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complementar - Jurisprudência de Competência Federal e Estadual.docx1
OAB XXVIII
III Exame de Ordem - Direito Processual Penal
Prof. Ana Cristina Mendonça
JURISPRUDÊNCIA
HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. CRIME PRATICADO CONTRA SUPOSTOS AUTORES DE FURTO DE QUE FOI VÍTI- VÍT
MA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ALEGADA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APONTADA AUSÊNCIA DE
OFENSA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS OU EMPRESAS PÚBLICAS. CONE- CON
XÃO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTI- JUST
ÇA FEDERAL. COAÇÃO O ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Nos termos do inciso III do artigo 76 do Código de Processo
Penal, a competência será determinada pela conexão “quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstân- circunstâ
cias elementares influir na prova de outra infração”.
infração”. 2. Na hipótese de conexão probatória ou instrumental entre delitos
estaduais e federais, todos devem ser processados e julgados perante a Justiça Federal, nos termos da Súmula 122 deste
Sodalício. 3. Constatado que o paciente foi acusado de integrar quadrilha
quadrilha voltada à prática de fraudes via internet, cuja
principal vítima seria a Caixa Econômica Federal, sendo que, nos termos da denúncia, sua atuação se daria “à margem da
‘organização’, extorquindo os crackers e cartãozeiros para tomar-lhes
tomar o dinheiro obtido
btido licitamente”, evidente a conexão
probatória ou instrumental entre os delitos da competência estadual e federal. 5. Ainda que não houvesse conexão probató- probat
ria entre o crime de concussão atribuído ao paciente e o furto supostamente cometido pelos demais corréus contra a autar-
quia federal, a sua absolvição pelo delito de quadrilha não seria suficiente para se afastar a competência da Justiça Fede- Fed
ral, diante do princípio da perpetuatio jurisdictionis, previsto no caput do artigo 81 do Código de Processo Penal.
Pe Preceden-
tes. PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. JUSTA CAUSA PARA A SEGREGAÇÃO CAUTELAR. A-
LEGADA AUSÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. NOVOS
FUNDAMENTOS. PERDA DO OBJETO. MANDAMUS JULGADO PREJUDICADO NESSE PONTO. 1. Tendo o remédio
constitucional sido dirigido contra a decisão que indeferiu pedido de revogação de prisão preventiva e, verificando-se
verificando a
superveniente prolação de sentença condenatória, na qual a custódia foi mantida por outros motivos, esvazia-se
esvazia o objeto da
impetração nesse ponto, uma vez que o encarceramento é agora decorrente de novo título judicial e tem novos fundamen- fundame
tos. 2. Ademais, não tendo os argumentos deste novo título embasador da prisão sido objeto de apreciação pela Corte
impetrada, torna-sese impossível conhecer do writ, sob pena de indevida supressão de instância. 3. Writ julgado parcialmente
prejudicado e, no restante, denegada a ordem. (STJ. HC 132135. Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJ 03/05/2011, DJe
17/05/2011)
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trata de crime próprio, que só poderia ser cometido, via de regra, por aqueles que, detendo informação relevante, administram
ou controlam instituição financeira. 3. Excluída a hipótese de crime contra o sistema financeiro, afasta-se
afasta a competência da
Justiça Federal, sobretudo porque a suposta fraude foi praticada em detrimento do Banco do Brasil (sociedade de economia
mista), sem que ocorresse lesão a bens, serviços ou interesses da União. Inteligência da Súmula 42/STJ. 4. Conflito conhecido
para declarar a competência da Justiça estadual. (STJ. CC 111.961/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, j.
26/10/2011, DJe 09/11/2011)
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FURTO QUALIFICADO DE CASA LOTÉRICA. REGIME DE PERMISSÃO. INTE- INT
RESSE GENÉRICO E REFLEXO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Nos serviços prestados pelas
casas lotéricas, apesar de serem realizados sob o regime de permissão, ainda que tenha a União o interesse na punição do
eventual criminoso, tal seria genérico
ico e reflexo, pois não há ofensa a seus bens, serviços ou interesses. 2. Conflito conhecido
para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal de Joaquim Távora/PR, ora suscitado. (STJ. CC 98.192/PR,
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, j. 09/09/2009, Dje 08/10/2009)
PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO CONTRA CASA LOTÉRICA. PESSOA JURÍDICA
DE DIREITO PRIVADO PERMISSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE LESÃO A BENS, SERVIÇOS OU INTE- INT
RESSE DA UNIÃO OU ENTIDADES FEDERAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR
A AÇÃO PENAL. 1. O delito de roubo cometido contra casa lotérica, pessoa jurídica de direito privado permissionária de servi-
serv
ço público, atingido apenas o seu patrimônio, não tem o condão de atrair a competência da Justiça Federal para o processo e
julgamento da respectiva ação penal, por não lesar bens, serviços ou interesse da União. 2. Conflito conhecido para declarar a
competência da Justiça Estadual (STJ. CC 40771 SP 2003/0204765-5,
2003/0204765 Rel. Min. PAULO GALLOTTI, j. 26/04/2005, Terceira
Seção, DJ 09.05.2005 p. 293)
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ral (Súmula 208/STJ). 2. Hipótese em que o bem a reclamar a tutela jurisdicional é do interesse da União, dado o desvio
de verbas públicas repassadas do Sistema Único de Saúde, de forma parcelada, ao ente municipal e depositadas em
conta específica, com destinação
tinação vinculada a diversos programas. 3. No caso em exame, evidenciada, neste momento
processual, lesão a bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas
deve a ação penal ser processada e julgada na Justiça Federal.
Fe 4. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o
trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medida excepcional, que somente deve ser adotada quando houver
inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de
indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se infere na hipótese dos autos. 5. Definida pela
instâncias ordinária a natureza de verba pública federal, a discussão quanto à origem do do montante desviado demandaria re-
r
volvimento fático-probatório,
probatório, o que não se admite na via estreita do writ. 6. Recurso em habeas corpus não provido. (STJ. RHC
52.205/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 14/08/2017)
CONFLITO
NFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO CONTRA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. É competente a Justiça Federal para processar e julgar crime cometido em detri- detr
mento do Sistema Único de Saúde - SUS, a teor do disposto
disposto no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal. 2. Conflito co-
c
nhecido para declarar competente o Juízo Federal da 2ª Vara de Uberlândia/MG, o suscitado. (STJ. CC 95.134 /MG, Rel. Min.
Haroldo Rodrigues, Terceira Seção, STJ, DJ: 14/03/2011, DJe: 01/04/2011)
Crime de concussão. Médico credenciado pelo SUS. Crime contra o particular: JUSTIÇA ESTADUAL
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONCUSSÃO. COBRANÇA INDEVIDA DE HONORÁ- HONOR
RIOS. MÉDICO DO SUS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO A BEM, SERVIÇO OU INTERESSE INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Não há que se falar em ofensa ao princípio da colegialida- colegialid
de em razão do julgamento monocrático do agravo em recurso especial. Isso porque, nos termos da Súmula 568, desta Corte,
Co
o "relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver
entendimento dominante acerca do tema." 2. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido que "compete à Justiça Esta-
Est
dual processar
ssar e julgar o feito destinado a apurar crime de concussão consistente na cobrança de honorários médicos ou des-
de
pesas hospitalares a paciente do SUS por se tratar de delito que acarreta prejuízo apenas ao particular, sem ofensa a bens,
serviços ou interessee da União" (CC 36.081/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/12/2004, DJ 01/02/2005, p. 403). 3. Agravo regimental desprovido. (STJ. AgRg no AREsp 1027491/RS, Rel. Ministro JOEL
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2018,17/05 DJe 01/06/2018)
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE CONCUSSÃO. COBRANÇA INDEVIDA A PARTI- PART
CULAR DE SERVIÇOS MÉDICO/HOSPITALARES ATENDIDOS PELO SUS. OFENSA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE
DA UNIÃO. INOCORRÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO. 1. A cobrança indevida de serviços médico-hospitalares
médico hospitalares acobertados pelo SUS, embora possa caracterizar o
crime de concussão, não implica prejuízo direito à União ou mesmo indireto via violação da
da “Política Nacional”. 2. “Compete à
Justiça Estadual processar e julgar o feito destinado a apurar crime de concussão consistente na cobrança de honorários mé-
m
dicos ou despesas hospitalares a paciente do SUS por se tratar de delito que acarreta prejuízo apenas
ap ao particular, sem o-
fensa a bens, serviços ou interesse da União” (CC 36.081/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJ.
