetidas vezes a divindade
plena e absoluta de Jesus Cristo. “Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.19) e
“nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9).
Seria a doutrina da encarnação “compreensível” hoje?
Ao longo de toda a história levantam-se objeções ao ensino neotestamentário da plena divindade de
Cristo. Um ataque recente a essa doutrina merece menção aqui por ter criado grande controvérsia,
pois os que contribuíram para o texto eram todos líderes eclesiásticos de renome na Inglaterra. O livro
era chamado The Mith of God Incarnate [o mito do Deus encarnado], editado por John Hick (London:
SCM, 1977). O título apresenta a tese do livro: a idéia de que Jesus era “Deus encarnado” ou “Deus
vindo em carne” é um “mito” — uma história que talvez se adequasse à fé das gerações anteriores,
mas que não merece crédito hoje.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 24 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Por que é necessária a divindade de Jesus?


Listamos anteriormente alguns motivos pelos quais era necessário que Jesus fosse plenamente
humano para obter nossa redenção. Aqui cabe reconhecer que é também crucialmente importante
insistir na plena divindade de Cristo, não só porque ela é ensinada de maneira clara nas Escrituras,
mas também porque:
(1) só alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a pena de todos os pecados de
todos os que cressem nele — qualquer criatura finita não seria capaz de arcar com tal pena;
(2) “a salvação vem do Senhor” (Jn 2:9), e toda a mensagem das Escrituras é moldada para
mostrar que nenhum ser humano, nenhuma criatura, jamais conseguiria salvar o homem —
só Deus mesmo poderia; e
(3) só alguém que fosse verdadeira e plenamente Deus poderia ser o mediador entre Deus e
homem (1 Tm 2:5), tanto para nos levar de volta a Deus como também para revelar Deus de
maneira mais completa a nós (Jo 14:9).
Assim, se Jesus não é plenamente Deus, não temos salvação e, por fim, nenhum cristianismo. Não é
por acaso que ao longo da história os grupos que abandonaram a crença na plena divindade de Cristo
não têm permanecido muito tempo na fé cristã, desviando-se logo para um tipo de religião
representada pelo unitarismo nos Estados Unidos e em outros lugares. “Todo aquele que ultrapassa a
doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto
o Pai como o Filho” (2 Jo 9).

As 3 Doutrinas Essenciais do Cristianismo em relação à Divindade de Cristo

1. Jesus é Deus em carne


(Jo 8:58 com Êx 3:14). Veja também Jo 1:1,14; 8:24; 10:30-33.

A. 1 Jo 4:2-3: "Nisto reconhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que
Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não
procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual
tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo."

B. Os versos acima precisam ser cruzados com Jo 1:1,14, onde ele afirma que o Verbo era
Deus e que o Verbo se tornou carne.

C. 1 Jo 4:2-3 está dizendo que se você nega que Jesus é Deus em carne então você tem o
espírito do anticristo.

D. Jo 8:24: "Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se não
crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados."

Jesus diz aqui que se não crermos que "EU SOU" você morrerá nos seus pecados. Em
grego, "Eu Sou" é 'ego eimi', que significa 'eu sou.' Estas são as mesmas palavras usadas
em Jo 8:58 onde Jesus diz "... antes que Abraão existisse, Eu Sou." Ele atribuiu a si o título
divino usado em Êx 3:14 da Septuaginta (Antigo Testamento hebraico traduzido para o
grego.)

E. Jesus é o próprio objeto da fé.

A. Não é suficiente apenas ter fé. A fé é válida somente se colocada em alguma


coisa. Você deve colocar a sua fé no objeto apropriado. As seitas têm falsos
objetos de fé; portanto, sua fé é inútil, não interessa quanto sejam sinceras.

B. Pode-se ter uma grande fé, mas só isso não pode salvar você. Ela deve ser
colocada na pessoa certa, Jesus.

F. A Divindade de Cristo inclui:

A. A Trindade - Há um Deus que existe em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito


Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 25 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Santo. Eles são co-iguais, co-eternos e da mesma natureza (homoousios).

B. Monoteísmo - Existe um único Deus e nunca existiu outro (Is 43:10; 44:6,8;
45:5). Os Mórmons acreditam que existem muitos deuses que servem e adoram
somente um. Portanto, eles são politeístas, o que os exclui do campo do
Cristianismo.

G. União Hipostática - Jesus é tanto Deus como homem.

A. A suficiência do sacrifício de Cristo - o sacrifício de Cristo é completamente


suficiente para pagar pelos pecados do mundo.

B. Como Deus - Jesus deve ser Deus para poder oferecer um sacrifício de valor
superior ao de um simples homem. Ele teve de morrer pelos pecados do mundo
(I Jo 2:2). Somente Deus poderia fazer isso.

C. Como homem - Jesus deveria ser homem para poder ser um sacrifício pelo
homem. Como homem Ele pode ser o mediador entre Deus e o homem (I Tm.
2:5).

2. Salvação pela graça


A. "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé; e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8-9, NVI).

B. "De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes"
(Gl 5:4).

A. Este versículo e seu contexto ensinam claramente que se você crê que será salvo
pela fé e pelas suas obras, então você não será salvo. Isto é um erro comum nas
seitas. Porque eles têm um falso Jesus, eles têm uma falsa doutrina da salvação.
(Leia Rm 3-5 e Gl 3-5).

B. Você não pode acrescentar nada ao trabalho de Deus. Gálatas 2:21 diz: "Não
anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu em vão!"
(NVI).

C. "Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei,
pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado" (Rm 3:20,
NVI).

A. "Todavia, ao homem que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio,
sua fé lhe é creditada como justiça" (Rm 4:5, NVI).

B. "Então, a lei opõe-se às promessas de Deus? De modo nenhum! Pois, se tivesse


sido dada uma lei que pudesse conceder vida, certamente a justiça viria da lei"
(Gl 3:21, NVI).

3. A Ressurreição de Cristo
A. "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a nossa fé" (1 Co 15:14). "E,
se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" (1
Co 5:17).

B. Ignorar a ressurreição física de Jesus é anular a Sua obra, Seu sacrifício e a nossa
ressurreição.

C. Estes versículos afirmam claramente que se alguém afirmar que Cristo não ressuscitou
da morte (no mesmo corpo em que Ele morreu -- Jo 2:19-21), então sua fé é inútil.

Gl 1:8-9 afirma: "Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 26 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um
evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado" (NVI).

Estes texto de Gálatas estabelece a necessidade de crer na mensagem do Evangelho que, na sua
integridade, diz que Jesus é Deus em carne, que Ele morreu pelos nossos pecados, ressuscitou da
morte e dá graciosamente a vida eterna àqueles que crêem.

1 Co 15:1-4 define o que é o evangelho: "Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o
qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, se se
apegarem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que
primeiramente recebi, também lhes transmiti: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." (NVI).

