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Enahpe 2019 - XXX ENAHPE 2019 – Encontro Nacional de Construção de Poços de Petróleo e Gás

Serra Negra – SP, 19 a 22 de Agosto de 2019

AVALIAÇÃO DA DISSOLUÇÃO DE PARTÍCULAS


DE HALITA EM SALMOURAS NO ESCOAMENTO
ASCENDENTE EM TUBO
Rodolfo Alvarez1, Eduardo Paraíso1, Luis Américo Calçada1, Claudia Scheid1

1Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, BR-465, km 7, Campus da UFRRJ, Instituto de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Química, Laboratório de Escoamento de Fluidos Giulio Massarani, CEP: 23897-035

Resumo

Com a confirmação da existência de grandes reservatórios de petróleo encontrados na região do pré-sal, pesquisas estão sendo
desenvolvidas com a finalidade de superar certos desafios e limitações técnicas, principalmente quando as camadas salinas são
perfuradas. Por exemplo as lamas à base de água tendem a dissolver as partículas de sal perfuradas, o que causa alterações nas
suas propriedades reológicas e físico-químicas, também pode causar alargamento, torque excessivo, acúmulo de cascalhos no
fundo do poço, problemas de controle do poço e outros problemas operacionais. Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho
foi estudar a dissolução de partículas de halita (NaCl) em salmouras no escoamento em tubo. Uma unidade experimental foi
construída, capaz de reproduzir algumas condições de perfuração, como número de Reynolds semelhante, fluxo vertical
ascendente em tubo, movimento das partículas de sal junto com o fluido. Perfis experimentais de concentração de NaCl em função
da posição e do tempo foram obtidos, estes perfis foram utilizados para estimar o coeficiente de transferência de massa em
diferentes condições operacionais e para validar o modelo matemático. Foi proposto um modelo matemático baseado em um
sistema de equações diferenciais parciais, que se baseia na conservação de massa para as fases sólida e líquida. Para a solução
do sistema foram utilizadas duas abordagens, a primeira considerando a variação do diâmetro das partículas de NaCl ao longo
do escoamento e a segunda abordagem considerando o diâmetro das partículas constante. O coeficiente de transferência de massa
foi estimado utilizando-se o programa computacional MAXIMA, escrito em linguagem FORTRAN, onde os perfis de concentração
experimentais foram utilizados como dados de entrada. Os resultados obtidos pela simulação foram comparados com os resultados
experimentais, onde o desvio relativo médio de ambas abordagens foi inferior a 5% e os coeficientes de transferência de massa se
encontram na mesma ordem de grandeza que os encontrados na literatura.

