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UNIVERSIDADE NA RUA: MEIO AMBIENTE, BEM-ESTAR E SAÚDE EM

COMUNIDADES VULNERÁVEIS EM JOÃO PESSOA

Yuri Cordeiro dos Santos, Thais Kubik Martins, Luiz Paulo Araújo da Silva, Marcio Bernardino da
Silva

A urbanização é o processo de desenvolvimento e crescimento das zonas urbanas que acontece de


maneira desenfreada principalmente nas grandes cidades, acarretando no fim das contas na
ocupação de espaços públicos pela população que necessita de moradia. O déficit habitacional do
Brasil está em torno de 5 a 7 milhões de unidades (IPEA), sendo 84,8% destes na área urbana
(Fundação João Pinheiro, 2010), 13 milhões (26,4%) das famílias que possuem casa não possuem
pelo menos um item de infraestrutura básica, água, energia elétrica, esgotamento sanitário ou coleta
de lixo (IPEA). Isto indica as condições nas quais esta população está submetida e representa o
desequilíbrio das ações do poder público atendendo primeiramente ou apenas áreas de maior
interesse econômico. Para suprir essa necessidade básica, essa população em situação de risco busca
ocupar espaços vazios como terrenos baldios, encostas de morros ou beiras de rios ou prédios
abandonados, sendo esses espaços carentes de infraestrutura e sujeitos à ações naturais como
alagamento, desmoronamento, contato com animais peçonhentos e vetores de doenças. Assim,
como em vários outros centros urbanos, João Pessoa conta com várias destas ocupações, como a
Capadócia, localizada no Treze de Maio e a Terra Nova, no Alto do Céu, as quais são nosso objeto
de trabalho.
Temos como objetivo trocar conhecimentos sobre o meio ambiente, bem-estar e saúde com
moradores de comunidades vulneráveis de João Pessoa a fim de entender suas percepções com
relação ao ambiente os quais vivem e desta maneira orientar em relação a organismos sinantrópicos,
problemas de saúde relacionados principalmente à falta de saneamento básico e tentar mitigá-los
através de algumas tecnologias sustentáveis.
Através da Metodologia para a Mobilização Coletiva e Individual, buscamos caminhar pela
comunidade e conversar com os moradores em reuniões, nas quais expomos os temas dos quais se
tratam o trabalho e escutamos as percepções dos moradores sobre o assunto, para desta maneira
podermos planejar ações e atividades mais práticas. Uma das problemáticas encontradas foi a falta
de saneamento básico, resultando no lançamento de efluentes domésticos pelas ruas ajudando a
proliferaração de doenças e animais indesejados, ou no uso de fossas sumidouro, as quais permitem
a percolação de água contaminada para o lençol freático.
Para mitigar este problema escolhemos realizar a reutilização das águas cinzas, efluentes
provenientes do uso no banho, nas pias, na lavagem de roupas e utensílios da cozinha. Estas águas
representam grande parte do que seria jogado ao meio ambiente e são ricas em nutrientes como os
fosfatados e os nitrogenados os quais podem desencadear eutrofização de corpos hídricos ou
acumular nas ruas ajudando a proliferação de insetos indesejados, mas não contem carga parasitária.
O reaproveitamento desta água é feita utilizando o Círculo de Bananeiras, o qual apresentamos para
os moradores em uma oficina teórica. A partir daí conseguimos construir em duas residências e
estamos no processo de implantar em mais outras duas. Além do saneamento básico, outros temas
como gestão de resíduos sólidos, serão tratados em reuniões futuras.
Esta troca de conhecimentos científicos e populares entre a universidade e comunidades vulneráveis
é algo que engrandece a academia e os estudantes, professores e funcionários participantes por abrir
a percepção para pontos de vista quase nunca trabalhados dentro dos muros das instituições, assim
como ajuda a empoderar essa população mais carente através do conhecimento.

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