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TJ-SP

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO

Escrevente Técnico Judiciário

ÍNDICE
Nível Médio

Língua Portuguesa
ORTOGRAFIA - Sistema oficial (anterior ao Decreto Federal nº 6.583, de 29.09.2008). ..............................01
MORFOLOGIA - Estrutura e formação de palavras .........................................................................................02
Classes de palavras, seu emprego e seus valores semânticos. Flexão nominal e verbal. Emprego de tempos
e modos verbais ...............................................................................................................................................03
SINTAXE - Processos de coordenação e subordinação. Equivalência e transformação de estruturas. Uso de
nexos. Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. Crase. Pontuação e outros recursos
específicos da língua escrita. ..........................................................................................................................21
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - Estruturação do texto: relações entre ideias e recursos de coe-
são. Compreensão global do texto. Significação contextual de palavras e expressões. Informações literais e
inferências possíveis. Ponto de vista do autor. ...............................................................................................30

Conhecimentos em Direito
DIREITO PENAL:
Código Penal - com as alterações vigentes - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335
a 337; 339 a 347; 350 e 357. ............................................................................................................................01

DIREITO PROCESSUAL PENAL:


Código de Processo Penal - com as alterações vigentes – Artigos 251 a 258, 261 a 267, 274, 351 a 372, 394
a 497, 531 a 538, 541 a 548, 574 a 667 ...........................................................................................................07
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). ...................................................................................37

DIREITO PROCESSUAL CIVIL:


Código de Processo Civil - com as alterações vigentes – Artigos 134 a 144; 154 a 242, 270 a 475, 496 a
538 ....................................................................................................................................................................40
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) .................................................................................................62
Lei 12.153 de 22.12.2009 .................................................................................................................................63

DIREITO CONSTITUCIONAL:
Constituição Federal - com as alterações vigentes - Título II; Capítulos I; II e III; Título III; Capítulo VII; Se-
ções I e II e artigo 92 ........................................................................................................................................66

1 Escrevente Técnico Judiciário


DIREITO ADMINISTRATIVO:
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei 10.261/68) - com as alterações vigen-
tes - artigos 239 a 331 ......................................................................................................................................95
Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) .......................................................................103

NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA


Tomo I - Capítulo II: Seção I; Seção II - Subseção I; Seção III - itens 33 a 50 e 84 a 114 ............................107

Conhecimentos Gerais
Atualidades
Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos e sociais, ocorridos a partir do primeiro semestre de
2012. ............................................................................................................................................................01/24

Matemática
Quatro operações com números inteiros, fracionários e decimais ..................................................................01
Sistema métrico (medidas de comprimento, área, volume, capacidade, massa e tempo) .............................11
Números pares e ímpares (primos e compostos) ...........................................................................................03
MMC e MDC .....................................................................................................................................................05
Divisibilidade .....................................................................................................................................................03
Juros .................................................................................................................................................................16
Percentagem ....................................................................................................................................................16
Razões e proporções........................................................................................................................................12
Regras de três simples e composta .................................................................................................................15
Divisões proporcionais......................................................................................................................................13
Sistema do 1º grau; potenciação; radiciação; equação do 2º grau ..................................................................17

Informática
Uso de correio eletrônico, preparo de mensagens (anexação de arquivos, cópias) ......................................01
Microsoft Word XP: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágra-
fos, fontes, colunas, marcadores simbólicos e numéricos, e tabelas, impressão, ortografia e gramática, con-
trole de quebras, numeração de páginas, legendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, cai-
xas de texto ......................................................................................................................................................14
Microsoft Excel XP: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e
gráficos, elaboração de tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de obje-
tos, campos predefinidos, controle de quebras, numeração de páginas, obtenção de dados externos, classi-
ficação...............................................................................................................................................................21
Microsoft Windows XP: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transfe-
rência, manipulação de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjun-
to de aplicativos Microsoft Office ......................................................................................................................06
Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, impressão de páginas....................................................29

2 Escrevente Técnico Judiciário


AVISO – (TODAS AS APOSTILAS) 10/05/2012
DISTINÇÃO ENTRE X E CH:
1. Escrevem-se com X
a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote,
feixe, etc.
c) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica, etc.
d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de
árvore que produz o látex).
NOVA ORTOGRAFIA e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar, en-
A nova ortografia entrou em vigor em 1º/1/2009, porém teremos um pe- chapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são grafa-
ríodo de quatro anos para a adaptação. A nova ortografia já poderá ser das com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou seja,
cobrado em seleções para cargos públicos nas questões objetivas. pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchente, en-
O edital poderá ou não exigir que as perguntas de português tenham cher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar: en +
como base as novas regras. De qualquer forma, o examinador precisará radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; enchapelar:
deixar claro no edital o que pretende, pois o que constar no documento en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço).
servirá como base para o direcionamento da prova.
2. Escrevem-se com CH:
Nas provas discursivas, porém, as bancas de correção serão orienta- a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre-
das a aceitar ambas as formas de escrita durante o período de transição, buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal-
pois as duas serão consideradas oficiais até 31 de dezembro de 2012. sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, cachim-
bo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar, mochi-
ORTOGRAFIA - Sistema oficial la, piche, pichar, tchau.
As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que
que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia se
modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua. distingue pelo contraste entre o x e o ch.
Exemplos:
Eis algumas observações úteis: • brocha (pequeno prego)
DISTINÇÃO ENTRE J E G • broxa (pincel para caiação de paredes)
1. Escrevem-se com J: • chá (planta para preparo de bebida)
a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajeste, • xá (título do antigo soberano do Irã)
canjerê, pajé, etc. • chalé (casa campestre de estilo suíço)
b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije- • xale (cobertura para os ombros)
cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc. • chácara (propriedade rural)
• xácara (narrativa popular em versos)
c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
• cheque (ordem de pagamento)
despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
• xeque (jogada do xadrez)
d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc. • cocho (vasilha para alimentar animais)
e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais • coxo (capenga, imperfeito)
mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C
2. Escrevem-se com G: Observe o quadro das correlações:
a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem,
Correla- Exemplos
ferrugem, etc.
ções ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial
b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO:
t-c abster - abstenção; ater - atenção; conter - conten-
estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc.
ter-tenção ção, deter - detenção; reter - retenção
c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir.
aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir -
rg - rs submersão;
DISTINÇÃO ENTRE S E Z
rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão
1. Escrevem-se com S:
pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repul-
a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc.
corr - curs são
b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios
sent - correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incur-
ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu-
sens são
guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa,
ced - cess sentir - senso, sensível, consenso
burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc.
ceder - cessão - conceder - concessão; interceder -
c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc.
gred - intercessão.
d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for
gress exceder - excessivo (exceto exceção)
erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exege-
agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão
se análise, trombose, etc.
prim - - progresso - progressivo
e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa,
press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir -
causa.
tir - ssão repressão.
f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical termina
admitir - admissão; discutir - discussão, permitir -
em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso), etc.
permissão.
g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão; preten-
(re)percutir - (re)percussão
der: pretensão; repreender: repreensão, etc.

2. Escrevem-se em Z.
a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o EMPREGO DAS INICIAIS MAIÚSCULAS
mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
organizado; realizar: realização, realizado, etc. Escrevem-se com letra inicial maiúscula:
b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados 1) a primeira palavra de período ou citação.
de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc. Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro, No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
chapeuzinho, cãozito, etc. letra maiúscula.

Língua Portuguesa 1
2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil, A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos os
Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via- torcedores.
Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno. SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião:
3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas Assistimos a uma SESSÃO de cinema.
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência Reuniram-se em SESSÃO extraordinária.
do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República, SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
etc. Lemos a noticia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos.
Estado, Pátria, União, República, etc.
6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações, HÁ / A
órgãos públicos, etc.: Na indicação de tempo, emprega-se:
Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. HÁ dois meses que ele não aparece.
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e Ele chegou da Europa HÁ um ano.
científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os A para indicar tempo futuro:
Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da Daqui A dois meses ele aparecerá.
Manhã, Manchete, etc. Ela voltará daqui A um ano.
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Exce-
lentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. FORMAS VARIANTES
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
Oriente, o falar do Norte. uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos.
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste. aluguel ou aluguer hem? ou hein?
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc. amídala ou amígdala infarto ou enfarte
assobiar ou assoviar laje ou lajem
Escrevem-se com letra inicial minúscula: assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, azaléa ou azaléia nenê ou nenen
nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
ingleses, ave-maria, um havana, etc. bílis ou bile quatorze ou catorze
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
empregados em sentido geral: carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio debulhar ou desbulhar ou relampar
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta:
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis)
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, MORFOLOGIA -
mirra." (Manuel Bandeira)
Estrutura e formação de palavras.
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
ONDE-AONDE
Emprega-se AONDE com os verbos que dão idéia de movimento. Equi- As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em vários
vale sempre a PARA ONDE. elementos chamados elementos mórficos ou elementos de estrutura das
AONDE você vai? palavras.
AONDE nos leva com tal rapidez?
Exs.:
Naturalmente, com os verbos que não dão idéia de “movimento” empre- cinzeiro = cinza + eiro
ga-se ONDE endoidecer = en + doido + ecer
ONDE estão os livros? predizer = pre + dizer
Não sei ONDE te encontrar.
Os principais elementos móficos são :
MAU - MAL
MAU é adjetivo (seu antônimo é bom). RADICAL
Escolheu um MAU momento. É o elemento mórfico em que está a idéia principal da palavra.
Era um MAU aluno. Exs.: amarelecer = amarelo + ecer
enterrar = en + terra + ar
MAL pode ser: pronome = pro + nome
a) advérbio de modo (antônimo de bem).
Ele se comportou MAL.
Seu argumento está MAL estruturado PREFIXO
b) conjunção temporal (equivale a assim que). É o elemento mórfico que vem antes do radical.
MAL chegou, saiu Exs.: anti - herói in - feliz
c) substantivo:
O MAL não tem remédio,
Ela foi atacada por um MAL incurável. SUFIXO
É o elemento mórfico que vem depois do radical.
CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO Exs.: med - onho cear – ense
CESSÃO significa o ato de ceder.

Língua Portuguesa 2
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é, só
existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo,
A Língua Portuguesa, como qualquer língua viva, está sempre criando pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos vão,
novas palavras. Para criar suas novas palavras, a língua recorre a vários portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
meios chamados processos de formação de palavras. trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou adje-
Os principais processos de formação das palavras são: tivos
trabalhar - trabalho
DERIVAÇÃO correr - corrida
É a formação de uma nova palavra mediante o acréscimo de elementos à alto - altura
palavra já existente: belo - beleza
a) Por sufixação:
Acréscimo de um sufixo. Exs.: dent - ista , bel - íssimo. FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
b) Por prefixação : a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua
Acréscimo de um prefixo. Exs.: ab - jurar, ex - diretor. portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
c) Por parassíntese: b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
Acréscimo de um prefixo e um sufixo. Exs.: en-fur-ecer, en-tard-ecer. florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
d) Derivação imprópria: c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve, ódio,
Mudança das classes gramaticais das palavras. tempo, sol.
Exs.: andar (verbo) - o andar (substantivo). d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
contra (preposição) - o contra (substantivo). colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
fantasma (substantivo) - o homem fantasma (adjetivo).
oliveira (subst. comum) - Maria de Oliveira (subst. próprio). COLETIVOS
Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um grupo
COMPOSIÇÃO de seres da mesma espécie.
É a formação de uma nova palavra, unindo-se palavras que já existem na
língua: Veja alguns coletivos que merecem destaque:
a) Por justaposição : alavão - de ovelhas leiteiras
Nenhuma das palavras formadoras perde letra. alcatéia - de lobos
Exs.: passatempo (= passa + tempo); tenente-coronel = tenente + co- álbum - de fotografias, de selos
ronel). antologia - de trechos literários escolhidos
b) Por aglutinação: armada - de navios de guerra
Pelo menos uma das palavras perde letra. armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc)
Exs.: fidalgo (= filho + de + algo); embora (= em + boa + hora). arquipélago - de ilhas
assembléia - de parlamentares, de membros de associações
HIBRIDISMO atilho - de espigas de milho
É a criação de uma nova palavra mediante a união de palavras de ori- atlas - de cartas geográficas, de mapas
gens diferentes. banca - de examinadores
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios
Exs.: abreugrafia (português e grego), televisão (grego e latim), zincogra- bando - de aves, de pessoal em geral
fia (alemão e grego). cabido - de cônegos
cacho - de uvas, de bananas
cáfila - de camelos
Classes de palavras, seu emprego e seus valores cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves
semânticos, Flexão nominal e verbal. Emprego de cancioneiro - de poemas, de canções
tempos e modos verbais. caravana - de viajantes
cardume - de peixes
clero - de sacerdotes
Na Língua Portuguesa existem dez classes de palavras ou classes gra- colméia - de abelhas
maticais: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advér- concílio - de bispos
bio, preposição, conjunção, interjeição. conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa
congregação - de professores, de religiosos
SUBSTANTIVOS congresso - de parlamentares, de cientistas
Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá no- conselho - de ministros
me aos seres em geral. consistório - de cardeais sob a presidência do papa
São, portanto, substantivos. constelação - de estrelas
a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra, corja - de vadios
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado. elenco - de artistas
b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres: traba- enxame - de abelhas
lho, corrida, tristeza beleza altura. enxoval - de roupas
esquadra - de navios de guerra
CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS esquadrilha - de aviões
a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espécie: falange - de soldados, de anjos
rio, cidade, pais, menino, aluno farândola - de maltrapilhos
b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemento. fato - de cabras
Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula: To- fauna - de animais de uma região
cantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair. feixe - de lenha, de raios luminosos
c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não, pro- flora - de vegetais de uma região
priamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc. Verifi- frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus
que que é sempre possível visualizar em nossa mente o substantivo con- girândola - de fogos de artifício
creto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira, caneta, horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros
fada, bruxa, saci. junta - de bois, médicos, de examinadores

Língua Portuguesa 3
júri - de jurados Mudança de Gênero com mudança de sentido
legião - de anjos, de soldados, de demônios Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
malta - de desordeiros Veja alguns exemplos:
manada - de bois, de elefantes o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
matilha - de cães de caça o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
ninhada - de pintos o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, con-
panapaná - de borboletas o lotação (veículo) clusão)
pelotão - de soldados o lente (o professor) a lotação (capacidade)
penca - de bananas, de chaves a lente (vidro de aumento)
pinacoteca - de pinturas
plantel - de animais de raça, de atletas Plural dos Nomes Simples
quadrilha - de ladrões, de bandidos 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: casa,
ramalhete - de flores casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
réstia - de alhos, de cebolas 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
récua - de animais de carga a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; coração,
romanceiro - de poesias populares corações; grandalhão, grandalhões.
resma - de papel b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
revoada - de pássaros guardiães.
súcia - de pessoas desonestas c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão,
vara - de porcos cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
vocabulário - de palavras
Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma forma
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charlatães;
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.
grau.
3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,
Gênero armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.
Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femini- 4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,
no: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta. lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, hí-
fens (ou hífenes).
Podemos classificar os substantivos em: Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones.
a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas, uma 5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani-
para o masculino, outra para o feminino: mais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis.
aluno/aluna homem/mulher Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules.
menino /menina carneiro/ovelha 6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas fósseis; réptil, répteis.
pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo: Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar-
padrinho/madrinha bode/cabra ris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis.
cavaleiro/amazona pai/mãe 7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o
pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tôni-
b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugueses;
forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases.
em: São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, os
1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o ônix,
animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca. os ônix.
Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, deve- 8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
mos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré fê- tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substantivo pri-
mea mitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho, cãezi-
2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes que tos.
designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo arti-
go, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a Substantivos só usados no plural
estudante, este dentista. afazeres anais
3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam arredores belas-artes
pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por ar- cãs condolências
tigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o côn- confins exéquias
juge, a pessoa, a criatura. férias fezes
Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim: núpcias óculos
uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino. olheiras pêsames
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
São masculinos São femininos Plural dos Nomes Compostos
o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme 1. Somente o último elemento varia:
o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; clara-
o teorema o ágape a análise a usucapião bóia, clarabóias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns;
o trema o caudal a cal a bacanal b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão-
o edema o champanha a cataplasma a líbido mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres;
o eclipse o alvará a dinamite a sentinela c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substantivo
o lança-perfume o formicida a comichão a hélice ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guarda-
o fibroma o guaraná a aguardente
comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, sem-
o estratagema o plasma
pre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, mela-
o proclama o clã
melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)

Língua Portuguesa 4
2. Somente o primeiro elemento é flexionado: • Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente for-
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-leite; mal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz,
pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-sem- ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
rabo, burros-sem-rabo; • Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon-
ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos- zinho, pequenito.
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
banana-maçã, bananas-maçã. Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu-
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos- gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc. diferentes para designar o sexo:
bode - cabra genro - nora
3. Ambos os elementos são flexionados: burro - besta padre - madre
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves- carneiro - ovelha padrasto - madrasta
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas- cão - cadela padrinho - madrinha
compromissos. cavalheiro - dama pai - mãe
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor- compadre - comadre veado - cerva
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-pálida, frade - freira zangão - abelha
caras-pálidas. frei – soror etc.

São invariáveis: ADJETIVOS


a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo; FLEXÃO DOS ADJETIVOS
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não- Gênero
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem- Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
desocupa-o-copo; a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne-
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu-
perde-ganha, os perde-ganha. lher simples; aluno feliz - aluna feliz.
Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, ou-
por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda- tra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / homem
marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa- alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa
dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate. Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se-
melhante a dos substantivos.
Adjetivos Compostos
Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona. Número
Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino- a) Adjetivo simples
americanos; cívico-militar, cívico-militares. Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando o substantivos simples:
segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos pessoa honesta pessoas honestas
amarelo-ouro, paredes azul-piscina. regra fácil regras fáceis
2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur- homem feliz homens felizes
dos-mudos > surdas-mudas. Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam in-
3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho. variáveis:
blusa vinho blusas vinho
Graus do substantivo camisa rosa camisas rosa
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais b) Adjetivos compostos
podem ser: sintéticos ou analíticos. Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último ele-
mento varia, tanto em gênero quanto em número:
Analítico acordos sócio-político-econômico acordos sócio-político-
Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama- econômicos
nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande. causa sócio-político-econômica causas sócio-político-
econômicas
Sintético acordo luso-franco-brasileiro acordos luso-franco-brasileiros
Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados. lente côncavo-convexa lentes côncavo-convexas
camisa verde-clara camisas verde-claras
Principais sufixos aumentativos sapato marrom-escuro sapatos marrom-escuros
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão, Observações:
povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu- 1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica inva-
ça. riável:
Principais Sufixos Diminutivos camisa verde-abacate camisas verde-abacate
ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO, sapato marrom-café sapatos marrom-café
ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho, blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro
montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim, 2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariá-
pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo, veis:
homúncula, apícula, velhusco. blusa azul-marinho blusas azul-marinho
Observações: camisa azul-celeste camisas azul-celeste
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui- 3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os ele-
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc. mentos variam:
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu, etc. menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor afe- menina surda-muda meninas surdas-mudas
tivo: Joãozinho, amorzinho, etc.

Língua Portuguesa 5
Graus do Adjetivo possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex- próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
pressas em dois graus: público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
- o comparativo sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
- o superlativo salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
Comparativo terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é igual, voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo:
- Comparativo de igualdade: Adjetivos Gentílicos e Pátrios
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Argélia – argelino Bagdá - bagdali
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
- Comparativo de superioridade: Bóston - bostoniano Braga - bracarense
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro. Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico. Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
- Comparativo de inferioridade: bucarestense Campos - campista
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro. Cairo - cairota Caracas - caraquenho
Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável. Canaã - cananeu Ceilão - cingalês
Catalunha - catalão Chipre - cipriota
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de intensi- Chicago - chicaguense Córdova - cordovês
dade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo: Coimbra - coimbrão, conim- Creta - cretense
- Superlativo absoluto bricense Cuiabá - cuiabano
Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser: Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho
Esta cidade é poluidíssima. Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense,
Esta cidade é muito poluída. Egito - egípcio capixaba
- Superlativo relativo Equador - equatoriano Évora - eborense
Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a a Filipinas - filipino Finlândia - finlandês
outros seres: Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano
Este rio é o mais poluído de todos. Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense
Este rio é o menos poluído de todos. Gabão - gabonês Galiza - galego
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino
Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico: Goiânia - goianense Granada - granadino
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade - Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc. Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano
- Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti- Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho
quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc. Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense
Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compara- João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense
tivo e o superlativo, as seguintes formas especiais: La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO Macapá - macapaense Macau - macaense
ABSOLUTO Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe
RELATIVO Madri - madrileno Manaus - manauense
bom melhor ótimo Marajó - marajoara Minho - minhoto
melhor Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco
mau pior péssimo Montevidéu - montevideano Natal - natalense
pior Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano
grande maior máximo Pequim - pequinês Pisa - pisano
maior Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro
pequeno menor mínimo Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense
menor Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos: São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano
acre - acérrimo ágil - agílimo Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano
agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho
amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano
amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo Veneza - veneziano Vitória - vitoriense
áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo Locuções Adjetivas
benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs-
célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem
cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo ser substituídas por um adjetivo correspondente.
eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo CONCORDÂNCIA ENTRE ADJETIVO E
frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo) SUBSTANTIVO
incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo O adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número.
livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo • Aluno estudioso; Aluna estudiosa.
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo • Alunos estudiosos; Alunas estudiosas.
manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo O adjetivo vai normalmente para o plural, quando se refere a mais de
negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo um substantivo, porém, vai para o masculino plural se os substantivos
pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo) forem de gêneros diferentes.

Língua Portuguesa 6
• Face e boca lindas. 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
• Rosto e cabelo macios. Ele saiu (ele)
• Mão e nariz compridos Eles sairam (eles)
• Dedo e unha limpos. Convidei-o (o)
Convidei-os (os)
O adjetivo pode concordar em gênero e número com o substantivo
mais próximo, quando os substantivos são sinônimos, ou mesmo quando Os pronomes pessoais são os seguintes:
um adjetivo os precede. NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
• Progresso e marcha humana. singular 1ª eu me, mim, comigo
• Como fizeste mau serviço e tarefa! 2ª tu te, ti, contigo
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
O adjetivo concorda com o mais próximo, quando se refere a vários plural 1ª nós nós, conosco
substantivos no plural. 2ª vós vós, convosco
• Mãos e narizes compridos. 3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
• Dedos e unhas limpas.
• Amores e ilusões fantásticas. PRONOMES DE TRATAMENTO
Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
O substantivo permanece no plural, quando vem acompanhado de dois tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
ou mais adjetivos no singular, exprimindo partes. deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
• O velho e novo Testamentos. você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
• Os acordos brasileiro e americano.
Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
PRONOME ABREV. EMPREGO
CONCORDÂNCIA ENTRE VERBO E SUBSTANTIVO Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V .Ema cardeais
O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral
• Eu amo. Vossa Magnificência V. Mag a reitores de universidades
• Nós trabalhamos. Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
• Pedro tem uma linda casa. Vossa Santidade V.S. papas
O sujeito composto leva o verbo para o plural. Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
• Paulo e Maria foram à praia. Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
• Renata e Josefina estudam bastante para passar no concurso. São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
cês.
PRONOMES
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que repre- 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
senta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso. ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de pronome Considera-se errado seu emprego como complemento:
substantivo. Convidaram ELE para a festa (errado)
• Ele chegou. (ele) Receberam NÓS com atenção (errado)
• Convidei-o. (o) EU cheguei atrasado (certo)
ELE compareceu à festa (certo)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ex-
2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
tensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo.
pronomes retos:
• Esta casa é antiga. (esta)
Convidei ELE (errado)
• Meu livro é antigo. (meu)
Chamaram NÓS (errado)
Convidei-o. (certo)
Classificação dos Pronomes
Chamaram-NOS. (certo)
Há, em Português, seis espécies de pronomes:
3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de preposi-
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas
ção, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se cor-
de tratamento:
reto seu emprego como complemento:
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões;
Informaram a ELE os reais motivos.
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo;
Emprestaram a NÓS os livros.
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde;
Eles gostam muito de NÓS.
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá-
4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou-
errado seu emprego como complemento:
trem, nada, cada, algo.
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases in-
Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
terrogativas.
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas de
PRONOMES PESSOAIS
preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas oblíquas
Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
MIM e TI:
curso:
Ninguém irá sem EU. (errado)
1ª pessoa: quem fala, o emissor.
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado)
Eu sai (eu)
Ninguém irá sem MIM. (certo)
Nós saímos (nós)
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo)
Convidaram-me (me)
Convidaram-nos (nós)
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e
2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam
Tu saíste (tu)
como sujeito de um verbo no infinitivo.
Vós saístes (vós)
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito)
Convidaram-te (te)
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito)
Convidaram-vos (vós)
Língua Portuguesa 7
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é obri- Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonas-
gatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de mo vicioso e sim ênfase.
sujeito.
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessivo,
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção em exercendo função sintática de adjunto adnominal:
que os referidos pronomes não sejam reflexivos: Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Querida, gosto muito de SI. (errado) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado)
Querida, gosto muito de você. (certo) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para representar
Preciso muito falar com você. (certo) uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de mo-
déstia:
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchentes.
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Vós sois minha salvação, meu Deus!
Ele feriu-se
Cada um faça por si mesmo a redação 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
O professor trouxe as provas consigo nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quando
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados falamos dessa pessoa:
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios.
14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As com- VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
binações possíveis são as seguintes: pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
me+o=mo me + os = mos pronomes de terceira pessoa:
te+o=to te + os = tos Você trouxe seus documentos?
lhe+o=lho lhe + os = lhos Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
nos + o = no-lo nos + os = no-los
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los COLOCAÇÃO DE PRONOMES
lhes + o = lho lhes + os = lhos Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femininos 1. Antes do verbo - próclise
a, as. Eu te observo há dias.
me+a=ma me + as = mas 2. Depois do verbo - ênclise
te+a=ta te + as = tas Observo-te há dias.
- Você pagou o livro ao livreiro? 3. No interior do verbo - mesóclise
- Sim, paguei-LHO. Observar-te-ei sempre.

Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que Ênclise
representa o livreiro) com O (que representa o livro). Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como direto ou indireto.
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas O pai esperava-o na estação agitada.
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos Expliquei-lhe o motivo das férias.
indiretos:
O menino convidou-a. (V.T.D ) Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
O filho obedece-lhe. (V.T. l ) ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração:
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões) Voltei-me em seguida para o céu límpido.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as 2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento de Como eu achasse muito breve, explicou-se.
verbos transitivos diretos: 3. Com o imperativo afirmativo:
Eu lhe vi ontem. (errado) Companheiros, escutai-me.
Nunca o obedeci. (errado) 4. Com o infinitivo impessoal:
Eu o vi ontem. (certo) A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Nunca lhe obedeci. (certo) destino na mesa.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM:
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.
como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar, 6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética.
sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse in- A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de meio
finitivo: franco.
Deixei-o sair.
Vi-o chegar. Próclise
Sofia deixou-se estar à janela. Na linguagem culta, a próclise é recomendada:
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos,
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desenvol- interrogativos e conjunções.
vendo as orações reduzidas de infinitivo: As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Deixei-o sair = Deixei que ele saísse. Tudo me parecia que ia ser comida de avião.
Quem lhe ensinou esses modos?
10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos: Quem os ouvia, não os amou.
A mim, ninguém me engana. Que lhes importa a eles a recompensa?
A ti tocou-te a máquina mercante. Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.

Língua Portuguesa 8
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo): Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
Papai do céu o abençoe. suas mãos).
A terra lhes seja leve. Não me respeitava a adolescência.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM: A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
Em se animando, começa a contagiar-nos. O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse.
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja Além da idéia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
pausa entre eles. 1. Cálculo aproximado, estimativa:
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova. Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra. 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma história
O nosso homem não se deu por vencido.
Mesóclise Chama-se Falcão o meu homem
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não estejam Eu cá tenho minhas dúvidas
precedidos de palavras que reclamem a próclise. Cornélio teve suas horas amargas
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. 4. Afetividade, cortesia
Dir-se-ia vir do oco da terra. Como vai, meu menino?
Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Mas:
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren-
Jamais se diria vir do oco da terra. tes de família.
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Lembrarei-me (!?) Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
Diria-se (!?) de.
Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
O Pronome Átono nas Locuções Verbais não sabia o que dizer.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Podemos contar-lhe o ocorrido. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
Podemos-lhe contar o ocorrido. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
Não lhes podemos contar o ocorrido.
O menino foi-se descontraindo. Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra perto
O menino foi descontraindo-se. de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro está
O menino não se foi descontraindo. longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica que o
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclítico livro está longe de ambas as pessoas.
ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. Os pronomes demonstrativos são estes:
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a Des- ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
cartes ." ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
Tenho-me levantado cedo. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
Não me tenho levantado cedo. MESMO (e variações), próprio (e variações)
SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta. Emprego dos Demonstrativos
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o da 1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na lingua- a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
gem escrita. fala).
Este documento que tenho nas mãos não é meu.
PRONOMES POSSESSIVOS Isto que carregamos pesa 5 kg.
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu- b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
indo-lhes a posse de alguma coisa. Este coração não pode me trair.
Esta alma não traz pecados.
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o Tudo se fez por este país..
livro pertence a 1ª pessoa (eu) c) Para indicar o momento em que falamos:
Eis as formas dos pronomes possessivos: Neste instante estou tranqüilo.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS. Deste minuto em diante vou modificar-me.
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS. d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do
3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS. momento em que falamos:
1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS. Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile.
2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS. Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS. Um dia destes estive em Porto Alegre.
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no
(seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de qual se inclui o momento em que falamos:
você). Nesta semana não choveu.
Neste mês a inflação foi maior.
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigüi- Este ano será bom para nós.
dade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s). Este século terminará breve.
Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele. f) Para indicar aquilo de que estamos tratando:
A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles. Este assunto já foi discutido ontem.
Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio. Tudo isto que estou dizendo já é velho.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar:
Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos pro- Só posso lhe dizer isto: nada somos.
nomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância. Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos.

Língua Portuguesa 9
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: É pronome substantivo em frases como:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Não encontrarei tal (= tal coisa).
quem se fala): Não creio em tal (= tal coisa)
Esse documento que tens na mão é teu?
Isso que carregas pesa 5 kg. PRONOMES RELATIVOS
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Veja este exemplo:
Esse teu coração me traiu. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Essa alma traz inúmeros pecados.
Quantos vivem nesse pais? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que dese- casa é um pronome relativo.
jamos distância:
O povo já não confia nesses políticos. PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já re-
Não quero mais pensar nisso. feridos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa:
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
O que você quer dizer com isso? No exemplo dado, o antecedente é casa.
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que Outros exemplos de pronomes relativos:
falamos: Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
Um dia desses estive em Porto Alegre. O lugar onde paramos era deserto.
Comi naquele restaurante dia desses. Traga tudo quanto lhe pertence.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Leve tantos ingressos quantos quiser.
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio. Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distan-
te. Eis o quadro dos pronomes relativos:
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se á Masculino Feminino
3ª. o qual a qual quem
Aquele documento que lá está é teu? os quais as quais
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg. cujo cujos cuja cujas que
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante. quanto quanta quantas onde
Naquele instante estava preocupado. quantos
Daquele instante em diante modifiquei-me.
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele Observações:
século, para exprimir que o tempo já decorreu. 1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou O médico de quem falo é meu conterrâneo.
variações) para a primeira: 2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso sempre um substantivo sem artigo.
e aquela tranqüila. Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE, 3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural: de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose? Tenho tudo quanto quero.
Com um frio destes não se pode sair de casa. Leve tantos quantos precisar.
Nunca vi uma coisa daquelas. Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter 4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
reforçativo: EM QUE.
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos. A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO, PRONOMES INDEFINIDOS
ISSO ou AQUELE (e variações). Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro. modo vago, impreciso, indeterminado.
O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres. 1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO,
Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames. SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO
A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os Exemplos:
homens superiores. Algo o incomoda?
8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante: Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve.
A menina ia cair, nisto, o pai a segurou Não faças a outrem o que não queres que te façam.
9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE, Quem avisa amigo é.
ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO. Encontrei quem me pode ajudar.
Tal era a situação do país. Ele gosta de quem o elogia.
Não disse tal. 2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CERTA
Tal não pôde comparecer. CERTAS.
Cada povo tem seus costumes.
Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu- Certas pessoas exercem várias profissões.
des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha Certo dia apareceu em casa um repórter famoso.
QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como
Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL PRONOMES INTERROGATIVOS
ou OUTRO TAL: Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se de
Suas manias eram tais quais as minhas. modo impreciso à 3ª pessoa do discurso.
A mãe era tal quais as filhas. Exemplos:
Os filhos são tais qual o pai. Que há?
Tal pai, tal filho. Que dia é hoje?

Língua Portuguesa 10
Reagir contra quê? avos
Por que motivo não veio? XX 20 vinte vigésimo vinte avos
Quem foi? XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
Qual será? XL 40 quarenta quadragé- quarenta
Quantos vêm? simo avos
Quantas irmãs tens? L 50 cinqüenta qüinquagé- cinqüenta
simo avos
ARTIGO
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná- avos
los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número. LXX 70 setenta septuagési- setenta avos
Dividem-se em mo
• definidos: O, A, OS, AS LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS. XC 90 noventa nonagésimo noventa
avos
Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular. C 100 cem centésimo centésimo
Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado). CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso, CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo
geral. CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen-
Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde- tos tésimo tésimo
terminado). D 500 quinhen- qüingenté- qüingenté-
tos simo simo
lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido. DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési-
mo mo
NUMERAL DCC 700 setecen- septingenté- septingenté-
tos simo simo
Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté-
O numeral classifica-se em: simo simo
- cardinal - quando indica quantidade. CM 900 novecen- nongentési- nongentési-
- ordinal - quando indica ordem. tos mo mo
- multiplicativo - quando indica multiplicação. M 1000 mil milésimo milésimo
- fracionário - quando indica fracionamento.
Emprego do Numeral
Exemplos: Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc.
Silvia comprou dois livros. empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
Antônio marcou o primeiro gol. João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro)
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço. Luis X (décimo) ano I (primeiro)
O galinheiro ocupava um quarto da quintal. Pio lX (nono) século lV (quarto)

QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS De 11 em diante, empregam-se os cardinais:


Algarismos Numerais Leão Xlll (treze) ano Xl (onze)
Roma- Arábi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionários Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
nos cos tivos Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
I 1 um primeiro simples - Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
II 2 dois segundo duplo meio XX Salão do Automóvel (vigésimo)
dobro VI Festival da Canção (sexto)
III 3 três terceiro tríplice terço lV Bienal do Livro (quarta)
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo emprego do ordinal.
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo Hoje é primeiro de setembro
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
IX 9 nove nono nônuplo nono
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
X 10 dez décimo décuplo décimo
XI 11 onze décimo onze avos A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi-
primeiro nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e dois
XII 12 doze décimo doze avos (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam nesse
segundo caso porque está subentendida a palavra número. Casa número vinte e um,
XIII 13 treze décimo treze avos página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever também: a
terceiro folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos o
XIV 14 quatorze décimo quatorze numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
quarto avos
XV 15 quinze décimo quinze avos VERBOS
quinto
XVI 16 dezesseis décimo dezesseis CONCEITO
sexto avos “As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando-
XVII 17 dezessete décimo dezessete as no tempo.
sétimo avos Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a re-
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos ceita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha e
oitavo gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas.
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove Assim fiz. Morreram.”
(Clarice Lispector)
Língua Portuguesa 11
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
a) Estado: se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esquema
Não sou alegre nem sou triste. dos tempos simples.
Sou poeta. Infinitivo impessoal (falar)
b) Mudança de estado: Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
Meu avô foi buscar ouro. FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
Mas o ouro virou terra. Particípio (falado)
c) Fenômeno: 5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
Chove. O céu dorme. a) agente do fato expresso.
O carroceiro disse um palavrão.
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de (sujeito agente)
estado e fenômeno, situando-se no tempo. O verbo está na voz ativa.
FLEXÕES b) paciente do fato expresso:
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle- Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer em (sujeito paciente)
si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica: O verbo está na voz passiva.
• a ação de cantar. c) agente e paciente do fato expresso:
• a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós). O carroceiro machucou-se.
• o número gramatical (plural). (sujeito agente e paciente)
• o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito). O verbo está na voz reflexiva.
• o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido no 6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de
passado (indicativo). rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
• que o sujeito pratica a ação (voz ativa). Falo - Estudam.
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está
Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz. fora do radical.
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural: Falamos - Estudarei.
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular). 7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em:
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural). a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais: conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto -
1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser cantei - cantarei – cantava - cantasse.
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço. b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme- nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse.
cemos. c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa,
2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe-
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces. nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc.
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adormeceis. d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o
3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: ma-
a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela tado - morto - enxugado - enxuto.
adormece. e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua conju-
b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles gação.
adormecem. verbo ser: sou - fui
3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante verbo ir: vou - ia
em relação ao fato que comunica. Há três modos em português.
a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato. QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO
A cachorra Baleia corria na frente. 1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato. explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
Talvez a cachorra Baleia corra na frente . O Nino apareceu na porta.
c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um 2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implíci-
pedido to ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais:
Corra na frente, Baleia. a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar,
4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo, etc.
em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são: Garoava na madrugada roxa.
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala: b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
Fecho os olhos, agito a cabeça. Houve um espetáculo ontem.
b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele Há alunos na sala.
em que se fala: Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos
Fechei os olhos, agitei a cabeça. claros.
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala: c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico.
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça. Fazia dois anos que eu estava casado.
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o Faz muito frio nesta região?
presente. O VERBO HAVER (empregado impessoalmente)
Veja o esquema dos tempos simples em português: O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente na
Presente (falo) 3ª pessoa do singular - quando significa:
INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei) 1) EXISTIR
Imperfeito (falava) Há pessoas que nos querem bem.
Mais- que-perfeito (falara) Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá.
Futuro do presente (falarei) Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios.
do pretérito (falaria) Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
Presente (fale) 2) ACONTECER, SUCEDER
SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse) Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
Futuro (falar) Não haja desavenças entre vós.
Naquele presídio havia freqüentes rebeliões de presos.

Língua Portuguesa 12
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado: - uma ação habitual.
Há meses que não o vejo. Corra todas as manhãs.
Haverá nove dias que ele nos visitou. - uma verdade universal (ou tida como tal):
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava. O homem é mortal.
O fato aconteceu há cerca de oito meses. A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no - fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
pretérito imperfeito, e não no presente: maior realce à narrativa.
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada. Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis".
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos. É o chamado presente histórico ou narrativo.
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo. - fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava. Amanhã vou à escola.
4) REALIZAR-SE Qualquer dia eu te telefono.
Houve festas e jogos. b) Pretérito Imperfeito
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos. Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar:
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba. - um fato passado contínuo, habitual, permanente:
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e Ele andava à toa.
seguido de infinitivo): Nós vendíamos sempre fiado.
Em pontos de ciência não há transigir. - um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
Não há contê-lo, então, no ímpeto. por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
Não havia descrer na sinceridade de ambos. Era uma vez...
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas. - um fato presente em relação a outro fato passado.
E não houve convencê-lo do contrário. Eu lia quando ele chegou.
Não havia por que ficar ali a recriminar-se. c) Pretérito Perfeito
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já
Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de ocorrido, concluído.
há muito (= desde muito tempo, há muito tempo): Estudei a noite inteira.
De há muito que esta árvore não dá frutos. Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até o
De há muito não o vejo. momento presente.
O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com Tenho estudado todas as noites.
ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª d) Pretérito mais-que-perfeito
pessoa do singular: Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em
Vai haver eleições em outubro. relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado):
Começou a haver reclamações. A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou.
Não pode haver umas sem as outras. e) Futuro do Presente
Parecia haver mais curiosos do que interessados. Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
Mas haveria outros defeitos, devia haver outros. futuro em relação ao momento em que se fala.
Irei à escola.
A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser f) Futuro do Pretérito
construída de três modos: Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar:
Hajam vista os livros desse autor. - um fato futuro, em relação a outro fato passado.
Haja vista os livros desse autor. - Eu jogaria se não tivesse chovido.
Haja vista aos livros desse autor. - um fato futuro, mas duvidoso, incerto.
- Seria realmente agradável ter de sair?
CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o vezes, ironia.
sentido da frase. - Daria para fazer silêncio?!
Exemplo: Modo Subjuntivo
Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa) a) Presente
A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva) Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar:
- um fato presente, mas duvidoso, incerto.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa Talvez eles estudem... não sei.
passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva, conser- - um desejo, uma vontade:
vando o mesmo tempo. Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores.
b) Pretérito Imperfeito
Outros exemplos: Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma
Os calores intensos provocam as chuvas. hipótese, uma condição.
As chuvas são provocadas pelos calores intensos. Se eu estudasse, a história seria outra.
Eu o acompanharei. Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo.
Ele será acompanhado por mim. e) Pretérito Perfeito
Todos te louvariam. Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar
Serias louvado por todos. um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as
Prejudicaram-me. características do modo subjuntivo).
Fui prejudicado. Que tenha estudado bastante é o que espero.
Condenar-te-iam. d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito
Serias condenado. do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro fato
passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo subjuntivo:
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui-
a) Presente lamente.
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar: e) Futuro
- um fato que ocorre no momento em que se fala. Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já conclu-
Eles estudam silenciosamente. ído em relação a outro fato futuro.
Eles estão estudando silenciosamente. Quando eu voltar, saberei o que fazer.

Língua Portuguesa 13
VERBOS AUXILIARES PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES
INDICATIVO fosse estivesse tivesse houvesse
fosses estivesses tivesses houvesses
SER ESTAR TER HAVER fosse estivesse tivesse houvesse
PRESENTE fôssemos estivéssemos tivéssemos houvéssemos
sou estou tenho hei fôsseis estivésseis tivésseis houvésseis
és estás tens hás fossem estivessem tivessem houvessem
é está tem há PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
somos estamos temos havemos tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ sido, estado, tido,
sois estais tendes haveis havido)
são estão têm hão PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
PRETÉRITO PERFEITO tivesse, tivesses, tivesses, tivéssemos, tivésseis, tivessem ( + sido,
era estava tinha havia estado, tido, havido)
eras estavas tinhas havias FUTURO SIMPLES
era estava tinha havia se eu for se eu estiver se eu tiver se eu houver
éramos estávamos tínhamos havíamos se tu fores se tu estiveres se tu tiveres se tu houveres
éreis estáveis tínheis havíes se ele for se ele estiver se ele tiver se ele houver
eram estavam tinham haviam se nós formos se nós esti- se nós tiver- se nós hou-
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES vermos mos vermos
fui estive tive houve se vós fordes se vós estiver- se vós tiverdes se vós hou-
foste estiveste tiveste houveste des verdes
foi esteve teve houve se eles forem se eles estive- se eles tiverem se eles houve-
fomos estivemos tivemos houvemos rem rem
fostes estivestes tivestes houvestes FUTURO COMPOSTO
foram estiveram tiveram houveram tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+sido, estado, tido,
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO havido)
tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido AFIRMATIVO IMPERATIVO
tens sido tens estado tens tido tens havido sê tu está tu tem tu há tu
tem sido tem estado tem tido tem havido seja você esteja você tenha você haja você
temos sido temos estado temos tido temos havido sejamos nós estejamos nós tenhamos nós hajamos nós
tendes sido tendes estado tendes tido tendes havido sede vós estai vós tende vós havei vós
têm sido têm estado têm tido têm havido sejam vocês estejam vocês tenham vocês hajam vocês
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES NEGATIVO
fora estivera tivera houvera não sejas tu não estejas tu não tenhas tu não hajas tu
foras estiveras tiveras houveras não seja você não esteja não tenha não haja você
fora estivera tivera houvera você você
fôramos estivéramos tivéramos houvéramos não sejamos nós não estejamos não tenhamos não hajamos
fôreis estivéreis tivéreis houvéreis nós nós nós
foram estiveram tiveram houveram não sejais vós não estejais não tenhais não hajais vós
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO vós vós
tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+sido, estado, tido , não sejam vocês não estejam não tenham não hajam
havido) vocês vocês vocês
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES IMPESSOAL INFINITIVO
serei estarei terei haverei ser estar ter haver
serás estarás terás haverá IMPESSOAL COMPOSTO
será estará terá haverá Ter sido ter estado ter tido ter havido
seremos estaremos teremos haveremos PESSOAL
sereis estareis tereis havereis ser estar ter haver
serão estarão terão haverão seres estares teres haveres
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO ser estar ter haver
terei, terás, terá, teremos, tereis, terão, (+sido, estado, tido, havido) sermos estarmos termos havermos
FUTURO DO PRE- serdes estardes terdes haverdes
TÉRITO SIMPLES serem estarem terem haverem
seria estaria teria haveria SIMPLES GERÚNDIO
serias estarias terias haverias sendo estando tendo havendo
seria estaria teria haveria COMPOSTO
seríamos estaríamos teríamos haveríamos tendo sido tendo estado tendo tido tendo havido
serieis estaríeis teríeis haveríeis PARTICÍPIO
seriam estariam teriam haveriam sido estado tido havido
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ sido, estado, tido, havi- CONJUGAÇÕES VERBAIS
do) INDICATIVO
PRESENTE SUBJUNTIVO PRESENTE
seja esteja tenha haja canto vendo parto
sejas estejas tenhas hajas cantas vendes partes
seja esteja tenha haja canta vende parte
sejamos estejamos tenhamos hajamos cantamos vendemos partimos
sejais estejais tenhais hajais cantais vendeis partis
sejam estejam tenham hajam cantam vendem partem

Língua Portuguesa 14
PRETÉRITO IMPERFEITO FUTURO SIMPLES
cantava vendia partia cantar vender partir
cantavas vendias partias cantares venderes partires
cantava vendia partia cantar vender partir
cantávamos vendíamos partíamos cantarmos vendermos partimos
cantáveis vendíeis partíeis cantardes venderdes partirdes
cantavam vendiam partiam cantarem venderem partirem
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES FUTURO COMPOSTO
cantei vendi parti tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+ cantado, vendido,
cantaste vendeste partiste partido)
cantou vendeu partiu AFIRMATIVO IMPERATIVO
cantamos vendemos partimos canta vende parte
cantastes vendestes partistes cante venda parta
cantaram venderam partiram cantemos vendamos partamos
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO cantai vendei parti
tenho, tens, tem, temos, tendes, têm (+ cantado, vendido, partido) cantem vendam partam
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES NEGATIVO
cantara vendera partira não cantes não vendas não partas
cantaras venderas partiras não cante não venda não parta
cantara vendera partira não cantemos não vendamos não partamos
cantáramos vendêramos partíramos não canteis não vendais não partais
cantáreis vendêreis partíreis não cantem não vendam não partam
cantaram venderam partiram
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO INFINITIVO IMPESSOAL SIMPLES
tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+ cantando, vendido,
partido) PRESENTE
Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver. cantar vender partir
FUTURO DO PRESENTE SIMPLES INFINITIVO PESSOAL SIMPLES - PRESENTE FLEXIONADO
cantarei venderei partirei cantar vender partir
cantarás venderás partirás cantares venderes partires
cantará venderá partirá cantar vender partir
cantaremos venderemos partiremos cantarmos vendermos partirmos
cantareis vendereis partireis cantardes venderdes partirdes
cantarão venderão partirão cantarem venderem partirem
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO IMPESSO-
terei, terás, terá, teremos, tereis, terão (+ cantado, vendido, partido) AL
Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver. ter (ou haver), cantado, vendido, partido
FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO PESSOAL
cantaria venderia partiria ter, teres, ter, termos, terdes, terem (+ cantado, vendido, partido)
cantarias venderias partirias GERÚNDIO SIMPLES - PRESENTE
cantaria venderia partiria cantando vendendo partindo
cantaríamos venderíamos partiríamos GERÚNDIO COMPOSTO - PRETÉRITO
cantaríeis venderíeis partiríeis tendo (ou havendo), cantado, vendido, partido
cantariam venderiam partiriam PARTICÍPIO
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO cantado vendido partido
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ cantado, vendido, par-
tido) VERBOS IRREGULARES
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO DAR
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam, (+ cantado, vendido, Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
partido) Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver. Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
PRESENTE SUBJUNTIVO Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem
cante venda parta Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis,
cantes vendas partas dessem
cante venda parta Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
cantemos vendamos partamos
MOBILIAR
canteis vendais partais
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos,
cantem vendam partam
mobiliais, mobiliam
PRETÉRITO IMPERFEITO
Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos,
cantasse vendesse partisse mobilieis, mobiliem
cantasses vendesses partisses Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai,
cantasse vendesse partisse mobiliem
cantássemos vendêssemos partíssemos
cantásseis vendêsseis partísseis AGUAR
cantassem vendessem partissem Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais,
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO águam
tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ cantado, ven- Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram
dido, partido) Presente do subjuntivo ágüe, agües, agüe, agüemos, agüeis,
Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver. ágüem

Língua Portuguesa 15
MAGOAR Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais,
Presente do indicativo magôo, magoas, magoa, magoamos, caibam
magoais, magoam Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubés-
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, semos, coubésseis, coubessem
magoaram Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes,
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, couberem
magoeis, magoem O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo
Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar nem no imperativo negativo

APIEDAR-SE CRER
Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apieda- Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem
mo-nos, apiedais-vos, apiadam-se Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais,
Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiede- creiam
mo-nos, apiedei-vos, apiedem-se Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam
Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A Conjugam-se como crer, ler e descrer

MOSCAR DIZER
Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, mos- Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem
cais, muscam Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram
Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos,
mosqueis, musquem disséreis, disseram
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam
RESFOLEGAR Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissés-
resfolegais, resfolgam seis, dissesse
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfolegue- Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disse-
mos, resfolegueis, resfolguem rem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece Particípio dito
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer
NOMEAR
Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, FAZER
nomeais, nomeiam Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, no- Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram
meáveis, nomeavam Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis,
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, fizeram
nomearam Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam
nomeeis, nomeiem Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos,
fizésseis, fizessem
COPIAR Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer
copiam
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copia- PERDER
ram Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis,
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, perdem
copiáreis, copiaram Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais.
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, percam
copiem Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem
PODER
ODIAR Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis,
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, podem
odeiam Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odia- Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam
vam Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos,
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram pudéreis, puderam
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiá- Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais,
reis, odiaram possam
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudés-
odeiem seis, pudessem
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, pude-
rem
CABER Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, Gerúndio podendo
cabem Particípio podido
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes,
couberam O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos, nem no imperativo negativo
coubéreis, couberam

Língua Portuguesa 16
PROVER SABER
Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, prove- Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem
des, provêem Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes,
Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam souberam
Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, prove- Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos,
ram soubéreis, souberam
Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam
provêreis, proveram Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubés-
Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, semos, soubésseis, soubessem
proverão Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes,
Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, souberem
proveriam
Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam VALER
Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem
provejais. provejam Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais,
Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, pro- valham
vêsseis, provessem Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham
Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes,
proverem TRAZER
Gerúndio provendo Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, tra-
Particípio provido zem
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam
QUERER Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes,
Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, trouxeram
querem Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos,
Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram trouxéreis, trouxeram
Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
quiséreis, quiseram Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam
Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, quei- Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam
rais, queiram Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais,
Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisés- tragam
seis, quisessem Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos,
Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quise- trouxésseis, trouxessem
rem Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes,
trouxerem
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem
REQUERER Gerúndio trazendo
Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, Particípio trazido
requereis. requerem
Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requeres- VER
te, requereram Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem
Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requere- Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram
ramos, requerereis, requereram Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram
Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês
requerereis, requererão Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam
Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem
requereríeis, requereriam Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram Particípio visto
Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos,
requeirais, requeiram ABOLIR
Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêsse- Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem
mos, requerêsseis, requeressem, Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam
Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, reque- Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram
rerdes, requerem Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos,
Gerúndio requerendo abolíreis, aboliram
Particípio requerido Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, aboli-
O verbo REQUERER não se conjuga como querer. rão
Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis,
aboliriam
REAVER Presente do subjuntivo não há
Presente do indicativo reavemos, reaveis Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis,
Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, abolissem
reouveram Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reou- Imperativo afirmativo abole, aboli
véreis, reouveram Imperativo negativo não há
Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvés- Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
semos, reouvésseis, reouvessem Infinitivo impessoal abolir
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouver- Gerúndio abolindo
des, reouverem Particípio abolido
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical
apresenta a letra v há E ou I.