Nestes versículos está a essência do evangelho: Cristo é Deus em carne (Jo 1:1,14; Cl 2:9); Salvação
é recebida pela fé (Jo 1:12; Rm 10:9-10), mediante a graça; e a ressurreição é mencionada no
versículo 4. Por conseguinte, esta mensagem evangélica inclui as doutrinas essenciais.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 27 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

A DUPLA NATUREZA DE JESUS CRISTO


A mensagem da Bíblia é clara: Jesus Cristo é um ser composto, tendo duas naturezas: uma humana,
a outra divina. Isto não quer dizer que ele é 50% humano e 50% divino. Ele é 100% humano e 100%
divino.

“Permanecendo o que era, tornou-se o que não era.” Wayne Grudem

Em outras palavras, enquanto Jesus “permanecia” o que era (ou seja, plenamente divino), ele
também se tornou o que não fora antes (ou seja, também plenamente humano).

Jesus não deixou nada de sua divindade quando se tornou homem, mas assumiu a humanidade que
antes não lhe pertencia. Na encarnação percebemos a coabitação harmoniosa das duas naturezas em
uma só pessoa – Jesus Cristo.

Na encarnação o segundo membro da trindade se fez pleno participante da natureza humana.


Contudo, a encarnação não insinua que Deus Filho foi transmudado em homem quando se encarnou,
pois continuou sendo Deus. Também a encarnação não ensina que o homem Jesus foi transformado
em Deus, porque continuou sendo humano.

A encarnação é um dos grandes mistérios da teologia! Exploraremos um aspecto deste mistério – a


convivência das duas naturezas de Cristo: a humana e a divina.

"Evidentemente, grande a o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado
em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória"
(Tm 3:16 ).

A EXISTÊNCIA DE DUAS NATUREZAS


Como questão de ortodoxia, não podemos deixar de insistir na existência de duas naturezas em Jesus
Cristo. Historicamente, sua verdadeira humanidade era a parte mais difícil para a Igreja aceitar.
Parecia impossível que Deus iria se rebaixar o suficiente para contaminar-se com a fragilidade da
nossa carne. Como observamos na aula anterior, hoje em dia o clima mudou. Ninguém duvida da
autenticidade da sua humanidade, mas muitos negam a sua verdadeira deidade.

Na apostila da Doutrina de Deus, frisamos uma parte do testemunho das Escrituras acerca da sua
deidade. Em vez de apegar-se a alguns textos particulares, é preferível observar sete categorias de
evidências que corroboram esta verdade:

1 - Indícios de igualdade com o Pai e o Espírito Santo.

Jesus exercia as prerrogativas divinas, como perdoar os pecados: E os escribas e fariseus


arrazoavam, dizendo: "Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?"
(Lc 5:21).

2 - A qualidade diferente da vida de Jesus; nunca ter cometido pecado.

Era necessário que seus inimigos mentissem acerca dele para conseguir a sua condenação à morte.
“Quem dentre vós me convence de pecado. Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?" (Jo
8:46).

3 - Os sinais e maravilhas que Jesus operou - João destaca que estes foram registrados "para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo
20:31).

4 - O testemunho pessoal de Jesus - ele reivindicou deidade. Por exemplo, Jesus afirmava: "Eu e o Pai
somos um" (Jo 10:30).

5 - O testemunho dos inimigos de Jesus - os judeus queriam matá-lo porque entendiam que ele

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 28 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

afirmava igualdade com Deus. "Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não
somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus"
(Jo 5:18).

6 - O testemunho dos apóstolos - eles afirmavam sua deidade. "E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo
1:14).

7 - O testemunho da história - Nunca em toda a história humana houve alguém igual a Jesus.
"Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem" (Jo 7:46).

A EXIGÊNCIA DE DUAS NATUREZAS


Enquanto uma parte da teologia esforça-se para reunir os dados concretos acerca de qualquer
assunto, uma outra parte levanta perguntas acerca do significado destes dados. Por exemplo, no dia
de pentecostes a multidão percebia o estranho acontecimento da glossolalia (falar em línguas), mas
isso não lhe era suficiente: "Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto
dizer?” (At 2:12). Eles precisavam saber o que significava tudo aquilo.

Mesmo sabendo que não há margem de dúvida acerca da dupla identidade de Jesus Cristo,
precisamos avançar para saber por que era necessária a encarnação. Por que nosso Salvador
precisava de duas naturezas para efetivar a nossa redenção?

Sua Humanidade: Uma Garantia de Legítima Representatividade

Mediante o milagre de Seu nascimento de uma virgem, evitou-se a transmissão de uma natureza
pecaminosa a Jesus. Ele nasceu livre do pecado, dotado de uma natureza semelhante à de Adão. Sua
vida humana de integral obediência comoveu o coração de Deus e resultou na mais alta premiação
possível.

Além de manifestar seu prazer mediante milagres, prodígios e sinais (At 2:22), por três vezes o Pai
testificou publicamente que Jesus era Seu amado Filho. Da obediência de Jesus surge a plausibilidade
da remoção da ira de Deus de todos aqueles que O seguem. Não somente assim, mas serviu de
reparar o nosso relacionamento com Deus, que foi mortalmente ferido pela rebelião de Adão.

Anteriormente fizemos um estudo acerca de Jesus Cristo como o segundo e último Adão. Sem uma
autêntica natureza humana, Jesus Cristo jamais poderia ter sido um legítimo representante da
humanidade. Esta doutrina é tão importante que se tornou um dos testes primitivos de ortodoxia:
"Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de
Deus" (I Jo 4:2).

Sua Deidade: Uma Garantia de Eterna Confiabilidade

A necessidade da encarnação tem sido alvo de bastante reflexão durante a História. Entre as várias
explicações, destacamos as seguintes:

• Em primeiro lugar, a encarnação atravessou o grande abismo que separava o homem de Deus. Pela
encarnação Deus se desvenda aos homens.

• Em segundo lugar, mediante a encarnação, Deus garante a exclusividade de seus direitos sobre os
remidos. Sua salvação depende exclusivamente de Deus e a humanidade não está em dívida com
mais ninguém.

• Em terceiro lugar, sugere-se que a encarnação era necessária para viabilizar um sacrifício
suficientemente adequado para pagar todos os pecados do mundo. Nada menos que a morte do Filho
de Deus satisfaria a justiça divina.

• Em quarto lugar, percebe-se que o amor de Deus o constrangeu a vir em nosso socorro. Como
resgatador, não podia ficar longe de nós.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 29 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

• Em quinto lugar, observa-se que a encarnação resultou em uma empatia total entre Deus e Suas
criaturas. Deus sentiu na pele o que era ser gente!

• Finalmente, podemos dizer que principal entre as qualidades oriundas da sua deidade é o fato que
garante que a autoridade de Cristo e seu excelente ministério nunca terão fim.

A INTEGRIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO


O assunto da integridade das duas naturezas de Cristo ressalta a união harmoniosa que existe entre
ambas. Jesus Cristo é uma unidade, portanto, é em vão que procuramos dicotomizar seus
pensamentos, palavras ou práticas. Todos eles são oriundos da mesma pessoa teantrópica.

A PERMANÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS


A permanência das duas naturezas de Cristo é um aspecto importante da integridade de sua pessoa.
Algumas pessoas evangélicas pensam que a encarnação do segundo membro da Trindade durou
apenas durante a estada de Jesus aqui na terra. A plena verdade é que houve uma união perpétua
das duas naturezas e elas nunca jamais serão separadas. Portanto, Jesus Cristo é permanentemente
divino, e permanentemente humano.

A CONVIVÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS


O fato de que Cristo teve duas naturezas distintas levanta questões acerca da convivência delas. Será
que Sua humanidade contaminou a Sua deidade? Será que Sua deidade transformou a Sua
humanidade? É possível dizer que em dado momento Cristo agia como ser humano enquanto em
outro como Deus? Cristo teve mais que uma vontade? Mais que uma personalidade? Com certeza há
mais perguntas do que podemos tratar aqui.

O que podemos afirmar é que em sete referências bíblicas acerca da união das duas naturezas não
existe evidência de qualquer comprometimento entre elas: tanto a humana como a divina mantêm
suas características essenciais. Obviamente, as duas naturezas uniram-se harmoniosamente em uma
só pessoa, Jesus Cristo, sem criar conflitos existenciais.

Teorias Reprovadas de Convivência


Listamos abaixo quatro teorias erradas acerca da convivência das duas naturezas de Cristo:

- uma união temporária

- uma união imperfeita ou ilusória

- uma co-existência sem união

- uma confusão (mistura) das duas naturezas, o que resultava em uma terceira – nem divina, nem
humana.

Todas estas sugestões foram reprovadas pela Igreja nos primeiros séculos.

A Teoria Aprovada de Convivência

A Igreja aprovou a integridade das duas naturezas de Cristo, dizendo que quando o Verbo se fez
carne as naturezas divina e humana foram unidas, verdadeiramente, perfeitamente, eram indivisíveis
e livres de mistura.

A AUTORIDADE DE CRISTO
A autoridade de Cristo está intimamente ligada à questão de Seu ministério. No Antigo Testamento
havia três autoridades que exerciam liderança sobre o povo de Deus: o profeta, o sacerdote, e o rei.
Estas autoridades foram ungidas com óleo, simbolizando a realidade maior da unção do Espírito

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 30 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Santo. Mas a grande esperança da nação de Israel era a vinda do Messias, aquele que havia de ser O
Ungido do Senhor por excelência, O Servo do Senhor.

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus
sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42:1 RA).

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos”.(Lc 4:18 RA).

Foi o reformador João Calvino quem primeiramente articulou a idéia de que Cristo (o Messias) reúne
em si mesmo toda a plenitude de autoridade, e cumpre o tríplice ministério divino de Profeta, Sumo
Sacerdote e Rei. Desde então esta idéia tornou-se o paradigma do tratamento do ministério de Cristo.

Recentemente (1995) John E. Johnson sugeriu que os mesmos ministérios serviriam como excelente
paradigma para solucionar a crise contemporânea de identidade pastoral.

O Profeta Prometido

Talvez você se lembre de uma pergunta-chave que os fariseus fizeram a João Batista: "És tu o
profeta?" (Jo 1:21). Os judeus esperavam a chegada de um profeta especial. João disse que não era
ele, mas que profeta era este a quem os fariseus procuravam? Era aquele que Moisés profetizara que
havia de vir:

”O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele
ouvirás. “(Dt 18:15 ).

Esse profeta, semelhante a Moisés, era Jesus. Diferente de qualquer outro profeta, Jesus fez questão
de alinhar-se com Moisés, dizendo "foi dito". Ao mesmo tempo destacou-se dele dizendo: "porém eu
vos digo". Depois do milagre da multiplicação dos pães o povo falou "Este é, verdadeiramente, O
profeta que devia vir ao mundo" (Jo 6:14). Depois de ter ouvido o discurso de Jesus na festa dos
Tabernáculos, mais uma vez o povo disse: "Este é verdadeiramente O profeta" (Jo 7:40). Jesus tinha
convicção pessoal de sua autoridade e ministérios proféticos, porque falando da sua morte disse: "não
se espera que um profeta morra fora de Jerusalém" (Lc 13:33).

Características Pessoais do Profeta de Deus

O profeta de Deus precisava ser um homem de convicções e coragem. Não poderia negociar a
verdade, por mais impopular que fosse. Muitas vezes Moisés se via sozinho com Deus, mas segurou a
verdade a todo custo. Os inimigos de Jesus perceberam essa qualidade nEle:

"Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade,
sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens" (Mt 22:16).

O profeta tinha que ter grande cuidado para não ultrapassar aquilo que Deus havia revelado. Moisés
fazia questão de buscar a direção de Deus. Semelhantemente, Jesus disse: "Quando levantardes o
Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo: mas falo como o Pai
me ensinou. E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que
lhe agrada" (Jo 8:28-29).

Função do Profeta: Porta-voz

Sabemos que a função principal do profeta era ser o porta-voz de Deus. Por isso precisava conhecer a
Deus e falar a língua do povo a quem era enviado. Lembre-se da reclamação inicial de Moisés que não
era eloqüente (Ex 4:10). Como concessão, Deus permitiu que fosse assessorado por seu irmão Aarão,
que seria para ele seu profeta (Ex 7:1).

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 31 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

"Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas
palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar" (Dt 18:18).

Quanto a Jesus, a multidão exclamou: "Jamais alguém falou como este homem" (Jo 7:46).

- Revelar, Abençoar e Amaldiçoar

No seu ministério de porta-voz de Deus, o profeta revelava o passado, o presente e o porvir. Não se
limitava a apenas revelar os acontecimentos, mas, sim, o veredicto de Deus em cima destes fatos. O
profeta tanto comunicava bênção como maldição.

Detectamos precisamente estas qualidades em Jesus. Ele revelou o passado da mulher samaritana, o
presente de Natanael, e o futuro de Pedro. Jesus tanto comunicava bênção (as bem-aventuranças)
como comunicava maldição (os “ais”).

Deus cobrava respeito e obediência a Seus profetas, dizendo: "De todo aquele que não ouvir as
minhas palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei contas" (Dt 18:19). Não era diferente
no caso de Jesus. Ele disse:

“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho
proferido, essa o julgará no último dia.” (Jo 12:47-48).

Era necessário que as palavras do profeta se cumprissem para testificar da sua veracidade. Jesus
disse (e a história confirma): "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Lc
21:33).

O Sumo Sacerdote Prometido

“O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de


Melquisedeque" (Sl 110:4 RA).

A segunda autoridade dentro de Israel era o sumo sacerdote. Sua existência e ministério era
conseqüência da inauguração do ministério profético. Uma vez que Deus estabeleceu Moisés como
profeta, fez com que este estabelecesse Aarão como sumo sacerdote (Ex 28:1). A lição é bastante
clara: enquanto o profeta era incumbido de revelar a vontade de Deus, o sacerdote intercedia por seu
povo, especialmente quando aquele não conseguia viver à altura da revelação divina. O apóstolo João
escreveu:

"Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos
Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (I Jo 2:1).

