SUMÁRIO
DIMENSIONAMENTO DE EIXOS ............................................................................................................................. 3
CARGAS NO EIXO ............................................................................................................................................. 3
MATERIAIS PARA EIXOS ..................................................................................................................................... 4
Tabela 1: Propriedades de materiais dúcteis ........................................................................................... 4
CONEXÕES E CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES ............................................................................................................. 4
Sensibilidade ao entalhe (1) ................................................................................................................... 7
Concentrações de tensões sob solicitações dinâmicas ............................................................................. 8
INTRODUÇÃO Á FADIGA .......................................................................................................................................11
DEFINIÇÃO: ................................................................................................................................................11
Resistência à fadiga teórica Sf ' ou limite de fadiga Se' estimados..........................................................14
INFLUÊNCIA DA TENSÃO MÉDIA..................................................................................................................15
Fatores de correção para a resistência à fadiga ou limite de fadiga teóricos ..........................................18
Tabela 2: Fatores Generalizados de Resistência à Fadiga para Materiais Dúcteis (curvas S-N). (5) e (6). 18
Efeitos da Solicitação (Carregamento) ...................................................................................................19
Fator de Tamanho ................................................................................................................................19
Fator de Superfície ................................................................................................................................20
Tabela 3: Parâmetros para o fator de modificação superficial de Marin. (6). ..........................................20
Efeitos da temperatura (6) ....................................................................................................................21
Tabela 4: Efeito da temperatura de operação sobre a resistência à tração de aço.*(ST= resistência à
tração à temperatura de operação; SRT = resistência à tração à temperatura ambiente; 0,099 < σ <
0,110). (6). ............................................................................................................................................22
Fator de Confiabilidade (1) ....................................................................................................................22
Diagrama de Goodman modificado .......................................................................................................23
Determinação do coeficiente de segurança com tensões variadas .........................................................24
ETAPAS DE PROJETO PARA TENSÕES VARIADAS...........................................................................................28
TENSÕES NO EIXO ................................................................................................................................................30
FALHA DO EIXO EM CARREGAMENTO COMBINADO ....................................................................................31
PROJETO DO EIXO (1) ..................................................................................................................................31
Projeto para flexão alternada e torção fixa ...........................................................................................33
Projeto para flexão variada e torção variada .........................................................................................34
COEFICIENTE DE SEGURANÇA .............................................................................................................................35
Tabela 5: Coeficientes de segurança segundo Norton (2004) .................................................................35
Os seguintes princípios são gerais e devem ser sempre considerados (5), (1). .........................................36
Exemplo-1.............................................................................................................................................37
Exemplo-2.............................................................................................................................................40
Exemplo-3.............................................................................................................................................48
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES .....................................................................................................................55
Tabela 6: Limites para a Dimensão do Chanfro de rolamentos (Série Métrica) (7) ..................................57
Tabela 7: Raio de Canto do eixo e altura do encosto para os Rolamentos Radiais (7) ..............................58
Tabela 8: Diâmetros, tolerâncias e torque para extremidades de eixos. (8) ............................................59
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................61
2
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES EM UM EIXO. ......................................................................................................... 5
FIGURA 2: VÁRIOS MÉTODOS PARA FIXAÇÃO DE ELEMENTOS A EIXOS (1). ................................................................................. 5
FIGURA 3: VARIAÇÃO DO FATOR DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO RELATIVO À TENSÃO MÉDIA COM A TENSÃO MÁXIMA EM MATERIAIS
DÚCTEIS COM POSSIBILIDADE DE ESCOAMENTO LOCAL. ................................................................................................ 6
FIGURA 4: CURVAS DE SENSIBILIDADE AO ENTALHE PARA AÇOS CALCULADAS A PARTIR DA EQUAÇÃO ANTERIOR, COMO ORIGINALMENTE
PROPOSTO POR R. E. PETERSON CITADO POR (1)....................................................................................................... 8
FIGURA 5: FATOR GEOMÉTRICO DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO KT PARA UM EIXO COM UM REBAIXO ARREDONDADO EM TRAÇÃO AXIAL.
(1). ............................................................................................................................................................... 9
FIGURA 6: FATOR GEOMÉTRICO DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO KT PARA UM EIXO COM UM REBAIXO ARREDONDADO EM FLEXÃO. ........ 9
FIGURA 7: FATOR GEOMÉTRICO DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO KT PARA UM EIXO COM UM REBAIXO ARREDONDADO EM TORÇÃO. (1).
....................................................................................................................................................................10
FIGURA 8: PADRÕES CÍCLICOS DE TENSÃO-TEMPO DE AMPLITUDE CONSTANTE. .........................................................................12
FIGURA 9: DESIGNAÇÃO DOS PARÂMETROS DE TENSÃO-TEMPO CÍCLICOS . ...............................................................................12
