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ELEMENTOS
DE
APOIO
À
PREPARAÇÃO
DO
TESTE
DE
DIREITO
DAS
OBRIGAÇÕES
Dezembro
de
2012
1
SUMÁRIO
1. —
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2010/2011
2. —
tópicos
de
resposta
à
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2010/2011
3. —
2.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2010/2011
4. —
prova
global
do
ano
lectivo
de
2010/2011
5. —
tópicos
de
resposta
à
2.ª
prova
parcelar
e
à
prova
global
do
ano
lectivo
de
2010/2011
6. —
exame
do
ano
lectivo
de
2010/2011
7. —
tópicos
de
resposta
ao
exame
do
ano
lectivo
de
2010/2011
8. —
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011/2012
9. —
tópicos
de
resposta
à
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011/2012
10. —
2.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011/2012
11. —
prova
global
do
ano
lectivo
de
2011/2012
12. —
tópicos
de
resposta
à
2.ª
prova
parcelar
e
à
prova
global
do
ano
lectivo
de
2011/2012
13. —
exame
do
ano
lectivo
de
2011/2012
14. —
tópicos
de
resposta
ao
exame
do
ano
lectivo
de
2011/2012
2
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2010
/
2011
I.
Caracterize
a
relação
obrigacional
do
ponto
de
vista
da
função,
explicitando
a
influência
da
função
sobre
o
regime
jurídico.
(máximo:
2
páginas)
II.
a)
A,
credor
de
B,
C
e
D
por
uma
dívida
comercial
de
10
000
euros,
exigiu
judicialmente
o
seu
pagamento
a
B.
Este
foi
condenado,
mas
o
credor
não
viu
satisfeito
o
seu
crédito
por
B
estar
insolvente.
A
pretende
agora
obter
o
pagamento
de
C.
Poderá
fazê-‐lo?
E
se
C
vier
a
pagar
aquela
quantia,
que
direitos
terá
em
relação
aos
outros
condevedores?
b)
A
solução
seria
a
mesma
se
a
dívida
não
fosse
comercial?
(máximo:
2
páginas)
III.
Diga,
sucintamente,
quais
são
as
diferenças
entre
os
direitos
de
crédito
e
os
direitos
reais.
(máximo:
2
páginas)
Cotações:
I
—
6
valores;
II.
—
8
valores;
III.
—
6
valores
3
Tópicos
de
resposta
I.
-‐
art.
398.º,
n.º
2
do
Código
Civil
–
aspecto
funcional
do
direito
de
crédito;
-‐
O
interesse
do
credor
projecta-‐se
no
regime
jurídico
das
relações
obrigacionais:
1) Extinção
das
relações
obrigacionais
por
“frustração
do
fim
da
prestação”
ou
por
“realização
do
fim
da
prestação
por
outra
via”
(art.
398.º,
n.º
2
e
790.º
do
Código
Civil)
2) Qualificação
da
prestação
como
fungível
ou
não
fungível
(art.
767.º
n.º
2)
3) Qualificação
da
impossibilidade
como
definitiva
ou
temporária
(art.
792.º
do
código
Civil)
4) Atribuição
ou
recusa
ao
credor
do
direito
potestativo
de
resolução
do
contrato
bilateral
sinalagmático
(art.
793.º
e
802.º
do
Código
Civil)
5) Critério
de
conversão
da
mora
em
não
cumprimento
definitivo
(art.
808.º
do
Código
Civil)
Cfr.
Nuno
Manuel
Pinto
Oliveira,
Direito
das
obrigações,
vol.
I,
Livraria
Almedina,
Coimbra,
2005,
págs.
97-‐101.
II.
a)
art.
100.º
do
Código
Comercial
–
obrigação
solidária
– art.
512.º
do
Código
Civil
–
solidariedade
passiva
I.
-‐
Efeitos
da
solidariedade
nas
relações
externas:
– arts.
512.º
e
519.º
do
Código
Civil
– art.
519.º
do
Código
Civil
–
razão
atendível
– A
pode
exigir
10
000
euros
a
C
II.
-‐
Efeitos
da
solidariedade
nas
relações
internas:
4
– art.
524.º
– as
partes
dos
devedores
solidários
presumem-‐se
iguais
–
art.
516.º
– B
está
insolvente
–
art.
526.º
– C
pode
exigir
5
000
euros
a
D
b)
não
–
obrigação
parciária
–
A
só
pode
exigir
3
333
euros
a
B
ou
a
C
-
III.
