Você está na página 1de 44

TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

PROCESSO DE CROSS

1-Introdução

O processo de cross foi idealizado e desenvolvido por Hardy-Cross em 1930 e


introduzido no Brasil pelo professor Cândido Holanda de Lima em 1941.
É um processo destinado a resolver estruturas hiperestáticas (vigas contínuas e
pórticos) por meio de aproximações sucessivas e de fácil execução por envolver
somente as quatro operações fundamentais.
Vejamos alguns conceitos necessários ao seu desenvolvimento.

2-Coeficiente de rigidez

Seja a barra monoengastada AB abaixo:

MA

Sendo MA um momento aplicado em A e ΘA a rotação provocada neste apoio,


chamamos coeficiente de rigidez, KBA a relação:

Valores usuais dos coeficientes de rigidez

Barra monoengastada

8ª Edição – 2013
2
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Barra biengastada

Onde:

E= módulo de elasticidade do material constituinte da barra


I = Momento de inércia baricêntrico
EI = Rigidez a flexão

3-Coeficiente de distribuição

Chama-se coeficiente de distribuição d a parcela de contribuição de uma barra


qualquer ligada a um nó, a fim de equilibrá-lo sob o efeito de um momento externo M.

K
d=
ΣK

4-Concepção do processo

Seja o nó A ligado às barras retas AB, AC e AD, submetida a um momento M:

8ª Edição – 2013
3
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

O nó A submetido à atuação do momento M,sofre um deslocamento angular e


se equilibra.O deslocamento produziu nas diversas barras momentos resistente, cuja
soma será igual ao momento atuante e com sentido contrário:

M AB + M AC + M AD + M = 0 , no equilíbrio 1 pela definição do coeficiente de rigidez


temos:

M
K= ou M=K× θ 2
θ

Substituindo os valores dos momentos temos:

MAB = K AB × θ A
MAC = K AC × θ A 3
MAD = K AD × θ A

Levando 3 em 1 temos:

K AB .θ A + K AC .θ A + K AD .θ A + M = 0

θ A (K AB + K AC + K AD ) + M = 0

Fazendo K AB + K AC + K AD = ΣK , temos:

M
θA = − 4
ΣK
8ª Edição – 2013
4
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Levando 4 em 3 temos:

K AB
M AB = − × M = d AB × M
ΣK
K
M AC = − AC × M = d AC × M
ΣK
K AD
M AD =− × M = d AD × M
ΣK

K
Os valores − são chamados de coeficientes de distribuição, (geralmente
ΣK
colocados sem o sinal negativo nos quadros de cálculo).
A concepção do processo de Cross pode ser explicada da seguinte maneira:

“O momento atuante M se equilibra pelo aparecimento do momento


resistente –M, que apareceu nas barras que concorrem no nó A, dividindo-se
EI
proporcionalmente à rigidez de cada uma delas .”
L
Deve-se notar que a soma dos coeficientes de distribuição das barras que
concorrem em um nó será:

K ΣK
Σd = Σ = =1
ΣK ΣK

5-Convenção de Grinter

Adota-se a seguinte convenção de sinais para os momentos que as barras


introduzem nos nós:

“O momento será positiva quando tende a girar o nó no sentido horário e


negativos em caso contrário.”

8ª Edição – 2013
5
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

6-Aplicação numérica detalhada

Resolver a viga contínua pelo processo de Cross, traçando os diagramas de


cortantes e fletores. Considerar duas casas decimais.

8ª Edição – 2013
6
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Análise do sinal do momento XB:

8ª Edição – 2013
7
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Verificação de equilíbrio:

ΣRv = R A + R B + R C = 1,25 + 7,50 + 3,25 = 12t

ΣCA = 1 x 4 + 2 x 4 = 12t (Ok)

8ª Edição – 2013
8
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

7- Roteiro para resolução de viga contínua de dois vãos pelo processo de


Cross.

A) Considerar todo apoio intermediário engastamento perfeito; apoio B na figura


acima

B) Calcular os coeficiente de rigidez K:

Na figura acima:

“ Observar o valor de EI em cada vão ”

C) Calcular ΣK e posicioná-la debaixo do apoio B.


D) Calcular os coeficientes de distribuição d .