FIGURA 10: DIAGRAMA S-N COM CURVA TÍPICA. (3) .........................................................................................................13
FIGURA 11: EFEITO DO TIPO DE MATERIAL NA CURVA S-N. (4) .............................................................................................14
FIGURA 12: RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA À FADIGA OBTIDA DE ENSAIOS DE FLEXÃO ROTATIVA (SEM ENTALHES) E A RESISTÊNCIA À
TRAÇÃO DE AÇOS. (EXTRAÍDO DE P. G. FORREST, FATIGUE OF METALS , P ERGAMON PRESS, LONDRES, 1962.). (1) ..................15
FIGURA 13: EFEITO DA TENSÃO MÉDIA SOBRE A CURVA S-N. ................................................................................................16
FIGURA 14: DIVERSAS CURVAS DE FALHA PARA TENSÕES MÉDIAS. ..........................................................................................16
FIGURA 15: EFEITOS DA TENSÃO MÉDIA NA TENSÃO ALTERNADA DE RESISTÊNCIA À FADIGA DE VIDA LONGA DE AÇOS BASEADOS EM 107 ATÉ
108 CICLOS. ....................................................................................................................................................17
FIGURA 16: TENSÕES BIAXIAIS COMBINADAS DE TORÇÃO E FLEXÃO ALTERNADAS PLOTADAS EM EIXOS DE COORDENADAS. SINES E
WAISMAN(1959) CITADO POR NORTON. (1). .....................................................................................................19
FIGURA 17: FATORES DE SUPERFÍCIE PARA DIVERSOS TIPOS DE ACABAMENTO SUPERFICIAL PARA AÇOS. (1). .....................................20
FIGURA 18: GRÁFICO DO EFEITO DA TEMPERATURA DE OPERAÇÃO NA RESISTÊNCIA AO ESCOAMENTO SY E À TRAÇÃO SUT. (6)..............21
FIGURA 19: DISTRIBUIÇÃO DE GAUSS (NORMAL). ..............................................................................................................22
FIGURA 20: DIAGRAMA DE GOODMAN AUMENTADO..........................................................................................................23
FIGURA 21: DIAGRAMA DE GOODMAN COM QUATRO POSSIBILIDADES DE CARREGAMENTO. .........................................................26
FIGURA 22: RESULTADOS DOS TESTES DE FADIGA PARA AMOSTRAS DE AÇO SUJEITAS À TORÇÃO E FLEXÃO COMBINADAS. (EXTRAÍDO DE
DESIGN OF TRANSMISSION SHAFTING, AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS, NEW YORK, ANSI/ASME STANDARD
B106.1M-1985, COM AUTORIZAÇÃO.) ................................................................................................................31
FIGURA 30: CONJUNTO COM PRINCIPAIS ELEMENTOS PARA UM PROJETO PRELIMINAR. ...............................................................48
FIGURA 31: CONJUNTO PARCIAL DO PROJETO PRELIMINAR. ..................................................................................................48
FIGURA 32: EIXO COM DIMENSÕES PRELIMINARES. ............................................................................................................49
FIGURA 35: COTAS LIMITES DE ENCOSTOS DE ROLAMENTOS. (7). ..........................................................................................55
FIGURA 36: CANTOS DE EIXOS COMUNS PARA ENCOSTOS DE ROLAMENTOS. .............................................................................55
FIGURA 37: CANTOS DE EIXOS COM CANAL PARA ENCOSTOS DE ROLAMENTOS. .........................................................................56
FIGURA 38: MODIFICAÇÕES DE PROJETO PARA REDUZIR A CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES EM UM CANTO AGUDO. (1)...........................56
3
DIMENSIONAMENTO DE EIXOS
“Eixos de transmissão, ou simplesmente eixos, são usados em praticamente todas
as partes de máquinas rotativas para transmitir movimento de rotação e torque de uma
posição a outra. Assim, o projetista de máquinas está frequentemente envolvido com a
tarefa de projeto de eixos... No mínimo, um eixo tipicamente transmite torque de um
dispositivo de comando (motor elétrico ou de combustão interna) através da máquina. Às
vezes, os eixos incluem engrenagens, polias ou catracas, que transmitem o movimento
rotativo via engrenagens acoplantes, correias ou correntes de eixo a eixo. O eixo pode ser
uma parte integral do acionador, como um eixo de motor ou eixo manivela, ou ele pode ser
um eixo livre conectado a seu vizinho por algum tipo de acoplamento.” (1)
eles introduzirão tensões biaxiais locais e requererão uma análise de fadiga multiaxial
complexa.
Quaisquer posições ao longo do comprimento do eixo que pareçam ter grandes
momentos e/ou torques (especialmente se em combinação com concentrações de tensão)
precisam ser examinados para verificar a existência de possíveis falhas por tensão e as
dimensões transversais ou as propriedades do material ajustadas devidamente.
MATERIAIS PARA EIXOS
Os materiais comuns mais utilizados para eixos de transmissão são os materiais com
elevado módulo de elasticidade e dúcteis, principalmente, os aços. Muitos destes aços são
endurecidos e para ambientes corrosivos, geralmente são utilizados aços inoxidáveis ou
alumínio. Raramente os ferros fundidos e outros materiais frágeis são utilizados.
Eventualmente, um eixo em ferro pode ser fundido a outros elementos, tais como,
engrenagens ou polias, por exemplo, simplificando montagens, porém são pouco comuns.
Os materiais considerados dúcteis são aqueles que possuem alongamento maior que
5%, tais como aços carbono, alumínio, latão, etc. e os materiais considerados frágeis são
aqueles com alongamento abaixo de 5%, tais como; ferro fundido, bronze, baquelita, vidro, etc.
Em geral, os aços laminados a frio (trefilados) utilizados possuem diâmetros inferiores a
100 mm e os aços laminados a quente com diâmetros maiores. Aços forjados com a geometria
do eixo possuem características superiores aos demais por sua resistência a fadiga elevada e
são uma ótima opção para alguns tipos de eixos.
Estes degraus ou ressaltos, bem como, ranhuras, entalhes, furos transversais, canais,
rasgos de chaveta, etc. são concentradores de tensão e prováveis locais onde devem originar
trincas que levam a falhas catastróficas do eixo. Vide figura a seguir.
Tensões
elevadas
Muitas vezes alguns métodos podem ser usados para reduzir a possibilidade de
concentração de tensões como, por exemplo, colares de engaste, montagem com interferência,
eixos com região cônica para montagem por atrito, etc. Embora, se não projetados
adequadamente, possam também ser motivo de concentração de tensão, corrosão e outros
problemas.
𝜎𝑚á𝑥 +𝜎𝑚𝑖𝑛
Equação 1: Tensão média, 𝜎𝑚 =
2
Fonte: (Adaptado da Fig. 10-14, p. 415, N. E. Dowling, Mechanical Behavior of Materials, Prentice-Hall,
Englewood Cliffs, N. J., 1993) (1).
Equação 2:
Equação 5: 𝜎 = 𝐾𝑓 . 𝜎𝑛𝑜𝑚
Equação 6: 𝜏 = 𝐾𝑓𝑠 . 𝜏𝑛𝑜𝑚
Observe na Equação 4 que quando q = 0, Kf = 1 e não há aumento da tensão nominal na
Equação 5. Quando q =1, Kf = Kt e o efeito total do fator geométrico de concentração de
tensões é observado na Equação 5.
A sensibilidade ao entalhe q pode ainda ser definida a partir da fórmula de Kuhn-
Hardrath em termos da constante de Neuber a e do raio do entalhe r, ambos em polegadas.
1
Equação 7: 𝑞 = √𝑎
1+
√𝑟
Para facilitar a obtenção do coeficiente “q” pode-se utilizar o gráfico a seguir que
correlaciona o raio de concordância entre os diâmetros e a tensão de resistência a tração do
material.
INTRODUÇÃO Á FADIGA
DEFINIÇÃO:
Fadiga é um processo de degradação das propriedades mecânicas de um material que
se caracteriza pelo crescimento lento de uma ou mais trincas sob a ação de carregamento
dinâmico, levando eventualmente à fratura. (3).
