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ACADEMIA TEOLÓGICA

TEONTOLOGIA - A DOUTRINA DE DEUS

ÍNDICE

I. A EXISTÊNCIA DE DEUS ................................................................................................................... 2


A. Argumentos Naturalistas para a Existência de Deus .......................................................................................... 2
B. Argumentos Bíblicos para a Existência de Deus ...................................................................................................... 3
II. O PAI ............................................................................................................................................. 3
A. Os Relacionamentos do Pai ....................................................................................................................................................... 3
B. As Obras Específicas do Pai ....................................................................................................................................................... 3
III. OS ATRIBUTOS DE DEUS ............................................................................................................... 3
A. Definição ................................................................................................................................................................................................ 3
B. Classificações ..................................................................................................................................................................................... 3
C. Atributos absolutos, incomunicáveis ou constitucionais:......................................................................... 3
A. Atributos relativos, comunicáveis ou pessoais................................................................................................... 5
IV. A NATUREZA DE DEUS - SUA ESSÊNCIA E SEUS ATRIBUTOS .......................................................... 6
ATRIBUTOS ABSOLUTOS OU IMANENTES DE DEUS – ESSÊNCIA .......................................................... 8
SUMÁRIO........................................................................................................................................................................................................... 12
ATRIBUTOS RELATIVOS OU TRANSITIVOS DE DEUS ......................................................................... 13
EM RELAÇÃO À CRIAÇÃO .................................................................................................................................................................... 13
EM RELAÇÃO AOS SERES MORAIS ............................................................................................................................................. 15
V. A CONVIVÊNCIA DOS ATRIBUTOS ................................................................................................. 16
DEFINIÇÕES DE UNICIDADE E UNIDADE ........................................................................................... 18
A importância da Doutrina de Deus no confronto aos temas contrapostos: ...................................... 18
Unicidade .......................................................................................................................................................................................................... 18
Unidade .............................................................................................................................................................................................................. 18
A DOUTRINA DA TRINDADE .............................................................................................................. 20
Prova Doutrinária ...................................................................................................................................................................................... 21
Sinais de Pluralidade nos Nomes e Atividades de Deus ........................................................................................ 21
Outros sinais de Pluralidade: ......................................................................................................................................................... 22
Referências ao Anjo do Senhor .................................................................................................................................................... 22
Sinais de Igualdade Entre Jesus e o Pai .............................................................................................................................. 23
Sinais de Igualdade Entre Jesus e o Espírito Santo .................................................................................................. 23
Sinais de Igualdade Entre Pai, Filho, e Espírito Santo ............................................................................................ 23
Evidências da Deidade de cada membro da Trindade ............................................................................................. 23
Doutrina Da Trindade - uma Revelação de Deus.......................................................................................................... 24
Dados bíblicos que induziram a Igreja a crer na Trindade ................................................................................. 25
Nomes Primários do A.T. .................................................................................................................................................................... 29
Nomes Compostos do A. T. ............................................................................................................................................................... 29
O DECRETO DE DEUS ......................................................................................................................... 31
Definição: .......................................................................................................................................... 31
Termos Relacionados ........................................................................................................................ 31
A Natureza do Decreto ...................................................................................................................... 31
Objeções ao Decreto ......................................................................................................................... 32
O Decreto .......................................................................................................................................... 33
Deus decretou criar o Universo e o Homem ....................................................................................... 33
Decretou a Distribuição das Nações .................................................................................................. 33
Decretou o comprimento da vida do Homem ..................................................................................... 33
Política de Deus em relação a Sua criação......................................................................................... 33
No campo Moral e Espiritual ........................................................................................................................................................... 33
- Permitindo O Pecado ........................................................................................................................................................................ 33
- Derrotando o Pecado pelo Bem ................................................................................................................................................ 33
- Salvando do Pecado ............................................................................................................................................................................ 34
A Liberdade do Homem ....................................................................................................................................................................... 34
No campo Social e Político................................................................................................................................................................ 35

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I. A EXISTÊNCIA DE DEUS

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que
o buscam" (Hebreus 11:6).

Não fosse o fato de que Deus tem-se revelado ao homem, as opiniões acerca da Natureza
de Deus seriam completamente arbitrárias ou arrogantes.

Históricamente os cristãos têm percebido que há três lugares onde podemos constatar a
auto-revelação de Deus: na Criação, na Encarnação, e na Bíblia.

A Teologia Sistemática busca informações de todas estas areas e as reune.

A. Argumentos Naturalistas para a Existência de Deus

1. Cosmológico

Da palavra grega kosmos, “mundo”.

O universo é um efeito que exige uma causa adequada, e a única


causa suficiente é Deus (Sl 19:1).

2. Teleológico

Da palavra grega telos, “fim”.

O universo não apenas prova a existência de um Criador, mas indica


a existência de um Arquiteto, um Planejador (Rm 1:18-20).

Há um propósito observável no universo que indica a existência de Deus


como seu Planejador.

3. Antropológico

Da palavra grega anthropos, "homem".

Já que o homem é um ser moral e intelectual, deve ter um Criador


que também seja moral e inteligente (At 17:29).

A natureza moral, os instintos religiosos, a consciência e a natureza


emocional do homem argumentam em favor da existência de Deus.

4. Ontológico

Da palavra grega on, "existente, ser".

O homem tem a idéia inerente de um Ser Perfeito.

Esta idéia naturalmente inclui o conceito de existência, já que um


Ser Perfeito, caso não existisse, não seria tão perfeito assim quanto
um ser que existisse.

Portanto, visto que a idéia de existência está contida na idéia de um Ser


Perfeito, esse Ser Perfeito deve necessariamente existir.

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B. Argumentos Bíblicos para a Existência de Deus

Os autores bíblicos tanto presumem quanto defendem a existência de Deus.


Vide livro de Jó.

II. O PAI

A. Os Relacionamentos do Pai

1. Pai de toda a criação (At 17:29).

2. Pai da nação de Israel (Ex 4:22).

3. Pai do Senhor Jesus Cristo (Mt 3:17).

4. Pai dos crentes em Cristo (Gl 3:26).

B. As Obras Específicas do Pai

1. Autor do decreto (Sl 2:7-9).

2. Autor da eleição (Ef 1:3-6).

3. Comissionador e Enviador do Filho Jo 3:16).

4. Disciplinador de Seus filhos (Hb 12:9).

III. OS ATRIBUTOS DE DEUS

A. Definição

Um atributo é uma propriedade intrínseca ao seu sujeito, pela qual ele pode
ser distinguido ou identificado.

B. Classificações

A maioria dos sistemas de classificação dos atributos baseia-se no fato de que


alguns deles pertencem exclusivamente a Deus (p. ex. infinitude), outros
encontram-se, de maneira limitada e num sentido relativo, também no
homem (p. ex. amor).
Assim, a terminologia dessas classificações inclui incomunicáveis e
comunicáveis; absolutos e relativos; imanentes e transitivos; constitucionais e
pessoais.

C. Atributos absolutos, incomunicáveis ou constitucionais:

1. Simplicidade

a. Significado: Deus é incomplexo, não composto, indivisível.

b. Texto: Jo 4:24
c. Problema: A simplicidade de Deus invalida a doutrina da Trindade?

Não, porque a simplicidade tem a ver com a essência de Deus, e a


Trindade com a Sua subsistência.

2. Unidade

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a. Significado: Deus é Um.

b. Texto: Dt 6:4

3. Infinitude

a. Significado: Deus não tem término ou fim.

b. Texto: 1 Rs 8:27; At 17:24

4. Eternidade

a. Significado: Deus não está sujeito à sucessão do tempo.

b. Texto: Gn 21:33; Sl 90:2

c. Problema:

Seria o tempo irreal para Deus?

Não. Ele reconhece a continuidade dos acontecimentos, mas todos os


acontecimentos, passados, presentes e futuros, são igualmente, vividos
por Ele.

5. Imutabilidade

a. Significado: Deus é imutável em natureza e prática.

b. Texto: Tg 1:17

c. Problema:

Será que Deus muda de idéia ou Se arrepende (Gn 6:6), como parece
acontecer de nossa perspectiva? Ou é uma maneira antropomórfica
de descrever aparentes mudanças no curso dos acontecimentos?

R: É uma expressão do decreto permissivo de Deus.

6. Onipresença

a. Significado: Deus está em todo lugar (e não em todas as coisas, como crê
o panteísmo).

b. Texto. Sl 139:7-12

7. Soberania

a. Significado: Deus é o governante supremo do universo. Possui total


Independência. Deus não precisa de nós nem do restante da criação
para nada.

b. Texto. Ef 1

8. Onisciência

a. Significado: Deus conhece todas as coisas, reais e possiveis.

b. Texto: Hebreus 4:13

9. Onipotência

a. Significado: Deus possui todo o poder.