1) Os
direitos
reais
são
absolutos;
os
direitos
de
crédito
são
relativos
a)
Infringindo
direitos
reais,
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
extracontratual
por
factos
ilícitos
(art.
483.º
do
Código
Civil);
infringindo
direitos
obrigacionais
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
contratual
(arts.
798.º
ss
do
Código
Civil)
b) Os
direitos
reais
têm
como
características
a
preferência
ou
prevalência
e
a
sequela;
Os
direitos
de
crédito
não
apresentam
estas
características
2) Os
direitos
reais
têm
como
objecto
imediato
uma
coisa;
os
direitos
de
crédito
têm
como
objecto
mediato
uma
prestação
3) Os
direitos
reais
estão
sujeitos
aos
princípios
da
tipicidade
e
da
taxatividade
(art.
1306.º,
n.º
1
do
Código
Civil);
As
partes
podem
fixar
livremente,
“dentro
dos
limites
da
lei”,
o
conteúdo
da
relação
jurídica
obrigacional
(art.
398.º
do
Código
Civil).
Cfr.
Nuno
Manuel
Pinto
Oliveira,
Direito
das
obrigações,
vol.
I,
págs.
233-‐240.
5
2.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2010/2011
I.
Diga,
sucintamente,
quais
são
as
diferenças
de
regime
entre
os
contratos
unilaterais
e
os
contratos
bilaterais.
II.
Em
Janeiro
de
2009,
A
prometeu
vender
a
B,
e
B
prometeu
comprar,
um
andar
para
habitação
situado
na
cidade
de
Lisboa,
pelo
preço
de
150
000
euros,
por
conta
dos
quais
B
pagou
imediatamente
a
quantia
de
15
000
euros.
O
contrato
previa
que
a
compra
e
venda
fosse
concluída
durante
o
ano
de
2008.
a)
Em
Março
de
2010,
B
propõe
uma
acção,
pedindo
a
execução
específica
da
promessa.
A
pretende
defender-‐se,
alegando
a
invalidade
do
contrato,
por
lhe
faltar
a
assinatura
de
B,
e
a
existência
de
uma
cláusula
contratual
pela
qual
se
afasta
a
execução
específica
no
caso
de
não
cumprimento.
Quid
juris?
b)
Suponha
que
a
assinatura
de
A
no
contrato
não
foi
reconhecida
presencialmente
e
que
o
contrato
não
contém
a
certificação,
pela
entidade
que
realiza
o
reconhecimento,
da
existência
da
respectiva
licença
de
utilização.
Poderá
A
invocar
esse
facto?
E,
se
A
não
o
invocar,
poderá
o
tribunal
conhecê-‐lo
oficiosamente?
c)
Suponha
agora
que,
em
Abril
de
2010,
A
vendeu
o
andar
a
C.
A
acção
de
execução
específica
deverá
ser
julgada
procedente?
Cotações:
I
—
5
valores;
II,
a)
—
5
valores;
b)
—
5
valores;
c)
—
5
valores.
6
Prova
global
do
ano
lectivo
de
2010/2011
I.
Diga,
sucintamente,
quais
são
as
diferenças
entre
os
direitos
de
crédito
e
os
direitos
reais.
II.
Em
Janeiro
de
2009,
A
prometeu
vender
a
B,
e
B
prometeu
comprar,
um
andar
para
habitação
situado
na
cidade
de
Lisboa,
pelo
preço
de
150
000
euros,
por
conta
dos
quais
B
pagou
imediatamente
a
quantia
de
15
000
euros.
O
contrato
previa
que
a
compra
e
venda
fosse
concluída
durante
o
ano
de
2008.
a)
Em
Março
de
2010,
B
propõe
uma
acção,
pedindo
a
execução
específica
da
promessa.
A
pretende
defender-‐se,
alegando
a
invalidade
do
contrato,
por
lhe
faltar
a
assinatura
de
B,
e
a
existência
de
uma
cláusula
contratual
pela
qual
se
afasta
a
execução
específica
no
caso
de
não
cumprimento.
Quid
juris?
b)
Suponha
que
a
assinatura
de
A
no
contrato
não
foi
reconhecida
presencialmente
e
que
o
contrato
não
contém
a
certificação,
pela
entidade
que
realiza
o
reconhecimento,
da
existência
da
respectiva
licença
de
utilização.
Poderá
A
invocar
esse
facto?