K
d=
ΣK

8ª Edição – 2013
9
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

E) Marcar a convenção de Grinter.

Na figura acima:

F) Calcular Me (Me (p) carga distribuída e Me (P) carga concentrada) e

Me (T) = Me (p) + Me (P) , consultando a tabela, sem levar em consideração os


sinais. Considerar apenas a conversão marcada no item anterior.

“ Observar que o apoio fixo ou móvel tem Me = 0”

G) Calcular M (MB ) : Soma-se algebricamente os Me à esquerda e à direita do

apoio B.

H) Uma vez obtido o desequilíbrio do apoio B ( M ), efetuar a operação – d . M


(observar o sinal “ - ”), a fim de equilibrá-lo.

“Observar se há engastes nas extremidades A e C e transmitir a influência do


equilíbrio obtido:”

I) Soma-se Me (T) e - d . M algebricamente para se obter X (momentos nos

apoios ou momentos hiperestáticos). Marcar os momentos conforme os

sentidos de Grinter

8ª Edição – 2013
10
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

J) Cálculo de V0 (V0(p) e V0(P) ) reação de apoio das cargas atuantes, considerando


vigas isostáticas em separado, vão à vão, de acordo com o tipo de
carregamento:

K) Calcular (V0(T)) : V0(T) = V0(p) + V0(P)


L) Cálculo de ∆V0 ( Reação de apoio devido aos momentos obtidos no processo “ X ” ):

∆V0= XB – XA XB > XA em módulo

L
“Observar que o sinal “ – “ deverá ser colocado debaixo do menor X em módulo em
cada vão.”
8ª Edição – 2013
11
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

M) Cálculo de V ( Força Cortante): V = V0(T) + ∆V0 (Soma algébrica)

N) Cálculo de R ( Reação de Apoio): R = ΣV

O) Diagrama de força cortante ( D.F.C.).

P) Diagrama de Momento Fletor ( D.M.F.).

“Observar a análise dos sinais dos momentos “X”.

Q) Verificar o equilíbrio = ΣRV = ΣCA

ΣRV = Soma das reações verticais.


ΣCA = Soma das cargas atuantes.

_________________________________________________________

8-Aplicações numéricas. Vigas de dois vãos: Exercícios propostos.

8.1 – Página 12
8.2 – Página 13
8.3 – Página 14

8ª Edição – 2013
12
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
13
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
14
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
15
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

9- Aplicação numérica detalhada.

Resolver a viga contínua pelo processo de Cross, traçando os diagramas de cortantes e


fletores. Considerar duas casa decimais.

8ª Edição – 2013
16
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
17
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

pl ² 2,5 x 5²
M e (AB) = −M e (BA) = = = 5,21tm
12 12

pl ² 3,0 x6,5²
Me (BC) = −Me (CB) = = = 10,56tm
12 12

pl ² 2,2 x5,5²
Me (CD) = = = 8,32tm
8 8

Me (DC) = 0

pl 5 x5
Me (AB) = −Me (BA) = = = 3,13tm
8 8

Pab ² 6 x3 x3,5²
Me (BC) = = = 5,22tm
l² 6,5²

Pa ²b 6 x3² x3,5
Me (CB) = − =− = −4,47tm
l² 6,5²

3Pl 3 x 4,4 x5,5


Me (CD) = = = 4,54tm
16 16

Me (DC) = 0

8ª Edição – 2013
18
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

 7,31 + 1,06 
Mmáx (AB) =   X 2,5 − 5,94tm = 4,52tm
 2 

12,73 + 3,73 
Mmáx (BC) =   X 3,0 − 13,12tm = 11,57tm
 2 

 2,53 + 5,56 
Mmáx (CD) =   − 0tm = 7,03tm
 2 

5,56t
X3 = = 2,53tm
2,2t / m

10- Roteiro para resolução de viga contínua de três vãos pelo processo de
Cross

A) Considerar todo apoio intermediário engastamento perfeito; apoio B na figura


acima

B) Calcular os coeficiente de rigidez K:

8ª Edição – 2013
19
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Na figura acima:

“ Observar o valor de EI em cada vão ”

C) Calcular ΣK e posicioná-la debaixo dos apoios B e C.


