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DELIMITAÇÃO TEMÁTICA

A temática desta pesquisa está fundamentada no espaço temporal


compreendido de 1950 a 1958, especificamente às Copas do Mundo1 de futebol
deste período (1950 no Brasil, 1954 na Suíça e 1958 na Suécia). Durante estas
Copas do Mundo, o jogador de futebol negro brasileiro irá experimentar tensões,
conflitos e ações de preconceito e adoração que darão o enfoque desta
pesquisa.
Em 1950, a Copa do Mundo de futebol foi realizada no Brasil, e após uma
campanha memorável em que a seleção encantou o mundo2, acabou sendo
derrotada no jogo final pelo Uruguai pelo placar de 2 a 1. Após a derrota, muito
se procurou na época, apontar os fatores que a causaram. Diversas linhas de
pensamento procuraram as mais diversas razões para a derrocada no jogo final:
falta de fibra, vitória por antecipação, sorte, enfim, muito se especulou. No
entanto, uma tese perdurou por muito tempo na história desse confronto, como
sendo a real causa da derrota brasileira. Era a tese de que os culpados pela
derrota teriam sido três jogadores negros: Barbosa (goleiro), Bigode (médio-
esquerdo) e Juvenal (zagueiro-esquerdo), como foi apontado por Mário Filho em
seu livro O Negro no Futebol Brasileiro.
Assim três pretos foram escolhidos como bodes expiatórios:
Barbosa, Juvenal e Bigode. Os outros mulatos e pretos ficaram
de fora: Zizinho, Bauer e Jair da Rosa Pinto. Era o que dava,
segundo os racistas que apareciam aos montes, botar mais
mulatos e pretos do que brancos num escrete brasileiro (FILHO,
1964, p. 290).
Em 1954, o Brasil saiu novamente derrotado, desta vez para a seleção
da Hungria, num jogo que ficou conhecido como “a Batalha de Berna”3. Para esta
copa o nosso selecionado foi muito pressionado devido a derrota de 1950. Os
dirigentes colocaram aos jogadores que a vitória seria um ponto de honra e

1 A Copa do Mundo de Futebol é uma competição que ocorre de 4 em 4 anos, desde 1930,
chancelada pela Fédération Internationale Football Association (FIFA), órgão máximo do futebol
mundial.
2 Os resultados do selecionado brasileiro, até a final contra o Uruguai foram: Brasil 4 X 0 México,

Brasil 2 X 2 Suíça, Brasil 2 X 0 Iugoslávia, Brasil 7 X 1 Suécia, Brasil 6 X 1 Espanha (ABRAHÃO,


2009, p.17).
3 O jogo teve o resultado final de 4 a 2 para os húngaros e um saldo de 3 expulsões e no final do

jogo, uma briga generalizada que envolveu jogadores e dirigentes das duas seleções.
(GEHRINGER, 2010, p.120).
quase uma obrigação patriótica4. Ao final da copa o chefe da delegação
brasileira, João Lyra Filho5 escreveu em seu relatório:
O estado psicossocial do nosso povo ainda enverdece e os
atletas saídos do meio do povo não podem improvisar condições
e instrumentos de superação, ante aquelas provas desportivas
que exigem a mobilização de maiores recursos e reservas
orgânicas (LYRA FILHO, 1954, p.52).
Estas observações de João Lyra, reavivaram o pensamento da copa
anterior de que os jogadores negros não teriam condições de representar o
nosso país e causaram a seguinte análise de Simoni Guedes acerca do seu
relatório:
Trata-se, nas palavras de Lyra Filho, de um “povo” primário,
instintivo, miscigenado, analfabeto, em tudo e por tudo inferior
aos europeus. Atribuindo um papel explicativo central à noção
de “raça”, noção que opera com um determinismo de ordem
biológica contra o qual pouco se pode fazer, apresenta uma
visão fatalista do “povo brasileiro”. Um “povo” pouco evoluído,
cujos recursos mais importantes são ligados à natureza, como a
espontaneidade, a força física, a capacidade de improvisação
(GUEDES, 2000, p.3).
Em 1958, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) na figura de seu
recém empossado presidente João Havelange6 diante do quadro apresentado
no relatório de João Lyra Filho, elaborou o Plano Paulo Machado de Carvalho
(PPMC)7, que ficou visto como pelos críticos como “um projeto intervencionista
de cunho civilizatório” (JÚNIOR, 2014, p.3). Coincidência ou não, o fato é que a
seleção brasileira finalmente conquistou a sua 1ª Copa do Mundo em campos
suecos, com uma equipe composta – apesar do relatório de João Lyra Filho – de
jogadores negros na sua maioria advindos das classes mais baixas. A seleção
de 1958, com a presença de Pelé, Garrincha, Didi e Djalma Santos entre outros
jogadores negros e mulatos, contradizia assim as pretensas teorias de
branqueamento que as elites brasileiras tanto apregoavam para o nosso
selecionado. A partir daí o respeito e a idolatria (principalmente em relação à

