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comentada
USP - SP R3
de Clínica Médica
2017
01 rotina
Homem de 67 anos vem para consulta de
por insistência de sua esposa. Não usa
medicações, é sedentário, não fuma nem ingere álcool
em demasia. Exame clínico: PA = 140 X 85 mmHg,
índice de massa corpórea = 30 kg/m2. Apresenta a
seguinte característica auricular: (Conforme imagem
no caderno de questões) considerando o sinal
auricular, pode-se afirmar que este paciente tem
probabilidade maior de apresentar:
COMENTÁRIO: A alteração encontrada é o sinal de Frank (prega lobular diagonal) que possui forte
associação com aterosclerose (DAC), ela é muito útil para indicar a pesquisa de coronariopatia,
principalmente em pacientes mais jovens. Alternativa correta letra A
02 Homem de 29 anos, com queixa de urina escura. Apresentou primeiro
episódio há 18 meses, após cirurgia para correção de varicocele e uso de ainti-
inflamatórios não hormonais. Há duas semanas, teve novo episódio de urina escura,
após quadro de infecção de vias aéreas superiores. Nessa ocasião, verificou-se PA = 180
X 110 mmHg e discreto edema de membros inferiores. Exames: urina tipo I: proteína =
3+/4; hemácias = 1 milhão/mL; leucócitos = 320 mil/mL; cilindros granulosos. Urocultura:
negativa; proteinúria de 24 horas = 1,12 g; creatinina=1,4 mg/dL. Hemograma, eletrólitos,
gasometria e eletroforese de proteínas séricas normais. Sorologias virais, FAN e ANCA
negativos; complemento normal. O diagnóstico mais provável é:
COMENTÁRIO: Questão direta. Estamos diante de uma gestante com quadro clínico (febre,
artralgia, lesão eritematosa em face, tronco e, principalmente, em região palmoplantar, além
de alopécia - sífilis secundária) e sorológico compatível com sífilis (VDRL em duas ocasiões com
títulos elevados). O tratamento preconizado pelo ministério da saúde para a prevenção de sífilis
neonatal é baseado no uso de penicilina benzatina, porém a paciente já apresentou episódio
de reação anafilática previamente. Nesse caso, a conduta mais acertada é a dessensibilização à
penicilina, pois trata-se da droga com melhor evidência de eficácia nesse contexto.
04 Mulher de 22 anos vem com queixas de sintomas dispépticos há um ano,
diarreia e emagrecimento de 6 kg no período. Tem história prévia de anemia
ferropriva, tratada com sais de ferro sem sucesso. Exames iniciais: protoparasitológico
de fezes negativo, gordura fecal (SUDAM) positiva, leucócitos fecais ausentes.
Velocidade de hemossedimentação normal, dosagem de imunoglobulinas normal.
Anti-HIV negativo.A colonoscopia foi normal. A ultrassonografia não conseguiu
examinar o pâncreas completamente devido à distensão gasosa abdominal. O próximo
exame a ser solicitado é:
A) Amilase sérica.
B) Anticorpos antiendomísio.
C) Dosagem de calcitonina.
D) Dosagem de calprotectina fecal.
COMENTÁRIO: Estamos diante de uma mulher jovem com quadro de diarréia crônica associada
a dispepsia, perda ponderal, anemia ferropriva e esteatorréia; além disso, o protoparasitológico
de fezes negativo torna menos provável uma causa infecciosa para o quadro, bem como
o anti-HIV negativo e dosagem de imunoglobulinas normais afastando algum quadro de
imunossupressão. A principal hipótese para o caso é, sem dúvidas, doença celíaca, portanto, os
anticorpos a serem solicitados seriam o anticorpo anti-transglutaminase (anti-TTG) da classe de
IgA e o antiendomisio. A opção correta é o item B.
05 Homem de 50 anos é admitido no serviço de emergência em mau estado geral.
Chama atenção sua gasometria venosa com pH = 7,56 e bicarbonato = 31 mEq/L.
Dentre os abaixo, a etiologia e a alteração eletrocardiográfica mais prováveis são,
respectivamente:
COMENTÁRIO: Bela questão para os amantes dos distúrbio ácido-base e eletrolítico. Vamos por
exclusão. Estamos diante de um paciente com alcalemia (pH = 7,56) metabólica (BIC = 31 mEq/L),
portanto, o comportamento do potássio diante desse fenômeno é a hipocalemia. Isso levará a
redução da amplitude da onda T e “desmascaramento” da onda U. Apenas com esse dado você
seria capaz de marcar a alternativa B como correta. Das alternativas acima, apenas os vômitos e o
uso de diurético tiazídicos são capazes de causar alcalemia.
06 Mulher de 17 anos, previamente hígida, com queixa de perda ponderal involuntária
de 4 kg no último mês, astenia na última semana e há dois dias com náuseas,
vômitos e dor abdominal. Sem alterações nas fezes e sem febre. Negava outros sintomas.
Exame clínico: desidratada ++/IV; FR = 32 irpm; FC = 108 bpm; PA = 100 X 60 mmHg; T =
36,5 °C; SatO2 em ar am-biente = 99%. Exame pulmonar, cardíaco e de extremidades
normais. Abdome flácido, discretamente doloroso à palpação de epigástrio,
descompressão brusca negativa, ruídos hidroaéreos presentes. Foram colhidos exames
laboratoriais e o primeiro resultado obtido foi a gasometria arterial com pH = 7,18; pO2 =
88 mmHg; pCO2 = 20 mmH; bicarbonato = 8 mEq/L; BE = -7; K = 3,8 mEq/L e lactato = 11
mg/dL. Considerando-se a hipótese principal, o cuidado desta paciente deve incluir:
COMENTÁRIO: Questão muito boa. Vamos inverter a ordem das informações para que fique mais
clara. A gasometria arterial mostra uma acidemia (pH = 7,18) metabólica (BIC = 8) compensada
(pCO2 espero = BIC x 1,5 + 8 = 20) com lactato normal (< 20 mg/dl), ou seja, há algum outro
ácido sendo responsável por esse fenômeno. Chama atenção uma jovem com perda ponderal,
desidratada ao exame, sem sinais de infecção e com dor abdominal. Diante disso, a principal
hipótese diagnóstica é um quadro de cetoacidose diabética (CAD). Dentro das medidas iniciais
no tratamento de CAD, sem dúvida alguma, um passo fundamental é o controle adequado do
potássio, portanto o item D está correto. O item B está incorreto devido a restrição do uso de
bicarbonato apenas para pacientes com acidemia grave (ph < 7,0).
07 Homem de 23 anos procura o pronto atendimento por crise álgica de anemia
falciforme em membro inferior esquerdo, durante suas férias em São Paulo/SP.
Paciente é seguido regularmente em ambulatório de hematologia de sua cidade natal
e faz uso de ácido fólico 5 mg/dia desde a infância e de hidroxiureia 1.500 mg/dia há
um ano e meio. Na avaliação, solicita administração de morfina endovenosa, e refere
que é a única medicação que alivia sua dor quando na intensidade atual. Refere que
teve quadro de infecção de vias aéreas superiores há cerca de duas semanas, sem febre
e com resolução completa dos sintomas respiratórios. Há um dia, iniciou quadro álgico
intenso em MIE, tendo feito uso de dipirona 40 gotas e codeína 30 mg de 6 em 6 horas
(tomou 2 doses de cada), com pouca melhora. No momento, com fáscies de dor e
relata dor 8 em 10. Em estado geral regular (fáscies de dor); descorado 2+; hidratado; FC
= 90 bpm; PA = 114 x 70 mmHg; FR = 23 rpm; afebril. Com relação a este caso:
COMENTÁRIO: Questão direta. Estamos diante de uma síndrome álgica (dor intensa em MIE) de
forte intensidade (8/10) sem melhora ao uso de opioide fraco. Diante do exposto, devemos oferecer
uma boa hidratação, já que este é um dos principais desencadeantes desse fenômeno, além de
uma analgesia com opioide potente como a morfina combinado a algum analgésico simples.
Caso o paciente permaneça refratário a essas medidas, a transfusão pode ser considerada, porém
apenas no contexto de refratariedade da crise. Afirmativa correta, item A.
Mulher de 26 anos, com antecedente de diabetes mellitus tipo 1, internada há
19 dias na unidade de terapia intensiva por choque séptico de foco urinário, por
Escherichia coli multissensível. Evoluiu com insuficiência renal aguda, necessitando
de hemodiálise, e síndrome do desconforto respiratório agudo, com necessidade de
ventilação mecânica. Fez uso de ceftriaxone 2 g ao dia, por 14 dias. Foram suspensas
as drogas vasoativas e a paciente foi extubada, porém ainda necessita de hemodiálise.
