Vale:
Rev. 01 – Fev/2011
Manual de Estradas de Mina
Agradecimentos
Os autores.
2
Manual de Estradas de Mina
Responsável Participação
VALE
Lilian Masetti Coordenação Vale / Redação
Mauro Cláudio Redação / Revisão
Walter Costa Redação
Vale:
3
Manual de Estradas de Mina
Resumo
A revisão inicial do trabalho foi elaborada pela Vale em parceria com a Universidade Federal de
Ouro Preto (OLIVEIRA FILHO et al., 2010), através de convênio de cooperação tecnológica
celebrado pela empresa com essa Instituição Acadêmica, com interveniência da Fundação
Gorceix.
4
Manual de Estradas de Mina
Índice
5
Manual de Estradas de Mina
6
Manual de Estradas de Mina
Lista de Figuras
8
Manual de Estradas de Mina
Lista de Tabelas
9
Manual de Estradas de Mina
Lista de Equações
10
Manual de Estradas de Mina
11
Manual de Estradas de Mina
Introdução
Obras geotécnicas em mineração têm recebido grande atenção por parte das mineradoras,
empresas de consultoria de projetos e centros de ensino e pesquisa acadêmica. É marcante o
avanço que se registra na chamada geotecnia aplicada à mineração, que tem resultado no
desenvolvimento de uma tecnologia diferenciada da engenharia clássica de barragens e dos
aterros compactados. Assim, sistemas de contenção de rejeitos e pilhas de estéril são
apoiados em instrumentos técnicos de projeto e recursos para investimentos em nível cada vez
mais compatível com a importância dessas estruturas.
No contexto da Engenharia Civil o estudo em torno das estradas rodoviárias está bem mais
desenvolvido, tanto na sua concepção quanto na sua realização. Devido à natureza ímpar das
operações de lavra, as estradas de mina possuem características próprias, que conduzem à
necessidade de tratativas diferenciadas em relação aos pavimentos rodoviários. No entanto,
ainda que se possam apontar muitas diferenças de objetivos, percebe-se que com certo grau
de esforço, estudos e ensaios, é possível encontrar e desenvolver tecnologias de estradas que
possam ser adaptadas à mineração, conferindo-lhes ganhos de qualidade, segurança e
redução de custos, entre outros.
Alguns parâmetros que compõe o estudo dos acessos de mina possuem certa similaridade
com aqueles estabelecidos para as estradas vicinais de terra, mas eles também devem ser
trabalhados para que sejam aplicáveis à realidade mineira.
A concepção do Manual de Estradas de Mina foi desenvolvida pelo Eng. Paulo Bandeira, atual
Gerente Geral de Planejamento de Longo Prazo Ferrosos, a partir de sua experiência como
Gerente de Infraestrutura da mina de Fábrica Nova, Complexo Mariana, durante os anos de
2004 a 2008.
12
Manual de Estradas de Mina
O objetivo da revisão inicial do Manual é ser uma diretriz para projeto, construção e
manutenção de acessos de mina no negócio minério de ferro da Vale. Buscou-se estudar
princípios de referências teóricas sobre o tema, aliando-os às práticas adotadas em campo nas
minas de ferro da Vale.
13
Manual de Estradas de Mina
1. Projeto Geométrico
Os elementos geométricos que compõe um projeto de estradas de mina devem estar alinhados
com as questões relativas à segurança e à prática de uma engenharia bem aplicada. Tais
elementos, quando corretamente projetados, geram benefícios baseados em aumento de
segurança, performance otimizada a um custo mínimo por tonelada transportada e redução da
utilização dos equipamentos de manutenção. Alguns dos elementos mais relevantes para o
projeto geométrico são destacados na Fig.1 e descritos conforme se segue:
Distância de
Base Sarjetas de corte Seleção de materiais Poeira
visibilidade
Requisitos de
Largura Sub-base Saídas d'água Material solto
compactação
Técnicas de tratamento
Superelevação Sub-leito Descidas d'água Borrachudo
contra pó
Seção transversal
Caixas coletoras
Raio de curvatura inadequada
Dissipadores de
Corrugação
Leiras de segurança energia
14
Manual de Estradas de Mina
D1 = distância percorrida pelo equipamento no intervalo de tempo entre o instante em que o motorista vê o
obstáculo e o instante em que inicia a frenagem.
D2 = distância percorrida pelo veículo em movimento desacelerado, enquanto o freio estiver acionado, até parar.
Dp
D1 D2
Percepção Frenagem
e reação
Os sistemas de frenagem fornecidos pela maioria dos fabricantes de caminhões são equipados
com recursos de segurança. Caso haja falha completa na frenagem hidráulica, os freios de
serviço e o sistema de retardo são acionados, garantindo a frenagem e proporcionando menos
fadiga. No entanto, é incerta a forma como a performance de frenagem pode variar com
parâmetros como mudanças de grade, condições de superfície, velocidade inicial, desgaste no
sistema de frenagem e contaminação por poeira, óleo e água.
1 Máxima velocidade que um veículo pode manter, em determinado trecho, em condições normais, com
segurança. É também chamada velocidade diretriz.
15
Manual de Estradas de Mina
O ideal, quando possível, é que antes que o layout da estrada seja iniciado, seja verificada com
o fabricante do equipamento a capacidade de performance dos freios de serviço sem o auxílio
dos sistemas de retardo dinâmico ou hidráulico.
O cálculo da distância de parada para diferentes grades e velocidades foi desenvolvido por
Kaufman e Ault (1977), através de uma fórmula empírica baseada nas limitações de distância
de parada estudadas pela Society of Automotive Engineers (SAE). A distância de parada pode
ser obtida através da Eq.1.
gtsen vo 2
D p 1 gt 2 sen vo t
2 2 g ( f sen )
Equação 1: Distância de parada
Onde:
g = aceleração da gravidade (m/s2)
t = tempo de parada (s)
Ѳ = grade da rampa, positivo para baixo (graus)
f = coeficiente de atrito do pneu (contato estrada/pneu)
vo = velocidade do veículo (m/s)
1 - percepção e reação do operador do caminhão (tempo de reflexo t1 gasto para percorrer a parcela de distância
D1; geralmente considerado 1,5 s).
16
Manual de Estradas de Mina
Distâncias de parada para caminhões < 45 t Distâncias de parada para caminhões entre 45 e 90 t
50 50
45 45
40 40
Velocidade (km/h)
Velocidade (km/h)
35 35
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Distância de parada (m) Distância de parada (m)
Distâncias de parada para caminhões entre 90 e 180 t Distâncias de parada para caminhões > 180 t
50 50
45 45
40 40
Velocidade (km/h)
Velocidade (km/h)
35 35
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Distância de parada (m) Distância de parada (m)
O tipo de material que compõe a estrada, assim como a sua condição (seca, úmida), afetam
diretamente o coeficiente de atrito f. A Tab. 2 apresenta valores de coeficiente de atrito de
acordo com a natureza da pista:
17
Manual de Estradas de Mina
Na composição das curvas da Fig. 3, o coeficiente de atrito entre o pneu e a estrada foi
considerado igual a 0,4, sendo esse um valor médio entre as naturezas da pista da Tab. 2,
excluindo-se o pavimento de concreto. É também comumente utilizado o valor padrão 0,3.
Caso seja necessário usar um valor de f diferente de 0,4, deve-se acessar o arquivo “Projeto
geométrico_Distância de parada.xls” e alterar o valor na coluna “coef fricção”, na planilha
escolhida de acordo com o peso do caminhão. Ao alterar os valores de f, as distâncias de
parada e as curvas correspondentes são atualizadas. Outros valores podem ser alterados na
planilha, obtendo-se novas curvas: velocidade, grade da rampa, velocidade do veículo, tempo
de percepção e reação do operador e tempo de reação de frenagem do equipamento.
O tempo de parada foi calculado pela soma de t1 (1,5 s) e t2. Cada curva representa a distância
de parada para rampas com grades de 1%, 5%, 10%, 12%, 15% e 18%. Confere-se a
velocidade no eixo das ordenadas, levando esse valor até a curva do grade desejado. No eixo
das abscissas encontra-se o valor da distância de parada correspondente. Essas curvas
representam uma aproximação da indicação das limitações de velocidades e grades que
devem ser considerados no projeto da estrada.
18
Manual de Estradas de Mina
Verificar distância de
frenagem (D2) do
equipamento junto ao
fornecedor
N N
Recomendação:
19
Manual de Estradas de Mina
A Fig. 4 mostra uma representação esquemática de duas condições inseguras que são
eliminadas pelo ajuste de parâmetros geométricos da estrada. No cenário 1 o raio de curvatura
pronunciado da curva horizontal faz com que a visibilidade do equipamento fique restrita e o
equipamento não pode parar a tempo de evitar a colisão com o obstáculo, ou seja, a distância
de visibilidade (DV) é menor do que a distância de parada (DP). No cenário 2 essa condição é
corrigida, permitindo que a DV seja igual à DP. Situação equivalente ocorre no cenário 3, cuja
visibilidade é comprometida pela curva vertical. O problema é sanado pela extensão da curva
vertical, visualizada no cenário 4.
