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FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de linguagem são construções que transformam o significado das palavras para tirar delas
maior efeito ou para construir uma mensagem nova.
“Toda gente homenageia Januária na janela.”(Chico Buarque)
Existe nesta mensagem uma figura de linguagem: a aliteração, que provoca um efeito novo à frase
(repetição de fonema j/g).
“Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”. (Chico Buarque de Holanda)
Há nesta mensagem uma figura de linguagem: a comparação, que provoca um efeito novo à frase
(sentir tanto que dá a impressão de ter morrido).

Tipos de figuras de linguagem

FIGURAS DE SOM
1.
Aliteração: é a repetição proposital e ordenada de sons consonantais idênticos ou semelhantes. O
efeito serve para reforçar a imagem que se quer transmitir.
“Chove chuva chovendo
Que a cidade de meu bem
Está-se toda se lavando” (Oswald de Andrade)
A repetição do som ch enriquece a idéia de chuva.

A bela bola rola:


A bela bola do Raul.” (Cecília Meireles)
Note como a repetição do fonema B pode sugerir a idéia de bola.

“Pelé, pelota, peleja. Bola, bolão, bolaço. Pelé sai dano balõeszinhos.
Vai, vira, voa, vara, quem viu, quem previu? GGGGoooolll.”
(Carlos Drummond de Andrade)
A repetição de alguns fonemas empresta ao enunciado o ritmo de jogo de futebol.

2. Assonância: é a repetição proposital de sons vocábulos idênticos ou semelhantes.


“A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.” (Gregório de Matos Guerra)
Note que, além das aliterações, existem sons vocálicos usados repetidamente: a, i, u.

3. Paranomásia: é o uso de sons semelhantes em palavras próximas.


“Aquela estrela é dela
Vida, venta, vela, leva-me daqui.” (Raimundo Fagner)
“Eu, você, João girando na vitrola sem parar
A fossa , a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos Lyra)

4. Onomatopéia: consiste na representação de certos sons, produzidos por animais ou coisas, ou mesmo
de certos sons humanos.
“o pato
Vinha cantando alegremente
Quem, quem
Quando o marreco sorridente
Pediu
Para entrar também no samba...” (João Gilberto)

FIGURAS DE PALAVRAS OU DE PENSAMENTO


1. Comparação: é uma figura que consiste em identificar dois elemntos a partir de uma característica
comum.
“Meu primo era belo como um Adônis.”(Lygia Fagundes Telles)
“Tio Dácio parecia bravo que nem fera.” (Alcântara Machado)
“Doramundo é alto feito um poste.” (Sergio Porto)

Uma comparação percorre as seguintes etapas:


● termo comparado → Doramundo
●termo comparante → poste
● termo comparativo→ feito
● ponto de comparação→ a altura

Na comparaçãao é obrigatória a presença do termo comparativo (como, feito, que nem etc.).

2. Metáfora: é o resultado de uma comparação mental.


“Tio Dácio era uma fera!”
“Doramundo era um poste.”
A metáfora consiste na semelhança entre a idéi a ser definida e a idéia que com ela se relaciona.
- Meu primo= idéia a ser defendida.
Meu primo é um Adônis. → - Adônis= idéia com que se relaciona.

Na metáfora não aparece o termo da comparação (como, que nem, feito) explicíto.

3. Catacrese: consiste em fazer uso de uma metáfora forçada, já desgastada pelo uso. O
nome catacrese significa “abuso”.
pé de mesa, barriga da perna, enterrar uma agulha, aterrissar em alto-mar

4.Metonímia ou sinédoque

A associação de termos e idéias relacionados provoca, às vezes, a substituição de um termo por outro.
Essa figura de linguagem é chamada metonímia, palavra que significa “mudança de nome”.Metonímia
quer dizer mudança de nome. A relação de sentido e a associação de idéias provocam, às vezes, a
substituição de um termo por outro.
Note, por exemplo, quando se diz: “Estou vendo o Spielberg de novo”, dando a entender: “Estou vendo o
filem de Spielberg”.
Trata-se da substituição do autor pela obra, figura bastante fácil de ocorrer. Temos metonímia nas
seguintes situações:
1.
Substituição do autor pela obra:
“Ler Machado de Assis”, em vez de a obra de Machado de Assis.
2.
Substituição de continente pelo conteúdo:
“Tomar um copo d’água”, em vez de a água que estava no copo.
3.
Substituição da causa pelo efeito:
“Viver de trabalho”, em vez do produto do trabalho.
“Ganhar a vida”, em vez de ganhar os meios de vida.
4.
Substituição do efeito pela causa:
“Sua a camisa para viver”, em vez de sua a camisa porque trabalha muito para viver.
5.
Substituição do todo pela parte ou da parte pelo todo:
“Morar na cidade”, em vez de numa parte da cidade.
“Não ter teto onde morar”, em vez de casa para morar.
6.
Substituição da matéria pelo objeto:
“Ele não vale um níquel”, em vez de uma moeda feita de níquel.
7.
Substituição do lugar ou marca pelo produto:
“Fuma um havana”, em vez de um charuto fabricado em Havana.
“Tomar uma brahmas”, em vez de cervejas fabricas pela Brahma.
5. Antítese e paradoxo: é o emprego de idéias contrastantes.
● No caso da antítese, o contraste se faz pela aproximação de idéias opostas.
● No caso do paradoxo, pela aproximação de idéias absurdas.

A tristeza de uns é a alegria de outros. → antítese.


“Amo-te assim: meio odiosamente!” (Augusto dos Anjos) →paradoxo.

6. Eufemismo: é a atenuação de idéia desagradável, rude ou triste por uma idéia mais suave.
Ir para o reino de Deus. (em vez de morrer)
Faltar com a verdade. (em vez de mentir)
Há eufemismos comuns:
Mal incurável → câncer, AIDS
Robusto → gordo
Esbelto → magro
Pessoa problemática → neurótica
Apropriar-se de → roubar
Amigo alheio → ladrão
Deixar o mundo dos vivos → morrer

7. Perífrase: consiste em designar um ser através de uma caracter’sitica que o tenha celebrizado.
A capital da república (em vez de Brasília)
A cidade-luz (em vez de Paris)
● Quando se trata de pessoas, as perífrases chamam-se antonomásias.
O poeta dos escravos (Castro Alves)
O Salvador (Cristo)

8. Hipérbole: consiste em exagerar uma idéia para obter maior impacto em sua expressão.
“Sonhava com milhões de estrelas iluminando a tua casa.” (Clarice Lispector)
Chorou rios de lágrimas.

9. Ironia: consiste em inverter o sentido de uma afirmação visando à ridicularização da idéia.


Bonzinho o teu vizinho, não? Acabou de puxar o cabelo da filha...
Olha só como o quarto está arrumado! Nada ficou no lugar! Tudo de pernas para o ar!

10. Prosopopéia: é a personificação ou animismo de seres que não são humanos.


“Milho foi o grande vilão da temporada.” (manchete de jornal)

11. Sinestesia: Figura que consiste na utilização simultânea de alguns dos cinco sentidos.
“Sons noturnos. Perfumes macios. Fresca música da brisa.” (Cecília Meireles)
“Agora, o cheiro áspero das flores.” (Cecília Meireles)

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