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b. Texto: Ap 19:6

A. Atributos relativos, comunicáveis ou pessoais


(Nm 10 a 14)

10. Justiça

a. Significado: Eqüidade moral, imparcialidade no trato com Suas criaturas.

b. Texto: Atos 17:31

11. Amor

a. Significado: A busca divina do bem maior das criaturas na manifestação


de Sua vontade.

b. Texto: Ef 2:4-5

12. Verdade

a. Significado: Concordância e coerência com tudo que é representado pelo


proprio Deus.

b. Texto: Jo 14:6

13. Liberdade

a. Significado: lndependência divina de Suas criaturas.

b. Texto. Is 40:13-14

14. Santidade

a. Significado: Retidão moral.

a. Texto. 1 Jo 1:5

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IV. A NATUREZA DE DEUS - SUA ESSÊNCIA E SEUS ATRIBUTOS

Temendo dar a impressão de que Deus tem um corpo, os teólogos preferem falar da
essência de Deus em vez de tratar de Sua substância.

Mesmo assim, as duas palavras têm sentido bastante semelhantes.

Portanto, a essência de Deus refere-se à Sua Natureza fundamental, que é a fonte de todos
os Seus atributos.

Às vezes, o cristão não entende e muito menos simpatiza com algumas preocupações da
Teologia.

Lembremo-nos de que na Historia Eclesiástica, a questão da essência ou substância de Deus


acabou tornando-se o ponto crucial do debate acerca da deidade de Cristo.

A propósito, foi Tertuliano o primeiro a ensinar que o Pai e o Filho são de uma só substância
ou essência.

Subdividimos o tema em duas partes, ainda que todo o nosso estudo poderia ser conduzido
com apoio nos atributos de Deus.

Uma das razões desta divisão é que os teologos imaginam que certas características de
Deus são absolutas ou imanentes, compondo a essência de Deus.

Outras características são vistas como uma manifestação de Deus, em relação à Sua
criação. Portanto, são chamadas de relativas ou transitivas. Toda criação nos revela algo
sobre Deus, e que quanto mais elevada a criação, especialmente o homem que é feito à
imagem de Deus, mais plenamente o revela.

As tabelas abaixo, baseadas na obra “Teologia Sistemática” de Augustus H.Strong,


Editora Teológica, poderá facilitar o entendimento sobre o assunto:

ATRIBUTOS ABSOLUTOS OU IMANENTES DE DEUS – ESSÊNCIA (COMPOSIÇÃO)

I. ESPIRITUALIDADE I.1 Vida


Deus é Espírito I. 2 Personalidade

II. INFINITUDE II. 1 Auto-existência


Deus é Infinito II. 2 Imutabilidade
II. 3 Unidade

III. PERFEIÇÃO III. 1 Verdade


Deus é Perfeito III. 2 Amor
III. 3 Santidade

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ATRIBUTOS RELATIVOS OU TRANSITIVOS - MANIFESTAÇÕES DA NATUREZA


(COMPOSIÇÃO)

IV. RELATIVOS A TEMPO E ESPAÇO IV.1 Eternidade


Deus é a Fonte IV.2 Imensidão

V. RELATIVOS À CRIAÇÃO V.1 Onipresença


Deus é o Apoio V.2 Onisciência
V.3 Onipotência

VI. RELATIVOS À SERES MORAIS VI.1 Veracidade e Fidelidade


Deus é o Fim ou Paradigma de tudo (verdade transitiva)
VI.2 Misericórdia e Bondade
(amor transitivo)
VI.3 Justiça e Retidão
(santidade transitiva)

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ATRIBUTOS ABSOLUTOS OU IMANENTES DE DEUS – ESSÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DA ESSÊNCIA DE DEUS

I - ESPIRITUALIDADE

O termo espiritualidade expressa o que Jesus ensinou acerca da essência de Deus:


"Deus é espirito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade"
(Jo 4:24).

Este aspecto da essência de Deus - Sua espiritualidade - é fundamental para considerações


posteriores acerca da natureza da imagem de Deus (imago Dei) no ser humano (Sl 139:7-
10; I Rs 8:27).

Isto implica que:

1) Deus, por ser Espírito, não é matéria, nem uma forma refinada da matéria, e sim uma
pessoa imaterial, invisível, indestrutível.
2) Deus não depende da matéria, nem tem nenhuma conexão necessária com ela.

Através da afirmação de Jesus, entendemos que Deus não tem uma forma corpórea como o
homem, embora às vezes a Biblia O descreva por meio de caracteristicas humanas
(antropormorfismo).
“Por isso, diga aos israelitas: Eu sou o SENHOR. Eu os livrarei do trabalho imposto pelos
egípcios. Eu os libertarei da escravidão e os resgatarei com braço forte e com poderosos
atos de juízo”. (Ex. 6:6)

É importante lembrar que Deus é tambem descrito como tendo caracteristicas animais:
"Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro" (Sl 91:4).

Ainda Moisés, por sua vez, O descreve com termos minerais: "Olvidaste a Rocha que te
gerou; e te esqueceste do Deus que te deu o ser" (Dt 32:18).

A incorporeidade de Deus explica Sua proibição de qualquer tentativa de


representá-Lo fisicamente:
"Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás outros
deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do
que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não as
adorarás, nem lhes darás culto; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus Zeloso, que
visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem" (Dt 5:6-9).

A desobediência a esta proibição faz parte da justificativa da ira de Deus sobre


todos os homens:
"Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o
coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do
Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves,
quadrúpedes e répteis" (Rm 1:21-23).

I. 1 - Vida

As Escrituras representam Deus não apenas como Espírito, mas como um Deus
Vivo, que tem vida própria (Jr 10:10; I Ts 1:9; Jo 5:26).

Este fato serve de base para um dos contrastes mais gritantes entre Jeová e os
demais deuses das nações.

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“Não vos assombreis, nem temais; acaso, desde aquele tempo não vo-lo fiz ouvir, não vo-lo
anunciei? Vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra
Rocha que eu conheça. Todos os artífices de imagens de escultura são nada, e as suas
coisas preferidas são de nenhum préstimo; eles mesmos são testemunhas de que elas nada
vêem, nem entendem, para que eles sejam confundidos" (Is 44:8-9).

I. 2 - Personalidade

As Escrituras representam Deus como um ser pessoal.

Significa ter o poder da autoconsciência e autodeterminação, demonstrando todas


as características de personalidade: Intelecto, Volição e Sentimento.

“E disse Deus a Moisés: “Eu SOU o que SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós” (Ex 3:14). EU SOU implica tanto em pessoalidade como em
presença.

"A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? - diz o Santo. Levantai ao alto os
olhos e vede. Ouem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas
bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder,
nem uma só vem a faltar"
(Is 40:25-26).

II - INFINITUDE (OU TRANSCENDÊNCIA)

Ao falarmos da infinitude de Deus, referimo-nos ao fato de que Deus não tem nenhum
limite, nem fronteira conhecida ou restrição, nem está limitado ao universo ou confinado
nele (transcendência)

O atributo ou caracteristica de infinitude ou transcendência, é a pedra fundamental de todos


os demais atributos.

A infinitude somente pode pertencer a um Ser, e portanto, não pode ser repartida com o
universo.

A infinitude de Deus implica na Sua auto-suficiência e sublinha o fato de que não precisa de
nada ou ninguém para O completar.

Este último dado é de grande importância para um bom entendimento da criação.

Deus não cria o homem por causa de um sentimento de solidão.

II.1 Auto-existência

Segundo a Biblia, Deus é causa sui, a Causa da Sua própria existência.

É sua natureza Ser, enquanto o homem está (situação temporal).

É Ele a causa de todas as demais coisas, como revelou ao profeta Isaias:

“Assim diz o SENHOR, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu
sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sózinho estendi os céus e sózinho espraiei a
terra; que desfaço os sinais dos profetizadores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que
faço tornar atrás os sábios, cujo saber converto em loucuras" (Is 44:24-25).

II. 2 Imutabilidade

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Significa que a natureza, os atributos e a vontade de Deus são isentos de toda


mudança. A perfeição absoluta dEle não torna possível qualquer mudança.

Imutabilidade não quer dizer que as decisões ou estratégias de Deus não mudem.
O seu amor se adapta a cada circunstância decorrente da liberdade de seus filhos,
porém o Seu propósito sempre será atingido (Jó 42:2).

O apóstolo Paulo disse aos atenienses: "Ora, não levou Deus em conta os tempos da
ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam;
porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um
varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos" (At
17:30-31).

A Bibla é eloqüente testemunha destes tipos de mudanças, como a Lei e a Graça,


modus operandis diferentes com o homem no Antigo e o Novo Testamentos;.