Cenário 1 Cenário 2
Dp Dp
Dv Dv
M
Obstáculo
Cenário 3 Cenário 4
Dp Dp
Dv Dv
Curva vertical
(L)
Curva vertical
(L)
Seção transversal Seção transversal
20
Manual de Estradas de Mina
Obstruções na parte interior das curvas horizontais, devido à presença de taludes de corte,
muros, árvores etc, limitam a visibilidade, o que pode requerer o aumento do raio de curvatura
nesse trecho ou o alargamento dos taludes de corte que corresponde ao afastamento
horizontal mínimo. O cálculo do afastamento (M) é dado pela Eq. 2:
28,65 * Dp
M R * 1 cos
R
Equação 2: Afastamento horizontal
Onde:
M = afastamento horizontal mínimo (m)
R = raio de curvatura (m)
Dp = distância de parada (m)
A Fig. 5 mostra o afastamento mínimo da curva horizontal (M) em função do raio de curvatura
para diversas distâncias de parada.
300
250
Raio de curvatura (m)
200
150
100
50
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Afastamento horizontal mínimo (m)
O raio de curvatura e a distância de parada são parâmetros de entrada que podem ser
alterados no arquivo “Projeto geométrico_Distância de visibilidade I.xls, obtendo-se outros
valores de recuo da curva horizontal.
21
Manual de Estradas de Mina
A determinação do comprimento ideal da curva vertical (L) pode ser feita conforme as
equações abaixo. Se a distância de parada for menor do que o comprimento da curva vertical
utiliza-se a Eq. 3; caso contrário utiliza-se a Eq. 4.
G * DP 2
L 2
100( h1 h2 )
Equação 3: Comprimento da curva vertical I
200( h h 2
L 2 * DP 1 2
G
Equação 4: Comprimento da curva vertical II
Onde:
g = Dp = distância de parada mínima (m)
h1 = distância do operador acima do piso (m)
h2 = altura do obstáculo (m)
ΔG = diferença algébrica entre grades
22
Manual de Estradas de Mina
Exemplos da diferença algébrica entre grades e a forma de calculá-la são mostrados na Fig. 6.
G = g2-g1
G = g2-g1 PIV G = +15-(-10)
G = -8-(+8) G = +25%
+8% -8% + 15 %
G = -16%
PCV PTV
PCV PTV
-10 %
PIV
G = g2-g1
- 15 %
G = -5-(-15)
-5% G = +10%
PCV PIV
PCV
G = g2-g1 PTV -8% -5%
G = -8-(-5) PIV
PTV
G = -3%
PTV
+3% + 12 %
PIV
PTV
PCV
+ 10 % G = g2-g1 G = g2-g1
G = +3-(+10) PIV G = +12-(+6)
PCV
G = -7% G = +6%
+6%
PIV: ponto de interseção vertical (ponto no qual as tangentes dos grades se encontram)
23
Manual de Estradas de Mina
220 220
200 200
A-4
180 180 A-4
0 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
Com prim ento da curva vertical (m ) Com prim ento da curva vertical (m )
As curvas da Fig. 8 mostram o comprimento da curva vertical para a eq. 4 e são válidas para a
distância de parada superior ao comprimento da curva vertical.
24
Manual de Estradas de Mina
A-6 A-6
Distância de parada (m)
160 160
A-8 A-8
140 140
A-10 A-10
120 120
A-12 A-12
100 100
A-14 A-14
80 80
A-16 A-16
60 60
A18 A18
40 40
A-20 A-20
20 20
0 0
0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
Com prim ento da curva vertical (m ) Com prim ento da curva vertical (m )
De forma a ilustrar o uso dos gráficos do cálculo do comprimento da curva vertical, deve-se
seguir o procedimento abaixo:
Encontrar a distância de parada em função da velocidade, peso do equipamento
e grade da rampa (Fig. 3).
Selecionar o gráfico com a distância do operador acima do piso (h1) adequada
(essa distância é função das dimensões do caminhão) (Fig. 8).
Na Fig. 8 selecionar a curva de diferença algébrica entre grades (ex: A-12). Na
interseção da distância de parada com a diferença algébrica entre grades,
encontra-se o comprimento ideal da curva vertical.
As curvas das Fig. 7 e Fig. 8 podem ser alteradas através da modificação dos valores que
compõe os parâmetros da Eq. 3 e Eq. 4, de forma a se adequarem às especificações locais. As
alterações necessárias devem ser feitas no arquivo “Projeto geométrico_Distância de
visibilidade II.xls”
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Manual de Estradas de Mina
S
Há dificuldade de N Há dificuldade de
N
visibilidade na curva visibilidade na
vertical? curva horizontal?
N
S
S
Calcular o afastamento
Encontrar Dp em função da horizontal mínimo (Fig 5)
velocidade, peso do caminhão e
grade da rampa (Fig 3)
Recomendação:
É imperativo que a distância de visibilidade seja suficiente para que o equipamento transitando
em uma velocidade específica pare antes de atingir um obstáculo. Para tanto, a distância de
visibilidade deve ser igual ou maior do que a distância de parada. As curvas verticais e
horizontais devem ser planejadas segundo esse critério. Caso isso não seja possível, limites
rigorosos de velocidade máxima devem ser impostos, visto que quanto menor a distância de
visibilidade, menor a distância na qual o caminhão deve trafegar.
26
Manual de Estradas de Mina
1.3 Largura
Duas vezes maior que a largura do maior veículo utilizado em pistas simples
Três vezes maior que a largura do maior veículo utilizado em pistas duplas
Ela sinaliza ainda que, quando o plano de lavra e a natureza das atividades realizadas não
permitirem a observância desse item, deverão ser adotados procedimentos e sinalização
adicionais para garantir o tráfego com segurança.
Em termos operacionais, estradas muito estreitas podem reduzir drasticamente a vida dos
pneus, pois forçam o equipamento a subir nas leiras, provocando desgastes laterais dos pneus,
problemas de nivelamento e cortes. Esse problema ocorre frequentemente quando caminhões
de maior porte são adicionados à frota existente em estradas projetadas para equipamentos
menores.
Tannant (2001) definiu a largura mínima que uma estrada deve ter, em função da largura do
equipamento de transporte e do número de vias, conforme Eq. 5.
L (1,5 *V 0,5) * X
Equação 5: Largura mínima da estrada
Onde:
L = largura da estrada (m)
V = número de vias
X = Largura do veículo (m)
O gráfico da Fig. 9 representa a largura mínima da estrada calculada através da Eq. 5 para
uma e duas vias, assim como a comparação com o que determina a NR-22.
27
Manual de Estradas de Mina
50
45
35
30
25
20
15
10
5
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Largura do cam inhão (m )
Usando como exemplo um caminhão Caterpillar 789 C, cuja largura é 7,67 metros, transitando
em via dupla. A largura mínima da estrada deve ser:
Nota-se que a recomendação de Tannant (2001) para a largura de estrada no caso de pista
simples é a mesma da NR-22. No entanto, ele sugere que a pista seja mais larga do que a
definida pela NR-22, no caso de vias duplas. Recomendação semelhante à de Tannant (2001)
é feita pelo Departamento do Trabalho norte americano, através do Haul Road Inspection
Handbook do Federal Mine Safety and Health Act - MSHA (1999).
Quando elementos como drenagem e leiras são considerados no layout da estrada, ela deve
ser larga o suficiente para acomodar esses elementos, conforme ilustrado na Fig. 10.
28
Manual de Estradas de Mina
L = 7,41 m
Leira central XX m
Drenagem 1,5 m
Leira convencional 2,3 m
Largura total
Figura 10: Representação esquemática de largura de estrada considerando elementos geométricos para o
caminhão CAT 793C
Recomendação:
Sempre que possível, recomenda-se atribuir a largura da estrada conforme a Eq. 5, visto que
estradas estreitas promovem maior a chance de ocorrência de colisão entre veículos e
contatos indesejáveis com bermas e canaletas de drenagem, além de geralmente colocarem
os operadores em ambiente de trabalho mais estressante. Garantem-se, pela aplicação de
estradas mais largas, condições mais seguras do que aquelas impostas pela NR-22.
Em pistas duplas com volume de tráfego intenso e/ou visibilidade limitada, sugere-se a
construção de estradas quatro vezes mais largas do que a largura do maior equipamento que
por elas transita.
29
Manual de Estradas de Mina
1.4 Superelevação
Figura 12: Estrada com superelevação. Complexo Minas Centrais: mina Morro Agudo (2009)
30
Manual de Estradas de Mina
O tráfego nas curvas pode gerar grandes esforços laterais nos pneus, contribuindo para a
separação das lonas e elevado desgaste. A eliminação das forças se dá com a superelevação
nas curvas, a qual depende do raio de curvatura e da velocidade (Caterpillar, 2010).
A Tab. 3 é uma referência para determinar o valor da superelevação necessário para eliminar
as forças laterais. Não devem ser aplicados valores de superelevação iguais ou superiores a
0,060 (destacados na tabela), a menos que sejam impostos limites rigorosos de velocidade e
que as condições de derrapagem sejam minimizadas.
6 Condição limite
4
Condição segura
3
2
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Raio de curvatura (m)
31
Manual de Estradas de Mina
Recomendações:
Nos trechos onde haja a necessidade de projeção de curvas estreitas, assim como em
condições nas quais a velocidade dos caminhões é alta na chegada das curvas, deve-se impor
limites máximos de velocidade e não valores de superelevação mais altos.