01/02/2005 p. 403) 3. Agravo regimental não provido. (STJ. AgRg no CC 115.582/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção,
Seçã j.
27/06/2012, DJe 01/08/2012)
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMINAL. CRIME DE CONCUSSÃO. ART. 316 DO CÓDIGO PENAL. ACUSADOS:
DIRETOR E MÉDICO DE HOSPITAL CREDENCIADO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS. DELITO PRATICADO, EM TE- T
SE, CONTRA PARTICULAR. COMPETÊNCIA PETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. O recurso extraordinário, interposto com base na alínea
“a” do inciso III do art. 102 da Magna Carta, apontou violação aos arts. 5º, inciso LIII, e 109, inciso IV, da Lei das Leis. No entanto,
não houve manifestação do Tribunall a quo quanto aos dispositivos constitucionais tidos por violados, limitando-se
limitando o acórdão re-
corrido a consignar a competência da Justiça Federal para o julgamento do caso, em razão da existência de decisão transitada
em julgado nesse sentido. Patente, no caso, a ausência do requisito do prequestionamento. Todavia, em se tratando de compe- comp
tência absoluta, mostra-se se equivocado o entendimento segundo o qual decisão judicial com trânsito em julgado não pode ser
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PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA INDÍGENA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INAPLICA- INAPLIC
BILIDADE DA SÚMULA 140/STJ. STJ. PRISÃO PREVENTIVA. MODUS OPERANDI. REITERAÇÃO CRIMINOSA. SEGREGAÇÃO
CAUTELAR JUSTIFICADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. ART. 312 DO CPP. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRE- PR
CEDENTES DO STJ. ORDEM DENEGADA. 1. Nos termos do art. 109, XI, da Constituição Federal, a competência para pro-
cessar e julgar a “disputa sobre direitos indígenas” é da Justiça Federal. 2. A referida competência não se deve restringir às
à
hipóteses de «disputa de terras». Incide, também, aos direitos previstos no art. 231 da Constituição Federal,
Federal uma vez que os
delitos praticados assumiram proporções de transindividualidade, atingindo diretamente a organização social da comunidade
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indígena Reserva do Guarita/RS, bem como os seus costumes e cultura. Inaplicabilidade do verbete sumular 140/STJ. 3. A
prisão preventiva é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando devidamente amparada em fatos concretos que
demonstrem a presença dos requisitos legais, em observância ao princípio constitucional da presunção de inocência, sob pena
de antecipar reprimenda a ser cumprida no caso de eventual condenação. 4. Estando o decreto preventivo satisfatoriamente
justificado, em razão do modus operandi e da reiterada prática delituosa dos pacientes, resta evidente a necessidade de prote-
prot
ção da ordem pública, a teor do disposto no art. 312 do CPP. Precedentes do STJ. 5. Eventuais condições pessoais favoráveis
não garantem o direito subjetivo à revogação da custódia cautelar quando a prisão preventiva é decretada com observância do
disposto no art. 312 do CPP. 6.. Ordem denegada. (STJ. HC 77.280/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ
11/12/2008, DJe 09/03/2009)
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CRIME PRATICADO POR ÍNDIO.. AUSÊNCIA DE DISPUTA SOBRE
DIREITOS INDÍGENAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Em se tratando de conduta sem conotação especial,
inapta a revelar o interesse da coletividade indígena, não se vislumbra ofensa a interesse da União, pelo que aplicável na
espécie o Enunciado Sumular 140 desta Corte que dispõe, verbis: “Compete a Justiça Comum Estadual processar e Julgar
Crime em que o indígena figure como autor ou vítima.” 2. Conflito conhecido para determinar a competência do suscitado,
Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Dourados - MS. (STJ. CC 43328/MS, Rel. Min. OG Fernandes, Terceira Seção, STJ,
DJ: 08/10/2008, DJe 21/10/2008)
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dando azo à instauração de 4 ações penais distintas, que restaram distribuídas ao Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianor-
Ciano
te/PR. II. Ações penais que corriam separadamente, tendo sido reunidas na Ação Penal n.º 5000375-55.2010.404.7003,
5000375 diante
do reconhecimento da conexão, ocasião em que o Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianorte/PR declinou de sua compe- comp
tência em favor do Juízo Federal da Vara Criminal e Juizado Especial Criminal de Maringá - SJ/PR, tendo em vista o roubo
perpetrado
erpetrado contra a Agência dos Correios de Madaguaçu/PR, empresa pública federal, que atrairia a competência da Justiça
Federal também com relação aos crimes a ele conexos, nos termos da Súmula 122/STJ. III. Delito de roubo que foi perpetrado
contra agênciaa não franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, mas contra posto de atendimento da própria
EBCT, que tem natureza jurídica de empresa pública, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV,
da CF. IV. Não verificada a conexão entre o delito de roubo à Agência dos Correios de Mandaguaçu/PR com o crime de qua- qu
drilha ou com qualquer dos delitos imputados à “Quadrilha do Xandi”, salvo com o de falsa comunicação de crime ou contra-
contr
venção (art. 340 do Código Penal), as ações penais devem ser desmembradas de forma que seja firmada a competência da
Justiça Federal para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previsto no art. 340 do Código Penal a ele conexo,
mantendo-se se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas denúncias. V. Reconhecida
a incompetência absoluta da Justiça Estadual para processar e julgar os delitos de roubo e de falsa comunicação de crime ou
contravenção, cumpre examinar se a ação penal deve ser anulada na íntegra, ou se podem ser mantidos os atos decisórios
não meritórios praticados. VI. Embora o tema seja alvo de controvérsias, prevalece nesta Corte atualmente o entendimento de
que, constatada a incompetência absoluta, os autos devem ser remetidos ao Juízo competente,
competente, que pode ratificar ou não os
atos já praticados, nos termos do artigo 567 do Código de Processo Penal, e 113, § 2º, do Código de Processo Civil. VII. De-D
clarada a competência da Justiça Federal para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previsto
prev no art. 340 do Có-
digo Penal a ele conexo, mantendo-se se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas
denúncias. VIII. Conflito de competência conhecido, nos termos do voto do Rel. (STJ. CC 112424, Rel. Min. Gilson Dipp,Dip S3,
Terceira Seção STJ, DJ, 09/11/2011, DJe 17/11/2011)
Crime praticado CONTRA CARTEIRO da Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos : JUSTIÇA FEDERAL
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO. SUJEITO PASSIVO. CARTEIRO DA EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS. PROCESSO E JULGAMENTO. JUSTIÇA FEDERAL. 1. O crime de roubo praticado contra
carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no exercício de suas funções, atrai, de acordo com o art. 109, IV, da
d
Constituição da República, a competência
cia da Justiça Federal para o processo e julgamento da ação penal. 2. Conflito conheci-
conhec
do para declarar a competência da Justiça Federal, o suscitante, anulando-se
anulando se os atos praticados na Justiça Estadual. (STJ. CC
114196, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção,
Seçã DJ 27/04/2011, DJe 06/05/2011)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBOS COMETIDOS, INCLUSIVE, CONTRA AGÊNCIA FRANQUEADA DA EBCT. INE- IN
XISTÊNCIA DE PREJUÍZO À EBCT. PREVISÃO EM CLÁUSULA CONTRATUAL. INEXISTÊNCIA INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. COMPE- COMP
TÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de possível roubo de bens de a-
gência franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tendo em vista que, nos termos do respectivo contrato
contr de
franquia, a franqueada responsabiliza-se
se por eventuais perdas, danos, roubos, furtos ou destruição de bens cedidos pela fran-
fra
queadora, não se configurando, portanto, real prejuízo à Empresa Pública. II. Não evidenciado o cometimento de crime contra
oss bens da EBCT, não há que se falar em conexão de crimes de competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual, a
justificar o deslocamento da competência para a Justiça Federal. III. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de
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Direito da 4ª Vara
ara Criminal de Maceió/AL, o Suscitante. (STJ - CC 46.791, Rel. Min. Gilson Dipp, Terceira Seção, DJ
24/11/2004, publicação DJ 06/12/2004)
PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO IVO DE COMPETÊNCIA. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFI- TRÁF
CO. RECEPTAÇÃO. LAVAGEM DE CAPITAIS. DELITO ANTECEDENTE. COMPETÊNCIA ESTADUAL. IDÊNTICA COMPE- COMP
TÊNCIA PARA O BRANQUEAMENTO. 1. A competência para a apreciação das infrações penais de lavagem de capitais ca so-
mente será da Justiça Federal quando praticadas contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira,
econômico ou em detri-
mento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; ou quando o crime
antecedente
ente for de competência da Justiça Federal. In casu, não se apura afetação de qualquer interesse da União e o crime
antecedente - tráfico de drogas - no caso é da competência estadual. 2. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO
DE DIREITO DA 2ª VARA DE INHAPIM - MG, o suscitado. (STJ. CC 96678/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Terceira Seção, j. 11/02/2009, DJe 20/02/2009)
HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO O PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. TRANSNACIONALIDADE NÃO DE- D
MONSTRADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Não há provas nos autos de que os entorpecentes tenham sido
trazidos do exterior, muito embora haja fortes suspeitas de que eram provenientes do Peru e da Bolívia, países tidos por tradi-
trad
cionais “produtores” de tais substâncias; tampouco vislumbra-se
vislumbra se qualquer elemento apto a confirmar a eventual transnacionali-
transnacional
dade da organização criminosa. 2 “A mera natureza presumidamente estrangeira da droga apreendidaapreendida não basta à configura-
configur
ção da transnacionalidade” 3. Não havendo qualquer elemento caracterizador da ocorrência de tráfico de drogas transnacional,
fica afastada a aplicação do artigo 70 da Lei nº 11.343/2006, razão pela qual o feito deve tramitar perante a Justiça Estadual.