O que a doutrina de imutabilidade quer dizer é que a natureza de Deus não muda;
ela não se transforma:

“Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos" (Ml
3:6).

“Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa” (Nm
23:19)

Tiago descreve a Deus como o "Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra
de mudança" (Tg 1:17).

II. 3 Unidade

A unidade de Deus quer dizer que a Natureza divina não se divide, é indivisível (unus);
não se compõe ou se decompõe; não se fragmenta. Deus é um só ! (Dt 6:4)
Existe um único Deus infinito e perfeito (unicus).

Este assunto será novamente abordado ao consideramos a Doutrina da Trindade.

III. PERFEIÇÃO

A Perfeição, quando usada em relação a Natureza ou essência de Deus, não quer dizer
apenas plenitude quantitativa e sim excelência qualitativa.

“Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5:48)
“O caminho de Deus é perfeito” (Sl 18:30)
“... perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2)

Os atributos envolvidos na Perfeição, são atributos morais, e coerentes com as 3


características de Sua personalidade: Intelecto; Volição ou Vontade; Sentimento.

São três os atributos morais de Deus, que caracterizam o Seu ser de eternidade a
eternidade:

III.1 Verdade

Atributo que torna o Ser de Deus e o Conhecimento de Deus conformes eternamente.

Ele é a personificação da Verdade Conhecida e é a Verdade Absoluta, e não deve ser


confundida com a veracidade e fidelidade que em parte se manifestam às criaturas, que são
verdades transitivas.

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Verdade é Deus perfeitamente revelado e conhecido. Na vida de Deus não existem


possibilidades não realizadas, porque Verdade é a realidade revelada e realizada,
como em Jesus que se revelou e realizou a Verdade.

" Mas tu, Senhor, és Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia
e em verdade" (Sl 86:15).

João escreveu: "Também sabemos que o Filbo de Deus é vindo a nós e nos tem dado
entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em Seu Filho,
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5:20).

III. 2 Amor

Amor é o atributo da natureza divina em virtude do qual Deus é eternamente movido para
se autocomunicar com suas criaturas. “Deus é amor” (Jo 4:8; Jo 17:24; Jo 3:35; Rm 5:8;
Jo 3:16)

O amor imanente de Deus é um sentimento racional e voluntário buscado na razão perfeita


e na escolha deliberada. Sendo racional, o Seu Amor é subordinado a uma lei mais elevada,
a da Verdade e Santidade.

“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele" (1 Jo 4:16).

O Amor imanente de Deus não deve ser confundido com misericordia e bondade para com
as criaturas, pois estas são manifestações do Amor de Deus.

A Justiça e Verdade não são redutíveis à benevolência, da mesma forma que todo o fruto do
Espirito não se reduz ao amor (Gl 5:22-23).

Da oração sacerdotal de Jesus aprendemos que o amor de Deus é algo


pré-existente à fundação do mundo:

"Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para
que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do
mundo" (Jo 17:24).

O Amor de Deus acha sua razão de ser na própria Natureza de Deus; não no objeto
de Seu amor:

“Nao vos teve o SENHOR afeição nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do que
qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava e,
para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa
e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito" (Dt 7:7-8).

Mais surpreendente que tudo, é o fato de que o Amor de Deus, implica na


possibilidade de Deus sofrer por causa do pecado, exigindo a expiação devido à
Santidade de Deus.

III.3 Santidade

Esta é a última caracteristica da essência de Deus (Ex 26:33; Sl 24:3; Ex 20:11: Gn 2:3).

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Santidade implica na Pureza de sua essência, i.é., a Santidade de Deus é


ativamente motivada contra toda impureza, porque Deus eternamente quer e
mantém sua excelência moral.

A santidade é energia da vontade, isto é, uma qualidade ativa porque é permeada pela
vontade.

Santidade é a vontade própria de Deus, sua auto-afirmação, e a Pureza Seu supremo


objetivo.

É desta forma que Deus se apresenta ao Seu povo:


"Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou Santo e separei-vos dos povos, para serdes
meus" (Lv 20:26).

Por este motivo, o apóstolo Paulo diz: “Tendo, pois, ó amados, tais promessas,
purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espirito, aperfeiçoando a nossa
santidade no temor de Deus" (2 Co 7:1)

SUMÁRIO

• A essência de Deus é composta de três aspectos:

Espiritualidade (Vida e Personalidade);


Infinitude (Auto-existência, Imutabilidade, Unidade);
Perfeição (Verdade, Amor, Santidade).

• A essência de Deus é a fonte da manifestação de todos os demais atributos, presenciados


através da criação.

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ATRIBUTOS RELATIVOS OU TRANSITIVOS DE DEUS

EM RELAÇÃO AO TEMPO E AO ESPAÇO:

IV.1 Eternidade

Significa que a natureza de Deus:

a) não tem começo nem fim:


b) não tem sucessão de tempo;
c) contém em Si a causa do tempo.

Eternidade é infinitude em relação ao tempo. Deus não está sujeito ao tempo ainda
que seja o criador dele.

No pensamento de Deus há sucessão lógica, mas não há sucessão cronológica.

A Biblia diz: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de


eternidade a eternidade, tú és Deus" (Sl 90:2).

O apóstolo Pedro disse: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que,
para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. (2 Pe 3:8).

Mais que o relógio, parece que são as épocas ou estações que enfocam a atenção
de Deus:

“Ainda lhes propôs uma parábola, dizendo: Vêde a figueira e todas as árvores. Quando
começam a brotar, vendo-o, sabeis, por vós mesmos, que o verão está próximo. Assim
tambem, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei gue está próximo o reino de Deus.
Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isto aconteça" (Lc
21:29-32).

IV.2 Imensidão

Significa que a natureza de Deus:

a) não tem extensão:


b) não está sujeita a nenhuma limitação de espaço;
c) contém em Si a causa do espaço.

Imensidão é infinitude, em relação ao Espaço. A Natureza de Deus não é sujeita a


lei do Espaço.

Deus não está no espaço. O espaço é que está em Deus, porque Ele o criou.

Anselm, um dos Pais da Igreja, disse: “Nada a Ti contém, mas Tu a tudo conténs."

“Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não Te podem
conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei" (1 Rs 8:27).

EM RELAÇÃO À CRIAÇÃO

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V. 1 Onipresença

Significa que Deus, na totalidade da sua essência, sem difusão ou expansão,


multiplicação ou divisão, penetra e ocupa o universo em todas as suas partes.

Deus está igual e pessoalmente presente em todos os lugares ao mesmo tempo –


ubiqüidade.

“Para onde me ausentarei do Teu Espirito? Para onde fugirei da Tua face? Se subo aos céus,
lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas
da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e
a Tua destra me susterá" (Sl 139:7-10).

Rejeitamos toda idéia socianista (Lélio Socino, fundador da seita herética unitarista conhecida
por Socianismo, que surgiu durante o século XVI), de que a essência de Deus está no céu e
só seu poder está na terra.

Quando se diz que “Deus habita no céu”, deve-se entender como linguagem simbólica ou
exaltação de que Ele está acima das coisas terrenas, ou ainda que Suas manifestações
gloriosas são próprias aos espíritos do céu (Sl 24:8).

V. 2 Onisciência

Significa que Deus conhece perfeita e eternamente todas as coisas que são objeto
do seu conhecimento, quer reais ou possíveis, passadas, presentes ou futuras.

Deus conhece o autor, o participante, o beneficiado, os atos, e a vítima de todas as


ações perpetradas no Seu reino, desde antes da fundação do mundo.

Significa que nunca pode ser enganado, surpreendido, ou confundido!

Deus conhece as coisas como são. Ele conhece as seqüencias necessárias de sua criação
como necessárias, os atos livres das criaturas como livres, ou idealmente possíveis como
idealmente possíveis.

A onisciência, qualificada por vontade santa, denomina-se “sabedoria” na


Escritura. Em virtude de Sua sabedoria Deus escolhe os mais elevados fins e usa os mais
adequados meios para cumprí-los.

Quando Deus perdoa os nossos pecados por meio de uma decisão consciente, Ele
decide não se lembrar deles, mas não de se esquecer deles:

“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus
pecados não me lembro" (Is 43:25).

Isto pode ajudar-nos, diante da necessidade de perdoarmos uns aos outros.

Não precisamos nos esquecer da ofensa; precisamos simplesmente decidir não nos
lembrar dela, ou seja, não a levar em conta !

Veja também I Jo 3:20; I Co 2:10-11.

V. 3 Onipotência

È o poder de Deus pra fazer todas as coisas que são objeto do seu poder, com ou
sem o uso de meios, ou seja, mesmo do nada Deus pode criar (barah Gn 1:1).

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A onipotência de Deus significa que Deus detém todo poder, e pode ou não
exercitá-lo. Deus tem poder sobre o Seu poder. Deus pode fazer tudo o que ele
quer, mas não quer tudo o que Ele pode.

