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Meu interesse pelas cartas de Calvino foi suscitado pela leitura do epistolário de Leopardi, em

que ele expressa seus sonhos de glória, os sofrimentos, os estudos prediletos, a arte literária e
muitos outros “desenhos literários” que Diafani assim define:

raccolta di testi non fittizi ma privati, ordinati e predisposti per la stampa non dall’autore ma
dalle mani pazienti dei suoi studiosi [...] l’epistolario associa alla funzione testimoniale una
scrittura e una complessità di motivi che lo rendono un libro autonomo dotato di valore
artístico [...] (2000, p. 9).

Seleção de textos não fictícios mas privados, ordenados e predispostos para a impressão não
do autor mas das mãos pacientes dos seus estudiosos [...] o epistolário associa à função
testemunhal uma escritura e uma complexidade de motivos que o tornam um livro autônomo
dotado de valor artístico.

Pode-se, inicialmente, recuperar na carta a expressão testemunhal que define um perfil


biográfico: confidências e impressões espalhadas pela correspondência de um artista contam a
trajetória de uma vida, delineando uma psicologia singular que ajuda a compreender os
meandros da criação da obra. A segunda possibilidade de exploração do gênero epistolar
procura compreender a movimentação nos bastidores da vida artística de um determinado
período [...]. Um terceiro viés interpretativo vê o gênero epistolar como ‘arquivo da criação’
[negritos meus], espaço onde se encontram fixadas a gênese e as diversas etapas de
elaboração de uma obra artística desde o embrião do projeto até o debate sobre a recepção
crítica favorecendo a sua eventual reelaboração

MORAES, Marcos Antonio de. Epistolografia e crítica genética. Ciência e Cultura [online]. 2007,
v. 59, n. 1, pp. 30-32. ISSN 0009-6725. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2010.

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