Língua Portuguesa 17
AGREDIR OUVIR
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
agridem Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais,
Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agri- ouçam
dais, agridam Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam
Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam Particípio ouvido
Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substi-
tuído por I.
PEDIR
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
COBRIR Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais,
cobrem peçam
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
cubram Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram
Particípio coberto
POLIR
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir
Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
FALIR Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Presente do indicativo falimos, falis
Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam
Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, REMIR
faliram Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redi-
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram mis, redimem
Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos,
Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam redimais, redimam
Presente do subjuntivo não há
Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem RIR
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
Imperativo afirmativo fali (vós) Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Imperativo negativo não há Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram
Gerúndio falindo Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão
Particípio falido Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
FERIR Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem
Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados. Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Gerúndio rindo
Particípio rido
MENTIR
Conjuga-se como rir: sorrir
Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis,
mentem
Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, VIR
mintam Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir. Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis,
vieram
FUGIR
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão
Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham
Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais,
venham
IR Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem
Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram Gerúndio vindo
Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram Particípio vindo
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir
Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam
Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão SUMIR
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis,
Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem somem
Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais,
Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem sumam
Gerúndio indo Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
Particípio ido Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir,
cuspir

Língua Portuguesa 18
ADVÉRBIO 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem
que, etc.
Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad- 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
vérbio, exprimindo uma circunstância. 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Os advérbios dividem-se em: 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, de
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures, forma que, de modo que, etc.
nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde, avan- 9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto mais,
te, através, defronte, aonde, etc. etc.
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre, 10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc. VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES
3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc. Examinemos estes exemplos:
4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, dema- 1º) Tristeza e alegria não moram juntas.
siado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tanto, bem, 2º) Os livros ensinam e divertem.
mal, quase, apenas, etc. 3º) Saímos de casa quando amanhecia.
5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
6) NEGAÇÃO: não. No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: é
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto, uma conjunção.
provavelmente, etc.
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligando
Há Muitas Locuções Adverbiais orações: são também conjunções.
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à entra-
da, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc. Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à noite, mesma oração.
às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por fim, de
repente, de vez em quando, de longe em longe, etc. No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de bom da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a
grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em ge- conjunção E é coordenativa.
ral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a olhos vis-
tos, de propósito, de súbito, por um triz, etc. No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui- outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc. QUANDO é subordinativa.
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma, As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas.
etc.
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc. CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
As conjunções coordenativas podem ser:
Advérbios Interrogativos 1) Aditivas, que dão idéia de adição, acrescentamento: e, nem, mas
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como? também, mas ainda, senão também, como também, bem como.
O agricultor colheu o trigo e o vendeu.
Palavras Denotativas Não aprovo nem permitirei essas coisas.
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, te- Os livros não só instruem mas também divertem.
rão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão, As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc. as flores.
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc. 2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com-
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc. pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc. passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, ape-
4) DE DESIGNAÇÃO - eis. sar disso, em todo caso.
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc. Querem ter dinheiro, mas não trabalham.
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc. Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia.
Você lá sabe o que está dizendo, homem... Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce.
Mas que olhos lindos! A culpa não a atribuo a vós, senão a ele.
Veja só que maravilha! O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado.
CONJUNÇÃO Você já sabe bastante, porém deve estudar mais.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico.
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. Hoje não atendo, em todo caso, entre.
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou,
Coniunções Coordenativas ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc.
1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc. Os seqüestradores deviam render-se ou seriam mortos.
2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no Ou você estuda ou arruma um emprego.
entanto, etc. Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo.
3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc. Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando.
4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por conseqüência. "Já chora, já se ri, já se enfurece."
5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc. (Luís de Camões)
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por con-
Conjunções Subordinativas seguinte, pois (posposto ao verbo), por isso.
1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc. As árvores balançam, logo está ventando.
2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc. Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável.
3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, etc. O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
Língua Portuguesa 19
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, por- 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
que, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Afastou-se depressa para que não o víssemos.
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
causar incêndios. Fiz-lhe sinal que se calasse.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas. 8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adversa- mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (tan-
tivo: to mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. À medida que se vive, mais se aprende.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.
(Jorge Amado) Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo.
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados.
Conjunções subordinativas
As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma à Observação:
outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações que São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida
traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição ou que e na medida em que. A forma correta é à medida que:
hipótese, conformidade, conseqüência, finalidade, proporção, tempo). "À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem."
Abrangem as seguintes classes: (Maria José de Queirós)
1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já
que, uma vez que, desde que. 9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa: que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que,
efeito). etc.
Como estivesse de luto, não nos recebeu. Venha quando você quiser.
Desde que é impossível, não insistirei. Não fale enquanto come.
2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, (tão Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, (tanto) Desde que o mundo existe, sempre houve guerras.
quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o mesmo que Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia.
(= como). "Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval-
Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento. cânti)
O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa. 10) Integrantes: que, se.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias." Sabemos que a vida é breve.
(Paulo Mendes Campos) Veja se falta alguma coisa.
"Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
(Antônio Olavo Pereira) Observação:
"E pia tal a qual a caça procurada." Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
(Amadeu de Queirós) chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
"Por que ficou me olhando assim feito boba?" porém, não consigna esta espécie de conjunção.
(Carlos Drummond de Andrade)
Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas. Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem que,
Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero. por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que, etc.
Os governantes realizam menos do que prometem. Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, por-
3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda tanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no contex-
quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por to. Assim, a conjunção que pode ser:
menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que 1) Aditiva (= e):
(= embora não). Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
Célia vestia-se bem, embora fosse pobre. A nós que não a eles, compete fazê-lo.
A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer. 2) Explicativa (= pois, porque):
Beba, nem que seja um pouco. Apressemo-nos, que chove.
Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo. 3) Integrante:
Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse. Diga-lhe que não irei.
Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas 4) Consecutiva:
afirmações. Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite. Não vão a uma festa que não voltem cansados.
4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que Onde estavas, que não te vi?
(= se não), a não ser que, a menos que, dado que. 5) Comparativa (= do que, como):
Ficaremos sentidos, se você não vier. A luz é mais veloz que o som.
Comprarei o quadro, desde que não seja caro. Ficou vermelho que nem brasa.
Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo. 6) Concessiva (= embora, ainda que):
"Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo.
que os mosquitos se opusessem." Beba, um pouco que seja.
(Ferreira de Castro) 7) Temporal (= depois que, logo que):
5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas não Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
são como (ou conforme) dizem. 8) Final (= pare que):
"Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar." Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
(Machado de Assis) 9) Causal (= porque, visto que):
6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto, "Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vivaldo
tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de Coaraci)
forma que, de maneira que, sem que, que (não).
Minha mão tremia tanto que mal podia escrever. A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
Falou com uma calma que todos ficaram atônitos. 1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe-
Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí. disse. (sem que = embora não)
Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam. 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito.
Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar. (sem que = se não,caso não)

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3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
(sem que = que não) São dois os termos essenciais da oração:
4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não)
SUJEITO
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa.
Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes)
PREPOSIÇÃO O sujeito pode ser:
- simples: quando tem um só núcleo
Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois ter- As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas;
mos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o núcleo: rosas)
segundo, um subordinado ou conseqüente. - composto: quando tem mais de um núcleo
Exemplos: O burro e o cavalo saíram em disparada.
Chegaram a Porto Alegre. (suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo)
Discorda de você. - oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal
Fui até a esquina. Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu)
Casa de Paulo. - indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal
Come-se bem naquele restaurante.
Preposições Essenciais e Acidentais - Inexistente: quando a oração não tem sujeito
As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CONTRA, Choveu ontem.
DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e Há plantas venenosas.
ATRÁS. PREDICADO
Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a ou- Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito.
tras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais: afora, O predicado classifica-se em:
conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, salvo, 1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais predicativo
segundo, senão, tirante, visto, etc. do sujeito.
Nosso colega está doente.
Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
INTERJEIÇÃO
PERMANECER, etc.
Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a
Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem comunicar estado ou qualidade do sujeito.
ser: Nosso colega está doente.
- alegria: ahl oh! oba! eh! A moça permaneceu sentada.
- animação: coragem! avante! eia! 2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou
- admiração: puxa! ih! oh! nossa! transitivo.
- aplauso: bravo! viva! bis! O avião sobrevoou a praia.
- desejo: tomara! oxalá! Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento.
- dor: aí! ui! O sabiá voou alto.
- silêncio: psiu! silêncio! Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento.
- suspensão: alto! basta! • Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio
de proposição.
LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo Minha equipe venceu a partida.
valor de uma interjeição. • Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com
Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam! auxílio de preposição.
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim! Ele precisa de um esparadrapo.
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao
SINTAXE - Processos de coordenação e mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de com-
subordinação. Equivalência e transformação de plemento com auxilio de preposição.
Damos uma simples colaboração a vocês.
estruturas. Uso de nexos. Concordância nominal e 3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo
verbal. Regência nominal e verbal. Crase. Pontuação intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais
e outros recursos específicos da língua escrita. predicativo do sujeito.
Os rapazes voltaram vitoriosos.
• Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal,
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Ele morreu rico.
FRASE
• Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal,
Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo.
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto
O tempo está nublado.
direto ou indireto.
Socorro!
Elegemos o nosso candidato vereador.
Que calor!
ORAÇÃO TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal. Chama-se termos integrantes da oração os que completam a
A fanfarra desfilou na avenida. significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à
As festas juninas estão chegando. compreensão do enunciado.
1. OBJETO DIRETO
PERÍODO Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
Período é a frase estruturada em oração ou orações. transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou PEIXE.
O período pode ser:
2. OBJETO INDIRETO
• simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta).
Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
Fui à livraria ontem.
transitivo indireto.
• composto - quando constituído por mais de uma oração.
As crianças precisam de CARINHO.
Fui à livraria ontem e comprei um livro.

Língua Portuguesa 21
3. COMPLEMENTO NOMINAL ORAÇÃO COORDENADA
Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de Oração coordenada é aquela que é independente.
um nome com auxílio de preposição. Esse nome pode ser representado por
um substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio. As orações coordenadas podem ser:
Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo) - Sindética:
O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo) Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção
Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE coordenativa.
(advérbio). Viajo amanhã, mas volto logo.
4. AGENTE DA PASSIVA - Assindética:
Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo na Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou
voz passiva. ponto e vírgula.
A mãe é amada PELO FILHO. Chegou, olhou, partiu.
O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO. A oração coordenada sindética pode ser:
Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO 1. ADITIVA:
TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma Expressa adição, seqüência de pensamento. (e, nem = e não), mas,
função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo também:
alguma circunstância. Ele falava E EU FICAVA OUVINDO.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
São termos acessórios da oração: A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ.
1. ADJUNTO ADNOMINAL 2. ADVERSATIVA:
Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os Ligam orações, dando-lhes uma idéia de compensação ou de contraste
substantivos. Pode ser expresso: (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto, etc).
• pelos adjetivos: água fresca, A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
• pelos artigos: o mundo, as ruas O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
• pelos numerais : três garotos; sexto ano
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos 3. ALTERNATIVAS:
2. ADJUNTO ADVERBIAL Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a outra
Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de tempo, (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Mudou o natal OU MUDEI EU?
Cheguei cedo. “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
José reside em São Paulo. OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
(C. Meireles)
3. APOSTO
Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, 4. CONCLUSIVAS:
desenvolve ou resume outro termo da oração. Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
Dr. João, cirurgião-dentista, PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE,
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. etc).
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
4. VOCATIVO
Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou 5. EXPLICATIVAS:
interpelar alguém ou alguma coisa. Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro que
Tem compaixão de nós, ó Cristo. a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.)
Professor, o sinal tocou. Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR.
Rapazes, a prova é na próxima semana. Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS.

PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE


É aquela que vem entre os termos de uma outra oração.
No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta. O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
Fui ao cinema.
O pássaro voou. A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos:
PERÍODO COMPOSTO CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
No período composto há mais de uma oração.
(Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens ORAÇÃO PRINCIPAL
folgam.) Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
por um conectivo.
Período composto por coordenação ELES DISSERAM que voltarão logo.
Apresenta orações independentes. ELE AFIRMOU que não virá.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.) PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)

Período composto por subordinação ORAÇÃO SUBORDINADA


Apresenta orações dependentes. Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
(É bom) (que você estude.) introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
nem sempre é a primeira do período.
Período composto por coordenação e subordinação Quando ele voltar, eu saio de férias.
Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
período é também conhecido como misto. Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.)

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ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA 4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função SE O CONHECESSES, não o condenarias.
de um substantivo. Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
substantivas classificam-se em: 5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato
1) SUBJETIVA (sujeito) com outro:
Convém que você estude mais. Fiz tudo COMO ME DISSERAM.
Importa que saibas isso bem. . Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é necessária. 6) CONSECUTIVAS: exprimem uma conseqüência, um resultado:
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto) Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA!
Desejo QUE VENHAM TODOS. Tenho medo disso QUE ME PÉLO!
Pergunto QUEM ESTÁ AI.
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:
3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto) Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE.
Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS. Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE.
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER. 8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
4) COMPLETIVA NOMINAL QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo.
Complemento nominal. 9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na
Ser grato A QUEM TE ENSINA. oração principal:
Sou favorável A QUE O PRENDAM. ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
5) PREDICATIVA (predicativo)
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA) 10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE. Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
Não sou QUEM VOCÊ PENSA. Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.

6) APOSITIVAS (servem de aposto) ORAÇÕES REDUZIDAS


Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE) Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas nominais:
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME. gerúndio, infinitivo e particípio.
Exemplos:
7) AGENTE DA PASSIVA • Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO.
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR) • Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM. • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM,
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS conseguirás.
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS
um adjetivo. ATENTOS.
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: • AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO,
entristeceu-se.
1) EXPLICATIVAS: • É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE ESTUDES
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente, MAIS.
atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe uma • SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure-
informação. me.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará. PARALELISMO SINTÁTICO
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria. O que se denomina paralelismo sintático é um encadeamento de
funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores
2) RESTRITIVAS: sintáticos iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura
Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo sintática externa, ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não
indispensáveis ao sentido da frase: se permite estabelecer maior relevância de uma sobre a outra, criam um
Pedra QUE ROLA não cria limo. processo de ligação por coordenação. Diz-se que estão formando um
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem. paralelismo sintático.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui.
PARALELISMOS FREQÜENTES
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS e, nem
Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de Ele conseguiu transformar-se no Ministro das Relações Exteriores e no
um advérbio. homem forte do governo.
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão: Não adianta invadir a Bolívia nem romper o contrato do gás.
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE. não só... mas também
O tambor soa PORQUE É OCO. O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática imedi-
atamente.
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma
comparação. mas
O som é menos veloz QUE A LUZ. Não estou descontente com seu desempenho, mas com sua arrogân-
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA. cia.

3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se admite: ou


POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram.
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. O governo ou se torna racional ou se destrói de vez. " Maria Rita ou
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava. 'seja amiga dos alunos ou' perca o emprego."

Língua Portuguesa 23
tanto... quanto sugerir, perguntar, indagar ou expressões sinônimas, que podem
Estávamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir:
sua forma de solucioná-los. “E Alexandre abriu a torneira:
- Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não
isto é, ou seja ignoram.” (Graciliano Ramos)
Você deveria estar preocupado com seu futuro, isto é, com sua sobre- “Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor.” (Cecília
vivência. Meirelles)
“Os que não têm filhos são órfãos às avessas”, escreveu Machado
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt)
Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a re-
A sinonímia não se dá apenas no plano lexical. É fenômeno encontra- cursos gráficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e
diço também no plano sintático, quando é chamada paráfrase, embora aí a mudança de linha - a função de indicar a fala do personagem. É
entrem em jogo aspectos peculiares, que singularizam a sinonímia sintática o que observamos neste passo:
da léxica. No entanto, existem pontos comuns entre os dois tipos de sino- “Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avista-
nímia, entre os quais a excepcionalidade de uma sinonímia perfeita e a ram o menino:
dependência de fatores extralingüísticos para se caracterizarem. - Joãozinho!
Nada. Será que ele voou mesmo?”
DISCURSO DIRETO. DISCURSO INDIRETO . DISCURSO INDIRETO 2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto pro-
LIVRE vém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, fa-
Celso Cunha zendo emergir da situação o personagem, tornando-o vivo para o
ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador desem-
ENUNCIAÇÃO E REPRODUÇÃO DE ENUNCIAÇÕES penha a mera função de indicador das falas.
Comparando as seguintes frases:
“A vida é luta constante” Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diá-
“Dizem os homens experientes que a vida é luta constante” rios de comunicação e nos estilos literários narrativos em que os autores
pretendem representar diante dos que os lêem “a comédia humana, com a
Notamos que, em ambas, é emitido um mesmo conceito sobre a vida.. maior naturalidade possível”. (E. Zola)

Mas, enquanto o autor da primeira frase enuncia tal conceito como ten- Discurso indireto
do sido por ele próprio formulado, o autor da segunda o reproduz como 1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis:
tendo sido formulado por outrem. “Elisiário confessou que estava com sono.”
Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso dire-
Estruturas de reprodução de enunciações to, o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação
Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de persona- do personagem (Elisiário), contentando-se em transmitir ao leitor o
gens reais ou fictícias, os locutores e os escritores dispõiem de três moldes seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma lingüística que teria
lingüísticos diversos, conhecidos pelos nomes de: discurso direto, discurso sido realmente empregada.
indireto e discurso indireto livre. Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indire-
to.
Discurso direto 2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se
Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de num só:
Andrade: “Engrosso a voz e afirmo que sou estudante.” (Graciliano Ramos)
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira lá
na língua dele - “Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...” Características do discurso indireto
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também por um verbo
Verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim, declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), as
deixou-o expressar-se “Lá na língua dele”, reproduzindo-lhe a fala tal como falas dos personagens se contêm, no entanto, numa oração subor-
ele a teria organizado e emitido. dinada substantiva, de regra desenvolvida:
“O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tan-
A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apre- tos doudos no mundo e menos ainda o inexplicável de alguns ca-
sentar as suas próprias palavras, denominamos discurso direto. sos.”
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção
Observação integrante:
No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o “Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálcu-
guaxinim. lo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o ti-
vesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava
Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das podiam ser onze horas.”(Lima Barreto)
narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de Rio- A conjunçào integrante falta, naturalmente, quando, numa constru-
baldo, o personagem-narrador do romance de Grande Sertão: Veredas, de ção em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a for-
Guimarães Rosa. ma reduzida.:
“Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; “Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoei-
mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso ro.”(Graça Aranha)
do que em primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?” 2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o empre-
go do discurso indireto pressupõe um tipo de relato de caráter pre-
Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, lirica- dominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e
mente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si
convite que, na verdade, quem lhe faz é a sua própria alma: o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas
“Ouço o meu grito gritar na voz do vento: não se conclua daí que o discurso indireto seja uma construção es-
- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!” tilística pobre. É, na verdade, do emprego sabiamente dosado de
um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem da
Características do discurso direto narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância com
1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, ge- intenções expressivas que só a análise em profundidade de uma
ralmente, pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar, dada obra pode revelar.

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“O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da
Transposição do discurso direto para o indireto espinha.
Do confronto destas duas frases: Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha domés-
“- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela.” (A.F. Schmidt) tica nem a dos campos possuíam salvação.
“Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia.” Perdido... completamente perdido...”
( H. de C. Ramos)
Verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos
elementos do enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde Características do discurso indireto livre
sintático. Do exame dos enunciados em itálico comprova-se que o discurso indi-
a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa. reto livre conserva toda a afetividade e a expressividade próprios do discur-
Exemplo: “-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir so direto, ao mesmo tempo que mantém as transposições de pronomes,
mais.”(M. de Assis) verbos e advérbios típicos do discurso indireto. É, por conseguinte, um
Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa: processo de reprodução de enunciados que combina as características dos
“Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir mais” dois anteriormente descritos.
b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
“- O major é um filósofo, disse ele com malícia.” (Lima Barreto) 1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto li-
Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito: vre “pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintática do
“Disse ele com malícia que o major era um filósofo.” escritor (fator gramatical) e a sua completa adesão à vida do per-
c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito: sonagem (fator estético) “ (Nicola Vita In: Cultura Neolatina).
“- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara.”(José de Alencar) Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode
Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito: levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestações
“O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado.” dos locutores com a simples narração. Daí que, para a apreensão
d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente: da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ga-
“- Virão buscar V muito cedo? - perguntei.”(A.F. Schmidt) nhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do
Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito: que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é,
“Perguntei se viriam buscar V. muito cedo” muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte
e) Discurso direto: verbo no modo imperativo: passo de Machado de Assis:
“- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo) “Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião
Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo: acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para descan-
“Gritaram em volta que seguisse a dança.” sar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era
f) Discurso direto: enunciado justaposto: nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era.”
“O dia vai ficar triste, disse Caubi.” 2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta
Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido construção híbrida:
pela integrante que: a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso
“Disse Caubi que o dia ia ficar triste.” indireto, e, por outro lado, os cortes das oposições dialogadas pe-
g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta: culiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma
“Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en- narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elabora-
cantadora?” (Guimarães Rosa) dos;
Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta: b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem
“Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en- neste molde frásico torna-o o preferido dos escritores memorialis-
cantadora.” tas, em suas páginas de monólogo interior;
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta, c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem
isto) ou de 2ª pessoa (esse, essa, isso). sempre aparece isolado em meio da narração. Sua “riqueza ex-
“Isto vai depressa, disse Lopo Alves.”(Machado de Assis) pressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo pará-
Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele, grafo, com os discursos direto e indireto puro”, pois o emprego
aquela, aquilo). conjunto faz que para o enunciado confluam, “numa soma total, as
“Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.” características de três estilos diferentes entre si”.
i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui: (Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-
“E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta, FENAME.)
concluindo:
- Aqui, não está o que procuro.”(Afonso Arinos)
Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
USO DE NEXOS
“E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
concluindo que ali não estava o que procurava.”
"Nexos oracionais" é um outro nome para conjunções coordenativas e
Discurso indireto livre subordinativas. Recebem também nomes como "nexos conectivos", "nexos
Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um ter- articuladores", conectores etc.
ceiro processo de reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos
dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto livre, forma de Exemplo:
expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz própria A professora perguntou qual seria a conjunção adequada para ligar as
(discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria orações “Nada o impedia de sair” e “Preferiu ficar”. A maioria escolheu
dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a “nada o impedia de sair, MAS preferiu ficar”. Ela disse que estava errado e
impressão de que passam a falar em uníssono. que deveria ser “nada o impedia de sair, PORTANTO preferiu ficar”.

Comparem-se estes exemplos: Quando coloco uma conjunção entre duas orações, estou tentando de-
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respira- finir qual o nexo — dentro da minha óptica — elas têm entre si. Dou-lhe
ção presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um um bom exemplo: compara ”Ele foi eleito para a Academia; portanto, deve
momento em que esteve quase... quase! ser um bom escritor”, com “Ele foi eleito para a Academia; entretanto, deve
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qual- ser um bom escritor”. Na primeira, está manifesta a ideia de que entrar
quer urubu... que raiva... “ (Ana Maria Machado) para a Academia é um ponto positivo; na segunda, exatamente o contrário.
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que es- Escolher entretanto ou portanto vai permitir que eu exprima diferentes
tar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano relações entre as mesmas ideias.
Ramos)

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SEMÂNTICA De acordo com as teses de Chomsky, toda língua tem uma estrutura super-
ficial ou aparente, representada pela forma em que aparece a oração, e
Constituída tardiamente como campo de estudo, a semântica fez no uma estrutura profunda, que carrega o conteúdo semântico. Mediante um
entanto rápidos progressos, determinados pela necessidade de estabelecer número finito de regras de transformação, o falante pode criar um número
uma rigorosa e científica teoria do significado, que pudesse precisar as ilimitado de orações superficiais.
relações entre a linguagem e a realidade à qual se faz referência.
Em suas primeiras formulações desse modelo, o autor tendeu a esta-
Semântica é o estudo do significado das palavras e de sua evolução belecer uma distinção clara entre o componente semântico, meramente
histórica ou, numa acepção mais estrita, das relações das palavras com os léxico, e o sintático, responsável pela função gerativa e transformacional.
objetos que designam. O termo, derivado do grego semantikós, "significati- Posteriormente, no entanto, influenciado por críticas de alguns de seus
vo", foi cunhado pelo lingüista francês Michel Bréal que, na obra Essai de seguidores, elaborou um novo modelo semântico-sintático em que os dois
sémantique (1897; Ensaio de semântica), lançou as bases da nova "ciência componentes são inseparáveis. Essas nuanças, que deram origem à se-
das significações", integrada à lingüística ou gramática geral, e paralela à mântica interpretativa, pareceram insuficientes a outros autores, para os
fonética, ciência dos sons. quais a hipótese de Chomsky ignorava o poder comunicativo da linguagem
O estudo da semântica pode ser abordado tanto de uma perspectiva e o fato de que muitas orações, como por exemplo as metafóricas, só
lógico-filosófica -- centrada sobretudo na análise dos vínculos entre as podem ser compreendidas dentro de um contexto determinado.
palavras ou signos e seus referentes (objetos), e no estabelecimento de Assim, os enfoques lingüísticos e filosóficos da semântica acabam por
conceitos tais como nominação, conotação, denotação e verdade -- como confluir para duas questões básicas. A primeira versa sobre a validade de
do ponto de vista lingüístico, que trata de forma geral a problemática das uma definição universal do conceito de "significado", e a outra, sobre a
relações entre pensamento, linguagem e significado, e pretende estabele- possibilidade de se separar o campo da semântica, que estuda as relações
cer o papel da semântica enquanto componente lingüístico, além de definir entre os signos lingüísticos e seus objetos, do campo da pragmática, que
sua relação com outros componentes, tais como a sintaxe e a morfologia. analisa as relações entre esses signos e seus usuários, ou seja, os falan-
Semântica e filosofia. Como todo problema conceitual deve ser neces- tes. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
sariamente abordado por meio de uma linguagem, a determinação das
relações entre os termos e seus significados constitui objeto de prioritário Quanto à significação, as palavras podem ser:
interesse filosófico. Essa circunstância foi particularmente enfatizada duran- 1. Sinônimas - quando apresentam sentidos semelhantes: falecer e
te a década de 1920 pelo neopositivismo, ou positivismo lógico, surgido em morrer, belo e bonito; longe e distante, etc.
torno do chamado Círculo de Viena, cujos membros, convencidos de que 2. Antônimas - quando têm significação oposta: triste e alegre, bondade
muitos dos problemas filosóficos não passavam de conseqüências da e maldade, riqueza e pobreza.
imprecisão das linguagens naturais, empreenderam a elaboração de uma 3. Homônimas - quando são escritas ou pronunciadas de modo idêntico
linguagem ideal, isenta de ambigüidade, sobre a qual se pudesse edificar mas são diferentes quanto ao significado.
uma teoria semântica de caráter lógico. Desenvolveram, então, um modelo Os homônimos podem ser:
teórico baseado no "princípio de verificabilidade", de acordo com o qual, a) perfeitos - quando possuem a mesma grafia (homógrafos) e a
para que uma proposição tenha significado, é preciso que seja passível das mesma pronúncia (homófonos):
atribuições de "verdadeiro" ou "falso", segundo critérios analíticos (lógicos) cura (padre) - cura (do v. curar)
ou empíricos (fixados a partir da experiência sensorial). verão (estação) - verão (verbo ver)
são (sadio) - são (verbo ser)
Na realidade, o objetivo da criação desse modelo não era determinar "o b) imperfeitos - quando têm a mesma grafia mas pronúncia diferente
que" significam as palavras, mas restringir a própria idéia de significado à (homógrafos) ou a mesma pronúncia mas grafia diferente (homó-
verdade ou falsidade de uma afirmação e eliminar, portanto, do campo da fonos). Exemplos: selo (substantivo) - selo (verbo selar) / ele (pro-
filosofia, todo tipo de especulação metafísica que não pudesse ser objeto nome) - ele (letra)
de comprovação científica. O princípio de verificabilidade, no entanto, 4. Parônimas - quando se assemelham na forma mas têm significados
sofreu prontamente inúmeras críticas, até mesmo do campo da filosofia da diferentes.
ciência. Assim, o pensador austríaco Karl Popper argumentou que a aplica- Exemplos: descriminar (inocentar) - discriminar (distinguir) / discente
ção estrita de tal princípio impediria a elaboração de hipóteses, instrumento (relativo a alunos) - docente (relativo a professores)
fundamental para o progresso do conhecimento científico.
Uma outra crítica foi feita, da perspectiva da filosofia da linguagem, pe- DENOTAÇAO E CONOTAÇAO
los defensores da "teoria do uso". Ao contrário dos neopositivistas, que A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a
haviam considerado os signos lingüísticos num contexto abstrato, esses seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original.
teóricos destacaram o fato de que o significado de uma palavra se encontra
em estreita relação com o uso que dela faz o falante, tese do austríaco A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se no
Ludwig Wittgenstein explicitada na formulação "não inquirir pela significa- seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias
ção, inquirir pelo uso". A importância fundamental da teoria do uso na interpretações.
moderna filosofia da linguagem reside na transformação radical da noção
de significado, que perde seu caráter universal e passa a depender de um Observe os exemplos:
contexto. Essa circunstância levou inúmeros pensadores a postularem não Denotação
uma teoria semântica única, mas de "semânticas", cada uma delas basea- As estrelas do céu.
da numa definição precisa de significado e válida somente para determina- Vesti-me de verde.
dos pressupostos metodológicos. O fogo do isqueiro.
Semântica e lingüística. As teorias lingüísticas pretendem descrever os Conotação
traços comuns a todas as linguagens naturais, analisadas em três níveis: As estrelas do cinema.
fonético, relativo aos sons; sintático, que diz respeito às regras determinan- O jardim vestiu-se de flores.
tes da união das palavras na oração; e semântico. Este último nível, restrito O fogo da paixão.
geralmente ao componente léxico, foi sem dúvida a área menos estudada,
sobretudo por influência das escolas lingüísticas estruturalistas, dominantes SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
na primeira metade do século XX, que deliberadamente procuraram evitar o As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
conceito de "significado". figurado:
O surgimento da gramática gerativo-transformacional, criada pelo teóri- Construí um muro de pedra - sentido próprio
co americano Noam Chomsky em seu livro Syntactic Structures (1957; Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
Estruturas sintáticas), despertou renovado interesse pelas questões semân- A água pingava lentamente – sentido próprio.
ticas e, em particular, pela análise das relações entre semântica e sintaxe.

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CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
O pessoal ainda não chegou.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL A turma não gostou disso.
Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinante Um bando de pássaros pousou na árvore.
se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões. 3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá ao
plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
Principais Casos de Concordância Nominal Os Estados Unidos são um grande país.
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em Os Lusíadas imortalizaram Camões.
gênero e número com o substantivo. Os Alpes vivem cobertos de neve.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico. Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão Flores já não leva acento.
normalmente para o plural. O Amazonas deságua no Atlântico.
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
para o masculino plural. no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indiferen-
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios. temente.
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
próximo: A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
Trouxe livros e revista especializada. 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próxi- sujeito paciente.
mo. Vende-se um apartamento.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. Vendem-se alguns apartamentos.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
sujeito. verbo para a 3ª pessoa do singular.
Meus amigos estão atrapalhados. Precisa-se de funcionários.
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predica- 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha no
tivo no gênero da pessoa a quem se refere. singular e o verbo no singular ou no plural.
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
vão para o singular ou para o plural. Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier Mais de um jurado fez justiça à minha música.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
Já estudei o primeiro e segundo livros. empregadas como sujeito e derem idéia de síntese, pedem o verbo
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. no singular.
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
que se referem. sujeito.
Ela mesma veio até aqui. Deu uma hora.
Eles chegaram sós. Deram três horas.
Eles próprios escreveram. Bateram cinco horas.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Naquele relógio já soaram duas horas.
Muito obrigado. (masculino singular) 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
Muito obrigada. (feminino singular). frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e fica Ela é que faz as bolas.
invariável quando é advérbio. Eu é que escrevo os programas.
Quero meio quilo de café. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
Minha mãe está meio exausta. um pronome relativo.
É meio-dia e meia. (hora) Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o substan- Fui eu que fiz a lição
tivo a que se referem. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí-
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. veis.
A expressão em anexo é invariável. • que: Fui eu que fiz a lição.
Trouxe em anexo estas fotos. • quem: Fui eu quem fez a lição.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substitu- • o que: Fui eu o que fez a lição.
em advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. 14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na
Vocês falaram alto demais. terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem a
O combustível custava barato. este sua impessoalidade.
Você leu confuso. Chove a cântaros. Ventou muito ontem.
Ela jura falso. Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjetivos,
sofrem variação normalmente. CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER
Esses pneus custam caro. 1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
Conversei bastante com eles. pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e PA-
Conversei com bastantes pessoas. RECER concordam com o predicativo.
Estas crianças moram longe. Tudo são esperanças.
Conheci longes terras. Aquilo parecem ilusões.
Aquilo é ilusão.
CONCORDÂNCIA VERBAL 2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER con-
CASOS GERAIS corda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Que são florestas equatoriais?
O menino chegou. Os meninos chegaram. Quem eram aqueles homens?

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3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará com Todos visamos a um futuro melhor.
a expressão numérica. • APONTAR, MIRAR - objeto direto
São oito horas. O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
Hoje são 19 de setembro. • pör o sinal de visto - objeto direto
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros. O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER 11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
fica no singular. Devemos obedecer aos superiores.
Três batalhões é muito pouco. Desobedeceram às leis do trânsito.
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro. 12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular. • exigem na sua regência a preposição EM
Maria era as flores da casa. O armazém está situado na Farrapos.
O homem é cinzas. Ele estabeleceu-se na Avenida São João.
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER 13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.
concorda com o predicativo. Essas tuas justificativas não procedem.
Dançar e cantar é a sua atividade. • no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
Estudar e trabalhar são as minhas atividades. com a preposição DE.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
concorda com o pronome. • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
A ciência, mestres, sois vós. O secretário procedeu à leitura da carta.
Em minha turma, o líder sou eu. 14. ESQUECER E LEMBRAR
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo, • quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
apenas um deles deve ser flexionado. Esqueci o nome desta aluna.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos. Lembrei o recado, assim que o vi.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos. • quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
Esqueceram-se da reunião de hoje.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Lembrei-me da sua fisionomia.
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- • perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
calmente do outro. • pagar - Pago o 13° aos professores.
• dar - Daremos esmolas ao pobre.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos e • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
adjetivos). • ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.
• agradecer - Agradeço as graças a Deus.
Exemplos: • pedir - Pedi um favor ao colega.
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM 16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR O amor implica renúncia.
PARA = passagem • no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposição
COM:
A regência verbal trata dos complementos do verbo. O professor implicava com os alunos
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a preposi-
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA ção EM:
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) Implicou-se na briga e saiu ferido
• pretender (transitivo indireto) 17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição A:
No sítio, aspiro o ar puro da montanha. Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã. quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA:
2. OBEDECER - transitivo indireto Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
Devemos obedecer aos sinais de trânsito. 18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa
3. PAGAR - transitivo direto e indireto como sujeito:
Já paguei um jantar a você. O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto. pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente di-
Já perdoei aos meus inimigos as ofensas. ficuldade, será objeto indireto.
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto Custou-me confiar nele novamente.
Prefiro Comunicação à Matemática. Custar-te-á aceitá-la como nora.
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
Informei-lhe o problema. PONTUAÇÃO
7. ASSISTIR - morar, residir: Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita as
Assisto em Porto Alegre. pausas da linguagem oral.
• amparar, socorrer, objeto direto
O médico assistiu o doente. PONTO
• PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase decla-
Assistimos a um belo espetáculo. rativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos casos
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto comuns ele é chamado de simples.
Assiste-lhe o direito.
8. ATENDER - dar atenção Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
Atendi ao pedido do aluno. to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
Atenderam o freguês com simpatia. PONTO DE INTERROGAÇÃO
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto É usado para indicar pergunta direta.
A moça queria um vestido novo. Onde está seu irmão?
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
O professor queria muito a seus alunos. Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto A mim ?! Que idéia!

Língua Portuguesa 28
PONTO DE EXCLAMAÇÃO • Usa-se para separar orações do tipo:
É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas. – Avante!- Gritou o general.
Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória! – A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.
Ó jovens! Lutemos!
Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam
VÍRGULA uma cadeia de frase:
A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena pau- • A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
sa na fala. Emprega-se a vírgula: • A ponte Rio – Niterói.
• Nas datas e nos endereços: • A linha aérea São Paulo – Porto Alegre.
São Paulo, 17 de setembro de 1989.
Largo do Paissandu, 128. ASPAS
• No vocativo e no aposto: São usadas para:
Meninos, prestem atenção! • Indicar citações textuais de outra autoria.
Termópilas, o meu amigo, é escritor. "A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles)
• Nos termos independentes entre si: • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões. expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares:
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste Há quem goste de “jazz-band”.
caso é usado o duplo emprego da vírgula: Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- • Para enfatizar palavras ou expressões:
droeira. Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
• Após alguns adjuntos adverbiais: • Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. "Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.
• Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo emprego • Em casos de ironia:
da vírgula: A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
• Após a primeira parte de um provérbio.
O que os olhos não vêem, o coração não sente.
• Em alguns casos de termos oclusos: PARÊNTESES
Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate. Empregamos os parênteses:
• Nas indicações bibliográficas.
RETICÊNCIAS "Sede assim qualquer coisa.
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. serena, isenta, fiel".
Não me disseste que era teu pai que ... (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
• Para realçar uma palavra ou expressão. • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. fora das órbitas. Amália se volta)".
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também... (G. Figueiredo)
• Quando se intercala num texto uma idéia ou indicação acessória:
PONTO E VÍRGULA "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém fome."
alguma simetria entre si. (C. Lispector)
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhe- • Para isolar orações intercaladas:
cido, guardando consigo a ponta farpada. " "Estou certo que eu (se lhe ponho
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu Minha mão na testa alçada)
interior. Sou eu para ela."
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, mais (M. Bandeira)
calmo, resolveu o problema sozinho.
COLCHETES [ ]
DOIS PONTOS Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
• Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? ASTERISCO
• Para indicar uma citação alheia: O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de alguma nota (observação).
passageiros do vôo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que". BARRA
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão anteri- A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
or: abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
• Enumeração após os apostos: CRASE
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido.
Crase é a fusão da preposição A com outro A.
TRAVESSÃO Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar
palavras ou frases EMPREGO DA CRASE
– "Quais são os símbolos da pátria? • em locuções adverbiais:
– Que pátria? à vezes, às pressas, à toa...
– Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos). • em locuções prepositivas:
– "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra em frente à, à procura de...
vez. • em locuções conjuntivas:
– a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma à medida que, à proporção que...
coisa". (M. Palmério). • pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a,
as

Língua Portuguesa 29
Fui ontem àquele restaurante. • quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão: Não falo a pessoas estranhas.
Refiro-me àquilo e não a isto. Jamais vamos a festas.

A CRASE É FACULTATIVA LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO -


• diante de pronomes possessivos femininos:
Entreguei o livro a(à) sua secretária . Estruturação do texto: relações entre ideias e
• diante de substantivos próprios femininos: recursos de coesão. Compreensão global do texto.
Dei o livro à(a) Sônia. Significação contextual de palavras e expressões.
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE Informações literais e inferências possíveis.
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o artigo Ponto de vista do autor.
A:
Viajaremos à Colômbia. Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali-
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia) dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasília, compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, Ve- necessitar de um bom léxico internalizado.
neza, etc.
Viajaremos a Curitiba. As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o confronto entre todas as partes que compõem o texto.
modifique.
Ela se referiu à saudosa Lisboa. Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por
Vou à Curitiba dos meus sonhos. trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida: se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor
Às 8 e 15 o despertador soou. diante de uma temática qualquer.
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras “mo-
da” ou "maneira": Denotação e Conotação
Aos domingos, trajava-se à inglesa. Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expres-
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo. são gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma con-
• Antes da palavra casa, se estiver determinada: venção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante + signi-
Referia-se à Casa Gebara. ficado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
• Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar.
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa). O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários,
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo. o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras é a
Voltou à terra onde nascera. atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreensão,
Chegamos à terra dos nossos ancestrais. depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinada
Mas: construção frasal, uma nova relação entre significante e significado.
Os marinheiros vieram a terra.
O comandante desceu a terra. Os textos literários exploram bastante as construções de base conota-
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente: diferenciadas em seus leitores.
Vou até a (á ) chácara.
Cheguei até a(à) muralha Ainda com base no signo lingüístico, encontra-se o conceito de polis-
• A QUE - À QUE semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
ocorrerá crase: ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste
Houve um palpite anterior ao que você deu. caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
Houve uma sugestão anterior à que você deu. ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não esclareçam o sentido.
ocorrerá crase.
Não gostei do filme a que você se referia. Como Ler e Entender Bem um Texto
Não gostei da peça a que você se referia. Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrativo de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira
A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra-
de: em-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo
Meu palpite é igual ao de todos nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar
Minha opinião é igual à de todos. palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para
resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça
NÃO OCORRE CRASE a memória visual, favorecendo o entendimento.
• antes de nomes masculinos:
Andei a pé. Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva,
Andamos a cavalo. há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim
• antes de verbos: de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes.
Ela começa a chorar.
Cheguei a escrever um poema. No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto
• em expressões formadas por palavras repetidas: com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
Estamos cara a cara. época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona: tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica
Escrevi a Vossa Excelência. da fonte e na identificação do autor.
Dirigiu-se gentilmente à senhora.

Língua Portuguesa 30
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relações
resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exce- podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos,
to, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequa- ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de um fa-
da. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais to que aconteceu depois.
adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por
isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo
ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela
alternativa mais completa. natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da
do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no seu
texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontex- espírito.
tualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso  Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis-
para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para semos, é a personagem que está a contar a história. A posição em
ter idéia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta que se coloca o narrador para contar a história constitui o foco, o
será mais consciente e segura. aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri-
zado por :
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS - visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito às
TEXTO NARRATIVO personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos acon-
 As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for- tecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.
ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narra-
dos fatos. tiva que é feito em 1a pessoa.
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
heroína, personagem principal da história. sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota- dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal  Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
contracena em primeiro plano. apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar- qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra- feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
ção.
O narrador que está a contar a história também é uma personagem, Formas de apresentação da fala das personagens
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor- Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história. três maneiras de comunicar as falas das personagens.
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-  Discurso Direto: É a representação da fala das personagens atra-
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não vés do diálogo.
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e Exemplo:
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma dimen- “Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reações verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
perante os acontecimentos. val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
 Seqüência dos fatos (enredo): Enredo é a seqüência dos fatos, a No discurso direto é freqüente o uso dos verbo de locução ou descendi:
trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo po- dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de
demos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou rápidas
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, o os verbos de locução podem ser omitidos.
desenlace ou desfecho.
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,  Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a Exemplo:
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ou “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de inte- dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
resses entre as personagens. que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten- nos sombrios por vir”.
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.  Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração.
 Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-
Exemplo:
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o gê-
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidiano
alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
constitui uma crônica, o relato de um drama social é um romance
lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem
social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato central,
que estivesse doido. Como poderia andar um homem àquela
que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundários, rela-
hora , sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pés
cionados ao principal.
no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
 Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu- (José Lins do Rego)
gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter TEXTO DESCRITIVO
informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve- Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac-
zes, principalmente nos textos literários, essas informações são terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importantes,
narrativo. tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que
 Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para que
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma imagem
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- unificada.

Língua Portuguesa 31
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari- O TEXTO ARGUMENTATIVO
ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a Baseado em Adilson Citelli
pouco.
Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra téc- A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-
nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas: rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os
 Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar
transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto de
através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a subje- referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras do
tiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas preferên- tipo de texto solicitado.
cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objeti- Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário
vo, fenomênico, ela é exata e dimensional. que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de
 Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a sua
personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos, análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão do
pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e temperamen- conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação discursi-
to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so- va é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja transmitir,
cial e econômico . ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do sujeito, suas
 Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que fazemos é
observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama, soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em que o indivíduo
para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o simples e decisivo
partes mais típicas desse todo. intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem o convencimento
 Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos do ponto de vista de algo/alguém.
ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma
visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos e Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
típicos. desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
 Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas de
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas. Dentro
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerência é de
 Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- relevada importância para a produção textual, pois nela se dará uma se-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um vocabu- qüência das idéias e da progressão de argumentos a serem explanadas.
lário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. É Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitável, a
predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em seus objeti-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis- vos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os mecanismos
mos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc. da coesão e da coerência serão então responsáveis pela unidade da for-
mação textual.
TEXTO DISSERTATIVO
Dissertar significa discutir, expor, interpretar idéias. A dissertação cons- Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos
ta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou ques- verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por
tão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados.
com clareza, coerência e objetividade.
Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é a
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que ocorre
o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e outro
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argumentos
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan- com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto, estes
do o contexto. argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da comunica-
ção ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e Persua-
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em : são).
 Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob- Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em sua
jetiva da definição do ponto de vista do autor. unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o
 Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as idéias colo- propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan- relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de idéias alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num dão tornem esta produção altamente evocativa.
conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de-
sencadeia a conclusão. A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a um
 Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da idéia texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, a
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in- paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se algo
trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfrase não
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de argu-
em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótese mentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes dife-
e opinião. rentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; é junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter
a obra ou ação que realmente se praticou. na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las,
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo,
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histórico
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. uma relação interdiscursiva e intertextual.
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- As metáforas, metomínias, onomatopéias ou figuras de linguagem, en-
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a tram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias capa-
respeito de algo. zes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é muito

Língua Portuguesa 32
utilizada para causar este efeito, umas de suas características salientes, é 2. Considere as seguintes afirmações:
que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar idéias, valores da I. A banalização do uso da palavra progresso é uma conseqüência do
oposição, tudo isto em forma de piada. fato de que a Ecologia deixou de ser um assunto acadêmico.
II. A expressão desenvolvimento sustentável pressupõe que haja
Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir
formas de desenvolvimento nocivas e predatórias.
através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
III. Entende o autor do texto que a magia da palavra progresso advém
mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, idéias ou
do uso consciente e responsável que a maioria das pessoas vem fa-
conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e
zendo dela.
concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerível,
Em relação ao texto está correto APENAS que se afirma em
capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação...
(A) I.
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, (B)) II.
Editora ..Scipione, 1994 - 6ª edição. (C) III.
(D) I e II.
EXERCÍCIOS – INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (E) II e III.

Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que se- 3. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente uma frase do
gue. texto em:
No coração do progresso (A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me antecipar a qualquer
Há séculos a civilização ocidental vem correndo atrás de tudo o que conclusão.
classifica como progresso. Essa palavra mágica aplica-se tanto à invenção (B) continuamos a usar indiscriminadamente a palavrinha mágica =
do aeroplano ou à descoberta do DNA como à promoção do papai no novo seguimos chamando de mágico tudo o que julgamos sem preconcei-
emprego. “Estou fazendo progressos”, diz a titia, quando enfim acerta a to.
mão numa velha receita. Mas quero chegar logo ao ponto, e convidar o (C) para cercear as iniciativas predatórias = para ir ao encontro das
leitor a refletir sobre o sentido dessa palavra, que sempre pareceu abrir ações voluntariosas.
todas as portas para uma vida melhor. (D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto da qualidade da vida =
Quando, muitos anos atrás, num daqueles documentários de cinema, práticas alheias ao que diz respeito às condições de vida.
via-se uma floresta sendo derrubada para dar lugar a algum empreendi- (E)) há de adequar-se a um planejamento = deve ir ao encontro do que
mento, ninguém tinha dúvida em dizer ou pensar: é o progresso. Uma está planificado.
represa monumental era progresso. Cada novo produto químico era um
progresso. As coisas não mudaram tanto: continuamos a usar indiscrimina- 4. Cada intervenção na natureza há de adequar-se a um planejamento
damente a palavrinha mágica. Mas não deixaram de mudar um pouco: pelo qual se garanta que a qualidade da vida seja preservada.
desde que a Ecologia saiu das academias, divulgou-se, popularizou-se e Os tempos e os modos verbais da frase acima continuarão correta-
tornou-se, efetivamente, um conjunto de iniciativas em favor da preserva- mente articulados caso se substituam as formas sublinhadas, na or-
ção ambiental e da melhoria das condições da vida em nosso pequenino dem em que surgem, por
planeta. (A) houve - garantiria - é
Para isso, foi preciso determinar muito bem o sentido de progresso. (B) haveria - garantiu - teria sido
Do ponto de vista material, considera-se ganho humano apenas aquilo que (C) haveria - garantisse - fosse
concorre para equilibrar a ação transformadora do homem sobre a natureza (D) haverá - garantisse - e
e a integridade da vida natural. Desenvolvimento, sim, mas sustentável: o (E) havia - garantiu - é
adjetivo exprime uma condição, para cercear as iniciativas predatórias.
Cada novidade tecnológica há de ser investigada quanto a seus efeitos 5. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na
sobre o homem e o meio em que vive. Cada intervenção na natureza há de frase:
adequar-se a um planejamento que considere a qualidade e a extensão dos (A)) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo à palavra progresso
efeitos. algumas conotações mágicas.
Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo, uma avaliação ética e (B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras sem conhecer seu
política de todas as formas de progresso que afetam nossa relação com o sentido real muitos equívocos ideológicos.
mundo e, portanto, a qualidade da nossa vida. Não é pouco, mas ainda não (C) Muitas coisas a que associamos o sentido de progresso não chega a
é suficiente. Aos cientistas, aos administradores, aos empresários, aos representarem, de fato, qualquer avanço significativo.
industriais e a todos nós – cidadãos comuns – cabe a tarefa cotidiana de (D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse de ser investigadas a
zelarmos por nossas ações que inflectem sobre qualquer aspecto da quali- fundo, veríamos que são irrelevantes para a melhoria da vida.
dade de vida. A tarefa começa em nossa casa, em nossa cozinha e banhei- (E) Começam pelas preocupações com nossa casa, com nossa rua, com
ro, em nosso quintal e jardim – e se estende à preocupação com a rua, com nossa cidade a tarefa de zelarmos por uma boa qualidade da vida.
o bairro, com a cidade.
“Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia o poeta. Mas um 6. Está correto o emprego de ambas as expressões sublinhadas na
mundo que merece a atenção do nosso coração e da nossa inteligência é, frase:
certamente, melhor do que este em que estamos vivendo. (A) De tudo aquilo que classificamos como progresso costumamos
Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz progresso, o sentido atribuir o sentido de um tipo de ganho ao qual não queremos abrir
preciso – talvez oculto - da palavra mágica empregada. (Alaor Adauto de mão.
Mello) (B) É preferível deixar intacta a mata selvagem do que destruí-la em
nome de um benefício em que quase ninguém desfrutará.
1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de progresso, segundo a (C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha receita, não hesitou em
qual este deve ser ver como progresso a operação à qual foi bem sucedida.
(A)) equacionado como uma forma de equilíbrio entre as atividades (D) A precisão da qual se pretende identificar o sentido de uma palavra
humanas e o respeito ao mundo natural. depende muito do valor de contexto a que lhe atribuímos.
(B) identificado como aprimoramento tecnológico que resulte em ativida- (E)) As inovações tecnológicas de cujo benefício todos se aproveitam
de economicamente viável. representam, efetivamente, o avanço a que se costuma chamar pro-
(C) caracterizado como uma atividade que redunde em maiores lucros gresso.
para todos os indivíduos de uma comunidade.
(D) definido como um atributo da natureza que induz os homens a apro- 7. Considere as seguintes afirmações, relativas a aspectos da constru-
veitarem apenas o que é oferecido em sua forma natural. ção ou da expressividade do texto:
(E) aceito como um processo civilizatório que implique melhor distribui- I. No contexto do segundo parágrafo, a forma plural não mudaram
ção de renda entre todos os agentes dos setores produtivos. tanto atende à concordância com academias.

Língua Portuguesa 33
II. No contexto do terceiro parágrafo, a expressão há de adequar-se Com base num documento da CET, por exemplo, a Procuradoria acio-
exprime um dever imperioso, uma necessidade premente. nou um líder de sindicato, o qual foi condenado em primeira instância a
III. A expressão Em suma, tal como empregada no quarto parágrafo, pagar R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, a título de reparação. O direito à
anuncia a abertura de uma linha de argumentação ainda inexplorada livre manifestação está previsto na Constituição. No entanto, tal direito não
no texto. anula a responsabilização civil e criminal em caso de danos provocados
Está correto APENAS o que se afirma em pelos protestos.
(A) I. (B))II. O poder público deveria definir, de preferência em negociação com as
(C) III. (D) I e II. (E) II e III. categorias que costumam realizar protestos na capital, horários e locais
vedados às passeatas. Práticas corriqueiras, como a paralisia de avenidas
8. A palavra progresso freqüenta todas as bocas, todas pronunciam a essenciais para o tráfego na capital nos horários de maior fluxo, deveriam
palavra progresso, todas atribuem a essa palavra sentidos mágicos ser abolidas.
que elevam essa palavra ao patamar dos nomes miraculosos. (Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado)
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os
elementos sublinhados, na ordem dada, por: 11. De acordo com o texto, é correto afirmar que
(A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam (A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não sabe mensurar o custo
(B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na dos protestos ocorridos nos últimos anos.
(C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe (B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em razão dos engarrafamen-
(D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe elevam tos já foram pagos pelos manifestantes.
(E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam (C) os protestos de rua fazem parte de uma sociedade democrática e
são permitidos pela Carta de 1988.
9. Está clara e correta a redação da seguinte frase: (D) após a multa, os líderes de sindicato resolveram organizar protestos
(A) Caso não se determine bem o sentido da palavra progresso, pois que de rua em horários e locais predeterminados.
é usada indiscriminadamente, ainda assim se faria necessário que (E) o Ministério Público envia com freqüência estudos sobre os custos
reflitamos sobre seu verdadeiro sentido. das manifestações feitas de forma abusiva.
(B) Ao dizer o poeta que seu coração não é maior do que o mundo,
devemos nos inspirar para que se estabeleça entre este e o nosso 12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há fórmula perfeita para
coração os compromissos que se reflitam numa vida melhor. solucionar o conflito entre manifestantes e os prejuízos causados ao
(C) Nada é desprezível no espaço do mundo, que não mereça nossa restante da população. A saída estaria principalmente na
atenção quanto ao fato de que sejamos responsáveis por sua melho- (A) sensatez.
ria, seja o nosso quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja. (B) Carta de 1998.
(D)) Todo desenvolvimento definido como sustentável exige, para fazer (C) Justiça.
jus a esse adjetivo, cuidados especiais com o meio ambiente, para (D) Companhia de Engenharia de Tráfego.
que não venham a ser nocivos seus efeitos imediatos ou futuros. (E) na adoção de medidas amplas e profundas.
(E) Tem muita ciência que, se saísse das limitações acadêmicas, acaba-
riam por se revelarem mais úteis e mais populares, em vista da Eco-
logia, cujas conseqüências se sente mesmo no âmbito da vida práti- 13. De acordo com o segundo parágrafo do texto, os protestos que
ca. param as ruas de São Paulo representam um custo para a população
da cidade. O cálculo desses custos é feito a partir
10. Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período: (A) das multas aplicadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego
(A) Toda vez que é pronunciada, a palavra progresso, parece abrir a (CET).
porta para um mundo, mágico de prosperidade garantida. (B) dos gastos de combustível e das horas de trabalho desperdiçadas
(B)) Por mínimas que pareçam, há providências inadiáveis, ações apa- em engarrafamentos.
rentemente irrisórias, cuja execução cotidiana é, no entanto, impor- (C) da distância a ser percorrida entre as cidades de São Paulo e São
tantíssima. Carlos.
(C) O prestígio da palavra progresso, deve-se em grande parte ao modo (D) da quantidade de carros existentes entre a capital de São Paulo e
irrefletido, com que usamos e abusamos, dessa palavrinha mágica. São Carlos.
(D) Ainda que traga muitos benefícios, a construção de enormes repre- (E) do número de usuários de automóveis particulares da cidade de São
sas, costuma trazer também uma série de conseqüências ambientais Paulo.
que, nem sempre, foram avaliadas.
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu a teses ambientalistas
segundo as quais, o conceito de progresso está sujeito a uma per- 14. A quantidade de carros parados nos engarrafamentos, em razão das
manente avaliação. manifestações na cidade de São Paulo nos últimos três anos, é equi-
parada, no texto,
Leia o texto a seguir para responder às questões de números 11 a 24. (A) a R$ 3,3 milhões.
De um lado estão os prejuízos e a restrição de direitos causados pelos (B) ao total de usuários da cidade de São Carlos.
protestos que param as ruas de São Paulo. De outro está o direito à livre (C) ao total de usuários da cidade de São Paulo.
manifestação, assegurado pela Carta de 1988. Como não há fórmula (D) ao total de combustível economizado.
perfeita de arbitrar esse choque entre garantias democráticas fundamen- (E) a uma distância de 231 km.
tais, cabe lançar mão de medidas pontuais – e sobretudo de bom senso.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em R$ 3 milhões
o custo para a população dos protestos ocorridos nos últimos três anos na 15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da Justiça em coibir os
capital paulista. O cálculo leva em conta o combustível consumido e as protestos abusivos, o texto assume um posicionamento de
horas perdidas de trabalho durante os engarrafamentos causados por (A) indiferença, porque diz que a decisão não cabe à Justiça.
protestos. Os carros enfileirados por conta de manifestações nesses três (B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já tem poder para impedir
anos praticamente cobririam os 231 km que separam São Paulo de São protestos abusivos.
Carlos. (C) decepção, porque não vê nenhum exemplo concreto do órgão para
A Justiça é o meio mais promissor, em longo prazo, para desestimular impedir protestos em horários de pico.
os protestos abusivos que param o trânsito nos horários mais inconvenien- (D) confiança, porque acredita que, no futuro, será uma forma bem-
tes e acarretam variados transtornos a milhões de pessoas. É adequada a sucedida de desestimular protestos abusivos.
atitude da CET de enviar sistematicamente ao Ministério Público relatórios (E) satisfação, porque cita casos em que a Justiça já teve êxito em
com os prejuízos causados em cada manifestação feita fora de horários e impedir protestos em horários inconvenientes e em avenidas movi-
locais sugeridos pela agência ou sem comunicação prévia. mentadas.

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16. De acordo com o texto, a atitude da Companhia de Engenharia de 24. Transpondo para a voz passiva a frase – A Procuradoria acionou um
Tráfego de enviar periodicamente relatórios sobre os prejuízos cau- líder de sindicato – obtém-se:
sados em cada manifestação é (A) Um líder de sindicato foi acionado pela Procuradoria.
(A) pertinente. (B) Acionaram um líder de sindicato pela Procuradoria.
(B) indiferente. (C) Acionaram-se um líder de sindicato pela Procuradoria.
(C) irrelevante. (D) Um líder de sindicato será acionado pela Procuradoria.
(D) onerosa. (E) A Procuradoria foi acionada por um líder de sindicato.
(E) inofensiva.
Leia o texto para responder às questões de números 25 a 34.
17. No quarto parágrafo, o fato de a Procuradoria condenar um líder
sindical DIPLOMA E MONOPÓLIO
(A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998. Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direito e medi-
(B) deve ser comemorada, ainda que viole a Constituição. cina no Brasil. É embaraçoso verificar que ainda não foram resolvidos os
(C) é legal, porque o direito à livre manifestação não isenta o manifestan- enguiços entre diplomas e carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrência
te da responsabilidade pelos danos causados. (sob um bom marco regulatório) promove o interesse da sociedade e que o
(D) é nula, porque, segundo o direito à livre manifestação, o acusado monopólio só é bom para quem o detém. Não fora essa ignorância, como
poderá entrar com recurso. explicar a avalanche de leis que protegem monopólios espúrios para o
(E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar dos direitos assegurados, exercício profissional?
um manifestante será punido.
Desde a criação dos primeiros cursos de direito, os graduados apenas
ocasionalmente exercem a profissão. Em sua maioria, sempre ocuparam
18. Dentre as soluções apontadas, no último parágrafo, para resolver o
postos de destaque na política e no mundo dos negócios. Nos dias de hoje,
conflito, destaca-se
nem 20% advogam.
(A) multa a líderes sindicais.
(B) fiscalização mais rígida por parte da Companhia de Engenharia de
Mas continua havendo boas razões para estudar direito, pois esse é
Tráfego.
um curso no qual se exercita lógica rigorosa, se lê e se escreve bastante.
(C) o fim dos protestos em qualquer via pública.
Torna os graduados mais cultos e socialmente mais produtivos do que se
(D) fixar horários e locais proibidos para os protestos de rua.
não houvessem feito o curso. Se aprendem pouco, paciência, a culpa é
(E) negociar com diferentes categorias para que não façam mais mani-
mais da fragilidade do ensino básico do que das faculdades. Diante dessa
festações.
polivalência do curso de direito, os exames da OAB são uma solução
brilhante. Aqueles que defenderão clientes nos tribunais devem demonstrar
19. No trecho – É adequada a atitude da CET de enviar relatórios –, nessa prova um mínimo de conhecimento. Mas, como os cursos são tam-
substituindo-se o termo atitude por comportamentos, obtém-se, de bém úteis para quem não fez o exame da Ordem ou não foi bem sucedido
acordo com as regras gramaticais, a seguinte frase: na prova, abrir ou fechar cursos de “formação geral” é assunto do MEC,
(A) É adequada comportamentos da CET de enviar relatórios. não da OAB. A interferência das corporações não passa de uma prática
(B) É adequado comportamentos da CET de enviar relatórios. monopolista e ilegal em outros ramos da economia. Questionamos também
(C) São adequado os comportamentos da CET de enviar relatórios. se uma corporação profissional deve ter carta-branca para determinar a
(D) São adequadas os comportamentos da CET de enviar relatórios. dificuldade das provas, pois essa é também uma forma de limitar a concor-
(E) São adequados os comportamentos da CET de enviar relatórios. rência – mas trata-se aí de uma questão secundária. (...)
(Veja, 07.03.2007. Adaptado)
20. No trecho – No entanto, tal direito não anula a responsabilização civil
e criminal em caso de danos provocados pelos protestos –, a locução 25. Assinale a alternativa que reescreve, com correção gramatical, as
conjuntiva no entanto indica uma relação de frases: Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direi-
(A) causa e efeito. to e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não foram
(B) oposição. resolvidos os enguiços entre diplomas e carreiras.
(C) comparação. (A) Faz quase dois séculos que se fundou escolas de direito e medicina
(D) condição. no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os en-
(E) explicação. guiços entre diplomas e carreiras.
(B) Faz quase dois séculos que se fundava escolas de direito e medicina
21. “Não há fórmula perfeita de arbitrar esse choque.” Nessa frase, a no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram os
palavra arbitrar é um sinônimo de enguiços entre diplomas e carreiras.
(A) julgar. (B) almejar. (C) Faz quase dois séculos que se fundaria escolas de direito e medicina
(C) condenar. (D) corroborar. (E) descriminar. no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os en-
guiços entre diplomas e carreiras.
22. No trecho – A Justiça é o meio mais promissor para desestimular os (D) Faz quase dois séculos que se fundara escolas de direito e medicina
protestos abusivos – a preposição para estabelece entre os termos no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolvera os en-
uma relação de guiços entre diplomas e carreiras.
(A) tempo. (E) Faz quase dois séculos que se fundaram escolas de direito e medici-
(B) posse. na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram
(C) causa. os enguiços entre diplomas e carreiras.
(D) origem.
(E) finalidade. 26. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de
acordo com a norma culta, as frases: O monopólio só é bom para
aqueles que ____________. / Nos dias de hoje, nem 20% advogam,
23. Na frase – O poder público deveria definir horários e locais –, substi-
e apenas 1% ____________. / Em sua maioria, os advogados sem-
tuindo-se o verbo definir por obedecer, obtém-se, segundo as regras
pre ____________.
de regência verbal, a seguinte frase:
(A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os postos de destaque na
(A) O poder público deveria obedecer para horários e locais.
política e no mundo dos negócios
(B) O poder público deveria obedecer a horários e locais.
(B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos postos de destaque na
(C) O poder público deveria obedecer horários e locais.
política e no mundo dos negócios
(D) O poder público deveria obedecer com horários e locais.
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram os postos de destaque na
(E) O poder público deveria obedecer os horários e locais.
política e no mundo dos negócios

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(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se apropriaram de postos de 32. Assinale a alternativa que reescreve a frase de acordo com a norma
destaque na política e no mundo dos negócios culta.
(E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram de postos de destaque na (A) Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. / Os
política e no mundo dos negócios graduados apenas ocasionalmente se dedicam a profissão.
(B) Os advogados devem demonstrar nessa prova um mínimo de conhe-
27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo de oração introduzida cimento. / Os advogados devem primar nessa prova por um mínimo
pela conjunção se, empregado na frase – Questionamos também se de conhecimento.
uma corporação profissional deve ter carta-branca para determinar a (C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não procedeu o exame da OAB.
dificuldade das provas, ... (D) As corporações deviam promover o interesse da sociedade. / As
(A) A sociedade não chega a saber se os advogados são muito corpora- corporações deviam almejar do interesse da sociedade.
tivos. (E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. / Essa é uma forma de
(B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do restringir à concorrência.
ensino básico.
(C) O advogado afirma que se trata de uma questão secundária. 33. Assinale a alternativa em que o período formado com as frases I, II e
(D) É um curso no qual se exercita lógica rigorosa. III estabelece as relações de condição entre I e II e de adição entre I
(E) No curso de direito, lê-se bastante. e III.
I. O advogado é aprovado na OAB.
28. Assinale a alternativa em que se admite a concordância verbal tanto II. O advogado raciocina com lógica.
no singular como no plural como em: A maioria dos advogados ocu- III. O advogado defende o cliente no tribunal.
pam postos de destaque na política e no mundo dos negócios. (A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele será aprovado na OAB e
(A) Como o direito, a medicina é uma carreira estritamente profissional. defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
(B) Os Estados Unidos e a Alemanha não oferecem cursos de adminis- (B) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso, mas terá
tração em nível de bacharelado. de raciocinar com lógica e ser aprovado na OAB.
(C) Metade dos cursos superiores carecem de boa qualificação. (C) Como raciocinou com lógica, o advogado será aprovado na OAB e
(D) As melhores universidades do país abastecem o mercado de traba- defenderá o cliente no tribunal com sucesso.
lho com bons profissionais. (D) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso porque
(E) A abertura de novos cursos tem de ser controlada por órgãos oficiais. raciocinou com lógica e foi aprovado na OAB.
(E) Uma vez que o advogado raciocinou com lógica e foi aprovado na
29. Assinale a alternativa que apresenta correta correlação de tempo OAB, ele poderá defender o cliente no tribunal com sucesso.
verbal entre as orações.
(A) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhecimento, 34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a culpa é mais da fragili-
poderiam defender bem seus clientes. dade do ensino básico do que das faculdades. – a palavra paciência
(B) Embora tivessem cursado uma faculdade, não se desenvolveram vem entre vírgulas para, no contexto,
intelectualmente. (A) garantir a atenção do leitor.
(C) É possível que os novos cursos passam a ter fiscalização mais (B) separar o sujeito do predicado.
severa. (C) intercalar uma reflexão do autor.
(D) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho poderá ser (D) corrigir uma afirmação indevida.
melhor. (E) retificar a ordem dos termos.
(E) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e carreiras se resol-
vem brevemente. Atenção: As questões de números 35 a 42 referem-se ao texto abaixo.

30. A substituição das expressões em destaque por um pronome pessoal SOBRE ÉTICA
está correta, nas duas frases, de acordo com a norma culta, em: A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em três acepções.
(A) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. / A concorrência Numa, faz-se referência a teorias que têm como objeto de estudo o com-
promove-o. II. Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles que lhes portamento moral, ou seja, como entende Adolfo Sanchez Vasquez, “a
defenderão. teoria que pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da moral,
(B) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. / O governo relacionando-a com necessidades sociais humanas.” Teríamos, assim,
fundou elas. II. Os graduados apenas ocasionalmente exercem a nessa acepção, o entendimento de que o fenômeno moral pode ser estu-
profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente exercem-la. dado racional e cientificamente por uma disciplina que se propõe a descre-
(C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais cultos. II. É ver as normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciências, ser
preciso mencionar os cursos de administração. / É preciso mencio- capaz de explicar valorações comportamentais.
nar-lhes.
(D) I. Os advogados devem demonstrar muitos conhecimentos. Os Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma categoria filo-
advogados devem demonstrá-los. II. As associações mostram à so- sófica e mesmo parte da Filosofia, da qual se constituiria em núcleo espe-
ciedade o seu papel. / As associações mostram-lhe o seu papel. culativo e reflexivo sobre a complexa fenomenologia da moral na convivên-
(E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis protegem-os. II. cia humana. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto refletir sobre
As corporações deviam fiscalizar a prática profissional. / As corpora- os fundamentos da moral na busca de explicação dos fatos morais.
ções deviam fiscalizá-la.
Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como objeto descri-
31. Assinale a alternativa em que as palavras em destaque exercem, tível de uma Ciência, tampouco como fenômeno especulativo. Trata-se
respectivamente, a mesma função sintática das expressões assina- agora da conduta esperada pela aplicação de regras morais no comporta-
ladas em: Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profis- mento social, o que se pode resumir como qualificação do comportamento
são. do homem como ser em situação. É esse caráter normativo de Ética que a
(A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino básico. colocará em íntima conexão com o Direito. Nesta visão, os valores morais
(B) A interferência das corporações não passa de uma prática monopo- dariam o balizamento do agir e a Ética seria assim a moral em realização,
lista. pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especialmente de digni-
(C) Abrir e fechar cursos de “formação geral” é assunto do MEC. dade. Como se vê, a compreensão do fenômeno Ética não mais surgiria
(D) O estudante de direito exercita preferencialmente uma lógica rigoro- metodologicamente dos resultados de uma descrição ou reflexão, mas sim,
sa. objetivamente, de um agir, de um comportamento conseqüencial, capaz de
(E) Boas razões existirão sempre para o advogado buscar conhecimen- tornar possível e correta a convivência. (Adaptado do site Doutrina Jus
to. Navigandi)

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35. As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme se depreende 42. Transpondo-se para a voz passiva a frase Nesta visão, os valores
da leitura do texto, morais dariam o balizamento do agir, a forma verbal resultante deve-
(A) aos usos informais que o senso comum faz desse termo. rá ser:
(B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra. (A) seria dado. (B) teriam dado.
(C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam. (C) seriam dados. (D) teriam sido dados. (E) fora dado.
(D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito.
(E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmicos. Atenção: As questões de números 43 a 48 referem-se ao texto abaixo.

36. A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vasquez é retoma- O HOMEM MORAL E O MORALIZADOR
da na seguinte expressão do texto: Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas, esta-
(A) núcleo especulativo e reflexivo. mos certos disto: o moralizador e o homem moral são figuras diferentes, se
(B) objeto descritível de uma Ciência. não opostas. O homem moral se impõe padrões de conduta e tenta respei-
(C) explicação dos fatos morais. tá-los; o moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões que ele
(D) parte da Filosofia. não consegue respeitar.
(E) comportamento conseqüencial. A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes.
Primeiro, o moralizador é um homem moral falido: se soubesse respei-
tar o padrão moral que ele impõe, ele não precisaria punir suas imperfei-
37. No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser entendida ções nos outros. Segundo, é possível e compreensível que um homem
como aquela em que se considera, sobretudo, moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para levar os outros a
(A) o valor desejável da ação humana. adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição forçada de um
(B) o fundamento filosófico da moral. padrão moral não é nunca o ato de um homem moral, é sempre o ato de
(C) o rigor do método de análise. um moralizador. Em geral, as sociedades em que as normas morais ga-
(D) a lucidez de quem investiga o fato moral. nham força de lei (os Estados confessionais, por exemplo) não são regra-
(E) o rigoroso legado da jurisprudência. das por uma moral comum, nem pelas aspirações de poucos e escolhidos
homens exemplares,mas por moralizadores que tentam remir suas próprias
38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito quando ambos falhas morais pela brutalidade do controle que eles exercem sobre os
revelam, em relação aos valores morais da conduta, uma preocupa- outros. A pior barbárie do mundo é isto: um mundo em que todos pagam
ção pelos pecados de hipócritas que não se agüentam. (Contardo Calligaris,
(A) filosófica. Folha de S. Paulo, 20/03/2008)
(B) descritiva.
(C) prescritiva. 43. Atente para as afirmações abaixo.
(D) contestatária. I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador não se
(E) tradicionalista. preocupa com os padrões morais de conduta.
II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de conduta, o ho-
39. Considerando-se o contexto do último parágrafo, o elemento subli- mem moral acaba por impô-lo à conduta alheia.
nhado pode ser corretamente substituído pelo que está entre parên- III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato respeitasse os
teses, sem prejuízo para o sentido, no seguinte caso: padrões de conduta que ele cobra dos outros.
(A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (inclusão) Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em
(B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir (...) (arremate) (A) I. (B) II.
(C) (...) qualificação do comportamento do homem como ser em situa- (C) III. (D) I e II. (E) II e III.
ção. (provisório)
(D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo. (nem, ainda) 44. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que já decorreu
(E) (...) de um agir, de um comportamento consequencial... (concessi- um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas indica um fator
vo) determinante para que
(A) concluamos que o homem moderno já não dispõe de rigorosos
padrões morais para avaliar sua conduta.
40. As normas de concordância estão plenamente observadas na frase: (B) consideremos cada vez mais difícil a discriminação entre o homem
(A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em torno de três moral e o homem moralizador.
acepções de Ética. (C) reconheçamos como bastante remota a possibilidade de se caracte-
(B) As referências que se faz à natureza da ética consideram-na, com rizar um homem moralizador.
muita freqüência, associada aos valores morais. (D) identifiquemos divergências profundas entre o comportamento de um
(C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as leis deixariam homem moral e o de um moralizador.
de ter a dignidade humana como balizamento. (E) divisemos as contradições internas que costumam ocorrer nas atitu-
(D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o efetivo valor des tomadas pelo homem moral.
de que se impregna a conduta dos indivíduos.
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam as circunstân- 45. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais para exemplifi-
cias, atentar para a observância dos valores éticos. car uma sociedade na qual
(A) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos cidadãos.
41. Está clara, correta e coerente a redação do seguinte comentário (B) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta de todos.
sobre o texto: (C) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de uma moral
(A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no texto, uma comum.
apenas diz respeito à uma área em que conflui com o Direito. (D) a situação de barbárie impede a formulação de qualquer regra moral.
(B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em que, cada um (E) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza das leis.
em seu campo, se empenham o jurista e o filósofo.
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir Ética ou Moral, 46. Na frase A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes,
haja vista que tanto uma quanto outra pretendem ajuizar à situação o sentido da expressão sublinhada está corretamente traduzido em:
do homem. (A) significativos desdobramentos dela.
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do comportamento huma- (B) determinados antecedentes dela.
no, a Ética varia conforme a perspectiva de atribuição do mesmo. (C) reconhecidos fatores que a causam.
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da Ética, costu- (D) conseqüentes aspectos que a relativizam.
mam apresentar divergências de enfoques, em que pese a metodo- (E) valores comuns que ela propicia.
logia usada.

Língua Portuguesa 37
47. Está correta a articulação entre os tempos e os modos verbais na II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa entrever que o
frase: autor não compactua com a justificativa dos feirantes.
(A) Se o moralizador vier a respeitar o padrão moral que ele impusera, já III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira traz a supera-
não podia ser considerado um hipócrita. ção de tudo o que determina a existência de diversas espécies de
(B) Os moralizadores sempre haveriam de desrespeitar os valores seres humanos.
morais que eles imporão aos outros. Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em
(C) A pior barbárie terá sido aquela em que o rigor dos hipócritas servis- (A) I. (B) II.
se de controle dos demais cidadãos. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.
(D) Desde que haja a imposição forçada de um padrão moral, caracteri-
zava-se um ato típico do moralizador. 52. Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um recurso de cons-
(E) Não é justo que os hipócritas sempre venham a impor padrões trução do texto: no contexto do
morais que eles próprios não respeitam. (A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz subentender a
expressão verbal querem pagar.
48. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na (B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses compradores faz suben-
frase: tender a existência de “fregueses” que não compram nada.
(A) O moralizador está carregado de imperfeições de que ele não cos- (C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo está empregada
tuma acusar em si mesmo. com o sentido de de toda maneira.
(B) Um homem moral empenha-se numa conduta cujo o padrão moral (D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar está empregada
ele não costuma impingir na dos outros. com o sentido de a fim de resguardar.
(C) Os pecados aos quais insiste reincidir o moralizador são os mesmos (E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido equivalente ao
em que ele acusa seus semelhantes. de mesmo não sendo.
(D) Respeitar um padrão moral das ações é uma qualidade da qual não
abrem mão os homens a quem não se pode acusar de hipócritas. 53. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural para
(E) Quando um moralizador julga os outros segundo um padrão moral de preencher de modo correto a lacuna da frase:
cujo ele próprio não respeita, demonstra toda a hipocrisia em que é (A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não ...... (deixar) de
capaz. as recolher quem não pode pagar pelas boas e bonitas.
(B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza pública a provi-
Atenção: As questões de números 49 a 54 referem-se ao texto abaixo. dência que fará esquecer que ali funcionou uma feira.
(C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que oferecem as
FIM DE FEIRA sobras de seus produtos, a observação do autor sobre o egoísmo
Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barracas, começam humano.
a chegar os que querem pagar pouco pelo que restou nas bancadas, ou (D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos detalhes da
mesmo nada, pelo que ameaça estragar. Chegam com suas sacolas cheias coleta, a que o narrador deu ênfase em seu texto.
de esperança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o que está (E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar o lucro
pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas folhas de couve amarelas, a razoável de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável impiedade de ou-
metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os fregueses compra- tros.
dores. Há uns que se aventuram até mesmo nas cercanias da barraca de
pescados, onde pode haver alguma suspeita sardinha oculta entre jornais, 54. A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
ou uma ponta de cação obviamente desprezada. (A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compreendem a carên-
Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: oferecem-lhes o cia dos mais pobres.
que, de qualquer modo, eles iriam jogar fora. (B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da tradicional
Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refu- coleta de um fim de feira.
gos, e chegam a recolhê-los para não os verem coletados. Agem para (C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza centralizado
salvaguardar não o lucro possível, mas o princípio mesmo do comércio. nessa narrativa.
Parecem temer que a fome seja debelada sem que alguém pague por isso. (D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocupação do autor
E não admitem ser acusados de egoístas: somos comerciantes, não assis- em distinguir os diferentes caracteres humanos.
tentes sociais, alegam. (E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá também a humil-
Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da limpeza e os fun- de coleta de que trata a crônica.
cionários da prefeitura varrem e lavam tudo, entre risos e gritos. O trânsito é
liberado, os carros atravancam a rua e, não fosse o persistente cheiro de RESPOSTAS
peixe, a ninguém ocorreria que ali houve uma feira, freqüentada por tão 01. A 11. C 21. A 31. E 41. B 51. D
diversas espécies de seres humanos. (Joel Rubinato, inédito) 02. B 12. A 22. E 32. B 42. A 52. E
03. E 13. B 23. B 33. A 43. C 53. D
49. Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos 04. C 14. E 24. A 34. C 44. D 54. A
refugos e não admitem ser acusados de egoístas, o narrador do texto 05. A 15. D 25. E 35. E 45. B
(A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos feirantes. 06. E 16. A 26. D 36. B 46. A
(B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de certos feirantes. 07. B 17. C 27. A 37. A 47. E
(C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse tipo de coleta. 08. A 18. D 28. C 38. C 48. D
(D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir julgamentos. 09. D 19. E 29. B 39. D 49. B
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos feirantes. 10. B 20. B 30. D 40. E 50. C
50. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de um
segmento do texto em:
(A) serviu de chamariz ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS.
(B) alguma suspeita sardinha inha. IDEIAS PRINCIPAIS E SECUNDÁRIAS
(C) teimoso aproveitamento
(D) o princípio mesmo do comércio eração comercial. Redação
(E) Agem para salvaguardar itir. A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera
reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente
51. Atente para as afirmações abaixo. com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos
I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da ponta de um complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de ideias
cação que foi desprezada justificam o emprego de se aventuram, no e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória.
primeiro parágrafo.

Língua Portuguesa 38
Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga- nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não-
nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramática literárias, como as dissertações e redações técnicas.
do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de redação
Descrição. Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa,
deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se pretende
lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das
dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha do voca-
características do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos humanos
bulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras linguísticas
-- visão, audição, tato, olfato e paladar --, já que é por intermédio deles que
e gramaticais.
o ser humano toma contato com o ambiente.
Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os
A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de
grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen-
perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de ex-
rica será a descrição. Por meio da percepção sensorial, o autor registra
pressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o que
suas impressões sobre os objetos, quanto ao aroma, cor, sabor, textura ou
não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um
sonoridade, e as transmite para o leitor.
exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se
refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o Narração. O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado narra-
cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo, ção. Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de sucessão
todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo que dos acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privilegiam alguns
quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de fatos eventos para atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de
empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de maneira vista, pode recair sobre o protagonista da história, um observador neutro,
própria e individual determina o grau de criatividade do escritor. alguém que participou do acontecimento de forma secundária ou ainda um
espectador onisciente, que supostamente esteve presente em todos os
Para que haja eficácia na transmissão da mensagem, é preciso ter em
lugares, conhece todos os personagens, suas ideias e sentimentos.
mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível
cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo A apresentação dos personagens pode ser feita pelo narrador, quando
tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou é chamada de direta, ou pelas próprias ações e comportamentos deste,
adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especializa- quando é dita indireta. As falas também podem ser apresentadas de três
do. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a extensão formas: (1) discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a
do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a condução fala do personagem; (2) discurso indireto, no qual o narrador conta o que o
do tema principal a assuntos correlatos. personagem disse, lançando mão dos verbos chamados dicendi ou de
elocução, que indicam quem está com a palavra, como por exemplo "dis-
Organização das ideias se", "perguntou", "afirmou" etc.; e (3) discurso indireto livre, em que se
O texto artístico é em geral construído a partir de regras e técnicas par- misturam os dois tipos anteriores.
ticulares, definidas de acordo com o gosto e a habilidade do autor. Já o
texto objetivo, que pretende antes de mais nada transmitir informação, deve O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem
fazê-lo o mais claramente possível, evitando palavras e construções de chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos
sentido ambíguo. fatos, ou não-linear, quando há cortes na sequência dos acontecimentos. É
comumente dividido em exposição, complicação, clímax e desfecho.
Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre-
vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema abordado Dissertação. A exposição de ideias a respeito de um tema, com base
são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do em raciocínios e argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo
assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a do autor é discutir um tema e defender sua posição a respeito dele. Por
experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimento essa razão, a coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão
suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo circun- são elementos fundamentais.
dante.
A organização lógica da dissertação determina sua divisão em introdu-
É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis- ção, parte em que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimento,
perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse em que se expõem os argumentos e ideias sobre o assunto, fundamentan-
problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre- do-se com fatos, exemplos, testemunhos e provas o que se quer demons-
ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O trar; e conclusão, na qual se faz o desfecho da redação, com a finalidade
passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo de reforçar a ideia inicial.
a relação que se estabelece entre elas.
Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculia-
Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni- ridade de poder transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal,
mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há empregada, por exemplo, nos periódicos especializados sobre ciência e
sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo política, até aquela extremamente coloquial, utilizada em publicações
com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o voltadas para o público juvenil. Apesar dessa aparente liberdade de estilo, o
indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni- redator deve obedecer ao propósito específico da publicação para a qual
car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e definidas,
objeto lhe sugere. tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto,
ao tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado.
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos e
neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar O texto publicitário é produzido em condições análogas a essas e ainda
cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia mais estritas, pois sua intenção, mais do que informar, é convencer o
original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a público a consumir determinado produto ou apoiar determinada ideia. Para
audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infantil"). isso, a resposta desse mesmo público é periodicamente analisada, com o
O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, para intuito de avaliar a eficácia do texto.
evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes.
Redação técnica. Há diversos tipos de redação não-literária, como os
A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramaticais, textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos
linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma frase científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos
gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada com de redação técnica e científica.
erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o
objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor. Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coe-
rência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação
Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser técnica apresenta estrutura e estilo próprios, com forte predominância da
classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e linguagem denotativa. Essa distinção é basicamente produzida pelo objeti-
Língua Portuguesa 39
vo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e não o de impressio- - Um parágrafo pode ser desenvolvido de vários modos:
nar. a) declaração inicial: o escritor afirma ou nega algo logo no início.
b) definição: é apresentado logo no início do parágrafo, para no de-
As dissertações científicas, elaboradas segundo métodos rigorosos e
senvolvimento do texto ser pormenorizado.
fundamentadas geralmente em extensa bibliografia, obedecem a padrões
c) divisão: onde a objetividade e clareza são fundamentais.
de estruturação do texto criados e divulgados pela Associação Brasileira de
d) alusão histórica: inclui fatos históricos, lendas etc.
Normas Técnicas (ABNT). A apresentação dos trabalhos científicos deve
e) interrogação: usado, principalmente, para prender a atenção do
incluir, nessa ordem: capa; folha de rosto; agradecimentos, se houver;
leitor.
sumário; sinopse ou resumo; listas (de ilustrações, tabelas, gráficos etc.); o
texto do trabalho propriamente dito, dividido em introdução, método, resul-
Para distinguir uma ideia principal de uma ideia secundária podem se-
tados, discussão e conclusão; apêndices e anexos; bibliografia; e índice.
guir-se as seguintes regras:
A preparação dos originais também obedece a algumas normas defini- - em qualquer parágrafo existe, usualmente, uma frase que exprime
das pela ABNT e pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação uma ideia principal;
(IBBD) para garantia de uniformidade. Essas normas dizem respeito às - as frases que exprimem as ideias principais caracterizam-se
dimensões do papel, ao tamanho das margens, ao número de linhas por por conter afirmações mais genéricas e amplas;
página e de caracteres ou espaços por linha, à entrelinha e à numeração - as frases que exprimem as ideias secundárias transmitem informa-
das páginas, entre outras características. ©Encyclopaedia Britannica do ções mais detalhadas;
Brasil Publicações Ltda. - se se retirarem as frases que exprimem as ideias principais, o texto
deixa de fazer sentido;
Estrutura lógica e estrutura emocional: para redigirmos um bom - se se retirarem as frases que exprimem as ideias secundárias, o
texto é necessário que nos preocupemos com estes dois elementos. Daí sentido do texto não é alterado.
temos que: — a nível lógico:
1) correção - que é a obediência à gramática, onde devemos nos Texto narrativo
preocupar com a concordância, impessoalidade verbal, regência  As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for-
nominal e verbal, colocação de pronomes oblíquos, entre outros. ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no
2) clareza: essencial a todo escritor, pois facilita para quem lê a desenrolar dos fatos.
percepção rápida do pensamento.
3) concisão: consiste em dizer muito com poucas palavras, evitan- Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou
do palavras supérfluas, adjetivação desnecessária, pleonasmos heroína, personagem principal da história.
viciosos etc. O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota-
— a nível emocional: gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal
1) precisão: é o resultado da escolha da palavra certa para a ideia contracena em primeiro plano.
que se quer exprimir.
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-
2) naturalidade: devemos escrever sem deixar transparecer ne-
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-
nhuma preocupação estilística.
ção.
3) originalidade: é a visão particular do mundo e das coisas.
4) harmonia: a boa disposição das palavras numa frase tem como O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
resultado a harmonia. pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.
Sentido e contexto: normalmente misturamos os níveis de lingua-
gem ao escrever, fazendo-nos valer da norma culta e da linguagem colo- Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-
quial, familiar. Não podemos esquecer que uma obra em linguagem nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não
totalmente fechada em seus elementos, é incompreensível; ao passo que alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e
um texto apenas comunicativo, não tem valor literário. Por isso devemos tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma dimen-
ter em mente: são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reações
a) o conteúdo da mensagem; perante os acontecimentos.
b) a situação da comunicação e o nível de linguagem a ser utilizado;  Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, a
c) o ritmo a ser empregado no texto. trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No en-
Organização do texto e ideia central: redo podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou qua-
Um texto para ser compreendido pelo leitor deve apresentar ideias tro estágios progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a
selecionadas e ordenadas; e isto é feito através dos parágrafos que são complicação, o climax, o desenlace ou desfecho.
unidades de composição onde são desenvolvidas: a ideia central, a argu- Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,
mentação e/ou desenvolvimento; e a conclusão do texto. Seu tamanho é as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre,
demarcado pelo assunto; e não pelo número de linhas que apresenta. na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ou
No texto devemos ter: a apresentação do tema; a delimitação do te-
seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de inte-
ma; seu desenvolvimento e a conclusão; através de parágrafos claros e
resses entre as personagens.
concisos. EL: LIMITES DA ELETRICIDADE.
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
Ideia Central: são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
“A eletricidade, desde o início da civilização industrial, esteve associ- ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.
ada ao progresso.
 Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-
Desenvolvimento: pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o
O cidadão medianamente informado percebe a conexão entre a ativi- gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidi-
dade econômica de uma comunidade ou país e a disponibilidade de ener- ano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um ro-
gia. Já na primeira metade deste século analistas alertavam para a razão, mance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato
praticamente constante, que existe o consumo de energia e o produto central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá-
interno bruto em cada país. rios, relacionados ao principal.
Conclusão:  Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu-
Todavia, a eletricidade sempre mereceu uni destaque especial, pois gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter
está, objetivamente ou não, ligada a uma aspiração de modernidade e de informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve-
poder.” zes, principalmente nos textos literários, essas informações são

Língua Portuguesa 40
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textos As perspectivas que o observador tem do objeto, é muito importante,
narrativo. tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude que
vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para que
 Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma imagem
determinado tempo, que consiste na identificação do momento,
unificada.
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa-
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relações Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari-
podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos, ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de um fa- pouco.
to que aconteceu depois. Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra téc-
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela  Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a subje-
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no seu tiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas preferên-
espírito. cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
 Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição em vo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
que se coloca o narrador para contar a história constitui o foco, o  Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri- personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos pe-
zado por : la enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e temperamento,
com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, social
- visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito às e econômico .
personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos acon-  Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
tecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narra- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
tiva que é feito em 1a pessoa. partes mais típicas desse todo.
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,  Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos
aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per- ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma
sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra- visualização das, suas particularidades, de seus traços distintivos e
dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa. típicos.
 Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada que
 Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de um
apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do incêndio, de uma briga, de um naufrágio.
qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é  Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge-
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa. rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um vocabu-
lário mais preciso, se salientando com exatidão os pormenores. É
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA FALA DAS PERSONAGENS predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer
Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis-
mos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
três maneiras de comunicar as falas das personagens.
 Discurso Direto: É a representação da fala das personagens atra- Texto Dissertativo
vés do diálogo. Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação cons-
Exemplo: ta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou ques-
tão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrever
“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da com clareza, coerência e objetividade.
verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
val a cidade é do povo e de ninguém mais”. A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou descendi: o leitor a respeito dos seus pontos de vista, ou simplesmente, ter com
dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e de finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão.
travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou rápidas
os verbos de locução podem ser omitidos. A linguagem usada é a referencial, centrada, na mensagem, enfatizan-
do o contexto.
 Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. Quanto à forma, ela pode ser tripartida em:
Exemplo:  Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-
“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passados, mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob-
os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade que nos reunia jetiva da definição do ponto de vista do autor.
naquele momento, a minha literatura e os menos sombrios por vir”.  Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo-
cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan-
 Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias
mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração.
articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num
Exemplo:
conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de-
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando alto.
sencadeia a conclusão.
Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles lugares, de-
 Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia
ram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem que estivesse
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in-
doido. Como poderia andar um homem àquela hora , sem fazer nada
trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para
de cabeça no tempo, um branco de pés no chão como eles? Só sendo
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer
doido mesmo”. (José Lins do Rego)
em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótese
e opinião.
Texto Descritivo
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; é
Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac-
a obra ou ação que realmente se praticou.
terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
Língua Portuguesa 41
- Hipótese: É a suposição feita a cerca de uma coisa possível ou Observe alguns exemplos:
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so-  televisão - a violência na televisão / a televisão e a opinião pública
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido.  a vida nas grandes cidades - a vida social dos jovens nas grandes
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou cidades / os problemas das grandes cidades
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-
 preconceitos - preconceitos raciais / causas do preconceito racial
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a
respeito de algo.  progresso - vantagens e desvantagens sociais do progresso / pro-
gresso e evolução humana
Texto Argumentativo /Persuasivo
Características do texto argumentativo/persuasivo Agora delimite 3 aspectos que poderiam ser abordados acerca dos se-
Além de uma dissertação, a prova de Redação do Vestibular Unicamp guintes temas:
propõe também uma carta argumentativa. O que diferencia a proposta da  modernidade
carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumentação  esporte
que caracteriza cada um desses tipos de texto. O texto dissertativo é dirigi-  comunicação de massa
do a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a proposta de carta
argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumen- Parágrafos
tação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve neces- São blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem especial,
sariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois maior do que a margem normal do texto. Concentram sempre uma ideia-
casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é frequentemente a núcleo relacionada diretamente ao tema da redação.
de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista
defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele Não há moldes rígidos para a construção de um parágrafo. O ideal é
defendido e que o autor da carta considera equivocado). que em cada parágrafo haja dois ou três períodos, usando pontos continua-
tivos (na mesma linha) intermediários.
É importante justificar por que se solicita que a argumentação seja feita A divisão em parágrafos é indicativa de que o leitor encontrará, em ca-
em forma de carta. Acredite, essa é uma opção estratégica feita em seu da um deles, um tópico do que o autor pretende transmitir. Essa delimitação
próprio benefício. O pressuposto é o de que, se é definido previamente deve estar esquematizada desde antes do rascunho, no momento do
quem é seu interlocutor sobre um determinado assunto, você tem melhores planejamento estrutural, assim a redação apresentará mais coerência.
condições de fundamentar sua argumentação.
Vamos tentar exemplificar, mais ou menos concretamente, algumas si- Planejamento
tuações argumentativas diferentes, para que fique claro que tipo de funda- Escrever não significa apenas preencher o papel com frases, mas tam-
mento está por trás desta proposta da Unicamp. Imagine-se um defensor bém não se constitui num martírio. Um texto pressupõe simples operações
ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumenta- anteriores, entre as quais está o planejamento.
tiva seria necessariamente diferente se fosse solicitado a : Assim que se recebe uma proposta de redação, uma série de ideias
 escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever pa- sobre o assunto vêm à cabeça. Deve-se registrar todos os pensamentos no
ra o nosso “leitor universal”; papel. Fatos, informações, opiniões, um caso que aconteceu na sua rua,
 escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Ca- tudo deve ser anotado em forma de esquema. Não deve ser preocupação,
tólica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto; nessa fase, a ordenação dessas ideias.
 escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar Esta primeira fase, denominada fluxo de ideias, é fundamental para a
um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil; execução da redação. Muitas ideias anotadas talvez nem sejam utilizadas
 escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em depois, enquanto outras ideias podem surgir adiante.
seu LP de final de ano, uma música em favor da descriminação do É claro que as ideias não vão aparecer do nada. Elas fazem parte de
aborto. um repertório de opiniões, fatos, informações a que se está exposto todos
Você não concorda conosco? Não fica mais fácil decidir que argumen- os dias.
tos utilizar conhecendo o interlocutor? É por isso que é tão importante que Partindo desse conjunto desordenado de ideias, pode-se perceber a
você, durante a elaboração do seu projeto de texto, procure representar da possibilidade de agrupá-las segundo certas semelhanças. Uma divisão
melhor maneira possível o seu interlocutor, uma vez conhecido. Aliás, nós possível seria em causas, consequências e soluções.
já dissemos isso na seção 4.1.3 do capítulo 2. Dica para captação de ideias: relacionar o tema proposto com a socie-
Embora o foco desta proposta seja um determinado tipo de argumenta- dade brasileira atual e fazer a pergunta “por quê” a cada argumento levan-
ção, o fato de que o contexto criado para este exercício é o de uma carta tado, a fim de promover uma reflexão mais profunda sobre o assunto.
implica também algumas expectativas quanto à forma do seu texto. Por
exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma Lembrar-se de que, ao redigir, não se deve esquecer de:
linguagem compatível com o interlocutor (por exemplo, não se dirigir ao  anotar todas as ideias, frases, palavras, sensações que surgirem
Papa com um jovial E aí, Santidade, tudo em cima?, muito menos despedir- sobre o tema;
se de tão beatífica figura com Pô, cara, tu é do mal!). Mas que fique bem  fazer uma seleção das ideias que surgiram;
claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumenta-  pensar num plano para o texto, estruturando-o em introdução, de-
tiva, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a senvolvimento e conclusão;
interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumen-  revisar no rascunho, ao final, a grafia das palavras, a pontuação
tar. das frases e a eufonia das palavras usadas, assim como a ade-
quação vocabular ao contexto.
ESTRUTURA TEXTUAL - DISSERTAÇÃO
Assunto Com o planejamento abaixo, produza uma dissertação:
Delimitar um aspecto acerca do tema proposto é importante para uma
boa abordagem do assunto. Não se poderá fazer uma análise aprofundada
 o acesso ao ensino superior no Brasil
se o tema for amplo, por isso especifica-se o assunto a ser tratado.  papel do vestibular no sistema de ensino brasileiro
A escolha do aspecto, entretanto, não pode restringir demais o tema ou  vantagens e desvantagens do vestibular como mecanismo de se-
corre-se o risco da falta de ideias. leção ao curso superior
Essa delimitação deve ser feita na introdução e, a partir daí, o leitor sa-  solução para o desequilíbrio entre oferta e demanda de vagas no
be que aquele aspecto será explorado no decorrer do texto e a conclusão ensino superior.
fará menção direta a ele. http://www.graudez.com.br/redacao/ch05.html

Língua Portuguesa 42
Texto Dissertativo / Argumentativo
Introdução Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do teatro: a ri-
Que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se posicio- queza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento da
nar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto. música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do
público. Vamos ao teatro! (elemento-supresa)
Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos, que de- (Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de
senvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao Português).
ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pre-
tensamente “sérios” , o teatro se configura como um espaço de lazer e Atenção: a linguagem do texto dissertativo-argumentativo costuma ser
diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a com-
antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais binação da objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegori-
do que se imagina.(tese) as. Predominam formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o
padrão culto e formal da língua.
Desenvolvimento
Formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente, em O PARÁGRAFO
cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um Além da estrutura global do texto dissertativo-argumentativo, é impor-
deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre tante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
situações, épocas e lugares diferentes, pode também se apoiar em depoi-
mentos ou citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-
dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas. núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógi- dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados
ca. Com sua tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diver- com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdu-
são da plateia mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas ção.
que dividiam a opinião pública naquele momento de transformação da
sociedade grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os
assassinado o pai de forma involuntária (tema de Édipo Rei)? Poderia uma textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresen-
mãe assassinar os filhos e depois matar-se por causa de um relacionamen- tam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-
to amoroso (tema de Medeia e ainda atual, como comprova o caso da cruel núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo), a con-
mãe americana que, há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder clusão. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
namorar livremente)?
A seguir, apresentarei um espelho de correção de redação. A faixa de
Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores místicos, basea- valores dos itens analisados sofre alteração a cada concurso, os aspectos
dos na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultan- macroestruturais e microestruturais são variáveis na maneira como são
tes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel políti- expostos. No entanto, os espelhos não fogem ao padrão pré-determinado.
co e pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque essas duas Noely Landarin
ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização grega. “Ir
ao teatro”, para os gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma
de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia, bem PARÁGRAFO
como sobre valores coletivos e individuais. Os textos em prosa, sejam eles narrativos, descritivos ou dissertativos,
são estruturados geralmente em unidades menores, os parágrafos, identifi-
Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno dos cados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à mar-
gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego, quan- gem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há parágrafos longos e
to a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertold Brecht, por parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a unidade temática,
exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a função do já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo.
teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram "O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou
um papel essencial pedagógico voltadas para a conscientização de mais de um período em que desenvolve determinada ideia central, ou
trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas
30 do século XX. pelo sentido e logicamente decorrentes dela." [GARCIA, Othon M. Comuni-
cação em prosa moderna. 7.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 203.]
O teatro, ao representar situações de nossa própria vida – sejam elas
engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. – põe o homem a nu, Essa definição não se aplica a todo o tipo de parágrafo: trata-se de um
diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na modelo - denominado parágrafo-padrão - que, por ser cultivado por bons
fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada represen- escritores modernos, o aluno poderá (e até deverá) imitar:
tação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é
escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes Muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com
a vida real, muito além dos palcos e dos camarins. ideias e exigem maior rigor e objetividade na composição, o parágrafo-
padrão apresente a seguinte estrutura:
Conclusão a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de
Que geralmente retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a
ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramente, a con- ideia principal do parágrafo, definindo seu objetivo;
clusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um elemen- b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal,
to-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e deve já com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou
ter sido respondida pelo texto. O elemento surpresa consiste quase sempre esclarecem;
em uma citação científica, filosófica ou literária, em uma formulação irônica c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos
ou em uma ideia reveladora que surpreenda o leitor e, ao mesmo tempo, dê mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando
novos significados ao texto. em consideração os diversos aspectos selecionados no desenvol-
Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e aprendizagem, vimento.
é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o teatro, assim
como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa o traba- Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia
lho de gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e refor-
humano. (conclusão) çada por uma conclusão.