4 João Lyra Filho aproveitou-se da imagem de “comunistas ateus” associada aos húngaros para
fazer inflamados discursos patrióticos, no meio dos quais se destacou uma insinuação de que os
adversários tinham zombado da imagem da virgem padroeira do Brasil (SARMENTO, 2006, p.88)
5 João Lyra Filho, ocupou o cargo de Reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, foi

ministro do Tribunal de Contas da União, presidente de Finanças do Distrito Federal, presidente


do Conselho Nacional dos Desportos e presidente do Botafogo Futebol Clube(RJ). (JÚNIOR,
2014, p.2).
6 João Havelange, ex-atleta, e dirigente de esportes aquáticos, atuou em clubes e federações

dos dois principais centros esportivos do Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro). Em 1974, foi eleito
presidente da FIFA, onde permaneceu até 1998. (SARMENTO, 2006, p.96)
7 O PPMC era um manual coercitivo que continha 96 artigos, que ditavam todos os

procedimentos, normas e comportamentos dos integrantes das futuras convocações da seleção


brasileira (JÚNIOR, 2014, p.4).
Pelé e Garrincha) tornou-se uma constante e o futebol brasileiro passou por um
período vitorioso em que passou a ser denominado de país do futebol.
As fontes que utilizamos para essa pesquisa trazem os subsídios que
norteiam a temática. São diversas teses, dissertações, artigos e livros que
realizam uma composição analítica do racismo e preconceito que vigoravam no
recorte proposto. Algumas delas se contrapõem, mas em sua amplitude o
veredito é de que o preconceito ao jogador negro realmente existia naquele
momento. O futebol, assim como a intelectualidade nacional, teria tentado
branquear o esporte e isso significava que o negro estava alijado de sua prática,
o culpando pelas sucessivas derrotas e insucessos. Porém, num curto espaço
de tempo essa acusação logo mudaria.

JUSTIFICATIVA
Por mais controverso que seja falar sobre racismo no Brasil, o tema
racismo no futebol é um assunto muito abordado, quer no campo acadêmico
quer no campo literário. Afinal, estes dois temas – racismo e futebol - são
corriqueiros em nosso país. São inúmeros os fatos sobre racismo no futebol que
ocorrem constantemente. Não são poucas as fontes disponíveis que enfocam o
assunto racismo no futebol, que o torna um enorme oceano a ser navegado.
Os estudos sobre o racismo na sociedade brasileira vêm
obtendo um espaço cada vez maior na comunidade da academia
daqui e do exterior. Embora tais estudos reflitam uma
preocupação emergente, a questão racial não é um problema
novo em nosso país e que, como uma onda gigantesca de
repente houvesse avançado sobre o calçadão das praias
universitárias. (SILVA; VOTRE, 2006, p.7)
Em 1947, o jornalista Mário Filho8 lançou seu livro “O Negro no Futebol
Brasileiro” – posteriormente, em 1964, o livro foi relançado em edição atualizada.
Nesta obra o autor fomenta algumas discussões, “bem como denunciar o que
representaria um “recrudescimento” do racismo, o qual seria um agravo do
preconceito antes conhecido”. (SANTOS; CARRARO; LISE, 2010, p.196). Nessa
afirmativa constatamos que Mário Filho, admitia mesmo existir um racismo ao
jogador negro e que, com as conquistas de nossa seleção, haveria um recuo
deste racismo, caracterizando assim uma contradição. Essa obra de Mário Filho,

