Mas agora, como foi expandida a referência da palavra “função” pelo progresso
da ciência, então? Podemos distinguir duas direções em que isso aconteceu.
Em primeiro lugar, o campo das operações matemáticas que servem para construir funções foi estendido. Além da adição, multiplicação, exponenciação e suas conversas, vários modos de passagem ao limite foram introduzidos – sem que as pessoas se dessem conta, é claro, de que estavam adotando algo essencialmente novo. E for preciso avançar ainda mais, e fomos obrigados a recorrer à linguagem ordinária, pois a linguagem simbólica da Análise era restrita demais; por exemplo, quando falamos de uma função cujo valor fosse 1 para argumentos racionais e 0 para argumentos irracionais. Em segundo lugar, o campo de argumentos possíveis e valores das funções foi estendido com a admissão de números complexos. Em conexão com isso, o sentido das expressões “soma”, “produto” teve também de ser redefinido de forma mais ampla. Em ambas as direções eu avanço ainda mais longe. (FREGE. Função e Conceito. pg. 28)