Encontrava-se bem, estável, porém voltou a ter febre e hipotensão arterial, sendo
reintroduzida noradrenalina. Exame clínico inalterado. Cateter de hemodiálise em bom
estado. Houve elevação de leucócitos, proteína C reativa e lactato arterial. Radiografia
de tórax e tomografia de abdome sem alterações. Foram colhidas hemoculturas
periféricas e do cateter de hemodiálise e urocultura. Introduzido piperacilina/
tazobactan, além de vancomicina. Houve crescimento de leveduras em hemocultura
periférica e do cateter. Urocultura negativa. As condutas a serem realizadas são:
COMENTÁRIO: Questão muito boa. Estamos diante de uma paciente com choque séptico de
foco urinário, por Escherichia coli multissensível em fase de resolução, porém ainda invadida
com acesso vascular para hemodiálise. Apresentou novo quadro infeccioso (febre e hipotensão
arterial, além de elevação de leucócitos, proteína C reativa e lactato arterial). Houve crescimento
de leveduras em hemocultura periférica e do cateter e outros sítios infecciosos não parecem
estar relacionados, portanto estamos diante de uma infecção de corrente sanguínea associada a
cateter. A conduta sugerida é a retirada do cateter, introdução de droga antifúngica (micafungina),
coleta de hemoculturas seriadas até negativação do exame (o antifúngico deve ser mantido por
14 dias após primeira hemocultura negativa). Avaliação do fundo de olho é mandatória devido o
risco de coriorretinite fúngica. A utilização de antibiótico nesse contexto concorrerá apenas para o
aumento de eventos adversos, não sendo necessário a sua utilização. Alternativa C está correta.
09 19Mulher de 26 anos, com antecedente de diabetes mellitus tipo 1, internada há
dias na unidade de terapia intensiva por choque séptico de foco urinário, por
Escherichia coli multissensível. Evoluiu com insuficiência renal aguda, necessitando
de hemodiálise, e síndrome do desconforto respiratório agudo, com necessidade de
ventilação mecânica. Fez uso de ceftriaxone 2 g ao dia, por 14 dias. Foram suspensas
as drogas vasoativas e a paciente foi extubada, porém ainda necessita de hemodiálise.
Encontrava-se bem, estável, porém voltou a ter febre e hipotensão arterial, sendo
reintroduzida noradrenalina. Exame clínico inalterado. Cateter de hemodiálise em bom
estado. Houve elevação de leucócitos, proteína C reativa e lactato arterial. Radiografia
de tórax e tomografia de abdômen sem alterações. Foram colhidas hemoculturas
periféricas e do cateter de hemodiálise e urocultura. Introduzido piperacilina/
tazobactan, além de vancomicina. Houve crescimento de leveduras em hemocultura
periférica e do cateter. Urocultura negativa. Após 5 dias, houve identificação de Candida
parapsilosis. Como a febre persistia, foi feito ecocardiograma, evidenciado-se vegetação
de 18 X 10 mm em válvula mitral. A melhor conduta é:
A) 33%.
B) 50%.
C) 67%.
D) 75%.
COMENTÁRIO: Não se assuste com os gráficos. Questão simples e direta. Por definição o valor
preditivo positivo é a chance de um indivíduo ser doente, dado que seu teste foi positivo, portanto
teremos 90/135 = 0,67 (67%). Afirmativa C é a correta.
12 novo
A tabela a seguir refere-se a avaliação de um
teste diagnóstico, para uma doença cuja
presença nos indivíduos analisados foi definida
utilizando um método padrão-ouro. (Conforme
imagem do caderno de questão). Com base na tabela
e na figura (Nomograma de Fagan), responda a
próxima questão. (Conforme imagem do caderno
de questão). A razão de verossimilhança para o teste
negativo no exemplo citado é, aproximadamente:
A) 0.05.
B) 0.11.
C) 0.22.
D) 0.55.
COMENTÁRIO: Mais uma vez, mantenha a calma e aplique os conceitos. O que está sendo pedido
na questão é a razão de verossimilhança que nada mais é que a relação entre a probabilidade
do teste ser negativo dentre os indivíduos doente e a probabilidade do teste ser negativo dentre
os indivíduo não-doentes. Aplicando aos dados da questão teremos 10/100/855/900 = 0,10.
Alternativa B está correta.
14 Mulher de 21 anos, previamente hígida, com febre de até 39 °C há cinco dias e
há três dias, icterícia e colúria. Refere dor em hipocôndrio esquerdo. Nega uso de
medicações. Sem antecedente familiar. Exame clínico: regular estado geral; descorada
2+/4; ictérica 4+/4; T = 38,2 °C; FC = 108 bpm; PA = 100 X 60 mmHg; FR = 18 ipm; SatO2
= 96% em ar ambiente. Sem linfonodomegalias; sem lesões cutâneas. Abdômen
doloroso à palpação em hipocôndrio esquerdo, baço a 6 cm do rebordo costal
esquerdo, fígado a 2 cm do rebordo costal direito. Exames laboratoriais: hemoglobina
= 8,5 g/L; normocítica; leucócitos = 2.290/mm3; plaquetas = 47 mil/mm3; reticulócitos =
5 mil/mm3; PCR = 71 mg/dL; ALT = 117 U/L; AST = 169 U/L; FA = 1.001 U/L; Gama-GT = 1.179
U/L; bilurrubinas = 17,4 mg/dL (direta = 15,0 mg/dL); DHL = 1.685 U/L; ferritina = 70.993
ng/mL; ureia, creatinina, sódio, potássio e coagulação normais; anti-HIV negativo; anti-
HCV negativo; anti-HBc negativo, anti-HBs positivo; AgHBs negativo; anti-HAV IgG
positivo e IgM negativo; anti-VCA EBV IgG negativo e IgM positivo. A principal hipótese
diagnóstica e o exame a ser realizado são, respectivamente:
COMENTÁRIO: Questão clássica na FMUSP. O achado central para o diagnóstico correto seria
a elevação descomunal da ferritina (>70000). Estamos diante da síndrome hemofagocítica
que se caracteriza pela hiperativação do sistema imune. Apresenta como gatilhos processos
infecciosos, doença autoimune, neoplasias e algumas formas hereditárias. Apresenta-se com
febre, hepatoesplenomegalia, rash cutâneo, linfadenomegalia generalizada, disfunção do SNC,
citopenias e ferritina desproporcional às alterações hepáticas. O aspirado de medula óssea é um
importante critério para a confirmação diagnóstica, revelando a fagocitose das células
hematológicas. Alternativa A está correta.
15 Mulher de 33 anos, portadora de infecções pulmonares frequentes foi submetida
a tomografia computadorizada de tórax para investigação de bronquiectasias.
Cinco minutos após a administração do contraste iodado, apresentou rubor cutâneo,
prurido generalizado, edema de lábios, dispneia e agitação psicomotora. PA = 80 X 50
mmHg; FC = 120 bpm; FR = 28 ipm. Pelo fato de ser alérgica a peixe e camarão, havia
sido medicada profilaticamente com loratadina (10 mg por viaoral), 8 horas antes do
início do procedimento, por indicação de seu clínico. Foi medicada com adrenalina IM,
difenidramina IV e hidrocortisona IV, apresentando boa evolução. Nunca havia recebido
contrastes iodados durante a realização de exames de imagem. Referia fazer uso
profilático de azitromicina para bronquiectasias há três meses. Podemos afirmar que:
A) O mais provável agente etiológico foi o contraste iodado uma vez que a paciente
apresenta alergia a peixe e camarão.
B) A principal hipótese diagnóstica é anafilaxia IgE-mediada, desencadeada pelo
contraste iodado.
C) O provável mecanismo imunológico envolvido é a desgranulação direta de
mastócitos pelo contraste iodado.
D) A causa mais provável envolvida foi a interação entre a azitromicina e o contraste
iodado.
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
CONTINUAÇÃO DA QUESTÃO 15
A) Ausência de dispneia.
B) Ausência de alterações urinárias.
C) Ausência de edema de membros inferiores.
D) Ausência de visceromegalias.
COMENTÁRIO: Questão muito bonita. Na ascite de causa transudativa, que tem como principais
causas insuficiência cardíaca, cirrose e síndrome nefrótica, quase sempre se apresentará com
edema de membros inferiores. Às causas exsudativas (neoplasia, tuberculose) estão relacionadas
a doenças do próprio peritônio, podendo apresentar-se com ascite sem síndrome edemigênica
associada. Alternativa C está correta.
17 Mulher de 32 anos procura assistência médica com queixa de episódios
intermitentes de diplopia, além de fraqueza muscular e ptose palpebral
vespertina. Nesta paciente é provável o encontro de anticorpo anti:
A) Centrômero.
B) Receptor de acetilcolina.
C) Músculo liso.
D) Citoplasma de neutrófilo.
A) Cervical.
B) Craniana.
C) Torácica.
D) Lombar.
COMENTÁRIO: Questão direta. Paciente portadora de lupus cursando com quadro de nefrite
lúpica em atividade (anasarca, hematúria, retenção de escórias e hipocomplementemia).
Estamos diante de uma nefrite lúpica difusa (classe IV), que devido a possibilidade de
desfecho ruim deve ser tratada agressivamente. O tratamento preconizado é pulsoterapia
com metilprednisolona 1 g durante 3 a 5 dias. O uso de ciclofosfamida pode ser associada ao
corticoide. Alternativa A está correta.