“Eu sou o Deus Todo-Poderoso” (Gn 17:1)


“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado" (Jó 42:2).

O desejo de Deus é agir de acordo com Seus demais atributos e, portanto, nunca iria
desejar algo incoerente com a essência da Sua Natureza.

Deus pode fazer o que quiser; precisamos lembrar que, na Sua onipotência, Ele detém o
poder de também não fazer.

Isto explica o mistério de como Ele deixa de agir em certas circunstâncias, adiando Sua
intervenção de acordo com Seus próprios motivos. Talvez o melhor exemplo disso, é o
adiamento do julgamento de Satanás e do mundo:

“Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
Clamaram em grande voz dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro,
não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um
deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco
tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos
que iam ser mortos como igualmente eles foram" (Ap 6:9-11).

EM RELAÇÃO AOS SERES MORAIS

VI. 1 Veracidade e fidelidade (ou verdade transitiva)

O relacionamento de Deus com as Suas criaturas, e em particular com seu povo redimido, é
de veracidade e fidelidade (Jr 10:10; Jo 17:3); Is 40:8):

"Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a Palavra de nosso Deus permanece eternamente"
(Is 40:8).

Em virtude da sua Veracidade, todas as suas revelações às criaturas são


consistentes umas com as outras e com a pessoa dEle.

Isto significa que Deus não nos irá enganar com falsas promessas de bênção ou de
maldição.

Em virtude da sua Fidelidade, Ele cumpre todas as suas promessas ao Seu povo,
quer expressas em palavras, quer implicadas na constituição que lhes conferiu.

Neste sentido, Ele é transparente no trato conosco. Mesmo quando somos infiéis, Deus
continua fiel:

"se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo"
(2 Tm 2:13).

Até na hora da tentação Deus é fiel:

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é Fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (1 Co 10:13).

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VI.2 Misericórdia e Bondade (ou amor transitivo)

Misericórdia é o princípio eterno da natureza de Deus que O leva a buscar o bem


temporal e a salvação eterna dos que se opuseram à vontade dEle, mesmo a custo
de sacrifício próprio. A misericórdia é quase idêntica ao amor resultante da
benevolência.

Bondade é o princípio eterno da natureza de Deus que O leva a comunicar sua


própria vida e bênção aos que são semelhantes a Ele no caráter moral. Bondade,
portanto, é quase idêntica ao amor resultante da complacência.

Ao consideramos o amor transitivo de Deus, estamos focalizando a maneira graciosa com


que Deus lida com as Suas criaturas.

Com misericórdia Ele busca o bem temporal e a Salvação eterna daqueles que têm-se
oposto a Sua vontade.

Misericórdia quer dizer que Deus não nos dá o justo pagamento (retribuição) dos
nossos pecados.

Através da Sua bondade, Deus distribui para nós tudo aquilo que precisamos para
uma vida de piedade.

"Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem á
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua propria
glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes
promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos
da corrupção das paixões que há no mundo" (2 Pe 1:3-4).
Veja também Ex. 34:6; Sl 103:8; Sl 100:5; Lc 18:19; Em 12:2; Tg 1:17.

VI.3 Justiça e Retidão (ou santidade transitiva)

Justiça e retidão são a santidade transitiva de Deus, em virtude da qual seu


tratamento com as criaturas se conforma com a pureza de sua natureza.

A retidão demandando de todos os seres morais a conformidade com a perfeição de Deus, e


a justiça visitando a inconformidade através da perda ou do sofrimento.

A Justiça e Retidão de Deus significam que o homem nunca receberá um mau


tratamento da parte de Deus:

“Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao
ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18:25)

Mesmo quando chega a hora de juízo, podemos ter confiança, porque Deus é um
justo juiz:

“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda." (2 Tm 4:8)

Até os pecadores podem ter certeza de que é um Deus justo que irá julgá-los:

"retribuirá a cada um segundo o seu procedimento" (Rm 2:6).

Veja também Dt 32:4; Gn 18:25; Sl 19:8; Is 45:19.

V. A CONVIVÊNCIA DOS ATRIBUTOS

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No sentido de salientar a harmonia que existe na Natureza de Deus, em relacão à essência


de Deus e Seus atributos, verifica-se que existem dois erros principais em relação à
questão da convivência dos atributos divinos.

O primeiro, é imaginar que um atributo predomina sobre os demais: por exemplo, o


Amor venceria a Justiça, ou a Bondade, ou a Santidade.

O segundo erro é pensar que, por causa de um eqüilibrio inerente entre os


atributos, Deus fica impossibilitado de agir. Quando quer agir em Amor, a Justiça
intervém; quando pretende agir com Severidade, a Bondade reclama.

Nada pode estar mais longe da verdade !

Todos os atributos de Deus são sincronizados dinamicamente:

“para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fl 2:10-11)

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DEFINIÇÕES DE UNICIDADE E UNIDADE

A importância da Doutrina de Deus no confronto aos temas contrapostos:

A Existência de Deus versus o Ateísmo


A Espiritualidade de Deus versus o Materialismo
A Personalidade de Deus versus o Panteísmo
A Unidade de Deus versus o Politeísmo
A Trindade de Deus versus o Unitarismo

Unicidade

Não obstante a multiplicidade das religiões e de seus deuses há apenas um Deus


verdadeiro.

Os judeus, os muçulmanos e as Testemunhas de Jeová, crêem na unicidade de Deus.

Unidade

A doutrina da Unidade de Deus surgiu como reflexo da aceitação da Doutrina da Trindade.

Resolvido o acirrado debate sobre a divindade de Jesus Cristo, e mais tarde do Espírito
Santo, a Igreja começou a preocupar-se com o relacionamento entre os membros da
Trindade.

Foi então que a Doutrina da Unidade de Deus desenvolveu-se. Portanto, a Doutrina da


Unidade de Deus é, com certeza, pós-trinitariana. Não se trata de crer em um só Deus como
creram, por exemplo, os judeus.

Envolve a percepção da Trindade: um Deus, sim; mas eternamente coexistente em


três pessoas distintas, que não se confundem, nem se misturam.

Quando os teólogos falam da Unidade de Deus, querem dizer que existe um só Deus,
apesar dEle subsistir em três Pessoas.

Uma comparação simples ajuda o entendimento: assim como o homem é composto de


corpo, alma e espírito, a Divindade é composta de Pai, Filho e Espírito Santo.

Assim como o homem pode ser macho, ou fêmea, e nem por isso serem parcialmente
humanos, nenhum membro da Trindade é parcialmente divino.

Como ambos os sexos são humanos, sem sugerir que existam duas raças humanas,
todos os três membros da Trindade são Deus, sem que existam três Deuses.

Há três religiões monoteístas no mundo: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A segunda é


uma decorrência da primeira; a terceira é um produto de ambas.

A doutrina da Unidade de Deus é defendida em contraposição ao Politeísmo, que é a


crença na multiplicidade de deuses; ao Triteísmo, que ensina que há três deuses, isto é,
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são, especificamente, três Deuses distintos; e ao
Dualismo, que ensina que há dois seres divinos independentes ou dois princípios eternos,
um bom e outro mau, conforme apresentado especialmente nos sistemas gnósticos, tais
como o Parsismo.

a) As Escrituras asseveram a Unidade de Deus

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Dt. 6:4 - "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor"; ou, "O Senhor nosso Deus é
Senhor único". Is. 44:6-8 - "Primeiro ... último, e além de mim não há Deus". Is. 45:5 - "Não
há outro; além de mim não há Deus". I Tm. 2:5 - "Há um só Deus". I Co. 8:4 - "E que não há
senão um só Deus".
Que Deus é um, que não há outro, que Ele não tem ninguém que se lhe compare, é o
testemunho enérgico de mais de 50 passagens bíblicas. O dever fundamental da vida, isto é,
a devoção de todo o ser ao Senhor, fundamenta-se na unidade de Deus: "Um só Deus ... o
único ... Amarás o teu Deus de todo o teu coração", etc.

Nenhuma outra verdade das Escrituras, particularmente do Antigo Testamento, recebe mais
destaque do que a unidade de Deus. Esta verdade encontra-se claramente evidenciada
também no universo físico; é a introdução e a conclusão de todas as pesquisas científicas.
Qualquer outra exposição de fatos contradiz tanto a criação como a revelação. Sua negação é
ridícula para lodo homem que pensa, e não pode ser aceita por nenhum cristão ortodoxo.

Que esta seja, então, a nossa primeira e necessária conclusão: a Divindade, na criação, na
inspiração, ou em qualquer outra forma que se manifeste, é um Deus único; um, não mais.
Uma multiplicação de deuses é uma contradição; só pode haver um Único Deus.