Língua Portuguesa 43
Os Parágrafos na Dissertação Escolar definidas segundo sua ordem de grandeza -- pequena, média ou grande --
As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas e à palavra desvalorização acrescentaram-se também os prefixos "mini" e
em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou "midi", surgindo "minidesvalorização" e "mididesvalorização". Com o uso,
três para o desenvolvimento e um para a conclusão). essas palavras reduziram-se a seus prefixos e é comum ocorrerem em
textos de economia frases como: "A máxi obedece à tentativa de obter
É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema propos- megassuperávits na balança comercial (...)". Ausentes da primeira edição
to e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda
fundamental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em pará- Ferreira, "maxidesvalorização" e "minidesvalorização" constam da segunda
grafos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se edição.
desenvolve) tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação
coerente do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do Além de criar palavras, os usuários de uma língua também incorporam
texto em sua totalidade. a seu léxico palavras de outras línguas que, quando adotadas com a cons-
trução sintática original, são chamadas "estrangeirismos". Nem sempre
Parágrafo Narrativo essa "importação" é bem-sucedida, principalmente se a palavra foge ao uso
Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um específico de um determinado campo de conhecimentos para incorporar-se
episódio curto. ao vocabulário comum da população. Um exemplo é o fracasso da palavra
"estória" (do inglês story), que se tentou impor para designar uma narrativa
Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se de ficção, como alternativa a "história".
referem a personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao
fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc. O vocabulário pode ser ordenado em forma de dicionário (conjunto de
"significantes" seguidos de seus "significados") ou de glossário (conjunto de
O que falamos acima aplica-se ao parágrafo narrativo propriamente di- "significantes" de uma determinada região, área do saber, autor, setor etc.).
to, ou seja, aquele que relata um fato (lembrando que podemos ter, em um O ramo da linguística que estuda os fatos relacionados ao vocabulário é a
texto narrativo, parágrafos descritivos e dissertativos). lexicologia, uma das três partes de um todo composto ainda pela fonologia
e a gramática (morfologia e sintaxe). A organização das palavras em dicio-
Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir nários, glossários, vocabulários, enciclopédias etc. é tarefa da lexicografia,
as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido que utiliza princípios lexicológicos. O estudo da significação das palavras
por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem cabe à semântica que, para alguns autores, é um ramo da morfologia,
deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda com enquanto para outros é parte da própria linguística.
a do narrador ou com a de outro personagem.
Tipos de vocabulário. Em culturas desenvolvidas, o número de palavras
Parágrafo Descritivo que compõem o léxico chega a centenas de milhares: é o caso de línguas
A ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um frag- como o inglês, o francês, o português etc. Desse total, os usuários normal-
mento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um mente utilizam em seu cotidiano uma quantidade limitada de palavras, o
ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado vocabulário chamado ativo, com o qual expressam seu pensamento e se
momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo. fazem compreender pelos outros. O conjunto global da língua constitui o
vocabulário passivo, responsável pela compreensão do pensamento alheio.
O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da
descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que O vocabulário utilizado por um indivíduo de cultura mediana compreen-
caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas de quatro tipos: no vocabulário ativo, diferenciam-se o da língua falada ou
ou coordenadas. coloquial e o da língua escrita; no passivo, o vocabulário da língua de
leitura e o de contato.
• SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES
• INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS O vocabulário da língua coloquial é relativamente restrito e serve para
a comunicação oral das necessidades imediatas e corriqueiras do indivíduo.
Vocabulário São palavras de compreensão comum a todos os usuários da mesma
"Um vocabulário escasso e inadequado, incapaz de veicular impres- língua, referem-se quase sempre a fatos concretos ou emoções partilhadas
sões e concepções, mina o próprio desenvolvimento mental, tolhe a imagi- e estão ligadas a situações reais. Seu aprendizado e uso não dependem de
nação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender grau de escolaridade ou de leitura. Exemplos são os verbos comer, andar,
e até mesmo de sentir." Assim Oton M. Garcia realça a importância do dormir; os advérbios não, amanhã; os substantivos amor, comida, irmão,
melhor conhecimento das palavras da própria língua para o exercício pleno cama, casa etc.; e milhares de outras palavras. O vocabulário de escrita é o
da inteligência, a compreensão abrangente da realidade concreta e abstrata acervo de palavras usadas para compor um texto escrito de qualquer
e a manifestação eficiente do pensamento e da emoção. categoria e compreende o vocabulário coloquial, acrescido de termos
adicionais, pouco frequentes na linguagem oral.
Vocabulário é o conjunto das palavras de uma língua. Em sentido ex-
clusivamente linguístico, palavra é o símbolo de uma coisa e essa coisa é Parte do vocabulário passivo de uma língua, os vocabulários de leitura
seu referente. A partir das teorias do suíço Ferdinand de Saussure, as e de contato têm presença bem mais limitada no cotidiano das pessoas. O
palavras são compreendidas sob três aspectos: o significante, isto é, a vocabulário de leitura é aquele que um usuário geralmente não utiliza nem
imagem acústica de um fonema dotado de significação; o significado, isto é, na fala coloquial nem na língua escrita mas cujo significado conhece. Seu
o conceito que a palavra carrega; e o referencial, isto é, a ideia, a coisa, o domínio permite ao indivíduo ler um texto e compreendê-lo sem recorrer ao
elemento psicológico, social ou físico apreendido pelos interlocutores e que dicionário, geralmente porque as palavras fazem sentido dentro do contex-
originou a necessidade da palavra. O vocabulário é, assim, o conjunto to.
organizado dos significantes ou signos de uma língua e que constituem seu
léxico. O vocabulário de contato é constituído de palavras ouvidas ou lidas
com certa frequência em situações diversas mas cujo significado não é
Quando necessário, cria-se uma palavra ou atribui-se a uma palavra já apreendido com exatidão. Ocasionalmente uma palavra -- que, em sua
existente um significado novo para expressar um fato ou conceito até então origem, estava restrita a um campo específico do saber e cujo sentido exato
inédito ou não nomeado. Uma área em que a constante presença desses é mais ou menos obscuro para os leigos -- passa a ocorrer com frequência
neologismos afeta facilmente a língua de uso diário é a economia. Por nos meios de comunicação de massa. Seu real significado, no entanto,
exemplo, criou-se na década de 1980 a palavra "maxidesvalorização" para continua a escapar à maioria da população. Se perguntado, o usuário dirá
designar as desvalorizações drásticas da moeda ocorridas no Brasil em que conhece a palavra mas não sabe exatamente o que significa. Isto é, o
1979 e 1983. A partir daí, as desvalorizações da moeda passaram a ser som, o significante da palavra lhe é familiar, mas não seu significado. Um

Língua Portuguesa 44
exemplo é a palavra "estagflação", estrangeirismo importado dos Estados Antônimos:
Unidos, onde surgiu no começo da década de 1970, e que significa estado São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.
de estagnação econômica, isto é, de inibição das atividades de produção bom x mau
da economia, combinado com a alta acelerada dos preços, isto é, com a bem x mal
inflação. Certamente a maioria dos falantes do português desconhece o condenar x absolver
significado da palavra, mas também quase certamente já esteve em contato simplificar x complicar
com ela por meio da imprensa escrita ou falada e, portanto, sua existência
lhe é familiar. Homônimos:
São palavras iguais na forma e diferentes na significação.
Significado das palavras. A palavra é um símbolo ao qual se atribui de-
terminado sentido. Isso é feito por convenção e de modo arbitrário, em Há três tipos de homônimos:
dado momento histórico e numa área social específica. Uma palavra com Homônimos perfeitos:
dezenas de significados só transmite um sentido inequívoco quando inseri- Têm a mesma grafia e o mesmo som.
da num contexto, isto é, no âmbito de um conjunto harmonioso que transmi- cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder);
te uma mensagem. A palavra "casa", por exemplo, que traz à mente de meio (numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).
imediato a ideia de habitação, significa também, entre numerosas outras
coisas, linhagem ou família, como indica o título do romance de Eça de Homônimos homófonos:
Queirós A ilustre casa de Ramires. Têm o mesmo som e grafias diferentes.
sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder);
Independente de sua variedade, os sentidos das palavras podem ser concerto (harmonia) e conserto (remendo).
basicamente de duas ordens: referencial ou denotativo e afetivo ou conota-
tivo. Seu sentido é referencial ou denotativo quando se refere à realidade Homônimos homógrafos
objetiva, quando é exato, literal, concreto; é conotativo ou afetivo quando Têm a mesma grafia e sons diferentes.
sugere ou evoca coisas abstratas, conceitos, sentimentos, emoções. No almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar);
exemplo dado com a palavra "casa", seu sentido é denotativo quando sede (vontade de beber) e sede (residência).
designa um edifício que serve para morar; e conotativo quando se refere a
"lar", que transmite uma carga forte de emoção, de sentimento, de proteção Parônimos:
familiar. O sentido denotativo é geralmente encontrado nos dicionários; o São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, seme-
conotativo varia segundo a experiência, a cultura, os hábitos e o tempera- lhante.
mento de quem fala e de quem ouve, de quem escreve e de quem lê. O retificar e ratificar;
chamado "sentido figurado" é derivado da popularização de um sentido emergir e imergir.
conotativo e, em razão de sua maior ou menor ocorrência, é eventualmente
incluído nos dicionários. Eis uma lista com alguns homônimos e parônimos:
acender = atear fogo
Nas línguas escritas, em que o léxico é formado por centenas de milha- ascender = subir
res de vocábulos, é muito útil dominar alguns procedimentos que permitem acerca de = a respeito de, sobre
compreender ou deduzir o sentido das palavras. Uma técnica eficiente é cerca de = aproximadamente
agrupar as palavras segundo alguns critérios. Pode-se dividi-las em três há cerca de = faz aproximadamente
conjuntos: (1) famílias etimológicas; (2) famílias ideológicas; (3) áreas afim = semelhante, com afinidade
semânticas. a fim de = com a finalidade de
amoral = indiferente à moral
As famílias etimológicas são constituídas por palavras da mesma ori- imoral = contra a moral, libertino, devasso
gem, isto é, que têm um radical comum, ao qual se acrescentam afixos apreçar = marcar o preço
(prefixos e sufixos) e desinências. Por exemplo, da palavra "guerra" for- apressar = acelerar
mam-se, com o radical "guerr", muitas outras, como guerrear, guerreiro, arrear = pôr arreios
guerrilha, guerrilheiro, guerrilhar, aguerrear, aguerrido etc. arriar = abaixar
bucho = estômago de ruminantes
As famílias ideológicas são formadas por palavras que têm uma identi- buxo = arbusto ornamental
dade de sentido, que transmitem uma noção fundamental comum embora caçar = abater a caça
não idêntica: os sinônimos. Adverte Antenor Nascentes em O idioma nacio- cassar = anular
nal: "Nas palavras aparentemente da mesma significação, às vezes há cela = aposento
diferenças sutis, que escapam à nossa percepção, difíceis de explicar, mas sela = arreio
patenteadas no emprego adequado." censo = recenseamento
senso = juízo
As áreas semânticas compreendem as palavras que sugerem outras cessão = ato de doar
que com elas se relacionam embora não sejam sinônimas. No exemplo seção ou secção = corte, divisão
citado de "guerra", a palavra evoca outras ideias, expressas por exemplo sessão = reunião
pelos termos "bravura", "heroísmo", "soldado", "exército", e também "sofri- chá = bebida
mento", "morte", "destruição". ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica- xá = título de soberano no Oriente
ções Ltda. chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS cheque = ordem de pagamento
Sinônimos: xeque = lance do jogo de xadrez, contratempo
São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado. comprimento = extensão
triste = melancólico. cumprimento = saudação
resgatar = recuperar concertar = harmonizar, combinar
maciço = compacto consertar = remendar, reparar
ratificar = confirmar conjetura = suposição, hipótese
digno = decente, honesto conjuntura = situação, circunstância
reminiscências = lembranças coser = costurar
insipiente = ignorante. cozer = cozinhar
deferir = conceder

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diferir = adiar de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das
descrição = representação informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam suben-
discrição = ato de ser discreto tendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve
descriminar = inocentar captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.
discriminar = diferençar, distinguir
despensa = compartimento Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso con-
dispensa = desobrigação trário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou
despercebido = sem atenção, desatento — o que é pior — pode concordar com coisas que rejeitaria se as perce-
desapercebido = desprevenido besse.
discente = relativo a alunos
docente = relativo a professores Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e
emergir = vir à tona com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
imergir = mergulhar
emigrante = o que sai Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira
imigrante = o que entra explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou
eminente = nobre, alto, excelente expressões contidas na frase.
iminente = prestes a acontecer
esperto = ativo, inteligente, vivo Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de
experto = perito, entendido maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao
espiar = olhar sorrateiramente mesmo tempo, o verbo “continuar” deixa perceber a informação implícita de
expiar = sofrer pena ou castigo que antes o tempo já estava chuvoso.
estada = permanência de pessoa
estadia = permanência de veículo Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no mo-
flagrante = evidente mento da fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a
fragrante = aromático informação implícita de que Pedro fumava antes.
fúsil = que se pode fundir
fuzil = carabina A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou
fusível = resistência de fusibilidade calibrada não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadei-
incerto = duvidoso ros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que
inserto = inserido, incluso se constróem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a infor-
incipiente = iniciante mação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não
insipiente = ignorante fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.
indefesso = incansável
indefeso = sem defesa Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os
infligir = aplicar pena ou castigo pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados
infringir = transgredir, violar, desrespeitar com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comuni-
intemerato = puro, íntegro, incorrupto cado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante trans-
intimorato = destemido, valente, corajoso forma o ou vinte em cúmplice, urna vez que essa ideia não é posta em
intercessão = súplica, rogo discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para confir-
interse(c)ção = ponto de encontro de duas linhas má -la.
laço = laçada
lasso = cansado, frouxo Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao siste-
ratificar = confirmar ma de pensamento montado pelo falante.
retificar = corrigir
soar = produzir som A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verda-
suar = transpirar des” incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso
sortir = abastecer político.
surtir = originar
sustar = suspender Tomemos como exemplo a seguinte frase:
suster = sustentar Ë preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um
tacha = brocha, pequeno prego ataque soviético.
taxa = tributo
tachar = censurar, notar defeito em O conteúdo explícito afirma:
taxar = estabelecer o preço — a necessidade da construção de mísseis,
vultoso = volumoso — com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.
vultuoso = atacado de vultuosidade (congestão na face)
O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os sovi-
NÍVEIS DE SIGNIFICADO DOS TEXTOS: éticos pretendem atacar o Ocidente.

Significado Implícito E Explícito Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase
Observe a seguinte frase: podem ser:
Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas. — os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;
— uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas
Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: os soviéticos;
a) que ele frequentou um curso superior; — a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de
b) que ele aprendeu algumas coisas. um ataque ao Ocidente.

Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito
modo implícito sua critica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os
a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada. argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se

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o ouvinte disser que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o ção de quem ouvira o seu discurso.
Ocidente, estará negando o pressuposto lançado pelo falante e então a
possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavelmente. Qualquer Na verdade, ele não falou em favoritismo mas deu a entender, deixou
argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso quer dizer subentendido para não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia
que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem ele sem denunciar explicitamente. A frase sugere, mas não diz.
sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressupostos
afirmações explícitas, que então podem ser discutidas. A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é
bastante sutil. Não vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indica- esses conceitos como instrumentos úteis para uma compreensão mais
dores linguísticos, como, por exemplo: eficiente do texto.

a) certos advérbios Inferência


Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós. A inferência é um processo cognitivo relevante nesta abordagem de lei-
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado. tura discursiva, porque o processo inferencial possibilita construir novos
ou conhecimentos, a partir daqueles existentes na memória do leitor, os quais
Os resultados vão chegar mais tarde. são ativados e relacionados às informações materializadas no texto.

b) certos verbos Assim, na aula de língua estrangeira moderna será possível fazer dis-
O caso do contrabando tornou-se público. cussões orais sobre sua compreensão, bem como produzir textos orais,
Pressuposto: O caso não era público antes. escritos e/ou visuais a partir do texto lido, integrando todas as práticas
discursivas neste processo.
c) as orações adjetivas
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não SIGNIFICANTE VERSUS SIGNIFICADO
pensam no povo. Para entender esse par de conceitos, devemos levar em conta que o
signo linguistico é constituído por duas partes distintas, embora uma não
Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais. exista separada da outra.
Mas a mesma frase poderia ser redigida assim:
Esse signo divide-se numa parte perceptível, constituída de sons, que
Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não podem ser representados por letras, e numa parte inteligível, constituída de
pensam no povo. um conceito.

No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a prefeito A parte perceptível do signo denomina-se significante ou plano de ex-
têm interesses individuais. pressão; a parte inteligível, o conceito, denomina-se significado ou plano de
conteúdo.
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As
explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os Quando ouvimos, por exemplo, árvore, percebemos uma combinação
elementos de um dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem con- de sons (o significante) que associamos imediatamente a um conceito (o
cerne a parte dos elementos de um dado conjunto. significado).
d) os adjetivos
Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. Polissemia
Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil. Numa língua qualquer, é muito comum ocorrer que um plano de ex-
pressão (um significante) seja suporte para mais de um plano de conteúdo
Os subentendidos (significado), ou seja, que um mesmo termo tenha vários significados.
Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma
afirmação. Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você Tomemos, por exemplo, na nossa língua, o signo linha: a esse signifi-
tem fogo?, acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe cante se associam vários significados, que os dicionários registram.
acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta subentende-se:
Acenda-me o cigarro por favor. Com efeito, linha pode evocar os conceitos de:
a) material próprio para costurar ou bordar tecidos;
O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o pres- b) os vários atacantes de um time de futebol;
suposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, c) os trilhos de um trem ou bonde;
não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade do ouvin- d) uma certa conduta de um indivíduo, postura; e outros significados.
te, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das
palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte Quando um único significante remete a vários significados, dizemos
depreendeu. que ocorre a polissemia.

O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante Significação contextual
de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer Acabamos de dizer que é muito comum um único significante evocar
com ela. vários significados e que, nesse caso, ocorre a polissemia. Mas isso não
chega a constituir problema para a clareza e objetividade da comunicação
Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com porque a polissemia, em geral, fica neutralizada pelo contexto.
a manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: um
funcionário público do partido de oposição lamenta, diante dos colegas Por contexto, entendemos uma unidade linguística de âmbito maior, na
reunidos em assembleia, que um colega de seção, do partido do governo, qual se insere outra unidade de âmbito menor. Dessa forma, a palavra
além de ter sido agraciado com uma promoção, conseguiu um empréstimo (unidade menor) se insere no contexto da frase (unidade maior); a frase se
muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de insere no contexto do período; o período se insere no contexto do parágrafo
serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solici- e assim por diante.
tado muito antes que o referido colega.
Uma vez inserida no contexto, a palavra perde o seu caráter po-
Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do lissêmico, isto é, deixa de admitir vários significados e ganha um significado
governo para com os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se especifico no contexto. É o significado definido pelo contexto que se deno-
prontamente, alegando não ter falado em favoritismo e que isso era dedu- mina significado contextual.

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rando mal em vez defedendo, mantém a denotação e evita o impacto
Inserindo a palavra linha, de que acabamos de falar, num contexto, ela conotativo grosseiro do verbo feder.
assumirá um significado apenas e por isso deixará de ser polissêmica.
TEXTO COMENTADO
Observem-se os exemplos:
a) A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na Lição sobre a água
agulha (linha = material para costurar). Este líquido é água.
b) O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa (linha = con- Quando pura
junto de atacantes de um time de futebol). é inodora, insípida e incolor.
c) As linhas do bonde foram cobertas pelo asfalto (linha trilho). Reduzida a vapor,
d) O conferencista, apesar da agressividade da plateia, não perdeu a 5 sob tensão e a alta temperatura,
linha (linha postura). move os êmbolos das máquinas, que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
Para a compreensão de um texto, a depreensão do significado contex- Ë um bom dissolvente.
tual é um dado bastante importante, sobretudo quando se trata de um texto Embora com exceções mas de um modo geral,
de caráter literário. Como se sabe, no discurso literário, é bastante comum 10 dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.
explorar as múltiplas possibilidades de significado de uma palavra. Mas, Congela a zero graus centesimais
num texto, tudo deve ser amarrado e coerente. A coerência do texto permi- e ferve a 100, quando a pressão normal.
te que se capte o sentido que as palavras assumem no contexto. Foi nesse líquido que numa noite cálida de Verão,
Denotação versus Conotação sob um luar gomoso e branco de camélia,
A relação existente entre o plano da expressão e o plano de conteúdo 15 apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
configura aquilo que chamamos de denotação. Desse modo, significado com um nenúfar na mão,
denotativo é aquele conceito que um certo significante evoca no receptor.
Em outras palavras, é o conceito ao qual nos remete um certo significante. GEDEÂO, Antônio. Poesias completas (1955-
-1957). Lisboa. Portugália, 1972. p. 244-5.
Os dicionários descrevem geralmente os vários conceitos que as pala-
vras denotam: quando alguém procura no dicionário o significado de uma As duas primeiras estrofes falam das propriedades físicas da água (au-
palavra, está querendo saber o que é que ela denota ou que tipo de signifi- sência de cor, cheiro e sabor, em estado de pureza; propriedade de dissol-
cado está investido num certo significante. O dicionário nos diz que: ver ácidos, bases e sais, ponto de congelamento e fervura), falam também
— bocteriose denota doenças causadas por bactérias. de sua utilidade (mover máquinas, servir de solvente). À primeira vista,
— báculo denota um bastão, um cajado que os bispos usam em ceri- temos a impressão de que a palavra “água” tem um valor denotativo e que
mônias religiosas. o poeta está fazendo uma exposição, que ficaria melhor num compêndio
— fosco denota insucesso, mau êxito. científico, sobre as propriedades e funções de uma substância. No entanto,
na terceira estrofe, o tom muda: um ritmo lento e majestoso substitui o ritmo
Um termo ou uma palavra, além do seu significado denotativo, pode vir quase prosaico das duas primeiras estrofes; as consoantes não-
acrescido de outros significados paralelos, pode vir carregado de impres- momentâneas, que admitem uma pronúncia mais alongada (f/v, s/z, m, n, l,
sões, valores afetivos, negativos e positivos. Assim, sobre o signo linguísti- r), predominam; os vocábulos selecionados parecem, à primeira vista, mais
co, dotado de um plano de expressão e um plano de conteúdo, pode-se sugestivos e carregados de uma carga emocional mais intensa.
construir outro plano de conteúdo constituído de valores sociais, de impres-
sões ou reações psíquicas que um signo desperta. Esses valores sobrepos- Comecemos a análise por essa estrofe. O termo “cálida” significa quen-
tos ao signo constituem aquilo que denominamos de sentido conotativo e te, ardente, fogosa. Verão, grafado com maiúscula, não denota apenas a
esse acréscimo de um novo conteúdo constitui a conotação. Assim, “cair do estação do ano, mas evoca o calor e, por associação, a vida. Isso sugere o
cavalo” tem um sentido denotativo: “sofrer uma queda de um cavalo”, A tempo dos jogos do amor. Luar é o clima dos enamorados. E definido como
essa expressão, acrescenta-se outro conteúdo, e “cair do cavalo” passa a de uma brancura intensa (pureza), pois “de camélia” reforça “branco”. Ao
conotar “dar-se mal”, “sofrer uma decepção”. mesmo tempo, um clima arrebatador, pois gomoso significa viscoso, é o
que prende, cativa e seduz. Os dois primeiros versos sugerem o amor e,
Em síntese, toda palavra possui um significado denotativo, já que em portanto, a vida. O terceiro verso introduz a ideia da morte, da podridão, da
toda palavra se pressupõem reciprocamente dois planos: frieza. Ofélia, cujo cadáver aparece boiando, evoca Ofélia, personagem da
tragédia Hamlet de Shakespeare. Esta amava Hamlet e, enlouquecida de
Plano de conteúdo (significado) dor porque o próprio amado matara seu pai, morreu afogada. A evocação
Plano de expressão (significante) de uma personagem da tragédia clássica introduz no poema todos os
conflitos que perpassam a tragédia, cujos personagens são dilacerados por
Sobreposto ao significado denotativo implanta-se o significado conota- sentimentos contraditórios. No quarto verso, aparece o termo “nenúfar”,
tivo, que consiste num novo plano de conteúdo investido no signo como um planta aquática da família das ninfáceas. Essa palavra traz à mente as
todo. ninfas, divindades gregas dos rios e dos bosques, que eram mulheres
bonitas e formosas. É um signo evocador da juventude, da beleza e, tam-
Duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação com- bém, da vida.
pletamente diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a
diferença entre essas duas dimensões do signo linguístico que estamos No meio de um conjunto de signos que sugerem a vida, introduz-se a
tentando explicar. Citemos, por exemplo, as palavras docente, professor e morte; no interior da brancura de camélia do luar, insere-se a putrefação (o
instrutor, que denotam praticamente a mesma coisa: alguém que instrui cadáver). A água é lugar da vida (é onde crescem os nenúfares); é também
alguém; as três palavras são, entretanto, carregadas de conteúdos conota- lugar de seu contraditório, a morte (é onde bóia o cadáver). Estamos no
tivos diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de plano do mito, pois todo mito reúne elementos semânticos contrários entre
respeitabilidade que cada um desperta. Assim também policial e meganha si. A água ganha a dimensão do mito.
têm a mesma denotação e conotações francamente distintas.
A nitidez dos recursos poéticos da terceira estrofe obriga-nos a reler as
O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social para duas primeiras, para perceber o significado global do poema, que, até
classe social, de época para época. A palavra filósofo entre os gregos tinha agora, se apresenta como dois blocos de significação sem aparente relação
uma carga conotativa muito mais prestigiosa que entre nós. Saber depre- entre si.
ender a força conotativa das palavras em cada tipo de cultura é indispensá-
vel para usá-las bem. Imagine-se, num restaurante, o freguês chamar o Há uma leitura denotativa da realidade, que pode ser descrita em suas
garçom e devolver a carne alegando que ela está fedendo. Se disser chei- propriedades e funções. No entanto, as rimas presentes nas duas primeiras

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estrofes sugerem que a mesma realidade pode ter outra leitura. Há um Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas
plano de análise racional que distingue (“Congela a zero graus centesi- por todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistema de
mais/E ferve a 100º) e um plano do entendimento mitico que apreende regras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competência
simultaneamente as contraditoriedades. Há uma visão da realidade sem os essa que uma gramática do texto se propõe modelizar.
cheiros, os gostos e as cores, e outra com cores intensas e sensações Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinadas
táteis muito vivas. Aquela está vinculada ao mundo do trabalho (“move os regras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer derivar
êmbolos”), e esta, ao dos sentimentos. Aquela dissolve quase tudo, esta certos julgamentos de coerência textual.
não dissolve, mas funde os elementos conservando suas propriedades. O
plano do mito invade a realidade. A substituição do ritmo e a predominância Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerência
das consoante não-momentâneas recriam, no plano da expressão, a ideia nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigação concluem que as
de invasão do mito que flui pelo interior da realidade. intervenções do professor a nível de incorreções detectadas na estrutura da
frase são precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencio-
Água tem no poema sentido conotado: significa a realidade que a ciên- nais; são designadas com recurso a expressões técnicas (construção,
cia e os negócios vêem como um espaço em que tudo está separado e conjugação) e fornecem pretexto para pôr em prática exercícios de cor-
catalogado; significa também a dimensão do mito, onde estão os sentimen- recão, tendo em conta uma eliminação duradoura das incorreções observa-
tos contraditórios, que movem o homem. A análise da ciência ou dos inte- das.
resses econômicos é sempre parcial, sempre incompleta, pois não leva em
conta a contraditoriedade humana, expressa pelo mito. Este explica melhor Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre-
a realidade, pois exprime suas contradições. No mito a morte é a contraface ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-
da vida; a podridão, da pureza; o frio, do calor... ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, na
maior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível;
não quer dizer nada).
RELAÇÃO ENTRE IDÉIAS E RECURSOS DE COESÃO
Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refazer;
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de recupe-
DIOGO MARIA DE MATOS POLÓNIO ração.
Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor
Introdução desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a
fazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico sobre
Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa, sob Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos quatro princípios
orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decor- de coerência textual, há que esclarecer a problemática criada pela dicoto-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. mia coerência/coesão que se encontra diretamente relacionada com a
dicotomia coerência macro-estrutural/coerência microestrutural.
Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobre a Mira Mateus considera pertinente a existência de uma diferenciação
incidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiais de entre coerência textual e coesão textual.
Língua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre deter-
minados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais válido e, Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respeito aos processos
simultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem necessaria- linguísticos que permitem revelar a interdependência semântica existente
mente presente a aplicação destes conhecimentos na situação real da sala entre sequências textuais:
de aula. Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.

Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestões de aplica- Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processos
ção na prática docente quotidiana das teorias da pragmática linguística no mentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequências
campo da coerência textual, tendo em conta as conclusões avançadas no textuais:
referido seminário. Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.

Será, no entanto, necessário reter que esta pequena reflexão aqui Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz apenas por razões de
apresentada encerra em si uma minúscula partícula de conhecimento no sistematização e de estruturação de trabalho, já que Mira Mateus não
vastíssimo universo que é, hoje em dia, a teoria da pragmática linguística e hesita em agrupar coesão e coerência como características de uma só
que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas reflexões propriedade indispensável para que qualquer manifestação linguística se
no sentido de auxiliar o docente no ensino da língua materna, já terá cum- transforme num texto: a conectividade2.
prido honestamente o seu papel.
Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista técnico, estabelecer
Coesão e Coerência Textual uma distinção entre coesão e coerência textuais, uma vez que se torna
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz geralmen- difícil separar as regras que orientam a formação textual das regras que
te através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto orientam a formação do discurso.
em que são produzidas. Ou seja, uma qualquer sequência de palavras não
constitui forçosamente uma frase. Além disso, para este autor, as regras que orientam a microcoerência
Para que uma sequência de morfemas seja admitida como frase, torna- são as mesmas que orientam a macrocoerência textual. Efetivamente,
se necessário que respeite uma certa ordem combinatória, ou seja, é quando se elabora um resumo de um texto obedece-se às mesmas regras
preciso que essa sequência seja construída tendo em conta o sistema da de coerência que foram usadas para a construção do texto original.
língua.
Assim, para Charolles, microestrutura textual diz respeito às relações de
Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma uma frase, tam- coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textual,
bém um qualquer conjunto de frases não forma, forçosamente, um texto. enquanto que macroestrutura textual diz respeito às relações de coerência
Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é um objeto materia- existentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo:
lizado numa dada língua natural, produzido numa situação concreta e  Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritório
pressupondo os participantes locutor e alocutário, fabricado pelo locutor mais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.
através de uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse locutor,  Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com amigos.Vai
numa determinada situação, a um determinado alocutário1. trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro.
Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural em uso, os có-
digos simbólicos, os processos cognitivos e as pressuposições do locutor Como microestruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, enquanto
sobre o saber que ele e o alocutário partilham acerca do mundo são ingre- que o conjunto das duas sequências forma uma macroestrutura.
dientes indispensáveis ao objeto texto.

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Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3: c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticos
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna-se contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este
necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do elemento
recorrência restrita. linguístico.
Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma se-
Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos: nhora. Este assassinato é odioso.
- pronominalizações,
- expressões definidas5, Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário
- substituições lexicais, respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu
- retomas de inferências. representante mais específico.
Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha.
Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequência a Schumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.
uma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto, reto-
mando num elemento de uma sequência um elemento presente numa se- Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos linguísti-
quência anterior: cos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim, Schumacher,
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível a repe- como termo mais específico, deveria preceder o piloto alemão.
tição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira.
No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um determi-
O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o nante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita. Aten-
pronome. temos no seguinte exemplo:

Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangula- Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração da Primavera" do-
da no seu quarto. ou toda a sua coleção particular ao Museu de Barcelona.

No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente. A presença do determinante definido não é suficiente para considerar que
Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ainda: Picasso e o autor da referida peça sejam a mesma pessoa, uma vez que
Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me. sabemos que não foi Picasso mas Stravinski que compôs a referida peça.

Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização da catáfora, para Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teórico, ou lexico-
nos precavermos de enunciados como este: enciclopédico, são importantes o conhecimento e as convicções dos partici-
Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com o António. pantes no ato de comunicação, sendo assim impossível traçar uma fronteira
entre a semântica e a pragmática.
Num enunciado como este, não há qualquer possibilidade de identificar
ele com António. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretação: ele Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuar
dirá respeito a um sujeito que não será nem o João nem o António, mas que por
fará parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor. - Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
parte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O miúdo nunca
Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular esse enunciado: mais aprende a cair!
O António sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com ele. - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
parte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Isso cheira-
As situações de ambiguidade referencial são frequentes nos textos dos me a mentira!
alunos. - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a segunda uma rela-
Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio. ção classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Então lagosta, ado-
Um homem estava também a banhar-se. ro!
Como ele sabia nadar, ensinou-o. - Hiponímia- a primeira expressão mantém com a segunda uma rela-
ção elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de um
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se- felino?
quencial, existem disfunções que introduzem zonas de incerteza no texto:
ele sabia nadar(quem?), d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita com base em
ele ensinou-o (quem?; a quem?) conteúdos semânticos não manifestados, ao contrário do que se passava com
os processos de recorrência anteriormente tratados.
b)-Expressões Definidas: tal como as pronominalizações, as expressões
definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um elemento de Vejamos:
uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência textual. P - A Maria comeu a bolacha?
Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. Os R1 - Não, ela deixou-a cair no chão.
gatos vão sempre conosco. R2 - Não, ela comeu um morango.
R3 - Não, ela despenteou-se.
Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas
aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do
que o precede. que a sequência P+R3.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito ele-
gante. No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do pro-
nome na 3ª pessoa.
Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos contextu-
ais. Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é suficien-
Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante. te para garantir coerência a uma sequência textual.

Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse. Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hipó-
Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou teses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e R2
ainda: retomarem inferências presentes em P:
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria,
A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante. - a Maria comeu qualquer coisa.

Língua Portuguesa 50
Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente deduzível de P. 3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, torna-
se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum elemento
Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições ga- semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto por uma
rante uma fortificação da coerência textual. ocorrência anterior ou dedutível por inferência.

Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (conti- Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que uma
nuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunos são mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira.
levados a veicular certas informações pressupostas pelos professores.
Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das con-
Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Três tradições inferenciais e pressuposicionais6.
crianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão eles
fazer? Existe contradição inferencial quando a partir de uma proposição pode-
mos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresentado ou
A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão realmente dedutível.
fazer qualquer coisa. Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso.

Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam en- As inferências que autorizam viúva não só não são retomadas na segun-
quanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentado da frase, como são perfeitamente contraditas por essa mesma frase.
uma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada.
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades semânticas profun-
No entanto, um professor terá que ter em conta que essas inferências ou das às quais temos de acrescentar algumas considerações temporais, uma
essas pressuposições se relacionam mais com o conhecimento do mundo do vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o pretérito
que com os elementos linguísticos propriamente ditos. para suprimir as contradições.

Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exercí- As contradições pressuposicionais são em tudo comparáveis às inferen-
cios, estão muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo ciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um conteúdo
ao qual eles não tiveram acesso. Por exemplo, será difícil a um aluno recriar o pressuposto que se encontra contradito.
quotidiano de um multimilionário,senhor de um grande império industrial, que Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe perfei-
vive numa luxuosa vila. tamente fiel.

2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coerente, torna-se ne- Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio, en-
cessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma informação quanto a primeira pressupõe o inverso.
semântica constantemente renovada.
É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição presen-
Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula que um te com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no entanto,
texto, para ser coerente, não se deve contentar com uma repetição constante todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contradição, assu-
da própria matéria. me-a, anula-a e toma partido dela.
Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a partida
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferreiro para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença.
estava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vestimenta
preta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. Todos os 4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, torna-se neces-
gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. A bigorna sário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apresentem
onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda em baixo e diretamente relacionados.
batia com o martelo na bigorna.
Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida
Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto não como coerente7, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam
será incoerente, será até coerente demais. congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.

No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um texto Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes
coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre continuidade 1 - A Silvia foi estudar.
temática e progressão semântica. 2 - A Silvia vai fazer um exame.
3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.
Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente, estes dois princí-
pios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informação não A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo mais
se pode processar de qualquer maneira. congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3.

Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências acom- Nos discursos naturais, as relações de relevância factual são, na maior
panhar a ordenação temporal dos fatos descritos. parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semantica-
Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei). mente.
Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Silvia
O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das suas vai fazer um exame portanto foi estudar.
sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados de
coisas descritos. A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui
Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque choveu). um bom teste para descobrir uma incongruência.
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos de
Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos estados Fórmula 1.
de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequências textuais.
Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvores e O conhecimento destes princípios de coerência, por parte dos professo-
canteiros com flores. res, permite uma nova apreciação dos textos produzidos pelos alunos, garan-
tindo uma melhor correção dos seus trabalhos, evitando encontrar incoerên-
Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o particular. cias em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a dinamização de
estratégias de correção.

Língua Portuguesa 51
Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de centrais Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do dé-
termo-nucleares nada lhe parecerá mais incoerente do que um tratado técnico cimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que a
sobre centrais termo-nucleares. frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormalidade
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes. do fato narrado.
Pelo contrário, os receptores dão ao emissor o crédito da coerência, admitin-
do que o emissor terá razões para apresentar os textos daquela maneira. 2. Coesão:
A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coerên-
Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio condutor de pensa- cia e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa ligado), é
mento que conduza a uma estrutura coerente. a propriedade que os elementos textuais têm de estar interligados. De um
Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensamento fazer referência ao outro. Do sentido de um depender da relação com o outro.
e de linguagem uma espécie de princípio de coerência verbal (comparável Preste atenção a este texto, observando como as palavras se comunicam,
com o princípio de cooperação de Grice)8 estipulando que, seja qual for o como dependem uma das outras.
discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência própria, uma vez
que é concebido por um espírito que não é incoerente por si mesmo. São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião
Das Agências
É justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os
textos dos nossos alunos. Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e
uma mulher que viu o avião cair morreram
Anotações:
1- M. H. Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, Ed. Caminho, Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois
19923, p.134; tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um
2- M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148; avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de
3- "Méta-regles de cohérence", segundo Charolles, Introduction aux Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua
problèmes de la cohérence des textes, in Langue Française, 1978; Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta
4- "Méta-regle de répétition", segundo Charolles (op. cit.); das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.
5- "Les déficitivisations et les référentiations déictiques contextuelles", Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos,
segundo Charolles (op. cit.); que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem
6- Charolles aponta igualmente as contradições enunciativas. No entan- nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1)
to, vamos debruçar-nos apenas sobre as contradições inferenciais e Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio
pressuposicionais, uma vez que foi sobre este tipo de contradições Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de
que efetuamos exercícios em situação de prática pedagógica. 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro
7- Charolles refere inclusivamente a existência de uma "relation de de Andrade (7), de 53 anos.
congruence" entre o que é enunciado na sequência textual e o mun-
do a que essa sequência faz referência; Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
8- Para um esclarecimento sobre este princípio, ver O. Ducrot, Dire et compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e também D. Gordon e G. Lakoff, um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).
Postulates de conservation, Langages nº 30, Paris, Didier-Larousse, Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691,
1973. prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio
Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e
COERÊNCIA E COESÃO ser baleado na noite de sexta-feira.
1. Coerência: O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto
de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às
Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, con- 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara,
vencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significado uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará,
produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase não é uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não
uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma simples se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a
sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabelecer contato torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no
com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos mínimo 60 dias para ser concluído.
um texto em que há coerência.
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair
A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos segmentos
em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9)
textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmento textual é
atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos
pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será pressuposto para o
graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos,
que lhe estender, formando assim uma cadeia em que todos eles estejam
Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de
concatenados harmonicamente. Quando há quebra nessa concatenação, ou
Santa Cecília.
quando um segmento atual está em contradição com um anterior, perde-se a
coerência textual. Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no
A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao contex- acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
to extraverbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa ser clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada a
conhecido pelo receptor. cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro
parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza da
Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capital matéria fosse comprometida.
do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que
chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrência da incom- E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns me-
patibilidade entre um conhecimento prévio que temos da realizada com o que canismos:
se relata. Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o
não neva (ainda mais no verão!). texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, princi-
palmente por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a no-
Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo acima tícia propriamente dita. A repetição é um dos principais elementos de
poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contexto seria coesão do texto jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dis-
a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa. pensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A repeti-
No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a realida- ção pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão. Na
de "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve apresentar dissertação cobrada pelos vestibulares, obviamente deve ser usada
elementos linguísticos instruindo o receptor acerca dessa anormalidade. com parcimônia, uma vez que um número elevado de repetições po-
de levar o leitor à exaustão.

Língua Portuguesa 52
b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe- aumentos dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada...
tição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalísti- (paralisação, que deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de
co. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevista- veículos de paralisar o trânsito da Avenida Higienópolis). O impacto
do - ou da vítima de um acidente, como se observa com o elemento (2) ainda atingiu mais três residências (o nome impacto retoma e re-
(7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do ter- sume o acidente de avião noticiado na matéria-exemplo)
ceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes  Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um
em questão são de celebridades (políticos, artistas, escritores, etc.), elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por
é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por meio da qual meio de uma classe ou categoria a que esse elemento pertença:
são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Hi-
Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura gienópolis. O protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma
de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos costu- toda a ideia anterior - da paralisação -, categorizando-a como um
mam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que protesto); Quatro cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se
o sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos animais (animais
identifiquem com mais propriedade. retoma cães, indicando uma das possíveis classificações que se po-
c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido dem atribuir a eles).
pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no  Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as
avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não
candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) Jo- aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de
sé Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Sil- advérbios que comumente funcionam como elementos referenciais,
va Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra isto é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali,
avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa matéria que tra- onde, lá, etc.
ta de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o lei-
tor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no
por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se
Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7)
(1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de
Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, an- gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico
tes de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três pes- Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como
soas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofre- elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que
ram) Apenas escoriações e queimaduras. só é citada na linha seguinte.
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencio- Conexão:
nado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma pa- Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coe-
lavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de são a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são
palavras). Confira os principais elementos de substituição: representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha
 Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto.
ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo senti-
ou toda a ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na maté- do. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa
ria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição pronominal: o Moderna).
sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus  Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, an-
(4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ri- tes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipua-
beiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de mente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a
53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Júnior (os filhos posteriori (itálico).
de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído com a preposi-  Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, poste-
ção de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido rioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após,
de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteri-
as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas ormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente ago-
(10) não sofreram ferimentos graves. ra atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes,
 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não
que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualifi- raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio
cação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo
ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o elemento que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada
qualificado. vez que, apenas, já, mal, nem bem.
Exemplos:  Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O presi- forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhante-
dente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifica- mente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de confor-
do... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; po- midade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo pon-
der-se-ia usar, como exemplo, sociólogo); to de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Pa- como.
ra o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos  Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por  Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ain-
exemplo, usar as formas jogador do século, número um do mundo, da mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas
etc. também, não só... como também, não apenas ... como também, não
 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).
(ou muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O  Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é
prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor provável, não é certo, se é que.
do edifício, para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos  Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente,
são sinônimos). inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certe-
 Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação ex- za.
pressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já  Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito,
utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.
trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o

Língua Portuguesa 53
 Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social para
exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a classe social ou de época para época.
saber, ou seja, aliás. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/sintese
 Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o pro-
pósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E IDÉIA CENTRAL
que, para. Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias seletas e orga-
 Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a nizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumen-
ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, tação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a. Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
 Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em Declaração inicial;
conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa Definição;
maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, Divisão;
assim sendo. Alusão histórica.
 Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conse-
guinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos
de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de
pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, linha e um espaçamento da margem esquerda.
que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a
 Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em con- idéia central extraída de maneira clara e resumida.
traste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, Atentando-se para a idéia principal de cada parágrafo, asseguramos um
no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, caminho que nos levará à compreensão do texto.
posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que,
ao passo que. Parágrafo
 Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. Os textos em prosa, sejam eles narrativos, descritivos ou dissertativos,
são estruturados geralmente em unidades menores, os parágrafos, identifica-
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO dos por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à margem
Para compreender os conceitos de denotação e conotação é preciso ob- esquerda da folha. Possuem extensão variada: há parágrafos longos e pará-
servar que o signo linguístico é constituído de duas partes distintas, embora grafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a unidade temática, já que
uma não exista separada da outra. cada idéia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo.
Isto quer dizer que o signo tem uma parte perceptível (constituído de som "O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais
e representado por letra) e uma parte inteligível (constituída de conceito de um período em que desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a
[imagem mental por meio da qual representamos um objeto]). que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e
Essa parte perceptível é denominada significante ou plano de expressão. logicamente decorrentes dela."
[GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 7.ed. Rio de Janei-
Já a parte inteligível é denominada significado ou plano de conteúdo. ro: FGV, 1978, p. 203.]
Quando um plano de expressão (significante) for suporte para mais de
um plano de conteúdo (significado) temos a polissemia. Essa definição não se aplica a todo o tipo de parágrafo: trata-se de um
modelo - denominado parágrafo-padrão - que, por ser cultivado por bons
Assim o significante linha pode denotar os significados: escritores modernos, o aluno poderá (e até deverá) imitar: Muito comum nos
 material para costurar ou bordar, textos de natureza dissertativa, que trabalham com idéias e exigem maior
 atacantes de futebol, rigor e objetividade na composição, o parágrafo-padrão apresente a seguinte
 trilhos de trem ou bonde, estrutura:
 conduta de um indivíduo ou postura. a) introdução - também denominada tópico fasal, é constituída de uma
ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a idéia
No entanto, a polissemia não deve ser vista como um problema, uma vez principal do parágrafo, definindo seu objetivo;
que será neutralizada pelo contexto. b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal,
Pois assim que se insere no contexto a palavra perde seu caráter polis- com apresentação de idéias secundárias que o fundamentam ou es-
sêmico e ganha um significado específico, passando a ser denominado de clarecem;
significado contextual. c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos
 A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na agu- mais curtos e simples, a conclusão retoma a idéia central, levando
lha. em consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvi-
 O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa. mento.
 As linhas de bonde foram cobertas pelo asfalto. Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma idéia
 O conferencista, apesar da agressividade da plateia, não perdeu a li- que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e reforçada
nha. por uma conclusão.