Mulher de 34 anos, previamente hígida, veio
20 ao pronto-socorro com cefaleia holocraniana
há dois dias, associada a náuseas, febre de 38 °C e
confusão mental. Acompanhante relata episódio de
parada comportamental associada a automatismos
oromastigatórios, com duração de cerca de três minutos.
Exame clínico: regular estado geral, escala de coma de
Glasgow: abertura ocular 3, resposta verbal 4, resposta
motora 6, confusa e sonolenta, rigidez de nuca presente,
fundo de olho sem papiledema, sem outras alterações.
A ressonância de crânio da paciente é apresentada. O
tratamento que deve ser instituído para essa paciente é:
COMENTÁRIO: A fase inicial da IRA pós-renal é seguida por insensibilidade dos ductos coletores
ao hormônio antidiurético (ADH) gerando um quadro semelhante a diabetes insipidus
nefrogênico. A persistência do quadro será seguido por lesão parenquimatosa renal irreversível.
Afirmativa D está correta.
22 evidenciada
Mulher de 32 anos passou em consulta em unidade básica de saúde, sendo
elevação da pressão arterial. A paciente é assintomática e nega
doenças crônicas ou uso de medicações. Nega história familiar de hipertensão. Exame
clínico: IMC = 28,4 kg/m2; PA = 164 X 108 mmHg (2 medidas); sem outras alterações.
Exames laboratoriais: creatinina = 0,7 mg/dL; K = 3,2 mEq/L e urina tipo 1 sem
proteinúria ou hematúria. O exame confirmatório da principal hipótese diagnóstica é:
COMENTÁRIO: Nessa questão temos uma paciente jovem com elevação da PA, chama a
atenção nos exames uma hipocalemia (K 3,2 mEq/L), e qual a causa clássica de HAS em jovens
com hipocalemia? É o hiperaldosteronismo primário! O exame mais solicitado (possui alta
sensibilidade) é a relação entre a aldosterona plasmática e atividade de renina plasmática,
quando existirem valores iguais ou maiores que 20 ou 30ng/dL:ng/ml/h o diagnóstico é provável.
Alternativa correta letra A.
23 uso
Homem de 52 anos, com antecedentes pessoais de diabetes mellitus tipo 2 em
de insulina, insuficiência cardíaca e hábitos de alcoolismo, em consulta pré-
operatória para cirurgia de caráter curativo devido a adenocarcinoma gástrico, com
tempo cirúrgico previsto de 6 horas e data prevista da cirurgia em dois dias. Queixa-se
de desconforto epigástrico há duas semanas. A recomendação que deve ser adotada
no cuidado perioperatório é:
A) Postergar a cirurgia até que o paciente fique abstêmio por duas semanas.
B) Introduzir benzodiazepínico associado a naltrexona no pós-operatório imediato.
C) Manter glicemia de jejum entre 90 e 130 mg/dL e pós-prandial < 180 mg/dL,
no préoperatório.
D) Adiar a cirurgia e realizar a cineangiocoronariografia.
COMENTÁRIO: Nesse caso, manter o paciente abstêmio por 2 semanas pode exigir um tempo
que pode prejudicar o tratamento oncológico curativo; não há a indicação de prescrever
benzodiazepínicos associado a naltrexona no pós-operatório, somente se o paciente iniciar
um quadro de síndrome de abstinência alcoólica; o paciente em questão é diabético insulino
dependente, cardiopata e etilista que será submetido a uma cirurgia intracavitária de grande
porte e segundo a última diretriz de avaliação cardiovascular perioperatória, deve-se solicitar
cineangiocoronariografia para pacientes com SCA de alto risco ou com isquemia extensa em
prova funcional; a alternativa C está correta, deve-se manter a glicemia de jejum entre 90 a
130mg/dL e glicemia pós-prandial (2 horas) em até 180mg/dL. Alternativa C está correta.
24 Mulher de 25 anos, previamente hígida, apresenta quadro de febre de até
38 °C, tosse sem expectoração e dispneia há duas semanas. Foi tratada com
amoxicilina + clavulanato, sem melhora clínica. Os filhos tiveram quadro semelhante, de
menor intensidade. Uma possível complicação na evolução dessa paciente é:
A) Pneumotórax espontâneo.
B) Meningite bacteriana.
C) Uveíte posterior.
D) Anemia hemolítica.
COMENTÁRIO: Bela questão. Paciente portador de carcinoma espinocelular (CEC) com com
quadro de confusão mental, porém sem déficit focal (não favorecendo metástase em SNC),
associado a desidratação e constipação sugere fortemente a presença de hipercalcemia da
malignidade, mais comumente associado a CEC. O tratamento deve ser feito com hidratação
inicialmente, seguida de outras medidas para redução da calcemia. Alternativa D está correta.
27 Homem de 29 anos, apresenta quadro de diarreia com fezes líquidas sem sangue
ou muco acompanhado de artralgias e eritema nodoso. O hemograma mostra
pancitopenia com macrocitose e DHL elevado. Podemos encontrar neste paciente:
A) Anemia perniciosa.
B) Anemia hemolítica.
C) Calcificações pancreáticas.
D) Fístula êntero-entérica.
COMENTÁRIO: Questão difícil. O teste respiratório de hidrogênio com lactulose positivo está
relacionado a síndrome de supercrescimento bacteriano. Essa síndrome caracteriza-se por
distensão abdominal, flatulência e constipação crônica, além de redução da absorção da vitamina
B12 devido as bactérias intestinais que rompem a ligação entre entre a vit. B12 e o fator intrínseco,
impedindo a absorção daquele. O ácido fólico aumenta devido a própria produção bacteriana.
Alternativa B está correta.
32 10Mulher de 45 anos procura o ambulatório com quadro de emagrecimento de
kg em dois meses, associado a sudorese noturna, fraqueza intensa e febre
intermitente. Refere que sente muita tontura ao se levantar. Nega tosse ou hemoptise.
Refere contato com tio com tuberculose há dois anos. Há dois dias iniciou quadro
de dor abdominal e icterícia, sendo diagnosticada colecistite aguda. Foi submetida
à colecistectomia, sem intercorrências. No 1o pós-operatório, a paciente encontra-
se consciente, corada e hidratada, porém com hipotensão que responde apenas
transitoriamente à reposição volêmica. Exames: hemoglobina = 9,0 g/dL; leucócitos =
11.000/mm3, sem desvio; plaquetas = 160.000/mm3; Na = 127 mEq/L; K = 5,5 mEq/L;
glicemia = 58 mg/dL; ureia e creatinina normais. Radiografia de tórax normal. Anti-HIV
negativo. A primeira conduta terapêutica a ser tomada é:
COMENTÁRIO: Questão direta. Você precisa lembrar das duas profilaxias nesse tipo de situação,
tétano e raiva.
- Tétano: deverá receber reforço com dT já que sua última dose foi há mais de 10 anos.
- Raiva: o acidente será considerado leve por tratar-se de uma lesão superficial fora de região
palmar ou plantar. Além disso, o cachorro apresenta-se com comportamento normal e pode
ser observado durante o período de 10 dias. Caso o animal morra, desapareça ou apresente
alteração de comportamento sugestivo de raiva, o paciente deve receber às 5 doses da vacina.
A alternativa C está correta.
34 Homem de 57 anos, diabético tipo 2, hipertenso, dislipidêmico e renal crônico
não dialítico, procura o serviço de emergência com dispneia. Exame clínico:
cianose de extremidades; PA = 100 X 50 mmHg; FC = 110 batimentos por minuto;
Saturação de O2 = 86%, em ar ambiente. À ausculta pulmonar: crepitações finas até
metade de ambos os hemitóraces. Ausculta cardíaca: hipofonese de bulhas, com B3
presente. Estase jugular presente a 45°, com edema generalizado. Exames séricos: ureia
= 200 mg/dL; creatinina = 4,5 mg/dL. Foi imediatamente transferido para a UTI, onde
recebeu 100 mg de furosemida, sendo instituída ventilação não invasiva, sem melhora
significativa. Encontrava-se consciente, conseguindo manter diálogo apropriado,
aparentemente orientado no tempo e no espaço, respondendo serenamente ao que
lhe era perguntado, compreendendo a situação em que se encontra. Esclarecida a
necessidade de iniciar hemodiálise, ao que o paciente prontamente recusou, alegando
que não deseja nenhuma intervenção invasiva. Foram novamente explicados todos
os riscos da recusa, mas o paciente permaneceu firme em sua decisão. A família foi
informada da situação e posicionou-se contra a decisão do paciente. Nesta situação, a
conduta apropriada da equipe médica deve ser:
A) Captopril.
B) Pulsoterapia com metilprednisolona.
C) Anlodipina.
D) Pulsoterapia com ciclofosfamida.
COMENTÁRIO: Questão clássica! Estamos diante de uma paciente com esclerose sistêmica que
evoluiu com elevação da PA, injúria renal aguda e anemia hemolítica microangiopática, quadro
clássico da crise renal esclerodérmica! E a paciente possui algum fato de risco? Sim, ela fazia
uso de glicocorticoide! Outros fatores de risco são: uso de ciclosporina e presença de anti-RNA
polimerase III. E o medicamento salvador nesses casos é um IECA como o captopril! Alternativa
correta letra A.
