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SUICÍDIOS DE AGENTES DE SEGURANÇA NO BRASIL CRESCEM 140%,

APONTA ESTUDO...

Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
27/08/2019 14h00

Em novembro do ano passado, a PM de São Paulo recebeu uma


ligação de uma mulher que estava desesperada porque seu marido
havia acabado de atirar contra a própria cabeça, dentro de casa,
em Potim, cidade próxima ao santuário nacional de Nossa Senhora
Aparecida. Quando os PMs e ambulância chegaram ao local,
identificaram a vítima como sendo um primeiro-sargento da PM
paulista. Sua mulher afirmou que ele passou o dia inteiro ingerindo
bebida alcoólica em uma roça. Chegou em casa e, com problemas
pessoais, decidiu se matar.

O primeiro-sargento que se suicidou faz parte de uma estatística


alarmante. Pesquisa divulgada hoje pelo Gepesp (Grupo de Estudo
e Pesquisa em Suicídio e Prevenção) aponta que, entre 2017 e
2018, mais que dobrou o número de agentes de segurança pública
que se mataram no Brasil.

Em 2017, foram registrados 28 casos contra 67 em 2018 (alta de


140%). O número inclui suicídios e homicídios seguidos de suicídios
(quando a pessoa assassinou alguém antes de se matar). O
levantamento, coordenado por Dayse Miranda, doutora em Ciência
Política, inclui profissionais da Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de
Bombeiros Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.

Além dos suicídios consumados, também houve aumento na


tentativa de suicídios. Em 2017, houve seis registros. Em 2018, 14.

Embora o Gepesp monitore esses números desde 2013, os dados


só podem ser comparados entre 2017 e 2018.
Suicídios e tentativas em 2018
 Suicídio consumado: 53
 Homicídio seguido de suicídio: 14
 Tentativa de suicídio: 14
Para os casos de suicídio consumado e tentativa de suicídio, os
problemas de saúde mental foram os mais citados como
motivadores. Já para os casos de homicídio seguido de suicídio, os
conflitos conjugais e o término de relacionamentos amorosos
predominam.

Quanto ao perfil das vítimas, o levantamento aponta que a maioria


é do sexo masculino, com a idade média de 39 anos e que exerce
funções operacionais distintas. Entre policiais militares, 80% das
vítimas são praças, ou seja, com os cargos mais baixos dentro da
corporação. Já na Polícia Civil, os cargos mais vulneráveis ao
comportamento suicida são os inspetores de polícia.

A arma de fogo é o principal meio utilizado pelas vítimas nas


quatro categorias de análise do estudo: suicídio consumado,
tentativa de suicídio, homicídios seguidos de suicídio e morte por
causa indeterminada.

"Esse dado evidencia que toda ação preventiva ao suicídio entre


profissionais de segurança pública deve considerar o fácil acesso à
arma de fogo como fator de risco", diz o levantamento.

Das 53 mortes por suicídio, metade aconteceu dentro da casa da


vítima. Os casos de tentativa de suicídio seguiram o mesmo
padrão. Mas 15% do total de mortes por suicídio informadas em
2018 ocorreram no ambiente de trabalho.

"O comportamento suicida entre profissionais de segurança pública


não é reconhecido como um tema de agenda pública no Brasil.
Esse fato compromete não somente a produção de conhecimento
científico sobre o tema, como também a formulação de políticas
públicas e institucionais de saúde mental a partir de dados
empíricos confiáveis", aponta o estudo.
Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/08/27/dobra-
o-numero-de-suicidios-de-agentes-de-seguranca-no-brasil-diz-estudo.htm?
cmpid=copiaecola

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