Você está na página 1de 6

AC2 Literatura – 3ª Etapa (Olímpica)

Professor Rodrigo Vieira

1. Analise a imagem a seguir:

AMARAL , T. do. Religião Brasileira (1927)

Com base na imagem e nos conhecimentos sobre o modernismo brasileiro no período de 1920
a 1930, é correto afirmar:
a) O movimento modernista propõe a releitura de temas retratados por pintores europeus do
final do século XIX, especialmente paisagens e alegorias históricas, como fator de ruptura aos
princípios acadêmicos.
b) Incorporando técnicas de deformação da figura e estilização das linhas, o modernismo
brasileiro introduz o prosaico como pilar da nacionalidade, conceito este discutido
paralelamente ao movimento artístico.
c) A pintura no modernismo brasileiro destaca personagens urbanos com características do
realismo, influenciando, assim, os primeiros pintores do movimento.
d) O interesse por temas populares e folclóricos do Brasil, paralelamente à incorporação de
novas tendências da arte, propiciou campo fértil à execução de trabalhos plásticos pelos
artistas.
e) Impulsionada pelos modernistas, a escultura congrega as principais características do
movimento, reproduzindo os modismos e integrando vários estilos em suas peças.

2. Leia o poema abaixo e respoda ao que se pede:

O trovador, de Mário de Andrade

Sentimentos em mim do asperamente


dos homens das primeiras eras...
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
(ANDRADE, Mário. Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005)

Importante para o Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na


poesia de Mário de Andrade. No poema O trovador, esse aspecto é
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que,
evocando o carnaval, remete à brasilidade.
b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de
Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do
asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom”
(v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese
nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para
mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

3. Leia o poema de Oswald de Andrade:

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo.


27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Gráfica, 2012.

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao


futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos
constituem
a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
b) forma clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

4. Os poetas e escritores modernistas, dentre outras posturas, defenderam a linguagem


coloquial, incorporaram léxico e construções de extração popular e regional e valorizaram
elementos nacionais. Pode-se identificar num outro momento anterior da literatura que, dentro
de um espírito nacionalista, também houve a defesa de uma possível “língua brasileira”, fato
este verificado pela frase:
a) “Porque o escrever — tanta perícia, / Tanta requer, / Que ofício tal... nem há notícia / De
outro qualquer.” (Olavo Bilac)
b) “O defeito que eu vejo nessa lenda [Iracema], o defeito que vejo em todos os livros
brasileiros, e contra o qual não cessarei de bradar intrepidamente é a falta de correção na
linguagem portuguesa, ou antes a mania de tornar o brasileiro uma língua diferente do velho
português (...)” (Pinheiro Chagas)
c) “O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar uma língua com
igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?”
(José de Alencar)
d) “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita”
(Mário de Andrade)
e) “A grande poesia consiste na linguagem carregada de significação no mais alto grau
possível” (Ezra Pound)

TEXTO PARA AS QUESTÕES 5 E 6:

Quando eu morrer, de Mário de Andrade

Quando eu morrer quero ficar,


Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,


No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem


O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido


Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,


A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,


Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

5. Que características da Primeira Fase do Modernismo podem ser percebidas no poema de


Mário de Andrade? Destaque passagens que justifiquem sua resposta.

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

6. Como o tema da morte é abordado por Mário de Andrade em seu poema?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

7. Leia o poema de Vinícius de Morais e responda ao que se pede:

Soneto de fidelidade, de Vinícius de Morais

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Qual a concepção de amor defendida pelo eu-lírico no Soneto de fidelidade?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

8. Leia o poema abaixo:

Retrato de família, de Renata Pallottini


Não há coisa que recordem,
há coisas indiferentes;
não há dias infelizes,
há nos fundos dos retratos
histórias de antigamente.
Há, nos cabelos em ordem,
nos penteados exatos,
essa impressão de passado
limpo, liso e condensado.
Meu avô, o dos bigodes,
Minha avó, dos grandes cachos...
Não sei, mas às vezes penso
que, vai ver, tenho por baixo
da minha infelicidade,
alguma grande vontade
De ser meu antepassado...

De que forma os temas da saudade e do passado são abordados pela autora em seu poema?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

9. Leia o fragmento abaixo extraído do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, e


responda:

Fabiano tinha a obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia do seu lugar.
Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino
ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de
situação, espantar-se-ia. (...) Era a sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não
existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se,
não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um
desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos
ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem
com semelhantes porcarias (Graciliano Ramos, Vidas Secas. 103ª. ed., Rio de Janeiro: Editora
Record, 2007, p.97).

Que características da literatura Regionalista do Modernismo podem ser percebidas no trecho


acima?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
10. Cidadezinha qualquer, de Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras


mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar

Um homem vai devagar.


Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.


Eta vida besta, meu Deus

Esse poema de Carlos Drummond de Andrade foi escrito na década de 1920, sob a influência
de ideias modernistas. Dessa forma, responda ao que se pede:

a) Que aspectos da realidade nacional estão representados nas duas primeiras estrofes?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

b) Que valores estão implícitos no ponto de vista adotado pelo poeta no último verso do
poema?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Você também pode gostar