1. Introdução. diferentes lamas à base de água apresenta grande


importância para avaliar a modificação das
Nos últimos anos, a constatação da existência de propriedades das lamas quando utilizadas na perfuração
grandes reservatórios de petróleo na região denominada (Bourgoyne Jr et al, 1991; Farmer, 1996; Calcada et al.,
pré-sal, caracterizada por ser fundada em águas 2015; Meneses et al., 2017).
profundas e sob uma extensa camada de sal, trouxe A literatura apresenta alguns estudos relacionados ao
alguns desafios tecnológicos devido à natureza dos processo de dissolução de sal, como o desenvolvido por
reservatórios. A perfuração de poços nesta região Aksel’rud et al. (1992), que determinaram o coeficiente
apresenta certas dificuldades quando as camadas de sal de transferência de massa para diferentes sais quando
são perfuradas, dificuldades que devem ser superadas este é dissolvido em água destilada, no estudo utilizou-
para melhorar e garantir o bom desempenho das se uma unidade de leito fluidizado e considera a
diferentes operações de produção de hidrocarbonetos. variação da concentração em função do tempo, para o
Algumas dessas dificuldades são as elevadas pressões NaCl, o coeficiente global de transferência de massa
de formação, prisão da coluna de perfuração, perda de estimado foi de 1,0x10-4 m/s.
circulação, possível dissolução de partículas de sal nas Alkattan et al. (1997) avaliaram a taxa de dissolução de
lamas à base de água, dentre outras (Beltrão, 2009; NaCl em uma solução com uma concentração inicial de
Calçada et al, 2015, Rodrigues, 2015). 300 g / L de NaCl e água deionizada,. Foi utilizada a
A dissolução das partículas de sal nas lamas à base de técnica de disco rotativo, onde um disco de NaCl
água pode modificar suas propriedades reológicas e comprimido de alta pureza foi colocado em um suporte
físico-químicas. As lamas à base de óleo podem ser rotativo, o qual foi imerso dentro de um reator de
usadas nesta região, já que não podem dissolver o sal, parede dupla. Concluiu-se que as baixas taxas de
no entanto a utilização destes apresenta um alto custo, dissolução foram devidas à elevada concentração
além de ser mais poluente. As lamas à base de água são inicial de NaCl na solução.
menos poluentes e mais fáceis de operar, por isso o Calcada et al. (2015) estudaram a dissolução de sal em
conhecimento dos perfis de concentração de sal nas salmouras em diferentes concentrações em uma
unidade de calha aberta, com um comprimento de 29
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m, onde as partículas de NaCl foram adicionadas no tempo e uma modelagem matemática para estimar o
início do fluxo. As amostras de salmoura foram coeficiente global de transferência de massa e assim
coletadas em algumas distâncias do comprimento (5,5; simular o processo.
13; 20,5; 26,7 m) para avaliar os perfis de concentração A unidade experimental, que pode ser vista na figura 1,
em função do tempo de uma posição e no final da linha estava composta por dois tanques de armazenamento de
de fluxo os sólidos remanescentes foram coletados em PVC, de 3,2 m3 de capacidade, cada um com um
uma malha. Foi possível determinar a massa do sal agitador mecânico, o fluido estudado é armazenado em
dissolvido por um balanço de massa. Os perfis de um desses tanques e é bombeado em direção ao sistema
concentração foram avaliados em função da posição e de adição de sólidos onde são adicionadas as partículas
tempo e os coeficientes de transferência de massa de sólidos ao fluido quando este está escoando. Uma
foram estimados em uma faixa de 2-6x10-4 m/s. Neste segunda bomba instalada na saída do sistema de adição
trabalho, os autores utilizaram um modelo matemático de sólidos, bombeia o fluido através de um tubo vertical