E,
se
A
não
o
invocar,
poderá
o
tribunal
conhecê-‐lo
oficiosamente?
c)
Suponha
agora
que,
em
Abril
de
2010,
A
vendeu
o
andar
a
C.
A
acção
de
execução
específica
deverá
ser
julgada
procedente?
Cotações:
I
—
5
valores;
II,
a)
—
5
valores;
b)
—
5
valores;
c)
—
5
valores.
7
Tópicos
de
resposta
à
2.ª
prova
parcelar
e
à
prova
global
do
ano
lectivo
de
2010/2011
I.
(prova
global)
1)
Os
direitos
reais
são
absolutos;
os
direitos
de
crédito
são
relativos
a)
Infringindo
direitos
reais,
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
extracontratual
por
factos
ilícitos
(art.
483.º
do
Código
Civil);
infringindo
direitos
obrigacionais
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
contratual
(arts.
798.º
ss
do
Código
Civil)
b) Os
direitos
reais
têm
como
características
a
preferência
ou
prevalência
e
a
sequela;
Os
direitos
de
crédito
não
apresentam
estas
características
2) Os
direitos
reais
têm
como
objecto
imediato
uma
coisa;
os
direitos
de
crédito
têm
como
objecto
mediato
uma
prestação
3) Os
direitos
reais
estão
sujeitos
aos
princípios
da
tipicidade
e
da
taxatividade
(art.
1306.º,
n.º
1
do
Código
Civil);
As
partes
podem
fixar
livremente,
“dentro
dos
limites
da
lei”,
o
conteúdo
da
relação
jurídica
obrigacional
(art.
398.º
do
Código
Civil).
Cfr.
Nuno
Manuel
Pinto
Oliveira,
Direito
das
obrigações,
vol.
I,
págs.
233-‐240.
I.
(prova
parcelar)
1) definição
de
contrato
unilateral
2) definição
de
contrato
bilateral
3) distinção
entre
contratos
bilaterais
perfeitos
(ou
sinalagmáticos)
e
contratos
bilaterais
imperfeitos
(ou
não
sinalagmáticos)
4) regime
específicos
dos
contratos
bilaterais
sinalagmáticos
5) excepção
de
não
cumprimento
do
contrato
–
arts.
428.º
ss.
6) Resolução
total
do
contrato
—
arts.
(795.º,
n.º
1,),
801.º,
n.º
2,
e
802.º
8
7) Resolução
parcial
do
contrato
—
redução
da
contraprestação
II.
a)
O
1.º
argumento
não
procede
1) requisitos
de
forma
do
contrato-‐promessa
–
art.
410.º,
n.º
2
2) nulidade
do
contrato-‐promessa
bilateral
3) controvérsia:
nulidade
total
/
nulidade
parcial
4) controvérsia:
conversão
/
redução
5) opção
pela
tese
da
nulidade
parcial
com
possibilidade
de
redução
6) assento
de
1989
7) critérios
de
atribuição
do
ónus
da
prova
8) correcção
dos
critérios
de
atribuição
do
ónus
da
prova
por
aplicação
do
princípio
da
boa
fé
O
2.º
argumento
não
procede
9) contrato-‐promessa
de
transmissão
de
direito
real
sobre
fracção
autónoma
—
art.
410.º,
n.º
3
10)execução
específica
imperativa
–
art.
830.º,
n.º
3
b)
1) O
promitente
vendedos
não
pode
invocar
a
nulidade
resultante
da
omissão
dos
dois
requisitos
–
art.
410.º,
n.º
3,
in
fine
2) O
tribunal
não
pode
conhecê-‐la
oficiosamente
—
assento
de
1995
c)
1) 1.ª
hipótese:
alienação
anterior
ao
registo
da
acção
de
execução
específica
2) Os
direitos
do
terceiro
prevalecem
sobre
os
direitos
do
promissário
9
3) 2.ª
hipótese:
alienação
posterior
ao
registo
da
acção
de
execução
específica
4) Os
direitos
do
promissário
prevalecem
sobre
os
direitos
de
terceiro
5) O
acórdão
de
uniformização
de
jurisprudência
n.º
4/98
10
Exame
final
do
ano
lectivo
de
2010
/
2011
I.
Caracterize
a
relação
obrigacional
do
ponto
de
vista
da
função,
explicitando
a
influência
da
função
sobre
o
regime
jurídico.
(máximo:
2
páginas)
II.
a)
A,
credor
de
B,
C
e
D
por
uma
dívida
comercial
de
10
000
euros,
exigiu
judicialmente
o
seu
pagamento
a
B.