Dessa maneira percebemos que o significado contextual é fundamental Os Parágrafos na Dissertação Escolar
para entendermos um texto. As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas em
A denotação é a relação existente entre o plano de expressão e o plano quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou três para
de conteúdo, ou seja, o significado denotativo é o conceito ao qual nos remete o desenvolvimento e um para a conclusão).
certo significante. É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema proposto
No entanto, um termo além do seu significado denotativo, pode vir acres- e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é funda-
cido de outros significados paralelos. mental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em parágrafos
(cada um correspondendo a uma determinada idéia que nele se desenvolve)
Esses novos valores constituem aquilo que denominamos sentido cono- tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação coerente do texto
tativo, ou seja, o acréscimo de um novo valor constitui a conotação, que e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do texto em sua totali-
consiste num novo plano de conteúdo para o signo que já tinha um significado dade.
denotativo.
Assim duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação com- Parágrafo Narrativo
pletamente distinta, uma vez que policial e meganha tem a mesma denota- Nas narrações, a idéia central do parágrafo é um incidente, isto é, um
ção, mas conotação totalmente diferente. episódio curto.

Língua Portuguesa 54
Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se (C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha.
referem a personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao (D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro.
fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc. (E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa.
O que falamos acima aplica-se ao parágrafo narrativo propriamente dito,
ou seja, aquele que relata um fato (lembrando que podemos ter, em um texto 06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está
narrativo, parágrafos descritivos e dissertativos). correta em:
(A) As características do solo são as mais variadas possível.
Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir (B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente.
as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido (C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada.
por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem (D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações.
deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda com a (E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo.
do narrador ou com a de outro personagem. 07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de flexão
de grau.
Parágrafo Descritivo (A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo.
A idéia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um fragmen- (B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá durante
to daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um ambien- as férias.
te, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado momento. (C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos.
Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo. (D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que ruim.
O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da des- (E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualidade.
crição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que caracteri-
zam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas ou coorde- Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pala-
nadas. vras completam, correta e respectivamente, as frases dadas.

DEFINIÇÃO DO PONTO DE VISTA 08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento
O posicionamento diante do tema proposto é assegurado pelo ponto de estatal ciência e tecnologia.
vista estabelecido para a redação. O ponto de vista deve indicar o rumo da (A) à ... sobre o ... do ... para (B) a ... ao ... do ... para
reflexão inerente a um texto de caráter dissertativo. (C) à ... do ... sobre o ... a (D) à ... ao ... sobre o ... à
(E) a ... do ... sobre o ... à
PROVA SIMULADA
09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a fran-
01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras. queadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois eles
(A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer. devem estar aptos comercializar seus produtos.
(B) O chefe deferia da opinião dos subordinados. (A) ao ... a ... à (B) àquele ... à ... à
(C) O processo foi julgado em segunda estância. (C) àquele...à ... a (D) ao ... à ... à (E) àquele ... a ... a
(D) O problema passou despercebido na votação.
(E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio. 10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a norma
culta.
02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é: (A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso trarão
(A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz. grandes benefícios às pesquisas.
(B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido. (B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaborando
(C) A colega não se contera diante da situação. com o meio ambiente.
(D) Se ele ver você na rua, não ficará contente. (C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desenvol-
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros. vendo projetos na área médica.
(D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes apresen-
03. O particípio verbal está corretamente empregado em: tadas pelos economistas.
(A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos. (E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no litoral
(B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas. ou aproveitam férias ali.
(C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime.
(D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos. 11. A frase correta de acordo com o padrão culto é:
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda. (A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido às
chuvas.
04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em confor- (B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos reclama-
midade com a norma culta. ções.
Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do (C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à cultura.
interior da concha de moluscos reúne outras características interessan- (D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da
tes, como resistência e flexibilidade. culpa.
(A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de (E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria.
componentes para a indústria.
(B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os negócios
componentes para a indústria. das empresas de franquia pelo contato direto com os possíveis investi-
(C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de compo- dores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins de seleção não
nentes para a indústria. só permite às empresas avaliar os investidores com relação aos negó-
(D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de com- cios, mas também identificar o perfil desejado dos investidores.
ponentes para a indústria. (Texto adaptado)
(E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substituir as
componentes para a indústria. expressões: das empresas de franquia, às empresas, os investidores e
dos investidores, no texto, são, respectivamente:
05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema (A) seus ... lhes ... los ... lhes
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
ele está empregado conforme o padrão culto. (C) seus ... nas ... los ... deles
(A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem. (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
(B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. (E) seus ... lhes ... eles ... neles

Língua Portuguesa 55
13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo com 19. No período, os pronomes o e que, na respectiva seqüência, remetem a
o padrão culto. (A) processo e livro.
(A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações. (B) livro do processo.
(B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente. (C) processos e processo.
(C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido. (D) livro de registro.
(D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada. (E) registro e processo.
(E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período acima:
14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto I. há, no período, duas orações;
direto e indireto em: II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal;
(A) Apresentou-se agora uma boa ocasião. III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais;
(B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo. IV. de registro é um adjunto adnominal de livro.
(C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa. Está correto o contido apenas em
(D) A conta, deixamo-la para ser revisada. (A) II e IV.
(E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder. (B) III e IV.
(C) I, II e III.
15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo. (D) I, II e IV.
Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos res- (E) I, III e IV.
pectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é:
(A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção. 21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do
(B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo. acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho:
(C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção. I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas;
(D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção. II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura pelo
(E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo. Juiz;
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equivalente
16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação do ao da palavra mas;
Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inauguração de IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do acórdão,
nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Digníssimo Secre- e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar.
tário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a máxima urgência Está correto o contido apenas em
na antecipação do envio dos primeiros convites para o Excelentíssimo (A) II e IV.
Senhor Governador do Estado de São Paulo, o Reverendíssimo Car- (B) III e IV.
deal da Arquidiocese de São Paulo e os Reitores das Universidades (C) I, II e III.
Paulistas, para que essas autoridades possam se programar e partici- (D) I, III e IV.
par do referido evento. (E) II, III e IV.
Atenciosamente,
ZZZ 22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais.
Assistente de Gabinete. Ao transformar os dois períodos simples num único período composto,
De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas são a alternativa correta é:
correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por (A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos (B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos (C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais.
(C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos (D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais.
(D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos (E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis.
(E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos
23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraquecidos
17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se respei- galhos da velha árvore.
tam as regras de pontuação. Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, sobre o
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, revelou, adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
que temos uma arrecadação bem maior que a prevista. (A) Quem podou? e Quando podou?
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada. (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade Polici- (D) Que vizinho? e Que galhos?
al, confessou sua participação no referido furto. (E) Quando podou? e Podou o quê?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste funci-
onário, seja aquela sugerida, pela própria chefia. 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da platéia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões negati- Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibilida-
vas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. des de leitura. Elimina-se essa ambigüidade pelo estabelecimento cor-
reto das relações entre seus termos e pela sua adequada pontuação
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e predi- em:
cado que formam um período simples, se aplica, adequadamente, (A) O público da platéia, observava a agitação dos lanterninhas.
apenas a: (B) O público observava a agitação da platéia, dos lanterninhas.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da platéia.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. (D) Da platéia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. (E) Da platéia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames. 25. Felizmente, ninguém se machucou.
Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. Considere:
I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
O livro de registro do processo que você procurava era o que estava so- II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
bre o balcão. modo;
III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do fato;

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IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar; com aterrorizante freqüência, ela atravessa o fosso social profundo e se
V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos. manifesta de forma violenta. A mais assustadora dessas manifestações é a
Está correto o contido apenas em criminalidade, que, se não tem na pobreza sua única causa, certamente em
(A) I, II e III. (B) I, II e IV. razão dela se tornou mais disseminada e cruel. Explicar a resistência da
(C) I, III e IV. (D) II, III e IV. (E) III, IV e V. pobreza extrema entre milhões de habitantes não é uma empreitada simples.
Veja, ed. 1735
26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o carro...,
indicando concessão, é: 31. O título dado ao texto se justifica porque:
(A) para poder trabalhar fora. A) a miséria abrange grande parte de nossa população;
(B) como havia programado. B) a miséria é culpa da classe dominante;
(C) assim que recebeu o prêmio. C) todos os governantes colaboraram para a miséria comum;
(D) porque conseguiu um desconto. D) a miséria deveria ser preocupação de todos nós;
(E) apesar do preço muito elevado. E) um mal tão intenso atinge indistintamente a todos.

27. É importante que todos participem da reunião. 32. A primeira pergunta - ''Como entender a resistência da miséria no
O segmento que todos participem da reunião, em relação a Brasil, uma chaga social que remonta aos primórdios da coloniza-
É importante, é uma oração subordinada ção?'':
(A) adjetiva com valor restritivo. A) tem sua resposta dada no último parágrafo;
(B) substantiva com a função de sujeito. B) representa o tema central de todo o texto;
(C) substantiva com a função de objeto direto. C) é só uma motivação para a leitura do texto;
(D) adverbial com valor condicional. D) é uma pergunta retórica, à qual não cabe resposta;
(E) substantiva com a função de predicativo. E) é uma das perguntas do texto que ficam sem resposta.

28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação estabele- 33. Após a leitura do texto, só NÃO se pode dizer da miséria no Brasil que
cida pelo termo como é de ela:
(A) comparatividade. A) é culpa dos governos recentes, apesar de seu trabalho produtivo em
(B) adição. outras áreas;
(C) conformidade. B) tem manifestações violentas, como a criminalidade nas grandes cida-
(D) explicação. des;
(E) conseqüência. C) atinge milhões de habitantes, embora alguns deles não apareçam para
a classe dominante;
29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de fran- D) é de difícil compreensão, já que sua presença não se coaduna com a
quias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão contem- de outros indicadores sociais;
pladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos diversifica- E) tem razões históricas e se mantém em níveis estáveis nas últimas
dos de acordo com as possibilidades de investimento dos possíveis décadas.
franqueados.
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e 34. O melhor resumo das sete primeiras linhas do texto é:
relaciona corretamente as idéias do texto, é: A) Entender a miséria no Brasil é impossível, já que todos os outros
(A) digo ... portanto ... mas indicadores sociais melhoraram;
(B) como ... pois ... mas B) Desde os primórdios da colonização a miséria existe no Brasil e se
(C) ou seja ... embora ... pois mantém onipresente;
(D) ou seja ... mas ... portanto C) A miséria no Brasil tem fundo histórico e foi alimentada por governos
(E) isto é ... mas ... como incompetentes;
D) Embora os indicadores sociais mostrem progresso em muitas áreas, a
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos investi- miséria ainda atinge uma pequena parte de nosso povo;
dores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulgados. E) Todos os indicadores sociais melhoraram exceto o indicador da miséria
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluírem que leva à criminalidade.
o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzida, sem
alterar o sentido da frase, é: 35. As marcas de progresso em nosso país são dadas com apoio na
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ... quantidade, exceto:
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ... A) freqüência escolar; B) liderança diplomática;
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ... C) mortalidade infantil; D) analfabetismo;
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores... E) desempenho econômico.
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores ...
36. ''No campo diplomático, começa a exercitar seus músculos.''; com essa
A MISÉRIA É DE TODOS NÓS frase, o jornalista quer dizer que o Brasil:
Como entender a resistência da miséria no Brasil, uma chaga social que A) já está suficientemente forte para começar a exercer sua liderança na
remonta aos primórdios da colonização? No decorrer das últimas décadas, América Latina;
enquanto a miséria se mantinha mais ou menos do mesmo tamanho, todos os B) já mostra que é mais forte que seus países vizinhos;
indicadores sociais brasileiros melhoraram. Há mais crianças em idade esco- C) está iniciando seu trabalho diplomático a fim de marcar presença no
lar freqüentando aulas atualmente do que em qualquer outro período da cenário exterior;
nossa história. As taxas de analfabetismo e mortalidade infantil também são D) pretende mostrar ao mundo e aos países vizinhos que já é suficiente-
as menores desde que se passou a registrá-las nacionalmente. O Brasil figura mente forte para tornar-se líder;
entre as dez nações de economia mais forte do mundo. No campo diplomáti- E) ainda é inexperiente no trato com a política exterior.
co, começa a exercitar seus músculos. Vem firmando uma inconteste lideran-
ça política regional na América Latina, ao mesmo tempo que atrai a simpatia 37. Segundo o texto, ''A miséria é onipresente'' embora:
do Terceiro Mundo por ter se tornado um forte oponente das injustas políticas A) apareça algumas vezes nas grandes cidades;
de comércio dos países ricos. B) se manifeste de formas distintas;
Apesar de todos esses avanços, a miséria resiste. C) esteja escondida dos olhos de alguns;
Embora em algumas de suas ocorrências, especialmente na zona rural, D) seja combatida pelas autoridades;
esteja confinada a bolsões invisíveis aos olhos dos brasileiros mais bem E) se torne mais disseminada e cruel.
posicionados na escala social, a miséria é onipresente. Nas grandes cidades,

Língua Portuguesa 57
38. ''...não é uma empreitada simples'' equivale a dizer que é uma emprei- D) texto narrativo de pequena extensão, de conteúdo e estrutura bastante
tada complexa; o item em que essa equivalência é feita de forma IN- variados;
CORRETA é: E) pequeno conto com comentários, sobre temas atuais.
A) não é uma preocupação geral = é uma preocupação superficial;
B) não é uma pessoa apática = é uma pessoa dinâmica; 42 O texto começa com os tempos verbais no pretérito imperfeito - vinha,
C) não é uma questão vital = é uma questão desimportante; faltavam - e, depois, ocorre a mudança para o pretérito perfeito - olhei,
D) não é um problema universal = é um problema particular; vi etc.; essa mudança marca a passagem:
E) não é uma cópia ampliada = é uma cópia reduzida. A) do passado para o presente;
B) da descrição para a narração;
39. ''...enquanto a miséria se mantinha...''; colocando-se o verbo desse C) do impessoal para o pessoal;
segmento do texto no futuro do subjuntivo, a forma correta seria: D) do geral para o específico;
A) mantiver; B) manter; E) do positivo para o negativo.
C) manterá; D) manteria; E) mantenha.
43 ''...olhei para o lado e vi, junto à parede, antes da esquina, ALGO que
40. A forma de infinitivo que aparece substantivada nos segmentos abaixo me pareceu uma trouxa de roupa...''; o uso do termo destacado se de-
é: ve a que:
A) ''Como entender a resistência da miséria...''; A) o autor pretende comparar o menino a uma coisa;
B) ''No decorrer das últimas décadas...''; B) o cronista antecipa a visão do menor abandonado como um traste
C) ''...desde que se passou a registrá-las...''; inútil;
D) ''...começa a exercitar seus músculos.''; C) a situação do fato não permite a perfeita identificação do menino;
E) ''...por ter se tornado um forte oponente...''. D) esse pronome indefinido tem valor pejorativo;
E) o emprego desse pronome ocorre em relação a coisas ou a pessoas.
PROTESTO TÍMIDO
44 ''Ainda há pouco eu vinha para casa a pé,...''; veja as quatro frases a
Ainda há pouco eu vinha para casa a pé, feliz da minha vida e faltavam seguir:
dez minutos para a meia-noite. Perto da Praça General Osório, olhei para o I- Daqui há pouco vou sair.
lado e vi, junto à parede, antes da esquina, algo que me pareceu uma trouxa I- Está no Rio há duas semanas.
de roupa, um saco de lixo. Alguns passos mais e pude ver que era um meni- III - Não almoço há cerca de três dias.
no. IV - Estamos há cerca de três dias de nosso destino.
Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, braços As frases que apresentam corretamente o emprego do verbo haver
dobrados como dois gravetos, as mãos protegendo a cabeça. Tinha os gam- são:
bitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa de meia esburacada, A) I - II B) I - III
para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia estar C) II - IV D) I - IV E) II - III
morto. Outros, como eu, iam passando, sem tomar conhecimento de sua
existência. Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo mesmo, 45 O comentário correto sobre os elementos do primeiro parágrafo do
um traste inútil, abandonado sobre a calçada. Um menor abandonado. texto é:
Quem nunca viu um menor abandonado? A cinco passos, na casa de su- A) o cronista situa no tempo e no espaço os acontecimentos abordados
cos de frutas, vários casais de jovens tomavam sucos de frutas, alguns masti- na crônica;
gavam sanduíches. Além, na esquina da praça, o carro da radiopatrulha B) o cronista sofre uma limitação psicológica ao ver o menino
estacionado, dois boinas-pretas conversando do lado de fora. Ninguém C) a semelhança entre o menino abandonado e uma trouxa de roupa é a
tomava conhecimento da existência do menino. sujeira;
D) a localização do fato perto da meia-noite não tem importância para o
Segundo as estatísticas, como ele existem nada menos que 25 milhões
texto;
no Brasil, que se pode fazer? Qual seria a reação do menino se eu o acordas-
E) os fatos abordados nesse parágrafo já justificam o título da crônica.
se para lhe dar todo o dinheiro que trazia no bolso? Resolveria o seu proble-
ma? O problema do menor abandonado? A injustiça social?
(....) 46 Boinas-pretas é um substantivo composto que faz o plural da mesma
Vinte e cinco milhões de menores - um dado abstrato, que a imaginação forma que:
não alcança. Um menino sem pai nem mãe, sem o que comer nem onde A) salvo-conduto;
dormir - isto é um menor abandonado. Para entender, só mesmo imaginando B) abaixo-assinado;
meu filho largado no mundo aos seis, oito ou dez anos de idade, sem ter para C) salário-família;
onde ir nem para quem apelar. Imagino que ele venha a ser um desses que D) banana-prata;
se esgueiram como ratos em torno aos botequins e lanchonetes e nos impor- E) alto-falante.
tunam cutucando-nos de leve - gesto que nos desperta mal contida irritação -
para nos pedir um trocado. Não temos disposição sequer para olhá-lo e 47 A descrição do menino abandonado é feita no segundo parágrafo do
simplesmente o atendemos (ou não) para nos livrarmos depressa de sua texto; o que NÃO se pode dizer do processo empregado para isso é
incômoda presença. Com o sentimento que sufocamos no coração, escreve- que o autor:
ríamos toda a obra de Dickens. Mas estamos em pleno século XX, vivendo a A) se utiliza de comparações depreciativas;
era do progresso para o Brasil, conquistando um futuro melhor para os nossos B) lança mão de vocábulo animalizador;
filhos. Até lá, que o menor abandonado não chateie, isto é problema para o C) centraliza sua atenção nos aspectos físicos do menino;
juizado de menores. Mesmo porque são todos delinqüentes, pivetes na escola D) mostra precisão em todos os dados fornecidos;
do crime, cedo terminarão na cadeia ou crivados de balas pelo Esquadrão da E) usa grande número de termos adjetivadores.
Morte.
Pode ser. Mas a verdade é que hoje eu vi meu filho dormindo na rua, ex- 48 ''Estava dormindo, como podia estar morto''; esse segmento do texto
posto ao frio da noite, e além de nada ter feito por ele, ainda o confundi com significa que:
um monte de lixo. A) a aparência do menino não permitia saber se dormia ou estava morto;
Fernando Sabino B) a posição do menino era idêntica à de um morto;
41 Uma crônica, como a que você acaba de ler, tem como melhor defini- C) para os transeuntes, não fazia diferença estar o menino dormindo ou
ção: morto;
A) registro de fatos históricos em ordem cronológica; D) não havia diferença, para a descrição feita, se o menino estava dor-
B) pequeno texto descritivo geralmente baseado em fatos do cotidiano; mindo ou morto;
C) seção ou coluna de jornal sobre tema especializado; E) o cronista não sabia sobre a real situação do menino.

Língua Portuguesa 58
49 Alguns textos, como este, trazem referências de outros momentos 51 Ao dizer que os objetivos fundamentais da República Federativa do
históricos de nosso país; o segmento do texto em que isso ocorre é: Brasil são ''de grande nobreza e esperança'', o autor do texto quer dizer
A) ''Perto da Praça General Osório, olhei para o lado e vi...''; que:
B) ''...ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte''; A) nossos objetivos constitucionais estão fora da realidade atual de nosso
C) ''...escreveríamos toda a obra de Dickens''; país;
D) ''...isto é problema para o juizado de menores''; B) apesar de serem nobres, os objetivos constitucionais até hoje não
E) ''Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais''. foram atingidos;
C) por serem nobres, esses objetivos só poderão ser alcançados com a
50 ''... era um bicho...''; a figura de linguagem presente neste segmento do mudança profunda da sociedade brasileira;
texto é uma: D) eles representam, por sua nobreza, algo que dificilmente será atingido
A) metonímia; pelo povo brasileiro;
B) comparação ou símile; E) os objetivos constitucionais mostram algo nobre que funciona como
C) metáfora; ponto ideal de chegada.
D) prosopopéia;
E) personificação. 52 ''Valem como pólos de concentração ideal para o povo, ...''; o item em
que aparece um vocábulo acentuado graficamente pela mesma razão
do acento gráfico na palavra sublinhada é:
FASCISMO SOCIAL NO PAÍS DO SOCIÓLOGO A) As riquezas não têm sido distribuídas de forma justa em nosso país;
A definição dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil B) O governo não pôde atingir o ideal proposto pela nossa Constituição;
está no artigo 3º de nossa Constituição. São todos de grande nobreza e C) Os objetivos constitucionais não contêm todas as esperanças do povo
esperança. Valem como pólos de concentração ideal para o povo, como brasileiro;
destinos a serem alcançados pelo Brasil, na permanente viagem de nossos D) O povo brasileiro não deve pôr o ideal em lugar que não possa ser
sonhos. alcançado;
O primeiro desses objetivos consiste em realizar uma sociedade livre, jus- E) A Constituição não provê os meios necessários à realização dos objeti-
ta e solidária. Para ser livre, a sociedade terá liberdades públicas asseguradas vos propostos
a todos. Cidadania livre é cidadania sem intervenção excessiva do poder. No
país das medidas provisórias, o cidadão acorda tolhido, dia após dia, com e 53 ''Valem como pólos de concentração ideal para o povo, como destinos
sem ''apagões'' e ''caladões''. Para que a sociedade possa ser tida por justa, é a serem alcançados pelo Brasil, na permanente viagem de nossos so-
necessário diminuir as distâncias sociais, com pobres menos pobres. Depois nhos.''; neste segmento do texto, os vocábulos que se aproximam se-
que a moeda se estabilizou, durante o governo de Fernando Henrique Cardo- manticamente são:
so, honra seja feita, houve melhora nesse campo, mas o Brasil ainda é dos A) ideal/sonhos; B) pólos/viagem;
mais atrasados do mundo na satisfação das necessidades sociais do ser C) povo/Brasil; D) viagem/ Brasil;
humano. E) concentração/ideal.
A solidariedade proclamada no texto constitucional deve ser espontânea, 54 No que diz respeito aos objetivos fundamentais do Brasil, presentes no
colhida na consciência de cada um e, pelo menos, da população mais aqui- artigo 3º de nossa Constituição, podemos dizer, segundo o texto, que:
nhoada em favor dos que têm pouco. A solidariedade do artigo 3º da Consti- A) o primeiro dos objetivos só será atingido se a liberdade, a justiça e a
tuição precisa, porém, ser catalisada pelo Estado para o trabalho espontâneo solidariedade brotarem espontaneamente do povo;
em favor dos menos favorecidos. O objetivo social exigirá da administração B) o segundo desses objetivos já foi alcançado, apesar de algumas injus-
pública e de seus funcionários que atuem em favor dos cidadãos, com eles e tiças sociais;
não contra eles, como se os considerassem inimigos. O desenvolvimento C) o terceiro e o quarto objetivos só serão alcançados após um trabalho
nacional, segunda das grandes metas do país, tem ido bem no plano econô- de séculos;
mico. Progredimos em termos materiais, mas não o quanto baste. D) o quarto objetivo vai de encontro à cobra raivosa do preconceito, que
O terceiro e o quarto objetivos fundamentais, previstos no artigo 3º, são ainda age no coração de muitos;
projetos de um sonho estratosférico. Erradicar a pobreza e a marginalização e E) para se alcançarem os objetivos constitucionais é indispensável a
reduzir desigualdades sociais e regionais é trabalho para séculos. Não há criminalização das condutas contrárias.
nação do mundo sem faixas de miserabilidade - nem as mais ricas. A promo-
ção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e 55 O segmento do texto que NÃO mostra, explícita ou implicitamente, uma
quaisquer outras formas de discriminação carece de remédio forte, como crítica ao governo atual é:
criminalização das condutas contrárias. Sem a ameaça grave de sanções, a A) ''Cidadania livre é cidadania sem intervenção excessiva do poder.'';
cobra raivosa do preconceito continuará agindo no coração de muitas pesso- B) ''No país das medidas provisórias, o cidadão acorda tolhido, dia após
as. dia, com e sem 'apagões' e 'caladões''';
C) ''O terceiro e o quarto objetivos fundamentais, previstos no artigo 3º,
A Carta proíbe a discriminação entre o homem e a mulher (artigo 5º, I , e são projetos de um sonho estratosférico.'';
artigo 226, parágrafo 5º), contra as liberdades fundamentais, e a prática do D) ''O objetivo social exigirá da administração pública e de seus funcioná-
racismo (artigo 5º, incisos XLI e XLII). No trabalho, veda distinções quanto ao rios que atuem em favor dos cidadãos, com eles e não contra eles,...'';
salário, ao exercício de funções e aos critérios de admissão por motivo de E) ''Neste país, presidido por um sociólogo, precisamos meditar sobre as
sexo, idade, cor ou estado civil (artigo 7º, inciso XXX). O sociólogo português insuficiências gerais e as do direito em particular...''.
Boaventura de Souza Santos, professor da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, falando recentemente a esta Folha, verberou a 56 Os vocábulos ''apagão'' e ''caladão'', presentes no texto, aparecem
polarização da riqueza em muitos países, inclusive no nosso, em condições grafados entre aspas porque são:
parecidas com a dos Estados fascistas tradicionais. Exemplificou com grupos A) termos de cunho popular;
criminosos que substituem o Estado em certas regiões (vide o PCC) e com a B) neologismos;
parte corrupta da polícia, colaboradora do crime organizado, não se sabendo C) vocábulos que perderam velhos sentidos;
onde acaba a administração pública e começa a sociedade. D) de presença comum na mídia;
E) referentes a acontecimentos recentes.
Boaventura lembra a incapacidade de redistribuição da riqueza, permitin-
do que o capitalismo opere contra o pobre, e não a favor dele. Chama essa
57 ''O terceiro e o quarto objetivos...''; o caso de concordância nominal
situação de fascismo social. Neste país, presidido por um sociólogo, precisa-
presente neste segmento do texto encontra-se referido no item:
mos meditar sobre as insuficiências gerais e as do direito em particular,
A) o adjetivo, quer em função de adjunto adnominal, quer em função de
afirmadas pelo sábio sociólogo português. Meditar para corrigi-las.
predicativo, desde que se refira a um único substantivo, com ele con-
Wálter Ceneviva - Folha de São Paulo, 16/06/01 corda em gênero e número;

Língua Portuguesa 59
B) quando o adjetivo se associa a mais de um substantivo, o adjetivo 61. O texto é uma reflexão sobre a solidariedade, motivo de um movimento
concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo; - o Movimento da Ação da Cidadania - criado por Betinho, autor do tex-
C) se os substantivos são de gêneros diferentes e do singular, o adjetivo to, alguns anos atrás. O primeiro parágrafo do texto é construído numa
pode concordar com o substantivo mais próximo; estrutura comparativa, em que só NÃO correspondem:
D) é possível que o adjetivo predicativo concorde com o sujeito mais A) a miséria / a negação da miséria;
próximo se estiver anteposto aos substantivos; B) foi sendo construída / começa a se realizar;
E) no caso de uma só palavra determinada e mais de uma determinante, C) indiferença / prática;
a palavra determinada irá para o plural ou ficará no singular. D) exclusão, destruição / solidariedade;
E) das pessoas / ampla e generosa.
58 Ao apelar para o depoimento do sociólogo português Boaventura de
Souza Santos, o articulista pretende: 62 O fato de o texto começar por colchetes com pontos suspensivos - [...] -
A) demonstrar a força do jornal para o qual trabalha, indicando a qualida- indica que:
de de seus colaboradores; A) havia outros segmentos anteriores que não foram reproduzidos;
B) comparar, por oposição, o pensamento de um sociólogo português B) se trata de um texto reflexivo e que é necessário pensar sobre o que é
com o de um sociólogo brasileiro, o Presidente da República; dito;
C) dar autoridade e credibilidade às opiniões veiculadas pelo artigo; C) o texto é cópia de um original já publicado anteriormente;
D) condenar a discriminação de raça, sexo, cor e idade que aparecem em D) há citações alheias inseridas no corpo do texto;
nossa sociedade; E) a publicação do texto é matéria paga pelo próprio autor.
E) indicar o retrocesso de nosso país, comparando a nossa situação com
a de outros países do primeiro mundo. 63 ''...exclusão e destruição das pessoas,...''; nesse segmento do texto, os
59 ''...é necessário diminuir as distâncias sociais...''; se reescrevermos dois substantivos - exclusão e destruição - exigem a mesma preposi-
esse segmento do texto com a transformação da oração reduzida em ção e, por isso, a construção é considerada correta na norma culta. A
forma nominal, teremos: frase abaixo que repete essa mesma estrutura é:
A) é necessária a diminuição das distâncias sociais; A) Betinho admirava e gostava da humanidade;
B) é necessário que diminuamos as distâncias sociais; B) o movimento precisava e queria a ajuda de todos;
C) é necessário que as distâncias sociais sejam diminuídas; C) Betinho pretendia e ansiava por um movimento nacional;
D) há necessidade de se diminuírem as distâncias sociais; D) o movimento ajudava e acompanhava os pobres;
E) há necessidade da diminuição das distâncias sociais. E) todos participavam e pensavam sobre o movimento.

60 ''...são projetos de um sonho estratosférico.'' ; no contexto em que 64 No segmento ''...destruição das pessoas...'', o termo sublinhado funci-
está inserido, o vocábulo sublinhado eqüivale semanticamente a: ona como paciente do termo anterior, o que também ocorre em:
A) revolucionário; B) utópico; A) ''Por isso o gesto de solidariedade...'';
C) superior; D) ultrapassado; E) superado B) ''...uma mudança de paradigma...'';
C) ''...restabelecendo as bases de uma reconstrução radical...'';
SOLIDARIEDADE D) ''...ou por qualquer gesto de reconhecimento...'';
''[...] Assim como a miséria foi sendo construída com a indiferença frente E) ''...o Movimento da Ação da Cidadania...''.
à exclusão e à destruição das pessoas, a negação da miséria começa a se
realizar com a prática cotidiana, ampla e generosa da solidariedade. 65 ''A frieza construiu a miséria.''; em outras palavras, pode-se dizer que:
A frieza construiu a miséria. Construiu as cidades cheias de gente e de A) a frieza é causa necessária e suficiente da miséria;
muros que as separam como estranhos que se ignoram e se temem. A solida- B) a frieza é causa suficiente da miséria;
riedade vai destruir as bases da existência da miséria. É uma ponte entre as C) a miséria é construída unicamente pela frieza;
pessoas. D) só a frieza construiu a miséria;
Por isso o gesto de solidariedade, por menor que seja, é tão importante. E) a frieza está entre as causas da miséria.
É um primeiro movimento no sentido oposto a tudo que se produziu até agora.
Uma mudança de paradigma, de norte, de eixo, o começo de algo totalmente 66 Ao dizer que a solidariedade ''é uma ponte entre as pessoas'', o autor
diferente. Como um olhar novo que questiona todas as relações, teorias, do texto atribuiu à ponte o símbolo de:
propostas, valores e práticas, restabelecendo as bases de uma reconstrução A) caridade;
radical de toda a sociedade. Se a exclusão produziu a miséria, a solidariedade B) rapidez;
destruirá a produção da miséria, produzirá a cidadania plena, geral e irrestrita. C) união;
Democrática. D) religiosidade;
A luta contra a miséria nos obriga a um confronto com a realidade naquilo E) doação.
que nos parece mais brutal: a pessoa desfigurada pela fome, desesperada
pela comida ou por qualquer gesto de reconhecimento de sua existência 67 ''A frieza construiu a miséria. Construiu as cidades cheias de gente e de
humana. Se a distância perpetua a miséria, a solidariedade interrompe o ciclo muros que as separam como estranhos que se ignoram e se temem. A
que a produz e abre possibilidades imensas para se reconstruir a humanidade solidariedade vai destruir as bases da existência da miséria. É uma
destruída em 32 milhões de pessoas e negada em outros milhões de pessoas ponte entre as pessoas.''; entre os problemas referidos nesse segundo
que vivem na pobreza. parágrafo do texto só NÃO está o(a):
A) egoísmo;
Se a indiferença construiu esse apartheid monstruoso, a solidariedade vai
B) violência;
destruir suas bases. E essa energia existe com uma força surpreendente
C) indiferença;
entre nós, uma força capaz de contagiar quem menos se espera e de produzir
D) corrupção;
uma nova cultura, a do reencontro.
E) medo.
Quando o Movimento da Ação da Cidadania começou, ninguém espera-
va que fosse capaz de andar tão rápido, de se expandir com tanta força, de 68 ''...que se ignoram e se temem.''; o item abaixo em que o SE aparece
tocar tantas e tão diferentes pessoas, de encher auditórios e de se espalhar também como pronome de valor recíproco é:
por todos os cantos do país. A) A negação da miséria começa a se realizar neste momento;
Há uma tremenda força de mudança no ar, na terra. Há um movimento B) A solidariedade se opõe a tudo que se produziu até agora;
poderoso, tecendo a novidade através de milhares de gestos de encontro. Há C) A campanha traz uma força capaz de contagiar quem menos se espe-
fome de humanidade entre nós, por sorte ou por virtude de um povo que ra;
ainda é capaz de sentir, de mudar e de impedir que se consume o desastre, o D) Se a distância perpetua a miséria, a solidariedade a interrompe;
suicídio social de um país chamado Brasil''. E) Os homens e mulheres se contagiam na campanha.
Betinho, Jornal do Brasil, 12/9/93

Língua Portuguesa 60
69 ''Por isso o gesto de solidariedade, por menor que seja, é tão importan- _______________________________________________________
te.''; uma outra forma de expressar-se o mesmo conteúdo desse seg-
mento do texto é: _______________________________________________________
A) Em vista disso o gesto de solidariedade, ainda que bem pequeno, é _______________________________________________________
muito importante;
B) Embora pequeno, por isso o gesto de solidariedade é tão importante; _______________________________________________________
C) Em função disso, o gesto de solidariedade é tão importante, quando _______________________________________________________
pequeno;
D) Segundo isso, o gesto de solidariedade, mesmo que menor, é bem _______________________________________________________
importante;
E) Simultaneamente, o gesto de solidariedade, apesar de pequeno, é
_______________________________________________________
muito importante. _______________________________________________________

70 A palavra democrática, ao final do terceiro parágrafo, funciona, em _______________________________________________________


relação aos segmentos anteriores do mesmo parágrafo, como: _______________________________________________________
A) retificação;
B) síntese; _______________________________________________________
C) explicação;
_______________________________________________________
D) confirmação;
E) comparação. _______________________________________________________

GABARITO _______________________________________________________
_______________________________________________________
01. D 11. B 21. B 31. D 41. D
02. A 12. A 22. A 32. B 42. B _______________________________________________________
03. C 13. C 23. C 33. A 43. C ______________________________________________________
04. E 14. E 24. E 34. A 44. E
05. A 15. C 25. D 35. B 45. A _______________________________________________________
06. B 16. A 26. E 36. C 46. A
_______________________________________________________
07. D 17. B 27. B 37. C 47. D
08. E 18. E 28. C 38. A 48. C _______________________________________________________
09. C 19. D 29. D 39. A 49. B
10. D 20. A 30. B 40. B 50. C _______________________________________________________
51. E 61. E _______________________________________________________
52. D 62. A
53. A 63. D _______________________________________________________
54. D 64. B _______________________________________________________
55. C 65. E
56. B 66. C _______________________________________________________
57. E 67. D
_______________________________________________________
58. C 68. E
59. A 69. A _______________________________________________________
60. B 70. B
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Língua Portuguesa 62
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale-
cendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Falsificação do selo ou sinal público
DIREITO PENAL: Código Penal - com as Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
alterações vigentes - artigos 293 a 305; I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado
307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335 a ou de Município;
337; 339 a 347; 350 e 357. II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a au-
toridade, ou sinal público de tabelião:
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
Falsificação de papéis públicos Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: § 1º - Incorre nas mesmas penas:

I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo
Lei nº 11.035, de 2004) de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, si-
III - vale postal; glas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos
ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou 2000)
de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público;
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecen-
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a ar- do-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
recadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder
público seja responsável; Falsificação de documento público

VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte adminis- Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
trada pela União, por Estado ou por Município: documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecen-
de 2004) do-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o e-
se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) manado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testa-
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, mento particular.
fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributá-
rio; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em de-
pósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não
industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário,
falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declara-
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina ção falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº
a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 9.983, de 2000)
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacio-
fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua nado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declara-
inutilização: ção falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 9.983, de 2000)

§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencio-
dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. nados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração,
a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, pela Lei nº 9.983, de 2000)
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo
e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena Falsificação de documento particular
de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alte-
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § rar documento particular verdadeiro:
o
1 , qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exerci- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
do em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. (Inclu-
ído pela Lei nº 11.035, de 2004) Falsidade ideológica

Petrechos de falsificação Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que
dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especi- diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri-
almente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
anterior:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é públi-

Conhecimentos em Direito 1
co, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei 12.550.
de 2011)
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assenta- Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar
mento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Falso reconhecimento de firma ou letra
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função públi-
ca, firma ou letra que o não seja: II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é públi- III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído
co; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. pela Lei 12.550. de 2011)
Certidão ou atestado ideologicamente falso IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública,
fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Lei 12.550. de 2011)
Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer
meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas
Falsidade material de atestado ou certidão
no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circuns-
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
tância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela
Lei 12.550. de 2011)
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pe-
funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
na privativa de liberdade, a de multa.
Falsidade de atestado médico
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
CAPÍTULO I
Pena - detenção, de um mês a um ano.
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
também multa.
Peculato
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qual-
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor quer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que
faz uso do selo ou peça filatélica. seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
Uso de documento falso lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a Peculato culposo
que se referem os arts. 297 a 302: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Pena - detenção, de três meses a um ano.
Supressão de documento § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de ou- à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
trem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de metade a pena imposta.
que não podia dispor: Peculato mediante erro de outrem
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é públi- Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercí-
co, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. cio do cargo, recebeu por erro de outrem:
... Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Falsa identidade Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter nº 9.983, de 2000)
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
constitui elemento de crime mais grave. informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de
obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Das fraudes em certames de interesse público
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade

Conhecimentos em Direito 2
competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante
a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Violência arbitrária
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a
exercê-la:
guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspon-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime
dente à violência.
mais grave.
Abandono de função
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da esta-
belecida em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Concussão Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

Excesso de exação Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
8.137, de 27.12.1990) Violação de sigilo funcional
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que de-
nº 8.137, de 27.12.1990) va permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não
recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei
Corrupção passiva nº 9.983, de 2000)
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire- I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo
tamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da van- 9.983, de 2000)
tagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofí- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei
cio, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de nº 9.983, de 2000)
outrem:
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
Prevaricação proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal: Funcionário público

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em-
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de prego ou função pública.
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa presta-
dora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condescendência criminosa § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar su- crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
bordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituí-
da pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
CAPÍTULO II
Advocacia administrativa DOS CRIMES PRATICADOS POR

Conhecimentos em Direito 3
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL cesso ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício,
ou de particular em serviço público:
Usurpação de função pública
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
mais grave.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Denunciação caluniosa
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação
Resistência de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ame-
aça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja pres- Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
tando auxílio: § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de a-
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. nonimato ou de nome suposto.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.
Pena - reclusão, de um a três anos.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das corres-
pondentes à violência. Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrên-
cia de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:
Desobediência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Auto-acusação falsa
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou pra-
Desacato ticado por outrem:
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
razão dela:
Falso testemunho ou falsa perícia
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como tes-
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, van- administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela
tagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
9.127, de 1995)
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é pra-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada ticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destina-
pela Lei nº 9.127, de 1995) da a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada
ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
dada pela Lei nº 9.127, de 1995) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
Corrupção ativa que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário públi-
co, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vanta-
gem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos,
pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o nº 10.268, de 28.8.2001)
pratica infringindo dever funcional.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da adminis-
hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou tração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por 28.8.2001)
meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Coação no curso do processo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer
correspondente à violência. interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concor- pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial
rer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. ou administrativo, ou em juízo arbitral:

Inutilização de edital ou de sinal Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena corres-
pondente à violência.
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital
afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal Exercício arbitrário das próprias razões
empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
para identificar ou cerrar qualquer objeto: embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
Subtração ou inutilização de livro ou documento correspondente à violência.

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, pro- Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede

Conhecimentos em Direito 4
mediante queixa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procura-
em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: dor judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente,
partes contrárias.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Fraude processual
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos,
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou
documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
advogado ou procurador:
induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de seis a três anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Exploração de prestígio
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em pro-
cesso penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário
Exercício arbitrário ou abuso de poder
de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual,
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente a-
Pena - detenção, de um mês a um ano.
lega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: das pessoas referidas neste artigo.
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento
destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de
segurança; PROVA SIMULADA

II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando 01. A ação incriminada no art. 293 do Código Penal é a de falsificar papéis
de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de públicos. Diante dessa afirmativa, pergunta-se: como, nos termos da lei,
liberdade; essa falsificação pode ser feita?
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou (A) A falsificação somente pode ser feita tendo como objeto os papéis
a constrangimento não autorizado em lei; públicos, uma vez que tanto no art. 293 do CP quanto em qualquer outro
artigo de lei que trate sobre a matéria, não há previsão legal para a hipóte-
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. se de falsificação de documento particular.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança (B) Pela fabricação ou alteração do papel público.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou (C) Exclusivamente por meio da imitação fraudulenta do papel público.
submetida a medida de segurança detentiva: (D) Exclusivamente por meio da contrafação do papel público.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. (E) Exclusivamente por meio da modificação do papel público.

§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pes-


soa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 02. Assinale a alternativa que exemplifica o crime de desacato.
(seis) anos. (A) “X”, de forma muito humilhante, diz a seu vizinho, funcionário público,
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a durante um churrasco entre amigos, que ele é a pessoa mais preguiçosa e
pena correspondente à violência. lenta que já conheceu.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é pratica- (B) “X” descumpre a ordem dada pelo juiz em audiência e continua fotogra-
do por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. fando a vítima do crime sob julgamento.
(C) “X”, ao deparar-se no fórum com a escrevente “Z”, dirige a ela as se-
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guar-
guintes palavras: que coisa mais linda, até parece um anjo!
da, aplica-se a pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
(D) “X”, ao ter seu veículo apreendido pelo Delegado de Polícia “Z”, gesticu-
Evasão mediante violência contra a pessoa la a ele de forma obscena utilizando o dedo médio da mão.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submeti- (E) “X”, que assiste a uma partida de vôlei, zomba de um dos jogadores:
do a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Vejam como o nosso promotor público enfeita a quadra, até parece uma
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspon- borboleta!
dente à violência.
Arrebatamento de preso 03. A pena da testemunha que receber suborno para calar a verdade em
juízo
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o te-
(A) será aumentada de 1/2.
nha sob custódia ou guarda:
(B) será aumentada de 2/3.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à
(C) será de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
violência.
(D) não será aplicada na hipótese de a testemunha declarar a verdade no
Motim de presos processo em que se apura o crime de falso testemunho.
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da (E) não será aplicada na hipótese da retratação da testemunha, antes da
prisão: sentença, no processo em que ocorreu o ilícito.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspon- 04. Aquele que exercer atividade de que foi suspenso por decisão judicial
dente à violência. (A) pratica o crime de desobediência.
Patrocínio infiel (B) pratica o crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever pro- suspensão de direito.
fissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: (C) pratica o crime desacato.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (D) pratica o crime de corrupção ativa.
(E) não pratica crime.

Conhecimentos em Direito 5
A) São incompossíveis os crimes de corrupção ativa praticados pelo parti-
05. O crime de exploração de prestígio cular e de concussão cometido pela autoridade
I. tem como condutas previstas no “caput” do art. 357 do Código Penal os pública.
verbos solicitar ou receber; B) Pratica concussão o funcionário que exige, mediante violência, direta ou
II. somente pode ser praticado por funcionário público; indiretamente, para si ou para outrem, em razão da função pública, vanta-
III. consiste, em uma de suas modalidades, na solicitação de dinheiro ou gem indevida.
qualquer outra utilidade a pretexto de influir em determinado elenco de C) A corrupção é crime de concurso necessário, sendo necessária, para a
pessoas indicado pela lei. consumação, a presença do corruptor ativo e do corruptor passivo.
Está correto o contido apenas em D) Como a qualidade de funcionário público é circunstância pessoal, não se
comunica ao particular que eventualmente participe da prática de crime
(A) I e II. (B) I e III. contra a administração pública. Em tais situações, responde o particular por
(C) II e III. (D) I. (E) III. crime diverso.
E) Em denúncia de crime de prevaricação, é suficiente que o Ministério
06. No caso dos crimes de falsidade de títulos e outros papéis públicos, se Público (MP) afirme que o acusado agiu para a satisfação de interesse
o autor do ilícito for funcionário público e praticar o crime prevalecendo-se pessoal, pois, durante a instrução, pode-se perquirir no que consistiu o
do cargo, terá sua pena mencionado interesse.
(A) aumentada de metade. (B) aumentada de sexta parte.
(C) diminuída de sexta parte. (D) diminuída de metade.
13. O crime de contrabando ou descaminho
(E) aumentada ou diminuída de acordo com a análise das circunstâncias
relativas à individualização da pena, tais como: a culpabilidade, os antece- (A) é delito que, por sua gravidade, impõe pena que deve ser cumprida
dentes, a conduta social, a personalidade do agente e os motivos, circuns- inicialmente no regime fechado.
tâncias e conseqüências do crime. (B) pode ser praticado na modalidade dolosa ou culposa.
(C) é uma espécie de crime contra a administração pública que contém em
07. Determinado policial militar disse de forma impositiva ao assaltante que seu tipo norma penal em branco.
acabou de prender em flagrante, com o intuito de se locupletar indevida- (D) é crime de concurso obrigatório, ou seja, a sua tipificação exige a con-
mente, que somente muito dinheiro o faria “aliviar sua barra”. Tal conduta corrência de mais de um sujeito ativo.
(A) não tipifica crime. (E) é fato atípico para o direito penal, sendo mero ilícito administrativo.
(B) somente tipificaria algum delito caso houvesse a efetiva entrega do
dinheiro.
(C) tipifica o crime de peculato. 14. A ação incriminada no art. 293 do Código Penal é a de falsificar papéis
públicos. Diante dessa afirmativa, pergunta-se:
(D) tipifica o crime de concussão.
como, nos termos da lei, essa falsificação pode ser feita?
(E) tipifica o crime de corrupção passiva.
(A) A falsificação somente pode ser feita tendo como objeto os papéis
08. São pressupostos do delito de resistência que públicos, uma vez que tanto no art. 293 do CP quanto em qualquer outro
I. o ato ao qual se opõe seja legal; artigo de lei que trate sobre a matéria, não há previsão legal para a hipóte-
II. a violência ou ameaça seja praticada contra o policial que executar o ato; se de falsificação de documento particular.
III. a oposição seja praticada mediante violência ou ameaça. (B) Pela fabricação ou alteração do papel público.
Está correto o contido em (C) Exclusivamente por meio da imitação fraudulenta do papel público.
(A) I, apenas. (B) II, apenas. (D) Exclusivamente por meio da contrafação do papel público.
(C) I e II, apenas. (D) I e III, apenas. (E) I, II e III. (E) Exclusivamente por meio da modificação do papel público.

