“Liderança estratégica e criação de valor” (W. Glenn Rowe, REA –
Revista de Administração de Empresas, Jan/Mar. 2002), faz uma abordagem diferente de liderança estratégica e a compara com a liderança gerencial e visionária.
Logo no começo do artigo o autor apresenta como exemplo de liderança
estratégica o caso da empresa Starbucks, que após a entrada do executivo Howard Schultz as vendas e lucros da empresa aumentaram 50% anualmente por seis anos consecutivos. Isso só foi possível pela liderança estratégica exercida pelo executivo.
Apresentando os conceitos o autor explica que liderança estratégica é uma
habilidade de conseguir influenciar os funcionários a tomarem decisões voluntárias que aumentam o lucro da empresa em longo prazo, porém mantendo os pés no chão para garantir uma estabilidade em curto prazo. Deixar para gerentes e funcionários a tarefa de tomar decisões importantes facilita o trabalho da alta gerência que terá mais tempo para se preocupar com outros assuntos que interessam a empresa, mas é aí que mora o perigo, líderes estratégicos devem estar atentos a essas decisões tomadas por funcionários e ter certeza que essas pessoas têm valores, pois podem por negligência ou até por ma fé prejudicarem a organização. A liderança estratégica é uma ligação entre a liderança gerencial e a visionária que podem coexistir no meio empresarial.
A liderança gerencial é uma forma mais conservadora e prioriza a
estabilidade em curto prazo e ordem. Líderes gerenciais estão mais ligados à cultura e a história da organização do que com os funcionários e eles não tem desejos e sonhos, se preocupam apenas com as necessidades que surgem. É o tipo de liderança mais encontrado nas empresas e principalmente no governo. Líderes gerenciais são importantes para a organização, mas se houver um excesso é inevitável que em longo prazo isso provoque uma redução de valor.
A liderança visionária é o oposto da gerencial. Sua influência dentro da
organização é tão grande que são eles (os visionários) que ditam a direção a ser seguida. O ambiente liderado por eles é bastante turbulento, e em muitos casos até desorganizado. Por outro lado estão mais dispostos em explorar novos caminhos. O ideal seria as organizações terem líderes gerenciais e visionários, sendo esse último mais influente.
Esse equilíbrio de viabilidade em longo prazo sem o fracasso em curto prazo
é a filosofia da liderança estratégica. Uma equipe composta de líderes gerenciais e visionários cria valor para a organização, porém um único indivíduo que possui as qualidades de ambos realizará o máximo de criação de valor. O autor faz questão de identificar alguns pontos em que há restrições na liderança estratégica, como por exemplo, no governo, porque possui um processo de criação de valor diferente, que podemos ao grosso modo dizer que pode ser percebido pelo “padrão de vida da população”. Nos governos o nível de burocracia e hierarquia é elevado, e esse tipo de sistema não está preparado para as mudanças que a liderança estratégica iria impor.
Todas essas características e diferenças entre os tipos de liderança podem
ser visualizadas mais clara e resumidamente em um quadro comparativo feito pelo autor.
Ao decorrer do artigo é apresentado também o impacto de cada tipo na
criação de valor citando empresas que utilizam cada um.
Para concluir ele analisa o paradoxo liderar X gerenciar e faz observações
interessantes, como o fato de grandes organizações que possui vários ramos distintos treinarem seus funcionários para exercerem liderança gerencial, afirmando que não é errado, porém se essa prática prejudica o aparecimento de outras formas de liderança a organização se prejudica. Relata também estudos do governo canadense que mostra que a razão mais importante para a falência de empresas de pequeno e médio porte é a inexperiência gerencial. Para resolver isso os pesquisadores sugerem que os gerentes precisam ser treinados em administração geral e habilidades de gerenciamento financeiro e que a liderança visionária e gerencial são necessárias em qualquer tipo de empresa. Sendo assim o autor conclui que é difícil lidar com esse paradoxo, mas não impossível, segundo ele os executivos precisam agir como líderes estratégicos que aceitam e unem os gerenciais e visionários, e quando isso acontece o resultado é a criação de valor tanto para organizações novas como antigas.
Através da leitura desse artigo e estudo do conteúdo da disciplina
comportamento organizacional é possível estabelecer uma relação com a cultura organizacional no sentido que o líder estratégico deve conhecer bem a organização onde trabalha para administrar os esforços e as tomadas de decisões para que sejam coerentes com a visão da empresa. Em relação aos líderes gerenciais podemos perceber que diferentemente dos visionários seu trabalho baseia-se na origem da organização e estão intimamente ligados à sua história e cultura.
Também é perceptível que a liderança estratégica está intimamente ligada
a equipes, pois são elas que dão suporte ao trabalho do líder, influenciando outros funcionários a tomarem decisões que ajudem a empresa, a motivá- los, e a facilitar sua participação.
Por fim a liderança estratégica é muito importante na gestão de mudanças,
porque os estratégicos possuem habilidades capazes de administrar tais situações. Como dito anteriormente a liderança estratégica une dois lados opostos: a liderança gerencial e visionária. Os gerenciais são muito resistentes a mudanças, pois se sentem parte dessa organização, e se sentem satisfeitos com um pensamento de missão cumprida ao longo dos anos, e quando vêem todo o seu trabalho sendo reformulado ficam desnorteados e angustiados. Já os visionários como pensam no futuro constantemente propõem mudanças para a organização seguir o caminho correto.