38 pronto-socorro
Mulher de 79 anos é trazida ao
por familiares por
desmaio, recuperando a consciência após
alguns segundos. Família relata episódios
fugazes de tontura e escurecimento visual
há três dias. É portadora de hipertensão
arterial sistêmica há 30 anos, atualmente
em uso de atenolol. Exame clínico:
sonolenta, PA = 80 X 50 mmHg, FC=36 bpm, FR=16 ipm; pulmões com crepitações em
bases, restante sem alterações. O eletrocardiograma é apresentado a seguir. (Conforme
imagem do caderno de questões) A melhor conduta, neste momento é:
A) Metronidazol.
B) Corticoesteroide.
C) Ácido ursodeoxicólico.
D) Drenagem cirúrgica.
COMENTÁRIO: Diante do exposto, homem jovem, diarréia crônica com achados sugestivos de
inflamação (muco, sangue e pus),além de microulcerações são bastante sugestivos de doença
inflamatória intestinal, particularmente retocolite ulcerativa. A síndrome ictérica provavelmente
está relacionada a colangite esclerosante primária, encontrada em quase metade desses
pacientes e que tem como tratamento o uso do ácido ursodeoxicólico.
A alternativa C está correta.
40 mamária.
Mulher de 58 anos previamente hígida até diagnóstico recente de neoplasia
Realizou mastectomia bilateral há três meses e está sob quimioterapia.
Procurou o pronto socorro sete dias após o último ciclo, com historia de febre
não medida há dois dias. Nega outros sintomas. Exame clínico: bom estado geral,
descorada ++/iv, acianótica, anictérica, eupneica. FC=98 bpm, FR=20 ipm, T=38,5oC
PA=122x82mmhg. Restante normal. Cateter de longa permanência para quimioterapia
de bom aspecto. Os exames laboratoriais ainda estão em análise. O escore de risco
mascc (multinational association for supportive care in cancer riskindex score) é de 26.
Em relação ao esquema de antibioticoterapia a ser escolhido inicialmente para essa
paciente , podemos afirmar:
A) Está indicado esquema com cobertura para gram negativos (cefepime, piperacilina/
tazobactam ou carbapenêmico) e gram positivos.
B) Está indicado o tratamento com antibioticoterapia oral com amoxicilina/clavulanato
+ ciprofloxacino.
C) Deve-se aguardar o resultado das hemoculturas para início de terapia
antimicrobiana, dada a estabilidade da paciente.
D) Deve-se aguardar leucograma e proteina c reativa (pcr) para definição do esquema
antimicrobiano.
A) 1.
B) 2.
C) 3.
D) 4.
COMENTÁRIO: Não temos dúvidas aqui que se trata de uma paciente cushingóide. Diante da
suspeita clínica, em um primeiro momento, deve-se estabelecer o diagnóstico da SC, ou seja,
a caracterização da presença ou não do estado de hipercortisolismo. O enunciado já fala em
cortisol alto e atenção ACTH indetectável. Desta forma eliminamos a secreção inapropriada
ou ectópica de ACTH como causa. Portanto principal causa de cortisol elevado com ACTH
normal ou reduzido indica hipercortisolismo por doença adrenal (ex.: adenoma). As pistas
clínicas para secreção aumentada de ACTH são: hiperpigmentação (O ACTH elevado também
é responsável pela hiperpigmentação cutânea e de mucosas, que não está presente quando se
trata de SC de origem adrenal), hirsustismo e acne (aumento dos andrógenos). Os pacientes com
adenoma adrenal não apresentam manifestações androgênicas como hirsutismo e acne, já que
o hipercortisolismo crônico inibe a secreção de ACTH com conseqüente redução da secreção
dos andrógenos adrenais, pois o adenoma costuma ser produtor exclusivo de glicocorticóides.
Os achados do hemograma são leucocitose (às custas de neutrófilos), linfopenia, eosinopenia
(lembre de qualquer usuário crônico de glicocorticóide). No rim pacientes com hipercortisolismo
apresentam retenção de sódio e excreção de potássio no néfron distal por conta de efeito
mineralocorticoide. Resposta, portanto: A.
44 Mulher de 65 anos é internada para investigação de perda de 12 kg em seis
meses, (peso atual 58 kg) e aumento de volume abdominal. Sem outras queixas.
Paciente é ex-tabagista, nega comorbidades, porém relata não passar em consulta
médica há mais de doze anos. Exame clínico: Sinais vitais normais, emagrecida, sem
alterações cardíacas e pulmonares, ausência de linfonodomegalias palpáveis, mamas
sem alterações, abdômen com sinais de ascite, edema discreto de membros inferiores.
Feito ultrassom que mostrou ascite moderada, cuja punção revelou citologia oncótica
positiva. Função renal normal. Os exames a serem pedidos são:
COMENTÁRIO: Essa é uma questão de carcinomatose peritoneal sem tumor primário evidente.
Qual o próximo passo? Primeiro conceito importante: comece a procurar os sítios primários
mais comuns, claro levando em conta as características da paciente: sexo, idade, fatores de risco.
Quando falamos em paciente do sexo feminino lembramos logo de cara de: mama (o exame
físico normal não afasta neoplasia de mama, por isso mamografia é essencial). A paciente é
tabagista, logo temos que investigar neoplasia pulmonar (nem sempre visível na radiografia,
principalmente nódulos pequenos). Tubo digestivo (é frequente em toda população) e aqui
o melhor exame seria endoscópico, mas calma, vou explicar melhor na frente. E não vamos
esquecer dos tumores genitais, particularmente ovário nesta história de carcinomatose.
Escanear o paciente com tomografia de tórax, abdome e pelve é uma excelente estratégia
inicial, uma vez que pode já “matar” o diagnóstico de um tumor de cólon, uma massa pélvica ou
pulmonar por exemplo. A investigação do crânio pode ser necessária num segundo momento
para busca de metástases assintomáticas a depender do tipo do tumor, porém agora na busca
do primário é pouco relevante numa paciente assintomática neurologicamente. As endoscopias
(alta e baixa) podem ser usadas caso não se ache nada na tomografia (pouco provável). Já os
marcadores séricos são mais usados para controle de tratamento do que propriamente
diagnóstico, já que são pouco específicos para as doenças. O PET é muito mais para
estadiamento do que necessariamente para o diagnóstico do primário, além de ser altíssimo
custo para iniciar uma investigação. Na prática é uma questão chata, mas a letra D é a que
melhor responde.
45 Homem de 60 anos, tabagista de 40 anos-maço, refere dispneia para andar
100 m no plano sendo que já esteve hospitalizado uma vez há dois anos, por
piora da dispneia. Sua espirometria mostrou VEF1 de 45% pré broncodilatador e
55% pós broncodilatador. Sua classificação de risco de exacerbação e a avaliação
combinada da GOLD (iniciativa global para o doente pulmonar obstrutivo crônico) são,
respectivamente:
A) 2 e B..
B) 2 e C.
C) 3 e C.
D) 3 e D.
COMENTÁRIO: Antes de mais nada vamos estratificar este paciente? Avaliação combinada
de riscos e sintomas da DPOC põe ele no grupo B. (GOLD 1 ou 2, menos de duas exacerbações
no último ano, porém muito sintomático). O tratamento aqui incluí: broncodilatador de
manutenção para todos os pacientes, podendo ser um 2-agonista de longa ação inalatório
(formoterol, salmeterol a cada 12h, ou indacaterol uma dose diária), ou um anticolinérgico de
ação longa, como o tiotrópio (Spiriva) 1x/dia. Entre as classes de tratamento não há preferência.
β
Os medicamentos mais indicados são o indacaterol ou ao tiotrópio pelo seu maior efeito bron-
codilatador. Resposta: C.
47 Mulher de 48 anos, portadora de cardiomiopatia dilatada idiopática com
fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 32%. Chega à consulta em uso
de furosemida 40mg/dia, espironolactona 25 mg/dia e enalapril 10 mg 2 x ao dia.
Apresenta dispneia Classe Funcional (CF) II, sem outros sintomas. Exame clínico: PA
= 102 x 64 mmHg e FC = 108 bpm rítmico. Propedêutica pulmonar normal. Iniciado
carvedilol 3,125 mg 2x ao dia. Após uma semana, evolui com piora da dispneia para CF
III, além de edema de membros inferiores e ortopneia. Apresenta estertores bibasais
e estase jugular, FC = 94 bpm, rítmico e PA = 98 x 60 mmHg ao exame. Sem outras
alterações. A melhor conduta neste momento é:
A) Suspender o carvedilol.
B) Trocar o carvedilol por ivabradina.
C) Reduzir dose de carvedilol pela metade e associar diurético tiazídico.
D) Manter o carvedilol na mesma dose e aumentar a dose de furosemida.