As curvas devem ser projetadas com o máximo raio possível e mantendo-se suavidade (curvas
pouco pronunciadas e evitando-se mudanças abruptas no raio), o que permite maior segurança
e redução de congestão de tráfego. A projeção de curvas deve levar em consideração a
performance dos caminhões. Curvas projetadas de tal forma a permitir velocidade constante,
sem redução de marchas ao longo do trajeto, levam à performance otimizada dos caminhões,
não provocando o aumento do tempo de ciclo, o que influencia diretamente os custos de
transporte. A Eq. 6 determina o raio de curvatura R (m) mínimo, considerando a superelevação
aplicada, o coeficiente de atrito e a velocidade do veículo.
v 02
R min
127(e max f max )
Equação 6: Raio de curvatura mínimo
Onde:
v0= velocidade de projeto do veículo (km/h)
emax = máxima taxa de superelevação aplicada (m / m de largura de estrada)
f max = máximo coeficiente de atrito entre os pneus e a superfície da estrada (adimensional)
32
Manual de Estradas de Mina
Por questões de segurança, é usual adotar-se para o máximo coeficiente de atrito (fmax) valores
bem menores do que os obtidos na iminência do escorregamento.
A Fig. 14 mostra o raio de curvatura mínimo em função da velocidade do veículo na curva para
coeficiente de atrito igual a 0,20 e superelevação igual a 3%.
180
Raio de curvatura mínimo (m)
160
140 Superelevação = 3% f = 0,20
120
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Velocidade na curva (km/h)
Recomendação:
Para transporte a velocidades mais altas, o raio de curvatura mínimo de 250 metros com
superelevação é desejável. Caso o layout da cava não permita essa configuração, devem ser
estabelecidos limites de velocidade mais rigorosos nas rampas de descida.
1.6 Grade
O grade de uma rampa, também chamado gradiente ou inclinação, é definido como a sua
inclinação vertical em relação à horizontal, geralmente expressa em percentual (Fig. 15). O
grade deve ser o mais regular e constante possível, evitando-se que mude em intervalos
curtos. Grades irregulares provocam altos esforços no câmbio de transmissão e diminuição da
velocidade dos equipamentos de transporte.
33
Manual de Estradas de Mina
Distância horizontal
Apesar de ser mais comum a expressão em percentual, o grade também pode ser dado em
graus. Nesse caso a conversão para percentual é dada pela Eq. 7:
Onde:
α= ângulo entre a superfície da estrada e o plano horizontal (graus), considerando-se a distância horizontal igual a
100 metros
34
Manual de Estradas de Mina
Grade rampa (graus) Grade rampa (%) Grade rampa (%) Grade rampa (graus)
0,6 1 1,7 1
1,1 2 3,5 2
1,7 3 5,2 3
2,3 4 7,0 4
2,9 5 8,7 5
3,4 6 10,5 6
4,0 7 12,3 7
4,6 8 14,1 8
5,1 9 15,8 9
5,7 10 17,6 10
6,3 11 19,4 11
6,8 12 21,3 12
7,4 13 23,1 13
8,0 14 24,9 14
8,5 15 26,8 15
9,1 16 28,7 16
9,6 17 30,6 17
10,2 18 32,5 18
10,8 19 34,4 19
11,3 20 36,4 20
11,9 21 38,4 21
12,4 22 40,4 22
13,0 23 42,4 23
13,5 24 44,5 24
14,0 25 46,6 25
É muito comum a adoção de grades que variam entre 8 e 10%, mas devem-se observar as
especificações dos manuais dos equipamentos de transporte e as limitações geométricas das
rampas.
35
Manual de Estradas de Mina
As leiras denominadas convencionais devem estar localizadas nas laterais das bermas ou
estradas onde houver risco de queda de veículos. As leiras convencionais possuem formato
tipicamente triangular ou trapezoidal e podem ser constituídas pelos diversos materiais
existentes na mina, tais como capeamento inconsolidado, minério e estéril (Fig. 17). Podem ser
também formadas por cascalhos ou fragmentos de rocha de materiais destinados ao
revestimento das pistas.
36
Manual de Estradas de Mina
Figura 17: Leiras convencionais construídas em minério e estéril. Complexo Minas Centrais: mina Cururu (2009).
Segundo Thompson e Visser (2008), a altura de leira determinada pela NR-22 pode não ser
suficientemente adequada para conter um veículo desgovernado. Ao colidir contra uma leira, o
equipamento de transporte pode efetivamente parar, ser redirecionado, transpor a leira ou
capotar, dependendo de características como inércia e suspensão do veículo. É recomendado
que a altura da leira padrão corresponda, no mínimo, a 2/3 do diâmetro do pneu do maior
equipamento e que seja formada com inclinação 2H:1V. Tomando-se como exemplo o
caminhão CAT 793C, cujo pneu padrão é o 40.00R57 (diâmetro total igual a 3,594 m), a leira
convencional terá as seguintes dimensões:
Leiras centrais (Fig. 18) devem ser construídas em trechos em declive acentuado. Para que
seja possível ao operador do equipamento manter o controle da direção sobre a leira central
caso o veículo desgovernado atinja a mesma, a altura da leira deve ser aproximadamente 2,5
vezes a altura livre sobre o solo (trecho 1 da Fig. 19), com inclinação de 4H:1V.
37
Manual de Estradas de Mina
38
Manual de Estradas de Mina
Os gráficos das Fig. 20 e Fig. 21 representam os parâmetros altura e largura de base de leiras
convencionais e centrais, respectivamente, baseados no diâmetro do pneu de caminhão e na
distância entre o piso do caminhão e o terreno. Para a construção de leira convencional utiliza-
se o gráfico da Fig. 20, selecionando-se no eixo das abscissas o diâmetro do pneu do maior
veículo que trafega na mina. A interseção dessa linha com as linhas azul e vermelha fornece a
altura e a largura de base, respectivamente, que devem ser lidas no eixo das ordenadas. De
maneira similar, no gráfico da Fig. 21, seleciona-se a altura livre sobre o solo no eixo das
abscissas e acha-se o valor correspondente de largura de base e altura de leira central no eixo
das ordenadas.
6
Altura (m)
5
Largura base (m)
4
(m)
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Diâmetro pneu (m)
14
12 Altura (m)
Largura base (m)
10
8
(m)
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4
39
Manual de Estradas de Mina
Do ponto de vista de projeto de drenagem as leiras impedem que as águas precipitadas sobre
a bancada escoem pela face do talude, provocando erosões neste ou na borda do
acostamento. As leiras devem ter interrupções para saída d’água espaçadas de acordo com a
inclinação da estrada e o tipo de terreno (susceptibilidade à erosão).
Central Convencional
Obter a altura e largura de
Determinar a altura livre Determinar o diâmetro do leira de proteção confome Fig
sobre o solo (Fig 19) pneu do maior equipamento 20 (leira convencional) ou Fig
de transporte 21 (leira central)
Este item refere-se às conformações geométricas dos trechos de interseção entre inclinações
centrais e laterais de drenagem, assim como em transições para trechos com superelevação.
Deve-se projetar tais transições de forma a mais suave possível, garantindo o direcionamento
da drenagem em cada interseção para que a água não seja empossada na estrada. Quando
possível, deve-se considerar trechos horizontais entre os pontos de interseção. A Fig. 22
mostra a conformação entre trechos de transição.
40
Manual de Estradas de Mina
Figura 22: Exemplo de conformação entre trechos com diferentes inclinações para direcionamento de drenagem
(Mod. Thompson e Visser, 2008)
O correto direcionamento da drenagem faz com que águas não sejam acumuladas nas
estradas. Criar um caimento central da pista para ambas as extremidades (abaulamento
transversal) ou propiciar uma inclinação na pista a partir do canto para a extremidade ou vice-
versa, são opções básicas para uma drenagem eficiente. Em qualquer situação, é importante
construir canaletas nos pontos extremos do direcionamento da água, conforme ilustra a Fig. 23.
41
Manual de Estradas de Mina
O Capítulo 3. Projeto de drenagem trata de forma mais detalhada os elementos básicos que
devem compor um projeto bem elaborado em termos do correto direcionamento das águas,
elementos tais que vão além das conformações geométricas aqui descritas.
42
Manual de Estradas de Mina
2. Projeto Estrutural
Distância de
Base Sarjetas de corte Seleção de materiais Poeira
visibilidade
Requisitos de
Largura Sub-base Saídas d'água Material solto
compactação
Técnicas de tratamento
Superelevação Descidas d'água Borrachudo
Sub-leito contra pó
Seção transversal
Caixas coletoras
Raio de curvatura inadequada
Dissipadores de
Corrugação
Leiras de segurança energia
As camadas que constituem o pavimento são classificadas como revestimento, base, sub-base
e sub-leito (Fig. 25). Com exceção da camada superior (revestimento), cujo caráter é
43
Manual de Estradas de Mina
2.1.1 Revestimento
O revestimento promove tração, resistência à ação abrasiva do tráfego e ao cisalhamento,
além de transmitir o carregamento do pneu para a base, selando-a contra a penetração de
água superficial. O revestimento ideal para a construção de uma estrada de mina deve
favorecer os seguintes aspectos:
2.1.2 Base
A base é uma camada de alta densidade e estabilidade. A sua função principal é distribuir as
tensões criadas pelos pneus atuando na camada de revestimento, de tal forma que essas
44
Manual de Estradas de Mina
tensões não resultem em excessiva deformação da sub-base. Ela também protege a sub-base
de mudanças de volume, expansão ou desagregação. Uma base estável é um dos
fundamentos mais importantes no projeto de estradas. A projeção de um acesso sobre um
material que não suporta adequadamente o peso do tráfego comprometerá severamente a
mobilidade e o controle do veículo, assim como provocará a deterioração geral do acesso.
