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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CIV 332 – MECÂNICA DOS SOLOS I


APOSTILA DE EXERCÍCIOS – Parte 03

Prof. Benedito de Souza Bueno


Prof. Cláudio Henrique de Carvalho Silva
Prof. Paulo Sérgio de Almeida Barbosa

Nota dos autores:

A presente APOSTILA DE EXERCÍCIOS da disciplina CIV 332 – Mecânica dos


Solos I, constitui uma compilação de uma série de exercícios resolvidos em sala
de aula e de questões relativas a provas e trabalhos práticos aplicados na UFV e
em outras escolas de Engenharia do país.

Sendo uma primeira versão obviamente é de se esperar que existam erros e


deficiências em alguns exercícios propostos, para os quais os autores solicitam a
maior atenção e compreensão possível dos alunos. Além disso, pedem que sejam
anotadas e discutidas todas as possíveis dificuldades, mesmo que de
interpretação, encontradas durante a resolução e discussão dos exercícios nela
contidos.

Esta primeira versão não está completa, uma segunda parte está sendo
preparada e será acrescida a esta tão logo quanto possível.

Viçosa, 23 de março de 2007.


1. A Lei Stokes é utilizada para determinar o diâmetro de partículas finas dos
solos, entretanto há certas discrepâncias entre as hipóteses básicas desta lei
e as características dos solos e as condições de ensaio. Comente sobre estas
discrepâncias.

2. A tabela a seguir apresenta várias propriedades índices de três solos da


região de Viçosa. Faça uma análise comparativa dos resultados abordando o
provável comportamento desses solos quanto à permeabilidade,
compressibilidade e plasticidade.

Solo LL % IP% Cu D10 (mm) e


A - - 2 0,30 1,70
B 40 20 12 0,003 1,50
C 35 25 5 0,04 0,80

3. Defina sensibilidade e atividade coloidal.

4. Descreva resumidamente a classificação de CASAGRANDE. Critique-a.

5. Aborde de forma sucinta a formação dos solos.

6. Comente, ressaltando as limitações, sobre

a) Ensaio de análise granulométrica conjunta;


b) A determinação da massa específica dos sólidos.

7. Resumidamente, e com auxílio de ilustrações, explique os tipos de estruturas


de solos existentes. Aborde também a importância da estrutura no
comportamento dos solos em geral.

8. De modo geral, de que depende o comportamento mecânico de um solo?

9. O que é carta de plasticidade? Como são classificados os solos na carta de


plasticidade?

10. Como se obtém a curva de distribuição granulométrica de uma amostra de


solo? Como os dados da curva estão relacionados com a expectativa de
comportamento geotécnico (compressibilidade, resistência ao cisalhamento e
permeabilidade) do solo.
11. Há proposições de representação da distribuição granulométrica dos solos
através de alguns índices obtidos da própria curva de distribuição. Como são
obtidos estes índices e quais seus significados. Estes são suficientes para
identificar realmente uma curva granulométrica qualquer? Justifique.

12. Qual a importância de se determinar a forma das partículas de um solo grosso


e de um solo fino?

13. De que maneira a quantidade de água influi no comportamento de um solo


grosso e de um solo fino?

14. Qual a importância em se determinar os limites de consistência de um solo?

15. Qual o significado físico do LL, LP, LC e como são determinados em


laboratório?

16. Que aspectos do comportamento dos solos podem ser obtidos a partir do
conhecimento do IP e do IC.

17. Defina compacidade de areias e consistência de argilas. Quais suas


importâncias sob os pontos de vista de resistência e de compressibilidade?

18. «O conteúdo de água nos solos granulares é de importância insignificante já


que sua presença, exceto pela influência na massa específica, pouco afeta o
comportamento destes solos quando sob tensões». «A classificação dos
solos granulares para fins de engenharia, no presente, é completamente
determinada pela distribuição granulométrica, densidade relativa,
angularidade dos grãos e posição relativa ao NA. Apenas raramente poderão
os minerais constituintes dos grãos serem importantes, ai então só se suas
estabilidades químicas em face aos processos de intemperismo estão
comprometidas». Estas afirmações de SCOTT caracterizam bem o
comportamento dos solos grossos. Comente, também, de forma sucinta quais
os fatores e agentes que afetam o comportamento dos solos finos.