DENÚNCIA. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E LAVAGEM DE BENS E VALORES. AU- A
SÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS DO ACUSADO. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP PREENCHIDOS.
ESTABELECIMENTO DE LIAME ENTRE A ATUAÇÃO DO DO PACIENTE E OS CRIMES EM TESE COMETIDOS. POSSIBILI- POSSIBIL
DADE DO EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. CONSTRANGIMENTO NÃO EVIDENCIADO. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. 1.
Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos requisitos traçados no art. 41 do Código Códi de Pro-
cesso Penal, descrevendo perfeitamente os fatos típicos imputados, crimes em tese, com todas as suas circunstâncias, atribu-atrib
indo-os
os ao paciente, terminando por classificá-los,
classificá los, ao indicar os ilícitos supostamente infringidos. 2. Se a vestibular acusatória
acus
narra em que consistiu a ação criminosa do réu nos delitos em que lhe incursionou, permitindo o exercício da ampla defesa, é
inviável acolher-se
se a pretensão de invalidade da peça vestibular. 3. A denúncia, nos crimes de autoria coletiva, embora não
possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descrever, minuciosamente, as atuações individuais dos acusa- acus
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dos, demonstra um liame entre o agir do paciente e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e
possibilitando
ndo o exercício da ampla defesa, caso em que se entende preenchidos os requisitos do art. 41 do Código de Pro- Pr
cesso Penal (Precedentes). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. MÍNIMO RESPALDO INDI- IND
CIÁRIO E PROBATÓRIO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO
ILEGAL A SER SANADA NA OPORTUNIDADE. 1. O exame da alegada ausência de fundamentos mínimos para a deflagra- deflagr
ção da ação penal demanda aprofundada discussão probatória, enquanto que para o trancamento da ação penal pen é necessário
que exsurja, à primeira vista, sem exigência de dilação do contexto de provas, a ausência de justa causa para a sua deflagra-
deflagr
ção e/ou continuidade. 2. Em sede de habeas corpus, somente deve ser obstado o feito se restar demonstrada, de forma indu-
bitável, a ocorrência de circunstância extintiva da punibilidade, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade
materialid
do delito, e ainda, a atipicidade da conduta, o que não se configura na hipótese. 3. Ordem denegada. (STJ. HC 199190/AC,
Rel.
el. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, STJ, DJ 16/06/2011, DJe 29/06/2011)
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO. CRIME AMBIENTAL. AUSÊNCIA DE INTERES- INTERE
SE ESPECÍFICO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. O crime ambiental consistente em transporte
irregular de substância tóxica, na forma como operado
operado no caso vertente, não atrai a competência da Justiça Federal. 2. Consta
dos autos laudo emitido pela ABACC (Agência Brasileiro-Argentina
Brasileiro Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares) infor-
info
mando que o material poderia ser transportado por qualquer meio de transporte, exceto por via postal, não requerendo cuida-
cuid
dos adicionais. 3. A mera circunstância de o bem transportado ser de propriedade da Marinha do Brasil, por si só, não tem o
condão de atrair, no âmbito penal, a competência da Justiça Federal, já que o bem jurídico tutelado é o meio-ambiente.
meio Ausen-
te o interesse específico da União, o feito deve prosseguir perante a Justiça Estadual. Precedentes. 4. Agravo regimental a
que se nega provimento. (STJ. AgRg no CC 115.159/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Terceira Seção, j. 13/06/2012, DJe
21/06/2012)
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO EM ACRESCIDOS DE TERRENO DE MARINHA. BEM DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA DIRETAMENTE PELO TRIBUNAL A QUO. SÚ- S
MULA N.º 709/STF. ANÁLISE. SE. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELA ALÍNEA “A” E “C” DO INCISO
III DO ART. 105 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INDICAÇÃO ADEQUADA DOS DISPOSITIVOS LEGAIS TIDOS POR
VIOLADOS E OBJETOS DE DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA S N.º 284/STF.
PRECEDENTES. AGRAVOS REGIMENTAIS DESPROVIDOS. 1. Os crimes ambientais, em regra, são processados e julga- julg
dos perante a Justiça Estadual, contudo, havendo interesse direto e específico da União, de suas entidades autárquicas e
empresas públicas,
licas, a Justiça Especializada será competente para o processamento e julgamento da demanda. 2. In casu, as
instâncias ordinárias consignaram que as condutas delitivas ocorrem em acrescidos de terreno da Marinha, bem de proprieda-
propried
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PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CÂMARA FORMADA MAJORI- MAJOR
TARIAMENTE POR JUÍZES DE PRIMEIRO GRAU CONVOCADOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INO- IN
CORRÊNCIA. REPERCUSSÃO GERAL. RE Nº 597.133/RS. CRIME AMBIENTAL PRATICADO EM FOZ DO RIO AMAZO- AMAZ
NAS. RIO TRANSNACIONAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVI- PROV
MENTO. 1. O Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 597.133 /RS, de relatoria do Min. Ricardo Lewandowski, Dje de
05/04/2011, julgado sob o regime de repercussão geral, decidiu que não viola o postulado constitucional do juiz natural o jul-
ju
gamento de recurso por órgãos fracionários de tribunais compostos majoritariamente por juízes convocados. 2. Cabe à Justiça
Federal o julgamento de crime ambiental praticado no Rio Amazonas, pois se cuida de Rio interestadual e internacional, afe-
af
tando, assim, os interesses da união. 3. Recurso ordinário
ordinário a que se nega provimento. (STJ. RMS 26.721/DF, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, j. 12/04/2012, DJe 25/04/2012)
PENAL E PROCESSUAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. PROXIMIDADES DE ILHA OCEÂNICA. BEM
DE PROPRIEDADE DA UNIÃO. ÃO. RESERVA ECOLÓGICA CRIADA POR DECRETO FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NEGATIVA DE AUTORIA. MATÉRIA DE PROVA. DILA- DIL
ÇÃO. HABEAS CORPUS. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. DESCRIÇÃO SUFICIENTE. DIREITO DE DEFESA ASSEGU- A
RADO. ORDEM DENEGADA. 1. Segundo o entendimento da Terceira Seção deste Tribunal, os crimes ambientais, em regra,
são da competência da Justiça Comum Estadual, a não ser que, como na espécie, haja interesse da União, pois os fatos se
deram nas proximidades
dades de ilha oceânica, bem de sua propriedade (art. 20 da Constituição Federal), em Reserva Ecológica
Marítima, assim criada por Decreto Federal, o que justifica a competência da Justiça Federal. 2. A alegação de que a denúncia
é inepta porque não é o recorrente
orrente autor dos fatos, por não se encontrar no local da pesca proibida, não pode ser aferida na
via angusta do habeas corpus, pois demanda dilação probatória a ser realizada na instrução, sob o crivo do contraditório. 3.
