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Enquanto ONU amplia mar brasileiro, PR busca revisão

de seu território marítimo


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Paraná tenta ampliar o mar territorial em briga com Santa Catarina.|


Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Desde 1991 está sob análise do Supremo Tribunal Federal uma ação
proposta pelo estado de Santa Catarina que pede a revisão da
fronteira marítima do estado com o Paraná. Paralelamente, no
Congresso Nacional há cinco projetos de lei que buscam alterar o
modo como essas fronteiras estaduais são estabelecidas – sendo dois
deles de deputados paranaenses: Luiz Carlos Hauly (PSDB) e
Gustavo Fruet (PDT). Enquanto Judiciário e Legislativo não

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apresentam uma solução para a questão, a disputa pelo território
marinho é acirrada por uma decisão da Organização das Nações
Unidas (ONU).

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No dia 11 de junho, a Comissão de Limites da Plataforma Continental,


órgão ligado à ONU que define as fronteiras marítimas mundiais,
publicou um documento legitimando um pedido feito pelo governo
brasileiro para aumentar seu território marítimo.

A decisão da ONU é resposta a um processo de estudos a respeito da


costa nacional que começou em 1987 e tem sido capitaneado pela
Marinha do Brasil. Com o levantamento dos dados, o governo
concluiu ser possível aumentar sua Plataforma Continental – área
sobre a qual o país tem direito de exploração dos recursos – de
acordo com os critérios exigidos pela Organização das Nações Unidas.
A partir daí, o Brasil dividiu o pedido de expansão de suas águas
jurisdicionais em três lotes: Sul, Equatorial e Oriental/Meridional, que
somados têm área 2 milhões de Km².

ESPECIAL: Presídios privados no Brasil

A autorização publicada neste mês é relativa ao lote Sul, de 170 mil


Km², que vai da fronteira brasileira com o Uruguai até o platô de
Santa Catarina. A expectativa do governo brasileiro é de que em
agosto o país seja legitimado a incorporar a Região Equatorial e, em
2020, a Oriental Meridional.

Desde o início do processo, a expansão da Plataforma Continental


tem sido vista pelo governo federal como fonte de desenvolvimento
ambiental, científico, econômico e como forma de fortalecer a
soberania nacional. Com ares de grandiosidade, o projeto foi batizado
de “Amazônia Azul”.

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Em suma, com as aprovações da ONU, o Brasil passa a ter direito a


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explorar uma área marítima maior. Consequentemente, aumentam
as fontes de recursos que podem ser explorados, como, por exemplo,
petróleo, carvão e fósforo, entre outros minerais. E é justamente
nesse ponto que o assunto interessa ao Paraná, porque a exploração
mineral em áreas marítimas rende royalties aos governos estaduais e
municipais. Entretanto, para que isso aconteça de modo mais justo e
sem o risco de judicialização excessiva, é preciso haver uma solução
para as disputas entre os estados.

Entre as regiões Sul e Meridional/Oriental onde, em tese, pode se


prolongar o direito paranaense de receber royalties pela exploração
mineral há, além da reserva petrolífera da Bacia de Santos, reservas
de cobalto, níquel, cobre e manganês.

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Formato do litoral paranaense prejudicou cálculo de área


marítima
A origem da discussão sobre o mar territorial do Paraná está no
formato côncavo do litoral paranaense, algo que só se repete na costa
do Piauí. Com isso, o método adotado pelo IBGE para traçar as linhas
de fronteira no mar acabaram penalizando esses dois estados. O IBGE
tentou corrigir essa distorção e arbitrou uma solução para os casos
específicos. O resultado final, entretanto, fez com que tanto o Paraná
como o estado de Santa Catarina se sentissem prejudicados.

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“Ao modificar o critério para o Paraná e Piauí, fica claro que a
metodologia não se aplica de forma igualitária a todas as Unidades da
Federação, prejudicando a estes dois estados”, diz um estudo técnico
realizado em 2012 pelo Movimento Pró-Paraná; Universidade Federal
do Paraná e Mineropar.

O que esse estudo norteador da ação política paranaense defende é


que “a atual forma de estabelecimento desses limites demonstra não
estar amparada por lei e cria uma situação prejudicial ao Estado, no
sentido que limita esta área a um triângulo formada por linhas
convergentes a um ponto localizado no limite da plataforma
continental, sendo que para todos os demais Estados (com exceção
do Piauí), esta área é definida por duas linhas que interceptam
independentemente o limite da plataforma continental”.

“A atual situação, por certo, está ferindo o pacto federativo, visto que
não há um tratamento equânime entre os estados que, voltados ao
mar, têm benefícios diferenciados frente às potencialidades de
exploração de recursos naturais; mas, por outro lado, enfrentam o
ônus de carrear recursos significativos para o necessário
planejamento de área geográfica com delicadas e específicas
condições ecológicas e físico-geológicas”, conclui o estudo
paranaense.

O controverso mar territorial paranaense


Projeções do IBGE desfavorecem o Paraná, que ganharia com a
revisão da regra em tramitação lenta no Senado

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Fonte: IBGE. Mais infográficos

Projeto de lei sobre o assunto é desarquivado na Câmara


Atualmente, quem tem sustentado a posição paranaense no
Congresso Nacional é o deputado Gustavo Fruet, que já tinha
apresentado um projeto de lei em 2002 com o objetivo de alterar o
cálculo de delimitação do território marítimo dos estados. Em 2019,
ao retornar à Câmara, Fruet pediu o desarquivamento da proposta.

“O objetivo é garantir a justa participação nos resultados ou


pagamento de compensação financeira, os chamados royalties, entre
estados vizinhos produtores de petróleo e gás natural. Apesar de ser
um estado produtor, o Paraná é prejudicado pelos atuais limites
territoriais marítimos, ainda mais agora que o Brasil recebeu
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autorização da ONU para incorporar mais 170 mil quilômetros
quadrados de plataforma continental e amplia a sua Amazônia Azul”,
afirmou o deputado.

No STF, a análise da ação que tramita há quase 30 anos estava


marcada para acontecer no início de abril. Entretanto, poucos dias
antes da sessão, o assunto foi retirado de pauta e não tem data para
nova análise.

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