COMENTÁRIO: Nesse caso, corretamente foi introduzido uma dose baixa de carvedilol (3,125mg
de 12 em 12 horas) e a pacienteevoluiu com piora da classe funcional, lembre-se que esse
medicamento pode piorar os sintomas nas primeiras semanas/meses. E como estamos diante de
uma provável IC perfil B devemos aumentar a dose de furosemida e MANTER o betabloqueador.
Alternativa correta letra D.
48 Paciente de 69 anos,masculino, com diagnostico prévio DPOC, internado na
UTI há quatro dias por exacerbação do DPOC, sob ventilação mecânica. O
paciente está com sedação continua leve e acorda ao chamado, em desmame de
noradrenalina (no momento 0,02 mcg/kg/min) afebril, em melhora da troca gasosa
desde a intubação. Está sendo ventilado no modo pressão de suporte, com pressão
de suporte de 12 cmH2O, PEEP=6, FR=22, FIO2=40%; e o volume corrente médio é de
350mL. A gasometria de hoje mostra pH=7,36 PaO2=76 PaCO2=57 Bic=32 BE=4,2. A
melhor conduta para as próximas seis horas é: A) Reduzir a pressão de suporte para
10, pois o paciente está em melhora. B) Razer um teste de respiração espontânea pois
o paciente esta pronto para o desmame. C) Aumentar a pressão de suporte para 14,
pois a PaCO2 está aumentada. D) Reduzir a freqüência respiratória, pois o paciente
tem DPOC. 51) Homem de 41 anos, com 75 kg, internado em unidade de terapia
intensiva por insuficiência respiratória, encontra-se sedado com propofol, não diluído,
em infusão contínua de 18 mL/h, e fentanil, 20 μg/h. Está sob ventilação mecânica, em
modo pressão controlado, delta de pressão de 14 cm H20, PEEP= 8 cm H20, Vt= 400
mL, relação I:E de 1:2, FiO2= 60% e apresenta a curva de capnografia abaixo. (Conforme
imagem do caderno de questão). A alternativa que apresenta uma das condutas a
serem tomadas é:
COMENTÁRIO: Questão direta sobre os principais fatores de risco para pneumonia associada
a ventilação mecânica (PAV). O uso prévio de antibióticos, idade, fratura de membro inferior,
uso de droga ilícita ou má higiene oral não estão diretamente relacionados a PAV. A alternativa
correta é a D.
Mulher de 82 anos, com antecedente de Demência de Alzheimer, acamada há
54 quatro anos, com pouco contato com o meio e dependente para as atividades
básicas da vida diária. Há seis meses, foi feito diagnóstico de câncer de mama, com
provável metástase em coluna, optando-se por tratamento sintomático, em decisão
conjunta com a família e a oncologia e registrado em relatório médico. Há um dia, a
paciente está mais sonolenta, hoje deixou de ter qualquer contato e uma das filhas
solicitou o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Na
chegada, o médico do SAMU encontra a paciente em parada cardiorrespiratória em
atividade elétrica sem pulso, inicia as manobras de ressuscitação, pede informações,
recebe o relatório do oncologista e decide suspender a ressuscitação. Uma das filhas
está chorando, mas aparenta estar calma, a outra grita desesperadamente para
que salvem a mãe, e ameaça entrar com processo, se a ressuscitação não for feita. A
conduta mais adequada é:
A) suspender as manobras de ressuscitação, se o ritmo evoluir para assistolia
B) transferir, e suspender as manobras de ressuscitação durante o transporte
C) transferir, mantendo as manobras de ressuscitação até a chegada ao hospital
D) suspender as manobras de ressuscitação e comunicar o médico da família
COMENTÁRIO: Diante do cenário inicial, o médico do SAMU procedeu de forma correta o
atendimento à paciente iniciando às manobras de RCP, porém ao ser informado do relatório
médico e das comorbidades associadas, acertadamente interrompe às manobras devido a
futilidade das mesmas. A paciente não tinha mais proposta curativa, e certamente estava em
processo de final de vida. Alternativa D está correta.
55 Mulher de 55 anos, com antecedente de alcoolismo procura assistência médica
com queixa de dispneia. Tem aspecto desnutrido, edema em pernas e pistolshot
à ausculta de artérias femurais. O ecocardiograma revela cardiomegalia discreta e não
há evidência de valvopatia aórtica. A terapia empírica mais indicada é:
A) Tiamina
B) Cobalamina
C) Piridoxina
D) Prednisona
COMENTÁRIO: Um paciente alcoólatra com insuficiência cardíaca de alto débito deve ser
considerado até que se prove o contrário portador de beribéri. Vamos lembrar? O “pistol shot”
ou sinal de Traube corresponde a sons sistólicos e diastólicos audíveis sobre a artéria femoral,
indicando insuficiência aórtica ou alto débito cardíaco. Uma vez que a questão deixa claro a
inexistência de valvopatia aórtica, ficamos com a IC de alto débito. O tratamento do beribéri
consiste em suporte cardiovascular e reposição de tiamina, cuja deficiência faz parte da
patogenia da doença.
56 Mulher de 76 anos, diabética tipo
2 e hipertensa, há duas horas com
dor precordial em aperto, irradiada para
membros superiores, associada a sudorese
e náusea, após estresse emocional. Exame
clínico: PA=162 x 94 mmHg, FC=115 bpm,
SatO2=96 %, em ar ambiente, ausculta
pulmonar com estertores bibasais e
ausculta cardíaca com galope de B3. O
eletrocardiograma é apresentado a seguir.
(Conforme imagem do caderno de questão). A alternativa que descreve as melhores
condutas a serem feitas na sala de emergência é:
A) AAS 300 mg, clopidogrel 300 mg, morfina 3 mg IV, metoprolol 5 mg IV, nitroglicerina
em infusão contínua, alteplase.
B) AAS 200 mg, clopidogrel 75 mg, morfina 2 mg IV, nitroglicerina em infusão contínua,
tenecteplase.
C) Oxigênio, AAS 300 mg, clopidogrel 300 mg, morfina 2 mg IV, nitroglicerina em
infusão contínua, tenecteplase.
D) Oxigênio, AAS 200 mg, clopidogrel 75 mg, morfina 3 mg IV, metoprolol 5 mg IV,
nitroglicerina em infusão contínua, alteplase.
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
CONTINUAÇÃO DA QUESTÃO 56
COMENTÁRIO: Nesse caso temos uma paciente de 76 anos com IAM COM supra de ST
anterosseptal! A saturação é de 96% então não há necessidade de ofertar O2 suplementar.
Devemos prescrever dupla antiagregação plaquetária com AAS 160 a 325mg + clopidogrel 75mg
(paciente com mais de 75 anos não deve receber ataque!), em razão da dor o nitrato pode ser
prescrito (contraindicações: PAS <90-100mmHg, supra em parede inferior pois o VD pode ser
afetado, uso de inibidores de fosfodiesterase nas últimas 24-48h), e a tenecteplase em bolus
deve ser administrada. Alternativa correta letra B.
57 Mulher de 38 anos, há dois meses com fadiga, palpitação, intolerância ao
calor e discreta dor cervical. A paciente refere uso de vitaminas e suplementos
homeopáticos. Nega história familiar de doença tireoidiana. Exame clínico: PA=107X78
mmHg, FC=96 bpm. Presença de leve tremor de mãos. A glândula tireoidiana não é
palpável. Exame ocular: ausência de proptose ou lidlag. Exames laboratoriais: TSH<0,01
mIU/L T4 livre=1,6 ng/dL (Normal =0,7 – 1,7 ng/dL). O próximo exame sérico a ser pedido é:
A) TRab
B) Anti-tiroperoxidase
C) T3 livre
D) Tireoglobulina
COMENTÁRIO: Questão muito boa e que envolve o conhecimento dos estágios motivacionais
que precisam ser superados por um indivíduo que deseja eliminar vícios, dependências ou
obsessões. São eles:
- fase pré-contemplativa: pacientes negam a intenção de parar de fumar, mesmo informados
sobre os malefícios, não se sentem dependentes e não pararão de fumar nos próximos seis
meses, como o nosso paciente;
- fase contemplativa: pacientes que desejam parar de fumar nos próximos seis meses, mas tem
medo da abstinência e se sentem sem força de vontade;
- preparação para a ação: pacientes que já modificaram de alguma forma o hábito tabágico,
seja reduzindo o número de cigarros, trocando a marca que fumam para uma mais fraca ou
procurando ajuda;
- ação: o paciente para completamente o tabagismo, entrando na abstinência, e dura de 2 a 4
semanas;
- manutenção: período após a abstinência em que o paciente se adapta à vida sem tabagismo,
há o risco de recaídas.
O paciente acima está na fase pré-contemplativa. Ele foi levado ao consultório médico pela
esposa, portanto a alternativa C está correta.
Homem de 64 anos, com antecedente de câncer de cólon tratado com cirurgia,
59 radioterapia e quimioterapia há dois anos, procura o pronto-socorro por dor
torácica principalmente à esquerda e dispneia há um dia. Nega febre, tem tosse
sem expectoração. Ao exame clínico, consciente, orientado e um pouco ansioso.