Increpação que arrima-se em fiscalização
lização do IBAMA, onde demonstrados indícios de autoria. 4. Peça devidamente redigida,
nos termos do art. 41 do Código de Processo Penal, possibilitando o direito de defesa. Inépcia inexistente. 5. Recurso não
provido. (STJ. RHC 24.338/AP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, j. 18/10/2011, DJe 03/11/2011)
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pessoa humana (CF, art. 1º, inciso III). 4. A conjugação harmoniosa dessas circunstâncias se mostra hábil para atrair para a
competência da Justiça Federal (CF, art. 109,
09, inciso VI) o processamento e o julgamento do feito. 5. Recurso extraordinário do
qual se conhece e ao qual se dá provimento. (STF, RE 459510, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 26/11/2015,
26/11/20 ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-067 067 DIVULG 11-04-2016
11 PUBLIC
12-04-2016)
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Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 11. ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de Minas
Gerais/MG, ora suscitante. (STJ. CC 113428 /MG 2010/0140082-7,
2010/0140082 7, Min. Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, DJe
01/02/2011)
Competência para processar e julgar crime envolvendo Junta Comercial: Justiça Estadual
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. CRIME FALSIDADE IDEOLÓGICA
CONTRA JUNTA COMERCIAL. INEXISTÊNCIA DE LESÃO DIRETA A BENS, INTERESSES OU SERVIÇOS DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As juntas comerciais subordinam-se subordinam se administrativamente ao governo da unidade
un
federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do Comércio, conforme termos da Lei n.
8.934/1994. 2. Para se firmar a competência para processamento de demandas que envolvem a junta comercial de um estado
é necessário
rio verificar a existência de ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União, conforme art. 109, IV, da Constitu-
Constit
ição Federal, o que não ocorreu neste caso. 3. Conflito conhecido para declarar competente o JUÍZO DE DIREITO DO DE- D
PARTAMENTO DE INQUÉRITOS OS POLICIAIS E POLÍCIA JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO/DIPO-3,PAULO/DIPO o suscitado. (STJ. CC
130516/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, j. 26/02/2014, DJe 05/03/2014)
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Não se pode confundir incapacidade ou ineficácia das instâncias e autoridades locais com ineficiência. Enquanto
Enquan a incapaci-
dade ou ineficácia derivam de completa ignorância no exercício das atividades estatais tendentes à responsabilização dos
autores dos delitos apontados, a ineficiência constitui a ausência de obtenção de resultados úteis e capazes de gerar conse-
cons
quências jurídicas, não obstante o conjunto de providências adotadas. 7. Ainda que seja evidente que a ineficiência dos órgãos
órgão
encarregados de investigação, persecução e julgamento de crimes contra os direitos humanos, é situação grave e deve de- d
sencadear no seio dos Conselhos Nacionais e dos órgãos correicionais a tomada de providências aptas à sua resolução, não
é ela, substancialmente, o propulsor da necessidade de deslocamento da competência. Ao contrário, é a ineficácia do Estado,
revelada pela total ausência
usência de capacidade de mover-se
mover se e, assim, de cumprir papel estruturante de sua própria existência
organizacional, o fator desencadeante da federalização.
DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA. MOROSIDADE JUDICIÁRIA QUE, POR SI SÓ, NÃO JUSTIFICA A PRETENSÃO.
ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS DIVERSAS MAIS EFICAZES. CRIMES TAMBÉM ALVO DE INVESTIGAÇÃO POLICIAL E
DEFLAGRAÇÃO DE AÇÕES PENAIS EM M TRÂMITE NA PRIMEIRA INSTÂNCIA. CAUSAS COMPLEXAS. LENTIDÃO PRO- PR
CESSUAL QUE NÃO TEM O CONDÃO DE DETERMINAR A TRANSFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADU- ESTAD
AL À JUSTIÇA FEDERAL. PROPORCIONALIDADE QUE RECOMENDA OUTRAS MEDIDAS. REJEIÇÃO DO PEDIDO PRIN- PRI
CIPAL NESTE TE PONTO. 1. Existindo, mesmo diante de duas (02) ações penais complexas, pela natureza da causa, pelo en- e
volvimento de agentes estatais e o próprio número de denunciados e vítimas, a investigação policial que permitiu a oferta de
denúncia e resposta pelo Poder
oder Judiciário de 1º Grau, inviável e desproporcional mostra-se
mostra se a procedência do pleito de deslo-
desl
camento. Mesmo sendo perceptível que os atos não transcorrem em prazo desejável, nessas situações específicas não se
encontra caracterizada a incapacidade, ineficácia,
ficácia, omissão ou mesmo inércia das autoridades constituídas do Estado de Goi-
Go
ás, valendo anotar-se
se que a morosidade judiciária não é aludida, neste incidente constitucional, como fundamento direto da
pretensão. 2. A excepcionalidade do deslocamento de competência
competência implica que à sua acolhida não é suficiente a mera confir-
confi
mação de atraso na prestação jurisdicional, recomendando-se
recomendando se a adoção de medidas diversas, menos drásticas e, quiçá, mais
eficazes, como solução do quadro apontado. 3. Em cinco (05) ações penais penais referidas pelo Procurador-Geral
Procurador da República,
consoante demonstram os autos, ocorreu, a priori, a regular investigação por parte das autoridades policiais, desencadeadora
da oferta de denúncia pelo Ministério Público Estadual, após o que, diante da complexidade
complexidade dos crimes, iniciou-se
iniciou um proces-
so ainda não concluído. 4. Apesar de estarmos diante de preocupante atraso na prestação jurisdicional, tal cenário não revela
a incapacidade, ineficácia, omissão ou inércia por parte das autoridades goianas, requisito
requisito indispensável à procedência deste
incidente, pois o fator primordial para o deslocamento da competência é a ineficácia dos órgãos estatais encarregados da
investigação, persecução e julgamento dos crimes. 5. Invocando-se
Invocando se novamente o princípio da proporcionalidade,
propo mostra-se
viável e adequada a implementação de medidas distintas por este Superior Tribunal de Justiça, que poderão trazer celeridade
e eficácia à resposta penal.