Notemos que a revelação da vontade de Deus vem com o intuito de nos afastar do pecado. No
entanto, Deus fez provisão para nossos pecados no sentido de apontar um intercessor ou advogado
para nós: Jesus Cristo, o Justo!

- Características e Funções do Sacerdote

O sacerdote havia de ser um membro do povo de Deus e escolhido por Deus. Sua função era
essencialmente aquela de mediador. Assim Paulo escreve para Timóteo, dizendo:

"Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (I Tm


2:5 RA).

Voltado para Deus, ele intercedia pelas necessidades do povo, oferecendo sacrifícios por seus
pecados. Voltado para o povo de Deus, ele os abençoava com toda sorte de bênçãos:

"O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia
de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz" (Nm 6:24-26 RA).

- Natureza do Sacerdócio de Cristo

A carta aos hebreus é o estudo por excelência do ministério sacerdotal em geral e o sacerdócio de

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 32 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Jesus em particular. Descobrimos que Ele era sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não
segundo a ordem levítica. Há várias teorias acerca da identidade desse sacerdote que aparece de
repente no Antigo Testamento. Muitos entendem que é uma manifestação pré-encarnada do Filho de
Deus. Diferente da ordem sacerdotal dos levitas, o sacerdócio de Melquisedeque é um sacerdócio
eterno. Quatro vezes o autor da carta aos hebreus afirma que Jesus Cristo é sacerdote segundo a
ordem de Melquisedeque. Esta diferença é importante por dois motivos:

Supera a barreira natural que teria excluído Jesus do sacerdócio. Jesus era da tribo de Judá e não
teria direito a participar do sacerdócio levítico (Hb 7:13-14).

Supera a barreira temporal: a fraqueza do sumo sacerdócio levítico foi a mortalidade de seus
membros. Jesus Cristo, no entanto, é sumo sacerdote eterno baseado na sua vida eterna (Hb 7:17).

Detalhes mais completos do sacerdócio de Jesus são destacados no trecho de Hebreus 4:14-5:6:

"Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus,
conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Porque todo sumo
sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor
dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados, e é capaz de condoer-se dos
ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas e, por esta razão,
deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo. Ninguém, pois, toma esta
honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Assim, também
Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe
disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 4:14-5:6)

Ele é o Sacerdote Sem igual --- O Grande Sumo Sacerdote

Ele é o Sacerdote Celestial ----- Penetrou nos céus, em vez do santíssimo lugar

Ele é o Sacerdote Fraternal ---- Escolhido dentre os nossos, portanto perfeitamente apercebido de
nossas fraquezas

Ele é o Sacerdote Impecável --- Tentado em todos os pontos, como nós, mas sem pecado

Ele é o Sacerdote Oficial -------- Foi escolhido por Deus, portanto plenamente aceitável a Deus

Ele é o Sacerdote Serviçal ------ Vive para servir, oferecendo dons e sacrifício para nós

A beleza do ministério sacerdotal de Jesus é que ele é eterno: "Por isso também pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7:25 RA).

O Rei Prometido

“Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o derreto do SENHOR Ele
me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei” (Sl 2:6-7 RA)”.

- A Polêmica do Rei

De todas as autoridades em Israel, a mais polêmica era o rei. De um lado Deus fez provisão para a
monarquia em Israel, do outro lado a monarquia representou uma rejeição ao governo de Deus.

"Quando entrares na terra que te dá o Senhor, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres:
Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações que se acham em redor de mim,
estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o Senhor, teu Deus, escolher; homem
estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás sobre ti, e sim um dentre eles" (Dt

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 33 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

17:14-15 RA).

"Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe.
Então, Samuel orou ao Senhor. Disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te
diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele" (I Sm 8:6-7 RA).

Conciliamos estas perspectivas diferentes entendendo que Deus havia planos para pôr um rei sobre o
Seu povo, mas que esta iniciativa deveria ter vindo dEle. O povo antecipou a vontade de Deus e o
único candidato disponível era Saul. Mesmo com um coração mudado, ele era um grande prejuízo
para o povo de Deus. Contudo, ao seu sucessor, Davi, (homem com coração semelhante a Deus) o
Senhor fez a promessa de um eterno reino: "Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para
sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre" (II Sm 7:16 RA).

- A Polêmica de Cristo Como Rei

Como descendente de Davi, Cristo veio para assumir Seu devido lugar. O salmo 2 esclarece que o rei
de Deus seria também o Filho de Deus.

"Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do Senhor: Ele
me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei" (Sl 2:6-7 RA).

No entanto, o mesmo salmo 2 prepara-nos para a polêmica do seu reinado. "Os reis da terra se
levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido" (Sl 2:2 RA). Enquanto os
magos do Oriente reconheceram-nO, Herodes o Grande buscou matá-lO. Enquanto o povo O
proclamava rei ao entrar em Jerusalém, a liderança de Israel planejava sua morte.

O governador romano, Pilatos, ficou confuso:

"Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus
servos se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino
não é daqui" (Jo 18:33, 36 RA).

Jesus não dava nenhuma evidência da sua autoridade. Ele queria a Cruz!

Pilatos não foi o único a perceber a aparente contradição. Diante de uma contínua rejeição do governo
de Cristo neste mundo, os teólogos também tiveram suas dificuldades. Mesmo querendo tanto afirmar
a monarquia de Jesus como ignorar as óbvias contradições. A solução que encontraram foi de dividir o
conceito do reinado de Cristo em duas partes e em duas etapas.

Desde a Sua Ressurreição Cristo reina na Igreja; aparecendo aos Seus discípulos após a ressurreição,
Jesus disse:

"Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:18-19 RA).

Mediante esta proclamação, Jesus comunica a Seus discípulos que as coisas mudaram. Antes um
Servo, agora o Senhor de toda a terra. Vencido o imperador das trevas, agora era a hora do César de
Roma tremer! O primeiro decreto do Rei dos Reis é que seus servos notifiquem todos os reinos do
mundo do Seu senhorio e convidem seus cidadãos a prestarem homenagem voluntária.

- O Reino de Deus e a Igreja

Ao falarmos de Cristo como rei, somos obrigados a pensar acerca de seu reino, ou seja, o reino de
Deus. Seguindo a opinião de George Eldon Ladd, refletimos acerca do relacionamento existente entre
a Igreja e o Reino:

A Igreja não é o Reino, porque este é maior que a Igreja. A Igreja é fruto do Reino de Deus, sendo
criada por Ele. A Igreja testifica do Reino de Deus.

A igreja é a Agencia do Reino de Deus. A Igreja conserva o Reino de Deus por sua obediência.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 34 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

O Catecismo Maior de 1647 diz que “Cristo executa o oficio de um rei convidando para fora do mundo
um povo para Si mesmo, e dando-lhes oficiais, leis e censuras, mediante os quais Ele os governa
visivelmente, mediante o derramamento de graça salvadora sobre os seus eleitos, galardoando sua
obediência, e corrigindo-os por seus pecados, preservando e apoiando-os debaixo de todas as suas
tentações e sofrimentos, restringindo e vencendo todos os seus inimigos, e poderosamente ordenando
todas as coisas para Sua própria glória, e seu bem; e também executando vingança sobre o resto,
que não conhece a Deus, e não obedece ao Evangelho.''