09. Desacatar funcionário público é 15. A respeito dos crimes contra a fé pública, assinale a alternativa correta.
(A) desobedecer. (B) resistir. (A) A falsidade ideológica refere-se ao conteúdo do documento, e a material
é a própria forma do documento, que é alterada ou forjada, criando um
(C) ofender. (D) exigir. (E) cooperar. documento novo.
(B) Se Fernando adulterou sua carteira de habilitação, prolongando o prazo
10. Assinale a alternativa que tipifica a conduta do crime de exercício de validade, e isso foi imediatamente constatado pela autoridade de trânsi-
arbitrário das próprias razões. to, já que o prazo de validade ultrapassou a data de sua expedição, então
fica caracterizado o crime de utilização de documento falso.
(A) Falsificar carteira de trabalho para instruir processo em seu favor.
(C) Se Fernando apresentou cópia de sua carteira de identidade com
(B) Subtrair documentos que lhe pertencem, mas que se acham em poder alteração da data de nascimento com o objetivo de inscrição em concurso
de terceiro por determinação judicial. público, então ele cometeu o crime de falsificação de documento público.
(C) Subtrair dinheiro do ex-empregador como forma de pagamento de (D) A ocultação ou supressão de documento particular caracteriza crime
salários atrasados. que, quando causar prejuízo a outrem, pode ser punido a título de culpa.
(D) Suprimir nota promissória que lhe pertence, mas que se acha em poder (E) Sempre será agravada a pena no crime de falsificação de documento
de terceiro em razão de seqüestro judicial. público quando o agente for funcionário público.
(E) Gritar com o policial rodoviário que, acertadamente, acaba de lhe impor
uma multa por excesso de velocidade.
11. Agente fiscal que solicita de contribuinte vantagem para deixar de 16. Quando um funcionário público deixa de praticar ou retarda ato de
lançar contribuição social devida comete ofício, com infração de dever funcional, cedendo à influência de outrem, ele
pratica o crime de
a) crime de prevaricação. b) crime de corrupção passiva.
(A) corrupção passiva. (B) condescendência criminosa.
c) crime de excesso de exação. d) crime contra a ordem tributária.
(C) advocacia administrativa. (D) concussão.
(E) prevaricação.
12. Considerando os crimes contra a administração pública, assinale a
opção correta.
17. Funcionário público "A" deixa, propositadamente, a porta do prédio da
Conhecimentos em Direito 6
repartição aberta, sabendo que seu amigo, não funcionário "B", irá nele CAPÍTULO I
penetrar e subtrair objetos valiosos da administração. Neste caso, DO JUIZ
a) "A" responderá por peculato-furto e "B", por peculato-apropriação. Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter
b) ambos responderão por peculato-furto. a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a
c) "A" responderá por peculato culposo e "B", por peculato-furto. força pública.
d) "A" responderá por peculato-apropriação e "B", por furto simples. Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou
18. O superior hierárquico que, por indulgência, deixa de responsabilizar
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da
subordinado, que cometeu infração, no exercício do cargo, pratica o crime
justiça ou perito;
de
a) prevaricação. II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou ser-
vido como testemunha;
b) condescendência criminosa.
c) corrupção passiva. III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de
fato ou de direito, sobre a questão;
d) desobediência.
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
19) No crime de concussão, a circunstância de ser um dos agentes funcio- interessado no feito.
nário público:
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo
a) não é elementar, não se comunicando, portanto, ao concorrente parti- os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha
cular. reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
b) é elementar, comunicando-se ao concorrente particular, ainda que este Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser re-
desconheça a condição daquele. cusado por qualquer das partes:
c) é elementar, mas não se comunica ao concorrente particular.
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
d) é elementar, comunicando-se ao concorrente particular, se este conhe-
cia a condição daquele. II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respon-
dendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;
20) Se "A", Delegado de Polícia, acata ordem de "B", seu superior hierár- III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o ter-
quico, para não instaurar inquérito contra determinado funcionário, amigo ceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
de "A", acusado de falsidade documental: tenha de ser julgado por qualquer das partes;
a) "A" praticou o crime de prevaricação e "B" é inocente, já que não tinha
atribuição para apurar o crime de falsidade; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
b) só "B" praticou o crime de prevaricação, porque "A" obedeceu ordem V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
de seu superior hierárquico; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada
c) nenhum dos dois delegados praticou delito, porque a instauração de no processo.
inquérito não é ato de ofício;
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por
d) "A" e "B", praticaram o crime de prevaricação. afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa,
salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento
sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunha-
do, o genro ou enteado de quem for parte no processo.
RESPOSTAS Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida,
01. B 11. D quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
02. D 12. A
03. E 13. C O JUIZ CRIMINAL E A IMPARCIALIDADE
04. B 14. B Texto extraído do Jus Navigandi
05. B 15. A http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12768
06. B 16. A
07. D 17. B Renato de Oliveira Furtado
08. D 18. B Advogado Criminalista, Professor de Direito Processual Penal da Uni-
versidade Estadual de Minas Gerais - Campus Frutal, Membro do IBCCRIM
09. C 19. D
"A Polícia precisa combater o crime com rigor, agindo sempre confor-
10. C 20. D me a Lei e orientada por princípios de cidadania. O Ministério Público deve
processar o criminoso sem desbordar para o fundamentalismo acusatório.
À Magistratura cabe manter – se serena, sem adotar posição apriorística
DIREITO PROCESSUAL PENAL: contra ou a favor, de modo a prestigiar sua exigível neutralidade e indepen-
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - COM AS ALTERA- dência, pois não há como julgar com isenção tomando partido e ideologi-
zando sua cognição ". ( Um Brado à Sociedade – AASP – 07/10/08 ) ( Grifo
ÇÕES VIGENTES - ARTIGOS 251 A 258, 261 A 267, nosso ).
274, 351 A 372, 394 A 497, 531 A 538, 541 A 548, 574 A
De tempos em tempos, aqui e ali, lampejam sinais pelo caminho, si-
667 nais de alerta no chão ubertoso, todavia, carrascoso, do Direito Criminal –
sinais estes que nos despertam e nos remetem à reflexão.

DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS Pensar o Direito é de fundamental importância ao seu exercício. "Mas,
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA pensar livremente, sem peias ou amarras, implica riscos e, não raro, soli-

Conhecimentos em Direito 7
dão. Pensar criticamente, contra todos – ou quase ( que ainda insistem em deles já se encontrava lá, estampado na RT 699/368, emitido pelo TAPR
manter as coisas como eram. Ou como são! ) – é uma experiência mais nos idos de 1992, da lavra do eminente Luiz Viel:
solitária ainda ". 1
"Vivemos tempos difíceis e inglórios para a justiça penal.
Tendo o humano como pedra fundante desse pensar, caminhemos.
Os crimes clamam, a violência explode, todos querem providências e-
Há que disparar em nós algum dispositivo de sobreaviso quando um ficazes.
advogado marcado pelos embates da vida forense e que detém o respeito
Mas está – se a criar espécie de " necessidade " de pena, especial-
dentro e fora do seu meio como Antônio Cláudio Mariz de Oliveira apresen-
mente nos crimes graves, que pode desaguar em precipitação, desvio,
ta um texto onde, sem meias palavras, afirma:
quebra de normas.
"Alguns magistrados estão adotando uma posição ideológica no exer-
Aos Juízes, no entanto, é sempre exigindo o trabalho sereno, o exame
cício de suas funções. Estão assumindo a condição de combatentes do
criterioso, o cumprimento dos ritos, respeito às garantias constitucionais ".
crime, tendo como instrumentos o Direito Penal e Processual Penal
É o quanto basta.
Grave engano. O juiz não pode ter um posicionamento preconcebido ,
não pode adotar uma corrente de pensamento que não seja jurídico – E, vejam, não há espaço para juízes cultores de doutrinadores nazis-
filosófica e está impedindo de seguir tendências e ideologias que lhe reti- tas virem e dizerem: "que determinados delitos obrigam à adoção de postu-
ram a independência, pois em tais hipóteses estará perdendo a sua impar- ras não – ortodoxas ". 6
cialidade. Por outro lado, nem o Direito Penal nem o Processual Penal são Parafraseando o personagem Alan Shore, "o que mais sinto falta em
instrumentos de combate contra o crime. Ao contrário, são direitos da nosso país não é a perda dos direitos e das liberdades civis, mas da nossa
liberdade." 2 compaixão, da nossa alma, da nossa humildade. Estamos nos tornando um
Abra-se aqui um parênteses: Com efeito, processo penal é escudo, é povo mau", com uma justiça endurecida e infensa aos valores do humano.
anteparo frente ao arbítrio do estado Leviatã – coisa, aliás, já explicitada Quero um povo mais gentil e bondoso, com julgadores que não queiram
por Sérgio Pitombo e muito bem recentemente afirmada pelo Ministro do rifar o dom do raciocínio em troca da boa sensação de pertencer a um
STF Celso de Mello: grupo, mais precisamente às grossas colunas do Movimento de Lei e
Ordem.
"Ninguém ignora, exceto os cultores e executores do arbítrio, do abuso
de poder e dos excessos funcionais, que o processo penal qualifica – se A história dos juízes da Alemanha de Hitler nos ajuda a ver que estes
como instrumento de salvaguarda das liberdades individuais " 3 não devem aderir ansiosamente aos movimentos populares do dia, ou se
permitirem se eximir de suas responsabilidades simplesmente alegando
Volvendo a Mariz e à contundência de sua fala, é, então, preciso parar
que se limitaram a aplicar as leis se esquecendo das conseqüências huma-
e pensar. Observar que ela reverbera...
nas de suas decisões.
Eis que vem um Procurador da República, que ostenta as elevadas ca- A cada dia, mais raros e preciosos são os julgadores que tem a cora-
racterísticas que Rodrigo de Grandis traz em si, e lança a pena a dizer: gem de afirmar: "É preferível anular provas de um processo judicial a anular
"Não se duvida ou discute que o principal atributo do juiz – em especi- a Constituição Federal. A ação policial deve estar sempre submetida ao
al o juiz criminal – é a imparcialidade. ( ... ) Aquele magistrado que, antes império da carta política do país". 7
de lhe chegar as mãos os autos de um processo criminal, com todas as Bem ao contrário, o que muito da prática forense demonstra é a cons-
peculiaridades e minúcias do caso concreto, tenciona reprimir o crime e, tante presença da idéia de mandar-se às favas a Constituição com o seu
assim, banir uma particular injustiça, quer por força de um compromisso "cansativo" princípio da Presunção de Inocência e outras frivolidades.
moral, quer psicológico ou mesmo religioso, pode ser tudo, mas não será Mantendo-se mais ou menos a idéia de que "o acusado já então não
um juiz ( ... ) Livre – nos Deus de tal juiz – cruzado, pronto a acometer e a se verá face a um Juiz independente e imparcial. Terá diante de sim uma
reduzir a pó tudo que lhe cheire heresia ". 4 ( Grifo nosso ). parte acusadora, um inquisidor a dizer – lhe algo como ‘ já o investiguei,
E tudo para responder que NÃO! Que o juiz não tem compromisso colhi todas as provas, já me convenci de sua culpa, não lhe dou crédito
com a luta contra o crime. É de se perguntar por quê ? Por que esta per- algum, mas estou a sua disposição para que me prove que estou errado!’ E
gunta está no ar? isso sem sequer permitir que o acusado arrisque a sorte em ordálias..." 8
Quando isso ocorre, e partindo tal afirmação de quem parte, é tempo Uma triste procissão de processos de faz-de-conta, feitos por julgado-
de os sinais de alerta se acenderem... res de palha e endereçados à patuléia ignara.
Agora, o próprio Supremo Tribunal Federal, pela voz do Ministro Cezar Os sinais são evidentes. As garantias não estão sendo garantidas,
Peluso, que ostenta glória para a Magistratura há mais de quarenta e um pois grande parte dos juízes, garantes constitucionais, nelas não acreditam
anos, alerta: ou lhes dão qualquer valor. O mais é sombra e afetação. Jogo de cena e
farfalhar de becas e togas. Direito é que não é. Muito menos Justiça.
"De tudo isso, retiro, em primeiro lugar, a triste verificação de que pa- Gandhi dizia que a aplicação do olho por olho acabava por produzir
rece estarmos a viver fenômeno, não sei se particular da vida brasileira, muitos cegos. Não tenho dúvidas que haveremos de pagar altíssimo preço
mas, com certeza, também da vida brasileira, e que é, por parte dos agen- por rasgar a Constituição, numa sociedade que por ela deveria ser regida.
tes públicos, em geral, a falta da cultura da legalidade. (...) Isto é, se é Mas não. O que temos é o absurdo reinando, como no conto de Lewis
preciso perseguir o crime, perseguir a prática criminosa, então não será Carrol:
preciso observar nem respeitar as limitações do ordenamento, porque as
limitações do ordenamento atrapalham as investigações, atrapalham a "Que espécie de coisas se lembra melhor?", arriscou – se Alice a per-
apuração dos crimes e atrapalham a punição dos que consideramos desde guntar.
logo culpados! Que isso contamine alguns setores do serviço público, como "Oh, das coisas que aconteceram na semana que vem", respondeu a
diria Vieira, ‘ Não louvo, nem critico, admiro – me ’, mas que isso constitua Rainha num tom descuidado.
parte da cultura da magistratura considero simplesmente inconcebível ". 5 (
Grifo nosso ). "Por exemplo, agora", continuou, pondo um grande adesivo no dedo en-
quanto falava, "Estou a lembrar – me do mensageiro do Rei. Está agora na
Isso ocorrido, aí é preciso mais que parar e refletir. Lançado o clarís- prisão a ser castigado; e o julgamento não começa senão na próxima quarta
simo alerta por nossa Corte Suprema, é preciso admitir que, sim, há, defini- – feira; e é evidente que o crime só vira no fim". 9
tivamente, algo de absolutamente inquietante e podre no reino da Justiça
ou, da Dinamarca, como queiram. E é isso. Sinto que há alguma coisa de muito errada num sistema que
me obriga a avisar a um cliente inocente que a sua inocência pouca coisa
Este não é, infelizmente, um debate novo. Mas o que impressiona é o pode significar no meio ao ranger das engrenagens da Justiça.
fato de termos esse debate entre nós. Sob a democracia, sob o Estado de
Direito, esperava-se algo de diferente e bem mais elevado. Bibliografia
Porém, como dito, não é de hoje que esse ovo da serpente vem sendo 1. Ana Claudia Bastos de Pinho e Marcus Alan de Melo Gomes, Ci-
gestado. É porque, simplesmente, não quisemos ler alguns sinais. Um ências Criminais, Ed. Lumen Júris, ano 2009, Apresentação.

Conhecimentos em Direito 8
2. Combate à Criminalidade e as prerrogativas profissionais, Revista Texto extraído do Jus Navigandi
do Advogado, nº 93, pág. 18 .
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12453
3. STF - HC 95.009 – 4 São Paulo j. 06 – 11 – 2008.
4. O Juiz tem compromisso com a luta contra o crime?, Revista Brasi-
Rômulo de Andrade Moreira
leira de Ciências Criminais, vol. 71, pág. 251/252.
Procurador de Justiça na Bahia. Ex-Assessor Especial do Procurador-
5. STF – HC 95.009 – 4 São Paulo j. 06 – 11 – 2008.
Geral de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Pro-
6. Jornal Juízes para a Democracia, nº. 46, pág. 12. motorias Criminais. Ex-Procurador da Fazenda Estadual. Professor de
Direito Processual Penal da Universidade Salvador (UNIFACS), na gradua-
7. Juiz Ali Malzon – 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo – Proc. nº
ção e na pós-graduação (Especialização em Direito Processual Penal e
2003.61.81.002820 – 9.
Penal e Direito Público). Coordenador do Curso de Especialização em
8. STF – Min. Eros Grau – HC. 95.009 – 4 – SP, j. 06 – 11 – 2008. Direito Penal e Processual Penal da UNIFACS. Pós-graduado lato sensu
9. Alice do outro lado do Espelho, Lisboa, Ed. Estampa, 1971, pág. em Direito Processual Penal pela Universidade de Salamanca (Espanha).
43. Especialista em Processo pela Universidade Salvador (UNIFACS), em
curso coordenado pelo Professor J. J. Calmon de Passos. Membro da
Association Internationale de Droit Penal, da Associação Brasileira de
Informações bibliográficas: Professores de Ciências Penais e do Instituto Brasileiro de Direito Proces-
FURTADO, Renato de Oliveira. O juiz criminal e a imparcialidade. Jus Na- sual. Associado ao Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim) e ao
vigandi, Teresina, ano 13, n. 2137, 8 maio 2009. Disponível em: Movimento Ministério Público Democrático. Integrante, por duas vezes
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12768>. Acesso em: 20 jun. 2010. consecutivas, de bancas examinadoras de concurso público para ingresso
CAPÍTULO II na carreira do Ministério Público do Estado da Bahia. Professor convidado
DO MINISTÉRIO PÚBLICO dos cursos de pós-graduação da Universidade Federal da Bahia, do Curso
JusPodivm, do Curso IELF, da Universidade Jorge Amado e da Fundação
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº Escola Superior do Ministério Público. Autor das obras "Direito Processual
11.719, de 2008). Penal", "Comentários à Lei Maria da Penha" (em co-autoria) e "Juizados
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabele- Especiais Criminais"– Editora JusPodivm, 2008, além de organizador e
cida neste Código; e (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). coordenador do livro "Leituras Complementares de Direito Processual
Penal", Editora JusPodivm, 2008. Participante em várias obras coletivas.
II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Palestrante em diversos eventos realizados na Bahia e no Brasil.
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos proces- A Segunda Turma do STF, em julgamento realizado no dia 10 de mar-
sos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, ço de 2009, reconheceu por unanimidade que existe a previsão constitucio-
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu- nal de que o Ministério Público tem poder investigatório. A Turma analisava
sive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relati- o Habeas Corpus (HC) 91661, referente a uma ação penal instaurada a
vas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. pedido do MP, na qual os réus são policiais acusados de imputar a outra
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será pro- pessoa uma contravenção ou crime mesmo sabendo que a acusação era
cessado ou julgado sem defensor. falsa. Segundo a relatora do HC, ministra Ellen Gracie, é perfeitamente
possível que o órgão do MP promova a coleta de determinados elementos
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor pú- de prova que demonstrem a existência da autoria e materialidade de de-
blico ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamen- terminado delito. "Essa conclusão não significa retirar da polícia judiciária
tada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) as atribuições previstas constitucionalmente", poderou Ellen Gracie. Ela
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. destacou que a questão de fundo do HC dizia respeito à possibilidade de o
MP promover procedimento administrativo de cunho investigatório e depois
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo ju- ser a parte que propõe a ação penal. "Não há óbice a que o Ministério
iz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confian- Público requisite esclarecimentos ou diligencie diretamente à obtenção da
ça, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. prova de modo a formar seu convencimento a respeito de determinado fato,
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar aperfeiçoando a persecução penal", explicou a Ministra. A relatora reconhe-
os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. ceu a possibilidade de haver legitimidade na promoção de atos de investi-
gação por parte do MP. "No presente caso, os delitos descritos na denúncia
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão teriam sido praticados por policiais, o que também justifica a colheita dos
obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu depoimentos das vítimas pelo MP", acrescentou. Na mesma linha, Ellen
patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. Gracie afastou a alegação dos advogados que impetraram o HC de que o
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por mo- membro do MP que tenha tomado conhecimento de fatos em tese delituo-
tivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 sos, ainda que por meio de oitiva de testemunhas, não poderia ser o mes-
(dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções mo a oferecer a denúncia em relação a esses fatos. "Não há óbice legal",
cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). concluiu. Fonte: STF.
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defen- I - Introdução
sor não puder comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). O tema em epígrafe diz respeito a uma das mais importantes atribui-
§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da au- ções do Ministério Público e, muitas das vezes, de fundamental importância
diência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum para a persecução criminal: a investigação de infrações penais.
do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoria- Nada obstante opiniões em contrário, o certo é que tal atribuição trans-
mente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). parece suficientemente possível à luz da Constituição Federal e de textos
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de legais, como procuraremos demonstrar a seguir.
mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. Desde logo, atentemos que o "Ministério Público é instituição perma-
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
parentes do juiz. da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indivi-
duais indisponíveis" (art. 127 da Constituição Federal). Parece-nos ser este
um grande indicativo do que acabamos de afirmar.
O MAIS RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL
II - O art. 129 da Constituição Federal
FEDERAL E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
Com efeito, diz o art. 129 da Constituição Federal que são funções do

Conhecimentos em Direito 9
Ministério Público, dentre outras: poder ou de sua autoridade, transgride o direito à liberdade de um cidadão,
verbi gratia, prendendo-o ilegalmente, é evidente que permitido será ao
"I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei."
parquet, constitucionalmente, "promover medidas necessárias para a
"II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de garantia do direito à liberdade" desrespeitado pelo agente do Poder Público.
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promoven-
Já o inciso VI, refere-se expressamente à expedição de notificações
do as medidas necessárias a sua garantia." (grifo nosso).
"nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
"VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua informações e documentos para instruí-los." Pergunta-se: para que serviri-
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na am tais notificações ou as informações e os documentos requisitados se
forma da lei complementar respectiva." (grifo nosso). não fossem para instruir procedimento administrativo investigatório? É
"VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito evidente que nenhuma lei traz palavras ou disposições inúteis (é regra de
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações proces- hermenêutica), muito menos a Lei Maior.
suais; Comentando este inciso, afirma Marcellus Polastri Lima:
"IX - exercer outras funções que lhe sejam conferidas, desde que com- "Trata-se, à saciedade, de coleta direta de elementos de convicção pe-
patíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a lo promotor para elaborar opinio delicti e, se for o caso, oferecimento de
consultoria jurídica de entidades públicas." (idem). denúncia, uma vez que, como já asseverado, não está o membro do Minis-
tério Público adstrito às investigações da Polícia Judiciária, podendo colher
Como se nota pelo inciso I acima transcrito, a Carta Magna deu ao Mi- provas em seu gabinete ou fora deste, para respaldar a instauração da
nistério Público, com exclusividade, a titularidade da ação penal pública e, ação penal.
como diz Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, "não seria razoá-
vel que a Constituição concedesse o direito de ação [01] com uma mão e "Portanto, recebendo o promotor notícia de prática delituosa terá o po-
retirasse os meios de ajuizá-la adequadamente com a outra. Por isso, deve- der-dever de colher os elementos confirmatórios, colhendo declarações e
se admitir que o Ministério Público possa colher os elementos de convicção requisitando provas necessárias para formar sua opinio delicti." [03]
necessários para que sua denúncia não seja rejeitada." [02] Que não se diga tratar-se tal procedimento administrativo do inquérito civil
Aqui, acolhemos a teoria dos poderes implícitos, na forma explicada preparatório para a ação civil pública, pois desta matéria já cuida o anterior
pelo Ministro Celso de Mello: inciso III. Portanto, este outro dispositivo (VI) ao se referir a "procedimentos
administrativos" não faz alusão ao inquérito civil (que também é um procedi-
"(...) Impende considerar, no ponto, em ordem a legitimar esse enten- mento administrativo), este já tratado no item anterior; neste mesmo sentido
dimento, a formulação que se fez em torno dos poderes implícitos, cuja pensa Hugo Nigro Mazzilli, para quem "se os procedimentos administrativos a
doutrina, construída pela Suprema Corte dos Estados Unidos da América, que se refere este inciso (VI) fossem apenas em matéria cível, teria bastado o
no célebre caso McCULLOCH v. MARYLAND (1819), enfatiza que a outor- inquérito civil de que cuida o inciso III. O inquérito civil nada mais é que uma
ga de competência expressa a determinado órgão estatal importa em espécie de procedimento administrativo ministerial. Mas o poder de requisitar
deferimento implícito, a esse mesmo órgão, dos meios necessários à inte- informações e diligências não se exaure na esfera cível; atinge também a
gral realização dos fins que lhe foram atribuídos. Cabe assinalar, ante a sua área destinada a investigações criminais." [04]
extrema pertinência, o autorizado magistério de MARCELO CAETANO
("Direito Constitucional", vol. II/12-13, item n. 9, 1978, Forense), cuja obser- Já com o inciso VIII surge a seguinte indagação: se se pode o mais
vação, no tema, referindo-se aos processos de hermenêutica constitucional (requisitar diligências investigatórias), como não se pode o menos, id est,
– e não aos processos de elaboração legislativa - assinala que, ´Em relação fazê-las motu proprio. Aqui devemos aplicar o princípio da máxima efetivi-
aos poderes dos órgãos ou das pessoas físicas ou jurídicas, admite-se, por dade, ou da eficiência, também conhecido como princípio da interpretação
exemplo, a interpretação extensiva, sobretudo pela determinação dos efetiva, segundo o qual "a uma norma constitucional deve ser atribuído o
poderes que estejam implícitos noutros expressamente atribuídos` (grifei). sentido que maior eficácia lhe dê." [05]
Esta Suprema Corte, ao exercer o seu poder de indagação constitucional - Se não bastassem tais preceitos há ainda o quarto deles consubstanci-
consoante adverte CASTRO NUNES (Teoria e Prática do Poder Judiciário, ado no inciso IX, este a permitir o exercício de funções outras que forem
p. 641/650, 1943, Forense) - deve ter presente, sempre, essa técnica atribuídas ao Ministério Público e que sejam compatíveis com suas finalida-
lógico-racional, fundada na teoria jurídica dos poderes implícitos, para, des: a Lei Federal n.º 8.625/93 concede ao Ministério Público a possibilida-
através dela, mediante interpretação judicial (e não legislativa), conferir de de instaurar procedimentos administrativos investigatórios, como vere-
eficácia real ao conteúdo e ao exercício de dada competência constitucio- mos a seguir.
nal, consideradas as atribuições do Supremo Tribunal Federal, do Superior
III - A Lei Orgânica do Ministério Público e o Estatuto do Idoso
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais de
Justiça, tais como expressamente relacionadas no texto da própria Consti- Efetivamente, a Lei n.º 8.625/93 (Lei Orgânica da Instituição), no seu
tuição da República. Não constitui demasia relembrar, neste ponto, Senho- art. 26, dispõe caber ao Ministério Público (os grifos são nossos) [06]:
ra Presidente, a lição definitiva de RUI BARBOSA (Comentários à Constitu-
"I - instaurar inquéritos civis e outras medidas e procedimentos admi-
ição Federal Brasileira, vol. I/203-225, coligidos e ordenados por Homero
nistrativos pertinentes e, para instruí-los: (omissis);"
Pires, 1932, Saraiva), cuja precisa abordagem da teoria dos poderes implí-
citos - após referir as opiniões de JOHN MARSHALL, de WILLOUGHBY, de "II - requisitar informações e documentos a entidades privadas, para
JAMES MADISON e de JOÃO BARBALHO - assinala: ´Nos Estados Uni- instruir procedimentos ou processo em que oficie;"
dos, é, desde MARSHALL, que essa verdade se afirma, não só para o "V - praticar atos administrativos executórios, de caráter preparatório;"
nosso regime, mas para todos os regimes. Essa verdade fundada pelo bom
senso é a de que - em se querendo os fins, se hão de querer, necessaria- Comentando este artigo, e mais especificamente o seu inciso V, assim
mente, os meios; a de que se conferimos a uma autoridade uma função, se pronunciou Pedro Roberto Decomain:
implicitamente lhe conferimos os meios eficazes para exercer essas fun- "Trata-se de todas as providências preliminares que possam ser ne-
ções. (...). Quer dizer (princípio indiscutível) que, uma vez conferida uma cessárias ao subseqüente exercício de uma função institucional qualquer.
atribuição, nela se consideram envolvidos todos os meios necessários para Providências administrativas de âmbito interno poderão ser de rigor para o
a sua execução regular. Este, o princípio; esta, a regra. Trata-se, portanto, melhor exercício de alguma função institucional, em determinadas circuns-
de uma verdade que se estriba ao mesmo tempo em dois fundamentos tâncias. Por força deste inciso, está o Ministério Público habilitado a tomá-
inabaláveis, fundamento da razão geral, do senso universal, da verdade las. Aliás, nem poderia ser diferente. É claro que a Instituição está apta a
evidente em toda a parte - o princípio de que a concessão dos fins importa realizar todas as atividades administrativas que sejam indispensáveis ao
a concessão dos meios (...)." (Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. bom desempenho de suas funções institucionais. Tal será uma direta
2.797-2 - Distrito Federal). conseqüência do princípio de sua autonomia administrativa, que orienta não
No inciso II, permite-se a promoção de medidas que sejam necessárias apenas o funcionamento global da Instituição, mas também a sua atuação
para a garantia dos direitos assegurados por ela própria que não estejam em cada caso concreto que represente exercício de suas funções institu-
sendo respeitados pelos Poderes Públicos e pelos serviços de relevância cionais." (Grifo nosso). [07]
pública; assim, por exemplo, quando um agente público, abusando de Por sua vez, adverte Marcellus Polastri Lima:
Conhecimentos em Direito 10
"A exemplo do disposto na CF/88, entendemos que o estabelecido no à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
item I do art. 26 da Lei 8.625/93, refere-se não só aos inquéritos civis, como testemunhas."
a quaisquer outros procedimentos, sendo a expressão pertinente atinente a
O segundo encontra-se no Estatuto do Idoso – Lei nº. 10.741/03:
medidas e procedimentos condizentes com as funções do Ministério Públi-
co, e não somente aos inquéritos civis, conforme estabelecido no caput do "Art. 74. Compete ao Ministério Público:
art. 26." [08] (...)
Ainda mais recentemente escreveu Paulo Rangel: "V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
"A investigação criminal direta pelo Ministério Público é garantia consti- "a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em
tucional da sociedade que tem o direito subjetivo público de exigir do Esta- caso de não comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar
do as medidas necessárias para reprimir e combater as condutas lesivas à condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
ordem jurídica." [09]
"b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autorida-
Em um outro trabalho específico, temos a opinião de Mauro Fonseca des municipais, estaduais e federais, da administração direta e indireta,
Andrade: bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
"Sem sombra de dúvidas, a possibilidade do Ministério Público investi- "c) requisitar informações e documentos particulares de instituições pri-
gar criminalmente decorre das previsões da legislação pátria, que, ainda, vadas;
dá margem às investidas daqueles que pretendem engessar o Parquet , e
torná-lo dependente do trabalho que a polícia judiciária realizar." [10] "VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a ins-
tauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às
Continuando a análise da Lei Orgânica temos no seu art. 27, verbo ad normas de proteção ao idoso;
verbum (por nós sublinhado):
(...)
"Art. 27 - Cabe ao Ministério Público exercer a defesa dos direitos as-
segurados nas Constituições Federal e Estadual, sempre que se cuidar de "IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de
garantir-lhe o respeito: saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho
de suas atribuições;"
"I - pelos poderes estaduais e municipais;
IV - O art. 144 da Constituição Federal
"II - pelos órgãos da Administração Pública Estadual ou Municipal, dire-
ta ou indireta; Costuma-se opor ao entendimento acima esposado o art. 144, § 4º. da
Constituição Federal, cuja redação diz caber à Polícia Civil a apuração de
"(omissis). infração penal, exceto a de natureza militar, ressalvada, também, a compe-
"Parágrafo único. No exercício das atribuições a que se refere este ar- tência da União.
tigo, cabe ao Ministério Público, entre outras providências: Ocorre que tal atribuição constitucional não é exclusiva da Polícia Civil
"I - receber notícias de irregularidades, petições ou reclamações de (nem da Federal [13]), sendo esta a correta interpretação deste dispositivo
qualquer natureza, promover as apurações cabíveis que lhes sejam pró- constitucional.
prias e dar-lhes as soluções adequadas; Não se deve interpretar uma norma jurídica isoladamente, mas, ao con-
"II - zelar pela celeridade e racionalização dos procedimentos adminis- trário, deve-se utilizar o método sistemático, segundo o qual cada preceito é
trativos; parte integrante de um corpo, analisando-se todas as regras em conjunto, a
fim de que possamos entender o sentido de cada uma delas.
"(omissis)."
"Não se encontra um princípio isolado, em ciência alguma; acha-se ca-
Vemos, destarte, que não há dificuldades em se admitir a instauração
da um em conexão íntima com outros. O Direito objetivo não é um conglo-
de procedimentos administrativos investigatórios de natureza criminal no
merado caótico de preceitos; constitui vasta unidade, organismo regular,
âmbito do próprio Ministério Público, desde que haja a necessidade da
sistema, conjunto harmônico de normas coordenadas, em interdependência
apuração de determinado fato que, por sua vez, enquadre-se no leque
metódica, embora fixada cada uma no seu lugar próprio." [14]
institucional das atribuições ministeriais.
A propósito, Karl Larenz, após advertir que se aplicam os princípios in-
Portanto, não podemos conceber, em que pese a autoridade dos que
terpretativos gerais das leis também à interpretação da Constituição, ensina
pensam contrariamente, que se diga ser defeso ao Ministério Público a
que "o contexto significativo da lei determina, em primeiro lugar, da mesma
investigação e a coleta de provas para o processo criminal (inclusive, como
maneira, a compreensão de cada uma das frases e palavras, tal como
é evidente, a notificação para comparecer), pois tal atribuição é permitida
também, aliás, a compreensão de uma passagem do texto é codeterminada
perfeitamente, principalmente levando-se em conta a lição doutrinária
pelo contexto." Esclarece este autor que "uma lei é constituída, as mais das
amplamente conhecida, segundo a qual o inquérito policial é peça prescin-
vezes, por proposições jurídicas incompletas – a saber: aclaratórias, restri-
dível à instauração da ação penal, conclusão esta retirada do próprio Códi-
tivas e remissivas -, que só conjuntamente com outras normas se comple-
go de Processo Penal, arts. 4º., parágrafo único, 12, 27, 39, § 5º. e 46, § 1º.
mentam numa norma jurídica completa ou se associam numa regulação. O
Com razão afirma Mazzilli: sentido de cada proposição jurídica só se infere, as mais das vezes, quan-
do se a considera como parte da regulação a que pertence." [15]
"Tanto na área cível como criminal, admitem-se investigações diretas
do órgão titular da ação penal pública do Estado. Para fazê-las, não raro se Aliás, segundo Luiz Alberto Machado "o criminalista ortodoxo pensa e
valerá de notificações e requisições." [11] E, complementa: "Em matéria age, sem confessar e até dizendo o contrário, como se coexistissem dois
criminal, as investigações diretas ministeriais constituem exceção ao princí- ordenamentos jurídicos: um ordenamento jurídico-criminal e outro ordena-
pio da apuração das infrações penais pela polícia judiciária; contudo, há mento para as demais ciências jurídicas." [16]
casos em que se impõe a investigação direta pelo Ministério Público, e os Partindo-se desse pressuposto, resta claro que não deu a Constituição
exemplos mais comuns dizem respeito a crimes praticados por policiais e exclusividade na apuração de infrações penais apenas a uma Instituição.
autoridades." [12] Observa-se que um outro artigo da mesma Carta (art. 58, § 3º.) dá poderes
às Comissões Parlamentares de Inquérito para investigação própria e,
De lege lata, podemos citar, inclusive, dois dispositivos legais que ex- adiante, como já demonstrado, concede a mesma prerrogativa ao Ministério
pressamente legitimam o Ministério Público para atividades investigatórias; Público. Não nos esquecemos que ao conceder exclusividade ao Ministério
o primeiro deles é o art. 179 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Público para a propositura da ação penal pública (art. 129, I), a Constituição
nº. 8.069/90), in verbis: Federal implicitamente outorgou à Instituição a possibilidade de investigar
"Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no para respaldar a respectiva peça acusatória.
mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relató- Lênio Luiz Streck e Luciano Feldens escreveram: " Recorrentemente,
rio policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação aqueles que desafiam a legitimidade do Ministério Público para proceder a
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente diligências investigatórias na seara criminal esgrimem o argumento de que

Conhecimentos em Direito 11
tal possibilidade não se encontraria expressa na Constituição, locus políti- mente da Polícia Judiciária."
co-normativo de onde emergem suas funções institucionais. Trata-se, na
Em Portugal, conforme lição de Germano Marques da Silva, "os órgãos
verdade, de uma armadilha argumentativa. Esconde-se, por detrás dessa
de polícia criminal coadjuvam o Ministério Público no exercício das suas
linha de raciocínio, aquilo que se revela manifestamente insustentável: a
funções processuais, nomeadamente na investigação criminal que é levada
consideração de que as atribuições conferidas ao Ministério Público são
a cabo no inquérito, e fazem-no sob a direta orientação do Ministério Públi-
taxativas, esgotando-se em sua literalidade mesma. Equívoco, data venia,
co e na sua dependência funcional (arts. 56 e 263)." [20]
grave." [17]
Ainda bem a propósito, veja-se a lição de Diego Diniz Ribeiro: Ainda em solo lusitano, a Lei Orgânica do Ministério Público, no seu art.
"Sendo assim, respaldando-se na teoria dos poderes implícitos, con- 3º., diz competir ao Ministério Público "dirigir a investigação criminal, ainda
clui-se que, se o constituinte atribuiu a uma determinada instituição uma quando realizada por outras entidades" e " fiscalizar a actividade processual
atividade-fim, também está ele, ainda que implicitamente, outorgando-lhe a dos órgãos de polícia criminal."
atividade-meio, pois, do contrário, aquela atividade restaria prejudicada, Em França não é diferente, à vista do art. 41 do respectivo Código de
não passando a disposição legal que a previu de uma determinação vazia e Processo Penal:
sem efetividade prática. Sendo assim, de tal assertiva se extrai a conclusão
lógica de que se o parquet pode o mais, que é a interposição da ação penal "O Procurador da República procede ou faz proceder a todos os atos
pública, também pode ele, ainda que de forma implícita, o menos, qual seja, necessários à investigação e ao processamento das infrações da lei penal.
a investigação criminal pré-processual, pois, do contrário, o permissivo Para esse fim, ele dirige as atividades dos oficiais e agentes da polícia
constitucional que outorga ao MP a função titular da ação penal seria Judiciária dentro das atribuições do seu tribunal."
totalmente inócuo, não passando de mero discurso retórico." (Boletim do VI – Conclusão
IBCCrim nº. 121, dezembro/2002). Diante de tudo quanto foi exposto pode e deve o membro do Ministério
A esse respeito escreveu Tourinho Filho: Público, quando isto lhe é faticamente possível, investigar diretamente fatos
"O parágrafo único do art. 4º. (CPP) deixa entrever que essa compe- criminosos, principalmente quando se tratar de abuso de autoridade (a título
tência atribuída à Polícia (investigar crimes) não lhe é exclusiva, nada de exemplo); é bom que se diga não ter o Ministério Público, muitas das
impedindo que autoridades administrativas outras possam, também, dentro vezes, condições de, motu proprio, levar adiante uma investigação criminal,
em suas respectivas áreas de atividades, proceder a investigações. As até por carência de material, seja humano (investigadores, por exemplo),
atinentes à fauna e flora normalmente ficam a cargo da Polícia Florestal. seja físico (viaturas, espaço físico apropriado, etc); quando houver dificul-
Autoridades do setor sanitário podem, em determinados casos, proceder a dades, nada impede, ao contrário, tudo indica, que seja requisitada a ins-
investigações que têm o mesmo valor e finalidade do inquérito policial." [18] tauração de inquérito policial (ou termo circunstanciado na forma da Lei nº.
Da mesma forma pensa o já citado Marcellus Polastri Lima: 9.099/95) à autoridade policial respectiva, atentando-se para o fiel cumpri-
"Obviamente, não sendo a Polícia Judiciária detentora de exclusividade mento da requisição e adotando-se as medidas criminais em caso de não
na apuração de infrações penais, deflui que nada obsta que o MP promova atendimento (pode-se estar configurado, por exemplo, o delito de prevari-
diretamente investigações próprias para elucidação de delitos. cação), além da possibilidade de se configurar ato de improbidade adminis-
"Como já salientamos, de há muito Frederico Marques defendia que o trativa (art. 11, II da Lei nº. 8.429/92).
MP poderia, como órgão do Estado-administração e interessado direto na Neste aspecto, importante é a observação de Enzo Bello, no sentido
propositura da ação penal, atuar em atividade investigatória. que "diante da escassez de recursos humanos e materiais do Ministério
"O art. 4º. do CPP já dispunha, em seu parágrafo único, inteiramente Público – afinal a sua quantidade de membros e de estrutura física é ínfima
recepcionado pela nova ordem constitucional, que a atribuição para apura- em relação ao tamanho da sua demanda de trabalho -, cumpre a cada
ção de infrações penais não exclui a de autoridades administrativas, a membro da instituição conferir um cunho seletivo às suas atividades profis-
quem por lei seja cometida a função." [19] (grifo nosso). sionais (...), de maneira a atribuir uma índole prioritária aos casos em que
se tratem de condutas delitivas cuja potencialidade lesiva seja capaz de
V - O Direito Comparado ocasionar uma verdadeira disfunção social e atingir ou obstar os princípios,
Há vários sistemas jurídicos alienígenas que ao priorizarem em suas fundamentos e metas da República brasileira (isto é, os verdadeiros ansei-
reformas processuais penais o fortalecimento do Ministério Público, passa- os e perspectivas da nossa sociedade)." [21]
ram a permitir de maneira ampla a investigação criminal pelo parquet. O Conselho Superior do Ministério Público Federal (em 14 de setembro
No Direito comparado observamos a existência de dois sistemas prin- do ano de 2004) editou a Resolução nº. 77/04 que regulamenta os proce-
cipais: o inglês (a Polícia detém o poder de conduzir as investigações dimentos de investigação criminal a serem observados pelos procuradores
preliminares) e o continental (o Ministério Público conduz a investigação da República em todo o país. A norma interna define o procedimento inves-
criminal). tigatório criminal como um instrumento de coleta de dados para apurar a
ocorrência de infrações penais, que servirá para a proposição de ações
Neste segundo sistema, encontramos, por exemplo, países como a Itá-
penais ou instauração de inquérito pela polícia. Define-se que o membro do
lia, Alemanha, França e Portugal, como veremos a seguir:
Ministério Público Federal poderá dar início ao procedimento valendo-se de
Na Alemanha, lê-se no Código de Processo Penal: qualquer meio, ainda que informal, mas terá que fundamentá-lo. "Caso
surja a necessidade de investigação de fatos diversos dos que já estavam
"StPO § 160: (1) (omissis)
incluídos no procedimento, o procurador responsável terá que fazer um
"(2). A Promotoria de Justiça deverá averiguar não só as circunstâncias aditamento ou abrir um novo procedimento. Para assegurar a impessoali-
que sirvam de incriminamento, como também as que sirvam de inocenta- dade na condução das investigação, o procedimento será protocolado,
mento, e cuidar de colher as provas cuja perda seja temível. autuado e distribuído. As partes envolvidas e terceiros diretamente interes-
"(3). As averiguações da Promotoria deverão estender-se às circuns- sados poderão ter acesso às apurações, excetuando os casos de sigilo.
tâncias que sejam de importância para a determinação das conseqüências Nessa hipótese, o investigado terá acesso apenas aos documentos referen-
jurídicas do fato. Para isto poderá valer-se de ajuda do Poder Judicial. tes aos atos de que ele tenha participado pessoalmente. Os procuradores
também terão que respeitar um prazo para encerrar as investigações, 30
"StPO § 161: Para a finalidade descrita no parágrafo precedente, pode- dias, contados da data de instauração, que só poderá ser prorrogado por
rá a Promotoria de Justiça exigir informação de todas as autoridades públi- meio de decisão fundamentada."
cas e realizar averiguações de qualquer classe, por si mesma ou através
das autoridades e funcionários da Polícia. As autoridades e funcionários da Apenas ressaltamos o nosso pensamento quanto à impossibilidade de
Polícia estarão obrigados a atender a petição ou solicitação da Promotoria." que o mesmo Promotor de Justiça ou Procurador da República (ou os
mesmos profissionais ou a mesma equipe) que investigue possa, depois,
Na Itália não é diferente no seu "Codice di Procedura Penale": valorando a prova por ele próprio colhida, oferecer denúncia. Não cremos
"Art. 326 – O Ministério Público e a Polícia Judiciária realizarão, no âm- ser isso possível. Como afirma Aury Lopes Jr. "crer na imparcialidade de
bito de suas respectivas atribuições, a investigação necessária para o quem está totalmente absorvido pelo labor investigador é o que James
termo inerente ao exercício da ação penal." Goldschmidt denomina de erro psicológico." [22] Para este autor, os "pro-
cessos psicológicos interiores levam a um pré-juízo sobre condutas e
"Art. 327 – O Ministério Público dirige a investigação e dispõe direta-
Conhecimentos em Direito 12
pessoas", minando "a posição de neutralidade [23] interior que se exige para fio não se resolverá pela interpretação de textos (CF, CPP, leis federal e
que comece e atue no processo." Observa, ainda, agora citando Oliva estadual do MP, etc.); 2.ª) A Polícia Judiciária não detém (desde o advento
Santos, que "essas idéias pré-concebidas até podem ser corretas – fruto de do CPP) o monopólio da apuração dos ilícitos penais; 3.ª) O procedimento
uma especial perspicácia e melhores qualidades intelectuais – mas inclusi- preparatório da ação penal deverá designar-se inquérito criminal em oposi-
ve nesse caso não seria conveniente iniciar o processo penal com tal ção ao inquérito civil, assim nominado pela Constituição (art. 129, III) e pela
comprometimento subjetivo." [24] Lei n.º 7.347/85 (ação civil pública, art. 8.º, § 1.º); 4.ª) O inquérito criminal
deve constituir um procedimento único, vale dizer, não se pode admitir a
Vejamos a respeito as observações de Antonio Evaristo de Morais Fi-
investigação paralela (inquérito, pela Polícia Judiciária, e Procedimento
lho, citando Altavilla:
Administrativo, pelo Ministério Público); 5.ª) Uma reordenação constitucio-
"Este fenômeno foi muito bem estudado por Altavilla, em sua famosa nal e legal é indispensável para estabelecer o concurso de funções e supe-
‘Psicologia Judiciária’ (Porto, 1960, v. 5, p. 36-39), onde dedicou dois verbe- rar o conflito de atribuições entre o MP e a Polícia Judiciária; 6.ª) Quando
tes aos perigos das hipóteses provisórias, que podem ‘seduzir o investiga- for necessária a abertura de inquérito criminal pela Polícia Judiciária, a
dor, de maneira a torná-lo daltônico nas apreciações das conclusões de colheita de prova deve ser sumária e, em breve prazo ser remetido ao MP;
indagações ulteriores’. Adverte o mestre italiano que, uma vez internalizada 7.ª) Recebendo os autos, o MP poderá propor o arquivamento, oferecer
na mente do policial, do promotor ou do juiz, a procedência da hipótese denúncia ou prosseguir, ele mesmo, com a investigação; 8.ª) Não haverá
provisória, cria-se em seu espírito a necessidade de demonstrar o que mais a baixa ou devolução de autos, rotina que alimenta a usina de prescri-
considera verdade, ‘à qual ele liga uma especial razão de orgulho’, como se ção; 9.ª) O chamado Procedimento Administrativo Investigatório do Ministé-
a eventual demonstração da improcedência de sua hipótese ‘constituísse rio Público (ou designação correlata) ofende o princípio do devido processo
uma razão de demérito’. E assim, intoxicado por sua verdade, sobrevaloriza legal porque: a) não existe prazo de encerramento; b) não há controle
todos os elementos probatórios que lhe forem favoráveis e diminui ‘o valor jurisdicional; c) o indiciado ou suspeito não tem a faculdade de requerer
dos contrários, até o ponto de não serem tomados em consideração num diligência, em atenção ao princípio da verdade material; 10.ª) O aludido
ato." [25] procedimento administrativo tem sido utilizado como alternativa contra a
Afinal de contas nas veias do Promotor de Justiça também corre o san- burocracia, abuso de poder ou corrupção do inquérito policial; 11.ª) Uma
gue dos pobres mortais... Observamos que o Supremo Tribunal Federal, nova concepção de Política Processual Penal deverá modificar textos
em 12 de fevereiro do ano de 2004, ao julgar a ADI nº. 570, declarou parci- constitucionais e legais para atribuir ao MP o controle da investigação, sem
almente inconstitucional o art. 3º. da Lei do Crime Organizado (Lei n°. prejuízo do trabalho auxiliar da Polícia Judiciária; 12.ª) A investigação
9.034/90), que previa a possibilidade de o Juiz conduzir direta e pessoal- criminal é exercício do poder estatal; deve coordená-la o órgão que promo-
mente investigação criminal. Nesta decisão, ressaltou-se que "ninguém ve a ação penal de natureza pública." [29]
pode negar que o Magistrado, pelo simples fato de ser humano, após Atentos àquela observação supra (verdadeira e preocupante), esclare-
realizar pessoalmente as diligências, fique envolvido psicologicamente com cemos que tais considerações, longe de representarem obstáculos à atua-
a causa, contaminando sua imparcialidade". Será que esta assertiva tam- ção policial, são apenas elucidações que devem ser feitas a respeito das
bém não se aplicaria ao Promotor de Justiça? Será que o Promotor de prerrogativas do Ministério Público, nunca se olvidando da importância da
Justiça, ao analisar uma peça investigatória, não deverá fazê-lo de maneira polícia judiciária.
também imparcial? Concordamos com Marcos Zilli, ao afirmar que o fenô-
Devemos, na lição do maior de todos os Promotores de Justiça, "no tra-
meno investigatório "concentra as energias para a construção de uma
to com as autoridades policiais (...), além do respeito devido às prerrogati-
acusação de modo que o sujeito que a conduz dificilmente deixará de ficar
vas daqueles colaboradores e não subordinados, pugnar pelo prestígio que
a ela vinculado." [26]
advém da sua correção." [30]
Note-se que o Código de Processo Penal reputa impedido o Promotor
Julita Lemgruber, Leonarda Musumeci e Ignacio Cano, em excelente
de Justiça que "tiver funcionado" como autoridade policial, ex vi do art. 252,
estudo sobre o controle externo da polícia no Brasil, atentaram para "o fato
II, c/c art. 258 do Código de Processo Penal; óbvio que não é exatamente o
de o Ministério Público ter poder de investigar por conta própria crimes
caso, mas, mutatis mutandis, observamos que o legislador procurou afastar
cometidos por policiais e de iniciar o processo judicial à revelia dos proce-
do subseqüente processo criminal aquele que investigou os respectivos
dimentos conduzidos pelas Corregedorias é percebido como ´invasão` dos
fatos na fase pré-processual. No julgamento de uma exceção de impedi-
promotores na área de competência das polícias. (...) Portanto, além de
mento, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul deixou consignado que
uma inércia interna, a limitada atuação do Ministério Público nessa área
o objetivo do art. 252, II, CPP (que se aplica aos membros do Ministério
deriva também do acirramento das resistências corporativas, sustentadas
Público – art. 258, CPP) "é impedir quem funcionou na busca de elementos
pelo próprio hibridismo do modelo processual brasileiro." [31]
incriminadores de servir, posteriormente, como juiz no mesmo processo
(...), estando "impedido de processar e julgar o réu o juiz que haja diligenci- Notas
ado a obtenção de elementos incriminadores do ato por ele praticado, antes 1. Na verdade, um dever jurídico tendo em vista o princípio da obrigatoriedade que
de instaurada a ação penal". (RT 526/434-435). rege a ação penal pública.
2. Lei dos Juizados Especiais Criminais, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003, p. 91.
Bem a calhar a lição de M. Costa Manso: "A autoridade incumbida de 3. Ministério Público e Persecução Criminal, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997, p.
descobrir o criminoso, especialmente nos casos graves e obscuros, é 88.
muitas vezes dominada pelo desejo de triunfar, de revelar argúcia e capaci- 4. Regime Jurídico do Ministério Público, São Paulo: Saraiva, 1996, p. 239.
dade, perdendo, em conseqüência, a calma e a imparcialidade." (O Proces- 5. J.J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra:
so na Segunda Instância e suas Aplicações à Primeira, São Paulo: Livraria Almedina, 6ª. ed., 2002, p. 1.210.
6.
Acadêmica, 1923, Vol. I, p. 615). [27] Adiante mostraremos disposições semelhantes na Lei Complementar n.º 75/93
(Lei Orgânica do Ministério Público da União).
Interessante, a título de ilustração, a observação feita por Renê Ariel 7. Comentários à Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Obra Jurídica
Dotti: Editora, ps. 204/205.
8. Idem, p. 90.
"(...) forçoso é reconhecer que o sistema adotado em nosso país deixa 9. Investigação Criminal Direta pelo Ministério Público: Visão Crítica, Rio de
muito a desejar quanto à eficácia e agilidade das investigações. E o maior Janeiro: Lumen Juris, 2003, p. 257.
obstáculo para alcançar estes objetivos decorre da falta de maior integra- 10. Ministério Público e sua Investigação Criminal, Porto Alegre: Fundação Escola
ção não somente das categorias funcionais da Polícia Judiciária e do Minis- Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, 2001, p. 135.
tério Público como também de seus integrantes. Observa-se, lamentavel- 11. Ob. cit., p. 239.
mente e em muitas circunstâncias, a existência de um processo de rejeição 12. Idem, p. 400.
que parece ser genético." [28] Este mesmo autor, em um alentado estudo 13. A Polícia Federal tem, com exclusividade, apenas a prerrogativa de exercer as
sobre o assunto, após defender fundamentadamente a possibilidade da funções de polícia judiciária da União, função que não se confunde com a de
investigação criminal pelo Ministério Público, extrai as seguintes conclu- apurar crimes (a distinção é feita pela própria Constituição Federal (art. 144, §
sões: 1º., I e IV). As funções de polícia judiciária compreendem, por exemplo, aquelas
previstas no art. 13, I, II e III do Código de Processo Penal. No processo de Ex-
"Neste derradeiro artigo é possível resumir algumas conclusões fun- tradição nº. 974, o Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, desta-
damentais visando decifrar a esfinge da investigação criminal: 1.ª) O desa- cou o papel da Polícia Federal como "polícia judiciária da República"; nesta con-
dição, destacou o Ministro que a instituição precisaria "se aparelhar para cumprir