8Mário Rodrigues Filho (1908-1966), foi um dos mais importantes cronistas esportivos brasileiros
do século XX. Foi proprietário do Jornal dos Sports e grande incentivador da construção do
Estádio do Maracanã, que posteriormente recebeu o seu nome. Era irmão do dramaturgo Nelson
Rodrigues. (HELAL; TEIXEIRA, 2014, p.224)
acabou-se por se tornar um marco na literatura do futebol brasileiro e alvo de
muita discussão sobre o racismo em diversas teses acadêmicas.
A Copa de 1950, a ser realizada no Brasil, estava fadada a ser um marco
no esporte e no país como afirmação da identidade nacional perante as nações
civilizadas do mundo. A construção do maior estádio do mundo e a organização
de um campeonato mundial elevara a autoestima do brasileiro e de suas elites.
Dentro dos gramados a seleção acabara de se sagrar campeão sul-americana
no ano anterior e trazia a crença dos cronistas e adeptos de que a conquista do
mundial de futebol estava iminente. No entanto, apesar do encantamento com o
belo futebol jogado e da magnitude de nosso estádio a seleção foi derrotada. A
derrota ensejou à cata de culpados que recaiu sobre os negros do time. Em
1954, a derrota repetiu-se e pela avaliação dos dirigentes da seleção, não
haveria mais dúvida de que o jogador negro não tinha o devido preparo e
capacidade para vencer as difíceis batalhas a que o futebol em nível mundial
apresentava. Entre 1954 e 1958, muito se discutiu a respeito no que tange a
melhor organização do selecionado brasileiro e as convocações de seus futuros
integrantes. Enfim em 1958, veio a vitória. As tensões e os conflitos retrocederam
e o jogador negro passou ou voltou a ser visto com outros olhos pela sociedade.
A proposta dessa pesquisa será de analisar os fatos que ocorreram no
recorte proposto (1950 a 1958) e as tensões sofridas pelo jogador negro neste
período, pois entendemos que nestas Copas do Mundo, o futebol brasileiro
passará por uma profunda mudança de conceitos e a sociedade também
acompanhará essa mudança de comportamento em relação a presença e o
desempenho dos jogadores negros em nosso futebol. A busca aqui será de
entender essas contradições racistas ao jogador negro brasileiro.

PROBLEMATIZAÇÃO
Em sua apresentação do livro Futebol Objeto das Ciências Humanas, os
organizadores e autores Flávio de Campos e Daniela Alfonsi, em seu primeiro
parágrafo colocam que:
Apesar da relevância do futebol para a sociedade brasileira, nos
seus mais diversos aspectos, por muito tempo nossos
pesquisadores ligados às ciências humanas relutaram para
entrar no campo futebolístico. Possivelmente, o impacto do livro
de Mário Filho, O negro no futebol brasileiro (NFB), publicado
em 1947, que pautou as discussões e se transformou na grande
referência bibliográfica até meados da década de 1970, inibiu
outras formulações, suscitou reiterações, orientou e, de certa
maneira, ainda orienta o público letrado. (CAMPOS; ALFONSI,
2014, p.8)
Ao lermos o NFB9, nos vemos diante de elementos que nos levam a nos
inquirir e procurar levantar fontes e dados sobre a existência real deste racismo.
O livro de Mário Filho é alvo de muitos debates acadêmicos em que pese a
discussão sobre a autenticidade dos relatos que nele constam. Santos, Carraro
e Lise vão colocar que:
O uso recorrente de Mário Filho na discussão do racismo e
mesmo da identidade nacional, como afirma Soares (1999),
acaba por confirmar e fazer verdadeira a narrativa amplamente
difundida, devido à utilização da obra como prova para
determinadas interpretações, sem ser devidamente
questionada. (SANTOS; CARRARO; LISE, 2010, p.1)
Em sua tese, as autoras questionam a narrativa de Mário Filho e levantam
questionamentos sobre a veracidade de seus “causos”, com base em jornais da
época. Antônio Jorge Soares também vai nesse mesmo viés, em sua tese de
doutorado, onde em seu texto procura apontar que a obra de Mário Filho deve
ser encarada como um romance, que ao misturar ficção e fatos, promove uma
mistificação de nosso futebol, para Soares os relatos no NFB, se constituem em
“um épico onde os fatos e mudanças ocorridos no futebol são remontados e
reescritos como tramas raciais" (SOARES, 1998, p. 9).
Na contramão de Soares, Ronaldo Helal e Gordon Jr irão debater sobre
sua tese e apontam que o NFB não deveria ser assim tão desprezado pelos
estudiosos e que existiria sim, no contexto que se apresentava na época em que
foi escrito o livro, um racismo reinante no seio do futebol brasileiro, por mais que
fosse, digamos, disfarçado. Ao ler o que Helal e Gordon escreveram nos
deparamos o quanto a problemática sobre o tema racismo no futebol brasileiro
é recorrente. E no que se refere às contradições a que pretendemos analisar
apontamos mais uma citação:
A trajetória do negro no futebol brasileiro tal qual clássica do
herói (CAMPBELL, 1995), pois fala de segregação em um
momento (alguma coisa que lhe foi usurpada), resistência em
outro (superação de obstáculos aparentemente intransponíveis)
e vitória e conquista mais adiante (concessão de dádivas aos
seus semelhantes) (HELAL; JÙNIOR, 2001, p. 159).
Evidentemente que o assunto racismo no período não era tratado como
se é nos dias de hoje. Foi o NFB, de Mário Filho, que retratou algumas situações

