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R2 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

ALEXANDRE DO NASCIMENTO
LEIDE MARI DE SOUZA GOMES
NADIR BARBOSA DE SOUZA

História da Infância e Multiculturalismo

CURITIBA
2018
R2 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

ALEXANDRE DO NASCIMENTO
LEIDE MARI DE SOUZA GOMES
NADIR BARBOSA DE SOUZA

História da Infância e Multiculturalismo

Trabalho final apresentado à disciplina da


História da Infância e Multiculturalismo como
exigência parcial para a obtenção do curso
de Programa Especial de Formação
Pedagógica R2 – Turma 123, sob a
supervisão do Professor Roberto de Sousa
Pólo: Curitiba

CURITIBA
2018
Sumário

1. Introdução........................................................................................................... 04

2. Desenvolvimento................................................................................................ 05
2.1 História da Infância no Brasil ……................................................................... 06
3. Multiculturalismo……………….……................................................................... 08

4. Conclusão........................................................................................................... 10

5. Referências Bibliográficas.................................................................................. 11
1. Introdução

A presente pesquisa propõe uma reflexão sobre a história da infância e o


multiculturalismo abordando também fatos que relevantes que ocorreram no
Brasil. Ao longo do desenvolvimento, poderá entender-se que a infância em até
algum tempo não tinha muita relevância e as crianças eram consideradas apenas
um “mini adulto”, mas com o passar do tempo passou a ser estudada e também
estabelecida algumas conquistas e direitos, importantes para o desenvolvimento e
crescimento da criança. Importante lembrar que a criança não está sozinha e
muitos de seus direitos conquistados gerou também deveres para a família, a
sociedade e até mesmo para o Estado.
No âmbito educacional também foi estabelecido tanto direitos e deveres
para as crianças, bem como o multiculturalismo que presente desde a
colonização do Brasil tem grandes desafios a serem enfrentados mesmo que
muitas conquistas já tenham sido realizadas até mesmo na forma da Lei.
Com isso, a família e o educador enfrentam grande desafio em cumprir a
Lei e se atualizar para inserir a todos em um contexto de igualdade e respeito
com a cultura, visto que o diferente sempre foi desafio para conviver em
comunidade ou sociedade.
O objetivo principal da História da Educação Infantil é demonstrar os
direitos já conquistados não esquecendo de respeitar o multiculturalismo em que
a criança está inserida e compreender que o “diferente” também faz parte de sua
comunidade e seu convívio.

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2. Desenvolvimento

Até o século XVII a infância não tinha muita importância. “É mais provável
que não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (ARIÈS,1973, p.50). “ A
criança era, no máximo uma figura marginal num mundo adulto” (HEYWOOD,
2004, p.10),como podemos observar até o século XVII a criança era apenas um
ser considerado até mesmo irracional,não havia sentimento de infância ou
representação desta fase da vida ( ARIÈS,1973).
Pode-se afirmar que foi na Idade Média que a vida começou a ser dividida
em fases conforme nos afirma Ariès(1973) as seis etapas da vida, são: Primeira
idade (nascimento / 7 anos); Segunda idade (7 - 14 anos) ; Terceira idade (14 -
21 anos);Quarta idade, a juventude (21-45 anos);Quinta idade (a
senectude),considerando a pessoa que não era velha, mas que já tinha passado
da juventude; e a Sexta idade (a velhice), dos 60 anos em diante até a morte.
Porém a infância ainda não era valorizada pela sociedade.
Na Idade Moderna , segundo Levin (1997) o adulto passou a preocupar-
se com a criança tentando passar a idéia de proteção.
Na Idade Contemporânea em conjunto com a institucionalização da escola
o conceito de infância foi lentamente alterado e com isso, segundo Moreira e
Candau (2010) há uma relação íntima entre escola e cultura e particularmente no
momento histórico em que se situa.
Foi no final do século XIX e início do século XX Oliveira (2002) nos informa
que a criança e seus comportamentos passaram a ser objetos de estudos em
diversas áreas como Psicologia, Sociologia, Educação, entre outras, para
entender as mudanças que ocorrem na infância.
Atualmente, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(Brasília, 1998), nos afirma que “as crianças possuem uma natureza singular, que
as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito
próprio”.
Porém, deve-se considerar que a escola enfrenta um grande desafio em
atender as crianças, pois todas vem de diferentes famílias, diferentes costumes e

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culturas,e atualmente desempenha um papel fundamental na infância,mas a partir
do momento que se obteve a consciência da importância da infância também
foram criados várias políticas e programas para que as crianças possam fazer
parte da sociedade.

