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Quando tomamos por análise a música “Vai passar” (1984) de Chico Buarque
de Holanda há quem a considere como uma alegoria da situação política de seu
contexto de lançamento. A saber: a música foi lançada em 1984, em plenas vésperas
da campanha das Diretas Já e o posterior fim do regime de Ditadura Civil-Militar que
perdurou por duas décadas no Brasil na segunda metade do século XX. Logo que o
movimento foi lançado, a música teve tal uso social que chegou a ser tomada como
uma espécie de hino. Razões para que essa interpretação do contexto colonial como
alegoria do momento político ocorresse estão presentes tanto na letra da música como
no histórico de produção do próprio cantor.
Essa é uma interpretação possível de ser feita, tanto que o foi em determinado
momento. Entretanto, a letra de Chico parece ter mais a ser explorado do que o uso
aparente do contexto colonial como alegoria do contexto político do final da Ditadura.
A chave para outra interpretação possível está na forma e no gênero da música
composta por Chico Buarque. O gênero musical em que a canção se insere é o samba,
um dos gêneros mais populares do país e que figura com recorrência na obra do
artista.
“Vai Passar” pode ser vista como um samba de enredo, assim como indicam os
seus primeiros versos: “Vai passar / Nessa avenida um samba popular”, mas não só
por isso. Também por sua estrutura, que apresenta o período colonial em diversos
aspectos como: a escravidão, as transações comerciais da colônia de exploração que
favoreciam a metrópole e o colonialismo cultural próprio de uma colônia desse tipo.
As “Tenebrosas transações” nas quais a “pátria mãe era subtraída” podem ser
encaradas como o sistema de exploração de riquezas próprio do modelo de colônia
que o Brasil abrigou: exploração de recursos naturais para beneficiamento da
metrópole.