Na prática da engenharia moderna, cargas repetitivas, cargas variáveis e cargas
rapidamente aplicadas são de longe mais comuns do que as cargas estáticas. Principalmente,
na engenharia mecânica que envolve peças de máquinas que se movimentam e transmitem ou
recebem cargas.
Para um local particular da peça a carga varia e, portanto neste local as tensões variam
ao longo do tempo;
As tensões podem variar de tração para compressão e vice-versa, ou ser apenas de
tração ou apenas de compressão;
Tensões desta natureza são conhecidas como tensões flutuantes e resultam em falha de
componentes mecânicos em modo de falha por fadiga.
Padrões de carregamento cíclico de amplitude constante:
a)
b)
12
c)
Figura 8: Padrões cíclicos de tensão-tempo de amplitude constante.
𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚𝑖𝑛
Equação 9: Tensão de amplitude, 𝜎𝑎 = 2
𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚𝑖𝑛
Equação 10: Tensão média, 𝜎𝑚 = 2
𝜎
Equação 11: Razão ou Relação das tensões, 𝑅 = 𝜎𝑚𝑖𝑛
𝑚á𝑥
𝜎
Equação 12: Relação de amplitude, 𝐴 = 𝜎 𝑎
𝑚
elementos de máquinas e melhor explanada adiante na seção Efeitos da tensão média não nula
sobre a fadiga.
Sabe-se que para a faixa de frequências usuais das máquinas típicas de 1 a 500 Hz a
fadiga não é afetada, exceto para materiais poliméricos. (3).
O uso destas relações pode determinar o estado de tensões usadas no corpo de prova. .
O projeto de peças de máquinas ou estruturas sujeitas à solicitação cíclicas é
normalmente realizado com base nos resultados de ensaios realizados em laboratório com
corpos-de-prova polidos do material de interesse. Os dados obtidos são apresentados em
gráficos denominados curvas S-N, como mostrado na Figura 10.
O patamar inferior é a assíntota da curva que delimita a tensão máxima para qual se
acredita que o material não irá falhar por fadiga. Tensões abaixo deste limite são geralmente
estabelecidas como de vida infinita para aquele material. No caso específico da maioria dos
aços, quando a falha não ocorre até 107 ciclos.
O início da história do estudo da fadiga como a conhecemos hoje em dia, ocorreu com
os trabalhos de A. Wöhler. Ele propôs em 1860 três leis, que até hoje são relevantes, são elas:
I – Um material pode ser induzido a falhar pela múltipla repetição de tensões, que
isoladamente são menores que a da resistência estática (ou seja, dos limites de
escoamento e de resistência).
II – A amplitude de tensão é decisiva para a destruição da coesão do metal.
III – A tensão máxima influencia apenas no sentido de que quanto maior ela for,
menores são as amplitudes de tensão que levam à falha (ou seja, um aumento da
tensão média reduz a resistência à fadiga do material para uma dada amplitude de
tensão).
Uma das principais contribuições de Wöhler para a compreensão da fadiga foi na
introdução das chamadas curvas S-N (ou também, curvas S-N ou ainda curvas de Wöhler). Vide
figura a seguir.
A partir desses dados, relações aproximadas podem ser especificadas entre Sut e Sf’ ou
Se’. Como mostrado abaixo.
Equação 13:
INFLUÊNCIA DA TENSÃO MÉDIA
Tensões variadas e pulsantes apresentam tensões médias não nulas e devem ser
consideradas na determinação do coeficiente de segurança. A tensão média pode ter
substancial influência na resistência à fadiga do material. Tensões médias de tração irão reduzir
a quantidade de ciclos até a falha e tensões médias compressivas deverão elevar a quantidade
de ciclos. Vide gráfico a seguir.
16
condição é comum para grande parte dos elementos de máquinas, portanto, o regime de
carregamento torna-se importante para se determinar os limites de segurança. Vide Figura 14.
O gráfico da figura a seguir mostra evidências experimentais do efeito da componente
tensão média na falha quando presente em combinação com tensões alternadas. Essa situação
é bastante comum em elementos de máquinas de todos os tipos. (1).
Fonte: Extraído de P. G. Forrest, Fatigue of Metals, Pergamon Press, Londres, 1962. Citado por (1).
As equações a seguir definem matematicamente as curvas de falha mencionadas.
Equação 14:
Onde:
Se – Tensão limite de fadiga corrigido
σa – Tensão alternada normal
σm - Tensão média normal
σut - Tensão última / resistência
18
Sy - Tensão de escoamento
Fator de Tamanho
O fator de tamanho foi avaliado usando 133 conjuntos de pontos de dados. Os
resultados para flexão e torção podem ser expressos como mostrado na tabela anterior. Onde
se percebe que não há efeito para carregamento axial.
Segundo Lehr, citado por Niemann, “o aumento de diâmetros de eixos lisos de aço
acarreta reduções das respectivas resistências á fadiga por flexão e por torção, as quais
assumem valores proporcionais”. O principal motivo é a maior probabilidade de ocorrência de
defeitos internos no material com o aumento do tamanho, tais como; descontinuidades,
precipitados, lacunas ou pequenos pedaços de material estranho oriundos dos processos de
fabricação.
20
Fator de Superfície
A superfície de um espécime de viga rotativa é altamente polida, com um polimento
final na direção axial que visa a alisar completamente quaisquer riscos circunferentes. O fator
de modificação depende da qualidade do acabamento da superfície da peça real e da
resistência à tração do material que a constitui. Para encontrar expressões quantitativas para
acabamentos comuns de peças de máquina (retificado, usinado ou repuxado a frio, laminado a
quente e como forjado), as coordenadas dos pontos de dados foram captadas de um gráfico de
limite de resistência versus resistência à tração de dados coletados por Lipson e Noll e
reproduzidos por Horger. O resultado da análise de regressão por Mischke foi da forma.
𝑏
Equação 16: 𝐶𝑠 = 𝑎. 𝑆𝑢𝑡
Em que Sut é a resistência à tração mínima e a e b são encontrados a partir da tabela a
seguir.
Tabela 3: Parâmetros para o fator de modificação superficial de Marin. (6).