19. A análise visual e táctil dos solos, baseada em testes simples, é sempre
utilizada para a classificação expedida dos solos. Enumere quais as
características que se buscam e quais as metodologias empregadas nestes
testes.

20. De que maneira o argilomineral presente numa amostra de solo influi na sua
plasticidade.

21. O que é o fenômeno da tixotropia das argilas? Explique como ele ocorre e
qual sua importância prática na engenharia?

22. Descreva resumidamente o ensaio de análise granulométrica conjunta.

23. Discorra sucintamente sobre:

a) Índices físicos (determinação em laboratório).


b) Estruturas dos solos finos

24. O que é curva de distribuição granulométrica dos solos? E qual a


característica do solo é revelada pela inclinação dessa curva?

25. O que é sensibilidade dos solos? Em que solos ela ocorre e qual a sua
importância sob o ponto de vista geotécnico?

26. Nos solos grossos a compacidade é, em si, quase suficiente para o


entendimento do comportamento mecânico. Nos solos finos o problema torna-
se mais complexo tendo em vista inclusive a alta relação entre a área e o
volume das partículas, em cujas superfícies encontram-se cargas elétricas,
geralmente de sinal negativo. Portanto o processo de sedimentação dos solos
finos será em função também do meio (de sua concentração iônica) de
deposição.

a) Teça comentários a respeito das estruturas destes solos.

27. Sensibilidade e tixotropia são duas propriedades importantes das argilas.


Explicite-lhes a importância.

28. Se fosse possível examinar os tamanhos de partículas de um solo fino


através de uma análise direta com o microscópio eletrônico e com o ensaio de
sedimentação, quais seriam os resultados? Seria possível compará-los? Se
houver discrepância, quais seriam as razões?
29. Para o estudo da estabilidade de talude realizado para certa empresa
mineradora foi retirada amostras do solo e enviadas ao laboratório para os
devidos ensaios. Dentre estes ensaios foi realizado o de massa específica e o
de granulometria conjunta. Nas tabelas abaixo estão o resultado dos ensaios.

Identificação do solo: Geo 2278


Procedência: Mina Córrego do Feijão
Profundidade: 0,50 a 1,00 m

TEOR DE UMIDADE
o
Cápsula n : 22 88 63
Massa bruta úmida g 23,25 23,09 23,63
Massa bruta seca g 23,11 22,93 23,50
Tara g 9,76 9,68 10,00
Teor de umidade % 1,05 1,21 0,96
Teor de umidade médio % 1,09

MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS


Determinação 1 2 3 4 5
Massa do balão + Massa do solo + Massa da água g 746,99 746,31 745,87 745,20 745,24
Massa de solo úmido g 75,00 75,00 75,00 75,00 75,00
Temperatura ºC 13 21,6 25,6 29,8 30,6
Massa do balão + Massa da água g 700,54 699,57 699,09 698,57 698,47
Massa do solo seco g 74,19 74,19 74,19 74,19 74,19
3
Massa específica da água g/cm 0,9994 0,9979 0,9969 0,9957 0,9955
Massa específica dos sólidos g/cm3 2,673 2,697 2,698 2,680 2,693
3
Peso específico dos sólidos kN/m 26,36

700,50
2
y = -0,000565x - 0,092699x + 701,834871
700,00

699,50
Ppic + Págua

699,00

698,50

698,00

697,50
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Temperatura (ºC)

Figura 1 – Curva de calibração do balão volumétrico versus a temperatura.