baseado na conservação de massa para a fase líquida e acrílico (4 m de altura, diâmetro nominal de 2 plg) onde
sólida. três medidores de condutividade Metler Toledo,
Meneses et al. (2017) estudaram a dissolução de sal em modelo SevenCompact S230 foram instalados a
salmouras e soluções de goma xantana em diferentes diferentes distâncias, desde que o fluido entra em
concentrações de NaCl (32, 64 e 98 g/L) em tanque de contato com o sólido (x1 = 1,35 m; x2 = 3,51 m; x3 =
mistura. Para as salmouras, o coeficiente de 5,67 m). Uma vez que o fluido passa pelo último ponto
transferência de massa global estimado estava na faixa de medição, ele continua escoando até atingir o outro
de 1,11-0,836x10-4 m/s, a variação do diâmetro médio tanque de armazenamento. Os perfis de concentração
das partículas ao longo do processo de dissolução foi de NaCl foram obtidos através dos dados de
considerada. O modelo matemático utilizado neste condutividade registrados em cada ponto de medição.
trabalho baseia-se no utilizado por Calcada et al. Estes dados experimentais foram convertidos em dados
(2015). de concentração com a ajuda de uma curva de
Scheid et al. (2018) estudaram a cinética de dissolução calibração.
de partículas de NaCl em fluidos de perfuração aquosos
viscosificados com bentonita em tanque agitado, onde
perfis experimentais de concentração de NaCl foram
obtidos, estes perfis de concentração foram usados para
estimar o coeficiente global de transferência de massa
e validar o modelo matemático. Os coeficientes de
transferência de massa estimados estavam na faixa de
0,250x10-4 0,792x10-4 m/s, o erro relativo foi inferior a
10% e concluiu-se que a taxa de dissolução das
partículas de sal foi afetada tanto pela concentração de
bentonita como pela concentração inicial de sal.
Conforme o detalhado, na literatura existem trabalhos
referentes ao fenômeno das dissoluções de sal em
diferentes condições, como tanque de mistura, o fluido
escoando em calha aberta. Trabalhos em que partículas Figura 1. Esquema de unidade experimental. 1 - Tanque de
de NaCl foram adicionadas ao fluido quando ele está PVC; 2 - Agitador mecânico; 3 - Bomba de deslocamento
positivo; 4 - Sistema de adição de sólidos; 5 - Medidores de
escoando não foram encontrados. Assim, o objetivo
condutividade; 6 - Rotâmetro
deste trabalho foi estudar o processo de dissolução de
partículas sólidas de halita (NaCl) em salmouras em
Para realizar a adição das partículas de NaCl ao sistema
diferentes concentrações de NaCl em uma unidade
quando o fluido está escoando, foi projetado um
experimental, caracterizada por ser capaz de adicionar
sistema que opera com o princípio do efeito Venturi. As
partículas sólidas de NaCl ao fluido quando este está
partículas de NaCl são carregadas no recipiente de
escoando e para operar com algumas condições
armazenamento sólido momentos antes do início dos
semelhantes às dos poços de petróleo. Algumas dessas
experimentos, para evitar a contaminação das amostras
condições são semelhantes são número de Reynolds,
de sal. O sal se movimenta através de uma bandeja
fluxo ascendente através de tubos verticais e
vibratória, esta é acionada por um painel de controle,
movimento do sólido junto com o fluido.
que regula a intensidade da vibração, de modo que a
vazão mássica também seja controlada. Uma vez que o
2. Materiais e Métodos. sólido atinge o final da bandeja, este cai em um funil de
abastecimento onde entra em contato com o fluido, o
A metodologia deste trabalho consiste na realização de sal é sugado pelo vácuo gerado pela queda de pressão
experimentos em uma unidade experimental para
avaliar a dissolução cinética em função da posição e do
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causada pela diminuição da área de fluxo (efeito Concentração Vazão Vazão