2.1 História da Infância no Brasil

A história da infância no Brasil foi marcada por muitas privações e


dificuldades, dificuldades essas que muitas vezes não foram solucionadas até
hoje, como por exemplo : maus tratos, fome, miséria, abuso sexual, mortalidade
infantil, entre outros.
No Brasil, os primeiros modelos de crianças foram trazidos pelos jesuítas
através da catequese como forma de “conservar a docilidade e a obediência da
criança, mais uma forma de ação que acabava por negar a cultura indígena
(NETO ,2000,p.106).
A partir de 1964 , segundo Neto (2000):“o governo militar introduziu a
Política do Bem-Estar Social do menor … Seus objetivos eram cuidar do menor
carente..”, podemos afirmar que a partir dessa preocupação do Estado com a
criança e a garantia em Lei através dessa política, a criança passou também a ter
direitos, e a partir daí foram criadas outras medidas com o objetivo de
assistencialismo a infância.
Em 1988, a Constituição Federal (CF) nos traz a efetividade dos direitos,
como podemos observar no artigo a seguir:

Art.227-CF- É dever da família,da sociedade e do Estado, assegurar à


criança e ao adolescente,com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade,ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração,violência, crueldade e opressão.

Além da Constituição Federal (CF) de 1988,podemos considerar também o


Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), criado em 1990, o qual garante vários
direitos as crianças e ao adolescente como podemos verificar a seguir:vêm para
garantir os direitos das crianças e adolescentes, como consta dos art. 7º até o
14º determina que toda a criança e adolescente tem direito a vida e a saúde que

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devem ser garantidos pela família, comunidade e até mesmo pelo poder público,
mas no Art. 4º podemos observar alguns direitos das crianças e deveres de
agentes como a família e o Estado:

Art.4º do ECA- é dever da família, da comunidade, da sociedade em


geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros
mais que asseguram a criança e adolescentes de ter seu
desenvolvimento na sociedade em que vive (DIGIÀCOMO; DIGIÀCOMO,
2013, p. 5, 6).

Outros direitos também são assegurados , como por exemplo, entre outros,
o Direito de Locomoção através do artigo 83 do ECA; Direito do convívio familiar,
através do artigo 19 e também o direito à Educação, como podemos observar :

Art.53º do ECA- A criança e o adolescente tem direito à educação,


visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se:
I. igualdade e condições para o acesso e permanência na
escola;
II. direito de ser respeitado por seus educadores;
III. direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer Às
instancias escolares superiores;
IV. direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V. acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Além disso, o ECA institui a base para desenvolver as políticas públicas em


relação a criança e a o adolescente, assim como estabelece diretrizes para
deveres da família e também a participação da população.

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3. MULTICULTURALISMO

As pessoas a todo momento vivem com outras e devem relacionar-se em


sociedade ou comunidade e nessa convivência, sempre há a diferença com o
outro a qual temos que conviver.
Para Semprini ( 1999) ao estudar Multiculturalismo o ponto chave é a
questão da diferença .
O Brasil já começou a conhecer diferentes culturas desde sua colonização
além de viver com o resultado dessa mistura de culturas e conhecimentos, mas a
luta pelo reconhecimento da contribuição da cultura de negros e índios
permanece até a atualidade. O conceito para Hall (2006): “..multiculturalismo
refere-se às estratégias e políticas para governar ou administrar problemas de
diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais..”
A Constituição Federal (CF) 1988, tem o objetivo de estabelecer a
igualdade de seus cidadãos através do artigo 3º, no inciso IV que diz: “ promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.” e complementa com o artigo 5º :”todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)”,
Podemos dizer que a inclusão social e cultural tem grande ênfase no
cenário educacional e também por parte de políticas públicas e diversidade
cultural, valorizando-se as relações com outras culturas. Dessa forma, Moreira
(2001) afirma que : “pluralidade de culturas, etnias, religiões, visões de mundo e
outras dimensões das identidades infiltra-se, cada vez mais, nos diversos campos
da vida contemporânea”.
Foram criadas algumas Leis, Planos e Diretrizes com o objetivo de evitar o
preconceito e o racismo. Como por exemplo podemos citar alguns dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de nosso país:

[...] a educação escolar deve considerar a diversidade dos alunos como


elemento essencial a ser tratado para a melhoria da qualidade de ensino
aprendizagem. [...] A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor

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máximo o respeito às diferenças – não o elogio à desigualdade. As
diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação educativa;
podem e devem, portanto ser fator de enriquecimento. (BRASIL, 1997, p.