2.1.3 Sub-base
A sub-base, camada intermediária entre a base e o sub-leito, pode ou não existir. Ela é
geralmente projetada sobre sub-leitos de solos extremamente incompetentes. Em geral é
constituída por material granular. A sub-base promove drenagem e protege o sub-leito de
contrações e expansões, aumenta o suporte estrutural e distribui o carregamento.
2.1.4 Sub-leito
O subleito é a camada de fundação. Essa estrutura deve suportar todos os carregamentos
aplicados nas camadas superiores. Essa camada pode ser constituída pelo próprio terreno
natural (material in situ) ou por rocha ou solo compactados.
45
Manual de Estradas de Mina
As espessuras das camadas de sub-base, base e revestimento devem ser suficientes para que
as tensões que chegam no sub-leito não provoquem deformação excessiva a essa camada.
Uma sub-base constituída por material sub-compactado ou muito compressível requererá a
colocação de material adicional para garantir o estabelecimento de uma base estável.
46
Manual de Estradas de Mina
47
Manual de Estradas de Mina
Proceder aos ensaios laboratoriais para obtenção dos valores de CBR dos
materiais que comporão a camada e do sub-leito pré-existente (procedimento
recomendado)
ou
Atribuir valores de CBR localizando na base do gráfico da Fig. 26 os materiais a
serem utilizados (procedimento a ser utilizado para obtenção de indicação geral
da espessura das camadas).
Determinar a carga de roda do veículo mais pesado que transitará pela estrada.
Esse valor deve ser consultado nas especificações disponibilizadas pelo
fornecedor do equipamento. Caso não esteja disponível, calcular conforme
abaixo:
Dividir o peso do equipamento carregado sobre cada eixo pelo número de pneus em cada eixo,
obtendo-se o carregamento máximo por pneu.
48
Manual de Estradas de Mina
Esse passo consiste na determinação da espessura total da camada a ser construída sobre a
sub-base.
Buscar na Fig. 26 a interseção da curva da carga de roda com o eixo vertical das
linhas CBR para a sub-base.
49
Manual de Estradas de Mina
De forma a obter-se a espessura total das camadas, deve-se preencher 7 polegadas (18 cm) a
partir do topo da camada de base, construindo-se a camada superior de revestimento.
Preferencialmente deve-se usar rocha britada uniformemente graduada com CBR igual ou
superior a 80%. Completa-se, assim, o dimensionamento do pavimento proposto (Fig 27 D),
ficando o projeto do pavimento definido pela espessura total das camadas do pavimento e de
suas camadas de sub-base e base.
Observação:
50
Manual de Estradas de Mina
A B
46 cm
C D
18 cm CASCALHO FINO 18 cm
46 cm 46 cm
CASCALHO GROSSO CASCALHO GROSSO
51
Manual de Estradas de Mina
N
Indicativo geral!
Calcular a carga de roda do
pneu do equipamento
conforme 2˚ passo
S
52
Manual de Estradas de Mina
Alguns autores impõem restrições ao uso do método CBR para estradas de mina
(THOMPSON, 2009 e MORGAN ET AL., 1994 apud KUMAR, 2000), devido aos seguintes
aspectos:
Ainda que o método CBR apresente restrições conforme o explicitado acima, sua aplicação em
estradas de mina é vista como uma prática extremamente válida, principalmente no que se
refere à criação de cultura calcada em parâmetros técnicos, e à apresentação de diretrizes que
norteiam o projeto de dimensionamento de camadas. A grande maioria das empresas
mineradoras projeta e constrói seus pavimentos com base tipicamente na experiência prática
de seus técnicos. O material é aterrado, espalhado e compactado superficial em camadas de
espessura normalmente elevada, bem acima do necessário.
53
Manual de Estradas de Mina
haste no piso (Fig. 28). A taxa de penetração pode ser convertida em parâmetros de
resistência dos materiais que compõe as camadas, como o CBR, utilizando-se ábacos de
conversão ou softwares específicos, tais como o UK DCP 2.2. Mudanças na taxa de
penetração indicam mudanças na resistência dos materiais, facilitando a identificação das
camadas, assim como a espessura e resistência.
1. Haste
2. Peso (8 kg)
3. Bastão
4. Encaixe
5. Proteção para a mão
6. Braçadeira
7. Bastão
8. Régua graduada (1 m)
9. Cone (60º)
São necessários entre dois e três operadores para operar o DCP em campo, visto que o
equipamento deve ser firmemente segurado alinhando-o verticalmente em relação ao piso,
enquanto o peso deve ser lançado, e os valores da taxa de penetração registrados (Fig. 29).
54
Manual de Estradas de Mina
A taxa de penetração é então comparada a um gráfico padrão no qual são obtidos os valores
de CBR correspondentes para cada conjunto de cinco quedas do peso (Fig. 30).
55
Manual de Estradas de Mina
57
Manual de Estradas de Mina
3. Projeto de Drenagem
Um bom sistema de drenagem é essencial para uma estrada de mina. Sem uma eficiente
drenagem, por melhores que sejam as condições técnicas da pista, mais cedo ou mais tarde
sua deterioração será total ou exigirá muito em termos de reparação e manutenção. Além
disso, condições inseguras para o tráfego de veículos serão aumentadas com um sistema de
drenagem inadequado.
Em sua função primordial, a drenagem de uma estrada deve eliminar a água que, sob qualquer
forma, atinge o seu pavimento, captando-a e conduzindo-a para locais em que menos afete a
segurança e durabilidade da via, e sem que essa ação provoque danos ao meio ambiente
(erosões).
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Manual de Estradas de Mina
Distância de
Base Sarjetas de corte Seleção de materiais Poeira
visibilidade
Requisitos de
Largura Sub-base Saídas d'água Material solto
compactação
Técnicas de tratamento
Superelevação Sub-leito Descidas d'água Borrachudo
contra pó
Seção transversal
Raio de curvatura Caixas coletoras inadequada
Dissipadores de Corrugação
Leiras de segurança energia
Segregação material
Caixas de
Interseções elem. agregado e anti-pó
retenção/infiltração
geométricos
59
Manual de Estradas de Mina
Por sua vez, dispositivos como valetas de crista e de aterro impedem que a água afluente
atinja o corpo estradal, como indicado na Fig. 34.
Figura 34: Valetas de proteção de corte e de aterro para interceptação da água afluente superficial
60
Manual de Estradas de Mina
Figura 35: Descida d’água, caixa coletora, bueiro de greide e outros elementos de drenagem superficial
Para realizar o dimensionamento hidráulico dos elementos que compõe o projeto de drenagem
há necessidade de estimar parâmetros como descarga de contribuição, dimensões de
passagem d’água, levantamento de bacias de contribuição e determinação de seções
transversais com capacidade hidráulica suficiente para atender à descarga de projeto, dentre
61
Manual de Estradas de Mina
outros. Não faz parte do escopo dessa revisão do manual proceder aos cálculos que levam ao
dimensionamento hidráulico. Um pré-dimensionamento dos principais elementos, quando
possível, é apresentado.
A drenagem superficial de uma via de acesso tem como objetivo interceptar e captar,
conduzindo ao deságue seguro, as águas que se precipitam sobre o corpo da estrada e as
provenientes de suas áreas adjacentes, resguardando sua segurança e estabilidade. Para um
sistema de drenagem superficial eficiente, utiliza-se uma série de dispositivos com objetivos
específicos, descritos a seguir.
As valetas de proteção são construídas nos terrenos adjacentes paralelas às cristas dos
taludes de corte ou os pés dos taludes de aterros, a uma distância horizontal entre 2,0 e 3,0
metros. O material resultante da escavação deve ser colocado entre a valeta e a crista do corte
ou pé do aterro, e apiloado (adensado manualmente) conforme indicado na Fig. 37.
A B
62
Manual de Estradas de Mina
Elementos de projeto
A B
Pré-dimensionamento hidráulico
Um pré-dimensionamento das valetas de proteção para vias temporárias ou de curta duração
pode ser obtido considerando o indicado na Fig. 39.
63
Manual de Estradas de Mina
Execução
A execução das valetas de proteção deverá ser iniciada imediatamente após a conclusão das
operações de conformação dos taludes de corte/aterro e deverá obedecer aos gabaritos
definidos no pré-dimensionamento/dimensionamento hidráulico. Os materiais escavados,
excedentes e desnecessários resultantes das operações de seu preparo devem ser destinados
à conformação lateral de cordão de proteção, devendo os mesmos serem apiloados
manualmente para garantir sua estabilidade (Fig 35). Em seguida, a seção de ambas as
valetas de proteção (corte e aterro), tal qual o cordão superior de solo proveniente da
escavação deverão ser revestidos.