- A Partir da Sua Segunda Vinda, Regerá o Mundo Plenamente

Acerca disso a Bíblia é bastante clara: "Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas"
(Hb 2:8). Também Cristo está sentado à destra de Deus esperando "até que os seus inimigos sejam
postos por estrado dos seus pés" (Hb 10:13).

O reino de Cristo não será uma realidade total até a hora da Sua segunda vinda. Mas este dia virá! No
Apocalipse o apóstolo João recordou a sua maravilhosa visão da vinda do Grande Conquistador:

"Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja
com justiça. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome
escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu
nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos
brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para
com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do
vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI
DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES" (Ap 19:11-16).

Virá o dia da manifestação do seu reinado. Até então, a Igreja trabalha e Cristo espera sua hora para
agir. Deus tem estabelecido o dia em que há de julgar "vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo
seu reino" (At 17:31; II Tm 4:1).

A Superioridade de Cristo

Concluímos nosso estudo acerca da autoridade de Jesus Cristo enfatizando a sua superioridade sobre
todas as demais autoridades, quer celestiais, infernais ou terrestres.

"Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima de todo nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:9-11).

AGRUPAMENTO DE TEXTOS BÍBLICOS SOBRE A DIVINDADE E A HUMANIDADE DE CRISTO

Quando examinamos o Novo Testamento, conforme fizemos acima nas seções sobre a humanidade e a
divindade de Jesus, há algumas passagens que parecem difíceis de encaixar:

Como Jesus podia ser onipotente e ainda assim fraco? Como podia deixar o mundo e ainda estar
presente em todos os lugares? Como podia aprender coisas e ainda ser onisciente?

a. Uma natureza faz algumas coisas que a outra não faz

Teólogos evangélicos de gerações anteriores não hesitaram em fazer distinção entre coisas feitas pela
natureza humana de Cristo, mas não pela natureza divina, ou pela natureza divina, mas não pela
humana. Parece que temos de fazer isso se quisermos reafirmar a declaração de Calcedônia de que “é
preservada a propriedade de cada natureza”. Mas poucos teólogos recentes dispõem-se a fazer tal
distinção, talvez por causa de uma hesitação em afirmar algo que não conseguimos compreender.

b. Tudo o que uma das naturezas faz, a pessoa de Cristo faz

Mencionamos uma série de coisas feitas por uma natureza, mas não pela outra na pessoa de Cristo.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 35 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Agora precisamos afirmar que tudo o que diz respeito à natureza humana ou divina de Cristo diz
respeito à pessoa de Cristo. Assim Jesus pode dizer: “antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58).
Ele não diz: “Antes que Abraão existisse, minha natureza humana existia”, porque ele é livre para falar
de qualquer coisa feita só por sua natureza divina ou só por sua natureza humana como algo feito por
Ele.

c. Títulos que nos lembram de uma natureza podem ser empregados em referência à
pessoa, mesmo quando a ação é realizada pela outra natureza.

Os autores do Novo Testamento às vezes empregam títulos que nos lembram ou da natureza humana
ou da natureza divina para falar da pessoa de Cristo, ainda que a ação mencionada possa ter sido
realizada apenas pela outra natureza e não pela que pareça estar implicada no título. Por exemplo,
Paulo diz que se os governantes deste mundo tivessem compreendido a sabedoria de Deus, “jamais
teriam crucificado o Senhor da glória” (1Co 2.8).

d. Uma breve frase de resumo.

Às vezes, no estudo da teologia sistemática, a seguinte frase tem sido empregada para resumir a
encarnação: “Permanecendo o que era, tornou-se o que não era”. Em outras palavras, enquanto Jesus
“permanecia” o que era (ou seja, plenamente divino), ele também se tornou o que não fora antes (ou
seja, também plenamente humano). Jesus não deixou nada de sua divindade quando se tornou
homem, mas assumiu a humanidade que antes não lhe pertencia.

e. A “comunicação” de atributos

Depois de decidirmos que Jesus era plenamente homem e plenamente Deus, e que sua natureza
humana permaneceu plenamente humana e sua natureza divina permaneceu plenamente divina,
podemos ainda perguntar se algumas qualidades ou capacidades foram dadas (ou “comunicadas”) de
uma natureza a outra. Parece que a resposta é sim.

(1) Da natureza divina para a natureza humana

Ainda que a natureza humana de Jesus não tenha mudado em seu caráter essencial, porque ela foi
unida à natureza divina na pessoa única de Cristo, a natureza humana de Jesus obteve (a) dignidade
para ser cultuada e (b) incapacidade de pecar, elementos que não pertencem, de outra maneira, aos
seres humanos.

(2) Da natureza humana para a natureza divina

A natureza humana de Jesus lhe deu (a) a capacidade de experimentar o sofrimento e a morte; (b) a
capacidade de ser nosso sacrifício substitutivo, o que Jesus, só como Deus, não poderia ter feito.

Ao final desta longa discussão sobre a dupla natureza de Cristo, pode-nos ser fácil perder de vista o
que de fato é ensinado nas Escrituras. Trata-se, de longe, do milagre mais maravilhoso de toda a
Bíblia — muito mais maravilhoso que a ressurreição e até que a criação do universo. O fato de o Filho
de Deus, infinito, onipresente e eterno tornar-se homem e unir-se para sempre a uma natureza
humana, de modo que o Deus infinito se tornasse uma só pessoa com o homem finito, permanecerá
pela eternidade como o mais profundo milagre e o mais profundo mistério de todo o universo.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 36 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

3. A EXPIAÇÃO
A “doutrina da expiação” é uma matéria que alguns têm inserido na doutrina da salvação, mas dada a
situação em que muitas igreja vivenciam, esquecendo-se da cruz e do Calvário, e pontos
indispensáveis e centrais da redenção da humanidade, um estudo sobre a doutrina da expiação, ainda
que suscinto e breve, dada sua a relevância, entendemos oportuno apresentar este sucinto apêndice a
respeito desta importante doutrina.

“Expiação é a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação.” Wayne
Grudem

A expiação é a reconciliação entre Deus e o homem mediante o pagamento do preço exigido pela
justiça divina.

A palavra “expiação” é tradução que se faz da palavra hebraica “kāphar”, cujo significado é
“cobertura”, palavra que, na Septuaginta, é traduzida pelo grego “exilasmos” (εξιλασµος).

ASPECTOS TEOLÓGICOS DA EXPIAÇÃO


Causa: O amor e a justiça de Deus (Jo 3.16; Rm 3.25).

Necessidade: A expiação não era absolutamente necessária, mas, como “conseqüência” da decisão
divina de salvar alguns seres humanos, a expiação tornou-se absolutamente necessária. (2Pe 2.4; Mt
26.39; Lc 24.25-26; Rm 3.26; Hb 2.17).