D) Calcular os coeficientes de distribuição d .

K
d=
ΣK

“ Observar que dBA+ dBC=1,00 e que dCB + dCD=1,00 na figura acima.”

E) Marcar a convenção de Grinter.

Na figura acima:

8ª Edição – 2013
20
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

F) Calcular Me (Me (p) carga distribuída e Me (P) carga concentrada) e

Me (T) = Me (p) + Me (P) , consultando a tabela, sem levar em consideração os


sinais. Considerar apenas a conversão marcada no item anterior.

“ Observar que o apoio fixo ou móvel tem Me = 0”

G) Calcular M (MB e Mc) : Soma-se algebricamente os Me à esquerda e à direita

do apoio B e C.

H) Uma vez obtido o desequilíbrio dos apoios B e C ( M B e M C), efetuar a

operação – d . M (observar o sinal “ - ”), a fim de equilibrá-los. Equilibrados os


apoios B e C, transmitidos as influências dos equilíbrios à direita de B e à
esquerda de C, repetindo as operações, até que a 2ª casa decimal zere.

“Observar se há engastes nas extremidades A e D e também transmitir as


influências dos equilíbrios obtidos.”

I) Soma-se a partir de Me (T) , um debaixo do outro, algebricamente todos os

valores de - d . M e as metades transmitidas para se obter XB e XC (momentos

nos apoios ou momentos hiperestáticos). Marcar os momentos conforme os

sentidos de Grinter

8ª Edição – 2013
21
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

J) Cálculo de V0 (V0(p) e V0(P) ) reação de apoio das cargas atuantes, considerando


vigas isostáticas em separado, vão à vão, de acordo com o tipo de
carregamento:

8ª Edição – 2013
22
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

K) Calcular (V0(T)) : V0(T) = V0(p) + V0(P)


L) Cálculo de ∆V0 ( Reação de apoio devido aos momentos obtidos no processo “ X ” ):

∆V0= XB – XA XB > XA em módulo

L
“Observar que o sinal “ – “ deverá ser colocado debaixo do menor X em módulo em
cada vão.”

M) Cálculo de V ( Força Cortante): V = V0(T) + ∆V0 (Soma algébrica)

N) Cálculo de R ( Reação de Apoio): R = ΣV

O) Diagrama de força cortante ( D.F.C.).

P) Diagrama de Momento Fletor ( D.M.F.).

“Observar a análise dos sinais dos momentos “X”.

Q) Verificar o equilíbrio = ΣRV = ΣCA

ΣRV = Soma das reações verticais.


ΣCA = Soma das cargas atuantes

11- Aplicações numéricas. Vigas de três vãos.


Exercícios Propostos.

8ª Edição – 2013
23
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
24
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
25
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 11.1

8ª Edição – 2013
26
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 11.1

8ª Edição – 2013
27
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
28
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 11.2

8ª Edição – 2013
29
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 11.2

8ª Edição – 2013
30
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

12- Aplicações numéricas. Vigas com balanços.


Exercícios Propostos

8ª Edição – 2013
31
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 12.1

8ª Edição – 2013
32
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 12.1


8ª Edição – 2013
33
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
34
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
35
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 12.2

8ª Edição – 2013
36
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

Continuação exercício 12.2

8ª Edição – 2013
37
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

13- Simplificação nos casos de simetria.

Sempre que houver uma viga simétrica, com carregamento simétrico, a resolução da
mesma pode ser simplificada.

Consideremos dois casos:

13.1 – O eixo de simetria corta um apoio

(nº ímpar de apoios).

Resolveremos somente metade da viga, engastando o apoio C.

8ª Edição – 2013
38
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
39
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
40
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

13.2 – O eixo de simetria corta um vão.

(nº par de apoios).

Resolveremos somente metade da viga,considerando que devido a simetria e do


carregamento, MC=MD.

8ª Edição – 2013
41
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
42
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

TABELAS:

VIGAS MONOENGASTADAS

8ª Edição – 2013
43
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

VIGAS BIENGASTADAS

8ª Edição – 2013
44
TEORIA DAS ESTRUTURAS - PROCESSO DE CROSS

8ª Edição – 2013
45

Você também pode gostar