Massa de solo úmido usado no ensaio de granulometria: 75 g


Retido Tempo Temp. Leitura no
Peneiras
Acumulado min ºC densímetro
# φ (mm) g
10 2,000 0,00 0,5 22,0 1,0300
16 1,200 0,30 1 22,0 1,0270
30 0,600 0,48 2 22,0 1,0230
40 0,420 2,56 4 22,0 1,0190
50 0,300 4,94 8 22,0 1,0160
100 0,150 16,38 15 22,0 1,0140
200 0,074 29,58 30 22,0 1,0120
60 22,0 1,0110
Curva de calibração do densímetro em função 120 22,0 1,0100
da temperatura 240 22,0 1,0090
Cor. = -0,000196T + 0,0078 480 22,0 1,0085
Onde: 1500 22,0 1,0080
Cor. é a correção e T a temperatura de 3000 22,0 1,0075
6000 22,0 1,0070
ensaio.

Densímetro 47
Após os Primeiros Dois Minutos Para os Primeiros Dois Minutos
250 Hr = -1768,2Rh + 165,91 Hr = -1768,2Rh + 173,46

200

150
Hr (mm)

100

50

0
-0,02 -0,01 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Rh ( Leitura - 1)

Figura 2 - Curva de calibração do densímetro, leitura do densímetro versus


distância da leitura ao centro do Bulbo

Pede-se:
a) Determinar a massa específica dos sólidos.
b) Calcular a granulometria e traçar o gráfico de distribuição granulométrica.

30. Dentre os sistemas de classificação conhecidos, eleja aquele que você


utilizaria caso fosse solicitado. Como se estrutura? Quais as qualidades e
defeitos que ele apresenta?
31. Com base nas curvas granulométricas dadas na Figura 3 discutir as seguintes
afirmações:

a) Cu = 1 para o solo A;
b) A fração de argila não aparece no solo B;
c) O solo D apresenta D10 menor que os solos A e B;
d) O solo E deve apresentar o menor coeficiente de permeabilidade.
e) O solo B apresenta maior quantidade de argila que o solo C.
f) O solo D tem um Cu maior que 100, portanto ele é um solo mal graduado.
g) O solo B apresenta Cc = 2,5, Cu = 49, portanto ele é um solo bem
graduado.

100

90 A
B
80 C
Porcentagem que Passa (%)

D
70 E

60

50

40

30

20

10

0
0,0001 0,0010 0,0100 0,1000 Areia
1,0000 10,0000 100,0000

ABNT - NBR 6502 (1995) Argila Silte fina Pedregulho


média grossa

Diâmetro da Partícula (mm)

Figura 3 - Curvas granulométrica dos cinco solos analisados no exercício 30.

32. Se os solos apresentados do exercício 31 apresentassem os limites de


consistência abaixo, como esses solos seriam classificados segundo os
sistemas; Unificado, ASSHTO e puramente granulométrico.

Solos
Limites A B C D E
LL (%) 4 9 17 18 58
LP (%) NP 6 8 12 27
33. No terreno cujo perfil está dado abaixo, calcular os pesos específicos das
camadas. Cota de amostragem: 1240 m

Teor de umidade:

Cápsula N. º 35 50 103
Massa úmida (g) 70,86 62,85 82,62
Massa seca (g) 69,43 61,64 81,00
Tara (g) 22,44 21,85 27,83

Massa específica dos sólidos:


Determinação 01 02 03 04
Massa de solo úmido g 80,00 80,00 80,00 80,00
Massa do balão + massa da água+ massa do solo g 717,78 717,55 717,18 716,72
Temperatura oC ªC 14 17 21 25
Massa do balão + massa da água g 658,20 658,01 657,75 657,13
Peso específico da água na temperatura do ensaio g/cm3 0,9993 0,9988 0,9980 0,9971

Granulometria conjunta
Defloculante utilizado : Hidróxido de Sódio
Massa do solo úmido : 80,0 g
Teor de umidade : igual da massa específica
Densímetro número : 40
Proveta número : 40

Tempo Leitura Temperatura oC


0.50 1.0190 25
1.00 1.0170 25
2.00 1.0155 25
4.00 1.0140 25
4.00 1.0140 25
8.00 1.0130 25
15.00 1.0125 25
30.00 1.0115 24
60.00 1.0105 24
120.00 1.0100 24
240.00 1.0080 25
34. Um edifício com a forma apresentada na Figura 4 foi construído sobre uma
camada de solo homogêneo de grande espessura. Esse edifício transmeite
ao solo de fundação uma tensão de 10 kN/m2/andar. Considerando que esse
edifício tem 15 andares, trace o diagrama de acréscimo de tensões até a
profundidade de 15 m.
Figura 4 - Esquema da construção apresentado no exercício 34.

