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Monografia
Porto, 2009
i
Índice
Resumo .............................................................................................................. v
Palavras-Chave .................................................................................................. v
Key-Words......................................................................................................... vii
Introdução .......................................................................................................... 1
Feridas ............................................................................................................... 2
Conclusões....................................................................................................... 34
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ii
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iii
Lista de Abreviaturas
a.a. Aminoácidos
Epidérmico
Semelhante à Insulina-1
Queratinócitos
Derivado de Plaquetas
SN Suplementação Nutricional
FCNAUP
iv
Crescimento-ȕ
Vascular Endotelial
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v
Resumo
Palavras-Chave
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vi
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vii
Abstract
substance and its healing is a complex process that aims its complete closure.
unintentional weight loss, affects negatively the healing process. Therefore, the
importance of the nutrition role is evident, thus, an adequate intake can influence
any of the healing phases, as well as the immunocompetence decreasing the risk
collagen synthesis and the contraction and remodeling of the wound. However it is
Key-Words
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viii
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Introdução
avaliação do estado nutricional deve ser completa tanto nos indivíduos que
(10)
apresentam feridas como naqueles que apresentam risco de as desenvolver .
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e em que quantidade?
Feridas
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Fase hemostática
(5)
Nesta fase para além dos mecanismos que servem para parar a hemorragia ,
são também activados uma série de mediadores com potente acção vasoactiva e
(3)
quimiotáctica que preparam as fases seguintes . Imediatamente após o
(5, 17)
estabelecimento da ferida inicia-se um processo de vasoconstrição intenso
Fase inflamatória
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4 | Catarina Dias
(16)
inflamatório . A presença de arginina, por exemplo, é muito importante como
proliferar por entre a rede sob acção de citocinas (produzidas por plaquetas).
outras proteínas (3, 15), que formaram o tecido de granulação (2, 17)
.
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Fase de contracção
Resposta de stress
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6 | Catarina Dias
$ ³HEE SKDVH´ p HP EUHYH VXEVWLWXtGD SHOD ³IORZ phase´ que pode perdurar
(ciclo alanina - glicose), é libertada pelo fígado e chega à ferida. A fase adaptativa
Após o trauma, pode verificar-se uma perda global da massa corporal magra,
(10)
importante quer para a cicatrização quer para a defesa bacteriana . Caso a
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protector que reserva a M.M., obtendo mais de 90% da energia a partir da gordura
(11) (4)
. A resposta catabólica à lesão é proporcional à severidade da lesão .
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outro lado, as células da pele são dependentes de glicose para obter energia. Os
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O papel das gorduras na cicatrização de feridas ainda não foi bem estudado,
sugere que os AGMI podem ter um efeito benéfico em pacientes diabéticos (3).
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(22)
As proteínas desempenham variadas funções corporais . É evidente o papel
Possivelmente a função mais importante das proteínas num doente com feridas é
fosfolípidos (4, 10, 15), e promove a integridade do intestino (4, 10, 11, 25, 26)
.
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factores da cascata da coagulação (II, VII, IX, X) e, assim sendo, necessária para
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endógena (colecalciferol). Estudos referem que esta vitamina pode ter um efeito
Ainda se está a definir a acção das vitaminas do complexo B (B1; B2; B3;
biotina; B5; B6; B9; B12) nas várias fases da cicatrização da ferida. No entanto, é
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14 | Catarina Dias
cicatrização, não tem sido estudado, pelo que é necessária mais investigação
(3)
para apurar papéis específicos, bem com a interacção entre elas .
(18)
O zinco está presente em pequenas quantidades no organismo . As reservas
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Dez dias após uma lesão severa, os níveis séricos de cobre diminuem,
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feridas com uma área superior a 10% da superfície corporal podem provocar
(1)
perda de fluido extracelular . Quando o doente não é convenientemente
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prevenção de lesões (42). Assim sendo, a avaliação do estado nutricional não pode
avaliação da ingestão alimentar que revele uma ingestão regular inferior a 75%
(41)
das necessidades nutricionais indicam elevado risco de desnutrição .
pele e mucosas, coiloniquia, alopécia são apenas alguns dos sinais e sintomas de
deficiências a que se deve ter atenção, porém não são específicos devendo ser
(4, 7)
interpretados em conjunto com os outros parâmetros (ANEXO 1).