Natureza: Jesus obedeceu ao Pai em nosso lugar e cumpriu de maneira perfeita as exigências da lei.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPIAÇÃO
1) A obediência de Cristo a Deus por nós, definida como “Obediência ativa”.

Cristo tinha de viver uma vida de perfeita obediência a Deus a fim de que pudesse obter a justiça por
nós. Ele tinha de obedecer à lei ao longo de toda a sua vida, por nós, de modo que os méritos de sua
perfeita obediência fossem contados em nosso favor. (Fp 3.9; 1Co 1.30; Rm 5.19; Mt 3.15)

2) Os sofrimentos de Cristo por nós, definida como “Obediência passiva”

Além de obedecer à lei de modo perfeito por toda a sua vida em nosso favor, Cristo tomou também
sobre si mesmo os sofrimentos necessários para pagar a penalidade pelos nossos pecados.

O SOFRIMENTO DE CRISTO
Ele sofreu por nós:

1) O sofrimento por toda a vida

2) A dor da cruz

3) A dor física da morte

4) A dor de carregar o pecado

5) O abandono

6) A dor de suportar a ira de Deus

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 37 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

A OBRA DE CRISTO

CONCEITOS GERAIS DA OBRA DE CRISTO


Ainda que a natureza humana de Jesus não tenha mudado em seu caráter essencial, porque ela foi
unida à natureza divina na pessoa única de Cristo, a natureza humana de Jesus obteve:

1 - Incapacidade de pecar.

2 - Dignidade para ser cultuada.

A natureza humana de Cristo forneceu para Sua natureza divina a capacidade de experimentar o
sofrimento e a morte.

A natureza humana de Jesus deu-lhe a capacidade de ser nosso sacrifício substitutivo.

Essencialmente a obra de Cristo é reconciliar-nos com Deus, como disse o apóstolo Paulo aos
coríntios:

"Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação" (II Co 5:19 RA).

Este estudo proporciona uma visão panorâmica acerca da obra reconciliadora de Cristo, que
chamamos de soteriologia: a doutrina de salvação.

Do Antigo Testamento aprendemos que é predominante a idéia de uma salvação física de algum
perigo. Assim: "Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam
e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa" (Hb 11:7).

Do Novo Testamento aprendemos que a salvação é essencialmente espiritual, e consta do livramento


do poder e do castigo dos nossos pecados. Assim, acerca do filho de Maria, José foi instruído: "porás o
nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt 1:21). Contudo, a salvação
física continua nitidamente no Novo Testamento, mas assimila o conceito de ressurreição. Assim,
Cristo não escapa da morte, mas sai do túmulo no terceiro dia como o grande Invicto:

"estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do
inferno" (Ap 1:18).

Paulo proclama Cristo como primícias da ressurreição e assim demonstra que a morte já foi tragada
em vitória: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra
do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”.(I Co 15:58 RA).

BREVES RESUMOS DA OBRA DE CRISTO

Seis aspectos da obra de Cristo são retratados em um só versículo da Palavra de Deus:

“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado
em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, nulo no mundo, recebido na glória" (I
Tm 3:16).

Manifestado na carne quer dizer que Deus foi visto na forma humana de Jesus. "e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo I:14).

Justificado em espírito significa que o ministério de Jesus foi desempenhado no poder do Espírito
Santo. Ele foi concebido pelo poder do Espírito, cheio do Espírito, guiado pelo Espírito, ungido pelo
Espírito, ofereceu-se como sacrifício a Deus Pai pelo Espírito e pelo mesmo Espírito foi ressurreto de
entre os mortos, e outorgou Seu Espírito à Igreja.

Contemplado por anjos destaca que sua vida humana foi objeto de grande interesse e maravilha
dos anjos. Suas poucas aparências nos Evangelhos são apenas simbólicas da intensa perscrutação e
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 38 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

acompanhamento de todos os aspectos da Sua vida. Basta lembrar as doze legiões de anjos que
estavam ao seu dispor no momento da Sua traição (Mt 26:53).

Pregado entre os gentios desvia a atenção da manifestação étnica (judaica) de Emanuel para
contemplarmos sua relevância inter-racial.

Disse Jesus: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28:19).

Crido no mundo realça o saldo positivo da pregação internacional do Evangelho de Cristo. Depois de
contemplar o contingente judaico dos remidos o apóstolo João disse: "Depois destas coisas, vi, e eis
grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé
diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos" (Ap
7:9).

Recebido na glória salienta o desfecho vitorioso da peregrinação de Deus Filho neste mundo
tenebroso: "a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que
também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que
Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:8-11).

SETE POSIÇÕES DO MINISTÉRIO DE CRISTO


Uma outra maneira de sintetizarmos a obra de Cristo é refletir sobre as sete posições de Seu
ministério. Nelas percebemos Cristo:

Pré-encarnado: Sua obra como Criador e Sustentador do Universo

Encarnado: Sua obra de revelar a Deus

Crucificado: Sua obra de reconciliar o homem com Deus

Ressuscitado: Sua obra de destruir o reino de Satanás

Glorificado: Sua obra mediadora

Voltado ao mundo: Sua obra restauradora

Coroado: Sua obra dominadora

A OBRA DE CRISTO SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO


A fé cristã é um ponto central na questão da morte de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo escreveu: "Antes
de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras" (I Co 15:3 RA). Um dos benefícios do estudo teológico é que providencia uma
oportunidade para o estudante refletir sobre diversos aspectos da obra de Cristo associados à Sua
morte.

- Sua Paixão e Morte é Pré-ordenada e Necessária

A morte de Jesus não foi um acidente, muito menos uma tragédia, ela foi uma estratégia divina. No
Novo Testamento Sua morte é vista como sendo a razão da sua encarnação. Em João 12:27, Jesus
disse: "Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas
precisamente com este propósito vim para esta hora". Quando Ele sofre, é "segundo as Escrituras" (I
Co 15:3-4; Lc 18.31). Depois da Sua ressurreição Ele reclamou com Seus discípulos porque eles
haviam esquecido este fato:

"Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés,
discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 39 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Escrituras" (Lc 24:25-27 RA).

- Sua Morte é Apresentada em Termos Sacrificiais

O Simbolismo da Páscoa

Jesus fez questão de usar a celebração da páscoa como pano de fundo da Sua morte. "E disse-lhes:
Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo
que nunca mais a comerei, até que se cumpra no reino de Deus" (Lc 22:15-16 RA.). Paulo escreve
para coríntios e diz: "Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (I Co 5:7 RA).

Necessitamos explorar este fato em profundidade em nossa busca da verdadeira natureza da


salvação.