Venturi). inicial de volumétrica mássica
Condição
NaCl (g/L) - (L/s) – W (g/s) – Q
Co
1 0 32 1
2 32 48 1.5
3 64 64 2

A modelagem matemática utilizada neste trabalho foi


baseada na modelagem utilizada por Calcada et al.
(2015). Esta composta por duas equações diferenciais
parciais, baseadas na conservação de massa para a fase
líquida (equação 2) e na conservação de massa para a
fase sólida (equação 3), calcula as variações de
concentração do fluido e a fração volumétrica de
sólidos sobre tempo e espaço.
Figura 2. Sistema de adição de sólidos. 1 - Tubulação
de efeito Venturi; 2 - Válvula Borboleta; 3 - Funil de 𝜕 𝐶(𝑧, 𝑡) + 𝑣 𝜕
𝑧 ( 𝐶(𝑧, 𝑡))
abastecimento; 4 - Sistema de by-pass; 5 - Bandeja de 𝜕𝑡
vibração; 6 - Recipiente de armazenamento sólido. 𝜕𝑧
= 𝐾 ∙ 𝑎(𝐶∗ − 𝐶(𝑧, 𝑡)) (1)
Os experimentos foram realizados a uma temperatura
de 25 ° C e consistem em 15 experimentos em 𝐶. 𝐼. , 𝐶(𝑧, 0) = 𝐶𝑜,
diferentes concentrações iniciais de NaCl, vazão 𝐶. 𝐼. , 𝐶(0, 𝑡) = 𝐶𝑓
mássica de partículas de NaCl (W) e vazão volumétrica
(Q), cada um realizado em triplicata, para avaliar o 𝜌𝑠 ( 𝜕 𝜀𝑠 (𝑧, 𝑡) + 𝑣𝑧 ( 𝜕 𝜀𝑠(𝑧, 𝑡)))
desvio dos dados. A Tabela 1 mostra as condições 𝜕𝑡
𝜕𝑧
experimentais para cada experimento e a Tabela 2
mostra os valores de cada concentração inicial de NaCl, = −𝐾 ∙ 𝑎(𝐶∗ − 𝐶(𝑧, 𝑡)) (2)
vazões mássicas e volumétricas.
𝐶. 𝐼. , 𝜀𝑠(𝑧, 0) = 𝜀𝑠0,
Tabela 1. Condições experimentais dos experimentos (25 ° 𝐶. 𝐼. , 𝜀𝑠(0, 𝑡) = 𝜀𝑠𝑓
C).
Experimento 𝐠 𝐋 𝐠 Onde: t é tempo (s); C é a concentração de salmoura
𝐂𝐨 ( ) 𝐐() 𝐖( )
𝐋 𝐬 𝐬 (kg/m3); vz é a velocidade média do fluido (m/s); z é a
1 0 Q1 W1 posição (m); K é o coeficiente de transferência de
2 32 Q1 W1 massa (m/s); a é a área de interface entre fases por
3 64 Q1 W1 unidade de volume de partículas (m-1); C* é
4 0 Q2 W2 concentração de saturação de NaCl em água (kg/m3); ρs
5 32 Q2 W2 é a densidade da fase sólida (kg/m3) e εs é a fração
volumétrica de sólidos.
6 64 Q2 W2
7 0 Q3 W3
Nas equações (1) e (2) o primeiro termo refere-se ao
8 32 Q3 W3
termo de acúmulo, o segundo termo refere-se à
9 64 Q3 W3 transferência de massa e o terceiro termo descreve a
10 0 Q3 W1 transferência de massa entre as fases líquida e sólida.
11 32 Q3 W1 Em ambas equações, o termo a representa a área total
12 64 Q3 W1 de transferência de massa por unidade de volume, pode
13 0 Q1 W3 ser calculada pela equação (3), esta equação é adaptada
14 32 Q1 W3 de McCabe et al., (1985).
15 64 Q1 W3
Os experimentos 1 a 9 foram usados para estimar o 6 ∙ 𝜀𝑠(𝑧, 𝑡)
coeficiente de transferência de massa convectiva e os 𝑎= ̅𝑝 (3)
𝐷
experimentos 10 a 15, quando usados para validar o
modelo matemático. ̅𝑝 é o diâmetro médio de Sauter (m3);
Onde: 𝐷

Tabela 2. Valores da concentração inicial de NaCl, massa e Para o cálculo da área de transferência de massa,
vazão volumétrica. Calcada et al. (2015) consideraram o diâmetro médio
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da partícula (𝐷̅𝑝 ) como uma constante. O cálculo da


área de transferência de massa considerando a variação
da partícula de diâmetro médio (𝐷̅𝑝 ) pode ser calculado
em função do restante da massa de sal, como mostrado
na equação (5).

3 6 ∙ 𝑚𝑟
̅𝑝
𝐷 =√ ∙𝜋∙𝑁 (4)
𝜌𝑠 𝑝

Onde: mr é a massa de sal não dissolvida (kg) e Np é o


número de partículas de NaCl que entra no sistema.

Algumas suposições foram adotadas para a solução das


equações do sistema, tais como: fluxo de duas fases
(líquido e sólido), as partículas sólidas são esféricas,
processo dissolutivo em regime transiente isotérmico,
regime turbulento com velocidade média constante e
fluido newtoniano incompressível. O modelo
matemático foi resolvido utilizando o programa
computacional MAXIMA (Pinto et al., 1985) escrito
em linguagem FORTRAN.

3. Resultados e Discussão.
3.1. Resultados experimentais.

Os perfis experimentais de concentração de NaCl em


salmouras em função da posição podem ser observados
na Figura 3, onde as Figuras 3a, 3b e 3c representam as
concentrações iniciais de NaCl de 0, 32 e 64 g / L,
Figura 3. Dados experimentais dos perfis de concentração de
respectivamente. Através disso, como esperado, pode- sal em função da posição. a) Concentração inicial de NaCl 0
se dizer que o valor da concentração aumenta ao longo g/L, b) Concentração inicial de NaCl 32 g/L, c) Concentração
do comprimento. Para todas as experiências, o desvio inicial de NaCl 64 g/L.
padrão médio das experiências em triplicado foi, na sua
maioria, inferior a 10%. Com o objetivo de interpretar melhor os resultados
experimentais, foi realizado um balanço de massa para
determinar a quantidade de massa de NaCl que se
dissolveu durante o processo. A Tabela 3 mostra os
resultados do balanço de massa.