Fonte: C. J. Noll e C. Lipson, "Allowable Working Stresses," Society for Experimental Stress Analysis, vol. 3,
no. 2, 1946, p. 29 Reproduzido por O. J. Horger (eds.) Metals Engineering Design ASME Handbook, McGraw-Hill,
New York. Copyright © 1953 The McGraw-Hill Companies, Inc. Citado por (6).
a
Fonte: E. A. Brandes (ed.j, Smithells Metal Reference Book, 6 ed., Butterworth, London, 1983, p. 22-128 a
22-131). Citado por (6).
relação à curva de Goodman, porém escoaria no primeiro ciclo. A região de falha é definida
pelas curvas contornando a área sombreada denominada ABCDEA. Qualquer combinação de
tensão média e alternada que caia nessa região (isto é, na área sombreada) seria segura.
Combinações que caiam nessas curvas estão em falha e, se estiverem fora dessa região, já
terão falhado.
No intuito de determinar o coeficiente de segurança de qualquer estado flutuante de
tensões, serão necessárias expressões para as curvas que definem as fronteiras da região de
falha mostrada na Figura 20. A curva AG define escoamento em compressão e é:
Equação 17:
A curva BC define falha por fadiga em combinação com tensão média de compressão e
é:
Equação 18:
A curva CF define falha por fadiga em combinação com tensão média de tração e é:
Equação 19:
A curva GE define escoamento em tração e é:
Equação 20:
Essas equações são mostradas na Figura 20.
Equação 21:
Para o segundo caso, a falha ocorre no ponto P e o coeficiente de segurança é a razão
entre as curvas XP/XZ. Para expressar isso matematicamente, pode-se resolver a Equação 19
para o valor de σ'a@P e dividir o resultado por σ'a@Z.:
Equação 22:
Para o terceiro caso, a falha ocorre no ponto R e o coeficiente de segurança é a razão
entre os segmentos OR/OZ ou, por semelhança de triângulos, as razões σ'm@R/ σ'm@Z ou σ'a@R/
σ'a@Z. Para expressar isso matematicamente, pode-se resolver as Equação 19 e a equação da
reta OR simultaneamente para o valor de σ'm@R e dividir o resultado por σ'm@Z.
Equação 23:
Este terceiro caso é o mais comum para eixos rotativos que em geral estarão
submetidos á torção e flexão proporcionais.
Para o quarto caso, onde a relação entre as componentes médias e alternadas de tensão
é aleatória ou desconhecida, o ponto S na curva de falha mais próximo do estado de tensões
em Z pode ser tomado como uma estimativa conservadora do ponto de falha. O segmento ZS é
ortogonal a CD, portanto sua equação pode ser escrita e resolvida simultaneamente com a da
curva CD para encontrar as coordenadas do ponto S e o comprimento ZS, que são:
Equação 24:
28
11) Plote as tensões médias e alternadas de von Mises (para o ponto sob maior
tensão) no diagrama de Goodman modificado e calcule um coeficiente de
segurança para o projeto por uma das relações mostradas na Equação 17 á
Equação 21.
12) Dado o fato de que o material foi apenas preliminarmente escolhido e que o
projeto pode ainda não estar tão refinado quanto possível, o primeiro resultado
da execução dessas etapas será provavelmente um projeto inadequado, cujo
coeficiente de segurança é muito alto ou muito reduzido. Serão necessárias
iterações (como sempre são) para melhorar o projeto. Qualquer subconjunto de
etapas pode ser repetido quantas vezes forem necessárias para se chegar a um
projeto aceitável. A tática mais comum é retornar à etapa 3 e aumentar a
geometria da peça para reduzir tensões e concentrações de tensão, e/ou
reconsiderar a etapa 8 para escolher um material mais adequado.
Às vezes será necessário voltar à etapa 1 e redefinir uma vida aceitável menor para a
peça. Os esforços de projeto podem ou não estar sob o controle do projetista. Normalmente
eles não estão, a não ser que os esforços sobre a peça sejam decorrentes de forças inerciais,
em cujo caso aumentar a massa do componente visando “adicionar resistência” irá piorar a
situação, pelo fato disso aumentar proporcionalmente os esforços.
O projetista pode querer reduzir a peça sem comprometer excessivamente sua
resistência, com o intuito de reduzir as forças inerciais. Quaisquer que sejam as circunstâncias
características, o projetista deve estar preparado para repetir essas etapas diversas vezes antes
de convergir para uma solução aplicável. Ferramentas para a resolução de equações que
permitem recálculo rápido das equações é um grande auxílio nesta situação. Se o solucionador
de equações for capaz também de fornecer uma solução reversa, permitindo que variáveis
sejam trocadas de entrada para saída do cálculo, a geometria necessária para que se alcance
um coeficiente de segurança desejado pode ser diretamente calculada colocando-se o
coeficiente de segurança como entrada de dados e a variável de geometria como resultado.
A melhor maneira de demonstrar o uso dessas etapas para projeto em fadiga com
tensões variadas é com um exemplo. O exemplo anterior será repetido, modificando-se seu
padrão de carregamento.
30
TENSÕES NO EIXO
Com o entendimento de que as seguintes equações terão que ser calculadas para uma
multiplicidade de pontos no eixo e para seus efeitos multiaxiais combinados também
considerados, devemos primeiro encontrar as tensões aplicadas em todos os pontos de
interesse. As tensões de flexão média e alternada máxima estão na superfície externa e são
encontradas a partir de:
Equação 25:
Onde kf e kfm são fatores de concentração de tensão de fadiga por flexão para
componentes média e alternante, respectivamente (ver Equação 4 e Equação 2). Como um eixo
típico é de seção transversal sólida redonda, podemos substituir c e I:
Equação 26:
Dando:
Equação 27:
Onde d é o diâmetro local do eixo na seção de interesse.
As tensões torcionais de cisalhamento média e alternante são dadas por:
Equação 28:
Onde Kfs e Kfsm são fatores de concentração de tensão torcional de fadiga para
componentes média e alternante, respectivamente (ver a Equação 4 para Kfs; use as tensões
aplicadas de cisalhamento e resistência ao escoamento por cisalhamento na Equação 2 para
obter Kfsm). Para uma seção transversal sólida redonda, podemos substituir r e J:
Equação 29:
Dando:
Equação 30:
Uma carga de tração axial Fz, se alguma estiver presente, terá tipicamente apenas uma
componente média (como o peso das componentes), e poderá ser encontrada por:
Equação 31:
31
Figura 22: Resultados dos testes de fadiga para amostras de aço sujeitas à
torção e flexão combinadas. (Extraído de Design of Transmission Shafting, American
Society of Mechanical Engineers, New York, ANSI/ASME Standard B106.1M-1985,
com autorização.)
deflexão requerem que a geometria inteira do eixo seja definida. Assim, um eixo é tipicamente
projetado pela primeira vez usando considerações de tensão, e as deflexões são calculadas uma
vez que a geometria esteja completamente definida. A relação entre as frequências naturais do
eixo (tanto em torção quanto em flexão) e o conteúdo de frequência das funções força e torque
com o tempo também pode ser fundamental. Se as frequências das funções de força forem
próximas às frequências naturais do eixo, a ressonância pode criar vibrações, tensões elevadas
e grandes deflexões.