Este
foi
condenado,
mas
o
credor
não
viu
satisfeito
o
seu
crédito
por
B
estar
insolvente.
A
pretende
agora
obter
o
pagamento
de
C.
Poderá
fazê-‐lo?
E
se
C
vier
a
pagar
aquela
quantia,
que
direitos
terá
em
relação
aos
outros
condevedores?
b)
A
solução
seria
a
mesma
se
a
dívida
não
fosse
comercial?
(máximo:
2
páginas)
III.
Em
Janeiro
de
2010,
A
prometeu
vender
a
B
e
este
prometeu
comprar
um
apartamento
situado
em
Guimarães,
pelo
preço
de
150
00
euros,
tendo
as
partes
atribuído
ao
contrato
“eficácia
absoluta”.
Em
Janeiro
de
2011,
violando
a
sua
promessa,
A
vendeu
o
apartamento
a
C,
pelo
preço
de
200
000
euros.
Diga,
justificando
legal
e
doutrinalmente,
que
direitos
assistem
a
B.
(máximo:
2
páginas)
Cotações:
I
—
6
valores;
II.
—
6
valores;
III.
—
8
valores
11
Tópicos
de
resposta
ao
exame
final
do
ano
lectivo
de
2010/2011
I.
-‐
art.
398.º,
n.º
2
do
Código
Civil
–
aspecto
funcional
do
direito
de
crédito;
-‐
O
interesse
do
credor
projecta-‐se
no
regime
jurídico
das
relações
obrigacionais:
1) Extinção
das
relações
obrigacionais
por
“frustração
do
fim
da
prestação”
ou
por
“realização
do
fim
da
prestação
por
outra
via”
(art.
398.º,
n.º
2
e
790.º
do
Código
Civil)
2) Qualificação
da
prestação
como
fungível
ou
não
fungível
(art.
767.º
n.º
2)
3) Qualificação
da
impossibilidade
como
definitiva
ou
temporária
(art.
792.º
do
código
Civil)
4) Atribuição
ou
recusa
ao
credor
do
direito
potestativo
de
resolução
do
contrato
bilateral
sinalagmático
(art.
793.º
e
802.º
do
Código
Civil)
5) Critério
de
conversão
da
mora
em
não
cumprimento
definitivo
(art.
808.º
do
Código
Civil)
Cfr.
Nuno
Manuel
Pinto
Oliveira,
Direito
das
obrigações,
vol.
I,
Livraria
Almedina,
Coimbra,
2005,
págs.
97-‐101.
II.
a)
art.
100.º
do
Código
Comercial
–
obrigação
solidária
– art.
512.º
do
Código
Civil
–
solidariedade
passiva
I.
-‐
Efeitos
da
solidariedade
nas
relações
externas:
– arts.
512.º
e
519.º
do
Código
Civil
– art.
519.º
do
Código
Civil
–
razão
atendível
– A
pode
exigir
10
000
euros
a
C
II.
-‐
Efeitos
da
solidariedade
nas
relações
internas:
12
– art.
524.º
– as
partes
dos
devedores
solidários
presumem-‐se
iguais
–
art.
516.º
– B
está
insolvente
–
art.
526.º
– C
pode
exigir
5
000
euros
a
D
b)
não
–
obrigação
parciária
–
A
só
pode
exigir
3
333
euros
a
B
ou
a
C
III.
1)
Contrato-‐promessa
(noção
e
forma
legal);
2)
Requisitos
para
atribuição
de
eficácia
real
ao
contrato-‐promessa
(presume-‐se
que
foram
observados);
-‐
3)
Incumprimento
definitivo
do
contrato-‐promessa;
-‐
4)
Possibilidade
de
B
intentar
uma
acção
de
execução
específica
(art.
830.º)
uma
vez
que
o
contrato-‐promessa
tem
eficácia
real.
13
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011
/
2012
I.
Diga,
sucintamente,
quais
são
as
diferenças
entre
os
direitos
de
crédito
e
os
direitos
reais.
(máximo:
2
páginas)
II.
A,
comerciante
de
automóveis,
é
credor
de
B,
C
e
D
por
uma
dívida
de
15.000
euros
correspondentes
ao
preço
de
um
automóvel
que
estes
adquiririam
na
loja
de
A.
Sendo
amigo
de
B,
A
decide
perdoar-‐lhe
a
dívida
afirmando
contudo
que
isso
não
prejudica
a
sua
faculdade
de
exigir
a
totalidade
dessa
quantia
aos
restantes
devedores.