Tabela 3. Avaliação da massa de NaCl dissolvida.


Massa
Massa Massa
de Concentração
Exp dissolvida dissolvida
entrada (g/L)
(g) (%)
(g/s)
1 32 24.63 24.63 76.96
2 32 55.25 23.25 72.66
3 32 83.25 19.25 60.16
4 48 15.22 22.8 47.56
5 48 47.44 20.61 43.0
6 48 76.08 18.12 37.75
7 64 14.25 28.5 44.53
8 64 45.13 26.26 41.0
9 64 45.61 23.22 36.28
10 64 5.90 11.8 36.87
11 64 40.03 16.06 50.18
12 64 71.44 14.88 46.0
13 32 40.12 40.12 62.69
14 32 65.53 33.56 52.4
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15 32 96.16 32.16 50,28 Tabela 4. Valores estimados para o coeficiente convectivo de


Através dos dados da Figura 3 e Tabela 4, pode-se transferência de massa.
observar que experimentos realizados a menores Concentração 𝐾𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 ∙ 104 (𝑚 𝐾𝑡𝑢𝑏𝑜
valores de vazão foram aqueles que apresentaram inicial de /𝑠) ∙ 104 (𝑚/𝑠)
maiores taxas de dissolução, devido ao maior tempo de NaCl (g/L) Dp cte Dp var Dp cte Dp var
residência da partícula no fluido, a maiores vazões 0 5.33 4.94 1.53 1.43
volumétricas desta vez diminui devido à alta ± 1.14 ± 1.29 ± 0.23 ± 0.22
velocidade do fluido, gerada pela vazão volumétrica. 32 4.42 4.13 1.29 1.18
Para experimentos com vazão volumétrica maior e ± 0.84 ± 0.94 ± 0.19 ± 0.15
menor vazão mássica, a taxa de dissolução é 64 3.85 3.66 1.25 1.12
influenciada tanto pelo tempo de residência da partícula ± 0.45 ± 0.48 ± 0.13 ± 0.09
quanto pela menor quantidade de sólidos adicionados,
gerando as menores taxas de dissolução.
Para experimentos com vazão volumétrica mais baixa Observando a tabela 4 pode-se observar que o valor do
e vazão mássica mais alta, a taxa de dissolução foi coeficiente de transferência de massa do processo
influenciada pela maior quantidade de sólidos dentro da bomba é aproximadamente 4 vezes maior que
adicionados e pelo maior tempo de permanência da o coeficiente obtido quando o fluido escoa através do
partícula no fluido. tubo de acrílico. Uma vez que o fluido começa a fluir
O incremento da concentração inicial de NaCl do fluido através da tubulação de acrílico, há apenas interação do
causará a diminuição da cinética de dissolução, devido fluido com o sólido, sem forças externas.
à menor capacidade do fluido de dissolver os sólidos à Comparando os coeficientes de transferência de massa
medida que se torna mais concentrado estimados para cada abordagem, pode-se observar que
estes são semelhantes para cada região. Além disso,
tendo em conta os desvios, pode dizer-se que estes não
3.2. Estimação dos coeficientes globais de
são significativamente diferentes; isto indica que as
transferência de massa. duas abordagens usadas são válidas para estimar o
coeficiente de transferência de massa neste caso. Além
Para este trabalho, considerou-se que o coeficiente de
disso, através dos desvios do coeficiente de
transferência de massa é independente do número de
transferência de massa estimado, pode-se dizer que não
Reynolds e não é influenciado pela temperatura.
há variação significativa com a concentração inicial de
Segundo Bird et al., (2002) o coeficiente de
NaCl.
transferência de massa é independente do número de
Os valores estimados para o coeficiente de
Reynolds quando Re>104, todos os experimentos foram transferência de massa podem ser comparados com