Afebril, FC=115 bpm, PA=100 x 60 mmHg, FR=32 irpm e SatO2= 92%, em ar ambiente. O
eletrocardiograma não tem alterações significativas. Troponina I=1,2 ng/mL (normal até
0,6 ng/mL), BNP=560 pg/mL, creatinina=0,7 mg/dl, hemoglobina=12,8 g/dl e leucócitos=
6.700/mm3. A radiografia de tórax mostra um mínimo derrame pleural à esquerda, sem
outras alterações. A melhor conduta é:
A) Pesquisa de BK no escarro
B) Biópsia percutânea de nódulo
C) Ecocardiograma transesofágico
D) Pesquisa de fungo em lavado brônquico
COMENTÁRIO: Paciente usuário de drogas endovenosas evolui com febre, dispneia e abscessos
pulmonares! Temos que pensar em ENDOCARDITE INFECCIOSA! De qual válvula? Tricúspide!
Entre as alternativas propostas a correta é solicitar um ecocardiograma transesofágico e não
esqueça das hemoculturas! Alternativa correta letra C.
Homem de 57 anos, com hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2,
61 dislipidemia e asma. Está em uso de atenolol 50 mg/dia, insulina NPH 30 U pela
manhã e β2-agonista de demanda. Há um mês, após dor torácica importante durante
atividade física, parou de fumar, sem procurar médico. Hoje foi submetido a laparotomia
eletiva por colecistopatia crônica calculosa, com necessidade de duas unidades de
concentrado de hemácias. Apresenta radiografia de tórax com atelectasia e ECG normal.
Em relação aos riscos pulmonares deste paciente, a recomendação que deveria ter sido
adotada na avaliação pré-operatória é:
COMENTÁRIO: Uma revisão dos estudos que avaliavam o benefício da cessação do tabagismo no
pré-operatório e ocorrência de complicações pós-operatórias concluiu que o benefício é tanto
maior quanto maior for o período de abstinência. Embora não exista um tempo ideal para a
abstinência, recomenda-se que o paciente pare de fumar 2 meses antes da cirurgia. Alternativa
correta letra C.
Homem de 57 anos, com hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2,
62 dislipidemia e asma. Está em uso de atenolol 50 mg/dia, insulina NPH 30 U pela
manhã e β2-agonista de demanda. Há um mês, após dor torácica importante durante
atividade física, parou de fumar, sem procurar médico. Hoje foi submetido a laparotomia
eletiva por colecistopatia crônica calculosa, com necessidade de duas unidades de
concentrado de hemácias. Apresenta radiografia de tórax com atelectasia e ECG normal.
Em relação aos riscos cardíacos deste paciente, a recomendação que deveria ter sido
adotada na avaliação pré-operatória é:
A) Fibrinólise.
B) Cineangiocoronariografia.
C) Cirurgia cardíaca.
D) Anticoagulação
COMENTÁRIO: Paciente com IAMCSST de parede anterior (veja as ondas Q-necrose em toda a
parede anterior) evoluiu com dispneia importante em repouso, além de colapso hemodinâmico,
e sopro holosistólico em bordo esternal esquerdo com irradiação para bordo esternal direito.
Ele estava no 5o dia pós IAM, e a complicação mecânica que devemos pensar nesse caso é a
comunicação interventricular aguda por ruptura do septo interventricular! O paciente deve
receber suporte inotrópico/balão intra-aórtico e ser submetido a cirurgia cardíaca, Lembre-se
que a complicação mecânica pós infarto mais comum e mais grave é a ruptura de parede
livre. Alternativa correta letra C.
Considere o seguinte trecho adaptado de Gordon AC et al., JAMA. 2016;316(5):509-
66 518, sobre o efeito do uso de vasopressina (comparado ao tratamento padrão com
norepinefrina) na função renal, durante o tratamento do choque séptico e responda
as duas próximas questões. Uma amostra de 400 indivíduos (200 em cada grupo) foi
calculada considerando um poder de estudo de 80%, um nível de significância de 5%
e uma redução do risco relativo para o desfecho primário (insuficiência renal) de 20%
relacionado ao tratamento com vasopressina, comparado à norepinefrina, e assumindo
uma incidência do desfecho primário no grupo controle de 40%. A probabilidade de
o estudo concluir pela presença de uma diferença, estatisticamente significativa, na
incidência do desfecho primário, quando em verdade ela não ocorre na população é de:
A) 5%.
B) 20%.
C) 80%.
D) 95%.
COMENTÁRIO: Questão que dá uma série de informações e no final pede uma conta simples.
Você precisava saber o que a definição de nível de significância: erro tipo I ou alfa. Esse erro é
rejeitar a hipótese nula (hipótese de que não há diferença) quando ela é verdadeira. Ou seja:
dizer que a vasopressina é melhor que a noradrenalina quando na verdade elas são iguais. Letra
A. Ah, a probabilidade de rejeitar a hipótese nula quando ela é falsa é igual a 1–β . Esse valor é a
potência do teste.
Considere o seguinte trecho adaptado de Gordon AC et al., JAMA. 2016;316(5):509-
67 518, sobre o efeito do uso de vasopressina (comparado ao tratamento padrão com
norepinefrina) na função renal, durante o tratamento do choque séptico e responda
as duas próximas questões. Uma amostra de 400 indivíduos (200 em cada grupo) foi
calculada considerando um poder de estudo de 80%, um nível de significância de 5%
e uma redução do risco relativo para o desfecho primário (insuficiência renal) de 20%
relacionado ao tratamento com vasopressina, comparado à norepinefrina, e assumindo
uma incidência do desfecho primário no grupo controle de 40%. A incidência estimada
do desfecho primário no grupo tratado com vasopressina é:
A) 8%.
B) 20%.
C) 32%.
D) 40%.
COMENTÁRIO: Questão bem no estilo USP. Para garantir o cálculo correto de complacência
e resistência às condições foram explicitadas no texto (sedação e bloqueio neuromuscular
garantindo que a paciente não interferiria no cálculo das medidas). A complacência pulmonar
representa o quanto o volume pulmonar variou por cmH2O depressão transpulmonar aplicada
ou seja variação de volume/variação de pressão. Extraindo os dados do gráfico temos que C =
380 (volume corrente) / 19 (delta de pressão = platô - PEEP). Logo, C = 380/19 = 20 ml/cmH2O. A
resistência das vias aéreas é calculada através da seguinte fórmula: Ppico- Pplatô (cmH2O)/fluxo
(l/s). Observação importante: a unidade de fluxo deve ser convertida para litros por segundo.
Logo, Resistência = 32-24/0,5 = 16 cmH2O/l/s. Alternativa A está correta.
Homem de 53 anos refere dois episódios de pneumonia e três de sinusite no
69 último ano, com boa resposta à antibioticoterapia domiciliar. Refere gastrite e
diarreia com restos alimentares, esporadicamente, e flatulência frequente, desde a
adolescência. Nega perda ponderal. Rinite tratada com uso intermitente de
corticosteroide intranasal há 15 anos. Há nove anos, sofreu traumatismo crânioencefálico
e, desde então, faz uso de fenitoína para controle de convulsões. Exame físico:bom
estado geral, PA=125X85 mmHg, exame pulmonar e abdominal normal. A
imunodeficiência deste paciente provavelmente se deve a:
COMENTÁRIO: Os novos anticoagulantes orais (NOACS) estão sendo utilizados com segurança
para o tratamento de TVP, porém em paciente oncológicos existe a recomendação de que o
tratamento de escolha seja feito com HBPM por três a seis meses. O uso de NOACS ainda não
possui respaldo pela literatura nessa população.
Homem de 31 anos, apresenta dor abdominal em cólica, acompanhada de
74 vômitos há cinco horas, além de edema de face, lábios e mão. Refere quadros
semelhantes desde os 15 anos, que pioram com leite e derivados. Já teve episódios de
edema facial e labial nas mãos e pés, após traumatismo ou estresse, que melhoraram
parcialmente com o uso de loratadina ou tiveram remissão espontânea, após dois a três
dias. Nega urticária. Hipertenso há cinco anos, em uso de enalapril. Sem história familiar
semelhante. Exame abdominal: distendido, doloroso à palpação, com ruídos hidroaéreos
aumentados e descompressão brusca positiva. O tratamento mais adequado, na sala de
emergência, é:
A) Adrenalina intramuscular
B) Plasma fresco
C) Anti-histamínico intravenoso
D) Inibidor de acetilcolina
COMENTÁRIO: Questão de rodapé de livro. O angioedema hereditário (AEH) é uma doença
genética, cujos portadores apresentam episódios recorrentes angioedema que podem
acontecer de forma espontânea ou decorrentes de fatores desencadeantes (trauma, infecção,
alterações hormonais ou cirurgias). O inchaço pode ocorrer nas mãos, pés, face, genitália e
mucosas do trato gastrintestinal cursando com náusea, vômito e diarreia. tratamento nas crises
é feito com infusão de concentrado de C1-inib. porém quando indisponível, plasma fresco pode
substituí-lo. A alternativa B está correta.