Entretanto,
C
torna-‐se
insolvente.
Poderá
A
demandar
D
para
pagamento
integral
da
dívida?
E
se
D
vier
a
pagar
que
direitos
lhe
assistem
no
plano
das
relações
internas?
(máximo:
2
páginas)
III.
Os
sócios
de
uma
sociedade
por
quotas
tendo
por
objecto
o
comércio
de
tecidos
entraram
em
negociações
para
a
cessão
das
suas
quotas.
Os
negociadores
cedentes
e
os
negociadores
cessionários
chegaram
a
um
acordo
quanto
a
todas
as
cláusulas,
designadamente
quanto
à
data
da
conclusão
do
contrato
—
Janeiro
de
2011
—
e
quanto
ao
preço
da
cessão
—
500
000
euros.
Estando
convencidos
de
que
a
cessão
de
quotas
se
concretizaria,
os
negociadores
cedentes
desligaram-‐se
da
sociedade
e
os
negociadores
cessionários
ligaram-‐se
a
ela,
chamando
a
si
a
sua
gestão
(assim,
p.
ex.,
passaram
a
dirigir
a
empresa,
alteraram
os
seus
horários
de
trabalho,
retiraram
do
estabelecimento
tecidos
no
valor
de
100
000
euros
e
só
repuseram
nele
tecidos
no
valor
de
75
000
euros).
14
Em
Janeiro
de
2011,
os
negociadores-‐cessionários
recusaram-‐se,
porém,
sem
qualquer
justificação
razoável,
a
formalizar
o
contrato
de
cessão.
Podem
os
negociadores
cedentes
pedir-‐lhes
uma
indemnização?
(máximo:
2
páginas)
Cotações:
I.
—
6
valores;
II.
—
7
valores;
III.
—
7
valores
15
Tópicos
de
resposta
à
1.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011
/
2012
I.
1) Os
direitos
reais
são
absolutos;
os
direitos
de
crédito
são
relativos
a)
Infringindo
direitos
reais,
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
extracontratual
por
factos
ilícitos
(art.
483.º
do
Código
Civil);
infringindo
direitos
obrigacionais
o
agente
incorrerá
em
responsabilidade
contratual
(arts.
798.º
ss
do
Código
Civil)
b) Os
direitos
reais
têm
como
características
a
preferência
ou
prevalência
e
a
sequela;
Os
direitos
de
crédito
não
apresentam
estas
características
2) Os
direitos
reais
têm
como
objecto
imediato
uma
coisa;
os
direitos
de
crédito
têm
como
objecto
mediato
uma
prestação
3) Os
direitos
reais
estão
sujeitos
aos
princípios
da
tipicidade
e
da
taxatividade
(art.
1306.º,
n.º
1
do
Código
Civil);
As
partes
podem
fixar
livremente,
“dentro
dos
limites
da
lei”,
o
conteúdo
da
relação
jurídica
obrigacional
(art.
398.º
do
Código
Civil).
III.
1) Responsabilidade
pré-‐contratual
pela
não
conclusão
do
contrato
2) por
causa
da
interrupção
(injustificada)
das
negociações
3) Requisitos
gerais
da
responsabilidade
pré-‐contratual
4) Requisitos
específicos
da
responsabilidade
pré-‐contratual
a) Distinção
entre:
i) Dever
de
continuação
das
negociações
para
a
conclusão
do
contrato
ii) Dever
de
conclusão
do
contrato
b) No
caso
concreto
—
violação
do
dever
de
conclusão
do
contrato
5) Efeitos
da
responsabilidade
pré-‐contratual
a) Distinção
entre:
i) Interesse
contratual
negativo
ii) Interesse
contratual
positivo
16
b) No
caso
concreto:
—
indemnização
pelo
interesse
contratual
positivo
17
2.ª
prova
parcelar
do
ano
lectivo
de
2011/2012
I.
Em
Janeiro
de
2012,
A
vendeu
um
automóvel
desportivo
a
B,
pelo
preço
de
120000
euros,
devendo
o
automóvel
ser
entregue
em
Junho
e
o
preço
ser
pago
em
12
prestações
mensais
de
10000
euros
cada,
a
partir
de
Julho.
Em
Maio,
A
descobre
que
B
está
em
condições
económicas
difíceis
e,
preocupado
com
a
possibilidade
de
B
não
cumprir,
pretende
saber
se
pode
recusar-‐se
a
entregar-‐lhe
o
automóvel
até
que
B
pague
os
120000
euros.