9Para facilitação e melhor compreensão utilizaremos a abreviatura NFB para se referir ao livro
O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Filho.
que denunciavam a existência de racismo, que o assunto ganhou outras
conotações.
Há exemplos emblemáticos na história do futebol, como o
ocorrido em 1926, no Fluminense, com o jogador Carlos Alberto,
conhecido como Pó de Arroz. Jogando num dos clubes mais
antigos e aristocráticos do Rio de Janeiro, Carlos Alberto
costumava aplicar pó de arroz antes de entrar em campo, na
tentativa de clarear o tom de pele e ser aceito pelo time (BASTHI,
2008, p. 43).
Situações como essas e outras tantas eram costumeiras nos primórdios
de nosso futebol. “Os praticantes do esporte buscavam mostrá-lo como uma
modalidade elitista e excludente, para pessoas que seguiam a “vanguarda da
civilização”” (FARIAS, 2014, p.25). Assim desta forma, o negro pobre ficava
alijado de fazer parte dos clubes e da prática do futebol. “O grande incômodo da
aristocracia no futebol carioca no início do século XX, era a mistura que estava
se processando com a ascensão dos jogadores negros e mestiços no futebol,”
(SILVA; VOTRE, 2006, p.51). Essas conotações racistas estiveram sempre
presentes, e na década de 1950 atinge a sua maior tensão.
Os vilões do futebol são filhos da derrota. Desde 1950 e a
“tragédia do Maracanã”, passamos a sistematicamente tentar
encontrar razões de algum fracasso do selecionado brasileiro,
procurando responder à pergunta: “Por que perdemos?”
(COSTA, 2008, p.8).
Tragicamente marcada como a “mãe de todas as derrotas” (COSTA, 2008
p.32), a Copa de 1950 vai marcar esta pesquisa com a polêmica decorrente após
ao nosso fracasso no Maracanã. Esta enfatizará, além de outras causas pela
derrota, a culpa de três jogadores de nosso selecionado, por sinal três negros:
Barbosa, Juvenal e Bigode.10 Após a derrota muito se questionou sobre a culpa
destes jogadores e o que se viu foi um debate sobre a inferioridade de nossa
raça miscigenada e derrotada. “A derrota de 50 acendeu uma discussão acerca
da inferioridade da raça brasileira, já que nela estavam os motivos que nos
faziam titubear em momentos decisivos.” (COSTA, 2008, p.43)
Uma busca incansável de explicações e responsabilidades para
a aceitar a derrota varreu o país inteiro. Reacendeu-se uma
questão derivada do tempo do Estado Novo: a deficiência da
“raça brasileira”, causa da nossa inferioridade como nação.”
Para as grandes decisões não era possível contar com os pretos
e mestiços. Na hora agá eles se acovardaram.” (VOGEL apud
PERDIGÃO, 2000, p.171).

10Moacir Barbosa Nascimento, goleiro do Vasco, 28 anos (27/3/1921 – 7/4/2000); Juvenal