Revestimento
A princípio, convém sempre revestir as valetas de corte, especialmente nas vias permanentes,
sendo isso obrigatório para as aberturas em terreno permeável, para evitar que a infiltração
provoque instabilidade no talude de corte, podendo provocar até o seu deslizamento. Atenção
especial deve ser dada ao revestimento da valeta triangular, pois, pela própria forma da seção,
há uma tendência mais acentuada à erosão e infiltração.
64
Manual de Estradas de Mina
Medidas de Proteção
No caso do fundo das valetas de proteção apresentar declividades acima de 6 %, às mesmas
deverão ser incorporados os princípios dos dissipadores de energia, sob a forma de instalação
de pequenas barreiras de amortecimento da velocidade das águas de escorrimento dispostos
em meia seção. É aconselhável que o espaçamento não ultrapasse 50 m, o que corresponde à
declividade de 2% com diferença de nível de 1,0 m entre dois vertedouros consecutivos. As
pequenas barragens podem ser executadas com diversos materiais: madeiras, concreto,
chapas metálicas, etc.
Quanto aos pontos de descarga das águas coletadas pelas valetas de proteção, deverão ser
instaladas barreiras de pedras lançada/arrumada sob a forma de enrocamento, conjugadas
com intensa implantação de espécies arbustivas no seu entorno de modo a evitar a formação
de processos erosivos.
Nessas situações, o dispositivo de saída d´água da valeta de proteção de corte para a berma é
comumente denominado descida d'água, em geral construída em degraus, como mostra a
Fig. 40, ou através de "rápidos" com anteparos.
Equipamentos
Os serviços para a execução das valetas de proteção são desenvolvidos com a utilização de
retro escavadeiras ou através do uso de ferramentas manuais, onde a operação dos
equipamentos for considerada inviável.
66
Manual de Estradas de Mina
Elementos de projeto
Diversos tipos de seção caracterizam as sarjetas de corte, dependendo da capacidade de
vazão necessária: triangular, trapezoidal e retangular.
Sarjeta triangular
As sarjetas triangulares são as mais comuns e bem aceitas, pois apresentam uma razoável
capacidade de vazão, são construídas em espaços pequenos e reduzem o risco de acidentes.
De acordo com a Fig. 41, a sarjeta deve ter do lado da bancada a declividade de 25% ou seja
1:4 e do lado do talude a declividade deste.
Sarjeta trapezoidal
Quando a sarjeta triangular de máximas dimensões permitidas for insuficiente para atender à
descarga de projeto, deve-se adotar a sarjeta de seção trapezoidal conforme a Fig. 42.
67
Manual de Estradas de Mina
Sarjeta retangular
Quando a seção triangular não atender à vazão para a descarga de projeto, ou em caso de
cortes em rocha pela facilidade de execução, pode-se optar pela sarjeta retangular (Fig. 43).
Neste caso tem-se a vantagem de poder variar sua profundidade ao longo do percurso,
proporcionando uma declividade mais acentuada que o grade da estrada, aumentando assim
sua capacidade hidráulica.
Pré-dimensionamento hidráulico
Um gabarito preliminar de sarjeta para vias temporárias ou de curta duração pode ser utilizado
como mostra a Fig. 44.
68
Manual de Estradas de Mina
Execução
Devem ser executadas simultaneamente aos serviços de implantação do grade da estrada,
conformação da seção transversal e compactação do sub-leito, e devem ser revestidas
levando-se em conta vazão, declividade e tipo de terreno (susceptibilidade à erosão). Os tipos
de revestimentos mais usados são materiais naturais como cascalhos, pedras de mão
lançada/arrumada e gramíneas em placas ou artificialmente produzidos como concreto
ciclópico simples3, alvenaria de pedra argamassada e tijolos maciços.
3 Também conhecido como fundo de pedra argamassada, sendo constituúdo pela incorporação de pedras de mão
ou matacões ao concreto pronto.
69
Manual de Estradas de Mina
Localizam-se na borda da estrada, junto a alargamentos próprios para sua execução, nos
pontos baixos das curvas verticais côncavas e algumas vezes, nos pontos de passagem de
corte para aterro. A Fig. 45 mostra uma saída d’água enrocada na estrada de acesso para
Galinheiro (Complexo Itabiritos), construída para conduzir as águas coletadas e evitar erosões
na estrada e nos taludes subjacentes causados pela descida da água.
Figura 45: Saída d’água com enrocamento. Complexo Itabiritos: Estrada para Galinheiro (2009)
70
Manual de Estradas de Mina
Elementos de Projeto
As saídas d’água devem ter uma seção tal que permita a rápida captação das águas que
escoam pela borda da estrada, conduzindo-as às descidas d'água. O rebaixamento gradativo
da seção, conforme mostrado nas Fig. 46 e Fig. 47, é um método eficiente de captação.
Considerando sua localização, as saídas d'água devem ser projetadas obedecendo aos
seguintes critérios:
Grade em rampa: o fluxo d'água se realiza num único sentido, como mostrado na Fig 42.
71
Manual de Estradas de Mina
Curva vertical côncava (ponto baixo): neste caso o fluxo d'água se dá nos dois sentidos,
convergindo para um ponto baixo, como mostrado na Fig. 43.
Para evitar erosão, as saídas d'água podem apresentar revestimentos constituídos por
elementos naturais como pedra de mão disponível localmente ou outros materiais indicados em
projeto, tais como placas de grama, mudas de capim-limão, grama em mudas, etc, ou ainda de
concreto com superfície lisa ou de chapas metálicas.
72
Manual de Estradas de Mina
Descidas d’água têm como objetivo conduzir águas captadas por outros dispositivos de
drenagem pelos taludes de corte e aterro. Tratando-se de cortes, as descidas d'água têm como
objetivo principal conduzir as águas das valetas quando atingem seu comprimento crítico, ou
de pequenos talvegues, desaguando numa caixa coletora ou na sarjeta de corte. No aterro, as
descidas d'água conduzem as águas provenientes das leiras quando é atingido seu
comprimento crítico, e, nos pontos baixos, através das saídas d'água, desaguando no terreno
natural.
Elementos de Projeto
As descidas d'água podem ser do tipo “rápido” (Fig. 48) ou em degraus. A escolha entre um e
outro tipo é função da velocidade limite do escoamento para que não provoque erosão, das
características geotécnicas dos taludes, do terreno natural, da necessidade da quebra de
energia do fluxo d'água e dos dispositivos de amortecimento na saída. A análise técnica e
econômica desse conjunto leva à escolha de uma descida do tipo rápido ou em degraus.
73
Manual de Estradas de Mina
74
Manual de Estradas de Mina
75
Manual de Estradas de Mina
Elementos de Projeto
Quanto à sua função, as caixas coletoras podem ser caixas de passagem ou caixas de
contenção de sedimentos. São executadas em alvenaria de tijolos maciços, concreto simples
e/ou ciclópico, pedra cortada ou de mão argamassada.
Pré-dimensionamento hidráulico
Exemplos de pré-dimensionamento de caixas coletoras podem ser vistos na Fig. 50.
Execução
Preliminarmente à construção da caixa coletora executar o bueiro.
Construir a caixa coletora conforme dimensões e materiais indicados.
76
Manual de Estradas de Mina
Figura 51: Bueiro de greide e seus elementos (caixa coletora, corpo e boca de saída)
77
Manual de Estradas de Mina
Elementos de Projeto
Como mostrado na Fig. 47, os elementos constituintes de um bueiro de greide são caixas
coletoras, corpo e boca de saída. As caixas coletoras podem ser construídas de um ou dos
dois lados da pista. O corpo do bueiro de greide é constituído em geral por tubos de concreto
armado ou metálicos. A boca é construída à jusante, ao nível do terreno ou no talude de aterro,
sendo, neste caso, necessário construir uma descida d'água geralmente dotada de bacia de
amortecimento.
Execução
Tendo em vista maior facilidade de limpeza, o diâmetro ideal a adotar para o bueiro de greide é
de 0,80 m, embora esse valor tenha que ser justificado hidraulicamente. Para a sua
implantação, são abertas valas no sentido de jusante para montante. As escavações devem
obedecer às dimensões e cotas necessárias para o assentamento dos tubos, garantindo aos
mesmos um recobrimento mínimo de 1,5 vezes o diâmetro do bueiro, principalmente se os
bueiros forem constituídos de tubos de concreto desprovidos de armadura de reforço. A
locação definitiva e o comprimento total do bueiro deverão ser definidos no local da obra,
devendo orientar-se da seguinte forma:
Nivelar e apiloar o fundo da vala, cuidando para que, na existência de água, a mesma
seja drenada antecipadamente. Executar base em enrocamento de pedra arrumada e
berço de concreto simples, conforme indicado na Fig. 52.
Assentar os tubos, executar o berço complementar e promover o rejunte dos tubos com
argamassa de cimento e areia.
Reaterrar e compactar a cava do bueiro utilizando-se sapo mecânico, preferencialmente
com o próprio material escavado, desde que seja de boa qualidade, espalhando-o em
78
Manual de Estradas de Mina
camadas de 0,20 m, até que seja atingida a espessura de no mínimo 0,60 m acima da
geratriz superior externa do corpo do bueiro. Deste ponto até a cota de projeto, os
aterros remanescentes poderão ser compactados por meio de rolos compactadores
tradicionais.
Executar as bocas/caixas coletoras nas cotas determinadas pelo projeto de engenharia.