Quid
juris?
II.
Em
Janeiro
de
2012,
A
prometeu
a
vender
a
B,
e
B
prometeu
comprar,
um
apartamento
situado
na
cidade
de
Braga,
pelo
preço
de
150
000
euros.
B
entregou
de
imediato
a
quantia
de
15
000
euros,
a
título
de
sinal
e
princípio
de
pagamento.
O
documento,
ainda
que
tivesse
sido
devidamente
assinado,
não
continha
o
reconhecimento
presencial
das
assinaturas
dos
contraentes.
Em
Março
de
2012,
B
interpela
A
para
que
formalizem
a
venda,
ao
que
A
responde,
dizendo-‐lhe
que
o
contrato
não
é
válido,
pelo
que
não
tem
o
dever
de
cumprir
a
sua
promessa,
e
que,
ainda
que
o
contrato
fosse
válido,
não
poderia
cumpri-‐la,
por
ter
vendido
o
apartamento
a
C
em
Fevereiro
por
200
000
euros.
a) Pronuncie-‐se
sobre
cada
um
dos
argumentos
de
A.
b) B
terá
algum
direito
contra
A?
c) Se
C,
aquando
da
compra
do
apartamento,
soubesse
de
tudo
quanto
se
tinha
passado
entre
A
e
B,
B
teria
algum
direito
contra
C?
III.
Suponha
agora
que
o
contrato
só
não
tinha
o
reconhecimento
presencial
das
assinaturas
porque
B,
por
esquecimento,
não
compareceu
no
cartório
notarial
18
onde
as
partes
tinham
combinado
encontrar-‐se.
A
resposta
às
três
alíneas
anteriores
seria
diferente?
Cotações:
I
—
4
valores;
II,
a)
—
4
valores;
b)
—
4
valores;
c)
—
4
valores;
III
—
4
valores.
19
Prova
global
do
ano
lectivo
de
2011/2012
I.
Diga,
sucintamente,
quais
são
as
características
dos
direitos
pessoais
de
gozo.
II.
Em
Janeiro
de
2012,
A
prometeu
a
vender
a
B,
e
B
prometeu
comprar,
um
apartamento
situado
na
cidade
de
Braga,
pelo
preço
de
150
000
euros.
B
entregou
de
imediato
a
quantia
de
15
000
euros,
a
título
de
sinal
e
princípio
de
pagamento.
O
documento,
ainda
que
tivesse
sido
devidamente
assinado,
não
continha
o
reconhecimento
presencial
das
assinaturas
dos
contraentes.
Em
Março
de
2012,
B
interpela
A
para
que
formalizem
a
venda,
ao
que
A
responde,
dizendo-‐lhe
que
o
contrato
não
é
válido,
pelo
que
não
tem
o
dever
de
cumprir
a
sua
promessa,
e
que,
ainda
que
o
contrato
fosse
válido,
não
poderia
cumpri-‐la,
por
ter
vendido
o
apartamento
a
C
em
Fevereiro
por
200
000
euros.
a) Pronuncie-‐se
sobre
cada
um
dos
argumentos
de
A.
b) B
terá
algum
direito
contra
A?
c) Se
C,
aquando
da
compra
do
apartamento,
soubesse
de
tudo
quanto
se
tinha
passado
entre
A
e
B,
B
teria
algum
direito
contra
C?
III.
Suponha
agora
que
o
contrato
só
não
tinha
o
reconhecimento
presencial
das
assinaturas
porque
B,
por
esquecimento,
não
compareceu
no
cartório
notarial
onde
as
partes
tinham
combinado
encontrar-‐se.
A
resposta
às
três
alíneas
anteriores
seria
diferente?
Cotações:
I
—
4
valores;
II,
a)
—
4
valores;
b)
—
4
valores;
c)
—
4
valores;
III
—
4
valores.
20
Tópicos
de
resposta
à
2.ª
prova
parcelar
e
à
prova
global
do
ano
lectivo
de
2011/2012
I.
(prova
global)
— Os
direitos
pessoais
de
gozo
como
direitos
de
estrutura
complexa
— Os
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
estrito
são
direitos
absolutos
— Os
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
estrito
têm
por
objecto
imediato
uma
coisa
— Os
direitos
pessoais
de
gozo
são
direitos
de
regime
dualista
ou
misto
I.
(prova
parcelar)
— O
vendedor
invoca
a
excepção
de
não
cumprimento
—
art.
428.º,
em
ligação
com
o
art.
