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Llgia Medeiros
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Uma vez que o fluxo do pensamento não é diretamente observável,
ele pode apenas ser inferido a partir das externalizações propostas
pelos agentes de uma situação. Pensamentos são representações inter-,,
nas de um indivíduo de sua maneira de compreender aspectos do
mundo, porém não são fotografias do mundo, são conjuntos de sím-
bolos correspondentes àqueles aspectos. Isso torna a tarefa de inves-
tigar e compreender o pensamento projetual bastante complicada.
Estímulos, respostas motoras e representações visuais surgem, então,
corno meio de aproximarmo-nos desse pensamento.
A importância do desenvolvimento das habilidades de expressão e
comunicação se manifesta no fato de serem as externalizações e as
descrições dos esquemas de pensamento o que permite a avaliação,
por parte do professor, da evolução do raciocínio do aluno, ou seja,
elas possibilitam a estimativa do aumento na capacidade de mobilização
e administração dos recursos oportunos em situações complexas.
Como não podemos ter acesso direto às experiências e às sensa-
ções das pessoas - muitas vezes nem mesmo elas têm clareza do
'
significado de suas experiências -, resta-nos explorar as manifesta-
ções tangíveis das atividades cognitivas. A análise de registros gráficos
e verbais, desde que associada à reflexão, à discussão e à avaliação
criteriosa, passa a ser, portanto, um interessante recurso para elucidar
os processos de raciocínio e as leis de associação que surgem e se
revelam quando indivíduos geram idéias. ,
a p o tencialidade, exclusivamente humana, de projetar desenhando. O
desenvolvimento da capacidade de antecipar e explorar graficamente,
para "dom esticar o futuro ", deu origem, segundo Boutinet (1992) , à
DESENHISTICA - A CIÊNCIA DA ARTE DE PROJETAR DESENHANDO LIGIA MEDEIROS
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A ambigüidade dos rascunhos permite múltiplas interpretações e
estimula a produção de alternativas. "Analogias visuais são encontra-
das, exemplos são lembrados, novas formas baseadas em configura-
ções geométricas antes não reconhecidas são identificadas" (DO e
GROSS, L997). Muitas idéias são derivadas da combinação feita de
empréstimos de outros domínios com os elementos do problema que
temos em mãos. Uma das mais reconhecidas fontes de criatividade é a
combinação dessas idéias ou "bissociação" (KOESTLER, 1964).
"Se você sabe exatamente o que vai fazer, para que fazer?" Indaga-
va Picasso. Rabiscos e rascunhos tanto registram imagens que estão na
mente quanto produzem imagens novas e inesperadas, para serem
inseridas na mente. Comumente, se considera tal atividade como não-
A esse repentino "ver alguma coisa como outra", denominE:i
lampejo, termo que poderia ser equiparado a iluminação, ou intuição.
Simon (2000, p.89) explica que a intuição é um fenômeno de reco-
nhecimento, uma sensação genuína de compreensão global do pro-
blema e do caminho a seguir. Essa noção salienta a importãncia da
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dos ou umtários sao raros. Imagens são transformadas seguindo um
ciclo: rabiscos geram imagens na mente do autor, que se alimenta de
informações. Na procura por maior coerência, rabiscos e rascunhos
são transformados pela adição, subtração ou substituição de partes.
Esses tipos de desenhos, portanto, não emergem em sua totalida-
de, de uma vez. Ao contrário, requerem um processo de transfor!J1a-
ções sucessivas, não necessariamente seqüenciais ou progressivas.
Além disso. nem tudo é registrado graficamente, nem mesmo na cons-
'
"É preciso começar o desenho para saber o que se quer dese-
nhar", dizia Picasso. Quem projeta desenhando provoca as oportuni-
dades de identificar atributos não explícitos e de enxergar perspectivas
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completamente novas. Isso freqüentemente conduz à reestruturação
do problema em questão e à formulação de requisitos que não tinham
sido dados na instrução inicial, e que modificarão todas as ações sub-
seqüentes. O surgimento de uma idéia que não tinha sido aventada
antes, leva à desfocalização das maneiras anteriores de perceber algo,
portanto, pode levar à inovação.
turação. Entre os inúmeros pesquisadores que abordam O tema da
linguagem visual, podemos mencionar Arnhein ( 1986) , no âmbito da
psicologia da arte; Read (l 981), que, na busca de um princípio social
e biológico da arte, analisou as origens da forma; Goodnow (1977),
que investigou o desenvolvimento do grafismo infantil; Lowenfeld e
Brittain (1977), que se apoiaram na expressão gráfica para propor
estágios do desenvolvimento da capacidade criadora na criança; Piaget
(1972), que examinou a construção do real, a representação do mun-
do e a formação do símbolo na criança; Vygotsky (1990), com 0
estudo da imaginação e a arte na infância; Kellog (1959), que inve5tí-
gou o que crianças rabiscam e por quê.
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