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ção das autoridades locais no caso específico, desnudando situação de grave omissão dos deveres do Estado, ainda mais
quando os órgãos competentes, mesmo formalmente cientes de que um cidadão havia desaparecido, fato indicador de um
delito contra a vida, nada fizeram a respeito de imediato. 2. D'outra parte, é perceptível, e justifica o deslocamento de compe-
com
tência da Justiça Estadual para a Federal, a desarmonia nas atividades destinadas à persecução penal quando, embora se
tenhaa como reconhecida na fase indiciária a responsabilidade disciplinar dos investigados, não há a imediata tomada de provi-
prov
dências para oferta da imputação penal. No particular, observa-se
observa se que, a despeito da existência de sindicância com o indicia-
indici
mento de diversos
ersos policiais e de inquérito policial instaurado, passados quatro (04) anos da suposta prática delitiva, as autori-
autor
dades ainda se batem pela obtenção de informações a respeito da conclusão ou não do procedimento indiciário. 3. Restando
demonstrado, por fim,
m, que somente a deflagração do IDC determinou o impulso à investigação do desparecimento de dois (02)
indivíduos na Comarca de Alvorada do Norte, ao que tudo indica fruto de atuação ilícita de policiais militares, necessário aqui
aq
também o deslocamento de competência requerido pelo Procurador-Geral
Procurador Geral da República, mormente quando evidente que de- d
corridos quase cinco (05) anos do fato e aproximadamente seis (06) meses da diligência in loco, não se tem notícias de pro- pr
gressão na persecução penal. 4. Incidente de Deslocamento de Competência julgado procedente, em parte, nos termos do
voto do Relator.(STJ, IDC 3/GO, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 02/02/2015)
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. HOMICÍDIO INSERIDO EM CONTEXTO CONTEXTO DE GRUPOS DE EXTER- EXTE
MÍNIO. GRAVE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS. CONFIGURAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES DE- D
CORRENTES DE TRATADO INTERNACIONAL. ESTADO-MEMBRO. ESTADO MEMBRO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES DE APURAR VIOLA- VIOL
ÇÕES E RESPONSABILIZAR O(S) CULPADO(S). EXCEPCIONALIDADE DEMONSTRADA. DESLOCAMENTO DE COMPE- COMP
TÊNCIA QUE SE MOSTRA DEVIDO.
1. A Emenda Constitucional n. 45, de 31.12.2004, relativa à reforma do Poder Judiciário, inseriu no ordenamento jurídico brasi-
bras
leiro a possibilidade de deslocamento da competência originária para a investigação, o processamento e o julgamento dos
crimes praticados com grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações de- d
correntes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte.
p
2. A Terceira Seção deste Superior Tribunal explicitou que os requisitos do incidente de deslocamento de competência são
três: a) grave violação de direitos humanos; b) necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorren-
decorre
tes de tratados internacionais; c) incapacidade - oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política,
de condições pessoais e/ou materiais etc. - de o Estado-membro,
Estado membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a
sua extensão,
tensão, a persecução penal (IDC n. 1/PA, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 8.6.2005, DJ 10.10.2005).
3. A violação de direitos humanos que enseja o deslocamento de competência, além de grave, deve ser relacionada a obriga- obrig
ções decorrentes de tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
4. Para o deslocamento da competência, deve haver demonstração inequívoca de que, no caso concreto, existe ameaça efeti- efet
va e real ao cumprimento de obrigações assumidas por meio de tratados internacionais
internacionais de direitos humanos firmados pelo
Brasil, resultante de inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais de o Estado-membro,
Estado por suas institui-
ções e autoridades, proceder à devida persecução penal.
5. A confiabilidade das instituições
ões públicas envolvidas na persecução penal - Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário -,
constitucional e legalmente investidas de competência originária para atuar em casos como o presente, deve, como regra,
prevalecer, ser apoiada e prestigiada.
6. O incidente de deslocamento de competência não pode ter o caráter de prima ratio, de primeira providência a ser tomada
em relação a um fato (por mais grave que seja). Deve ser utilizado em situações excepcionalíssimas, em que efetivamente
demonstrada a suaa necessidade e a sua imprescindibilidade, ante provas que revelem descaso, desinteresse, ausência de
vontade política, falta de condições pessoais e/ou materiais das instituições - ou de uma ou outra delas - responsáveis por
investigar, processar e punir os responsáveis pela grave violação a direito humano, em levar a cabo a responsabilização dos
envolvidos na conduta criminosa, até para não se esvaziar a competência da Justiça Estadual e inviabilizar o funcionamento
da Justiça Federal.
7. A ideia de excepcionalidade
cionalidade do incidente não pode, contudo, ser de de grandeza tal a ponto de criar requisitos por demais
estritos que acabem por inviabilizar a própria utilização do instituto de deslocamento.
8. O caso dos autos aponta fatores relacionados à região onde ocorreu a morte do Promotor de Justiça estadual Thiago Faria
Soares, com indicativos de que o assassinato provavelmente resultou da ação de grupos de extermínio que atuam no interior
do Estado de Pernambuco (como tantos outros que ocorreram na região conhecida conhecida como "Triângulo da Pistolagem", situada
no agreste pernambucano), bem como ao certo e notório conflito institucional que se instalou, inarredavelmente, entre os ór- ó
gãos envolvidos com a investigação e a persecução penal dos ainda não identificados autoresautores do crime noticiado.
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9. A falta de entendimento operacional entre a Polícia Civil e o Ministério Público estadual ensejou um conjunto de falhas na
investigação criminal que arrisca comprometer o resultado final da persecução penal, com possibilidade, inclusive,
in de gerar a
impunidade dos mandantes e dos executores do citado crime de homicídio.
10. O pedido de deslocamento de competência encontra-se
encontra se fundamentado em afronta a tratado internacional de proteção a
direitos humanos.
O direito à vida, previsto naa Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica), é a pedra basilar
para o exercício dos demais direitos humanos. O julgamento justo, imparcial e em prazo razoável é, por seu turno, garantia
fundamental do ser humano, previsto, entre
ntre outros, na referida Convenção, e dele é titular não somente o acusado em proces-
proce
so penal, mas também as vítimas do crime (e a sociedade em geral) objeto da persecução penal, dada a redação ampliativa
dada ao inciso LXXVIII do artigo 5º da CF: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação". Ademais, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
tem, reiteradamente, asseverado que a obrigação estatal de investigar
investigar e punir as violações de direitos humanos deve ser em-
e
preendida pelos Estados de maneira séria e efetiva, dentro de um prazo razoável.
11. No caso vertente, encontram-se se devidamente preenchidos todos os requisitos constitucionais que autorizam e justificam
just o
pretendido deslocamento de competência, porquanto evidenciada a incontornável dificuldade do Estado de Pernambuco de
reprimir e apurar crime praticado com grave violação de direitos humanos, em descumprimento a obrigações decorrentes de
tratados internacionais
nternacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é parte.
12. Incidente de deslocamento de competência julgado procedente, para que seja determinada a imediata transferência do
Inquérito Policial n. 07.019.0160.00158/2013-1.1
07.019.0160.00158/2013 para a Polícia Federal, sobb o acompanhamento e controle do Ministério Pú- P
blico Federal, e sob a jurisdição, no que depender de sua intervenção, da Justiça Federal, Seção Judiciária de Pernambuco.
Ainda, determinação para que a tramitação do feito corra sob o regime de segredo de justiça,
justiça, observada a Súmula Vinculante
n. 14, do Supremo Tribunal Federal.
(STJ, IDC 5/PE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/08/2014, DJe 01/09/2014)
POSICI
POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS
Seguem algumas decisões interessantes sobre a competência para processo e julgamento de crimes “cibernéticos”.
Devemos observar que SOMENTE em caso de transnacionalidade será firmada a competência da Justiça Federal.
Da mesma forma, a competência TERRITORIAL, nos casos de crimes contra a honra, racismo e publicação de pornografia
infantil cometidos pela internet, dependerá do local em que as informações são alimentadas, sendo irrelevante o local do pro-
pr
vedor. Por local onde as publicações
ões são alimentadas entende-se
entende se aquele de onde efetivamente partiu a publicação do conteú-
conte
do, o que ocorre no próprio local do domínio em que se encontra a homepage, pois é ali que o titular do domínio alimenta o
seu conteúdo, independentemente do local onde se hospeda o sítio eletrônico (provedor).
Já nos crimes de furto mediante fraude praticados pela internet, aquelas hipóteses em que o meliante entra no site do banco
com a senha clonada e retira da conta bancária da vítima o valor ali existente, a competência
competência é fixada pelo local da agência em
que é mantida a conta da vítima.
Leia com atenção as decisões colacionadas.