Em casos de elevado volume d’água em tais dispositivos e condições particulares de
possibilidade de erosão à montante e jusante dos bueiros, recomenda-se enrocamento
de pedra arrumada/Jogada nestes pontos, conforme indicado no projeto de engenharia.
Figura 52: Detalhe construtivo de bueiro de greide: entrada (caixa coletora) à esquerda e boca de saída à direita
Quando os bueiros estão muito espaçados entre si e as sarjetas têm declividade acentuada
(maior que 6 %), é necessário diminuir a velocidade das águas para evitar a erosão a jusante
das bocas (saídas do bueiros). Para isto, deve-se executar pequenas barragens (obstáculos)
para dissipar a energia, de acordo com a localização indicada no projeto. Caso o leito das
sarjetas for constituído de material resistente (rocha alterada), poderá ser dispensada a sua
execução. Procedimento semelhante é sugerido para as valetas de proteção de corte (ver item
3.1.1).
79
Manual de Estradas de Mina
Pré-dimensionamento
Um exemplo de pré-dimensionamento do espaçamento de dissipadores é apresentado na
Fig. 53.
Execução
Os dissipadores de energia devem ser executados com pedras de mão locais ou outros
materiais indicados em projeto. As pedras devem ser arrumadas em forma de prisma de
enrocamento e mantidas em posição estável por meio de argamassa de cimento e areia. Sua
crista deve ser moldada abaixo da cota da plataforma da estrada. As seguintes etapas devem
ser seguidas:
80
Manual de Estradas de Mina
O uso de pedra de mão arrumada para revestir saídas d’água/bigodes, sarjetas de corte, leiras
e entradas e saídas de bueiros também tem aplicação generalizada.
Localização
Em geral, sugere-se a adoção da locação das caixas de retenção em paralelo. Em casos
específicos, onde se faz necessária a ampliação do volume deste dispositivo visando o suporte
de volumes maiores de água, pode-se adotar o sistema de bacias em série. Neste sistema um
conjunto de caixas de retenção são interligadas, normalmente em número de 3, onde a
primeira a montante funciona como uma estrutura dissipadora de energia, a segunda como
uma estrutura armazenadora de água e por último, a terceira, funcionando como uma estrutura
de segurança em casos de transbordamento das caixas localizadas a montante. Cuidados
especiais devem ser tomados com respeito aos canais de interligação entre tais caixas, uma
vez que normalmente, os mesmos posicionar-se-ão no sentido de maior declive, com
problemas de erosão no canal e o conseqüente assoreamento das caixas situadas a jusante.
Adicionalmente, pode ser agregada a essas estruturas adequada proteção vegetal, o que
diminuirá a possibilidade de entupimento desses dispositivos ocasionada pela ocorrência de
carreamento de partículas finas dos solos durante a movimentação da água pelo canal.
Manutenção
Em seguida às primeiras chuvas após a implantação do sistema e em virtude da movimentação
de solos oriundos da plataforma da estrada, é comum a ocorrência de transporte de
sedimentos ocasionando problemas de infiltração e nesse sentido recomenda-se a remoção
dos sedimentos carreados para o interior da caixa de retenção. Rotineiramente, a cada 6
meses, tais operações devem se repetir visando uma maior eficiência do sistema como um
todo; caso contrário, a água retida não se infiltra, apenas evapora. Com isso passa-se a ter
82
Manual de Estradas de Mina
Características gerais
Os drenos profundos são instalados, preferencialmente, em profundidades da ordem de 1,50 a
2,00 m, tendo por finalidade captar e aliviar o lençol freático e, consequentemente, proteger o
corpo estradal. Devem ser instalados nos trechos em corte, nos terrenos planos que
apresentem lençol freático próximo do subleito, bem como nas áreas eventualmente saturadas
próximas ao pé dos taludes.
Materiais
Os materiais empregados nos drenos profundos diferenciam-se de acordo com as suas
funções, a saber:
83
Manual de Estradas de Mina
Quando não são colocados tubos no interior dos drenos. Nestes casos eles são chamados de
"drenos cegos ".
Localização
Os drenos profundos devem ser instalados nos locais onde haja necessidade de interceptar e
rebaixar o lençol freático, geralmente nas proximidades das bancadas.
Nos trechos em corte, recomenda-se que sejam instalados, no mínimo, a 1,50 m do pé dos
taludes, para evitar futuros problemas de instabilidade. Podem também ser instalados sob os
aterros, quando ocorrer a possibilidade de aparecimento de água livre, bem como quando
forem encontradas camadas permeáveis sobrepostas a outras impermeáveis, mesmo sem a
presença de água na ocasião da pesquisa do lençol freático.
Elementos de Projeto
Os drenos profundos são constituídos por vala, materiais filtrante e drenante, podendo
apresentar tubos-dreno, juntas, caixas de inspeção e estruturas de deságue. No caso de
drenos com tubos podem ser utilizados envoltórios drenantes ou filtrantes constituídos de
materiais naturais ou sintéticos.
Valas
As valas, abertas manual ou mecanicamente, devem ter no fundo a largura mínima d (diâmetro
do tubo) + 25 cm. Sua altura depende da profundidade do lençol freático, podendo chegar a no
máximo 2,00 m e declividade igual ou superior a 0.2%. Habitualmente são executadas valas
com largura de 50 cm.
84
Manual de Estradas de Mina
Material de enchimento
O material de enchimento da vala pode ser filtrante ou drenante. A função do material filtrante é
permitir o escoamento da água sem carrear finos e consequentemente evitar a colmatação 4 do
dreno. Podem ser utilizados materiais naturais com granulometria apropriada ou geotexteis. A
função do material drenante é a de captar e ao mesmo tempo conduzir as águas a serem
drenadas, devendo apresentar uma granulometria adequada à vazão escoada.
Tubos
Devem ser constituídos de concreto poroso ou perfurado, cerâmica, plástico rígido ou flexível
corrugado e metálicos. Os diâmetros dos tubos comerciais variam de 10 a
20 cm. Se necessário, tubos de diâmetros maiores podem ser perfurados no canteiro de obras.
Os tubos de concreto podem conter furos com diâmetros variando de 6 a 10 mm, sendo que
nos tubos de materiais plásticos flexíveis corrugados são utilizadas ranhuras de 0,6 a 10 mm.
Os tubos deverão ser instalados com os furos voltados para cima, em casos especiais de
terrenos altamente porosos ou rochas com fendas amplas. A posição dos furos voltados para
cima exige que se encha a base da vala do dreno com material impermeável até a altura dos
furos iniciais e na outra condição deve-se colocar filtro como material de proteção no fundo da
vaIa. No caso de tubos plásticos corrugados flexíveis, por disporem de orifícios em todo o
perímetro, não há necessidade de direcionar as aberturas de entrada d'água.
Selo
É uma camada de 20 cm constituída de material sílico-argiloso ligeiramento umedecido e
compactado, colocado na parte superior da vala. Tem por finalidade impermeabilizar e proteger
o material filtrante das águas superficiais para dentro do dreno, evitando a sua sobrecarga.
Tipo I (com areia): instalação no fundo da vala de tubos porosos de concreto e posterior
enchimento da vala com areia.
4 Redução dos espaços vazios de um meio poroso, reduzindo a capacidade filtrante/drenante ao longo do tempo e
comprometendo a eficiência do sistema drenante (REMÍGIO, 2006).
85
Manual de Estradas de Mina
Tipo II (com brita): revestimento da vala de drenagem com manta de geotêxtil (Ex. Bidim OP-30
ou similar), instalação no fundo da vala de tubos perfurados de concreto e posterior enchimento
da vala como material filtrante constituído de brita.
Execução
Escavação da vala: As valas deverão ser escavadas no sentido de jusante para
montante, de acordo com a largura, o alinhamento e as cotas indicadas em projeto. O
material resultante da escavação das valas deverá ser depositado em locais definidos,
tomando o cuidado para não colocá-lo nas adjacências do corpo da estrada, ou em
locais ou regiões que possam provocar obstrução do sistema de drenagem natural, bem
como das áreas vizinhas.
86
Manual de Estradas de Mina
87
Manual de Estradas de Mina
4. Construção
A construção de um pavimento deve levar em conta a escolha dos materiais mais adequados
que serão dimensionados para compor as camadas. A investigação do parâmetro resistência
ao rolamento é fundamental nessa fase, visto que alterações na camada de revestimento
provocam alterações nesse índice. Especial atenção deve ser dada também ao tratamento
anti-pó dessa camada, que provoca alteração nas condições do tráfego, nas questões relativas
à segurança e saúde ocupacional dos trabalhadores. A Fig. 56 mostra os principais itens a
serem considerados no processo de construção do pavimento.
Distância de
Base Sarjetas de corte Seleção de materiais Poeira
visibilidade
Seção transversal
Caixas coletoras
Raio de curvatura inadequada
Dissipadores de
Corrugação
Leiras de segurança energia
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Manual de Estradas de Mina
A resistência ao rolamento é a medida da força a ser superada para que uma roda seja
puxada ou rolada sobre o solo. Essa força é afetada por condições do solo e pela carga:
quanto mais uma roda afunda no solo, maior a resistência ao rolamento. O atrito interno e a
flexão dos pneus também contribuem para a resistência ao rolamento. A resitência ao
rolamento também pode ser definida como a capacidade de um pneu resistir ao seu movimento
natural de "girar" (ou rolar). Quanto menor a resistência ao rolamento de um pneu, menos
energia será necessária parafazê-lo "girar", resultando em economia de combustível e por
conseqüência, menor emissão de poluentes na atmosfera. A resistência ao rolamento somente
se aproximará do ideal em superfícies muito duras, lisas, com uma base bem compactada.