429.º
do
Código
Civil
(dado
que
as
prestações
não
devem
ser
realizadas
simultaneamente)
— O
art.
429.º
deve
aplicar-‐se
aos
casos
de
fundado
receio
de
insolvência
— Se
as
“condições
económicas
difíceis”
do
comprador
puderem
ser
qualificadas
como
“fundado
receio
de
insolvência”,
o
vendedor
terá
razão.
II.
a) O
1.º
argumento
não
procede:
21
— falta
o
reconhecimento
presencial
da
assinatura
dos
promitentes
pelo
que
o
contrato
é
inválido.
— nulidade
atípica:
diferentemente
do
que
decorreria
do
art.
286.º
do
C.Civ.,
nos
termos
do
art.
410.º,
n.º
3,
“o
contraente
que
promete
transmitir
ou
constituir
o
direito
só
pode
invocar
a
omissão
destes
requisitos
quando
a
mesma
tenha
sido
culposamente
causada
pela
outra
parte”.
O
promitente-‐
alienante
não
pode
arguir
a
nulidade
do
contrato-‐promessa
por
omissão
desta
formalidade.
— 2.º
argumento:
— o
contrato-‐promessa
celebrado
entre
A
e
B
tem
eficácia
meramente
obrigacional
uma
vez
que
não
foram
observadas
as
formalidades
previstas
no
art.
413.º
do
C.Civ.
— O
contrato
de
compra
e
venda
celebrado
entre
A
e
B
é
válido
e
produz
os
efeitos
previstos
no
art.
408.º,
n.º
1
e
879.º
do
C.Civ.
— A
já
não
pode
cumprir
o
contrato-‐promessa
que
celebrou
com
B
porque
já
não
é
ele
o
proprietário
do
apartamento
mas
sim
C
(impossibilidade
definitiva
de
cumprimento
do
contrato-‐promessa
imputável
ao
devedor).
b) O
promitente-‐comprador
não
pode
propor
uma
acção
de
execução
específica.
Existindo
—
como
existe
—
sinal
passado
(art.
441.º),
o
promitente
comprador
tem
direito:
—
à
restituição
do
sinal
em
dobro
(art.
442.º,
n.º
2,
2.ª
parte,
1.ª
alternativa),
que
se
contretizará
numa
22
“indemnização”
de
2
x
15000
euros
=
30000
euros;
—
à
“restituição”
do
lucro
alcançado
através
da
alienação
da
coisa
a
terceiro
(art.
442.º,
n.º
2,
2.ª
parte,
2.ª
alternativa),
que
se
concretizará
numa
“indemnização”
de
200000-‐150000+15000
euros=
65000
euros.
O
facto
de
ter
havido,
ou
não,
tradição
da
coisa
deve
considerar-‐se
irrelevante
(PDC,
757)
c) Sim,
se
houver
abuso
do
direito
(art.
334.º
do
Código
Civil).
O
problema
relaciona-‐se
com
a
(chamada)
teoria
do
efeito
externo
das
relações
obrigacionais.
O
promitente-‐comprador
terá
um
direito
á
indemnização
contra
terceiro.
A
indemnização
poderá
surgir
sob
a
forma
de
indemnização
em
espécie
—
caso
em
que
o
terceiro
terá
o
dever
de
vender
ao
promitente-‐comprador
a
coisa
comprada
—
ou
de
uma
indemnização
em
dinheiro.
III
— Como
a
omissão
do
reconhecimento
presencial
das
assinaturas
foi
culposamente
causada
por
B,
A
já
poderia
invocar
a
nulidade
do
contrato-‐
promessa
com
fundamento
na
violação
das
formalidades
previstas
no
art.
410.º,
n.º
3,
do
Código
Civil.
Os
efeitos
seriam
os
decorrentes
do
regime
da
nulidade
e
não
do
regime
do
não
cumprimento
do
contrato-‐promessa.
— A
resposta
à
alínea
a)
é
diferente:
A
omissão
dos
requisitos
do
art.
410.º,
n.º
3,
pode
ser
invocada
pelo
promitente-‐vendedor.
— A
resposta
à
alínea
b),
também:
O
direito
do
promitente-‐comprador
não
chegou
a
constituir-‐se.
Como
a
omissão
dos
requisitos
do
art.
410.º,
n.º
3,
pode
ser
invocada
pelo
promitente-‐vendedor,
o
promitente
comprador
não
tem
nenhum
direito
contra
o
promitente-‐vendedor.