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crimes contra a honranra praticados pela internet são classificados como formais, ou seja, a consumação se dá no momento de
sua prática, independente da ocorrência de resultado naturalístico, de forma que a competência deve se firmar de acordo com
a regra do art. 70 do CPP - "A A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução". II - A simples divulgação do conteúdo suposta-
supost
mente ofensivo na internet já é suficiente para delimitação da competência, sendo aquela do lugar em que as informações são
alimentadas nas redes sociais, irrelevante o local do provedor. Precedentes. III - A competência territorial possui natureza
relativa, motivo pelo qual deve ser arguida na primeira
primeira oportunidade em que a parte se manifesta nos autos, sob pena de pre-
pr
clusão. (...).(STJ.
(STJ. RHC 77.692/BA, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe 18/10/2017)
PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME CONTRA A HONRA. CALÚNIA. SUPOSTAS OFEN- OFE
SAS PUBLICADAS EM SITE NA INTERNET. COMPETÊNCIA DO LOCAL ONDE AS INFORMAÇÕES SÃO ALIMENTADAS.
1. Em recente decisão desta Terceira Seção ficou consolidado que é competente para julgamento de crimes cometidos pela
internet o juízo
zo do local onde as informações são alimentadas, sendo irrelevante o local do provedor. “Esse local deve ser
aquele de onde efetivamente partiu a publicação do conteúdo, o que ocorre no próprio local do domínio em que se encontra a
home page, porquanto é alili que o titular do domínio alimenta o seu conteúdo, independentemente do local onde se hospeda o
sítio eletrônico (provedor)” (CC 136.700/SP Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 1º/10/2015).
2. A jurisprudência da Corte admite a declaração de competência de terceiro juízo, estranho ao conflito. A veiculação da repor-
repo
tagem supostamente caluniosa partiu de sítio eletrônico cujo domínio é de empresa sediada em Fortaleza/CE, o que afasta a
competência dos juízos que figuram como suscitante e suscitado
susc neste incidente.
3. Conflito conhecido para declarar competente uma das varas criminais da comarca de Fortaleza/CE, juízo estranho ao confli-
confl
to.(STJ, CC 145.424/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 26/04/2016)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIMES CONTRA HONRA PRATICADOS PELA INTERNET. COMPETÊNCIA. VEICULA- VEICUL
ÇÃO DO CONTEÚDO OFENSIVO. FIXAÇÃO NO LOCAL DO TITULAR DO PRÓPRIO DOMÍNIO E QUE CRIOU A HOME
PAGE ONDE É ABASTECIDO SEU CONTEÚDO.
1. Tratando-se de crimes contra a honra
onra praticados pela internet, a competência deve ser firmar de acordo com a regra do art.
70 do Código de Processo Penal, segundo o qual “A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar
lugar em que for praticado o último ato de execução”. Isso porque constituem-se
constituem
crimes formais e, portanto, consumam-se se no momento de sua prática, independentemente da ocorrência de resultado natura-natur
lístico. Assim, a simples divulgação do conteúdo supostamente
supostamente ofensivo na internet já é suficiente para delimitação da compe-
comp
tência.
2. Esse local deve ser aquele de onde efetivamente partiu a publicação do conteúdo, o que ocorre no próprio local do domínio
em que se encontra a home page, porquanto é ali que o titular
titular do domínio alimenta o seu conteúdo, independentemente do
local onde se hospeda o sitio eletrônico (provedor).
3. No caso, a veiculação da reportagem que deu ensejo ao inquérito policial partiu de sítio eletrônico cujo domínio era de em-
e
presa situada no Matoato Grosso, razão pela qual a competência é do Juízo Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Estado do
Mato Grosso.(STJ, CC 136.700/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/09/2015,
DJe 01/10/2015)
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RECURSO RSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TROCA DE IMAGENS PORNOGRÁFICAS COM ADOLESCENTE VIA
WHATSAPP E SKYPE. ART. 241-11 DA LEI 8.069/90. ÂMBITO PRIVADO DAS MENSAGENS. COMPETÊNCIA ESTADUAL.
ALEGAÇÃO DE LITISPENDÊNCIA. NÃO CONSTATAÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE DE GARANTIA DA A-
PLICAÇÃO DA LEI PENAL. PREVENÇÃO DA REITERAÇÃO DELITIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. EVENTUAIS CIR- CI
CUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. INSUFICIÊNCIA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. RECURSO DESPROVIDO. DESPROVIDO. 1. A Justiça Federal é competente, confor- confo
me disposição do inciso V do art. 109 da Constituição da República, quando se tratar de infrações previstas em tratados ou
convenções internacionais, como é caso do racismo, previsto na Convenção Internacional
Internacional sobre a Eliminação de todas as
Formas de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário, assim como nos crimes de guarda de moeda falsa, de tráfico
internacional de entorpecentes, de tráfico de mulheres, de envio ilegal e tráfico de menores, de tortura,
tor de pornografia infantil e
pedofilia e corrupção ativa e tráfico de influência nas transações comerciais internacionais. 2. Deliberando sobre o tema, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n. 628.624/MG, em sede sed de repercussão
geral, assentou que a fixação da competência da Justiça Federal para o julgamento do delito do art. 241-A 241 do Estatuto da
Criança e do Adolescente (divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-pornográfico)
pedófilo pornográfico) pressupõe a possibilidade de identifica-
iden
ção do atributo da internacionalidade do resultado obtido ou que se pretendia obter. 3. Por sua vez, a constatação da interna-
intern
cionalidade do delito demandaria apenas que a publicação do material pornográfico tivesse sido feita em "ambiência virtual de
sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet" e que "o ma-m
terial pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes tenha estado acessível por alguém no estrangeiro, ainda que não haja
evidências
ncias de que esse acesso realmente ocorreu" (RE 628.624, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Relator para acórdão: Min.
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EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2015, acórdão eletrônico REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-062
DIVULG 05-04-2016 PUBLIC 06-04-2016) 4. Hipótese na qual não há imputação de que o conteúdo pornográfico tenha sido
divulgado em sítios virtuais de amplo e fácil acesso, na internet, uma vez que as mensagens teriam sido trocadas por meio dos
aplicativos whatsapp e skype, aplicativos em que a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor da mensa-mens
gem. Trata-se
se de troca de informação privada que não está acessível a qualquer pessoa. 5. Desse modo, não tendo sido pre- pr
enchido o requisito estabelecido pela Corte Suprema de que a postagem
posta de conteúdo pedófilo-pornográfico
pornográfico tenha sido feita
em cenário propício ao livre acesso, não se sustenta a alegação de incompetência da Justiça estadual para o julgamento do
caso. 6. Não se sustenta alegação de litispendência em hipótese na qual os processos
processos versam sobre fatos diversos, ocorridos
em datas distintas, e inclusive com tipificação penal diferente. 7. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de
crime reveste-se
se de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico (art. 5º, LXI, LXV LXV e LXVI, da CF). Assim, a medida,
embora possível, deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que demonstre a existência da
prova da materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência
ocorrê de um ou mais pres-
supostos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Exige-se,
Exige se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência dominante deste
Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada em motivação concreta, concre sendo
vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime. 8. Hipótese na qual a prisão encontra-se
encontra justificada pela neces-
sidade de assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que o recorrente não apresenta vínculo com o distrito da culpa e per- pe
maneceu
aneceu foragido, sendo preso em outra unidade da Federação. 9. A necessidade da prisão fica reforçada pelos veementes
indícios de que as condutas em tela eram praticadas de modo habitual pelo recorrente, tendo ele declarado que "fazia contato
com outros menores,
nores, do sexo feminino e masculino, no mesmo sentido pedindo fotos e vídeos para esses menores, estando
eles nus e também mandava fotos suas para os demais menores, sendo que a maioria das fotografias encontradas nos seus
celulares eram dessas crianças e adolescentes". 10. As circunstâncias que envolvem o fato demonstram que outras medidas
previstas no art. 319 do Código de Processo Penal não surtiriam o efeito almejado para a proteção da ordem pública e da
aplicação da lei penal. 11. Estando presentes os requisitos autorizadores da segregação preventiva, eventuais condições pes- pe
soais favoráveis não são suficientes para afastá-la.