Mulher de 20 anos apresenta palpitação, emagrecimento, bócio e TSH
75 indetectável. Devido a refratariedade a metimazol, recebe 15 mCi de iodo
radioativo. A paciente deve ser orientada a evitar gravidez por pelo menos:
A) 4 meses.
B) 12 meses.
C) 18 meses.
D) 24 meses.
COMENTÁRIO: O iodo radioativo deve ser evitado em algumas situações como gravidez,
aleitamento materno e grandes bócios retroesternais. A orientação é evitar a gravidez até que
o eutireoidismo seja confirmado por 3-6 meses. A alternativa A contempla o intervalo sugerido,
portanto está correta.
Homem de 27 anos com dor lombar persistente, associada à rigidez, que surgiu
76 insidiosamente há três anos. Os sintomas pioram com repouso prolongado.
Tem história de episódio de inflamação aguda no olho esquerdo, que foi tratada por
oftalmologista. Exame clínico: hipersensibilidade à palpação das articulações sacroilíacas,
teste de Schöber normal, pequena limitação à flexão lateral e à hiperextensão da coluna
lombar. Velocidade de hemossedimentação de 38 mm na 1a hora. O procedimento que
poderia confirmar o diagnóstico é:
A) Glomerulonefrite hipertensiva
B) Nefropatia por hipercalcemia
C) Nefropatia por cadeia leve
D) Amiloidose secundária
COMENTÁRIO: Questão direta. Homem, sexta década de vida, com pico monoclonal e injúria
renal deve ter com principal hipótese diagnóstica mieloma múltiplo. Paciente com esse
diagnóstico, que evoluem com hipertensão arterial, lesão renal e proteinúria, além de pico
monoclonal por cadeia leve, deve ter o diagnóstico de nefropatia por cadeia leve aventado.
Alternativa C está correta.
Mulher de 30 anos, 60 kg, em acompanhamento ambulatorial por lúpus
79 eritematoso sistêmico de início recente, que se manifestou por anemia hemolítica.
Optou-se por tratamento com azatioprina. Paciente evoluiu com febre e dor de garganta,
foi detectada neutropenia (500 neutrófilos/mm3) e a paciente foi internada. Foi suspensa
a medicação, introduzida antibioticoterapia e houve melhora progressiva do quadro
clínico e laboratorial. Durante a internação, verificou-se que a dose de azatioprina
prescrita ambulatorialmente havia sido de 400 mg/dia. Diante deste erro, o médico que
está acompanhando a internação deve:
A) Fator anti-núcleo
B) Sorologia para dengue
C) Adesividade plaquetária
D) Fator von Willembrand
COMENTÁRIO: Paciente com PÚRPURA PALPÁVEL, em que devemos fazer diagnóstico diferencial
com as alternativas. Não pensaremos em Dengue, pois apesar da prova do laço positiva, a paciente
não tem história de febre, mialgia ou dor articular. Além disso, no enunciado não há história de
qualquer uso de medicação antiagregante para pensarmos em perda de adesividade plaquetária.
A paciente já tem 30 anos, e apenas agora apresenta sinais de distúrbio de hemostasia, o que
fala contra a ser doença de von Willebrand, já que sendo uma doença genética, teríamos relatos
prévios. Por fim, embora numa paciente jovem, previamente hígida, teríamos como possibilidade
uma doença autoimune, dentre elas, o Lúpus Eritematoso Sistêmico. Poderíamos pedir diversos
exames de autoimunidade, dentre eles, o FAN. Alternativa correta letra A.
Homem de 55 anos retornou há três dias de viagem de férias ao exterior. Há dois
84 dias, febre alta, calafrios, dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia sem sangue
ou muco. Há um dia dor nos membros inferiores. Há histórico de etilismo importante.
Exame clínico: mau estado geral, febril, desidratado, hipotenso e taquicárdico. Na pele,
foram observadas aranhas vasculares no tronco, além de lesões bolhosas hemorrágicas
e equimoses nas extremidades inferiores. O alimento contaminado mais provavelmente
ingerido foi:
A) Ovo cru
B) Carne bovina moída mal cozida
C) Salsicha mal conservada
D) Ostras cruas
COMENTÁRIO: Questão difícil, mas que já caiu em outras provas, inclusive de acesso direto. A
presença de um quadro clínico desepse grave, de evolução rápida, em pacientes com doenças
crônicas (principal fator de risco é a cirrose hepática), com história epidemiológica de ingestão
e/ou manipulação de frutos do mar (principalmente OSTRAS), é típica da infecção pelo VIBRIO
VULNIFICUS, uma bactéria gram-negativa que pode causar infecções graves de ferida, sepse e
diarreia. É uma sepse grave, com alta taxa de letalidade. Caracteristicamente, apresenta-se com
lesões cutâneas bolhosas, como as descritas. Alternativa correta letra D.
85 Dadas estas duas situações clínicas: Situação 1: “Mulher de 60 anos que morreu
de câncer de mama, mesmo com mamografia normal no ano anterior.” Situação
2: “Com o advento do PSA para rastreamento de câncer de próstata, os pacientes vivem
mais tempo.” As explicações para as estas duas afirmações são, respectivamente:
A) Carvão ativado
B) Hemodiálise
C) Alcalinização
D) Lavagem gástrica
COMENTÁRIO: Paciente que está apresentando provável quadro de INTOXICAÇÃO POR LÍTIO.
O lítio é utilizado principalmente como estabilizador de humor, para os quadros de transtorno
afetivo bipolar. É importante detectar precocemente os sinais de in-
toxicação, ainda na fase prodrômica, quando a reversão é fácil: tremores, sensação de fraqueza,
náuseas, dor abdominal eventual e fezes diarreicas. Os sinais de intoxicação por lítio são os
seguintes: 1) Vômitos ou náuseas; 2) Diarréia; 3) Polidipsia; 4) Dor abdominal; 5) Tremores
de mãos ou pernas; 6) Fraqueza muscular generalizada; 7) Letargia; 8) Vertigem eventual; 9)
Disartria; 10) Hiperreflexia discreta; 11) Dismetria; 12) Edemas, principalmente nos membros
inferiores. Contudo, nos casos graves, em que houve ingesta exagerada, a sintomatologia pode
evoluir para a sonolência, o embotamento e a agitação psicomotora. Pode chegar a ataxia,
hipertonia muscular, fasciculações, hiperreflexia importante, nistagmo, paresias, paralisias
e movimentos coreoatetóicos. O lítio, sendo metal, não é absorvido pelo carvão ativado. Daí
a inutilidade deste procedimento, nas intoxicações. Geralmente, quando o caso chega ao
serviço de saúde, já se passou mais de uma hora da ingesta da dose comprometedora. Uma
lavagem gástrica só teria efeito na primeira hora após a ingesta. Em casos leves, a suspensão da
medicação por algumas tomadas, baixando a dose no sangue, pode corrigir a litemia elevada
e resolver o problema. Entretanto, nas intoxicações graves como a do nosso caso, com litemia
acima de 4,0 mEq/l é indicada a hemodiálise em várias sessões. Alternativa correta letra B.
87 Paciente de 65 anos, há três horas apresentou episódio de dor em pescoço, de
forte intensidade, com irradiação para região dorsal, enquanto fazia a barba. No
momento a dor persiste. Refere hipertensão, bem controlada com medicação. Ao
exame físico está pálido e sudoreico e apresenta sopro diastólico em foco aórtico.
Realizado eletrocardiograma que não revelou alterações. Dentre as alternativas abaixo, o
próximo exame a ser realizado é:
A) Cineangiocoronariografia.
B) Dosagem de troponina I.
C) Angiotomografia de tórax.
D) Dosagem de aldolase.
COMENTÁRIO: Em um paciente com SEIS horas de dor torácica, ECG normal e que apresenta
troponina T negativa o diagnóstico de SCA pode ser praticamente descartado. Mas o que levaria
ao aumento de CKMB? Uma lesão muscular poderia justificar tais achados, e a aldolase que é
um marcador de dano muscular poderia ser solicitado! Alternativa correta, letra D.
91 Homem de 68 anos, com antecedentes de hipertensão, diabetes mellitus tipo
II há 20 anos e insuficiência renal crônica dialítica, em hemodiálise há oito anos.
Faz uso de captopril, ácido acetilsalicílico, sinvastatina e insulina. Nos exames colhidos
mensalmente pelo nefrologista, foram evidenciados Hemoglobina glicada=6,0%, Na=138
mEq/L, K=5,0 mEq/L, cálcio total (corrigido)=8,1 mg/dL e fósforo sérico=6,5 mg/dL. O
paciente já faz dieta com restrição de fósforo, potássio e proteínas. A melhor droga para
introdução nesse momento é:
A) Sevelamer
B) Calcitriol
C) Cálcio
D) Cinacalcet
A) 1.
B) 2.
C) 3.
D) 4.
COMENTÁRIO: Medidas que impeçam o contato do homem com os patógenos são medidas
profiláticas. Assim como o próprio nome sugere, “Quimioprofilaxia” é a profilaxia efetuada por
substâncias químicas ou por métodos químicos. O enunciado nos pede aquele com MELHOR
CUSTO-EFETIVIDADE, de modo que recai sob a alternativa C, uma vez que o emprego do iodo ao
sal de cozinha (para evitar o bócio) e o ácido fólico ao trigo (evitar anemia megaloblástica) são
medidas simples e eficientes no que se propõem. Alternativa correta letra C.
