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382/2006 e o efeito
suspensivo dos embargos à execução
fiscal: aplicam-se ou não – e, caso
positivo, em que medida –
as novas disposições do CPC
à execução fiscal?
1 Introdução
Por essa razão, tais alterações têm promovido, ainda que invo-
luntariamente, uma descaracterização do Código de Processo
Civil, dificultando a sua interpretação sistemática, o que levou a
doutrina a tecer críticas contundentes sobre o fenômeno1.
1 Confira, a esse respeito, a opinião de Diogo Ciuffo Carneiro (2008, p. 62-63).
Art. 18. Caso não sejam oferecidos os embargos, a Fazenda Pública mani-
festar-se-á sobre a garantia da execução. [g.n.]
E reconhecem:
A lei especial é aquela que anula uma lei mais geral, ou que subtrai
de uma norma parte da sua matéria para submetê-la a uma regu-
lamentação diferente (contrária ou contraditória). A passagem de
uma regra mais extensa (que abrange um certo genus) para uma
regra derrogatória menos extensa (que abrange uma species do genus)
5 Para Ives Gandra Martins (2008, p. 36, apud Monnerat; Verissimo, 2009, p. 278),
por exemplo, “Lei especial não pode ser revogada por lei geral, a menos que esta
expressamente o determine. A Lei n. 11.382/2006, que é lei geral, nada mencionou
acerca da execução da dívida ativa das pessoas políticas, de forma que não tem o
condão de alterar a Lei especial n. 6.830/1980. Desta forma, os embargos à execução
continuam a manter o efeito suspensivo que lhe outorgava a Lei n. 6.830/1980”.
[...] Com que objetivo o legislador criou uma lei especial para
regulamentar a execução do crédito da Fazenda Pública? [...] Essa
resposta pode ser facilmente encontrada na exposição de motivos da
LEF. Nos itens 2 e 4, verificamos que o objetivo de se especializar
a legislação ocorreu para conferir celeridade à cobrança do crédito fazendário,
diante do interesse público que tal satisfação visa proteger. Mais
adiante, podemos perceber no item 24, a seguinte exposição de
motivo para a LEF: “As inovações propostas como normas peculiares
a cobrança da Dívida Pública, tem por objetivo os privilégios
inerentes ao crédito fiscal e a preferência por normas processuais
preexistentes, ajustadas ao escopo de abreviar a satisfação do direito
da Fazenda Pública. [...] Pensamos que a melhor interpretação a
ser feita do ordenamento é a sistemático-teleológica, no intuito de
transportar as idéias perfilhadas na “Teoria do Diálogo das Fontes”
para a execução fiscal, possibilitando que as normas previstas no
CPC, que confiram maior celeridade e efetividade à execução em
relação à LEF, mesmo que contrária aos ditames desta, há de ser
aplicada no executivo fiscal7 8.
[...]
15 Não se ignora, ressalta-se, a substancial diferença entre mens legis e mens legislatoris.
4 Conclusão
Referências