Considerações gerais
Algumas regras gerais para o projeto de eixos podem ser enunciadas como segue:
1) Para minimizar as tensões e deflexões, o comprimento do eixo deve ser mantido
o menor possível e os trechos em balanço, ser minimizados.
2) Uma viga em balanço terá uma deflexão maior que uma viga biapoiada para o
mesmo comprimento e as mesmas carga e seção transversal, de modo que se
deve usar a viga biapoiada, a menos que o uso do eixo em balanço seja ditado
por restrições de projeto. (A Figura 2 mostra uma situação em que uma seção
saliente ou em balanço de um eixo é requerida por razões práticas. A polia na
extremidade direita do eixo carrega uma correia em V. Se a polia fosse montada
entre os mancais, então todos os anexos ao eixo teriam que ser desmontados
para mudar a correia, o que é indesejável. Em tais casos, o eixo em balanço pode
ser a escolha menos prejudicial.)
3) Um eixo vazado tem um razão melhor de rigidez/massa (rigidez específica) e
frequências naturais mais altas que aquelas de um eixo comparavelmente rígido
ou sólido, mas ele será mais caro e terá um diâmetro maior.
4) Tente colocar concentradores de tensão longe das regiões de grandes momentos
fletores, se possível, e minimize seu efeito com grandes raios e aliviadores de
tensão.
5) Se a principal preocupação é minimizar a deflexão, talvez o material mais
indicado seja o aço de baixo carbono, porque sua rigidez é tão alta quanto
aquela de aços mais caros, e um eixo projetado para pequenas deflexões
tenderão a ter tensões baixas.
6) As deflexões nas posições de engrenagens suportadas pelo eixo não devem
exceder cerca de 0,005 in, e a inclinação relativa entre os eixos da engrenagem
deve ser menor que cerca de 0,03°.
7) Se forem usados mancais planos (de luva), a deflexão do eixo ao longo do
comprimento do mancal deve ser menor que a espessura da película de óleo no
mancal.
8) Se forem usados mancais de rolamento não autoalinhantes, a inclinação do eixo
nos mancais deve ser mantida menor que aproximadamente 0,04°.
9) Se estiverem presentes cargas axiais de compressão, elas deverão ser
descarregadas por meio de um único mancal para cada direção de carga. Não
divida as cargas axiais entre mancais axiais, pois a expansão térmica do eixo
pode sobrecarregar os mancais.
10) A primeira frequência natural do eixo deve ser pelo menos três vezes a
frequência máxima da carga esperada em serviço, e preferencialmente muito
33
mais. (Um fator de 10× ou mais é preferido, mas normalmente é difícil conseguir
isso em sistemas mecânicos.)
Equação 32:
Introduza um fator de segurança Nf.
Equação 33:
Relembre a relação de von Mises para Sy.
Equação 34;
Equação 35:
Substitua as expressões para σa e τm das Equação 25 a Equação 30, respectivamente;
Equação 36:
34
Equação 37:
Projeto para flexão variada e torção variada
Quando o torque não é constante, sua componente alternada criará um estado de
tensão multiaxial complexo no eixo. Nesse caso, pode ser usado o enfoque que computa as
componentes de von Mises das tensões alternantes e média. Um eixo rodando em flexão
combinada com torção tem um estado biaxial de tensão que permite que a versão
bidimensional da Equação 38 seja usada.
Equação 38:
Equação 39:
Se agora também supusermos que a carga axial no eixo é zero e substituirmos a
Equação 27, Equação 30 e Equação 38 na Equação 39, obteremos:
Equação 40
Que pode ser usada como uma equação de projeto para determinar um diâmetro de
eixo para qualquer combinação de carregamento de flexão e torção com as suposições
mencionadas anteriormente de carga axial zero e uma razão constante entre os valores da
carga alternante e média no tempo.
35
COEFICIENTE DE SEGURANÇA
Para encontrarem-se quais as tensões admissíveis para uma peça, em uma determinada
situação precisa-se considerar, além dos tipos de esforços estáticos as quais a peça a ser
dimensionada estará submetida, onde as forças estarão atuando, os tipos de apoios que a peça
possui e também o Coeficiente de segurança.
Para encontrar-se o Coeficiente de segurança, Nf, devem-se considerar os Fatores que
influenciam a segurança do perfeito funcionamento da peça. Alguns dos fatores são:
deem algum sinal visível de falha antes da ruptura, a menos que trincas indiquem a
possibilidade de uma ruptura pela mecânica da fratura. Por essas razões, o coeficiente de
segurança para materiais frágeis é geralmente duas vezes o coeficiente que seria usado para
materiais dúcteis na mesma situação:
Nfrágil MAX (F1, F2, F3)
Vale lembrar que materiais frágeis não são indicados para eixos rotativos, pois os
prejuízos e custos dos materiais envolvidos seriam muito maiores.
Os seguintes princípios são gerais e devem ser sempre considerados (5), (1).
1. Os eixos devem ser tão curtos quanto possível, com os mancais próximos das
cargas aplicadas. Esta condição reduz os deslocamentos e os momentos devido à
flexão, e aumenta as velocidades críticas.
2. Se possível, coloque os necessários concentradores de tensões longe das regiões
do eixo com as mais altas tensões. Não sendo possível, utilize raios maiores e
bons acabamentos superficiais. Considere a utilização de processos que
aumentem a resistência superficial local (como jateamento ou laminação a frio).
3. Utilize os aços mais baratos quando as deformações do eixo são críticas, uma vez
que todos os aços possuem, essencialmente, o mesmo módulo de elasticidade.
4. Quando o peso é crítico, considere o emprego de eixos vazados. Por exemplo, os
eixos de acionamento das rodas dianteiras de um automóvel são vazados de
modo a se obter a baixa relação peso-rigidez necessária para se manter as
velocidades críticas acima das faixas de operação.