Amarijo, zagueiro do Flamengo, 26 anos (27/11/1923 – 30/10/2009); Bigode (João Ferreira),
médio do Flamengo, 28 anos (4/4/1922 – 31/7/2003). (GEHRINGER, 2010, p. 89)
Após mais uma derrota, em 1954, colocou-se em cheque e em total
descrédito o jogador negro. Assim como em quatro anos antes, a miscigenada
raça brasileira foi questionada, o que refletia como “sinal de que o Brasil ainda
era uma nação cujo perfil se desenhava sombrio e marcado pelo fracasso”.
(COSTA, 2008, p.43), numa clara menção a nossa deficiência racial. O jornal O
Estado de São Paulo em um artigo datado de 06 de julho de 1954, após o Brasil
perder para a Hungria, faz a seguinte alusão:
Mas a mesma franqueza que nos leva a reconhecer o empenho
de cada um dos nossos jogadores naquele embate, convence-
nos de que alguma coisa faltou, alguma coisa que, em forma de
desequilíbrio dos nervos, não lhes permitia aliar ao seu desejo
de vitória uma atuação firme e produtiva. Confessamos não
poder fixar aqui, para não avançarmos em terreno estranho e
perigoso, as causas talvez raciais, talvez morais, talvez
sentimentais que possam ter influído para tal estado de coisas.
(COSTA, 2008, p. 43).
Nestas duas Copas (1950 e 1954), na procura de culpados, adota-se
diretamente um discurso racial. E na esteira deste, implantou-se em 1958, um
plano que pudesse levar a seleção à vitória. Era o Plano Paulo Machado de
Carvalho (PPMC), que na concepção da Confederação Brasileira de Desportos
(CBD), serviria de cartilha de comportamentos e de regras para o nosso
selecionado e os seus jogadores (JUNIOR, 2014, p.4). A bem da verdade, o
plano de 96 artigos, era uma forma de se controlar os jogadores negros, visto os
acontecimentos nas copas anteriores e em uma excursão para a Europa em
1956.11 Em 1958 na Suécia, o nosso selecionado foi o campeão, jogando um
futebol que encantou e surpreendeu o mundo futebolístico 12. Encantou porque
jogou um futebol marcado pela genialidade e improviso de seus jogadores, e
surpreendeu pelo surgimento de grandes jogadores que se tornariam os maiores
do mundo em todos os tempos: Pelé, Garrincha, Didi e Djalma Santos. 13 Ao
retornarem ao solo brasileiro nossos jogadores foram recebidos como autênticos

11 Após o Brasil ser derrotado pela Inglaterra em Wembley, por 2 a 0, o jogador negro Sabará
“entrou no salão de chá do Lane Park Hotel de chinelo, toalha, macacão, camisa e gorrinho de
marinheiro, transformados, por alguns, num turbante”. (FILHO, 2010, p. 320). Tal episódio,
segundo a crônica da época e os dirigentes da CBD, teria sido muito mais vergonhoso que a
própria derrota pois demonstrara o total despreparo e educação do jogador negro brasileiro.
12 A campanha brasileira: Áustria (3 x 0), Inglaterra (0 x 0), União Soviética (2 x 0), País de Gales

(1 x 0), França (5 x 2) e Suécia (5 x 2). (FONTENELE, 1998, p. 92-93)


13 Pelé (Edson Arantes do Nascimento), atacante do Santos(SP), 17 anos (23/10/1940);

Garrincha (Manoel Francisco dos Santos), ponteiro do Botafogo(RJ), 24 anos (28/10/1933 –


20/01/1983), Didi (Waldir Pereira), armador do Botafogo(RJ), 28 anos (8/10/1929 – 12/5/2001) e
Djalma dos Santos, lateral da Portuguesa(SP), 29 anos (27/2/1929 – 23/7/2013). (GEHRINGER,
2010, p. 148).
heróis da “pátria de chuteiras”. Agora, nas palavras de Nelson Rodrigues, “o povo
já não se julga mais um vira-latas” e ele já se vê na generosa totalidade de suas
imensas virtudes pessoais e humanas” (SARMENTO, 2006, p.101-102). O país
passaria a partir de 1958 por um período vitorioso de nossa seleção de futebol
que culminaria com o tri campeonato de 1970, na Copa do México. 14
A partir de então, depois das controvérsias de racismo existentes em 1950
e 1954, que vinham desde os primórdios de nosso futebol, o jogador negro
brasileiro será exaltado como a marca de um país vitorioso, que não teme e nem
treme nas adversidades. A sua malevolência, o seu improviso, a sua ginga, a
sua disciplina, a sua força, agora marca maior de nossa miscigenação, que fará
do Brasil uma democracia racial, livre dos complexos de inferioridade. Uma
enorme contradição comparada aos discursos das Copas anteriores.

OBJETIVOS
 Analisar as contradições pertinentes ao racismo referente ao jogador
negro no Brasil;
 Verificar e compreender os fatores e as causas deste racismo;
 Analisar as Copas de 1950, 1954 e 1958, e seus desdobramentos;
 Verificar as tensões sofridas pelos jogadores negros neste recorte.