35. Determine os diagramas de tensões verticais efetivas e totais e da


poropressão para o perfil de solo apresentado na Figura 5:

Areia fofa
NA γd = 12,80 kN/m3
5,00 m
γs = 26,70 kN/m3
w= 39,90 %

Argila mole
w= 88,50 %
10,00 m γs = 27,00 kN/m3
γw = 9,81 kN/m3

Areia grossa compacta


Sr = 100 %
5,00 m γs = 26,50 kN/m3
w= 25,50 %

Figura 5 - Perfil do terreno do exercício 35.

36. Para o perfil acima, caso o nível d’água estivesse, na superfície do terreno,
como ficaria os diagramas de tensões?
37. Ainda com base na figura do exercício 35, trace o diagrama de pressões, para
as tensões efetivas, total e poropressão para o caso onde o nível d’água
esteja no centro da camada de argila mole.

38. Calcule, para o perfil de terreno e a área de carregamento apresentados na


Figura 6, as tensões iniciais e finais (antes e após as construções) a 5 metros
abaixo da superfície do terreno na vertical que passa pelo ponto P. Para a
realização da construção o nível d’água foi rebaixado para a cota da
fundação.

NA

Argila arenosa vermelha

10,0 m w = 26,00 %
γs = 26,78 kN/m3
Sr = 100 %

4,00 m

p1 – 100 kN/m2

4,00 m P
p2 – 150 kN/m2

Figura 6 - Perfil do solo e esquema da construção para o exercício 38.

39. Calcule o acréscimo de tensões para a construção apresentada na Figura 7


numa vertical passando pelo centro do poste indicado nesta figura e a 6m
abaixo do terreno, O poste transmite ao terreno um força de 100 kN.
6,00 m

1,50 m
q = 150 kNm2
1,50 m

r=1,50 m

Figura 7 - Esquema da construção para o exercício 39.

40. Calcule o acréscimo de tensões para a construção apresentada a seguir,


numa vertical passando pelos pontos A, B e C, D indicados na Figura 8 e 6 m
abaixo da superfície terreno.

A
B

C
D

Figura 8 - Esquema da construção para o exercício 40.


41. Considere a construção apresentada na Figura 9. Antes da construção do
tanque circular uma escavação foi realizada até a profundidade de 1,50 m,
com as dimensões indicadas na figura. Determine as tensões finais numa
vertical que passa pelo centro do tanque a 5 metros abaixo dele.

Areia pedregulhosa γ = 16,50 kN/m3 1,50 m

NA 2,00 m

Areia fina siltosa Sr = 100 % γs = 26,88 kN/m3 w = 33,20 % 6,00 m

Rocha

2,50 m

2,50 m

3,00 m 3,00 m

Figura 9 - Perfil do terreno e esquema da construção para o exercício 41.


Classificação dos solos segundo a curva de distribuição granulométrica

Cu Classificação
Cu < 5 Solo uniforme
5 < Cu < 15 Solo medianamente uniforme
Cu > 15 Solo não-uniforme

Diâmetro D60 é diâmetro tal que o peso correspondente a partículas


menores que este é 60% do peso total da amostra.

O Cu dá uma idéia da inclinação da curva. Quanto maior o coeficiente de


uniformidade, melhor graduada é o solo groso. Solos residuais apresentam Cu
entre 300 e 400.

D 60
Cu =
D10
Considera-se que o material é bem graduado quando Cc= 1 a 3 (curva
suave)

2
D30
Cc =
D60 .D10

1.010

1.000
γw (gf/cm3)

0.990

0.980

0.970

0.960
y = 1.544E-08x3 - 5.866E-06x2 + 1.665E-05x + 1.000E+00
0.950
0 20 40 60 80 100
Temperatura (ºC)

Figura 10 - Variação do peso específico da água com a temperatura.

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