Exemplo-1
d
40 150 40
Solução:
Coeficiente de segurança mínimo:
Dados representativos de testes do material estão disponíveis conforme Tabela 1,
portanto: F1 = 2.
O ambiente de operação é diferente daquele comum aos laboratórios de testes, pois a
temperatura pode chegar a 50 °C, portanto; F2 = 3.
O modelo representa aproximadamente o sistema, portanto: F3 = 3.
O maior dos fatores F1, F2 e F3 é 3, portanto o coeficiente de segurança a utilizar é, Nf =
3.
Torque no eixo:
𝑃 7500 𝑊
P = T . ω portanto, 𝑇= = 2𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠 40,93 N.m
𝜔 1750 ( 60 )
𝑟𝑝𝑚
Para Potência em Watts e frequência em rpm. A unidade mais adequada para o torque é
no dimensionamento é Newton.milímetro, portanto, T = 40 930 Nmm.
Sf = 93,3 MPa
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡𝑠 − 1)
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 0,56(1,65 − 1)
Kfs = 1,36
Diâmetro do eixo:
O diâmetro do eixo pode ser calculado com a Equação 40 conforme teoria de Goodman:
Como não haverá momento fletor ou tração no eixo, pois este estará submetido apenas
a torção constante pode-se suprimir as parcelas correspondentes aos momentos, portanto:
39
1
3
3 2
√3 (𝐾𝑓𝑠𝑚 𝑇𝑚 )
2
32𝑁𝑓 √4 (𝐾𝑓𝑠 𝑇𝑎 ) 4
𝑑= +
𝜋 𝑆𝑓 𝑆𝑢𝑡
{ [ ]}
Substituindo pelos valores obtidos tem-se:
1
3
√ 3 √ 3
32 . 3 4 ( 1,36 . 40 930) 2 ( 1,36 . 40 930 ) 2
4
𝑑= +
𝜋 93,3 448
{ [ ]}
1
96 48207,1 48207,1 3
𝑑={ [ + ]}
𝜋 93,3 448
1
𝑑 = {30,56[516,69 + 107,61]}3
d = 26,7mm
Uma vez conhecido o diâmetro mínimo podem-se rever os cálculos com o valor
compatível com o diâmetro mais próximo de rolamento, portanto, o diâmetro final será d = 30
mm e assim, certificarmos que o diâmetro é adequado. Por exemplo, verificar o raio de canto
do rolamento o diâmetro mínimo de encosto, etc. e recalcular o valor de Kt, Kfs, q e também
recalcular o diâmetro.
Exercício - 1:
Realize esta verificação considerando o valor final do eixo.
40
Exemplo-2
Problema: Projetar a ponta de eixo submetido à torção e flexão para vida infinita.
Dados: O eixo deve ser feito em aço carbono laminado a quente ABNT 1045, usinado e
apoiado em rolamentos fixos de esferas nos locais indicados A e B, e a ponta do eixo a ser
projetada receberá uma polia conforme mostrado na figura a seguir. Transmitir potência de 1,5
kW a 1200 rpm. Em ambiente com temperatura próxima a de um laboratório. As forças no eixo
devidas á transmissão pela polia são: FEH = 328 N na direção X e FEV = 6,5 N na direção Y.
FEV
FEH
Solução:
Coeficiente de segurança mínimo:
Dados representativos de testes do material estão disponíveis conforme Tabela 1:
Propriedades de materiais dúcteisTabela 1, portanto: F1 = 2.
O ambiente de operação é próximo ao dos laboratórios de testes, portanto; F2 = 2.
O modelo representa aproximadamente o sistema, portanto: F3 = 3.
O maior dos fatores F1, F2 e F3 é 3, portanto o coeficiente de segurança é, Nf = 3.
Torque no eixo:
O torque ocorre entre a ponta onde se encontra a polia, devido á força causada por esta
ao eixo e daí até a outra extremidade sem variar.
𝑃 1500 𝑊
P = T . ω portanto, 𝑇= = 2𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠 11,94 N.m
𝜔 1200 ( 60 )
𝑟𝑝𝑚
41
Para Potência em Watts e frequência em rpm. A unidade mais adequada para o torque é
no dimensionamento é Newton.milímetro, portanto, T = 11 940 Nmm.
Reações no eixo:
Considerando que as forças efetivas aplicadas na polia sejam aplicadas no seu centro e
calculamos as reações nos pontos de apoio A e B, nas direções X e Y, usando F = 0 e M = 0 e
as dimensões preliminares mostrados da figura.
No plano horizontal:
∑ 𝐹𝑋𝑍 = 𝑅𝐴𝐻 − 𝑅𝐵𝐻 + 𝐹𝐸𝐻 = 0
2 2
𝑅𝐴 = √𝑅𝐴𝐻 + 𝑅𝐴𝑉 = 400,2 N
Momento fletor no eixo:
No plano XZ:
𝑀𝐵 = 39,3 . 𝐹𝐸𝐻 = 12 890,4 𝑁𝑚𝑚
No plano XY:
𝑀𝐵 = 39,3 . 𝐹𝐸𝑉 = 255,5 𝑁
42
𝑟 𝑏 1 −0,21796
𝐾𝑡 = 𝐴. ( ) = 0,97098. ( )
𝑑 22
Kt = 1,905
𝑟 𝑏 1 −0,21649
𝐾𝑡𝑠 = 𝐴. ( ) = 0,83425. ( )
𝑑 22
Kts = 1,629
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡 − 1)
𝐾𝑓 = 1 + 0,72(1,905 − 1)
Kf = 1,651
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡𝑠 − 1)
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 0,76(1,629 − 1)
Kfs = 1,478
Para Kfm e Kfsm estamos assumindo que os produtos com as tensões são menores que a
tensão de escoamento Sy, entretanto, é conveniente verificar após encontrar o valor do
diâmetro se esta hipótese e verdadeira calculando-se as tensões e o produto com os fatores.
44
Diâmetro do eixo:
O diâmetro do eixo no ponto C pode ser calculado com a Equação 40 conforme teoria
de Goodman.