A resistência de rampa é a medida da força a ser superada para que o equipamento seja
movimentado em rampas ascendentes. A resistência total é o efeito combinado da resistência
ao rolamento (nos veículos de rodas) e da resistência de rampa. É calculada somando-se
esses valores, de modo a obter a força de resistência em quilogramas ou libras. A resistência
total também pode ser representada simplesmente como resistência de rampa expressa em
percentagem de rampa.
A constante evolução dos pneus, através da utilização de novos tipos de materiais (Sílica,
Polímeros Especiais, Negros de Carbono Especiais, Novas Cordas de Cinturas, etc...), novos
perfis de pneus e novas estruturas, faz com que os níveis de resistência ao rolamento dos
pneus fiquem cada vez mais reduzidos. Para se obter uma menor resistência ao rolamento, é
também muito importante ficar atento à calibragem dos pneus, uma vez que ela tem relação
direta com essa característica. Quanto mais baixa a pressão, maior é a resistência ao
rolamento e portanto maior o consumo de combustível (Fig. 57).
89
Manual de Estradas de Mina
15
14
Coeficiente de resistência ao
rolamento (kgj/100*kgf)
13
12
11
10
9
8
7
6
20 25 30 35 40 45 50
Pressão interna (psi)
Figura 57: Coeficiente de resistência ao rolamento em função da pressão interna dos pneus
(Pirelli®, 2010)
A resistência ao rolamento pode ser estimada e alguns de seus valores típicos são
apresentados conforme a Tab 5.
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Manual de Estradas de Mina
É possível equacionar defeitos funcionais (relativos à superfície das estradas e aos materiais
que as constituem) com a resistência ao rolamento, visto que as condições da estrada têm
efeito direto nessa resistência e consequentemente na produtividade da frota.
5 Outras formas de classificação dos defeitos das estradas são apresentadas no item 5.1 Tipos de defeitos
característicos nas estradas.
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Manual de Estradas de Mina
No gráfico apresentado na Fig. 58 a interseção entre o eixo das abscissas (pontuação dos
defeitos) e a velocidade média do veículo transitando pelo trecho em estudo fornece a
estimativa da resistência ao rolamento (eixo das ordenadas).
Em termos gerais, uma estrada bem projetada e construída possui resistência ao rolamento
entre 2 e 2,5%, enquanto em estradas em condições ruins de tráfego esse valor varia entre 5 e
7%.
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Manual de Estradas de Mina
A canga é um material bem utilizado como revestimento em estradas de mina. Fornece boa
sustentação e compactação, assim como causa baixa abrasividade (Fig. 59).
Figura 59: Canga utilizada como material de revestimento das estradas. Complexo Carajás: Mina N5W (2009)
Camadas finas de material itabirítico podem ser construídas sobre a canga para reduzir o
excesso de umidade (Fig. 60).
Figura 60: Camada fina de itabirito sobre a canga. Complexo Minas Centrais: Mina Brucutu (2009)
93
Manual de Estradas de Mina
Outros materiais têm se mostrado aplicáveis ao uso como revestimento, tais como escória,
cinza vulcânica, rejeitos de processamento mineral e granito alterado. Rejeitos de jigagem, por
exemplo, exercem boa funcionalidade como revestimento durante o período de estiagem. De
granulometria média, eles têm como características porosidade e poder drenante altos
(Fig. 61).
Figura 61: Rejeito de jigagem utilizado como material de revestimento. Complexo Itabira (2009)
Estradas sujeitas a clima quente e seco devem conter pelo menos 5% de finos para minimizar
os problemas de poeira e geração de material inconsolidado, quando secas. No entanto,
estradas sujeitas a prolongadas chuvas não devem possuir mais de 10 % de finos que venham
a formar lama ou resultem em superfícies escorregadias. O material não deve conter matéria
orgânica, raízes, ou outros materiais inadequados. Partículas maiores do que 9,5 mm devem
ter no mínimo 30% de faces fraturadas. A disposição do material deve ser em camadas que
94
Manual de Estradas de Mina
não excedam 200 mm de espessura antes da compactação. Cada camada deve ter graduação
e teor de umidade uniforme e deve ser espalhada sem causar segregação de partículas.
A título ilustrativo como referência de material apropriado para garantir a máxima segurança e
eficiência operacionais, cita-se o uso de concreto asfáltico como material de revestimento.
Concreto asfáltico
Esse material confere à estrada alto coeficiente de adesão e cria uma superfície que minimiza
os problemas de geração de pó. Além disso, suas características de estabilidade criam uma
superfície de transporte lisa que não propicia a geração de borrachudos ou outros defeitos que
dificultam a trafegabilidade. Como é processado, o concreto asfáltico deve ser preparado e
aplicado conforme a especificação, sobre camadas de base e sub-base bem compactadas. É
recomendado que a camada de base consista em pedra britada com CBR igual ou superior a
90%. A camada de concreto asfáltico deve ter espessura mínima de 10 cm.
Em geral a camada de base é constituída por material mais grosso e a sub-base de material
arenoso ou siltoso. Usualmente esses materiais não são britados, o que dificulta a obtenção de
95
Manual de Estradas de Mina
uma determinada distribuição granulométrica. Por isso deve-se fazer inspeção visual ou
mesmo peneiramento, se necessário, para que o tamanho de partícula máximo seja limitado a
2/3 da espessura da camada.
Materiais como ganisse e xisto (Fig. 62) têm sido aplicados em base e sub-bases.
Eventualmente, usa-se quartzito alterado e laterita em substituição.
Figura 62: Xisto usado como material de base. Complexo Itabira (2009).
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Manual de Estradas de Mina
Uma boa compactação das camadas que compõe a estrada contribui para o aumento da
rigidez e resistência do material. Em diversas operações mineiras assume-se o próprio tráfego
de equipamentos pesados, como caminhões fora-de-estrada, como meio eficaz de
compactação. No entanto, se o material não é apropriadamente compactado no estágio de
construção, a compactação dar-se-á de forma aleatória, provocando a deformação da
superfície e possível enfraquecimento estrutural. Uma compactação mal feita nas camadas
inferiores não pode ser corrigida pela aplicação do esforço de compactação extra na camada já
construída e nem por atividades posteriores de manutenção.
Uma vez que a cobertura total necessária do sub-leito tenha sido estabelecida pelo
dimensionamento do pavimento de acordo com as suas condições de suporte, assim como a
espessura das diversas camadas que compõe essa estrutura (ver item 2.1.1), atenção deve ser
97
Manual de Estradas de Mina
dada à colocação desses materiais. Kaufman & Ault (1977) estabelecem que
independentemente do material utilizado, a sub-base, a base e o revestimento devem ser
compactadas em camadas que não excedam 20 cm de espessura.
De forma a garantir a estabilidade das camadas, o material a ser compactado deve exceder a
largura desejada na superfície em pelo menos 60 cm e deve ser sempre compactado enquanto
úmido. O equipamento de compactação ideal é um rolo compactador pesado (15 t), vibratório
liso para materiais pouco coesivos6 e um rolo tipo pé de carneiro (Fig. 63, Fig. 64 e Fig. 65)
para materiais coesivos. Para a compactação de cada 20 cm de camada são necessárias
repetidas passadas até que o material não seja mais comprimido sob o peso do rolo (até 6
passadas, usualmente).
Figura 63: Rolo compactador em estrada em construção para transporte de produtos de Fábrica para o terminal de
carregamento Água Santa. Complexo Itabiritos (2009)
6 Solos não coesivos são solos granulares compostos de pedregulhos, cascalhos e areias, ou seja, de partículas
de fração grosseira. Já os solos coesivos têm grãos muito finos, quase farináceos, com espaços vazios entre as
partículas que os compõe muito pequenos.
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Manual de Estradas de Mina
Figura 64: Estrada compactada por rolo em argila de 30 cm de espessura. Complexo Itabiritos (2009)
Figura 65: Rolo a ser usado na compactação de pontos de incidência de “borrachudos” em vias de minério e
estéril de longa duração. Complexo Mariana: Mina Fábrica Nova (2009)
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Manual de Estradas de Mina
No caso de estradas pré-existentes, o CBR de suas camadas pode indicar estradas formadas
por materiais pouco resistentes, conforme testes de DCP apresentados no item 2.2.1.2. Neste
caso, como medida de correção das camadas com CBR inferior a 80% (revestimento) e 300%
(base), deve-se remover o trecho da camada pouco resistente até a espessura indicada pelo
DCP e preenchê-lo com novo material de revestimento adequadamente compactado, para
reduzir a tensão e consequentemente a deformação na camada em estudo.
100
Manual de Estradas de Mina
A geração de poeira causada pelo tráfego de equipamentos em estradas de mina pode causar
várias conseqüências, tais como: redução significativa da visibilidade dos operadores,
diminuição da qualidade do ar, perda e degradação de material e custos mais altos de
manutenção de equipamentos com a penetração de partículas nos componentes mecânicos.