Só pode haver um Ser absolutamente perfeito, supremo e todo poderoso. Tal Ser não pode
ser multiplicado, nem pluralizado. Só pode haver um único Deus, final e todo-inclusivo. O
monoteísmo, então, não o triteísmo, é a doutrina apresentada nas Escrituras.

b) A Natureza da Unidade Divina

A doutrina da Unidade de Deus não exclui a idéia de uma pluralidade de pessoas na


Divindade. Não que haja três pessoas em cada pessoa da Divindade, se usarmos em ambos
os casos o termo pessoa no mesmo sentido.

Cremos, portanto, que há três pessoas na Divindade, mas um Deus. Os antitrinitarianos


representam a igreja evangélica crendo em três Deuses, mas isto não é verdade; ela crê em
um só Deus, mas em três pessoas na Divindade.

c) O uso bíblico da palavra "Um"

Gn. 2:24 -"Tomando-se os dois uma só carne". Gn. 11:6 -"O povo é um". I Co. 3:6-8 - "O
que planta e o que rega são um". I Co. 12:13 - "Todos nós fomos batizados em um corpo".
João 17:22, 23 - "Para que sejam um, como nós o somos... a fim de que sejam aperfeiçoados
na unidade".

A palavra "um" nessas passagens bíblicas foi usada no sentido coletivo; a unidade
aqui citada é composta, como a usada nas expressões "um cacho de uvas" ou "as pessoas
todas se levantaram como se fossem um único homem".

A unidade da Divindade não é simples, mas composta.

A palavra hebraica para "um" (yacheed) no sentido absoluto, e que foi usada nas

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expressões como "apenas um", nunca foi usada para expressar a unidade da Divindade.

Pelo contrário, foi a palavra hebraica "echad", com o significado de "um" no sentido de
uma unidade composta, conforme vemos nas passagens bíblicas acima citadas, a palavra
sempre usada para descrever a Unidade divina.

d) O nome divino "Deus" é uma palavra plural; pronomes plurais foram usados com
Deus

A palavra hebraica para Deus (Elohim) é usada com mais freqüência na forma plural. Deus
geralmente usa pronomes plurais quando fala de si mesmo, como, por exemplo, em
Gn.1:26: "Façamos o homem à nossa imagem"; Is. 6:8 - "E quem há de ir por nós?"; Gn.
3:22 - "Eis que o homem se tornou como um de nós".

Há quem diga que o "nós" de Gn. 1:26: "Façamos o homem", refere-se à consulta que Deus
fez aos anjos com os quais se aconselha antes de fazer alguma coisa importante; porém Is.
40:14: "Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu
na vereda do juízo e lhe ensinou sabedoria e lhe mostrou o caminho de entendimento?",
indica que não é esse o caso; e Gn. 1:27 contradiz essa idéia, pois repete a declaração "à
imagem de Deus (não à imagem dos anjos) o criou".

O "nós" de Gn. 1 :27, portanto, entende-se que seja plural de majestade, indicando a
dignidade e a majestade de quem fala. A tradução adequada deste versículo não é
"façamos", mas "faremos", indicando a linguagem de resolução, e não de consulta.

A DOUTRINA DA TRINDADE

A doutrina da Trindade é, em sua última análise, um mistério profundo que não pode ser
esquadrinhado pela mente finita. Contudo não pode haver dúvida de que se encontra
ensinado nas Escrituras.

É uma doutrina que deve ser aceita embora não possa ser completamente compreendida.

Definição:

“Há apenas um Deus, mas, na unidade da Divindade, há três pessoas eternas e


iguais entre si, idênticas em substância, mas distintas em existência (ou
subsistência)”,
ou

“A Trindade é composta de três Pessoas unidas, sem existência separada, e


indivisivelmente ligadas para formar um Deus”.

Significando que:

A Natureza divina subsiste em três distinções: Pai, Filho, e Espírito Santo; não são
parcialmente divinos; não existem três Divindades.
A Doutrina da Trindade afirma três verdades:
• Há apenas um Único Deus.
• O Pai, o Filho e o Espírito Santo são individualmente Deus.
• O Pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um, pessoas distintas.

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Alguns teólogos têm sugerido que o termo Trindade não é o melhor e propuseram
um termo alternativo: Triunidade.

A palavra alemã Dreieinigkeit ("tri-unico, ou triuno") parece ser mais funcional.

Uma definição correta precisa não apenas enunciar a distinção e a equidade entre os
membros da Trindade, como também precisa proclamar a Unidade entre a Deidade.

A palavra "Trindade" não aparece em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras.

O termo apareceu no fim do século II d.C. e foi utilizado por Tertuliano, que se
referiu à "trindade da única Divindade – Pai, Filho, e Espírito Santo".

A trindade não achou um lugar formal na Teologia da Igreja até o século IV d.C.

Desde então, tornou-se a distintiva e compreensiva doutrina da Fé Cristã, tendo recebido a


sua formulação completa com Tertuliano, Atanásio e Agostinho.

Prova Doutrinária

I. Insinuações no A.T.

O A.T. não revela explicitamente a Trindade, mas dá lugar a indícios para uma revelação
posterior.

Esta doutrina se encontra mais insinuada que declarada no Antigo Testamento. O peso
da mensagem do Antigo Testamento parece consistir na Unidade de Deus.
Mas a doutrina da Trindade encontra-se claramente insinuada sob quatro aspectos:
1: Nos nomes plurais da Divindade; como, por exemplo, Elohim. Gn 1:1, 26
2: Os pronomes pessoais usados para com a Divindade. Gn. 1:26; 11:7; Is. 6:8.
3: As teofanias, especialmente o "Anjo do Senhor". Gn. 16 e 18; Gn 22:11, 15-16.
4: A obra do Espírito Santo. Gn. 1:2; Jz. 6:34.

Sinais de Pluralidade nos Nomes e Atividades de Deus

Os versículos abaixo são exemplos de como o texto bíblico, às vezes, usa um termo
plural para Deus (Elohim).

"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra" (Gn 1:26)

"Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor
do bem e do mal,; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e
coma, e viva eternamente" (Gn 3:22)

“... e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas
o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e
confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro" (Gn
11.6-7)
Estes dois versículos de Gênesis 11 são, sobremaneira, interessantes, porque não
só mostram a pluralidade de Deus, como também Seu conhecimento do poder da
unidade humana.

É como se a humanidade estivesse tão unida como o próprio Deus, naquele


momento.

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“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?
Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim" (Is 6:8)

Outros sinais de Pluralidade:

Em retrospecto (à luz do Novo Testamento), outros sinais de pluralidade surgem


como, por exemplo, o louvor dos Serafins, em Is 6:3:
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo (tríplice repetição) é o
SENHOR dos Exércitos; toda a terra esta cheia da sua glória"

Semelhante repetição tríplice aparece na Bênção Araônica em Nm 6:24-26:


"O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha
misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz”.

Outros indícios incluem a distinção entre o Senhor que fala e o Senhor que Salva:
“Porém da casa de Judá me compadecerei e os salvarei pelo SENHOR, seu Deus, pois não
os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos
cavaleiros" (Os 1:7)

Referências ao Anjo do Senhor

Em Angelologia este personagem será mais estudado.

Com a exceção de Ageu 1:13, o Anjo do Senhor é uma manifestação pré-encarnada


de Deus, o Filho (Jesus Cristo).

Quem vê este Anjo, diz que viu a Deus.

O Anjo do Senhor abençoa a Abraão em Gn 22:15-18 com a mesma bênção que Jeová
havia pronunciado em Gn 12.

II. Confirmações no N.T.

A doutrina da Trindade encontra-se explícita no Novo Testamento; não apenas insinuada,


como no Antigo Testamento, mas explicitamente declarada, conforme as seguintes
passagens:
1. O batismo de Cristo: Mt. 3:16,17. Aqui o Pai fala do céu; o Filho está sendo
batizado no Jordão; e o Espírito desce na forma de uma pomba.
2. Na fórmula do batismo: Mt. 28:19 - "Batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo".
3. Na bênção apostólica: 11 Co. 13:13 - "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo".
4. O próprio Cristo ensina acerca da Trindade em Jo 14:16 - "E eu rogarei ao Pai, e
ele vos dará um Consolador".
5. O Novo Testamento indica:
Um Pai que é Deus, Rm. 1:7; Jo 6:27; Ef 4:6
Um Filho que é Deus, Hb. 1:8;
Um Espírito Santo que é Deus, At. 5:3, 4.
Tudo pode ser resumido nas palavras de Boardman:

"O Pai é toda a plenitude da Trindade invisível, Jo 1:18; o Filho é toda a plenitude da
Trindade manifesta, Jo 1:14-18; o Espírito é toda a plenitude da Divindade agindo
imediatamente sobre a criatura, I Co. 2:9-10.