afastá 12. Recurso desprovido. (STJ. RHC 85.605/RJ, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 26/09/2017, DJe 02/10/2017) 0
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL. DIVUL- DIVU
GAÇÃO DE IMAGEM PORNOGRÁFICA DE ADOLESCENTE VIA WHATSAPP E EM CHAT NO FACEBOOK. ART. 241-1 241 DA
LEI 8.069/90. INEXISTÊNCIA DE EVIDÊNCIAS DE DIVULGAÇÃO DAS IMAGENS EM SÍTIOS VIRTUAIS DE AMPLO E FÁ- F
CIL ACESSO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. A Justiça Federal é competente, conforme disposição do inciso V do art. 109 da Constituição da República, quando se tratar
de infrações previstas em tratados ou convenções
venções internacionais, como é caso do racismo, previsto na Convenção Internacio-
Internaci
nal sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário, assim como nos crimes de
guarda de moeda falsa, de tráfico internacional de entorpecentes,
entorpecentes, de tráfico de mulheres, de envio ilegal e tráfico de menores,
de tortura, de pornografia infantil e pedofilia e corrupção ativa e tráfico de influência nas transações comerciais internacionais.
internaci
2. Deliberando sobre o tema, o Plenário do Supremo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.
628.624/MG, em sede de repercussão geral, assentou que a fixação da competência da Justiça Federal para o julgamento do
delito do art. 241-A
A do Estatuto da Criança e do Adolescente (divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-pornográfico)
pedófilo
pressupõe a possibilidade de identificação do atributo da internacionalidade do resultado obtido ou que se pretendia obter. Por P
sua vez, a constatação da internacionalidade do delito demandaria apenas que a publicaçãopublicação do material pornográfico tivesse
sido feita em “ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que estejaeste
conectado à internet” e que “o material pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes
adolescentes tenha estado acessível por alguém
no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse acesso realmente ocorreu.” (RE 628.624, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-062 062 DIVULG 05-04-2016
05 PUBLIC 06-04-2016)
3. Situação em que os indícios coletados até o momento revelam que as imagens da vítima foram trocadas por particulares via
Whatsapp e por meio de chat na rede social Facebook.
Faceb
4. Tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se
Trata se de troca de informação privada que não está acessível a qual-qua
quer pessoa.
5. Diante de tal contexto, no caso concreto, não foi preenchido o requisito estabelecido pela Corte Suprema de que a posta- post
gem de conteúdo pedófilo-pornográfico
pornográfico tenha sido feita em cenário propício ao livre acesso.
6. A possibilidade de descoberta de outras
utras provas e/ou evidências, no decorrer das investigações, levando a conclusões dife- dif
rentes, demonstra não ser possível firmar peremptoriamente a competência definitiva para julgamento do presente inquérito
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policial. Isso não obstante, tendo em conta que a definição do Juízo competente em tais hipóteses se dá em razão dos indícios
coletados até então, revela-sese a competência do Juízo Estadual.
7. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal e Execução Penal de São Sebastião
Se
do Paraíso/MG, o Suscitado. (STJ, CC 150564 / MG, Conflito de Competência 2016/0338448-1,
2016/0338448 1, Rel. Ministro Reynaldo Soares
da Fonseca, Terceira Seção, J. 26/04/2017, DJe 02/05/2017)
PENAL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME CRIME RELACIONADO À DIVULGAÇÃO DE
MATERIAL PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇAS/ADOLESCENTES POR MEIO DA INTERNET. INEXISTÊNCIA DA
TRANSNACIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. NULIDADE DE LAUDO PERICIAL. QUESTÃO NÃO
SUBMETIDA AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SUPRESSÃO SUP DE INSTÂNCIA.
1. A Terceira Seção deste Tribunal, no julgamento do CC n.
128.140/SP, firmou entendimento segundo o qual é da justiça estadual a competência para julgar as ações criminais referentes
a crimes relacionados a pedofilia praticados por meio
meio da internet, ressalvada a competência da justiça federal na hipótese em
que há indícios ou prova a respeito da transnacionalidade.
2. No caso, as instâncias ordinárias, mediante análise fático-probatória,
fático probatória, verificaram que as condutas criminosas não ultrapas-
ultra
sam as fronteiras nacionais, limitando-se
se ao território do município, razão pela qual a competência para o julgamento da ação
criminal é da justiça estadual.
3. A tese de nulidade do laudo pericial não comporta conhecimento no âmbito deste Tribunal Superior,
Supe sob pena de indevida
supressão de instância, uma vez que a questão não foi examinada pela Corte de origem.
4. Agravo regimental desprovido.
(STJ, AgRg no HC 236.783/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Quinta Turma, julgado em 16/02/2016, DJe 08/03/2016)
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME PREVIS- PREVI
TO NO ARTIGO 241-A A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO
E PUBLICAÇÃO DE IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇA CRIANÇA OU ADOLESCENTE. CON- CO
VENÇÃO SOBRE DIREITOS DA CRIANÇA. DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES
(INTERNET). INTERNACIONALIDADE. ARTIGO 109, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FE- F
DERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. À luzz do preconizado no art. 109, V, da CF, a competência para processamento e julgamento de crime será da Justiça Fede-Fed
ral quando preenchidos 03 (três) requisitos essenciais e cumulativos, quais sejam, que: a) o fato esteja previsto como crime no
Brasil e no estrangeiro;
strangeiro; b) o Brasil seja signatário de convenção ou tratado internacional por meio do qual assume o compro-
compr
misso de reprimir criminalmente aquela espécie delitiva; e c) a conduta tenha ao menos se iniciado no Brasil e o resultado
tenha ocorrido, ou devesse sse ter ocorrido no exterior, ou reciprocamente. 2. O Brasil pune a prática de divulgação e publicação
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de conteúdo pedófilo-pornográfico,
pornográfico, conforme art. 241-A
241 A do Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. Além de signatário da
Convenção sobre Direitos da Criança, nça, o Estado Brasileiro ratificou o respectivo Protocolo Facultativo. Em tais acordos interna-
intern
cionais se assentou a proteção à infância e se estabeleceu o compromisso de tipificação penal das condutas relacionadas à
pornografia infantil. 4. Para fins de preenchimento
eenchimento do terceiro requisito, é necessário que, do exame entre a conduta praticada
e o resultado produzido, ou que deveria ser produzido, se extraia o atributo de internacionalidade dessa relação. 5. Quando a
publicação de material contendo pornografiaa infanto-juvenil
infanto juvenil ocorre na ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a
qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet, a constatação da internacionalidade se infereinfer
não apenas do fato de que a postagem se opera em em cenário propício ao livre acesso, como também que, ao fazê-lo,
fazê o agente
comete o delito justamente com o objetivo de atingir o maior número possível de pessoas, inclusive assumindo o risco de que
indivíduos localizados no estrangeiro sejam, igualmente, destinatários
destinatários do material. A potencialidade do dano não se extrai
somente do resultado efetivamente produzido, mas também daquele que poderia ocorrer, conforme própria previsão constitu- constit
cional. 6. Basta à configuração da competência da Justiça Federal que o material pornográfico envolvendo crianças ou adoles-adole
centes tenha estado acessível por alguém no estrangeiro, ainda que não haja evidências de que esse acesso realmente ocor- oco
reu. 7. A extração da potencial internacionalidade do resultado advém do nível de abrangência
abrangência próprio de sítios virtuais de
amplo acesso, bem como da reconhecida dispersão mundial preconizada no art. 2º, I, da Lei 12.965/14, que instituiu o Marco
Civil da Internet no Brasil. 8. Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial,
potencial, quando o panorama fático
envolve apenas a comunicação eletrônica havida entre particulares em canal de comunicação fechado, tal como ocorre na
troca de e-mails
mails ou conversas privadas entre pessoas situadas no Brasil. Evidenciado que o conteúdo permaneceu
perma enclausu-
rado entre os participantes da conversa virtual, bem como que os envolvidos se conectaram por meio de computadores insta- inst
lados em território nacional, não há que se cogitar na internacionalidade do resultado. 9. Tese fixada: “Compete à Justiça Fe-
deral processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou ado- ad
lescente (arts. 241, 241-A e 241-B B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados por meio da rede mundial de computadores”. 10.