REFERENCIAL TEÓRICO PRELIMINAR

O futebol é uma prática desportiva praticada em todo o globo. Desde a


sua invenção, na Inglaterra, este esporte apresenta um crescimento de adeptos,
praticantes e simpatizantes sempre crescente. Os números que fazem o futebol
atingem proporções enormes e de grande relevância em diversos setores da
sociedade como a economia, a cultura, o cotidiano, o social, chegando em
alguns países a um patamar de identidade nacional. Por envolver uma vasta
gama de sentimentos, o futebol tende por infringir reações das mais distintas,
algumas de cunho passional e que beiram a irracionalidade.
Uma destas reações passionais são o racismo e o preconceito. No Brasil,
o racismo e o preconceito ao negro, em especial, estão inseridos desde a sua

14
Após a conquista de 1958, o Brasil seria bi campeão em 1962, no Chile, e tri campeão no
México, com a presença constante e de destaque de vários jogadores negros.
implantação. Introduzido pelos filhos de ricas famílias, os jovens estudantes
enviados à Europa trouxeram em suas bagagens bolas e regulamento do novo
esporte. Charles Miller em São Paulo, Oscar Cox no Rio e Alcides Santos no
Ceará, são alguns exemplos. O futebol em sua gênese era praticado por esses
jovens e ricos estudantes e alijava da sua prática os pobres e os negros. No
entanto, mesmo com essa discriminação o futebol se massifica e logo se difundiu
nas periferias, nas areias das praias e nos terrenos baldios. O racismo imposto
era evidente pelos clubes pioneiros que proibiam aos negros fazerem parte de
seus elencos. São famosos os casos do jogador Carlos Alberto do Fluminense
do Rio de Janeiro que aplicava pó de arroz no rosto para disfarçar a sua pele
mulata (BASTHI, 2008, p.43), o mulato Arthur Friedenreich15 era sempre o último
a entrar em campo para que pudesse alisar os seus cabelos e disfarçar sua
descendência (FILHO, 2010, p.61) e o caso do Clube de Regatas Vasco da
Gama que não aceita disputar o campeonato de 1924, no Rio de Janeiro, porque
teria que excluir de seu elenco nove jogadores negros, imposição da entidade
que regia o futebol carioca e dos outros clubes de futebol ( SILVA; VOTRE, 2006,
p.31)
Este racismo no futebol brasileiro se desenvolveu através de um
“preconceito de marca”, que na visão de Oracy Nogueira16 era o preconceito que
predominava em nossa sociedade, “onde nuanças cromáticas da pele
contribuíram para um futuro mais ou menos promissor nos moldes de um sistema
econômico, competitivo e excludente” (ABRAHÃO, 2010, p.25). O jogador negro
estaria assim estigmatizado e excluído do sistema e do futebol face a cor de sua
pele, numa clara ação de preconceito. No entanto, aos poucos o negro começa
a ganhar espaço no seio do futebol. As suas inegáveis qualidades como força,
malícia, talento, habilidades foram abrindo vagarosamente as portas de alguns

15 Considerado como o 1º grande jogador do futebol brasileiro, mulato, filho de pai alemão e mãe
negra, constam nos arquivos da CBD que ele marcou 1.329 gols em toda sua carreira, superando
até mesmo Pelé (SANDER, 2009, p.25).
16 Oracy Nogueira nasceu em 1917, Cunha (SP), e faleceu na mesma cidade em fevereiro de