realizados em regime de turbulência total, com a valores encontrados na literatura da Tabela 5.
condição mencionada do número Reynolds.
Experimentalmente foi observada uma variação Tabela 5. Valores do coeficiente de transferência de massa
máxima de 1 ° C ao longo do escoamento, assim, o convectiva na literatura.
sistema foi considerado isotérmico. Valores de
Outra questão importante na estimação do coeficiente Autores K ∙ 𝟏𝟎𝟒(m/s) Condições operacionais
de transferência de massa foi a presença de duas regiões Aksel’rud Área interfacial constant,
onde a cinética de dissolução e vazão foram diferentes, et al. 1.0 leito fluidizado, agua pura.
por isso foi estimado um coeficiente de transferência de (1992)
massa para cada região, isto é a região de bomba de Unidade de calha aberta,
Calcada diametro médio da partícula
deslocamento positivo e a região do tubo acrílico.
et al. 1.8-5.44 constante, diferentes
Também foram consideradas duas abordagens para (2015) concentrações de NaCl.
realizar a estimativa do coeficiente de transferência de
massa global, a primeira considera o diâmetro da Tanque de mistura,
partícula de NaCl como constante e a segunda salmoura (32 g/L of NaCl) e
abordagem considera a variação do diâmetro da Meneses fluidos não newtonianos
partícula de NaCl ao longo do comprimento. et al. 1.110-0.836 (soluções de goma xantana),
Os coeficientes de transferência de massa estimados (2017) diâmetro médio da partícula
para o sistema são apresentados na tabela 4; onde Dpcte, variável
Dpvar, Kbomba e Ktubo são as abreviaturas para: a
5.33-3.85 Unidade de escoamento em
abordagem que considera o diâmetro médio das bomba Dpcte; tubo, adição de partículas de
partículas como uma constante, a abordagem que 4.90-3.69 sal ao fluido no escoamento,
considera a variação do diâmetro médio das partículas, Este
bomba Dpvar; diâmetro médio da partícula
os coeficientes de transferência de massa estimados trabalho
1.53-1.25 constante e variável,
para a região da bomba e para a região do tubo, tubo Dpcte; salmouras em diferentes
respectivamente 1.43-1.12 concentrações.
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tubo Dpvar
Comparando os valores estimados para o coeficiente de
transferência de massa, pode-se dizer que eles estão na
mesma ordem de grandeza que os valores encontrados
na literatura. Os valores estimados do coeficiente no
tubo acrílico estão mais próximos do valor do
coeficiente estimado por Aksel'Rud et al., (1992), isto
pode ser devido a algumas semelhanças entre os
trabalhos, como o uso de uma massa fixa área de
transferência e que as partículas sólidas fluem
juntamente com o fluido. e com os valores estimados
por Meneses et al., (2017), que estima valores para o
coeficiente de transferência de massa para salmouras
entre, isto pode ser porque a variação das partículas de
diâmetro médio foi considerada ao longo do processo.
Os valores obtidos por Calcada et al. (2015) para o
coeficiente de transferência de massa são semelhantes
aos obtidos pela bomba neste trabalho, os autores
usaram uma unidade em calha aberta, onde as partículas
rolavam e havia grande contato entre elas. Este sistema
favoreceu a troca de massa de forma semelhante à
transferência de massa ocorrida na bomba