A forma mais simples de reduzir a poeira é aspergir água na superfície, por meio de caminhões
pipa (Fig. 66 e Fig. 67). Demanda, para tanto, a necessidade de vários desses veículos em
trânsito simultaneamente, além de pontos estratégicos de coleta d’água nos domínios da mina.
No período seco, a água ajuda a manter a compactação e a resistência da camada superficial,
mantendo também a sua forma e reduzindo a perda de material inconsolidado.
Figura 66: Caminhão pipa rodoviário. Complexo Itabiritos: Mina Sapecado (2009)
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Manual de Estradas de Mina
Figura 67: Caminhão fora-de-estrada adaptado para uso como caminhão pipa. Complexo Itabira (2009)
Sistemas de aspersão fixa dispostos ao longo das leiras de segurança (Fig. 68) são também
utilizados com bastante frequência. Alguns sistemas de controle de ligação e desligamento dos
aspersores fixos são informatizados e controlados via salas de despacho.
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Manual de Estradas de Mina
Figura 68: Sistema de aspersão fixa. Complexo Minas Centrais: Mina Morro Agudo. (2009)
Os seguintes parâmetros devem ser considerados na decisão do uso de uma medida paliativa
para redução do pó:
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Manual de Estradas de Mina
com umidade relativamente períodos secos com depressões de pequeno condições climáticas.
baixa. A seleção depende da baixa umidade. diâmetro (buracos) em
umidade relativa e do potencial locais de predominância
de umedecer a superfície. de material fino
Recomendado para uso em Recomendados para São mais efetivos com Índice de Plasticidade de 8-
Limitações dependendo do material de
materiais moderadamente finos serem usados na materiais com baixo teor 35 Limite de finos 15-
(Max 10-20%<0,075 mm). Não presença de materiais de finos (<10% <0.075 55%<0,075 mm. Densidade
recomendável para materiais finos (30%<0,075 mm). Devem ser usados mínima 98% do Proctor
revestimento
mais finos, com altos produtos mm) cascalhados produtos com baixa modificado.
de contração, elevada compactados, viscosidade em material A performance pode
plasticidade, baixo CBR ou graduados sem denso finamente depender da mineralogia do
materiais escorregadios. material solto. graduado e produtos material argiloso (enzimas).
mais viscosos em
material fofo, com
graduação aberta.
Remineraliza em condições de Melhor se aplicado Requer atenção na Aplicação na forma de
umidade. CaCl2 é melhor como uma mistura de compactação do mistura – sensível à
capacidade de auto-reparação
Manutenção do tratamento e
105
Manual de Estradas de Mina
5. Manutenção e Readequação
A manutenção de uma estrada de acesso de mina depende de itens como materiais que a
constituem, solicitações do tráfego, esforços aplicados ao piso e intempéries. A qualidade do
material usado na construção das camadas de sub-leito, sub-base, base e anti-pó influenciam
de forma definitiva no desempenho das estradas. Esse desempenho está relacionado com os
defeitos, que se agravam à medida que a estrada é mais solicitada pelo tráfego.
Os tipos de defeitos existentes nas estradas de mina são de extrema importância na definição
da necessidade, frequência e tipo de manutenção. Além disso, para a condução da
readequação dos acessos de mina existentes deve-se realizar um levantamento de campo,
buscando-se caracterizar e classificar os defeitos encontrados nas estradas. Devem-se aplicar,
106
Manual de Estradas de Mina
Distância de
Base Sarjetas de corte Seleção de materiais Poeira
visibilidade
Requisitos de
Largura Sub-base Saídas d'água Material solto
compactação
Técnicas de tratamento
Superelevação Sub-leito Descidas d'água Borrachudo
contra pó
Dissipadores de
Leiras de segurança energia Corrugação
Caixas de
Segregação material
Interseções elem. retenção/infiltração
agregado e anti-pó
geométricos
Drenos profundos
Inclinação p/ direc.
drenagem
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Manual de Estradas de Mina
Figura 70: Defeitos comuns em estradas de mina: a) buracos, b) poeira excessiva, c) material solto
d) “borrachudo”, e) seção transversal inadequada e f) trilhas de rodas. Fotos de diversas minas (2009).
5.1.1 Buracos
O surgimento de buracos (panelas) se dá pela expulsão contínua de material particulado
sólido, causada pelo tráfego de equipamentos em trechos com água empoçada. Os buracos
são consequência, portanto, de pistas mal drenadas (sem abaulamento transversal adequado)
e sem saídas laterais de drenagem.
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Manual de Estradas de Mina
Uma das formas de avaliação do grau de severidade de buracos é feita pela relação entre
profundidade máxima e diâmetro médio, conforme Tab. 9.
Atenção especial deve ser dada aos trechos com níveis de severidade média e alta,
providenciando-se a obturação dos buracos como medida paliativa e o abaulamento e saídas
de drenagem adequados como medidas preventivas.
5.1.2 Poeira
A poeira consiste na formação de uma nuvem de partículas finas em suspensão desprendidas
quando da passagem dos caminhões. Pode comprometer a segurança do tráfego, sendo um
problema mais evidente em estradas com solo argiloso, onde existe uma grande quantidade de
material solto na superfície ou onde a ação abrasiva do tráfego solta as partículas aglutinantes
dos agregados. Níveis de poeira excessiva são também prejudiciais à saúde do trabalhador e
ao meio ambiente no entorno.
A qualidade da estrada é classificada quanto aos níveis de severidade da formação de poeira
como:
Ações devem ser tomadas em estradas de média e alta severidade para reduzir a poeira. O
sistema de aspersão deve ser revisto/melhorado e deve ser avaliada a possibilidade de uso de
líquidos estabilizadores e polímeros.
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Manual de Estradas de Mina
5.1.4 Borrachudo
Podemos definir borrachudo todo material localizado dentro do material de base da pista com
um índice de plasticidade maior que o material utilizado, que ao se aplicar uma carga (esforço)
concentrada sofre uma deformação plástica. Nestas situações é comum um alto índice de
umidade. O borrachudo pode ser explicado como o comportamento reativo do solo ao processo
de compactação, relacionado ao seu grau de hidratação e plasticidade. Como efeito, são
geradas deformidades na superfície das pistas (base) trabalhadas pelas atividades de
transporte de cargas. Estas irregularidades devem ser tratadas, sempre que ocorram, pela
remoção do solo com umidade acima da ótima. Quando a umidade do solo estiver abaixo da
ótima, a aplicação de maior energia de compactação provoca aumento de peso específico
seco. No entanto, quando a umidade está acima da ótima, um esforço maior de compactação
irá influenciar insignificantemente o aumento do peso específico seco uma vez que não
consegue expulsar o ar dos vazios. O fenômeno de formação do borrachudo decorre do fato de
que o solo se comprime inicialmente com a passagem do equipamento para, em seguida, se
dilatar semelhantemente a uma borracha. A energia aplicada passa a ser transferida para a
água que a devolve como se fosse um material elástico. As pressões neutras tornam-se
elevadas e o solo cisalha ao longo de plano horizontais. O solo borrachudo, portanto,
apresenta-se “laminado” com uma parte destacando-se da outra ao longo de planos
horizontais.
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Manual de Estradas de Mina
Figura 71: Níveis de severidade de estrada causados por seção transversal inadequada.
(ODA, 1995)
Estradas com nível de severidade baixa possuem superfície completamente plana (A). A
severidade média é caracterizada por superfície em forma de bacia (B). Grandes depressões
nas trilhas de rodas na superfície das estradas alertam para severidade alta (C).
As trilhas mais fundas contêm água empossada, impedindo-as de escoar pela superfície,
causando problemas de drenagem que podem provocar rápida deterioração da qualidade de
rolamento da estrada ou mesmo torná-la intransitável. O problema é agravado no período
chuvoso, quando a profundidade das trilhas de roda aumenta devido ao tráfego dos caminhões
que compactam e revolvem o material da superfície.
Quanto aos níveis de severidade, a estrada é classificada como se segue (Fig. 72). Uma
estrada com níveis de severidade baixa possui sulcos com profundidade inferior a 2,5 cm e
menos de 10% da área total da superfície da estrada contém afundamentos (A). Na severidade
média os sulcos têm profundidade entre 2,5 cm e 7,5 cm, além do que entre 10% e 30% da
área total da superfície contém afundamentos (B). Em casos extremos (severidade alta), os
sulcos têm profundidade superior a 7,5 cm e mais do que 30% da área total da superfície da
estrada está coberta por afundamentos (C).
Estradas revestidas com material argiloso sofrem afundamento mais lento do que aquelas
cobertas por quartzo ou laterita.
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Manual de Estradas de Mina
5.1.7 Corrugação
A corrugação consiste de uma série de ondulações perpendiculares à direção do tráfego,
formada, geralmente, em rampas ou curvas ou em áreas de aceleração ou desaceleração,
causando grande desconforto para o tráfego de caminhões. É também conhecida como
“costeleta”, “costela de vaca” ou “catabi” (denominação regional no norte e nordeste do país). É
causada pelo movimento vibratório transmitido pelos veículos à estrada. Normalmente a
corrugação ocorre em trechos sem compactação e com falta de material ligante, assim como
em locais com grande quantidade de material particulado solto.
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Manual de Estradas de Mina
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6. Referências bibliográficas
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