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É ponto pacifico entre os teólogos, que o Pai, a quem Jesus se refere nos
Evangelhos é Jeová.

Diante disso, passamos a ver o relacionamento existente entre Jesus e o Pai.

Sinais de Igualdade Entre Jesus e o Pai

“Eu e o Pai somos um”. (Jo 10:30).

“ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou
glorificado. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou
para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um,
assim como nós” (Jo 17:10-11).

“Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o
somos." (Jo 17:22)

Outros sinais de igualdade incluem a posse dos atributos divinos:

A Imutabilidade: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre" (Hb 13:8)
A Onipotência: “Eu sou o Alfa e o Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que
há de vir, o Todo-Poderoso" (Ap 1:8)

Além disso, Jesus exerce as prerrogativas de Deus. Ele perdoa pecados:


“E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao
paralítico: Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados" (Mt 9:2)

Sinais de Igualdade Entre Jesus e o Espírito Santo

Jesus garante a seus discípulos que irá enviar um outro (gr. allos) Consolador".

A construção gramatical sugere um "outro" do mesmo tipo e qualidade:


“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco, o Espirito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o
conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós" (Jo 14:16-17)

Sinais de Igualdade Entre Pai, Filho, e Espírito Santo

A presença do Pai, Filho e Espírito Santo na hora de batismo de Jesus. Mais tarde notam-se
os ensinos concernentes ao batismo cristão, com a fórmula batismal aplicada aos
destinados, tentando reconstruir esta bendita convivência.

Um outro sinal de igualdade compartilhada aparece na associação dos Três, na Sua


Obra Redentora:
"Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos
serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é
quem opera tudo em todos”.(1 Co 12:4-6)

Evidências da Deidade de cada membro da Trindade

O Pai é Reconhecido Como Deus:

"A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a
vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo". (Rm 1:7)

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“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos,” (Gl1: 1)

O Filho é Reconhecido Como Deus:

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).”
(Mt 1:23)

Jesus foi identificado como Senhor (Jeová) do Antigo Testamento

Ele é tido como o Senhor (Sl 102:24-25; Hb 1:10-12).


Ele foi visto pelo profeta Isaias (Is 6:1 cf Jo 12:41).
Ele seria precedido por um precursor (Is 40:3 cf Mt 3:3).
Estaria entre o povo do Deus (Nm 21:5-6 cf I Co 10:9).
Ele levaria cativo o cativeiro (SI 68:18 cf Ef 4:7-8).
Jesus usa certas frases que relembram Jeová: o "EU SOU":
"Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu." (Jo
6:41)
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim."(Jo 14:6)

O Espírito Santo também é reconhecido como Deus

“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao
Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?”. Conservando-o, porventura, não seria
teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este
desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus." (At 5:3-4)

III. Na História da Igreja

Ao chegar o século IV e o Edito de Milão, todas estas discussões teológicas vieram


definitivamente à tona e começou-se a defendê-las adversamente.

Constituíram-se dois grandes grupos: os que afirmavam que o Filho havia sido criado por
Deus no princípio, e que, portanto, não podia identificar-se com Ele , que se agruparam ao
redor de Ario e de Eusébio de Nicomeia,
e,
os que afirmavam que o Filho era consubstancial (homoousios) com o Pai, liderados pelo
Bispo Alexandre de Alexandria e especialmente por seu sucessor, Atanásio.

No Concílio de Nicéia (325 d.C.) aprovou-se oficialmente o dogma da Trindade, e se condenou


o arianismo como herético; uma decisão que, com os distintos caminhos dos anos seguintes,
acabaria sendo confirmada pelo Concílio de Constantinopla (381 d.C.).

Não obstante, o Arianismo perduraria pelos reinos dos godos que ocuparam o Império Romano
do Ocidente, em meados do século VI.

Doutrina Da Trindade - uma Revelação de Deus

No sentido literal, a Trindade não é uma doutrina bíblica, pois não há nenhum texto bíblico
que ensine a doutrina da Trindade distintamente.

No entanto, a doutrina da Trindade representa a única conclusão lógica da revelação


bíblica acerca de Deus.

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À medida que Deus foi-se desvendando a nós, tornou-se evidente que não somente Jeová,
mas também Jesus Cristo e o Espírito Santo foram reconhecidos como Deus.

Não há nenhuma doutrina como a Trindade, que resolva tão bem os dados bíblicos,
ainda que outras tentativas tenham sido feitas, como veremos a seguir:

Dados bíblicos que induziram a Igreja a crer na Trindade

A Doutrina da Trindade é um excelente exemplo da natureza progressiva da


revelação de Deus.

Primeiro, Ele foi conhecido em Unicidade, depois em Trindade, e finalmente em


Triunidade:

Deus Único, Deus Trino, depois Tri-Único.

Gradativamente, à medida que as Escrituras foram sendo juntadas e estudadas, a doutrina


se instituiu.

COMO DEUS PODE SER TRÊS PESSOAS... PORÉM UM SÓ DEUS?

Resposta:

Deus existe eternamente como três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo — e cada pessoa é
plenamente Deus, e existe só um Deus.

Resumo Bíblico Sobre a Trindade:

Há só um Deus.
Deus é três pessoas.
Cada pessoa é plenamente Deus.

Há só um Deus:

As três diferentes pessoas da Trindade são um, não apenas em propósito e em concordância
no que pensam, mas um em essência, um na sua natureza essencial. Em outras palavras,
Deus é um só ser.

Deus é três pessoas:

O fato de ser Deus três pessoas significa que o Pai não é o Filho; são pessoas distintas.
Significa também que o Pai não é o Espírito Santo, mas são pessoas distintas.

Cada pessoa é plenamente Deus:

Além do fato de serem as três pessoas distintas, as Escrituras também dão farto
testemunho de que cada pessoa é plenamente Deus.

QUAIS AS DISTINÇÕES ENTRE O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO?

As pessoas da Trindade têm funções primordiais diferentes em relação ao mundo


Jo 1.3; Cl 1.16 ; Sl 33.6, 9; 1Co 8.6; Hb 1.2

QUAL A RELAÇÃO ENTRE AS TRÊS PESSOAS E O SER DE DEUS?

O Credo de Atanásio:

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O Credo de Atanásio, em 400 d.C, serve como exemplo das discussões e decisões
tomadas pela Igreja no tocante a doutrina da Trindade.

Quando Atanásio refere-se à igreja católica ele se refere à Igreja de Cristo como um
todo (católica = universal), e não somente à Igreja Católica Apostólica Romana.

Eis o Credo de Atanásio:

“Quem desejar estar em estado de Salvação, antes de qualquer coisa precisa aderir à fé
católica (apostólica, universal) a qual não sendo preservada totalmente, resulta na perdição
eterna.
Agora, a fé católica está em que adoremos um Deus em Trindade e em Unidade, não
confundindo as Pessoas, nem dividindo a substância; pois há Uma Pessoa do Pai, outra do
Filho, outra do Espírito Santo, mas a Deidade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, é Uma, e
a Gloria igual à Majestade co-eterna.

Como é o Pai, tal é o Filho, e tal é o Espírito Santo; o Pai incriado, o Filho incriado, e o
Espírito Santo incriado. O Pai infinito; o Filho infinito e o Espírito Santo infinito. O Pai
eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo eterno. E ainda, não três eternais, mas um eterno;
como também, não três infinitos, nem três incriados; mas um incriado, e um infinito. Assim,
igualmente, o Pai é Todo-Poderoso, o Filho é Todo-Poderoso, e o Espírito Santo é
Todo-Poderoso; e ainda, não três Todo-Poderosos, mas um Todo-Poderoso.

Assim o Pai é Deus; o Filho, Deus e o Espírito Santo, Deus; a ainda, não três Deuses, mas
um Deus. Assim o Pai é Senhor; o Filho, Senhor é o Espírito Santo, Senhor; e ainda não três
Senhores; mas um Senhor. Pois como somos compelidos pela verdade cristã a reconhecer
que toda Pessoa por si mesma seja Deus e Senhor, assim somos proibidos pela religião
católica de dizer que haja três Deuses ou três Senhores.

O Pai não é feito de nenhum, nem é criado, nem é procriado. O Filho é do Pai, sozinho: não
feito nem criado, mas procriado. O Espirito Santo é do Pai e do Filho; não feito nem criado,
nem procriado, mas procedente. Assim, há um Pai, não três Pais; um Filho e não três Filhos
e um Espirito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade não há ninguém antes ou
depois. Ninguém maior ou menor, mas todas as três Pessoas são juntamente co-eternas e
co-iguais.

De forma que, em todas as coisas, a Trindade em Unidade e a Unidade em Trindade é para


ser adorada. Então, quem desejar estar em um estado de Salvação, que assim pense na
Trindade.