O Simbolismo do Pacto

Além de utilizar o simbolismo didático da páscoa, Jesus fez questão de salientar o simbolismo do
pacto. "Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós" (Lc 22:20 RA).
Jesus está fazendo uma nova aliança com os membros da nova Israel. E de suma importância
teológica perceber que a experiência do ser humano debaixo do Novo ' Testamento começa a partir
da morte e ressurreição de Jesus. Por incrível que pareça, Jesus Cristo viveu dentro dos confins do
Antigo Testamento. A partir do livro de Atos é que percebemos os plenos efeitos do novo pacto.

O Simbolismo do Véu Rasgado

A morte sacrificial de Jesus estabelece livre acesso à presença de Deus por parte de Seu povo: "E
Jesus, clamando outra vez com grande voz entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou
em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; abriram-se os sepulcros, e
muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram" (Mt 27:50-52 RA). Antigamente era apenas o
sumo sacerdote que entrava por trás do véu e mesmo assim apenas uma vez por ano e com o sangue
do sacrifício. Na Carta aos Hebreus, descobrimos quão grande foi a eficácia do sacrifício de Cristo. Ele
entra por trás do véu celestial e entra na presença de Deus, não apenas como nosso sumo sacerdote,
mas como nosso precursor! Em outras palavras - Ele destrancou a porta do céu e havemos de
adentrar lá também, "além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado
sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 6:19-20 RA).

Sua Morte é Entendida em Sentido Vicário

- Sua identificação com os Pecadores

Jesus fez questão de identificar-se com os pecadores. Desde o recebimento do batismo de João à Sua
visita à casa de Zaqueu, Ele ficou sendo conhecido como "amigo de publicanos e pecadores!" (Mt
11:19 RA).

- Sua Substituição do Pecador

Sua substituição do pecador já foi vista na terminologia do novo pacto, mas também é vista na
profecia inadvertente de Caifás, quando diz: "nem considerais que vos convém que morra um só
homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação?" (Jo 11:50 RA). João salienta que Caifás
era o sumo sacerdote naquele ano, o que implica estava ele escolhendo o cordeiro pascal.

- Sua Punição como Pecador

A identificação de Cristo com o pecador é especialmente evidente na Sua morte. Paulo escreveu:
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está
escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro" (Gl 3:13 RA). Uma vez crucificado Jesus
Sua identificação com os pecadores completou-se ao experimentar o inacreditável “abandono” de
Deus Pai. Do fundo da Sua alma, Ele agonizou: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"
(Mc 15:34 RA).

- Sua Morte é Redentora


Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 40 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Redenção no Antigo Testamento

No Antigo Testamento o termo foi livremente aplicado à libertação de prisioneiros de guerra ou de


escravos. Em certos casos específicos, poderia escapar da morte mediante o pagamento de um
resgate (Ex 21:30).

Redenção no Novo Testamento

Jesus disse que "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos"
(Mc 10:45 RA). Ele pagou o preço da nossa libertação e assim "Quando ele subiu às alturas, levou
cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens" (Ef 4:8 RA).

Sua Morte E Um Triunfo Sobre o Diabo e os Poderes Maléficos

- O Reino de Deus

Desde o início de Seu ministério é óbvio que existe uma confrontação direta entre o Filho de Deus e
Satanás; entre o reino de Deus e o domínio do Diabo. Desde o momento em que Jesus aparece
pregando o reino de Deus, o poder do diabo está sendo disperso e derrotado.

Alarmados, os demônios gritam ao ver a Sua chegada: "Que temos nós contigo, ó Filho de Deus!
Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?" (Mt 8:29 RA). Disputando com os judeus acerca da Sua
identidade messiânica, Jesus diz: "Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus,
certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós" (Lc 11:20 RA).

- Sofrimento Vitorioso

Uma das grandes mentiras do Diabo é que o sofrimento produz apostasia. Foi assim que desafiou
Deus a permitir tocar na vida de Jó: "Então, Satanás respondeu ao Senhor: Pele por pele, e tudo
quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e
verás se não blasfema contra ti na tua face" (Jó 2:4-5 RA). Como qualquer ser humano saudável,
Jesus queria desviar-se do sofrimento e da morte desnecessária. No entanto, depois de ter toda
certeza de que fazia parte da vontade perfeita do Pai, Ele bebeu por completo do cálice amargo. Disse
o profeta Isaias: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is
53:5 RA).

- A Ressurreição

A ressurreição é a grande, visível, e notória vitória de Cristo sobre o Diabo e os poderes maléficos. Tal
vitória tinha sido profetizada com tamanha certeza que Jesus censurou os discípulos por sua falta de
fé: "São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o
que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia
de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia" (Lc 24:42-46 RA).

Sua Morte é Universal em Escopo

Terminamos nossa consideração da obra e morte de Jesus afirmam sua extensão e validade universal.
Deus amou o mundo e enviou Seu Filho para que ninguém pereça. Jesus Cristo, investido com toda
autoridade, envia Seus discípulos para pregar o Evangelho a toda criatura. Deus não quer que alguém
pereça!

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16 RA).

"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo" (Mt 28:19 RA).

"Não retarda o Senhor sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é
longânime para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 41 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

arrependimento" (II Pe 3:9 RA).

OS EFEITOS DA OBRA DE CRISTO

A Situação do Homem A Obra de Cristo

Estamos escravizados ao pecado e ao reino de Satanás. Sacrifício

Merecemos morrer como castigo pelo pecado Propiciação

Merecemos receber a ira de Deus contra o pecado Reconciliação

Estamos separados de Deus pelos nossos pecados Redenção

TERMOS TEOLÓGICOS DO NOVO TESTAMENTO

Sacrifício: Cristo morreu como sacrifício por nós. (Hb 9:26)

Propiciação: Cristo morreu como propiciação pelos nossos pecados. (I Jo 4:10)

Reconciliação: Cristo nos trouxe de volta à comunhão com Deus. (2Co 5.18-19)

Redenção: Cristo pagou o preço pela nossa libertação do pecado. (Hb 2.15)

REFLEXÕES TEOLÓGICAS SOBRE A MORTE DE CRISTO

O castigo foi infligido por Deus Pai: (2Co 5.21; Is 53.10; Rm 5.8)

Não um sofrimento eterno, mas um pagamento integral: (Is 53.11; Jo 19.30; Rm 8.1)

O significado do sangue de Cristo: (1Pe 1.18-19; Hb 9.14; 1Jo 1.7; Ap 1.5b)

TEORIAS NA HISTÓRIA DA TEOLOGIA SOBRE A EXPIAÇÃO

1) A teoria do resgate pago a Satanás - Orígenes (c. 185 – c. 254 d.C.)

O resgate que Cristo pagou para nos redimir foi dado a Satanás, em cujo reino se encontravam todas
as pessoas devido ao pecado.

2) A teoria da influência moral - Pedro Abelardo (1079-1142)


Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 42 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

Sustenta que Deus não exige o pagamento de um castigo pelo pecado, mas que a morte de Cristo era
simplesmente um modo pelo qual Deus mostrou o quanto amava os seres humanos ao identificar-se,
até a morte, com os sofrimentos deles.