93 Homem de 17 anos, refere que devido à morte de um familiar, passou as
últimas noites sem dormir e alimentando-se muito pouco. Há dois dias notou
icterícia. Refere ter tido episódios similares, auto-limitados. Sem parentes com quadro
semelhantes. Exame clínico normal exceto pela icterícia. Exames: hemoglobina=13,5 g/
dL, reticulócitos=50.000/mm3, bilirrubina total=2,4 mg/dL, bilirrubina direta=0,9 mg/
dL, bilirrubina indireta=1,5 mg/dL, haptoglobina normal, desidrogenase lática normal. O
próximo exame a ser pedido é:
A) Dosagem de fator V. C) Sorologia para hepatites virais.
B) Eletroforese de hemoglobina D) Nenhum.
COMENTÁRIO: Boa questão. Paciente que passou por grande estresse, apresentase com icterícia.
Nos dados laboratoriais, apresenta um Hemograma normal, além de HIPERBILIRRUBINEMIA, às
custas de BILIRRUBINA INDIRETA. Além disso, HAPTOGLOBINA, RETICULÓCITOS e LDH NORMAIS,
falando contra uma possível Anemia Hemolítica. Ou seja, é um quadro de HIPERBILIRRUBINEMIA
INDIRETA + NADA, típico da SÍNDROME DE GILBERT, Distúrbio hereditário, predominante no
sexo MASCULINO, resultante de LEVE DEFICIÊNCIA NA GLICORONIL-TRANSFERASE, enzima que
conjuga BI em BD. Portanto, problema na CONJUGAÇÃO. Tipicamente, a icterícia se agravará ou
será desencadeada após: Jejum prolongado (PRINCIPAL!), estresse, exercício intenso, quadros
infecciosos, ingestão de álcool, etc. Comporta-se de forma benigna, sem complicações, embora
seja crônica, caracterizando-se por uma hiperbilirrubinemia INDIRETA, leve e persistente, em
que raramente BT > 5 mg/dl. Depois da hemólise, é a principal causa de hiperbilirrubinemia
indireta leve. Não necessita tratamento e nem impedirá essa paciente de ser submetida a cirurgia.
Alternativa correta letra D.
94 Homem de 50 anos, com diagnóstico de cirrose, apresentou hemorragia
digestiva alta há duas semanas e queixa-se de discreto aumento do volume
abdominal há 10 dias. Sem outras queixas. Ao exame físico, apresenta pressão arterial,
pulso e temperatura normais. Abdômen com ascite moderada e exame neurológico
normal. O estudo do líquido ascítico mostrou leucometria de 390 células, com 10% de
polimorfonucleares. Paciente permaneceu inalterado e a cultura do líquido ascítico
foi positiva para Escherichia coli. A conduta a ser adotada imediatamente deve ser:
A) Cefotaxima 2 g EV de 8/8 h
B) Nova paracentese diagnóstica
C) Albumina 1,5 g/kg no 1° dia e 1 g/kg no 3° dia
D) Cefuroxima 500 mg VO 12/12 h
COMENTÁRIO: Temos um paciente cirrótico, que após hemorragia digestiva alta, apresenta-
se com quadro clínico de Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE). Entretanto, qual a definição
da PBE? Ascite com > 250 PMN + CULTURA MONOBACTERIANA + ABDOME NÃO CIRÚRGICO.
Portanto, notemos que o paciente ainda não se encaixa no diagnóstico, uma vez que o líquido
ascético apresenta apenas 39 polimorfonucleares. Estamos, até então, diante de um quadro
de “BACTERASCITE”, onde o paciente apresenta <250 PMN, porém, COM CULTURA POSITIVA.
Fazendo analogia com uma bacteriúria assintomática, nas ITU, SÓ TRATAREMOS QUANDO TIVER
SINTOMAS, de modo que inicialmente iremos apenas REPETIR A PARACENTESE. Alternativa
correta letra B.
95 Mulher de 40 anos queixa-se de paroxismos de dor em região mandibular e
maxilar esquerda, de curta duração e forte intensidade, com início e término
súbitos. Chega a ter mais de 10 episódios por dia, frequentemente concomitantes à es-
covação de dentes ou mastigação. O tratamento mais adequado é:
A) Prednisona.
B) Carbamazepina.
C) Inalação com oxigênio 100%.
D) Sumatriptano.
COMENTÁRIO: Nesse caso temos uma paciente idosa com dispneia recente aos médios esforços
que há 2 dias apresentou síncope precedida por dor torácica. Apresenta no exame físico sopro
sistólico em foco aórtico 2+/4+ que é audível em região cervical bilateral, estamos diante de qual
valvopatias? Estenose aórtica (EA)! Lembre-se que a sobrevida média em pacientes com EA que
apresentam angina, síncope e sintomas de IC é de 5, 3 e 2 anos, respectivamente. Em uma
provável EA grave SINTOMÁTICA, a conduta ideal é a troca valvar. Pela idade da paciente, deve ser
solicitado uma cineangiocoronariografia para pesquisa de DAC. Alternativa correta letra B.
97 Mulher de 68 anos, 70 kg, será submetida a artroplastia total de quadril. Não tem
doenças conhecidas. Hemograma, glicemia e creatinina séricas normais. Escolhida
enoxaparina para profilaxia de tromboembolismo venoso. A dose e duração desse
esquema são, respectivamente:
COMENTÁRIO: Sabemos que uma das cirurgias mais passíveis de que aumentar o risco
tromboembólico são as de quadril. Dessa forma, a nossa paciente do enunciado precisará se
anticoagulação PROFILÁTICA após a cirurgia. Basicamente precisaríamos saber a dose e a duração
da anticoagulação profilática com a Heparina de Baixo Peso Molecular (Enoxaparina). A prescrição
profilática dessa droga consiste em: 40 mg, SC, 1x ao dia. Lembremos que caso fôssemos fazer
a dose PLENA, seria: Enoxaparina 1 mg/kg SC 12/12h (1mg/kg 1x ao dia se ClCr <30). Por ser um
procedimento de alto risco, como já comentado, essa profilaxia vai além da alta hospitalar, por no
mínimo quatro semanas, idealmente cinco. Alternativa correta letra A.
98 Mulher de 28 anos, tem diagnóstico recente de síndrome de imunodeficiência
adquirida, com linfócitos TCD4=42/mm3 e PCR quantitativo=324.000 cópias/mL. Foi
internada na unidade de terapia intensiva com história de um mês de perda ponderal de
15kg, febre intermitente, tosse seca e insuficiência respiratória progressiva. Baciloscopia de
escarro negativa. Realizou biópsia transbrônquica que evidenciou esboço granulomatoso
com coloração de Ziehl Nielsen positiva. A melhor conduta terapêutica é:
A) Terapia antiretroviral e após quinze dias, iniciar esquema para tuberculose (RIPE)
B) Terapia antiretroviral e esquema para tuberculose (RIPE) no mesmo momento
C) Esquema para tuberculose (RIPE) e após quinze dias, iniciar terapia antiretroviral
D) Esquema para MAC (claritromicina+etambutol+rifampicina) e terapia antiretroviral no
mesmo momento
COMENTÁRIO: Questão tranquila. Lembremos que a TUBERCULOSE PULMONAR é a MAIOR
CAUSA DE ÓBITO EM PACIENTES HIV+. Ela pode ocorrer com QUALQUER CD4 e suspeitaremos
em qualquer paciente sintomático, não necessariamente > 3 semanas, devido a alta prevalência.
Por isso, em TODAS as consultas temos que perguntar ao paciente sobre possíveis sintomas de TB
pulmonar. Se a resposta for negativa, mesmo assim, anualmente faremos o PPD nele. Se > ou = a
5mm, TB LATENTE, tratando com Isoniazida 270 DOSES. Se tiver sintomas, TB DOENÇA, tratando
com RIPE por 6m. Entretanto, um tema frequentemente cobrado em questões é a “SÍNDROME
DA RECONSTITUIÇÃO IMUNE”, a qual esses paciente estão sujeitos. Para evitar isso, devemos
iniciar RIPE (6m) inicialmente, e introduziremos a TARV apenas 2-8 semanas depois, já que se
iniciássemos a TARV antes, poderíamos ocasionar uma grande “guerra imune” contra o bacilo de
Koch, acarretando em graves lesões ao paciente. Alternativa correta letra C.
99 Mulher de 27 anos apresenta como efeito colateral de um medicamento,
alteração no nível sérico de potássio, acompanhada de tetraparesia flácida,
rabdomiólise, íleo adinâmico e arritmia cardíaca. O medicamento provavelmente
responsável é:
A) Heparina
B) Anfotericina B
C) Pentamidina
D) Sulfametoxazol + trimetoprim
A) Complemento sérico
B) Proteinúria de 24 h
C) Biópsia renal
D) Sorologia para hepatite