Mas é necessário, para a obtenção da Salvação eterna, que a pessoa também acredite
fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé certa é, então, que acreditemos
e confessemos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e Homem.

Ele é Deus da substância do Pai, procriado antes dos mundos, e Ele é o homem da
substância da sua mãe: nascido no mundo. Deus perfeito; homem perfeito, subsistindo de
uma alma racional e carne.“
ERROS HISTÓRICOS SOBRE A TRINDADE - TEORIAS REPROVADAS

Triteísmo

Nega que só existe um único Deus. Cedo, na História Eclesiástica, havia pessoas como
João Ascunages e João Philoponus, que ensinavam que existiam três Deuses, e que
tinham apenas uma associação forte, como por exemplo, Pedro, Tiago e João, na
condução dos discípulos. O erro do triteísmo, é que abandona o conceito de unidade
existente entre a Trindade, de tal maneira, que ensinavam que havia três Deuses em
vez de três Pessoas na Deidade.

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Modalismo ou Sabelianismo (século III)

Afirma que existe só uma única pessoa, que se revela a nós de três diferentes
modos ou formas.

O erro de Sabelius era justamente o inverso do que propõe o Triteísmo.

Sabelius ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eram apenas manifestações
de um só Deus.

Ora, Deus revelou-se como Pai, no Antigo Testamento; como Filho, no tempo dos
Evangelhos e como o Espírito Santo, depois.

Portanto, existe apenas um Deus conhecido através de três manifestações.

Por este motivo, o sabelianismo é também chamado de modalismo, por causa da


ênfase de Sabelius sobre as modalidades ou modos como Deus se revelou.

Tais modalidades seriam como três uniformes (o de Pai, o de Filho e o de Espírito


Santo) com que o único Deus se vestia.

Arianismo

Nega a plena divindade do Filho e do Espírito Santo, posição hoje defendida pelas
Testemunhas de Jeová.

Ário, um bispo que seguiu um erro de Orígenes (Pai da Igreja), que subordinava o
Filho ao Pai, em relação a Sua essência, fazendo-O assim, inferior ao Pai.

Ário ensinava que apenas o Pai não era criado; porque Cristo, sendo o filho
Unigênito do Pai, significava que fora criado pelo Pai. De acordo com Ário, houve, sim,
um tempo, quando Cristo não existia. Ário e seus ensinamentos foram rejeitados no
Concilio de Nicéia, em 325 d.C.

Subordinacionismo

O Filho é Deus, mas inferior, subordinado ao Pai.

Adocianismo

Concepção de que Jesus viveu como homem comum até seu batismo, quando Deus
o “adotou” como “Filho”.

Expressão filioque

O Espírito procede do Pai e do Filho.

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA TRINDADE

I
Se Jesus é meramente um ser criado, e não plenamente Deus, então é difícil compreender
como ele, uma criatura, pôde suportar toda a ira de Deus contra todos os nossos pecados.
Será que qualquer criatura, por maior que seja, poderia realmente nos salvar?

II
Se Jesus não é plenamente Deus, temos todo o direito de duvidar de que ele de fato possa
nos salvar totalmente. Será que realmente podemos confiar com fé absoluta em que uma
criatura vá nos salvar?

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III
Se Jesus não é o Deus infinito, será que devemos nos dirigir a Ele em oração ou adorá-lo?
Na verdade, se Jesus é meramente uma criatura, por maior que seja, seria idolatria adorá-lo
e, no entanto, o Novo Testamento nos ordena fazê-lo (Fp 2.9-11; Ap 5.12-14).

IV
Se alguém prega que Cristo foi um ser criado e, mesmo assim, nos salvou, então esse
ensinamento atribui erroneamente o mérito da salvação a uma criatura, e não ao próprio
Deus.

V
Se a Trindade não existe, então não houve relacionamentos interpessoais dentro do Ser
divino antes da criação, e, sem relacionamentos pessoais, é difícil entender como Deus
poderia ser genuinamente pessoal, ou como não teria a necessidade da criação para com ela
relacionar-se.

VI
Se não há pluralidade perfeita e unidade perfeita no próprio Deus, então também não temos
fundamento para pensar que possa existir alguma unidade última entre os diversos
elementos do universo.

A ECONOMIA DA TRINDADE

Pai

O Pai dirige o Filho e tem autoridade sobre Ele.

Filho

O Filho obedece e é submisso às ordens do Pai.

Espírito Santo

O Espírito Santo é obediente às ordens tanto do Pai quanto do Filho.

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OS NOMES DE DEUS

Nomes Primários do A.T.

1. Jave (Yahweh)

a. Significado: O Auto-Existente.

b. Texto: Ex 3:14: "Eu Sou o Que Sou'".

c. Caracteristicas

É o nome do relacionamento entre o verdadeiro Deus e Seu povo, e, quando


usado, enfatiza a santidade de Deus, e o Seu ódio pelo pecado e amor aos
pecadores.

2. Elohim

a. Significado: O Forte.

b. Características

É uma palavra usada para o verdadeiro Deus e deuses pagãos.


É um substantivo plural, o chamado plural majestático.
O plural permite a revelação subseqüente da Trindade no N.T., mas não
ensina a Trindade propriamente dita.

3. Adonai

a. Significado: Senhor, mestre.

b. Caracterfsticas

Usado para Deus e homens, e indica o relacionamento senhor-servo.

Nomes Compostos do A. T.

1. Com El

a. El Elyon, traduzido por Altíssimo (lit., o mais forte dos fortes, Is 14:13-14).

b. El Roi, o Forte que vê (Gn 16:13).

c. El Shaddai, traduzido por Deus Todo-Poderoso (Gn 17:1-20).

d. El Olam, o eterno Deus (Is 40:28).

2. Com Javé

a. Javé Jireh, o Senhor proverá (Gn 22:13-14).

b. Javé Nissi, o Senhor é minha bandeira (Ex 17:15).

c. Javé Shalom, o Senhor é a paz (Jz 6:24).

d. Javé Sabbaoth, o Senhor dos Exércitos (1 Sm 1:3).

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e. Javé Maccadeshkem, o Senhor que te santifica (Ex 31:13).

f. Javé Raah, o Senhor é meu Pastor (Sl 23:1).

g. Javé Tsidkenu, o Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6).

h. Javé El Gmolah, o Senhor Deus da recompensa (Jr 51:56).

i. Javé Nakeh, o Senhor que fere (Ez 7:9).

j. Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., lá) (Ez 48:35).

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O DECRETO DE DEUS
Definição:
"O Decreto de Deus é o Seu eterno propósito, segundo o conselho de Sua própria
vontade, pelo qual, para Sua própria glória, Ele preordenou tudo que acontece". (Ef
3:10-12)
O Decreto de Deus abrange Sua Vontade eficaz ou perfeita e Sua Vontade permissiva.
A Vontade eficaz ou perfeita de Deus ocorre quando o ser humano age em conformidade
com a vontade divina.

A Vontade Permissiva acontece quando, mesmo a seu contragosto, Deus permite que o ser
humano aja conforme o seu querer, que escolha livremente e colha o fruto de suas
ações.

Dentro do Seu Plano Soberano, Deus deu ao Homem a liberdade de escolher, e assim este é
responsável por suas decisões (Jz 21:25; At 2:23). Podemos descansar no Seu poder e
promessas!( Rm 8:28-32).

Seu Decreto é Eterno: Sl 33:11; Sábio: Sl 104:24; Livre (sem obrigação interna ou externa,
mas em harmonia com Sua Natureza): Is 40:13-14, Sl 135:6; Eficaz (tudo que Deus Decretou
acontecerá): Is 14:24,27; traz Glória a Si Mesmo: Ap 4:11.

O Plano de Deus cobre tudo em relação ao universo e a todos os homens: Sl 46:10;


119:89-91; Is 14:26-27; 46:10-11; Dn 4:35.

O Plano de Deus define: 1) O tempo da vida humana: Jó 14:5,14; Sl 139:16; 2) a nossa


salvação: Ef 1:4,5,9,11; 3) Os tempos e lugares da habitação da raça humana: At 17:26;
As boas obras do crente: Ef 2:10; Fp 2:12-13; O mal que Deus torna em bem: Gn 50:20; O
Reino de Cristo: Sl 2:6-8; Mt 25:34.

Termos Relacionados
1. Onisciência
Conhecimento de todas as coisas, reais ou possíveis.
2. Presciência
Conhecimento prévio de todas as coisas incluídas no curso real dos eventos.
3. Predestinação
A determinação prévia do destino dos eleitos.
4. Eleição
A escolha de um povo por Deus para Si mesmo.
5. Preterição
A omissão dos não-eleitos.
6. Retribuição
Punição merecida dos ímpios.

A Natureza do Decreto

1. Há apenas um decreto, que envolve tudo, embora no desenrolar dos


acontecimentos haja seqüência constante. Há, também, uma distinção
conveniente entre decretos permissivo e diretivo.