1996. Aos 23 anos ingressou no bacharelado em Ciências Sociais da Escola Livre de Sociologia
e Política e o concluiu em 1941 com a publicação da pesquisa escrita em 1942: “Atitude
Desfavorável de Alguns Anunciantes de São Paulo em relação aos Empregados de Cor”. Em
1945, ele concluiu o mestrado com a dissertação “Vozes de Campos de Jordão. Experiências
Sociais e psíquicas do tuberculoso Pulmonar do Estado de São Paulo”. Entre 1945 e 1947,
Nogueira obteve uma bolsa do Institute of International Education e seguiu para a realização do
doutoramento naquele universidade. (ABRAHÃO, 2010, p.24)
clubes elitizados e com a implantação do profissionalismo, elas se escancaram
de vez.
Na década de 1950, o futebol brasileiro já aceita o jogador negro
plenamente como ator protagonista da cena. No entanto será nesta década que
a relação futebol x negro sofrerá profundas tensões. Precisamente em 1950, na
Copa do Mundo realizada no Brasil, a seleção brasileira é derrotada e logo é
iniciada uma busca por culpados. A culpa recai sobre os jogadores negros do
time.
Assim três pretos foram escolhidos como bodes expiatórios:
Barbosa, Juvenal e Bigode. Os outros mulatos e pretos ficaram
de fora: Zizinho, Bauer e Jair da Rosa Pinto. Era o que dava,
segundo os racistas que apareciam aos montes, botar mais
mulatos e pretos do que brancos num escrete brasileiro (FILHO,
1964, p. 290).
Na copa seguinte, em 1954 na Suíça, mesmo com a acusação aos negros
e com restrições, alguns jogadores negros foram convocados. A seleção e seus
jogadores foram muito pressionados para que vencessem a copa, o que
provocou, após a mais uma derrota, novamente uma série de críticas aos negros
na alegação que eles não tinham condições psicológicas e morais para
representar o país em competições esportivas. Foi levado à tona a teoria do
branqueamento de nossa raça que fazia parte do ideário de alguns intelectuais
do país.17
Diante desta visão tornava-se premente transformar a
administração intuitiva em algo racionalizado, pois só desta
maneira seria possível conseguir os resultados esperados. Isso
foi fator preponderante para que um dos primeiros cuidados
estabelecidos pela CBD fosse voltado para o estereótipo do
jogador brasileiro, uma vez que a preocupação era apresentar
ao mundo um país desenvolvido (JUNIOR, 2014, p. 5)
Esse seria a motivação maior para a implantação de um código de
conduta e comportamento para a seleção após a copa de 1954. Porém, em 1958,
a seleção embarcou para a Copa do Mundo na Suécia, ainda com alguns
jogadores negros, entre eles Pelé, Garrincha e Didi, regrados pelas normas
expedidas pela CBD, o Plano Paulo Machado de Carvalho (PPMC), que visava

17No I Congresso Internacional das Raças, João Batista Lacerda apresentou uma tese cuja
mensagem era clara: “é lógico supor que, na entrada do novo século, os mestiços terão
desaparecido do Brasil, fato que coincidirá com a extinção paralela da raça negra entre nós”. O
antropólogo Roquete Pinto, como presidente do I Congresso Brasileiro de Eugenia, que
aconteceu em 1929, previa um país cada vez mais branco, chegando ao ponto de prever que,
em 2012, o Brasil teria uma população composta de 80% de brancos e 20% de mestiços; nenhum
negro, nenhum índio (ABRAHAO, 2010, p.19)
controlar os passos dos jogadores e suas atitudes fora e dentro de campo.
Ficava evidente a quem se deveria controlar, senão aos jogadores de cor.
A vitória enfim veio e no embalo relevou mais uma faceta da ambiguidade
da sociedade em relação ao jogador negro brasileiro. Pelé, Garrincha e Didi
tornaram-se “Rei”, “Anjo” e “Príncipe”18, e o preconceito sofreu um recuo. Nelson
Rodrigues, dramaturgo e cronista, escreveria que o país enfim deixava de ser
um vira-lata entre as nações do mundo e que estava pronto para assumir seu
lugar de proeminência no mundo. O futebol brasileiro e seus negros reassumiam
o seu lugar de destaque no cenário nacional. Os negros com sua habilidade,
malícia e força passaram a ser identificados com o jeito de jogar do brasileiro,
onde não mais se imaginava que o futebol nacional não pudesse mais prescindir
do talento do jogador negro.

INDICAÇÕES METODOLÓGICAS BÁSICAS

As indicações metodológicas que usamos nesta pesquisa tiveram como


base um levantamento bibliográfico sobre a temática: o racismo no futebol
brasileiro. A partir deste levantamento foi possível termos um grande referencial
de como dirigirmos a conduta desta pesquisa. Classificamos as nossas fontes
utilizadas nesta pesquisa como escritas e literárias e de visão sociológica, afinal
o futebol por suscitar os mais diversos sentimentos, o coloca como estudo
acadêmico do mais amplo como ferramenta social, de identidade e história. Uma
História repleta de acontecimentos e narrativas, de vitórias e de derrotas, que
fazem do futebol uma grande temática a ser explorada, como o ele é, em todos
os aspectos que ele abrange: econômico, sociológico, cultural, mental.
No método de seleção, o critério foi o de termos o máximo de informações
que relacionássemos ao racismo e o futebol nacional. Numa primeira pesquisa
utilizando como ferramenta à internet, localizamos várias teses e dissertações
sobre o assunto. Após uma seleção, mediante uma leitura destas primeiras
fontes selecionadas, pudemos verificar em suas referências alguns pontos em
comum, que nos fizeram realizar mais pesquisas destes pontos. Como ponto em