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18 | Catarina Dias
(11)
relacionada com a perda de M.M. . Para além disso, perdas de M.M. conduzem
à diminuição da taxa de cicatrização ou, até mesmo à sua supressão (3, 7, 11).
como prevenir o seu aparecimento, intervir com suporte nutricional para a sua boa
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Durante a fase inflamatória, a taxa de perda de M.M. é mais rápida do que a taxa
ferida é menos provável, pois caso a perda de M.M. seja maior que 10% a
proteínas derivada da DPE, reduz a força tênsil da ferida, diminui a função das
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cicatrização e/ou para iniciar o processo de ganho de peso e de M.M. (11, 46);
4. A ingestão proteica deve ser duas vezes acima das RDA(0,8g/Kg/dia)(11, 46);
(40)
5. Promover um bom estado antioxidante ;
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Quanto maior o stress, maior será a perda de azoto urinário, e este é usado como
1
Como por exemplo HGH, IGF-1, Insulina, análogos de Testosterona
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inferior a 10:1 não deve ser recomendada, pois é necessária uma resposta
remodelação pode ser benéfico variar a razão n-6:n-3 ou o tipo de AGPI, contudo,
(3)
são necessários estudos para que as recomendações possam ser feitas .
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(18)
30ml/Kg/dia, 1ml/kcal ou no mínimo 1500ml/dia . As recomendações para
doentes que consomem dietas hiperproteícas, têm feridas com drenos, eméticos,
de fluidos (41).
YH]HV PDLRU TXH DV 5'$¶V DWp TXH D UHVSRVWD GH VWUHVV HVWHMD UHVROYLGD assim
(11)
como a cicatrização . Como já foi visto, existem micronutrientes específicos
Suplementação nutricional?
tratamento, nos estudos que avaliam cicatrização completa. Sendo assim, é difícil
feridas (10).
Análises multivariadas indicam que factores como baixo IMC, baixo peso, redução
não podem ser satisfeitas com refeições tradicionais, pelo que suplementos,
(7)
alimentos fortificados ou bebidas devem satisfizer essas necessidades . O
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dieta oral, contudo alguns doentes são ou estão incapazes de suprir as suas
é necessária (22).
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estudos que mostrou benefício usou doses de pelo menos 0,6g/kg/dia. Uma
uma dose de glutamina na ordem dos 0,3 a 0,4 g/Kg/dia, demonstra aumentar a
(11)
sobrevida . A suplementação deve ser usada com precaução em doentes com
mostrado eficaz, ainda não foi provado que exista um efeito notório
(4)
especificamente na cicatrização de feridas , pois o seu efeito não tem sido alvo
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26 | Catarina Dias
arginase (54).
cicatrização (3, 7, 8, 10, 20). Doses mais elevadas não promovem a cicatrização e uma
(4)
ingestão excessiva pode ser tóxica . Uma suplementação de 25000 IU diários
(8, 17) (7)
parece ser segura , no entanto a sua monitorização deve ser cuidada . São
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cicatrização (20).
Suplementação recomendada
Lesões graves 1 - 2g/dia (3, 10, 17)
Grande superfície corporal queimada 66mg/kg/h (3)*
Saudáveis com pequenas feridas 500 - 1000mg/dia (3)**
Tabela 1 - Suplementação recomendada de vitamina C para suportar a síntese de colagénio e a
função imune em doentes com feridas. * por via intravenosa; ** evidências sugerem beneficio
quando fornecidas em duas doses.
Estas doses podem ser suportadas pela falta de efeitos de toxicidade, aliados
dever-se ao facto do papel da vitamina E nas feridas ser complexo e ter efeitos
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28 | Catarina Dias
(17)
como é o caso de vitamina A ou outras vitaminas hidrossolúveis . Estudos em
cicatrização de feridas, pelo que mais estudos são necessários para definir a
entanto, não existe nenhum estudo substancial que suporte o seu uso. A
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(38)
cicatrização, interfere com o metabolismo do cobre e do ferro e provoca
Suplementação recomendada
Grandes feridas não cicatrizantes 25 ± 50mg/dia (18)*
Úlceras de pressão 15 ± 220mg/dia de sulfato de zinco(18)**
Pré-operatório 15 ± 30mg/dia (17, 34)
Maioria dos doentes com feridas 15mg/dia de zinco (18)***
Tabela 2 ± Suplementação recomendada de Zinco. * durante 10 a 14 dias; ** recomenda-se
reavaliação em 4 a 6 semanas (18); *** suplementação multivitamínica apropriada, para indivíduos
com lesão ou stress, pois estão mais sujeitos a desenvolver deficiência em zinco (18).
diarreia crónica, perda urinária de zinco, perda de peso, DPE, ingestão deficiente,
não ultrapassar o limite superior de 750 ± 1000µg de selenite por via intravenosa
(40)
.
após a lesão. Contudo mais estudos são necessários para comprovar o referido
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que o uso destas está associado a efeitos positivos na taxa de cicatrização e que
custo-efeito (56).