2. O decreto é todo-abrangente (Ef 1:11), e abrange todos os eventos passados,


presentes e futuros. Tudo está sob controle de Deus, embora Ele não tenha o
mesmo relacionamento com todas as coisas nele contidas.

3. Nem todos os desejos de Deus estão necessariamente incorporados ao decreto.

4. Tudo que Deus decretou tem como fim ultimo a Sua glória.

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5. O mal não se torna bem simplesmente pelo fato de o pecado ter sido incluído
como parte do propósito de Deus.

Objeções ao Decreto
1. Não é coerente com a liberdade humana

Refutação: Todavia, todos os meios, como oração e testemunho, por exemplo, são
parte do plano de Deus.

2. O decreto torna Deus autor do pecado

Refutação: Embora Deus tenha incluído o pecado em Seu plano, Ele nunca é
responsável pela prática do pecado.

3. A doutrina do decreto é equivalente ao fatalismo

Refutação: O fatalismo enfatiza apenas os fins e faz do acaso, não de Deus,


o poder governante.

"Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça, que Ele tornou abundante para conosco em toda a
sabedoria e prudência, descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas,
segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para louvor da sua
glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”.
(Ef 1:7-12)

Os decretos de Deus são as explicações lógicas da Política de Deus, derivadas das


Escrituras.

Para sermos mais claros, podemos descrevê-los como sendo as regras do jogo!

A importância deste estudo não se acha na confirmação destes Decretos


particulares, mas sim em descobrir o “modus operandi” de Deus, ou seja, a
maneira pela qual Deus aparentemente tem decidido trabalhar neste mundo.

A doutrina dos Decretos parte do princípio de que Deus "não inventa" Seus planos ao longo
daquilo que nos chamamos de Historia.
A doutrina trabalha com uma hipótese, informada pelas Escrituras, de que tudo
que Deus fez foi planejado e determinado antes da fundação do mundo.

“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram".
(1 Pe 1:18-20)

“e adora-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos
no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo".(Ap 13:8)

“que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,


desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em
Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas,
tanto as do céu, como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança,
predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da
sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos
em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho

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da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa”. (Sl 33:6-11).

O Decreto

Deus decretou criar o Universo e o Homem

“Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a
noite; e fez também as estrelas. E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra,
para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso
era bom”. (Gn 1:16-18)

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha
ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre
toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”. (Gn 1:26)

Decretou a Distribuição das Nações

“Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens
uns dos outros, fixou os limites dos povos, segundo o número dos filhos de Israel”. (Dt 32:8)

“de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os
tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”. (At 17:26)

Decretou o comprimento da vida do Homem

"Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número dos seus meses; tu ao homem
puseste limites além dos quais não passará". (Jó 14:5)

Política de Deus em relação a Sua criação

No campo Moral e Espiritual

O alvo deste estudo é percebermos a política de Deus em relação a Sua criação.

Não precisamos, nem pretendemos comprovar a seqüência lógica destes decretos que seguem.

- Permitindo O Pecado

Sabemos que Deus não induz ninguém ao pecado (Tg 1:13-14), no entanto, como
Criador, Deus é, obrigatoriamente, o autor das condições que permitiram o
surgimento do Mal.
Quando Ele fez a criação, colocou no jardim do Éden a Arvore do Conhecimento do
Bem a do Mal.

"Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para
alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem
e do mal.” (Gn 2:9)

- Derrotando o Pecado pelo Bem


Deus não apenas permitiu o pecado, mas tomou providências para que até isso redunde em
glória para o Seu Nome.

Através do Bem, Deus irá subjugar o Mal. A vida de José é um excelente exemplo
deste decreto:

"Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer,
como vedes agora, que se conserve muita gente em vida".

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(Gn 50:20)

“Pois até a ira humana há de louvar-te; e do resíduo das iras te cinges". (Sl 76:10)

- Salvando do Pecado

Este é o Decreto de Redenção, e tem várias facetas, como se pode ver abaixo.

De acordo com seu entendimento ou tradição teológica, você irá dar mais ênfase a um
Decreto ou a outro.

A Liberdade do Homem

Quanto à liberdade do homem, entende-se que ele foi criado tanto com capacidade para não
pecar como também para pecar.

Mesmo com uma natureza decaída, ele continua responsável por suas ações, que
sinalizam, no mínimo, uma liberdade condicional.

“Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se


abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados,
segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.” (Ap 20:12).

Graça Proveniente

É claro que o homem nunca iria se salvar, se não fosse a graciosa intervenção de
Deus em seu favor. Isto é o que se chama de graça proveniente.

Desde o pecado de Adão, notamos Deus tomando a iniciativa redentora:


“E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? “...Fez o SENHOR
Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu." (Gn 3:9, 21)

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens." (Tt 2:11)

Presciência Divina

A Presciência de Deus é inegável, e é incorporada à Sua ação salvadora.

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles
que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja
o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8:28-29)

Eleição Graciosa

A decisão de salvar alguns pecadores e não outros é a essência da doutrina da eleição.


Entendemos que Cristo foi eleito como Salvador da humanidade e que todos os que
O aceitam, são beneficiados por Sua eleição.

"assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor." (Ef 1:4)
Graça Especial Ou Salvadora

Esta graça especial é comunicada ao pecador à medida que ele coopera com Deus,
respondendo à pregação do Evangelho com fé e arrependimento.

"Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos


demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um

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de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2:37-38)

Para galardoar Seus servos e castigar aos desobedientes.

Deus, na Sua bondade, não apenas salva imerecidamente o pecador, como também
decreta que o tal receberá um galardão, de acordo com seu serviço a Deus.

"Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o
seu trabalho" (1 Co 3:8)

Por outro lado, Deus decretou a punição eterna daqueles que rejeitam Sua oferta de
Salvação:

"Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos." (Mt 25:41)

No campo Social e Político

A Família e as formas do governo

Neste decreto, entendemos que Deus decidiu criar o ser humano como um ser
social, que haveria de prosperar em um ambiente familiar.

"Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora
que lhe seja idônea. “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une a sua mulher, tornando-
se os dois uma só carne.” (Gn 2:18, 24)

Intimamente ligado ao estabelecimento da família está o Decreto concernente ao


governo humano.

“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não
proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.De modo que
aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão
sobre si mesmos condenação. (Rm 13:1-2)

A Providência Divina
Deus tem um propósito em tudo o que faz no mundo, e através da Providência
Divina está continuamente envolvido com todas as coisas criadas, de forma tal
que:

a) Preserva todas as coisas criadas como elementos existentes, que conservam as


propriedades com que ele os criou (Preservação).
Hb 1.3; Lc 5.18; Jo 2.8; 2Tm 4.13; Cl 1.17; At 17.28; Ne 9.6; 2Pe 3.7; Jó 34.14-15; Sl
104.29.

b) Coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades


características a fim de fazê-las agir como agem (Cooperação).
Ef 1.11; Sl 148.8; Jó 37.6-13; Sl 135.6, 7; 104.4; Jó 38.32; Mt 5.45s

c) Governa ou dirige todas as coisas a fim de que cumpram esses propósitos divinos
(Governo)
Sl 103.19; Dn 4.35; 1Co 15.27; Ef 1.11; Fp 2.10-11; Rm 8.28

A Vocação e Missão de Israel

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Soberanamente, Deus escolheu a Abraão e através dele a nação de Israel, para ser
a fonte de extraordinárias bênçãos para o mundo.

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai,
para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e
amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da
terra.”(Gn 12:1-3)

“São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto


e as promessas; deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a
carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Rm 9:4-5 )
O plano de Deus para Israel ainda não se cumpriu; no entanto, Deus tem um
grande propósito para a sua restauração.

A Fundação e Missão da Igreja

Não obstante a restauração da nação do Israel, Deus elegeu a lgreja para uma missão de
enorme responsabilidade.

À Igreja cabe a responsabilidade de representar a Cristo aqui na Terra.

"para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos
principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu
em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Ef 3:10-11)

O Triunfo Final de Deus

Este fato é muito bem ilustrado no livro do Apocalipse, onde encontramos a profecia do
triunfo final de Deus sabre todos os seus inimigos.

O Paraíso, que foi destruído em Gênesis, será restaurado, e Deus enxugará todas
as lágrimas!

"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e
o mar já não existe. E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de
Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo.E ouvi uma grande voz, vinda
do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles.
Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais
pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.E o que estava
assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve;
porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.Disse-me ainda: está cumprido: Eu sou o Alfa
e o èmega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da
água da vida.
Aquele que vencer herdará estas coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.." (Ap
21:1-7)

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Pr. Anor Afonso Serio [2006]…Pág. 36 de 36

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