1
3
23 √(𝐾𝑓𝑚 𝑀𝑚 ) + 3 (𝐾𝑓𝑠𝑚 𝑇𝑚 )
2 2 2
32𝑁𝑓 √(𝐾𝑓 𝑀𝑎 ) + 4 (𝐾𝑓𝑠 𝑇𝑎 ) 4
𝑑= +
𝜋 𝑆𝑓 𝑆𝑢𝑡
{ [ ]}
Considerando-se que não haverá tração no eixo, pois este estará submetido à torção
constante e que alternante e média igual é igual ao máximo e o momento fletor alternante é
igual ao valor máximo no ponto C e substituindo pelos valores obtidos tem-se:
1
3
√ (1,652 . 3 051) 2 + 3 (1,478 . 11 940) 2 √ (1,652 . 3 051 ) 2 + 3 (1,478 . 11 940) 2
32.3 4 4
𝑑= +
𝜋 99,6 565
{ [ ]}
1
96 16 092,7 16 092,7 3
𝑑={ [ + ]}
𝜋 99,6 565
1
𝑑 = {30,56[161,6 + 28,5]}3
d = 17,97 mm
Note que os cálculos referem-se apenas ao eixo e não houve avaliação quanto ao fato
de neste diâmetro haver um rasgo de chaveta e grande concentração de tensão causada por
este rasgo. Isto deve ser feito separadamente e não será abordado neste instante.
Uma vez conhecido o diâmetro mínimo podem-se rever os cálculos com o valor do
diâmetro mais próximo padronizado, portanto, d = 18 mm da Tabela 8 e assim, certificarmos
que o diâmetro é adequado. Por exemplo, recalcular o valor de Kt e Kf, e verificar se as tensões
não são superiores á de escoamento, como também, se possui vida suficientemente longa
conforme necessidade do projeto.
Revisão de cálculo:
As tensões nominais são:
32. 𝑀𝑐 32 . 3051
𝜎𝑛𝑜𝑚 = = = 5,3 𝑀𝑃𝑎
𝜋. 𝑑 3 𝜋. 183
16. 𝑇𝑐 16 . 11 940
𝜏𝑛𝑜𝑚 = = = 10,4 𝑀𝑃𝑎
𝜋. 𝑑 3 𝜋. 183
Recalculando Kt:
𝑟 𝑏 1 −0,21796
𝐾𝑡 = 𝐴. ( ) = 0,97098. ( ) = 1,823
𝑑 18
Recalculando Kf:
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡 − 1)
45
𝐾𝑓 = 1 + 0,72(1,823 − 1)
Kf = 1,593
Recalculando Kts:
𝑟 𝑏 1 −0,21649
𝐾𝑡𝑠 = 𝐴. ( ) = 0,83425. ( )
𝑑 18
Kts = 1,560
Recalculando Kfs:
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡𝑠 − 1)
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 0,76(1,560 − 1)
Kfs = 1,425
Verificando que Kf .σmax nom < Sy para usar Kfm = Kf
32. 𝑀𝑎 32.3051
𝜎𝑎 = 𝐾𝑓 3
= 1,593 = 8,5 𝑀𝑃𝑎
𝜋. 𝑑 𝜋. 183
𝜎𝑚 = 0
𝜎𝑎′ = √𝜎𝑎2 + 3. 𝜏 2
2
′
𝜎𝑚 = √(𝜎𝑚 + 𝜎𝑎𝑥𝑖𝑎𝑙 ) + 3. 𝜏 2
′
𝜎𝑚 = √(0 + 0)2 + 3. 14,92 = 25,8 𝑀𝑃𝑎
46
𝑆𝑒 . 𝑆𝑢𝑡
𝑁𝑓 = ′ ′ .𝑆
𝜎𝑎 . 𝑆𝑢𝑡 + 𝜎𝑚 𝑒
101,8 . 565
𝑁𝑓 = = 3,2
27,2 . 565 + 25,8 . 101,8
𝜎𝑎′ 27,2
tan 𝛼 = ′
∴ = 0,050445
𝑆𝑢𝑡 − 𝜎𝑚 565 − 25,8
′
𝜎𝑒𝑞 = 𝜎𝑎′ + 𝜎𝑚′
. tan 𝛼 = 27,2 + 25,8 . 0,050445 = 28,5 𝑀𝑃𝑎
Sabendo o valor da tensão equivalente alternada, σ’eq = 28,5 MPa e comparando com o
limite de resistência a fadiga estimado e corrigido, Se = 101,8 MPa, presume-se que a vida
estimada do eixo é infinita quanto a possibilidade de falha por fadiga, pois em geral os aços
possuem vida infinita após alcançar entre 106 e 107 ciclos e para isto a tensão equivalente
alternada deve ser inferior ao limite de fadiga. A figura a seguir mostra graficamente isto no
diagrama S-N.
Exercício - 2:
Dimensione o diâmetro de encosto da polia a partir do ponto, lembrando-se que é o
mesmo ambiente e material e, portanto, possui as mesmas propriedades mecânicas, mas as
cargas e demais dimensões não são iguais àquelas do ponto C.
Dados:
Considere que o diâmetro central deva ser 1,2d.
O raio do arredondamento deva a princípio ser, r = 0,3 mm em função do rolamento que
estará ali colocado.
Como neste diâmetro será colocado um rolamento considere a superfície como
retificada comercialmente.
48
Exemplo-3
Considerações iniciais:
O eixo deve ter dimensões preliminares conforme mostrado na figura anterior. Também
deve ter arredondamentos nos cantos adequados ao componente que será assentado naquele
diâmetro.
As superfícies dos diâmetros d1 e d4 receberão rolamentos, e portanto, devem ser
retificados. No diâmetro d3 deverá ser colocada a engrenagem e pode ter uma usinagem
simples, assim como, o diâmetro d2 e d5 que deverá ser o primeiro a ser dimensionado pois
estará submetido a flexão, torção e cisalhamento.
Solução:
Coeficiente de segurança mínimo:
Dados representativos de testes do material estão disponíveis conforme Tabela 1,
portanto: F1 = 2.
O ambiente de operação é essencialmente igual ao laboratório de testes, mas a
temperatura pode chegar a até 30 °C, portanto; F2 = 2.
O modelo representa aproximadamente o sistema, portanto: F3 = 3.
O maior dos fatores F1, F2 e F3 é 3, portanto o coeficiente de segurança a utilizar é, Nf =
3.
Torque no eixo:
𝑃 5500 𝑊
P = T . ω portanto, 𝑇= = 2𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠 105,05 N.m
𝜔 500 ( )
60 𝑟𝑝𝑚
Para Potência em Watts e frequência em rpm. A unidade mais adequada para o torque é
no dimensionamento é Newton.milímetro, portanto, T = 105 050 Nmm. Este torque só ocorre
entre a polia e a engrenagem.