18Após a Copa, a imprensa francesa declarou Pelé como “o Rei do Futebol”. A crônica esportiva
nacional chamava Garrincha de “o Anjo das pernas tortas” e Didi foi apelidado de “o Príncipe
Etíope” devido a sua pele negra e sua elegância de jogar.
comum destas teses encontramos a obra de Mário Filho, o NFB, que consiste
em uma base referencial para a discussão do tema. O NFB vai retratar como o
jogador negro foi inserido no futebol brasileiro e como ele sofreu as mais diversas
e duras discriminações para ser enfim aceito. Foi através da leitura desta obra
que o tema da pesquisa foi escolhido e partir dele direcionamos como proceder
o debate racismo x futebol brasileiro.
O futebol brasileiro tem mais de cem anos de prática e os casos de
racismo sempre foram inúmeros desde a sua gênese até os dias atuais. Por isso
a pesquisa teria que abranger um recorte temporal que pudesse realizar uma
análise mais forte sobre o racismo à brasileira ao jogador negro e a contradição
que ele proporciona. Logo vimos, mesmo com uma gama de acontecimentos
marcantes de preconceito durante estes mais de cem anos, que a década de
1950, se enquadraria nestes parâmetros. Foram três copas do mundo em que
as já referidas tensões se tornaram mais amplificadas e visíveis e permitiram
uma leitura mais apurada dos fatos. Elas vão nos apresentar o ápice e o recuo
deste preconceito nos revelando as contradições a quais queríamos nos
remeter.
As teorias raciais de branqueamento de nossa raça também foi alvo de
muitas referências desta pesquisa e nos confirmaram a presença forte do
preconceito no seio de nossa sociedade no contexto. Em várias fontes
encontramos narrativas que pautaram essas contradições. A copa de 1950,
considerada por muitos e por nós também como a maior derrota de nossa
seleção (maior até que 2014), com toda a sua aura de fatalidade e drama que
ela sempre transmitiu, possui uma historiografia enorme e prodigiosa. As
tensões racistas a que sempre nos referimos na pesquisa e que estavam
digamos, adormecidas, voltam com força total após a derrota de 1950 e são
estudadas esmiuçadamente em várias fontes que utilizamos na pesquisa. Com
destaque para o livro de Paulo Perdigão sobre o 16 de julho de 1950. As
narrativas sobre as copas no período (1950 no Brasil, 1954 na Suíça e 1958 na
Suécia) foram recolhidas em obras literárias sobre a História das Copas do
Mundo.
Este levantamento bibliográfico e a classificação das questões relevantes
ao tema marcaram o nosso método. Uma leitura bem ampla destas fontes nos
levaram a uma riqueza de apontamentos e de informações os quais pudemos
extrair e referenciar teoricamente o objeto desta pesquisa. Mesmo que o tema
possa ser controverso, o qual devamos ter o cuidado de não utilizarmos de
ideologias, o conteúdo de todas as fontes foram de grande valia. O tema racismo
x futebol é de uma abrangência enorme que nos fornece uma gama referencial
enorme de discussão e de narrativas. As fontes que aqui utilizamos preencheram
estes requisitos e diríamos que poderíamos até mesmo ampliarmos, se assim
desejássemos, muito mais a discussão.

CRONOGRAMA

Período 2019 2020 2021

A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M
Atividades
Levantamento Bibliográfico x x x x
Fichamento de textos x x x
Coleta de Fontes x x x x
Análise de Fontes x x x x
Organização do roteiro x x x x x
Redação do trabalho x x x x
Revisão final/entrega x x x

BIBLIOGRAFIA

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ambiguidade do racismo à brasileira no futebol. Tese de Doutorado do
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
4º SEMESTRE - METEC I
PROFESSOR FRANCISCO JOSÉ GOMES DAMASCENO

ALDAIR LEITE DE CASTRO MAIA

O RACISMO AO JOGADOR NEGRO BRASILEIRO E SUAS CONTRADIÇÕES:


1950 a 1958

FORTALEZA – CEARÁ
2019

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