96-97).

A Lei das Diretrizes e Bases de 1996,também estabelece algumas medidas


para divulgar o multiculturalismo, como podemos verificar (art. 26º, § 4º.): “ensino
da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e
etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e européia ”.
Em 2003, entrou em vigor a Lei 10.639 que torna obrigatório o ensino de
História e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio de
todo o país, considerado uma vitória pelos movimentos sociais antirracismo .
Porém, apesar de grandes avanços e conquistas, podemos afirmar que o
Brasil ainda enfrenta grandes dificuldades contra o racismo e preconceitos de
diversas culturas devido sua formação socioeconômica.
Para Freire (2005), “somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é
capaz, também de gerá‐lo. Sem ele não há comunicação e sem esta não há a
verdadeira educação.”
Ball (2009) destaca que a ação da política educacional é um processo de
atuação, relaciona ainda a implementação das políticas a uma peça teatral, na
qual existe o texto, mas, a peça apenas toma vida quando é.

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3. Conclusão

A infância nem sempre teve o cuidado e garantias através dos direitos


garantidos em Lei que verificamos nos dias de hoje. Foi através de preocupação
de até mesmo com o futuro da nação que passou a se dar mais atenção as
crianças.
As diferentes culturas a qual todos temos que conviver, até mesmo devido
ao contexto sócio- cultural do Brasil o qual podemos afirmar que se iniciou com a
colonização onde diferentes costumes se infiltraram em nosso país, gerando um
grande desafio principalmente aos educadores que devem abordar e ensinar as
culturas por igual e enfrentar o racismo e o preconceito que está inserido em
nossa cultura.
Embora exista muitas leis que garantem o direito das crianças; que
estabeleçam os deveres de agentes envolvidos, como a família e o Estado; que
estabeleçam a igualdade dos cidadãos; que combate as diferenças dos
indivíduos; muitas vezes, fica apenas no papel, pois muitos casos ainda ocorrem,
infelizmente, que não garantem na prática o que vimos na teoria.

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4. Referências bibliográficas

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar


Editores, 1973.

BALL, Stephen J. Um diálogo sobre justiça social, pesquisa e política


educacional. Educ. e Soc. vol. 30 nº106 Campinas Jan/Apr.2009. Entrevista
concedida a Jefferson Mainardes; Maria Inês Marcondes.

BRASIL. Constituição(1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

BRASIL Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros curriculares nacionais: Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional


para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.

DIGIÁCOMO, Murilo José.; DIGIÀCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da


Criança e Adolescente; anotado e interpretado. Curitiba, SEDS, 2013.

FREIRE, Paulo.Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

HEYWOOD, Colin. Uma história da infância: da Idade Média á época


contemporânea no Ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LEVIN, Esteban. A infancia em cena . Constituição do sujeito e desenvolvimento


psicomotor. Petrópolis, Rio de janeiro: Vozes, 1997.

MOREIRA, A. F. B. (2001). Currículo, cultura e formação de professores.


Revista Educar, Editora da UFPR, n. 17, (pp. 39 – 52), Curitiba, Brasil.

MOREIRA, A. F. B. e CANDAU, V. M. (Orgs.) Multiculturalismo: diferenças


culturais e práticas pedagógicas. 4 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

OLIVEIRA, Zilda Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. – São


Paulo: Cortez, 2002.

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NETO, João Clemente de Souza. História da Criança e do Adolescente no
Brasil. Revista Unifeo, revista semestral do Centro Universitário FIEO – ano 2, nº
3 (2000).

SEMPRINI, Andrea. Multiculturalismo. Bauru, SP: EDUSC, 1999.

WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico: fundamentos de uma nova


cultura no Direito. 3ª ed,. SP: Alfa Omega, 2001.

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