50
𝑀𝐴 = 0
+34650 − 11926
𝑅𝐶𝑉 = ≈ +180 𝑁
128
No ponto D:
𝑀𝐷 = −25 . 𝐹𝐸𝑉 = −1675 𝑁𝑚𝑚
51
𝑀𝐴 = 0
No ponto D:
𝑀𝐷 = 25 . 𝐹𝐸𝐻 = 36 250 𝑁𝑚𝑚
O limite da resistência a tração consta na Tabela 1, Sut= 676 MPa, mas o limite de
resistência à fadiga não consta, portanto usa-se a Equação 13 com valor S’e = 0,5 . Sut = 338
MPa.
𝑺𝒆 = 𝑆′𝑒 . 𝐶𝐿 . 𝐶𝐺 . 𝐶𝑆 . 𝐶𝑇 . 𝐶𝑅
Conforme Tabela 2 para carregamento por torção CL = 0,577, por flexão CL = 1,0. Por
segurança usaremos por torção CL = 0,577. O coeficiente de Gradiente (Tamanho) não pode ser
estabelecido com grande aproximação, pois é objetivo do dimensionamento determiná-lo, mas
se sabe que o diâmetro do eixo do motor elétrico é 41,3mm, pode-se então estimar para o
nosso eixo um diâmetro próximo á este. Portanto se CG = (d/7,62)-0,107 para a faixa entre 2,8mm
e 51 mm, CG = 0,835. A superfície deverá ser simplesmente usinada para receber a polia,
𝑏
portanto, usando a Equação 16: 𝐶𝑠 = 𝑎. 𝑆𝑢𝑡 e a Tabela 3 tem-se CS = 0,802. A temperatura de
operação aproximadamente igual a da temperatura de ensaio, portanto, usando a Tabela 4,
obtém-se CT = 1,003. A confiabilidade para um projeto preliminar pode ser menor e depois se
necessário ajustado para um valor maior, ficando geralmente a critério de o engenheiro
estabelecer um valor conforme sua confiabilidade na maior ou menor aproximação da condição
de uso, ambiente, material, operação, etc. Neste exemplo usaremos CR = 0,814 para uma
confiabilidade de 99% definido na Tabela 2.
𝑺𝒆 = 338 . 0,577 . 0,835 . 0,802 . 1,003 . 0,814
Se = 106,6 MPa
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡 − 1)
𝐾𝑓 = 1 + 0,76(2,185 − 1)
Kf = 1,900
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 𝑞 (𝐾𝑡𝑠 − 1)
𝐾𝑓𝑠 = 1 + 0,80(1,867 − 1)
54
Kfs = 1,694
Diâmetro do eixo:
O diâmetro do eixo pode ser calculado com a Equação 40 considerando que o torque é
constante e o valor a ser utilizado é o máximo resultante no ponto:
1
96 168 833,6 168 833,6 3
𝑑={ [ + ]}
𝜋 106,6 676
1
𝑑 = {30,56[1 583,8 + 249,8]}3
d = 38,3 mm
Note que os cálculos referem-se apenas ao eixo e não houve avaliação quanto ao fato
de neste diâmetro haver um rasgo de chaveta e concentração de tensão causada. Isto deve
ser feito separadamente e não será abordado neste instante.
Uma vez conhecido o diâmetro mínimo podem-se rever os cálculos com o valor
compatível com o diâmetro mais próximo padronizado, portanto, d5 = 38 mm da Tabela 8 e
assim, certificarmos que o diâmetro é adequado. Por exemplo, recalcular os valores de Kt, Kts e
Kf, Kfs e verificar se as tensões não são superiores á de escoamento, como também, se possui
vida suficientemente longa conforme necessidade do projeto pela comparação da tensão Se
com a tensão real.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Muitas vezes dimensionam-se eixos para colocar rolamentos e para recebê-los há
necessidade de produzir superfícies bem acabadas, em geral, com retificado comercial para
obter as tolerâncias e ajustes adequados para assentar o rolamento. Na grande maioria dos
casos é necessário também ter apoios laterais que devem ser suficientes para esta função e um
arredondamento com raio igual ou menor que aquele do rolamento possibilitando o encosto
adequado. Obviamente, existem soluções que podem permitir raios maiores. Vide figuras e
tabelas a seguir.
Na tabela a seguir são mostradas as cotas comuns para os cantos de rolamentos radiais
e eixos.
57
Nota: A Tabela 6 traz limites apenas para rolamentos radiais exceto Rolamentos cônicos.
Na tabela a seguir, assim como na tabela anterior são mostradas as dimensões dos raios
dos rolamentos e eixos, bem como, as alturas mínimas de encosto no eixo e alojamento.
58
Tabela 7: Raio de Canto do eixo e altura do encosto para os Rolamentos Radiais (7)
Dimensões
Nominais Eixo ou Alojamento
dos chanfros:
Raio do Raio de
Altura do encosto h (mínimo)
rolamento canto
Rolamentos: Fixo de Rolamentos: de
esferas, contato angular, de
Vertical e
Máximo Autocompensador de rolos cônicos e
horizontal
esferas, de rolos autocompensador de
cilíndricos e de agulhas rolos
0,05 0,05 0,2 -
0,08 0,08 0,3 -
0,1 0,1 0,4 -
0,15 0,15 0,6 -
0,2 0,2 0,8 -
0,3 0,3 1 1,25
0,6 0,6 2 2,5
1 1 2,5 3
1,1 1 3,25 3,5
1,5 1,5 4 4,5
2 2 4,5 5
2,1 2 5,5 6
2,5 2 - 6
3 2,5 6,5 7
4 3 8 9
5 4 10 11
6 5 13 14
7,5 6 16 18
9,5 8 20 22
12 10 24 27
15 12 29 32
19 15 38 42
Notas: (1) e (2) Os casos com carga axial pesada necessitam de altura de encosto maior.
Tolerância
Tolerância
extremidade (N.m) (3) extremidade (N.m) (3)
(2)
(2)
do eixo, d do eixo, d
(mm) (1) a b c (mm) a b c
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Bookman, 2004. p. 931.
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materiais. São Paulo : USP, 2010.
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teóricos e práticos. 5. São Paulo : Edgar Blücher, 1982. p. 290.
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prevenção da falha. 1. Rio de Janeiro : LTC, 2006. 85-216-4-1475-6.
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