Quando o doente não consegue suprir as suas necessidades por via oral a
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resultam numa redução dos custos, visto reduzir a duração da terapia intensiva
(57)
.
não diferindo quer estes tenham IMC inferior ou superior a 20Kg/m2 (5, 59).
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inferior a 20Kg/m2 que viram o seu peso aumentar pelo menos 2 Kg (59)
.
(58)
4) No peso corporal , tanto na diminuição da perda de peso, como no
(5, 43)
ganho de peso , embora a composição destas alterações de peso não seja
(59)
clara, traduz-se numa melhoria das capacidades funcionais .
plasmática durante 15 dias poderá significar que a suplementação oral não está a
(43)
ser suficiente para repor as reservas rapidamente . Porém, alguns estudos
outros são necessários para serem utilizados como substrato da ferida, para a
atempado representa uma mais-valia quer para a progressão da ferida, quer para
Análise crítica
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destes doentes.
ferida entre em deiscência. Para além disso, o suporte nutricional não deve ser
visto única e simplesmente como uma forma de fornecer energia e proteínas, vai
muito mais além, pois trata-se de providenciar uma dieta mais equilibrada que
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34 | Catarina Dias
segundo Schols et al. a suplementação ainda não faz parte dos cuidados de
saúde (23).
por outro lado, o facto de ter diabetes ser um motivo de exclusão em alguns
estudos, pois a cicatrização neste tipo de doentes está dificultada. Porém, visto a
Por fim, é de salientar que cada doente é único e, assim sendo, a terapia
Conclusões
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(18)
recomendações apropriadas . O tratamento nutricional deve ser avaliado pelo
eficácia (7).
clínica da suplementação de glutamina, ainda não foi provada, talvez por não ter
diabéticos.
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doentes.
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Referências Bibliográficas
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Índice de Anexos
Anexo 1 ............................................................................................................ a1
Anexo 2 ........................................................................................................... a3
Anexo 3 ........................................................................................................... a5
Anexo 4 ........................................................................................................... a7
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Anexo 1
2
Adaptado de: Majme, Lluís Serra; Bartrina, Javier Aranceta; Nutrición y salud pública métodos,
bases científicas y aplicaciones. 2.ª ed ed. Barcelona: Masson; 2006. p. XXII, 826.
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a3
Anexo 2 3
Tabela 2 - Peso corporal versus metabolismo basal (BMR). A taxa de BMR reflecte a
energia necessária para manter a homeostasia corporal em repouso após o despertar e em jejum
de 12 a 18 horas. Em casos de doentes que sofreram lesões graves, as necessidades são
geralmente 30 ± 50% superiores. A energia dispendida em repouso é cerca de 25Kcal/KgPR para
adultos jovens, e 20Kcal/KgPR para idosos, porém no caso de doentes malnutridos requerem um
aumento de 50% em relação ao calculado.
Factor de stress
Lesão menor 1,2
Cirurgia menor 1,2
Ferida limpa 1,2
Fractura de osso 1,3
Ferida infectada 1,5
Trauma maior 1,5
Queimadura severa 2,0
Tabela 3 - Cálculo do factor de stress. O factor de stress causado pela lesão ou ferida é
um valor estimado. O BMR aumenta 20% depois de uma cirurgia electiva, 100% depois de uma
queimadura grave e entre estes dois extremos em feridas, infecções e lesões traumáticas.
Factor de actividade
Não acamados 1,2
Com actividade física 1,5 ou mais
3
Adaptado de: Demling RH. Nutrition, anabolism, and the wound healing process: an overview.
Eplasty. 2009; 9:e9.
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a4
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a5
Anexo 3 4
4
Adaptado de: Demling RH. Nutrition, anabolism, and the wound healing process: an overview.
Eplasty. 2009; 9:e9;
Collins N. Protein and wound healing. Adv Skin Wound Care. 2001; 14(6):288-9.
5
Posthauer ME. Nutrição e tratamento de feridas. In: Barannoski S, Ayello EA, editores.O
essencial sobre o tratamento de feridas - Princípios práicos. Lusodidacta; 2006. p. 181 - 213.
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Anexo 4 6
Riboflavina
complexo B
6
Adaptado de: Mechanick JI. Practical aspects of nutritional support for wound-healing patients.
Am J Surg. 2004; 188(1A Suppl):52-6.
Demling RH. Nutrition, anabolism, and the wound healing process: an overview.
Eplasty. 2009; 9:e9.
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