3) A teoria do exemplo - Fausto Socino (1539-1604)

Os socinianos entendiam que a morte de Cristo nos provê de exemplo de como devemos confiar em
Deus e obedecer-lhe de modo perfeito, mesmo que essa confiança e obediência nos levem a uma
morte horrível.

4) A teoria governamental - Hugo Grotius (1583-1645)

Demonstração divina do fato de que as leis de Deus foram infringidas, e isso exigia reparação.

HERESIAS PRIMITIVAS SOBRE CRISTO E SUAS SUCESSORAS

A. Docetismo

Produto de um tipo primitivo de filosofia gnóstica; 1º século


Origem na palavra grega dokeo, "parecer, aparentar"
Ensino distintivo: Cristo simplesmente parecia humano, mas Sua aparência física não era real, mas
sim um fantasma ou aparência de alguma espécie.

B. Ebionismo (2º século)

Ensino distintivo: Negação da Deidade de Cristo.

C. Modalismo (Monarquianismo, Sabelianismo, Patripassianismo; 3º século)


Ensino distintivo: Deus existe em três modos diferentes (Pai, Filho, Espírito Santo), mas somente
de um modo por vez.

D. Arianismo (início do 4º século; Hoje: Testemunhas de Jeová)


Condenado pelo Concílio de Nicéia, 325 d.C
Ensino distintivo: Negação da Deidade de Cristo; Cristo é o mais alto de todos os seres criados.

E. Apolinarianismo (4º século)


Condenado pelo Concílio de Constantinopla, 381 d.C
Ensino distintivo: Jesus tinha um corpo, mas este não era de forma alguma como o nosso.
Apolinário, que se tornou bispo em Laodicéia em cerca de 361 d.C., ensinava que a pessoa única de
Cristo possuía um corpo humano, mas não uma mente ou um espírito humano, e que a mente e o
espírito de Cristo provinham da natureza divina do Filho de Deus.

F. Nestorianismo (5º século)


Foi uma reação ao Apolinarianismo
Condenado pelo Concílio de Éfeso, 431 d.C
Ensino distintivo: Grande ênfase no fato do corpo físico de Jesus. O nestorianismo é a doutrina de
que havia duas pessoas distintas em Cristo, uma pessoa humana e outra divina, ensino diferente da
idéia bíblica que vê Jesus como uma só pessoa.

G. Monofisismo (Eutiquianismo; 5º século)


Condenado pelo Concílio de Calcedônia, 451 d.C.
Ensino distintivo: Uma confusão da deidade e humanidade de Jesus: a combinação produziu uma
natureza totalmente diferente. É a idéia de que Cristo possuía só uma natureza (gr. monos, “um”, e
Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 43 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

physis, “natureza”). O primeiro defensor dessa idéia na igreja primitiva foi Êutico (c. 378-454 d.C.),
líder de um mosteiro em Constantinopla. Êutico ensinava o erro oposto do nestorianismo, pois negava
que as naturezas humana e divina em Cristo permanecessem plenamente humana e plenamente
divina.

H. Socinianismo (final do 16º século; Hoje: Unitarianismo: Ex. Igreja e Conjunto “Voz da
Verdade”)
Ensino distintivo: Negação da Divindade de Cristo

I. Mormonismo
Ensino distintivo: Cristo é o “filho espiritual de Deus”. Cristo é “um deus”, mas não com plena
deidade no sentido Trinitariano.

J. Ciência Cristã
Ensino distintivo: Cristo não teve um corpo real. Jesus e o Cristo são pessoas distintas.

K. O Caminho Internacional
Ensino distintivo: Negação da Deidade de Cristo.

L. Protestantismo Liberal
Ensino distintivo: Basicamente um Socinianismo. Várias teorias de "kenosis" (doutrina que ensina
que Jesus renunciou sua natureza divina para se tornar homem).

Ortodoxia Cristã, ou Cristianismo histórico, na definição do Concílio de Calcedônia, 451 d.C.

Para tentar resolver os problemas levantados pelas controvérsias em torno da pessoa de Cristo,
convocou-se um amplo concílio eclesiástico na cidade de Calcedônia, perto de Constantinopla (atual
Istambul), realizado de 8 de outubro a 1.o de novembro de 451 d.C.
A declaração resultante, chamada Definição de Calcedônia, previne contra o apolinarismo, o
nestorianismo e o eutiquianismo. Ela tem sido tomada desde então como a definição padrão, ortodoxa,
do ensino bíblico sobre a pessoa de Cristo igualmente pelos ramos católico, protestante e ortodoxo do
cristianismo.
Ensino distintivo:
Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
Suas duas naturezas estão unidas em uma Pessoa.
Ele é verdadeiramente Deus-Homem.

AFIRMAÇÕES DOS CONCÍLIOS & CREDOS


A. Nicéia I (325 d.C)
Liderado por Atanásio: Aranianimo é condenado.
Afirmada a Deidade de Cristo e declarado como Filho homoousios com o Pai (ser da mesma
essência), ou seja, que o Filho é da mesma natureza que o Pai (= Divindade), desde toda a
eternidade.

B. Constantinopla I (381 d.C)


Reafirmado Nicéia I, e mais a Pneumatologia.
Apolinarianismo condenado.
Concluída a controvérsia Ariana.

C. Éfeso (431 d.C)

D. Nestorianismo condenado

Afirmada a união hipostática, também conhecida como união mística, ou dupla natureza de Cristo.
É a doutrina clássica da teologia sistemática que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas, sendo
homem e Deus ao mesmo tempo.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 44 de 45
ACADEMIA TEOLÓGICA

E. Calcedônia (451 d.C)


Eutiquianismo condenado.
Aprovado o Credo Niceno.
Discussão completada e confirmação da união hipostática.
Afirmada a doutrina da Trindade.

A Definição de Calcedônia:

“Fiéis aos Santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um
só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à
humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de
corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a
humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo
Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa
salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito,
que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a
distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de
cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem
dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor
Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo
Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos Santos Pais nos transmitiu”.

O Credo de Atanásio (final do 5º século)


Direcionado contra o Modalismo e o Arianismo. Afirmada a procedência filioque, "a partir do
Filho" do Espírito Santo. Monofisismo forçosamente suprimido.

E. Constantinopla III (680-681 d.C)


Condenado o Monotelitismo (doutrina que Cristo tinha uma vontade, mas duas naturezas).
Afirmado que Cristo tinha tanto uma vontade humana, como uma vontade divina.

Conclusões Escriturísticas

I João 4:1-3 e II João 7-10 (Humanidade)


I João 5:20 (Divindade ou Deidade)
Colossenses 2:9 (União Hipostática)

Lições

A. Doutrinas bíblicas quando sujeitas à negligência do estudo, facilmente levam a heresias.


B. Tentar fazer com que todos os pontos complexos de uma doutrina se tornem
perfeitamente compreensíveis podem também resultar em heresia.
C. As declarações da Escritura devem ser encaradas honesta e humildemente.

Este material possui direitos autorais reservados, sendo proibida a sua reprodução sem autorização expressa.
Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 45 de 45

Você também pode gostar