3.2. Cinética de dissolução experimental e


simulada.

Uma vez estimados os coeficientes globais de


transferência de massa, as simulações foram realizadas
para verificar se o modelo matemático é capaz de
simular os perfis experimentais de concentração. Figura 4. Perfis de concentração de sal experimentais e
Os gráficos dentro deste tópico apresentam duas simulados em função da posição. a) Concentração inicial de
curvas, onde a curva com linha segmentada considera o NaCl 0 g/L, b) Concentração inicial de NaCl 32 g/L, c)
diâmetro dos sólidos como constante e a curva da linha Concentração inicial de NaCl 64 g/L.
sólida representa a abordagem que considera a variação
de diâmetro dos sólidos. A figura 5 representa os desvios relativos dos perfis de
A figura 4 representa as simulações realizadas usando concentração simulados com o experimental para cada
os coeficientes de transferência de massa estimados. Do abordagem.
ponto zero ao primeiro ponto foram utilizados os
coeficientes de transferência de massa estimados para a
região da bomba, para os próximos pontos foram
utilizados os coeficientes estimados para a região do
tubo.
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para ambas as abordagens está abaixo de 10%.


Experimentos realizados com concentração inicial de
NaCl de 0 g / L apresentaram o maior desvio relativo;
devido aos baixos valores de concentração de NaCl,
especialmente o experimento 10, que apresentou os
menores valores de concentração de NaCl.
A Tabela 7 apresenta um resumo do desvio relativo
médio para as duas abordagens utilizadas e
concentração inicial de NaCl. O desvio médio total para
as duas abordagens utilizadas foi inferior a 5%, sendo
4,88 para a abordagem que considera o diâmetro médio
das partículas como constante e 4,95% para a
abordagem que considera a variação do diâmetro médio
das partículas.
Figura 5. Desvio relativo para os perfis de concentração
simulados. a) Abordagem com diâmetro médio das partículas
4. Conclusões.
constante, b) Abordagem com diâmetro mpedio das partículas
variável. A unidade experimental montada foi capaz de gerar
dados experimentais da concentração de NaCl no fluido
Analisando os resultados obtidos pelas simulações e que flui em tubo vertical, com boa repetibilidade e
comparando-os com os resultados experimentais, desvios médios menores que 10%.
podemos dizer que as duas abordagens propostas A unidade experimental apresenta duas zonas onde a
podem modelar adequadamente o processo de cinética de dissolução é completamente diferente uma
dissolução de NaCl para a unidade experimental de da outra, sendo estimado um coeficiente de
fluxo utilizada. A maioria dos valores de desvio relativo transferência de massa para cada zona, onde os
para ambas as abordagens está abaixo de 10%. coeficientes de transferência estimados da massa para a
Experimentos realizados com concentração inicial de região da bomba são aproximadamente quatro vezes
NaCl de 0 g/L apresentaram o maior desvio relativo; maiores que o coeficiente região do tubo.
devido aos baixos valores de concentração de NaCl, Os valores estimados do coeficiente de transferência
especialmente o experimento 10, que apresentou os global de massa para as duas abordagens utilizadas
menores valores de concentração de NaCl. foram na mesma ordem de grandeza que os encontrados
A Tabela 6 apresenta um resumo do desvio relativo na literatura. Através dos desvios desse coeficiente,
médio para as duas abordagens utilizadas e pode-se dizer que isso não é significativamente
concentração inicial de NaCl. O desvio médio total para diferente para cada abordagem e concentração inicial
as duas abordagens utilizadas foi inferior a 5%, sendo de NaCl.
4,88 para a abordagem que considera o diâmetro médio O modelo proposto foi capaz de reproduzir os dados
das partículas como constante e 4,95% para a experimentais para as duas abordagens utilizadas, com
abordagem que considera a variação do diâmetro médio desvios médios totais abaixo de 5%
das partículas.
5. Agradecimentos
Tabela 6. Valores do desvio relativo para os perfis de
concentração simulados. Os autores agradecem o apoio financeiro oferecido pelo
Concentração Desvio realtivo Desvio relative CENPES (Centro de Pesquisas da PETROBRAS)
inicial de NaCl médio – medío – (4600293210) e a cooperação em apoio científico da
(g/L) Dp var (%) Dp cte (%) CAPES e PPGEQ / UFRRJ
0 9.37 8.94
32 3.64 3.44 6. Referências
64 1.88 2.24
Desvio total 4.95 4.88 [1] Aksel'rud, G.A., Boiko, A.E., Kashcheev, A.E.,
médio 1992. Kinetics of the solution of mineral salts
suspended in a liquid flow. J. Eng. Phys. 61 (1),
Analisando os resultados obtidos pelas simulações e 885e888.
comparando-os com os resultados experimentais, [2] Alkattan, M., Oelkers, E.H., Dandurand, J.L.,
podemos dizer que as duas abordagens propostas Schott, J., 1997. Experimental studies of halite
podem modelar adequadamente o processo de dissolution kinetics. Chem. Geol. 137, 201e219.
dissolução de NaCl para a unidade experimental de [3] Beltrao, R.L.C., Sombra, C.L., Lage, A.C.V.M.,
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