Recurso extraordinário desprovido.
(STF/RE 628624, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2015, Acór- Acó
dão Eletrônico Repercussão Geral - Mérito DJe-062,
DJe divulg 05-04-2016, public 06-04-2016)
RACISMO
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE RACISMO PELA INTERNET. MENSAGENS ORIUNDAS DE USUÁ- USU
RIOS DOMICILIADOS EM DIVERSOS ESTADOS. IDENTIDADE DE MODUS OPERANDI. TROCA E POSTAGEM DE MEN- ME
SAGENS DE CUNHO RACISTA NA MESMA COMUNIDADE DO MESMO SITE DE RELACIONAMENTO. OCORRÊNCIA DE
CONEXÃO INSTRUMENTAL. NECESSIDADE
CESSIDADE DE UNIFICAÇÃO DO PROCESSO PARA FACILITAR A COLHEITA DA PRO-
PR
VA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 76, III, E 78, AMBOS DO CPP. PREVENÇÃO DO JUÍZO FEDERAL PAULISTA, QUE INI-
IN
CIOU E CONDUZIU GRANDE PARTE DAS INVESTIGAÇÕES. PARECER DO MPF PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZO FE-
DERAL DE SÃO PAULO. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL DA 4ª. VARA
CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO, O SUSCITADO, DETERMINANDO QUE ESTE COMUNIQUE O
RESULTADO DESTE JULGAMENTO AOS DEMAIS JUÍZOS FEDERAIS PARA OS QUAIS HOUVE A DECLINAÇÃO DE
COMPETÊNCIA.
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1. Cuidando-sese de crime de racismo por meio da rede mundial de computadores, a consumação do delito ocorre no local de
onde foram enviadas as manifestações racistas.
2. Na hipótese, é certo que as supostas condutas delitivas
delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades
diversas; todavia, contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de mensagens de cunho racista e
discriminatório contra diversas minorias (negros, homossexuais e judeus) judeus) na mesma comunidade virtual do mesmo site de
relacionamento.
3. Dessa forma, interligadas as condutas, tendo a prova até então colhida sido obtida a partir de único núcleo, inafastável a
existência de conexão probatória a atrair a incidência dos arts. 76,76, III, e 78, II, ambos do CPP, que disciplinam a competência
por conexão e prevenção.
4. Revela-se
se útil e prioritária a colheita unificada da prova, sob pena de inviabilizar e tornar infrutífera as medidas cautelares
indispensáveis à perfeita caracterizaçãoo do delito, com a identificação de todos os participantes da referida comunidade virtual.
5. Parecer do MPF pela competência do Juízo suscitado.
6. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 4ª. Vara Criminal da SJ/SP, o suscitado,
suscitado determinando
que este comunique o resultado deste julgamento aos demais Juízos Federais para os quais houve a declinação da compe- comp
tência.(STJ, CC 102454 / RJ, Conflito de Competência 2008/0285646-3,
2008/0285646 3, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Se- S
ção, J. 25/03/2009, DJe 15/04/2009)
HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE VÍCIO PROCEDIMENTAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME DE
INCITAÇÃO À DISCRIMINAÇÃO COMETIDO POR MEIO DA INTERNET. OFENSAS DIRIGIDAS A PESSOAS DETERMINA- DETERMIN
DAS.
1. Não se declara a nulidade do atoo processual que não houver influído na decisão da causa. 2. É da Justiça estadual a com-
co
petência para processar e julgar o crime de incitação à discriminação racial por meio da internet cometido contra pessoas
determinadas e cujo resultado não ultrapassou as fronteiras territoriais brasileiras. 3. Ordem denegada.
(STF/HC 121283, Relator(a): Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014, Processo Eletrônico DJe-091,
DJe
divulg 13-05-2014, public 14-05-2014)
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(STJ, CC 67343 / GO, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, J. 28/03/2007, DJ 11/12/2007 p. 170)
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA ESTADUAL. DENÚNCIA. FURTO DE CARTÃO
DE CONTA BANCÁRIA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL QUE TINHA A SENHA ANOTADA JUNTO A ELE. SAQUE INDE- IND
VIDO EM CONTA CORRENTE. INEXISTÊNCIA DE FRAUDE FRAUDE QUE TRAGA PREJUÍZO À INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. PREJUÍ- PREJU
ZO APENAS À VITIMA PESSOA FÍSICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. A jurisprudência desta Corte tem se orientado no sentido de que a realização de saques indevidos (ou transferências bancá-
banc
rias) na conta
onta corrente da vítima sem o seu consentimento, seja por meio de clonagem de cartão e/ou senha, seja por meio de
furto do cartão, seja via internet, configuram o delito de furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP).
2. Em tais situações, a fraude é caracterizada pelo ato de ludibriar o sistema informatizado de proteção de valores, mantidos
sob guarda bancária. Nesse sentido, invariavelmente, haveria, também, prejuízo da instituição bancária na medida em que,
sendo ela a responsável pela implementação
implementação de mecanismos de proteção dos valores e bens sob sua guarda, será dela o
ônus de arcar com o prejuízo advindo de eventual falha em tais mecanismos.
3. Entretanto, nas situações em que o cartão furtado traz a senha anotada junto a ele, não há como se vislumbrar
visl o emprego
de meio fraudulento para ludibriar o sistema de segurança da instituição bancária no saque efetuado pelo investigado sem o
consentimento da vítima. Isso porque a instituição bancária adverte expressamente seus correntistas da importância de d manter
as senhas de suas contas bancárias e cartões em sigilo e em locais de difícil acesso.
Além disso, no caso concreto, todo o montante indevidamente sacado foi restituído à vítima.
De consequência, não se verifica, na hipótese em exame, nenhuma lesão a bem, direito ou interesse da referida instituição
bancária a atrair a competência da Justiça Federal.
4. A possibilidade de descoberta de outras provas e/ou evidências, no decorrer das investigações ou da instrução do feito, que
qu
levem a conclusões diferentes,
entes, o que demonstra não ser possível firmar peremptoriamente a competência definitiva para jul-
ju
gamento da presente denúncia. Isso não obstante, deve-se
deve se ter em conta que a definição do Juízo competente em tais hipóte-
hipót
ses se dá em razão dos indícios coletados os até então, o que revela a competência da Justiça Estadual.
5. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Única de Corrente/PI, o suscitado.
(STJ, CC 149.752/PI, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, julgadojulgado em 14/12/2016, DJe 01/02/2017)
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E PROCESSUAL PENAL. FURTO MEDIANTE FRAUDE. TRANSFE- TRANSF
RÊNCIA BANCÁRIA VIA INTERNET SEM O CONSENTIMENTO DA VÍTIMA. CONSUMAÇÃO NO LOCAL DA AGÊNCIA ON- O
DE O CORRENTISTA POSSUI A CONTA FRAUDADA. FRAUDA COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.
1. A Terceira Seção desta Corte Superior firmou o entendimento no sentido de que a subtração de valores de conta corrente,
mediante transferência fraudulenta, utilizada para ludibriar o sistema informatizado de proteção de valores, mantidos sob guar-
gua
da bancária, sem consentimento da vítima, configura crime de furto mediante fraude, previsto no art. 155, § 4º, inciso II, do
Código Penal - CP.
2. O delito em questão consuma-sese no local da agência bancária onde o correntista fraudado possui a conta, nos termos do
art. 70 do Código de Processo Penal - CPP; no caso, na Comarca de Barueri/SP.
Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Barueri/SP, o suscita-
suscit
do. (STJ, CC 145.576/MA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, julgado em 13/04/2016, DJe 20/04/2016)
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