— A
resposta
à
al.
c),
também:
Como
o
direito
do
promitente-‐comprador
não
chegou
a
constituir-‐se,
o
promitente-‐comprador
não
tem
nenhum
direito
contra
terceiros.
23
Exame
final
do
ano
lectivo
de
2011/2012
I.
Comente
a
seguinte
afirmação,
justificando
legal
e
doutrinalmente
a
sua
resposta:
“Os
direitos
pessoais
de
gozo
são
direitos
de
regime
dualista
ou
misto”
(máximo:
2
páginas)
II.
Os
sócios
de
uma
sociedade
por
quotas
tendo
por
objecto
o
comércio
de
tecidos
entraram
em
negociações
para
a
cessão
das
suas
quotas.
Os
negociadores
cedentes
e
os
negociadores
cessionários
chegaram
a
um
acordo
quanto
a
todas
as
cláusulas,
designadamente
quanto
à
data
da
conclusão
do
contrato
—
Janeiro
de
2011
—
e
quanto
ao
preço
da
cessão
—
500
000
euros.
Estando
convencidos
de
que
a
cessão
de
quotas
se
concretizaria,
os
negociadores
cedentes
desligaram-‐se
da
sociedade
e
os
negociadores
cessionários
ligaram-‐se
a
ela,
chamando
a
si
a
sua
gestão
(assim,
p.
ex.,
passaram
a
dirigir
a
empresa,
alteraram
os
seus
horários
de
trabalho,
retiraram
do
estabelecimento
tecidos
no
valor
de
100
000
euros
e
só
repuseram
nele
tecidos
no
valor
de
75
000
euros).
Em
Janeiro
de
2011,
os
negociadores-‐cessionários
recusaram-‐se,
porém,
sem
qualquer
justificação
razoável,
a
formalizar
o
contrato
de
cessão.
Podem
os
negociadores
cedentes
pedir-‐lhes
uma
indemnização?
(máximo:
2
páginas)
III.
Em
Janeiro
de
2011,
A
prometeu
vender
a
B
e
este
prometeu
comprar
um
apartamento
situado
em
Guimarães,
pelo
preço
de
150
00
euros,
tendo
as
partes
24
atribuído
ao
contrato
“eficácia
absoluta”.
Em
Janeiro
de
2012,
violando
a
sua
promessa,
A
vendeu
o
apartamento
a
C,
pelo
preço
de
200
000
euros.
Diga,
justificando
legal
e
doutrinalmente,
que
direitos
assistem
a
B.
(máximo:
2
páginas)
Cotações:
I.
—
6
valores;
II.
—
6
valores;
III.
—
8
valores
25
Tópicos
de
resposta
ao
exame
final
do
ano
lectivo
de
2011/2012
I.
1) os
direitos
pessoais
de
gozo
como
direitos
de
estrutura
complexa
2) distinção
entre
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
amplo
e
em
sentido
estrito
3) os
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
estrito
são
direitos
absolutos
4) os
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
estrito
têm
por
objecto
imediato
uma
coisa
5) os
direitos
pessoais
de
gozo
em
sentido
estrito
são
direitos
de
regime
dualista
ou
misto;
exemplos
II.
1) Responsabilidade
pré-‐contratual
pela
não
conclusão
do
contrato
2) por
causa
da
interrupção
(injustificada)
das
negociações
3) Requisitos
gerais
da
responsabilidade
pré-‐contratual
4) Requisitos
específicos
da
responsabilidade
pré-‐contratual
a) Distinção
entre:
i) Dever
de
continuação
das
negociações
para
a
conclusão
do
contrato
ii) Dever
de
conclusão
do
contrato
b) No
caso
concreto
—
violação
do
dever
de
conclusão
do
contrato
5) Efeitos
da
responsabilidade
pré-‐contratual
a) Distinção
entre:
i) Interesse
contratual
negativo
ii) Interesse
contratual
positivo
b) No
caso
concreto:
—
indemnização
pelo
interesse
contratual
positivo
III.
1)
Contrato-‐promessa
(noção
e
forma
legal);
26
2)
Requisitos
para
atribuição
de
eficácia
real
ao
contrato-‐promessa
(presume-‐se
que
foram
observados);
-‐
3)
Incumprimento
definitivo
do
contrato-‐promessa;
-‐
4)
Possibilidade
de
B
intentar
uma
acção
de
execução
específica
(art.
830.º)
uma
vez
que
o
contrato-‐promessa
tem
eficácia
real.
27