Conhecimentos em Direito 13
suas atribuições constitucionais." Entre elas, a de dar totais condições para o processante, será citado mediante precatória.
bem-estar daqueles que se encontram presos em suas unidades prisionais. "A
Polícia Federal há de se aparelhar visando ao cumprimento das atribuições Art. 354. A precatória indicará:
constitucionais – entre estas, as que encerram a qualificação de polícia judiciá- I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
ria", anotou o Ministro.
14. Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, Rio de Janeiro: Freitas II - a sede da jurisdição de um e de outro;
Bastos, 1961, p. 165.
15. Metodologia da Ciência do Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 3ª. Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
ed., 1997 (tradução portuguesa de José Lamego). IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
16. Estudos Jurídicos em Homenagem a Manoel Pedro Pimentel, São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1992, p. 239. Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independen-
17. Crime e Constituição – A Legitimidade da Função Investigatória do Ministério temente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação
Público, Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 81. por mandado do juiz deprecado.
18. Código de Processo Penal Comentado, Vol. 1, São Paulo: Saraiva, 1996, p. 16.
19. Ob. cit., p. 84. § 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição
20. Curso de Processo Penal, Vol. I, Lisboa: Editorial Verbo, 1996. de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da
21. Perspectivas para o Direito Penal e para um Ministério Público Republicano, Rio diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação.
de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 335. § 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser
22. Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim, nº. 127 – Junho
citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no
de 2003, p. 11.
23. Quanto à neutralidade, faz-se uma ressalva, pois não acreditamos em um Juiz art. 362.
neutro (como em um Promotor de Justiça ou um Procurador da República neu- Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os
tro). Há sempre circunstâncias que, queiram ou não, influenciam em decisões e requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica,
pareceres, sejam de natureza ideológica, política, social, etc., etc. Neste sentido, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencio-
veja-se a lição de Rodolfo Pamplona Filho, "O Mito da Neutralidade do Juiz co-
mo elemento de seu Papel Social" in "O Trabalho", encarte de doutrina da Re- nará.
vista "Trabalho em Revista", fascículo 16, junho/1998, Curitiba/PR, Editora Deci- Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
sório Trabalhista, págs. 368/375, e Revista "Trabalho & Doutrina", nº 19, de-
zembro/98, São Paulo, Editora Saraiva, págs.160/170. I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na
24. Sistemas de Investigação Preliminar no Processo Penal, Rio de Janeiro: Lumen qual se mencionarão dia e hora da citação;
Juris, 2001, pp. 154/155.
25. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo: Editora Revista dos Tribu- II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua a-
nais, n.º 19, p. 106. ceitação ou recusa.
26. Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim, nº. 188 – Julho
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do res-
de 2008, p. 02. pectivo serviço.
27. Apud Roberto Delmanto Junior, "As Modalidades de Prisão Provisória e Seu
Prazo de Duração", Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2ª. edição, 2001, p. 123 Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juí-
(nota de rodapé). zo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repar-
28. O Ministério Público e a Polícia Judiciária - Relações formais e desencontros
tição.
materiais, in Ministério Público, Direito e Sociedade, Porto Alegre: Sergio Anto-
nio Fabris Editor, 1986, p. 135. Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação
29. Site www.parana-online.com.br – Caderno Direito e Justiça, 28 de março de dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
2004.
30. Roberto Lyra, Teoria e Prática da Promotoria Pública, Porto Alegre: Sergio Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o
Antonio Fabris Editor, 1989, p. 121. prazo de 15 (quinze) dias.
31. "Quem Vigia os Vigias?", Rio de Janeiro: Record, 2003, págs., 124/125.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial
Informações bibliográficas: de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na
forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
MOREIRA, Rômulo de Andrade. O mais recente entendimento do Su- 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
premo Tribunal Federal e a investigação criminal pelo Ministério Público . 2008).
Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2080, 12 mar. 2009. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12453>. Acesso em: 20 jun. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado
2010. não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realiza-
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos da a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável.
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
CAPÍTULO I
DAS CITAÇÕES § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por
edital. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver
no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 352. O mandado de citação indicará: § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

I - o nome do juiz; § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o


processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código.
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característi- Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz
cos; entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e,
IV - a residência do réu, se for conhecida; no caso de no II, o prazo será de trinta dias.
V - o fim para que é feita a citação; Art. 365. O edital de citação indicará:
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; I - o nome do juiz que a determinar;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característi-
cos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo;
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz

Conhecimentos em Direito 14
III - o fim para que é feita a citação; na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; § 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo
disposições em contrário deste Código ou de lei especial. (Incluído pela Lei
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na impren-
nº 11.719, de 2008).
sa, se houver, ou da sua afixação.
§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimen-
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcio-
to observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Códi-
nar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixa-
go. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
ção ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por
exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a to-
jornal com a data da publicação. dos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados
neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem consti-
tuir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricio- § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumá-
nal, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas conside- rio e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. (Incluído pela
radas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do Lei nº 11.719, de 2008).
disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado pela Lei nº 11.719, de 2008).
ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o
novo endereço ao juízo. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será cita-
do mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescri- III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei
ção até o seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de nº 11.719, de 2008).
17.4.1996) Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estran- Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia
geiras serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada pela Lei ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a
nº 9.271, de 17.4.1996) citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10
CAPÍTULO II (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
DAS INTIMAÇÕES Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do
pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar
Lei nº 9.271, de 17.4.1996) tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
§ 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e
do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719,
dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do de 2008).
acusado. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) § 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95
§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal § 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, ci-
com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. tado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la,
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a 11.719, de 2008).
que alude o § 1o. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos,
§ 4o A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fa-
for requerida, observado o disposto no art. 357. to; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do a-
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz mar-
gente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
cará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para
seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
TÍTULO I IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
DO PROCESSO COMUM 2008).
CAPÍTULO I Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pe- para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do
la Lei nº 11.719, de 2008). Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssi- dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
mo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interroga-
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima comi- tório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. (Incluído
nada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberda- pela Lei nº 11.719, de 2008).
de; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluí-
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima comi- do pela Lei nº 11.719, de 2008).
nada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no
pela Lei nº 11.719, de 2008). prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declara-
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, ções do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e

Conhecimentos em Direito 15
pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, § 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oi-
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhe- to), na denúncia ou na queixa.
cimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusa-
§ 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tu-
do. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
do que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especi-
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz ficar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelató- qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído
rias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requeri- Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos termos
mento das partes. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). dos arts. 95 a 112 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas 2008)
arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. (Redação dada pela Lei nº Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará
11.719, de 2008). defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem com- autos. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
promisso e as referidas. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o
§ 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. (Redação
arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. (Incluído pela Lei dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nº 11.719, de 2008).
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realiza-
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Pú- ção das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez)
blico, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados
na instrução. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de decla-
rações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos
serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamen- dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,
te, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. (Reda-
juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de
§ 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requeri-
cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
mento e de deferimento pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse,
serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o § 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz
tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. (Inclu-
ído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número
de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente § 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o
para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) disposto no art. 384 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
dias para proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectiva-
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou mente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogá-
a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações veis por mais 10 (dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
finais. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusa-
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as ção e a defesa de cada um deles será individual. (Incluído pela Lei nº
partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações 11.689, de 2008)
finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a senten- § 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste,
ça. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevan- § 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova fal-
tes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). tante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva compare-
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, cer. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de § 8o A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audio- da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabe-
visual, destinada a obter maior fidelidade das informações. (Incluído pela lecida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.719, de 2008).
§ 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. (Incluído (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (no-
CAPÍTULO II venta) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA Seção II
DO TRIBUNAL DO JÚRI Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Seção I
Da Acusação e da Instrução Preliminar Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se con-
vencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materi-
alidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar
efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as cau-
acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por sas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
edital. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a

Conhecimentos em Direito 16
concessão ou manutenção da liberdade provisória. (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri deter-
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revoga- minará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no
ção ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormen- caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresenta-
te decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da rem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5
decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer dili-
Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) gência. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a serem pro-
de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentada- duzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as providências devidas,
mente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) o juiz presidente: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, po- I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade
derá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluí- ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa; (Incluído pela Lei
do pela Lei nº 11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em
quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) pauta da reunião do Tribunal do Júri. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao
de 2008) presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente
remeter-lhe-á os autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela
sorteio a que se refere o art. 433 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os processos prepa-
11.689, de 2008)
rados até o encerramento da reunião, para a realização de julgamento.
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Seção IV
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste Do Alistamento dos Jurados
artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto- (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta
Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do
for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comar-
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária cas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a
caberá apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de outras de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor população.
pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
acusado, determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 § 1o Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumentado o nú-
(quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código. (Redação mero de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, depositadas as
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) cédulas em urna especial, com as cautelas mencionadas na parte final do §
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da cons- 3o do art. 426 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
tante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. § 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, associações
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusa- ensino em geral, universidades, sindicatos, repartições públicas e outros
ção, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste núcleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as condições
Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz para exercer a função de jurado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
que o seja. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas pro-
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à dispo- fissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano
sição deste ficará o acusado preso. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri. (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de
qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério publicação definitiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a 446 deste
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste Código. (Incluído
pela Lei nº 11.689, de 2008) § 3o Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após se-
rem verificados na presença do Ministério Público, de advogado indicado
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado
encontrado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) pelas Defensorias Públicas competentes, permanecerão guardados em
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminha- urna fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente. (Incluído
dos ao juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) § 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (do-
§ 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstân- ze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído.
cia superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 11.689, de § 5o Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamente, com-
2008) pletada. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. (In- Seção V
cluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Do Desaforamento
Seção III (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida

Conhecimentos em Direito 17
sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribu- Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, ca-
nal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou bendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 (vinte e cinco)
do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá deter- jurados, para a reunião periódica ou extraordinária. (Redação dada pela Lei
minar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma nº 11.689, de 2008)
região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
§ 1o O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (dé-
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
cimo) dia útil antecedente à instalação da reunião. (Incluído pela Lei nº
§ 1o O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá 11.689, de 2008)
preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente. (Incluído pela
§ 2o A audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento
Lei nº 11.689, de 2008)
das partes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determi-
§ 3o O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído
nar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. (Incluído
para as reuniões futuras. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por
§ 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por
qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora designados para a
ele solicitada. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
reunião, sob as penas da lei. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quan-
Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação serão transcri-
do efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento,
tos os arts. 436 a 446 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a
realização de julgamento anulado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do Júri a rela-
ção dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos procuradores das
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão
partes, além do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento.
do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis)
meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. (Redação Seção VIII
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Da Função do Jurado
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará
o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa. Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade. (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos a-
guardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possibilidade de § 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou dei-
apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o xar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão,
exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata classe social ou econômica, origem ou grau de instrução. (Incluído pela Lei
realização do julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
Seção VI
Da Organização da Pauta § 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos condição econômica do jurado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
julgamentos, terão preferência: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 437. Estão isentos do serviço do júri: (Redação dada pela Lei nº
I – os acusados presos; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; (Incluído pela
na prisão; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Lei nº 11.689, de 2008)
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. II – os Governadores e seus respectivos Secretários; (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
§ 1o Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião pe- III – os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas
riódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos e das Câmaras Distrital e Municipais; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste IV – os Prefeitos Municipais; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria
§ 2o O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica pa- Pública; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ra a inclusão de processo que tiver o julgamento adiado. (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008) VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da De-
fensoria Pública; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver requerido sua
habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual pretenda VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública;
atuar. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz presidente mandará in- VIII – os militares em serviço ativo; (Incluído pela Lei nº 11.689, de
timar as partes, o ofendido, se for possível, as testemunhas e os peritos, 2008)
quando houver requerimento, para a sessão de instrução e julgamento, IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dis-
observando, no que couber, o disposto no art. 420 deste Código. (Redação pensa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento. (In-
Seção VII cluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, fi-
losófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob
Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente deter- pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço
minará a intimação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do imposto. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em dia e hora desig-
nados, o sorteio dos jurados que atuarão na reunião periódica. (Redação § 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de ca-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade

Conhecimentos em Direito 18
conveniada para esses fins. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de
Sentença que julgou o outro acusado; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o
acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço
público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegura- Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de convi-
rá prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo. vência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar. (Redação
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condição do art. 439 Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incom-
deste Código, preferência, em igualdade de condições, nas licitações patibilidade serão considerados para a constituição do número legal exigí-
públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, vel para a realização da sessão. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
bem como nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária. (Reda- 2008)
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de mais
Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do de um processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipótese em que
jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. (Redação dada pela Lei seus integrantes deverão prestar novo compromisso. (Redação dada pela
nº 11.689, de 2008) Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no Seção X
dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri
presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
critério do juiz, de acordo com a sua condição econômica. (Redação dada
Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de instrução e
pela Lei nº 11.689, de 2008)
julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei local de organiza-
Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em motivo relevante ção judiciária. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as hipóteses de
Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz
força maior, até o momento da chamada dos jurados. (Redação dada pela
presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido
Lei nº 11.689, de 2008)
de adiamento de julgamento, mandando consignar em ata as deliberações.
Art. 444. O jurado somente será dispensado por decisão motivada do (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos. (Redação dada pela Lei nº
Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente a-
11.689, de 2008)
diará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião,
Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, cientificadas as partes e as testemunhas. (Redação dada pela Lei nº
será responsável criminalmente nos mesmos termos em que o são os 11.689, de 2008)
juízes togados. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será imedia-
Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão aplicáveis os dis- tamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a data designada
positivos referentes às dispensas, faltas e escusas e à equiparação de para a nova sessão. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
responsabilidade penal prevista no art. 445 deste Código. (Redação dada Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do acusado, e
pela Lei nº 11.689, de 2008) se outro não for por este constituído, o fato será imediatamente comunicado
Seção IX ao presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a data
Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho de Sen- designada para a nova sessão. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
tença § 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado somente
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) uma vez, devendo o acusado ser julgado quando chamado novamente.
Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a Defensoria Pú-
alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada blica para o novo julgamento, que será adiado para o primeiro dia desimpe-
sessão de julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) dido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: (Redação dada 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do
I – marido e mulher; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido
regularmente intimado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ascendente e descendente; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de não compareci-
III – sogro e genro ou nora; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) mento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior, previamente
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; (Incluído pela Lei nº submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. (Incluído
11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
V – tio e sobrinho; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado
VI – padrasto, madrasta ou enteado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido
2008) de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. (Incluído
pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que man-
tenham união estável reconhecida como entidade familiar. (Incluído pela Lei Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer, o
nº 11.689, de 2008) juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-
á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste Código. (Redação dada pela Lei
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a nº 11.689, de 2008)
suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. (Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008) Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o
disposto no art. 441 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
Art. 449. Não poderá servir o jurado que: (Redação dada pela Lei nº 2008)
11.689, de 2008)
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemu-
I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, inde- nhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimen-
pendentemente da causa determinante do julgamento posterior; (Incluído tos das outras. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008)

Conhecimentos em Direito 19
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de Art. 471. Se, em conseqüência do impedimento, suspeição, incompati-
comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por bilidade, dispensa ou recusa, não houver número para a formação do
mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando Conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido, após
não prescindir do depoimento e indicando a sua localização. (Redação sorteados os suplentes, com observância do disposto no art. 464 deste
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-
suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação:
o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução. (Incluído pela Lei (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nº 11.689, de 2008) Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade
§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os dita-
não ser encontrada no local indicado, se assim for certificado por oficial de mes da justiça.
justiça. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão:
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Assim o prometo.
Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia
(vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a
chamada deles. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) acusação e do relatório do processo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presi- Seção XI
dente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será Da Instrução em Plenário
submetido a julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instru-
§ 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos au-
ção plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o
tos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as
§ 2o Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão com- declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas
putados para a constituição do número legal. (Incluído pela Lei nº 11.689, pela acusação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2008)
§ 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o de-
Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste Código, fensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministério Público e do
proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos necessários, e desig- assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios estabelecidos neste
nar-se-á nova data para a sessão do júri. (Redação dada pela Lei nº artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
§ 2o Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemu-
Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata, reme-
nhas, por intermédio do juiz presidente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
tendo-se o expediente de convocação, com observância do disposto nos
arts. 434 e 435 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 3o As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconheci-
Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o mento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a
juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as in- leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por
compatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. (Redação carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver presente, na forma
sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifes- estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as altera-
tar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e ções introduzidas nesta Seção. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. (Redação dada pela Lei § 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nes-
nº 11.689, de 2008) sa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado. (Redação
§ 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de jus- dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
tiça. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presiden-
Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas relativas te. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a
formação do Conselho de Sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de § 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período
2008) em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário
à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da
Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o ju- integridade física dos presentes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
iz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público pode-
rão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório será feito pe-
recusa. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) los meios ou recursos de gravação magnética, eletrônica, estenotipia ou
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das técnica similar, destinada a obter maior fidelidade e celeridade na colheita
partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosse- da prova. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
guindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sentença com os Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a degravação,
jurados remanescentes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) constará dos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão Seção XII
ser feitas por um só defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Dos Debates
§ 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério
Conselho de Sentença. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões
§ 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em pri- posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o
meiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de caso, a existência de circunstância agravante. (Redação dada pela Lei nº
co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste 11.689, de 2008)
Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O assistente falará depois do Ministério Público. (Incluído pela Lei
Art. 470. Desacolhida a argüição de impedimento, de suspeição ou de nº 11.689, de 2008)
incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribunal do Júri, órgão do
Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o julgamento não será § 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará em primei-
suspenso, devendo, entretanto, constar da ata o seu fundamento e a deci- ro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Público, salvo se este
são. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) houver retomado a titularidade da ação, na forma do art. 29 deste Código.

Conhecimentos em Direito 20
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) partes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa. (Incluído pela Lei nº Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando
11.689, de 2008) sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a I – a materialidade do fato; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. (Incluído pela Lei nº II – a autoria ou participação; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
III – se o acusado deve ser absolvido; (Incluído pela Lei nº 11.689, de
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora 2008)
e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a trépli- IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Inclu-
ca. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combina- V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena
rão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram ad-
pelo juiz presidente, de forma a não exceder o determinado neste artigo. missível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos
§ 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação
defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da e implica a absolvição do acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008) § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os que-
sitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nuli- com a seguinte redação: (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
dade, fazer referências: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
O jurado absolve o acusado?
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram ad-
missível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumen- § 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue,
to de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; (Incluído pela devendo ser formulados quesitos sobre: (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de nº 11.689, de 2008)
requerimento, em seu prejuízo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhe-
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de docu- cidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a
mento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. § 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra de compe-
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) tência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respon-
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de dido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. (Incluí-
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, grava- do pela Lei nº 11.689, de 2008)
ções, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio asseme- § 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada
lhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da compe-
e julgamento dos jurados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) tência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões,
Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer mo- para ser respondido após o segundo quesito. (Incluído pela Lei nº 11.689,
mento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a de 2008)
folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando- § 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos
se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de serão formulados em séries distintas. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
fato por ele alegado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará das partes se
§ 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados se es- têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qualquer deles, bem como
tão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos. (Inclu- a decisão, constar da ata. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente explicará aos ju-
§ 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente prestará rados o significado de cada quesito. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
esclarecimentos à vista dos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 2008)
§ 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos autos e Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os
aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente. (Incluído pela jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do
Lei nº 11.689, de 2008) acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim
Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essenci- de ser procedida a votação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
al para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o § 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o pú-
juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando a realização das diligên- blico se retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput
cias entendidas necessárias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção de prova perici- § 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida
al, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e formulará quesitos, qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifestação do Conselho
facultando às partes também formulá-los e indicar assistentes técnicos, no e fará retirar da sala quem se portar inconvenientemente. (Incluído pela Lei
prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
Seção XIII Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presi-
Do Questionário e sua Votação dente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7
e se o acusado deve ser absolvido. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (sete) a palavra não. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmati- Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá
vas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido em urnas separadas as cédulas correspondentes aos votos e as não utili-
com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presi- zadas. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
dente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas não utili-
que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das zadas, o presidente determinará que o escrivão registre no termo a votação

Conhecimentos em Direito 21
de cada quesito, bem como o resultado do julgamento. (Redação dada pela do obrigatoriamente: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008)
I – a data e a hora da instalação dos trabalhos; (Redação dada pela Lei
Parágrafo único. Do termo também constará a conferência das cédulas nº 11.689, de 2008)
não utilizadas. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes; (Reda-
Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por maioria de ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
votos. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou sem ela,
Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição e as sanções aplicadas; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos jurados em que
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa; (Redação dada
consiste a contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que
pela Lei nº 11.689, de 2008)
se referirem tais respostas. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V – o sorteio dos jurados suplentes; (Redação dada pela Lei nº 11.689,
Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos, o presi-
de 2008)
dente verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará,
dando por finda a votação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indicação do
motivo; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se refere o art. 488
deste Código assinado pelo presidente, pelos jurados e pelas partes. (Re- VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, do que-
dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) relante e do assistente, se houver, e a do defensor do acusado; (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Seção XIV
Da sentença VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não comparecimento;
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: (Redação IX – as testemunhas dispensadas de depor; (Redação dada pela Lei nº
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não pudes-
2008) sem ouvir o depoimento das outras; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
2008)
a) fixará a pena-base; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente; (Redação dada pela
b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas
Lei nº 11.689, de 2008)
nos debates; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro dos nomes
c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas
dos jurados sorteados e recusas; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
admitidas pelo júri; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
2008)
d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código; (Incluído
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples referência ao ter-
pela Lei nº 11.689, de 2008)
mo; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que
XIV – os debates e as alegações das partes com os respectivos fun-
se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva; (Incluído pela
damentos; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008)
XV – os incidentes; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação; (In-
cluído pela Lei nº 11.689, de 2008) XVI – o julgamento da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
2008)
II – no caso de absolvição: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das diligências e da
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não
sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
estiver preso; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções administrati-
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas; (Reda-
va e penal. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Seção XVI
c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível. (Redação da-
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri
da pela Lei nº 11.689, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competên-
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além
cia do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sen-
de outras expressamente referidas neste Código: (Redação dada pela Lei
tença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipifica-
nº 11.689, de 2008)
ção for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensi-
vo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro
de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes; (Redação
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplican- II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva
do-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada pela autoridade; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008)
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de lin-
Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de guagem ou mediante requerimento de uma das partes; (Redação dada pela
encerrada a sessão de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronuncia-
Seção XV mento do júri; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Da Ata dos Trabalhos
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, po-
dendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julga-
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assina- mento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor; (Redação
da pelo presidente e pelas partes. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
2008)
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do jul-
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, mencionan-

Conhecimentos em Direito 22
gamento, o qual prosseguirá sem a sua presença; (Redação dada pela Lei O Direito é condicionador da realidade, instrumento de controle social,
nº 11.689, de 2008) cumprindo funções educativa, conservadora e transformadora [01]. Ao
Direito Penal, em especial, incumbirá a missão de "proteção dos bens
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das di-
jurídicos fundamentais ao indivíduo e à comunidade. Incumbe-lhe, através
ligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a incomunicabili-
de um conjunto de normas (...) definir e punir as condutas ofensivas à vida,
dade dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
à liberdade, à segurança, ao patrimônio e outros bens declarados e prote-
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença gidos pela Constituição e demais leis." [02] Quanto ao Direito Processual
e para repouso ou refeição dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689, Penal, apresenta-se como "o conjunto de princípios e normas que regulam
de 2008) a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecu-
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a re- tórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdi-
querimento de qualquer destes, a argüição de extinção de punibilidade; cional e respectivos auxiliares." [03]
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Na jurisdição, emanação da potestas estatal, perfectibiliza-se o pro-
X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento; cesso judicial, na resolução de lides penais. A decisão sobre estas lides,
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) consubstanciada numa sentença ou acórdão, quando não mais socorrerem
a interposição de recursos, será tida por definitiva, por meio da incidência
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer da coisa julgada.
jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que
prejudique o esclarecimento da verdade; (Redação dada pela Lei nº 11.689, Segundo Enrico Tullio Liebman, a coisa julgada, é uma qualidade es-
de 2008) pecial dos efeitos da sentença, que consiste na imutabilidade do ato pro-
cessual sentencial e de seus efeitos [04]. No entanto, como advertiu Barbosa
XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das par- Moreira, a imutabilização limita-se a atingir apenas à eficácia da sentença,
tes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) mas não a seus efeitos [05]. Trata-se de um momento em que a sentença de
minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta instável se converte em estável, numa nova situação jurídica intitulada de
última. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) autoridade da coisa julgada [06].
A coisa julgada revela a luta entre as exigências de verdade e de cer-
A REVISÃO CRIMINAL E AS DECISÕES DO JÚRI teza [07], sendo nota característica da jurisdição, consubstanciando aquele
Texto extraído do Jus Navigandi anseio de definitividade. Igualmente, busca-se a estabilidade no tempo, de
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14913 sorte que, aquela situação conflituosa não poderá voltar a ser rediscutida,
isto é, estará proibido, por mandamento estatal, o "reviver do conflito", sob
Fabiano Tacachi Matte pena, "da perpetuidade dos litígios, causa da intranqüilidade social que
Advogado. Especialista em Direito Administrativo. afastaria o fim primário do Direito, que é a paz social" [08].

Resumo: A revisão criminal é a ação manejada contra a sentença con- Doravante, a coisa julgada nos termos expedidos pela Constituição
denatória em processo findo, buscando rescindir a coisa julgada e estabe- Federal (art. 5º, XXXVI, CF) [09] é uma garantia constitucional com o telos
lecer uma nova decisão sobre o caso, nas estreitas hipóteses previstas na fundamental de instrumentalizar a segurança jurídica, afirmando o Estado
lei processual. Há a prevalência do princípio da justiça em face da seguran- Democrático de Direito, o acesso à Justiça, a preservação da confiança
ça jurídica. Quanto ao Júri, que possui competência constitucional para o legítima [10], e acima de tudo, tendo o seu papel à pacificação social. Além
julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tem as suas sentenças garan- disso, promove-se, pela sua inserção sistemática, a eficácia dos demais
tidas pela soberania dos veredictos. Diante destas considerações, questio- direitos.
na-se acerca da possibilidade de rescisão dos julgados com origem no Como a perenidade da coisa julgada é a regra, em hipóteses excep-
Conselho de Sentença, já que soberanas. Além disso, indaga-se quanto a cionais, será permitida sua desconstituição. Cediço que há a possibilidade
quem caberia emitir o juízo rescisório. Revela-se que a doutrina e a juris- da falibilidade humana na elaboração das decisões judiciais. O paradigma
prudência dominante têm reconhecido da possibilidade da desconstituição racionalista cartesiano [11] de que o processo jurisdicional seria governado
dos julgados pelos Tribunais revisores, pois esta soberania apenas teria pelos mesmos princípios das ciências matemáticas, com a respectiva
eficácia em prol da garantia da liberdade do réu. Caberia, a este órgão certeza, não prospera.
rescindente inclusive a emissão de novo julgamento sobre o mérito da
causa penal, salvo no caso de nulidade do processo, sob pena de supres- Há um conflito principiológico, entre a segurança jurídica que determi-
são de instância. na que a coisa julgada seja mantida e a justiça, que determina que o erro
judiciário ou a nulidade, sejam reparados, visando restabelecer a verdade
1.Introdução dos fatos. Impende que ocorra a devida harmonização entre estes princí-
Muito se tem manejado a revisão criminal como mero sucedâneo re- pios [12].
cursal, geralmente associada a pura e simples revisão de prova. Contudo,
não é o que diz o texto legal e nem é o entendimento que os Tribunais lhe Só em casos excepcionais, taxativamente elencados pelo legislador,
têm reservado. prevê o ordenamento jurídico a possibilidade de desconstituir-se a coisa
julgada por intermédio da ação de revisão criminal e da ação rescisória
As hipóteses de utilização da revisão criminal são taxativas e interpre- para o juízo cível. Isto ocorre quando a sentença se reveste de vícios
tadas estreitamente, ao que se observa, numa rápida olhada por qualquer extremamente graves, que aconselham a prevalência do valor "justiça"
repertório de decisões judiciais, a grande quantidade de decisões improce- sobre o valor "certeza".
dentes.
No balanceamento dos valores em jogo, o legislador previu expressa-
Não obstante, esta ação possui inegável importância, inserindo-se co- mente, no art. 621 CPP (e no art. 485 CPC), os casos de rescindibilidade
mo garantia constitucional, que se insere no contexto das medidas tenden- da sentença passada em julgado. Mas, diante da relevância do instituto da
tes a assegurar a manutenção e o restabelecimento da dignidade da pes- coisa julgada, tais casos deve ter aplicação estrita. Assim, não se pode
soa humana. A possibilidade de superação do alegado erro judiciário ou da aplaudir a linha doutrinária que tende a ver na revisão criminal meio comum
nulidade, mostra-se como situação que se tutela, até mesmo em razão da de impugnação da sentença, equiparável à apelação. [13]
incidência do sobreprincípio do Estado Democrático de Direito.
A idéia de justiça que se afigura é a da verdade real nas decisões judi-
Contudo, também é sabido que os crimes dolosos contra a vida pos- ciais. Esta assertiva resta nítida no voto do Ministro Carlos Britto, onde se
suem reserva de competência, também constitucional, sendo atribuído ao colhe sua impressão acerca da revisão criminal e seu papel no Direito
Júri a decisão desta espécie de causa criminal. Mas, a quem caberá, ha- Processual Penal:
vendo erro judiciário ou nulidade nesta decisão, corrigi-lo?
[...] 1. A revisão criminal retrata o compromisso do nosso Direito Pro-
Buscando responder a esta indagação e outras que incidentalmente cessual Penal com a verdade material das decisões judiciais e permite ao
forem surgindo, erige-se o presente trabalho. Poder Judiciário reparar erros ou insuficiência cognitiva de seus julgados. 2.
2.A revisão criminal Em matéria penal, a densificação do valor constitucional do justo real é o

Conhecimentos em Direito 23
direito à presunção de não-culpabilidade (inciso LVII do art. 5º da CF). É Petição de Direitos de 1628 o confirmou no art. 3º. Julgamento por seus
dizer: que dispensa qualquer demonstração ou elemento de prova é a não- pares é nota característica do Tribunal do Júri. Esse julgamento pelos pares
culpabilidade (que se presume). O seu oposto (a culpabilidade) é que – ou seja, por pessoas da mesma classe do réu – é que dá o tom democrá-
demanda prova, e prova inequívoca de protagonização do fato criminoso." tico da instituição, que foi recebida no ordenamento brasileiro pelo art. 152
[14] da Constituição do Império, como órgão do Poder Judiciário, com grande
amplitude, porque estatuiu que os jurados se pronunciassem sobre o fato e
Desta maneira, o próprio legislador já realizou uma ponderação prévia,
os juízes sobre o Direito. A instituição foi mantida na Constituição de 1891
determinando a solução para este impasse, que se realizará mediante a
(art. 72, § 31), como uma garantia individual, e assim permaneceu nas
revisão criminal (na seara penal) ou na ação rescisória (em sede civil). A
Constituições subseqüentes, que, no entanto, reduziram sua competência
superação do erro judiciário ou da nulidade, permitindo que o réu busque a
ao julgamento dos crimes dolosos contra a vida. [...] [34]
rescisão da sentença de mérito que o condenou, mesmo depois do trânsito
em julgado, é preceito garantido pela Constituição Federal, no intento de Vicente Greco Filho caracteriza a noção de "júri":
restabelecer a sua dignidade.
Há muitos tipos de júri, caracterizando-se, porém, o tribunal pela parti-
Como já ressaltado, a coisa julgada possui lastro constitucional, o qual cipação de juízes leigos, com ou sem participação de juiz togado na vota-
proíbe a retroeficácia dos atos estatais em detrimento da coisa julgada. ção. De qualquer maneira é um juízo colegiado heterogêneo, porque dele
Entende-se que o conceito de coisa julgada será aperfeiçoado pelo Legis- participam, ainda que com diferentes funções em cada caso, juízes togados
lador ordinário [15], dentro de certos limites, podendo, inclusive, suspender a e juízes leigos. [35]
incidência do comando constitucional por certo período de tempo, como o
Ademais, são chamados de jurados, porque as pessoas participantes
faz na ação rescisória (2 anos).
prestam um juramento [36].
Comumente justifica-se que "na lide penal, está o interesse de punir
O juiz natural nos casos de julgamento dos crimes dolosos contra a vi-
(próprio do Estado) em conflitância com o interesse de liberdade do réu. E a
da, nos termos da Constituição Federal, art. 5º, XXXVIII, d, em regra, são
liberdade é direito fundamental, inscrito no rol desses especiais direitos
da competência do júri popular. [37] Menciona-se assim, pois existem casos,
subjetivos públicos constitucionalmente declarados." [16], e, em razão disto,
previstos na própria Constituição, que excepcionam esta competência [38].
os rigores da coisa julgada nesta seara seriam mitigados permitindo a
revisão criminal sem estar sujeita a prazo decadencial [17]. A observância do princípio do juiz natural é uma decorrência do princí-
pio do devido processo legal. Por meio deste preceito, esculpido em pelo
Em que pese as justificações da possibilidade da revisão com funda-
menos dois dispositivos da Constituição Federal, incisos XXXVII e LIII, do
mento em algum valor específico, como consideram alguns em razão da
artigo 5º, que respectivamente, proíbem juízo ou tribunal de exceção e o
garantia constitucional da ampla defesa [18], tal situação além de exemplifi-
processamento e o sentenciamento apenas pela autoridade competente.
car o alvitre de que a coisa julgada atua conforme as projeções desenhadas [39]
pelo Legislador [19], decorre da interpretação do art. 5º, LXXV, CF [20]. O
referido prevê a indenizabilidade do condenado por erro judiciário e pela O Júri é tratado como um direito e de uma garantia constitucional,
prisão além do tempo fixado na sentença, deixando transparecer o permis- constituindo-se cláusula pétrea [40], com o traço marcante que "consiste em
sivo do manejo da revisão criminal, que é o instrumento para tanto. ser uma garantia de tutela maior do direito de liberdade, e aí mesmo seu
traço fundamental [...]" [41], afirma Fernando da Costa Tourinho Filho. Para
Sobre a sua natureza, a revisão criminal é uma ação penal constitutiva
[21], [22], que o mesmo seja efetivado, impõe-se a observância de certas garantias:
embora topograficamente figure no CPP como "recurso". Ora, a
plenitude de defesa, sigilo das votações e soberania dos veredictos.
principal caracterização do recurso é ser impugnativo "dentro da mesma
relação processual em que ocorreu a decisão judicial que se impugna" [23] Acerca destas garantias, Fernando Capez ensina sobre a plenitude de
Ora, já encerrada a relação processual e havendo coisa julgada, só por um defesa:
outro remédio, que recurso não é: trata-se de uma ação autônoma. A plenitude de defesa implica no exercício da defesa em um grau ain-
A revisão criminal tem como pressuposto primordial a existência de um da maior do que a ampla defesa. Defesa plena, sem dúvida, é uma expres-
processo criminal findo, em que tenha sido proferida uma sentença conde- são mais intensa e mais abrangente do que defesa ampla. Compreende
natória ou absolutória imprópria, transitada em julgado [24], eivada por erro dois aspectos: primeiro, o pleno exercício da defesa técnica, por parte do
de procedimento ou erro de julgamento (error in procedendo ou error in profissional habilitado, o qual não precisará restringir-se a uma atuação
judicando) [25], visando restaurar o status dignitatis do réu [26]. A legitimida- exclusivamente técnica, podendo servir-se de argumentação extrajurídica,
de para o pedido revisional será do próprio réu, procurador legalmente invocando razões de ordem social, emocional, de política criminal etc. Esta
habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descen- defesa deve ser fiscalizada pelo juiz-presidente, o qual poderá até dissolver
dente ou irmão (art. 623, CPP). o conselho de sentença e declarar o réu indefeso (art. 497, V), quando
entender ineficiente a atuação do defensor.
As hipóteses permissivas do ajuizamento da revisão criminal estão
previstas no art. 621, CPP [27], as quais são taxativas [28], embora se possi- Segundo, o exercício da autodefesa, por parte do próprio réu, consis-
bilite a interpretação in bonam partem [29], sendo vedado o mero reexame tente no direito de apresentação de sua tese pessoal no momento do
de provas [30]. Não há sujeição a prazo, não havendo a necessidade de interrogatório, relatando ao juiz a versão que entender a mais conveniente e
recolhimento à prisão (Súmula 393, STF). benéfica para sua defesa. Entendemos que o juiz-presidente está obrigado
a incluir no questionário a tese pessoal do acusado, ainda que haja obriga-
Sobre a competência, "é do Tribunal que proferiu o acórdão revidendo
do a incluir no questionário a tese pessoal do acusado, ainda que haja
em ação penal originária ou em razão de recurso, ou, se não houve recurso
divergência com a versão apresentada pelo defensor técnico, sob pena de
do processo originário de primeiro grau, do Tribunal que seria o competente
nulidade absoluta, por ofensa ao princípio constitucional da plenitude de
para conhecer do recurso interposto contra a sentença a ser rescindida."
[31], [32]. defesa. [...] [42]
A efetivação do sigilo das votações, que visa resguardar de intimida-
3.O Júri
ções os jurados, ocorre por meio de votações numa sala especial, com
Quanto a sua origem, o Júri possui antecedentes bem remotos, como acesso restrito às pessoas indispensáveis, e, não existindo, que seja eva-
anota Fernando da Costa Tourinho Filho: "os judices jurati, dos romanos, os cuado o recinto do plenário, nos termos da lei processual (art. 481, CPP).
dikastas gregos e os centeni comites, dos germanos [...] A doutrina domi-
Sobre a última garantia mencionada no tocante ao Júri, Uadi Lammêgo
nante, entretanto, entende que sua origem remonta à época em que o
Bulos disserta:
Concílio de Latrão aboliu os ordalia ou Juízos de Deus." [33]
O júri é soberano em decorrência da impossibilidade de os juízes to-
Da citação de José Afonso da Silva, pode-se extrair mais alguns deta-
gados se substituírem aos jurados na decisão da causa.
lhes sobre esta instituição:
A justificativa para o principio constitucional da soberania dos veredic-
INSTITUIÇÃO DO JÚRI. É instituição que teve sua origem moderna na
tos é evitar que a decisão dos jurados seja subtraída, e até substituída, por
Inglaterra, com fundamento no art. 39 da Magna Carta (1215), segundo o
uma sentença judicial.
qual nenhum homem livre poderia ser preso ou despojado de seus bens ou
declarado fora da lei, exilado etc. sem um julgamento de seus pares. A Sem soberania o júri se torna um corpo sem alma, uma instituição ridí-
Conhecimentos em Direito 24
cula e cafona, que somente serve de motivos para exibicionismos oratórios Tem se entendido que a soberania dos veredictos é apenas inflexível
e verbiantes irritantes. [43] quando se garanta a liberdade do réu. Assim, pela manutenção do jus
libertatis, Frederico Marques é decisivo:
Sobre a soberania dos veredictos, da diretriz de que cabe apenas aos
jurados, pela sua convicção íntima, o poder de condenar ou absolver, a A soberania dos veredictos não pode ser atingida, enquanto preceito
Ministra Maria Thereza de Assis Moura explanou: para garantir a liberdade do réu. Mas, se ela é desrespeitada em nome
dessa mesma liberdade, atentado algum se comete contra o texto constitu-
A hipótese não se alinha ao espírito do legislador pátrio, que dispen-
cional. Os veredictos do Júri são soberanos enquanto garantirem o jus
sou unicamente aos jurados, pela convicção íntima, o poder de condenar
libertatis. Absurdo seria, por isso, manter essa soberania e intangibilidade
ou absolver o réu, naquilo que tecnicamente e constitucionalmente ficou
quando se demonstra que o Júri condenou erradamente. [46]
definido como Soberania do Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, alínea "d", da
Constituição Federal). Esta noção de garantia individual, também é a lição esposada por Júlio
Fabbrini Mirabete:
Conforme previsto no procedimento dos crimes contra a vida, duas fa-
ses são bem delineadas pela lei, sendo a primeira de competência do juízo Não se pode pôr em dúvida que é admissível a revisão de sentença
togado que, grosso modo, tem o poder jurisdicional de impedir o julgamento condenatória irrecorrível proferida pelo Tribunal do Júri. A alegação de que
popular, desde que fundamente sua decisão, retirando o réu da alçada dos o deferimento do pedido revisional feriria a "soberania dos vereditos",
juízes leigos; e, a segunda, da alçada dos juízes leigos, que analisam o consagrada na Constituição Federal, não se sustenta. A expressão é técni-
mérito da causa. co-jurídica e a soberania dos vereditos é instituída como uma das garantias
individuais, em benefício do réu, não podendo ser atingida enquanto precei-
Na primeira fase (iudicium acusationis), o julgador técnico pode aden-
to para garantir a sua liberdade. Não pode, dessa forma, ser invocada
trar no mérito da figura típica e extrair, por exemplo, a existência da legítima
contra ele. Assim, se o tribunal popular falha contra o acusado, nada impe-
defesa. Se, no entanto, outra for a sua convicção, de submeter o réu ao
de que este possa recorrer ao pedido revisional, também instituído em seu
Tribunal do Júri, daí em diante o mérito da causa fica subsumido à decisão
favor, para suprir as deficiências daquele julgamento. Aliás, também vale
dos juízes leigos, e somente a eles (iudicium causae).
recordar que a Carta Magna consagra o princípio constitucional da amplitu-
Isto não significa dizer que a decisão dali advinda não possa ser revis- de de defesa, com os recursos a ela inerentes (art. 5°, LV), e que entre
ta pela Corte ad quem. Na verdade, a apelação contra a decisão dos jura- estes está a revisão criminal, o que vem em amparo dessa pretensão.
dos é sempre revista, porém, haverá de o ser pela determinação da Instân- Cumpre observar que, havendo anulação do processo, o acusado deverá
cia Superior da reunião de outra Corte Popular, a quem caberá a aprecia- ser submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. [47]
ção do mérito da causa.
Há também quem mencione a preponderância de um princípio/valor
Dessa maneira, os veredictos resultantes do Conselho de Sentença in- em face da soberania. Citam-se dois autores.
titulam-se como garantia constitucional, impondo ao sistema a sua manu-
Vicente Greco Filho, para quem "[s]ão revisíveis, também, sentenças
tenção irrestrita, isto é, consagrando a certeza de que a culpabilidade do
proferidas pelo Tribunal do Júri, porque o direito de liberdade e a necessi-
réu, a aceitação da imputação penal, ou mesmo a sua absolvição, somente
dade de correção de erro judiciário prevalecem sobre a soberania. Entre
caberá à corte leiga como legítima representante do povo, impedindo que a
dois princípios constitucionais, prevalece o de maior valor, no caso a liber-
instância recursal venha interferir na decisão de mérito.
dade." [48] E, Alexandre de Moraes, que entende que prevalece o princípio
Sobre a questão, a doutrina ensina: da inocência em relação à soberania dos veredictos, conforme segue:
"Em suma, pode-se dizer que a soberania dos veredictos reveste-se
Soberania dos veredictos e possibilidade de apelação
da característica de que os órgãos da magistratura togada não podem
reformar as decisões do Tribunal Popular, substituindo a vontade dos juízes A possibilidade de recurso de apelação, prevista no Código de Proces-
leigos." (Ângelo Ansanelli Júnior, In O Tribunal do Júri e a Soberania dos so Penal, quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à
Veredictos, Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, pág. 73). [44] prova dos autos não afeta a soberania dos veredictos, uma vez que a nova
decisão também será dada pelo Tribunal do Júri.
Sem adentrar demasiadamente sobre as características do Júri, até
mesmo em razão dos estreitos limites de espaço que aqui se dispõe, o que Assim, entende o Supremo Tribunal Federal, que declarou que a ga-
importa ao presente estudo já está posto. Especialmente, por uma perspec- rantia constitucional da soberania do veredicto do júri não exclui a recorribi-
tiva constitucional do Júri e das características especiais que revestem suas lidade de suas decisões. Assegura-se tal soberania com o retorno dos
decisões. autos ao Tribunal do Júri para novo julgamento.
4.A revisão das decisões do Júri O mesmo entendimento prevalece em relação à possibilidade de pro-
Como visto, o julgamento de determinados crimes previstos na Consti- testo por novo júri.
tuição serão realizados pelo Júri. No entanto, diante das hipóteses previstas
Em relação à revisão criminal, entende-se que, pelo já citado princípio
na lei processual para revisão, suscita-se duas ordens de questionamentos:
da proporcionalidade, deve prevalecer o princípio da inocência em relação
a) acerca da possibilidade de rescisão dos julgados oriundos do Júri,
à soberania dos veredictos, sendo, pois, plenamente possível seu ajuiza-
mediante a ação de revisão criminal prevista no CPP;
mento para rescindir uma condenação imposta pelo Conselho de Sentença,
b) e, se positiva a resposta ao primeiro questionamento, indagar-se-ia
pelo próprio Judiciário. [49]
sobre a quem caberia emitir o novo julgamento sobre a causa penal?
Haveria devolução do processo para um novo julgamento popular ou o Veja-se como a questão tem sido enfrentada pelo STF. Este vem en-
próprio Tribunal revisor faria o juízo rescisório? tendendo, com sólida tranqüilidade, que o princípio da soberania dos vere-
dictos possui um valor relativo, não absoluto como pode parecer numa
Por partes.
primeira vista. Desta maneira, é possível, em sede de revisão criminal a
O maior argumento contra a revisão está na soberania dos veredictos, desconstituição da decisão oriunda do Júri.
preceito que, como foi visto, é garantido constitucionalmente.
Note-se, em fruto de pesquisa, que em 1953, sob a égide da Constitui-
É dominante o entendimento quanto a possibilidade de revisão das de- ção de 1946, o STF já sustentava que os veredictos promanados do Júri
cisões do Júri, onde o réu condenado definitivamente pode ser até absolvi- têm caráter relativo. Em voto da lavra do Ministro Edgard Costa, em sede
do pelo Tribunal competente, como entendem os processualistas Frederico de Recurso Extraordinário, adiante-se, julgado improcedente, em que se
Marques, Tourinho Filho, Grinover, Gomes Filho, Fernandes, Mirabete, reconheceu a possibilidade do Tribunal de Justiça Estadual, em Revisão
Greco Filho, Rangel, Capez, Ceroni, Távora e Alencar [45], entre outros. Criminal, conhecer do pedido e desclassificar o delito, com redução de
pena.
Mas, qual é o fundamento deste entendimento?
No referido acórdão, há referência ao habeas corpus nº 30.011, da re-
Os fundamentos são variados. Disto, cabe investigar a correção das
latoria do Ministro Ribeiro da Costa, de 03 de dezembro de 1947, em que
premissas da doutrina processual penalista, bem como, da jurisprudência.
se concluiu pela competência do Tribunal de Justiça para conhecer do
Há uma necessidade de se interpretar o preceito constitucional que garante
pedido de revisão. Restou estampado este entendimento, com a seguinte
a soberania dos veredictos.
fundamentação:

Conhecimentos em Direito 25
[...] A revisão criminal é, porém, remédio extraordinário, compreendido quia, devendo, portanto, serem interpretadas como a compor uma unidade,
necessariamente como um dos recursos essenciais a defesa, garantida por pois a Constituição não se contradiz. Portanto, a previsão da ação de de
outro preceito constitucional - o do § 25 do mesmo art. 141. revisão criminal e a garantia da soberania dos veredictos devem ser inter-
pretadas como complementares uma a outra.
A soberania dos veredictos não foi inserida no preceito constitucional
relativo ao júri com a intenção de suprimir esse recurso extraordinário, Desta maneira, está, posta, a questão da relatividade [57] deste princí-
estabelecido em benefício do condenado: a intenção do Constituinte foi pio da soberania dos veredictos, pois analisada sob a perspectiva de uma
impedir pela via ordinária da apelação a reforma das decisões do júri por interpretação constitucional. Disto, é possível se afirmar: "Mas a soberania
contrárias às provas, então permitida pelo Decreto-lei n. 167, restabelecen- dos veredictos não é um princípio absoluto, haja vista a recorribilidade das
do irrevogavelmente o regime anterior. E nesse regime sempre foi admitida decisões do júri." [58], como comenta Uadi Lammêgo Bulos.
a revisão criminal dos processos originários do júri, ainda quando sob o
Como visto, há amparo para que se opere o juízo rescindente (ius res-
fundamento de ser a sua decisão contrária às provas dos autos. [50]
cindens) em julgados oriundos do Júri, em que o Tribunal determina a
A redação já deixa claro que há, em nível constitucional, duas garanti- cassação ou desconstituição do ato impugnado (se procedente o pedido).
as, que em vez de se excluírem, complementam-se: a revisão criminal e a Mas, a questão que se tratará agora por diante se refere a competência
soberania dos veredictos. O Ministro Octavio Gallotti, laborando sobre a para o juízo rescisório (ius rescissorium), isto é, naquele em que se opera,
garantia constitucional do Júri, assentou que: "A Constituição de 1988 nada se necessário, o novo julgamento da matéria [59].
mais fez (como aliás reconhece o Impetrante) do que revigorar a redação
Ocorre que no recurso de apelação das decisões do Júri, afora a sen-
da Carta de 1946, à luz da qual este Tribunal sempre teve como legítima a
tença que tenha incorrido em contrariedade à lei expressa ou à decisão dos
previsão legal da apelação, nos casos de nulidade ou decisão do Júri,
jurados ou em erro ou injustiça à aplicação da pena ou da medida de segu-
manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III, do Código de
rança [60], onde o Tribunal tem poderes para reformar a sentença [61], será
Processo Penal)." [51]
permitido ao Tribunal um juízo de cassação, determinado que o réu seja
Este entendimento tem sido repetido, como se pode colher nas reite- submetido a um novo julgamento pelo Júri [62].
radas decisões do Ministro Celso de Mello:
Desta maneira, nos casos de contrariedade à prova dos autos e nuli-
A mera possibilidade jurídico-processual de o Tribunal de Justiça inva- dades posteriores à pronúncia, não poderá ocorrer a substituição, isto é,
lidar a manifestação decisória do Conselho de Sentença, quando esta se que o recurso adentre o mérito da causa, este que caberá ao Júri. Mas,
puser em situação de evidente antagonismo com a prova existente nos seria adotada a mesma prática na revisão criminal: em que as questões
autos, não ofende a cláusula constitucional que assegura a soberania do fáticas estariam asseguradas ao Júri e ao Tribunal revisor apenas as ques-
veredicto do Júri, ei que, em tal hipótese, a cassação do ato decisório, tões jurídicas?
determinada pelo órgão judiciário "ad quem", não importará em resolução
Veja-se, que não se pode equiparar a apelação com a revisão criminal
do litígio penal, cuja apreciação remanescerá na esfera do próprio Tribunal [63].
Há um regime previsto na lei processual diferenciado, em que o âmbito
do Júri. [52]
da decisão, na revisão, permite ao Tribunal adentrar as questões fáticas [64].
Nesta assertiva, o Ministro Celso de Mello deixa límpido quanto ao "va- Grinover-Gomes Filho e Fernandes ressaltam:
lor relativo da soberania do veredicto emanado pelo Conselho de Sentença,
Há quem afirme que ao tribunal competiria o juízo rescindente, com
cujos pronunciamentos não se revestem, por isso mesmo, de intangibilida-
cassação da sentença e submissão do acusado a novo Júri para proferir
de jurídico-processual.". No mesmo sentir, o Ministro Carlos Madeira,
outro veredicto (Jorge Romeiro). Mas prevalece a corrente oposta: o tribu-
citando doutrina pátria, assinalou:
nal de segundo grau é também competente para o juízo rescisório. O art.
Sampaio Doria considerava mal empregado o termo soberania: "Foi a 626, CPP não distingue, nem foi reformulado quando do advento da Lei n.
idéia de supremacia que prevaleceu na redação do texto ‘A lei que organi- 263/48 que, regulamentando a instituição do Júri, alterou diversos capítulos
zar a instituição do júri não pode negar a supremacia de suas decisões.’" E do CPP, adaptando-os à Constituição de 1946. [65]
adiante: "Em defesa do réu ou da sociedade, pode haver recursos contra
No entanto, há quem defenda um ponto de vista contrário. Guilherme
veredictos. Mas, apenas para fazer cumprir a lei que tenha sido deturpada.
de Souza Nucci, citado por Carlos Roberto Barros Ceroni, advoga pela
Mas, recursos para se tornar a se pronunciar, dentro da lei, em novo julga-
soberania concedida pela Constituição aos veredictos, e, por conseqüência,
mento dos jurados. O novo júri dirá sobre os fatos a palavra derradeira".
o Tribunal não poderá adentrar o mérito da decisão dos jurados [66].
(Comentários a Constituição de 1946, vol. IV. p. 674) [53]
Com idêntico lastro, o Ministro do STJ, Jorge Scartezzini, expôs o se-
Recentemente, a Ministra Ellen Gracie ratificou o entendimento manti-
guinte entendimento:
do pelo STF:
PROCESSO PENAL – REVISÃO CRIMINAL – TENTATIVA DE HO-
[...] A questão central, neste recurso ordinário, diz respeito à possível
MICÍDIO – TRIBUNAL DO JÚRI – DECISÃO MANIFESTAMENTE CON-
violação à garantia da soberania dos veredictos do tribunal do júri no julga-
TRÁRIA À PROVA DOS AUTOS – MÉRITO DA ACUSAÇÃO – RÉU QUE
mento do recurso de apelação da acusação, nos termos do art. 593, III, b,
DEVE SER SUBMETIDO A NOVO JÚRI – MANUTENÇÃO DE SUA
do Código de Processo Penal. 2. A soberania dos veredictos do tribunal do
CONSTRIÇÃO CAUTELAR.
júri não é absoluta, submetendo-se ao controle do juízo ad quem, tal como
- Como se sabe, as decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não po-
disciplina o art. 593, III, d, do Código de Processo Penal. [...] 4. Esta Corte
dem ser alteradas, relativamente ao mérito, pela instância ad quem, poden-
tem considerado não haver afronta à norma constitucional que assegura a
do, tão-somente, dentro das hipóteses previstas no art. 593, do Código de
soberania dos veredictos do tribunal do júri no julgamento pelo tribunal ad
Processo Penal, ser cassadas para que novo julgamento seja efetuado pelo
quem que anula a decisão do júri sob o fundamento de que ela se deu de
Conselho de Sentença, sob pena de usurpar a soberania do Júri. Na verda-
modo contrário à prova dos autos (HC 73.721/RJ, rel. Min. Carlos Velloso,
de, o veredicto não pode ser retificado ou reparado, mas sim, anulado.
DJ 14.11.96; HC 74.562/SP, rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 06.12.96; HC
82.050/MS, rel. Min. Maurício Correa, DJ 21.03.03). 5. O sistema recursal - O cerne da questão, no presente pedido, situa-se no fato de que a
relativo às decisões tomadas pelo tribunal do júri é perfeitamente compatí- decisão do Júri foi reformada, em seu mérito, em sede revisional que,
vel com a norma constitucional que assegura a soberania dos veredictos diferentemente da apelação, cuja natureza é recursal, trata-se de verdadei-
(HC 66.954/SP, rel. Min. Moreira Alves, DJ 05.05.89; HC 68.658/SP, rel. ra ação que é ajuizada sob o manto do trânsito em julgado.
Min. Celso de Mello, RTJ 139:891, entre outros). [...] [54] - A meu sentir, seguindo a exegese da melhor doutrina, o reconheci-
Os princípios de interpretação constitucional (ou postulados normati- mento pelo Tribunal a quo, de que a decisão do Júri foi manifestamente
vos), como o princípio da unidade da Constituição [55] e o da concordância contrária à prova dos autos, ainda que em sede revisional, não tem o
prática [56], devem ser invocados no presente caso. Como já visto, a coisa condão de transferir àquela Corte, a competência meritória constitucional-
julgada penal pode ser desconstituída por meio da revisão criminal, já, a mente prevista como sendo do Tribunal do Júri. Portanto, entendo que cabe
coisa julgada que imuniza a decisão emanada do Conselho de Sentença, ao Tribunal, mesmo em sede de revisão criminal, somente a determinação
que, em tese, teria este plus, ou seja, seria garantida pelo princípio consti- de que o paciente seja submetido a novo julgamento.
tucional que assegura a soberania dos veredictos, devendo ser entendido - No que tange à possibilidade do paciente aguardar ao novo julgamen-
pela mesma ótica, onde as normas constitucionais possuem mesma hierar- to em liberdade, não assiste razão ao impetrante. Com efeito, depreende-se
Conhecimentos em Direito 26
dos autos que o réu foi preso em flagrante delito e nessa condição perma- A revisão criminal, como visto, só pode prosperar havendo nulidade in-
neceu durante toda a instrução e por ocasião da pronúncia. Desconstituída sanável no processo ou erro judiciário. E por tal erro a lei compreende a
a r. sentença que o condenou e mantidas as condições que demonstravam sentença baseada em prova falsa, a desautorizada por prova nova, a que
a necessidade de sua prisão cautelar esta deve ser mantida, em decorrên- afronta texto expresso de lei e a contrária à evidência dos autos. Mas,
cia do restabelecimento da sentença de pronúncia, não se exigindo nova e apesar do caráter taxativo do artigo 621, a decisão em que se julgar proce-
ampla fundamentação. dente a revisão pode alterar a classificação da infração, absolver o réu,
- Ante o exposto, concedo parcialmente a ordem, para anular o v. acór- modificar a pena ou anular o processo (art. 626), tendo como único obstá-
dão objurgado, determinando a realização de novo julgamento pelo Tribunal culo a impossibilidade de se agravar a pena imposta pela decisão revista
do Júri mantendo-se a constrição do acusado. [67] (art. 626, parágrafo único). No caso de condenação pelo Tribunal do Júri,
pode absolver, desde logo, o requerente, alterar a classificação do delito ou
Destarte, o Desembargador Walter Jobim Neto também percorreu este
modificar a pena aplicada. Caso anule o processo ou julgamento, mandará
mesmo sentir:
o requerente a novo julgamento pelo tribunal popular. Assim, além de se
REVISAO CRIMINAL. PROVA NOVA SUPERVENIENTE AO JULGA-
rescindir completamente a sentença ou acórdão para absolver o acusado,
MENTO PELO TRIBUNAL POPULAR. PROVA NOVA CONTRARIANDO A
nada impede, por exemplo, conforme a jurisprudência, que se desclassifi-
DECISAO DOS JURADOS EM PROCESSO DE COMPETENCIA DO
que a condenação de tentativa de homicídio culposo para lesão corporal
TRIBUNAL DO JURI, NAO PERMITE A ABSOLVICAO DO REU EM SEDE
culposa ou de falsificação de documentos para falsa identidade; que se
DE REVISAO. NO ENTANTO, TAL CIRCUNSTANCIA IMPOE SEJA O REU
reveja e reduza a pena; que se reconheça nulidade absoluta, anulando-se o
SUBMETIDO A NOVO JULGAMENTO, EM FACE DA SOBERANIA DO
processo, embora a nulidade manifesta também possa ser atacada por
TRIBUNAL POPULAR CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDA. (7 FLS.)
[68] meio do habeas corpus etc. [72]
Assim, na situação de anulação do processo, como esclarece Paulo
Porém, data venia, entende-se que não prospera a corrente que de-
Rangel, mutatis mutandis, "o tribunal exerce um único juízo: o ius rescin-
fende o alvitre acima ventilado. Um temperamento deve ser realizado.
dens. Ou seja, cassa a sentença, anulando ou não todo o processo, e baixa
A melhor interpretação da matéria é a de que o texto processual penal o mesmo para que outra sentença seja proferida em seu lugar, a fim de que
atinente a revisão criminal foi recepcionado pela Constituição de 1988. não haja supressão de instância." [73] E, pela supressão de instância have-
Doravante, nos inúmeros julgados do STF já mencionados, foi caracteriza- ria outra nulidade, em que a instância superior, sito é, o Tribunal revisor,
da a relatividade do princípio da "soberania dos veredictos", assentando julgaria matéria não examinada pela instância inferior, o Júri, pois nulo o
sua constitucionalidade. No mesmo entendimento se lastreia a previsão da processo, daí, afrontando os princípios do devido processo legal e da ampla
ação de revisão criminal e seu procedimento, que, até o presente momento, defesa [74].
continua inatacável em gozar de presunção de constitucionalidade.
No mesmo sentido, Carlos Roberto Barros Ceroni, para quem:
Destarte, precisamente nos termos do CPP, esclarece-se que a deci- "[s]omente no caso de anulação do processo, por força do erro in proce-
são de procedência da revisão criminal poderá ter três consequências (art. dendo, é que o tribunal rescisório se limita ao juízo rescindente e o proces-
626, CPP): a) absolver o réu [69]; b) alterar a classificação da infração ou o samento da causa será retomado perante o juízo a quo." [75]
redimensionamento da pena (sempre in mellius); c) anular o processo.
Considerações Finais
Neste último caso, seria o único em que poderia ocorrer a devolução dos
autos para a renovação do Júri, salvo na hipótese de incidir alguma causa Do ideal de pacificação social, há o constante conflito entre os princí-
de extinção de punibilidade, como ressalta, neste peculiar, Fernando da pios da segurança e o da justiça. A coisa julgada consubstancia a necessi-
Costa Tourinho Filho [70]. dade de se pôr um fim ao processo judicial, blindando definitivamente a
sentença emitida pelo Estado-juiz.
Nas jurisprudências colacionadas, observou-se que não se tratavam
de casos em que houvera uma nulidade no processo, como o comentado A ação de revisão criminal surge como a possibilidade de se rever o
HC 19.419 da lavra do Min. Jorge Scartezzini, onde toda a revisão criminal que já fora julgado e imutabilizado pela coisa julgada, em razão de alguma
se limitaria apenas ao juízo rescindente, cabendo a devolução do processo nulidade no processo ou erro judiciário, nos termos da legislação processu-
para um novo julgamento popular. Defende-se aqui, outrossim, uma tese al.
mais limitada.
No caso do julgamento dos crimes dolosos contra a vida, a sentença
Cita-se, neste ínterim, o acórdão de relatoria do Desembargador Ivan sobre o caso, que será emitida pelo Conselho de Sentença, ao final do
Leomar Bruxel, onde se restou límpido que tão somente na hipótese de processo, quando não mais cabível a interposição de recursos, também
nulidade do processo se demonstra legítima a exigência de novo Júri terá a incidência da coisa julgada.
popular:
Contudo, o Júri possui envergadura constitucional, sendo asseguradas
Desta forma, este Tribunal não poderá simplesmente afastar a senten- três garantias: plenitude de defesa, sigilo das votações e soberania dos
ça do juiz-presidente e absolver o requerente, pois estaria usurpando a veredictos. Este último, em especial, não é absoluto, pois garantia individual
competência constitucional do Conselho de Sentença para julgamento dos em prol da liberdade do réu, permitindo o aviamento de recursos, como a
crimes dolosos contra a vida que, frise-se, não reconheceu a legítima apelação e mesmo a revisão criminal. Desta maneira, o STF tem proclama-
defesa. do a constitucionalidade destes remédios contra as decisões do Júri.
O caso é de anulação da decisão condenatória, a fim de submeter o Não se concorda com o entendimento que elimina totalmente a possi-
requerente a novo julgamento realizado pelos seus pares, que poderão, de bilidade do Tribunal adentrar o mérito da decisão emanada do Júri, pois isto
forma definitiva, reconhecer ou afastar a tese da legítima defesa. acabaria desafiando a previsão na legislação processual penal da matéria,
recepcionada pela Constituição de 1988.
Imperioso salientar que o fato de a nulidade não ter sido argüida logo
após sua ocorrência não gera a sanação considerando que o artigo 572 do A revisão criminal procedente poderá ter como consequências: a) ab-
CPP somente tem aplicabilidade para as nulidades relativas, não sendo solvição do réu; b) alteração da classificação da infração ou redimensiona-
este, obviamente, o caso dos autos. mento da pena; e, d) anulação do processo. Nas duas primeiras hipóteses,
o Tribunal exercerá o juízo rescindente e o rescisório, na última, por sua
A condenação de réu pela prática de crime doloso contra a vida sem
vez, o Tribunal apenas exercerá o juízo rescindente, devolvendo para um
que exista o enfrentamento da questão pelo Tribunal do Júri é nulidade
novo julgamento pelo Júri, até mesmo sob pena de supressão de instância.
absoluta, portanto, insanável, eis que viola competência fixada no art. 5º,
XXXVIII, da CF. [71] REFERÊNCIAS
Portanto, apenas no caso de nulidade do processo se afigura ser cabí- BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 4 ed. São
vel um novo Júri, para que ali, então, exerça-se o juízo rescisório. Convém Paulo: Saraiva, 2009.
ressaltar que esta nulidade deve ter tal magnitude, de modo que não fosse
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. Coimbra:
sanável pelo Tribunal.
Almedina, 1993.
Este entendimento é o que se colhe na lição de Júlio Fabbrini Mirabe-
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Sarai-
te:
Conhecimentos em Direito 27
va, 2004. mente sugeria MACHADO GUIMARÃES, coisa julgada. Nela ingressando,
reveste-se a sentença de atributo também novo, que consiste na imutabili-
CERONI, Carlos Roberto Barros. Revisão criminal. São Paulo: Juarez dade a contestações juridicamente relevantes. A isso se chamará autorida-
de Oliveira, 2005. de da coisa julgada." (MOREIRA, José Carlos Barbosa. Coisa julgada e de-
claração. in Temas de direito processual. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1988. p.
COUTURE, Eduardo J. Fundamentos do direito processual civil. Trad. 88).
Benedicto Giaccobini. Campinas: Red Livros, 1999. 7. COUTURE, Eduardo J. Fundamentos do direito processual civil. Trad.
DOTTI, René Ariel. Curso de direito penal: parte geral. Rio de Janeiro: Benedicto Giaccobini. Campinas: Red Livros, 1999. p. 329.
8. TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. Ação rescisória: apontamentos. RT, n.
Forense, 2003.
646, ago. 1989. p. 7.
FONSECA, J. R. Franco da. Coisa julgada criminal. Enciclopédia Sa- 9. "[O] instituto da coisa julgada pertence ao direito público e mais precisa-
raiva do Direito. Coord. R. Limongi França. n. 16, s.d. mente ao direito constitucional." (LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e autori-
dade da sentença. Trad. Alfredo Buzaid e Benvindo Aires. Notas de Ada
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 4 ed. São Paulo: Pellegrini Grinover. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984. p. 55). Assim, a
Saraiva, 1997. coisa julgada constitucionalizada, conforme se depreende da previsão es-
culpida no art. 5º, XXXVI, da Magna Carta implica nas seguintes asserções,
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães;
consoante observação de Eduardo Talamini: (i) relevância constitucional
FERNANDES, Antonio Scarance. Recursos no processo penal. 3 ed. São que não fica restrita à garantia de irretroatividade das leis, gozando de in-
Paulo: RT, 2001. terpretação extensiva (peculiaridade dos direitos e garantias constitucio-
LEAL, Saulo Brum; KINZEL, Inez Maria. Notas sobre revisão criminal: nais); (ii) consagra o instituto da coisa julgada como garantia constitucional;
(iii) remete a precisa definição do regime da coisa julgada às leis infracons-
doutrina e jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994. titucionais; (iii) determina que a coisa julgada seja consentânea do modelo
LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e autoridade da sentença. Trad. Al- processual jurisdicional, que não poderá deixar de contemplá-la; (iv) impõe
fredo Buzaid e Benvindo Aires. Notas de Ada Pellegrini Grinover. 3 ed. Rio uma barreira em nível constitucional contra qualquer lei que queira suprimir
de Janeiro: Forense, 1984. integralmente a coisa julgada (TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua re-
visão. São Paulo: RT, 2005. p. 50-53).
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 10. "O homem necessita de uma certa segurança para conduzir, planificar e

2000. conformar autónoma e responsavelmente a sua vida. Por isso, desde cedo
se considerou como elementos constitutivos do Estado de direito o princípio
MIRANDA, Pontes. Tratado da ação rescisória. Atual. Vilson Rodrigues da segurança jurídica e o princípio da confiança do cidadão. (...) "Os princí-
Alves. 2 ed. Campinas: Bookseller, 2003. pios da protecção da confiança e da segurança jurídica podem formular-se
assim: o cidadão deve poder confiar em que aos seus actos ou às decisões
MIRANDA ROSA, F.A. de. Sociologia do Direito: O fenômeno jurídico públicas incidentes sobre os seus direitos, posições jurídicas e relações,
como fato social. 17 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p. 56 et seq. praticados ou tomadas de acordo com as normas jurídicas vigentes, se li-
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Coisa julgada e declaração. in Te- gam os efeitos jurídicos duradouros, previstos ou calculados com base
nessas mesmas normas. Estes princípios apontam basicamente para: (1) a
mas de direito processual. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1988. proibição de leis retroactivas; (2) a inalterabilidade do caso julgado; (3) a
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: A- tendencial irrevogabilidade de actos administrativos constitutivos de direi-
tlas, 2003. tos." (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. Coimbra:
Almedina, 1993. p. 371 e p. 373).
RANGEL, Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Ja- 11. SILVA, Ovídio A. Baptista da. Processo e ideologia: o paradigma racionalis-
neiro: Lumen Juris, 2008. ta. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 34
12. "O anseio de segurança é uma constante histórica do gênero humano. Par-
RIZZI, Sérgio. Ação rescisória. São Paulo: RT, 1979. timos para a conquista de uma segurança radical que necessitamos por-
SILVA, José Afonso da. Comentário textual à Constituição. 6 ed. São que, precisamente desde o início nossa vida é radical insegurança (Ortega
Paulo: Malheiros, 2009. y Gasset). Essa preocupação filosófica projeta-se no âmbito jurídico que
também persegue historicamente o ideal de segurança jurídica, hoje um
SILVA, Ovídio A. Baptista da. Processo e ideologia: o paradigma ra- dos pressupostos do Estado Democrático de Direito.
cionalista. Rio de Janeiro: Forense, 2004. Esta idéia motriz de segurança jurídica não está isenta de todo conflito com
outro valor básico que é a Justiça. Cria-se assim um campo de tensão entre
TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: RT, a segurança jurídica e a verdade e que irá convergir na coisa julgada. Com
2005. efeito, a estabilidade dos direitos não seria lograda se não se pusesse fim
aos litígios. A visão da eternização, dos processos penais e da possibilida-
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 4 ed. São de de sua revisão contínua conduziu a que o estado preferisse o mal menor
Paulo: Saraiva, 2006. da clássica regula iuris de Ulpiano: Res iudicata pro veritate accipitur, isto é,
TÁVORA, Nestor; ALENCAR; Rosmar Rodrigues. Curso de direito pro- a coisa julgada se considera como expressão jurídica da verdade.
cessual penal. 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2009. fundamento central da coisa julgada consiste em uma concessão prática à
necessidade de garantir a certeza e a segurança do direito. Com a coisa
TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. Ação rescisória: apontamentos. RT, julgada, ainda, mesmo com possível sacrifício da justiça material, quer-se
n. 646, ago. 1989. p. 7-18. assegurar aos cidadãos a paz; quer-se definitivamente o perigo de deci-
sões contraditórias. Uma adesão à segurança, como um dos fins do pro-
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 cesso penal, com eventual detrimento da verdade, eis assim o que está na
ed. São Paulo: Saraiva. 2009. base do instituto. Mas este fundamento utilitário, não impede que o instituto
da revisão contenha na sua própria razão de seu um atentado frontal àque-
YARSHELL, Flávio Luiz. Ação rescisória. São Paulo: Malheiros, 2005. le valor, em nome das exigências da justiça. Acresce que só dificilmente se
Notas poderia erigir a segurança em fim ideal único, ou mesmo prevalente, do
1. MIRANDA ROSA, F.A. de. Sociologia do Direito: O fenômeno jurídico como processo penal. Ele entraria então constantemente em conflitos frontais e
fato social. 17 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p. 56 et seq. inescapáveis com a justiça; e, prevalecendo sempre ou sistematicamente
2. DOTTI, René Ariel. Curso de direito penal: parte geral. Rio de Janeiro: Fo- sobre esta, pôr-nos-ia face a uma segurança do injusto que, hoje, mesmo
rense, 2003. p. 3. os mais céticos têm de reconhecer não passar de uma segurança aparente
3. e ser só, no fundo, a força da tirania (F. Dias).
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
p. 29. Assim, esta verdade jurídica pode contradizer a verdade das coisas. A ex-
4. periência cotidiana do jurista mostra que o problema central de todo o pro-
LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e autoridade da sentença. Trad. Alfredo
cesso consiste em evitar o perigo da sentença injusta. Esse risco não pode
Buzaid e Benvindo Aires. Notas de Ada Pellegrini Grinover. 3 ed. Rio de
ser evitado com o sacrifício da verdade material à verdade formal que re-
Janeiro: Forense, 1984. p. 54.
5. presenta a coisa julgada.
Pois os efeitos poderão ser eventualmente modificados ou serem extingui-
Para encontrarmos uma saída a esta antinomia, que no fundo representa
dos, desde que o direito posto em causa seja disponível: SILVA Jr, Walter
um conflito com a própria Justiça, o Estado Democrático de Direito encon-
Nunes da. Coisa julgada: direito facultativo ou imperativo? RePro, n. 95, jul-
trou uma fórmula política através da qual confluem a verdade formal da coi-
set. 1999. p. 22-28.
6. sa julgada, exigência de Justiça. Esta é a finalidade da ação revisional, im-
"Essa nova situação, a que a sentença tem acesso mediante a preclusão
portante garantia processual, que tende a conjugar e realizar simultanea-
dos recursos, é que se denominará com propriedade, segundo oportuna-
mente os valores da segurança jurídica e da Justiça. Por se uma exigência

Conhecimentos em Direito 28
de Justiça, está estreitamente vinculada à dignidade humana, à presunção Cabível a ação de Revisão Criminal no âmbito da Turma Recursal Criminal
de inocência e ao devido processo legal. dos Juizados Especiais Criminais do Estado do Rio Grande do Sul. Artigo
Tenha-se em mente que a prova judicial tem por escopo não uma verdade 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. REVISÃO CRIMINAL CONHECI-
metafísica, absoluta, mas uma verdade contingente, de fato, histórica, que DA POR ANALOGIA. CASO EXCEPCIONAL (Revisão Criminal Nº
tem por motivo a autoridade ou a experiência e que, portanto, não pode 71002378263, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cla-
proporcionar mais que uma certeza, uma evidência prática. Assim, ainda demir José Ceolin Missaggia, Julgado em 25/01/2010).
quando todos os meios de reforma de uma sentença ficaram esgotados, 33. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
todas as legislações tiveram o cuidado de limitar a presunção de verdade São Paulo: Saraiva. 2009. p. 361.
da coisa julgada, porquanto a lei humana não pode assegurar nunca com- 34. SILVA, José Afonso da. Comentário textual à Constituição. 6 ed. São Pau-
pletamente a infalibilidade dos julgamentos." (Odone Sanguiné in Prefácio. lo: Malheiros, 2009. p. 136.
LEAL, Saulo Brum; KINZEL, Inez Maria. Notas sobre revisão criminal: dou- 35. GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 4 ed. São Paulo: Sa-
trina e jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994). raiva, 1997. p. 412.
13. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FER- 36. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
NANDES, Antonio Scarance. Recursos no processo penal. 3 ed. São Pau- São Paulo: Saraiva. 2009. p. 361.
lo: RT, 2001. p. 305. [grifou-se] 37. TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 4 ed. São Paulo:
14. HC 92435, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em
Saraiva, 2006. p. 643.
25/03/2008, DJe-197 DIVULG 16-10-2008 PUBLIC 17-10-2008 EMENT 38. "Em conclusão, a competência do Tribunal do Júri não é absoluta, afastan-
VOL-02337-03 PP-00450. do-a a própria Constituição Federal, no que prevê, em face da dignidade de
15. TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: RT, 2005. p.
certos cargos e da relevância destes para o Estado, a competência de Tri-
139. bunais, conforme determinam os arts. 29, inciso VIII; 96, inciso III, 108, inci-
16. FONSECA, J. R. Franco da. Coisa julgada criminal. Enciclopédia Saraiva
so I, alínea a, 105, inciso I, alínea a e 102, inciso I, alíneas b e c." (MORA-
do Direito. Coord. R. Limongi França. n. 16, s.d. p. 50. ES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.
17. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 112).
2004. p. 476-477. 39. TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 4 ed. São Paulo:
18. TÁVORA, Nestor; ALENCAR; Rosmar Rodrigues. Curso de direito proces- Saraiva, 2006. p. 642.
sual penal. 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2009. p. 920. 40. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva,
19. Prestante é a assertiva de Couture, de que a coisa julgada atrela-se a lei 2004. p. 595. "Para nós, é uma garantia. Garantia de que nos crimes dolo-
"que lhe confere existência e lhe fixa a eficácia. E a própria lei poderá privá- sos contra a vida (que qualquer pessoa pode cometer, dependendo das cir-
la de sua força, como de fato acontece em matéria penal" (COUTURE, E- cunstâncias) o réu será julgado não pelos Juízes profissionais, e sim pelo
duardo J. Fundamentos do direito processual civil. Trad. Benedicto povo, que decide de acordo com os costumes, com a exeriência da vida."
Giaccobini. Campinas: Red Livros, 1999. p. 340). (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
20. RANGEL, Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Saraiva. 2009. p. 365).
Lumen Juris, 2008.p. 840. 41. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
21. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 365.
São Paulo: Saraiva. 2009. p. 766. RANGEL, Paulo. Curso de direito pro- 42. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva,
cessual penal. 14 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 840. "É, pois, 2004. p. 595.
uma ação de conhecimento de caráter constitutivo, destinada a corrigir a 43. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 4 ed. São Paulo:
decisão judicial de que já não caiba recurso." (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Saraiva, 2009. p. 528.
Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 673-674). 44. HC 96.642/PA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
22. "A revisão criminal é uma ação de competência originária dos tribunais que
TURMA, julgado em 22/04/2008, DJe 19/05/2008. [grifou-se]
tem por finalidade a desconstituição de sentença ou acórdão transitado em 45. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
julgado no que for desfavorável ao acusado." (GRECO FILHO, Vicente. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 771. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo pe-
Manual de processo penal. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 456). nal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 676. GRINOVER, Ada Pellegrini;
23. MIRANDA, Pontes. Tratado da ação rescisória. Atual. Vilson Rodrigues Al-
GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FERNANDES, Antonio Scarance. Re-
ves. 2 ed. Campinas: Bookseller, 2003. p. 189-190. cursos no processo penal. 3 ed. São Paulo: RT, 2001. p. 316. RANGEL,
24. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Janeiro: Lumen Ju-
p. 675. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. ris, 2008. p. 854. GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 4 ed.
31 ed. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 768. GRECO FILHO, Vicente. Manual São Paulo: Saraiva, 1997. p. 457. CERONI, Carlos Roberto Barros. Revi-
de processo penal. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 457. são criminal. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005. p. 196. CAPEZ, Fernan-
25. RANGEL, Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Janeiro: do. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 596. TÁ-
Lumen Juris, 2008. p. 846. VORA, Nestor; ALENCAR; Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual
26. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed. penal. 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2009. p. 920.
46. MARQUES, Frederico. A Instituição do Júri, vol. I, Saraiva, 1963, p. 54-55.
São Paulo: Saraiva. 2009. p. 768.
27. Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: apud RANGEL, Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Ja-
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal neiro: Lumen Juris, 2008. p. 854-855. [grifou-se]
47. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou p. 676. [grifou-se]
48. GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 4 ed. São Paulo: Sa-
documentos comprovadamente falsos;
III- quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do raiva, 1997. p. 457.
49. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas,
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição espe-
cial da pena. 2003. p. 109-110.
28. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. 50. RE 23816, Relator(a): Min. EDGARD COSTA, SEGUNDA TURMA, julgado
p. 675. em 03/11/1953, DJ 02-06-1955 PP-06473 EMENT VOL-00213-01 PP-
29. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FER- 00311. [grifou-se]
51. HC 68219, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, PRIMEIRA TURMA, jul-
NANDES, Antonio Scarance. Recursos no processo penal. 3 ed. São Pau-
lo: RT, 2001. p. 316. gado em 09/10/1990, DJ 19-10-1990 PP-11487 EMENT VOL-01599-01 PP-
30. "Revisão criminal. Pretensão de reexame de matéria já enfrentada e repeli- 00121. A ementa do julgado restou assim redigida: "NÃO FERE A GARAN-
da em anterior interposição de apelação improvida. O remédio constitucio- TIA DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS DO TRIBUNAL DO JÚRI
nal das decisões criminais não se destina ao mero reexame do contexto (CONSTITUIÇÃO, ART. 5., XXXVIII, ''A''), O CABIMENTO DA APELAÇÃO,
probatório que serviu para calcar um juízo monocrático de reprovação con- CONTRA SUAS DECISÕES, POR SE MOSTRAREM MANIFESTAMENTE
tra o requerente e que já foi chancelado pelo órgão recursal quando do jul- CONTRARIAS AS PROVAS DOS AUTOS (COD. PROC. PENAL, ART.
gamento da apelação. O pedido revisional, para ser conhecido e apreciado, 593, III, ''D'')."
52. HC 70193, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado
precisa inserir-se em um dos permissivos do art. 621 do CPP, não sendo
bastante apenas indicar o dispositivo. Não conheceram. Unânime" (RJT- em 21/09/1993, DJ 06-11-2006 PP-00037 EMENT VOL-02254-02 PP-
JERGS 174/122). 00292 RTJ VOL-00201-02 PP-00557. [grifou-se]
31. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. 53. HC 67271, Relator(a): Min. CARLOS MADEIRA, SEGUNDA TURMA, jul-
p. 681. gado em 02/05/1989, DJ 02-06-1989 PP-09601 EMENT VOL-01544-01 PP-
32. REVISÃO CRIMINAL. CABÍVEL A REVISÃO CRIMINAL NO ÂMBITO DA 00101. [grifou-se] A ementa restou assim redigida: "HABEAS CORPUS.
TURMA RECURSAL CRIMINAL DO ESTADO. INTERPRETAÇÃO RES- SOBERANIA DO JÚRI. ARTIGO 5, INCISO XXXVIII DA CONSTITUIÇÃO.
TRITIVA DAS HIPÓTESES LEGAIS QUE AUTORIZAM A REVISÃO CRI- A SOBERANIA DO VEREDITO DOS JURADOS NÃO EXCLUI A RECOR-
MINAL. Cabível revisão criminal de erro cartorário. De forma excepcional. RIBILIDADE DE SUAS DECISÕES, SENDO ASSEGURADA COM A DE-

Conhecimentos em Direito 29
VOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRIBUNAL DO JÚRI, PARA QUE PROFIRA para absolver o acusado, anulando a sentença condenatória e determinan-
NOVO JULGAMENTO, UMA VEZ CASSADA A DECISÃO RECORRIDA. do que se realizasse outro julgamento pelo Tribunal do Júri (REsp
HABEAS CORPUS DENEGADO." No mesmo sentido: HC 72783, Rela- 51149/PR, Rel. Ministro EDSON VIDIGAL, Rel. p acórdão, Min. ASSIS TO-
tor(a): Min. ILMAR GALVÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/11/1995, LEDO, QUINTA TURMA, julgado em 13/09/1995, DJ 10/06/1996 p. 20349).
DJ 15-03-1996 PP-07203 EMENT VOL-01820-02 PP-00254. 68. Recurso Crime Nº 70000284067, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais,
54. RHC 93248, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em Tribunal de Justiça do RS, Relator: Walter Jobim Neto, Julgado em
05/08/2008, DJe-157 DIVULG 21-08-2008 PUBLIC 22-08-2008 EMENT 31/03/2000.
VOL-02329-03 PP-00486. [grifou-se] 69. "Em se tratando de decisão que se reconheça, no mérito, contrária a evi-
55. "1. O princípio da unidade da constituição dência dos autos, mesmo em sede de crimes da competência do Tribunal
princípio da unidade da constituição ganha relevo autónomo como princípio do Júri, a solução a ser proferida é absolutória, não singela determinação
interpretativo quando com ele se quer significar que a constituição deve ser de renovação de julgamento." (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal.
interpretada de forma a evitar contradições (antinomias, antagonismos) en- 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 685).
tre as suas normas. Como «ponto de orientação», «guia de discussão» e 70. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 31 ed.
«factor hermenêutico de decisão», o princípio da unidade obriga o intérpre- São Paulo: Saraiva. 2009. p. 786.
te a considerar a constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar 71. Revisão Criminal Nº 70017548066, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais,
os espaços de tensão (cfr. supra, Cap. 2.7D-IV) existentes entre as normas Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em
constitucionais a concretizar (ex.: princípio do Estado de Direito e princípio 16/03/2007.
democrático, princípio unitário e princípio da autonomia regional e local). 72. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Daí que o intérprete deva sempre considerar as normas constitucionais não p. 684. [grifou-se]
como normas isoladas e dispersas, mas sim como preceitos integrados 73. RANGEL, Paulo. Curso de direito processual penal. 14 ed. Rio de Janeiro:
num sistema interno unitário de normas e princípios." (CANOTILHO, José Lumen Juris, 2008. p. 857. É o que entendem: GRINOVER, Ada Pellegrini;
Joaquim Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1993. p. 226- GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FERNANDES, Antonio Scarance. Re-
227). cursos no processo penal. 3 ed. São Paulo: RT, 2001. p. 329.
56. "Este princípio não deve divorciar-se de outros princípios de interpretação 74. PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SUPRESSÃO DE
já referidos (princípio da unidade, princípio do efeito integrador). Reduzido INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. I - Impossibilidade da atuação jurisdicio-
ao seu núcleo essencial, o princípio da concordância prática impõe a coor- nal do Supremo Tribunal Federal quando os argumentos expostos não fo-
denação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o ram enfrentados pela Corte de origem, sob pena de supressão de instância.
sacrifício (total) de uns em relação aos outros. II - Habeas corpus não conhecido. (HC 91453, Relator(a): Min. RICARDO
campo de eleição do princípio da concordância prática tem sido até agora o LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 26/02/2008, DJe-047 DI-
dos direitos fundamentais (colisão entre direitos fundamentais ou entre di- VULG 13-03-2008 PUBLIC 14-03-2008 EMENT VOL-02311-02 PP-00261)
reitos fundamentais e bens jurídicos constitucionalmente protegidos). Sub- 75. CERONI, Carlos Roberto Barros. Revisão criminal. São Paulo: Juarez de
jacente a este princípio está a ideia do igual valor dos bens constitucionais Oliveira, 2005. p. 200.
(e não uma diferença de hierarquia) que impede, como solução, o sacrifício
de uns em relação aos outros, e impõe o estabelecimento de limites e con- Informações bibliográficas:
dicionamentos recíprocos de forma a conseguir uma harmonização ou con- MATTE, Fabiano Tacachi. A revisão criminal e as decisões do júri. Jus
cordância prática entre estes bens (cfr. infra, Parte IV, Padrão II)." (CANO-
TILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2519, 25 maio 2010. Disponível em:
1993. p. 228). <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14913>. Acesso em: 20 jun.
57. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
2004. p. 596. DO PROCESSO SUMÁRIO
58. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 4 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 528. Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no
59. Conforme: YARSHELL, Flávio Luiz. Ação rescisória. São Paulo: Malheiros,
prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações
2005. p. 27. do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela
60. "Em respeito à soberania dos vereditos o juízo ad quem não poderia, a pre-
acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222
texto de corrigir injustiça na aplicação da pena, afastar a decisão dos jura- deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e
dos no referente aos quesitos sobre qualificadoras, causas de aumento ou
redução de pena, agravantes e atenuantes, cabendo na hipótese apenas a
ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
anulação do julgamento por ser a decisão manifestamente contrária à prova acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. (Redação dada pela Lei
dos autos. Entretanto, conforme entendimento inclusive do STF, já se tem nº 11.719, de 2008).
dado provimento à apelação, com fundamento no art. 593, III, c, para se a- Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemu-
justar a pena com a exclusão de qualificadora ou agravantes ainda que re-
conhecidas pelos jurados." (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 nhas arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. (Redação dada pela
ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 640). Lei nº 11.719, de 2008).
61. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FER-
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos
NANDES, Antonio Scarance. Recursos no processo penal. 3 ed. São Pau- do art. 400 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
lo: RT, 2001. p. 121-123.
62. "No inciso III, §§ 1° a 3°, cuida o artigo 593 do cabimento da apelação das § 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
decisões proferidas pelo Tribunal do Júri. Nesse caso, o recurso de apela-
ção tem caráter restrito, não se devolvendo à superior instância o conheci- § 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
mento pleno da causa criminal decidida; fica o julgamento adstrito exclusi- § 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
vamente aos fundamentos e motivos invocados pelo recorrente para inter-
pô-lo." (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. 10 ed. São Paulo: A- § 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
tlas, 2000. p. 639).
63. CERONI, Carlos Roberto Barros. Revisão criminal. São Paulo: Juarez de Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra,
Oliveira, 2005. p. 199. respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos,
64. CPP. Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, senten-
classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o pro- ça. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
cesso. Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a
pena imposta pela decisão revista. § 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de
65. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; FER- cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
NANDES, Antonio Scarance. Recursos no processo penal. 3 ed. São Pau- § 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste,
lo: RT, 2001. p. 316. (grifou-se) serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o
66. CERONI, Carlos Roberto Barros. Revisão criminal. São Paulo: Juarez de
tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Oliveira, 2005. p. 196.
67. HC 19.419/DF, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, jul-
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a pro-
gado em 25/06/2002, DJ 18/11/2002 p. 251. [grifou-se]. Este acórdão invo- va faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva com-
cou outro oriundo do STJ em que, embora na fundamentação tenha se ven- parecer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
tilada a impossibilidade de apreciação proufnda das provas e revolvimento
dos fatos, em sede de Recurso Especial, nº 51149/PR, o Ministro Assis To- § 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
ledo, divergindo do Ministro Edson Vidigal que conhecia e provia o especial
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

Conhecimentos em Direito 30
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, independente- Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão pelos ori-
mente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem ginais.
estabelecida no art. 531 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os autos ori-
de 2008).
ginais, nestes continuará o processo, apensos a eles os autos da restaura-
Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). ção.
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a sentença
juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes condenatória em execução continuará a produzir efeito, desde que conste
para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumá- da respectiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária, onde o réu
rio previsto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). estiver cumprindo a pena, ou de registro que torne a sua existência inequí-
voca.
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
TÍTULO II
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
DOS RECURSOS EM GERAL
§ 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
CAPÍTULO I
§ 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO VI Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes
DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS I - da sentença que conceder habeas corpus;
Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados ou destruí- II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de
dos, em primeira ou segunda instância, serão restaurados. circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do
§ 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, art. 411.
será uma ou outra considerada como original. Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou
§ 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz manda- omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresen-
rá, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, que: tados dentro do prazo.

a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembran- Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja
ça, e reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros; interposto.

b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Instituto Mé- Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou
dico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística ou em estabelecimen- pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.
tos congêneres, repartições públicas, penitenciárias ou cadeias; Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem encontra- tiver interesse na reforma ou modificação da decisão.
das, por edital, com o prazo de dez dias, para o processo de restauração Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos,
dos autos. assinado pelo recorrente ou por seu representante.
§ 3o Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ainda que os § 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será
autos se tenham extraviado na segunda. assinado por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas.
Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencionando-se § 2o A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, se-
em termo circunstanciado os pontos em que estiverem acordes e a exibição rá, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certifi-
e a conferência das certidões e mais reproduções do processo apresenta- cará no termo da juntada a data da entrega.
das e conferidas.
§ 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspen-
Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a restaura- são por dez a trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte
ção, observando-se o seguinte: ao último do prazo.
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela
testemunhas podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encon- interposição de um recurso por outro.
trarem em lugar não sabido;
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do
II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de prefe- recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do
rência pelos mesmos peritos; recurso cabível.
III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia autêntica Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a
ou, quando impossível, por meio de testemunhas; decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do processo, que de- não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
verá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os peritos e mais CAPÍTULO II
pessoas que tenham nele funcionado; DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer testemunhas e Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou
produzir documentos, para provar o teor do processo extraviado ou destruí- sentença:
do.
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força maior,
II - que concluir pela incompetência do juízo;
deverão concluir-se dentro de vinte dias, serão os autos conclusos para
julgamento. III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem os autos IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
conclusos para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias, requisitar de V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, in-
autoridades ou de repartições todos os esclarecimentos para a restauração. deferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos originais, provisória ou relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº
não serão novamente cobrados. 7.780, de 22.6.1989)
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão pelas cus- VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
tas, em dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal. VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;

Conhecimentos em Direito 31
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a pu- Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na
nibilidade; pessoa do defensor.
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso con-
causa extintiva da punibilidade; cluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parece-
rem necessários.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte con-
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; trária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independen-
temente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
traslado.
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
prejudicial;
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem,
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; dentro de cinco dias da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; ao Correio dentro do mesmo prazo.
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a senten- Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão
ça em julgado; os autos ser devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; CAPÍTULO III
DA APELAÇÃO
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada
art. 774;
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
XXII - que revogar a medida de segurança;
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
que a lei admita a revogação;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada
Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
nos casos dos ns. V, X e XIV. III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente nº 263, de 23.2.1948)
do Tribunal de Apelação. a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: 263, de 23.2.1948)
I - quando interpostos de oficio; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à deci-
são dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medi-
da de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando,
havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos au-
todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia. tos. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da § 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou
fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a
do art. 581. devida retificação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do § 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o
no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou
da medida de segurança. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad
§ 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrá-
unicamente o efeito de perda da metade do seu valor. ria à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de pre- julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
so, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a admitir. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em
dias. sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Pará-
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, grafo único renumerado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
contado da data da publicação definitiva da lista de jurados. Art. 594. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será de-
indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos clarada deserta a apelação.
autos de que pretenda traslado.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no seja posto imediatamente em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 263, de
prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certi- 23.2.1948)
dão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida
oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
de segurança aplicada provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº 5.941,
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou de 22.11.1973)
do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorren- Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo,
te, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direi-
por igual prazo. tos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão

Conhecimentos em Direito 32
condicional de pena. venção ou de crime a que a lei comine pena de detenção, os autos irão
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz imediatamente com vista ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e,
singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá designação
no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, de dia para o julgamento.
ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apela- Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoa-
ção, que não terá, porém, efeito suspensivo. das as partes, com a presença destas ou à sua revelia, o relator fará a
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de exposição do feito e, em seguida, o presidente concederá, pelo prazo de 10
quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público. (dez) minutos, a palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao
procurador-geral, quando o requerer, por igual prazo.
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo
o julgado, quer em relação a parte dele. Art. 611. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 552, de 25.4.1969)
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator, serão
apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos julgados na primeira sessão.
processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em pro-
§ 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após cessos por crime a que a lei comine pena de reclusão, deverão ser proces-
o Ministério Público. sadas e julgadas pela forma estabelecida no Art. 610, com as seguintes
§ 2o Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Pú- modificações:
blico terá vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior. I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá
§ 3o Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos igual prazo para o exame do processo e pedirá designação de dia para o
serão comuns. julgamento;
§ 4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a ape- II - os prazos serão ampliados ao dobro;
lação, que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.
ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos
legais, notificadas as partes pela publicação oficial. (Incluído pela Lei nº Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qualquer dos
4.336, de 1º.6.1964) prazos marcados nos arts. 610 e 613, os motivos da demora serão declara-
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à dos nos autos.
instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta
§ 1o Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se o presi-
dias.
dente do tribunal, câmara ou turma, não tiver tomado parte na votação,
§ 1o Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, proferirá o voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão
ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do mais favorável ao réu.
traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo
de trinta dias, contado da data da entrega das últimas razões de apelação, § 2o O acórdão será apresentado à conferência na primeira sessão
ou do vencimento do prazo para a apresentação das do apelado. seguinte à do julgamento, ou no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbi-
do de lavrá-lo.
§ 2o As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar,
salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério Público. Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou
turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou
Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior, apre- determinar outras diligências.
sentados ao tribunal ad quem ou entregues ao Correio, sob registro.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao
Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito
disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
Federal e nas comarcas que forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
cartório traslado dos termos essenciais do processo referidos no art. 564, n.
sentença.
III.
Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as
normas complementares para o processo e julgamento dos recursos e
Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948) apelações.
Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948) CAPÍTULO VI
CAPÍTULO IV DOS EMBARGOS
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câma-
(Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) ras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de
dois dias contados da sua publicação, quando houver na sentença ambi-
Art. 607. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
guidade, obscuridade, contradição ou omissão.
Art. 608. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimen-
CAPÍTULO V to de que constem os pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, con-
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO traditório ou omisso.
ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
§ 1o O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, indepen-
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tri- dentemente de revisão, na primeira sessão.
bunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a compe-
§ 2o Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o re-
tência estabelecida nas leis de organização judiciária. (Redação dada pela
lator indeferirá desde logo o requerimento.
Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
CAPÍTULO VII
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda ins-
DA REVISÃO
tância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulida-
de, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publica- Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
ção de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os em- I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da
bargos serão restritos à matéria objeto de divergência. (Incluído pela Lei nº lei penal ou à evidência dos autos;
1.720-B, de 3.11.1952)
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exa-
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas mes ou documentos comprovadamente falsos;
corpus, e nas apelações interpostas das sentenças em processo de contra-

Conhecimentos em Direito 33
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocên- direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
cia do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responde-
especial da pena.
rá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
extinção da pena ou após.
§ 2o A indenização não será devida:
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta im-
fundado em novas provas.
putável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procura- em seu poder;
dor legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, as-
b) se a acusação houver sido meramente privada.
cendente, descendente ou irmão.
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja conde-
Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: (Reda-
nação tiver de ser revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a
ção dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
defesa.
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele pro-
CAPÍTULO VIII
feridas; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alça-
da, nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de Art. 632. Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958:
18.3.1969) Art. 633. Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958:
§ 1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos Art. 634. Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958:
o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo
regimento interno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969) Art. 635. Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958:
§ 2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetua- Art. 636. Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958:
do pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quan- Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma
do houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno. (Incluído vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à
pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969) primeira instância, para a execução da sentença.
§ 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado no Su-
criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou premo Tribunal Federal na forma estabelecida pelo respectivo regimento
turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no interno.
respectivo regimento interno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de
18.3.1969) CAPÍTULO IX
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor,
devendo funcionar como relator um desembargador que não tenha pronun- Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
ciado decisão em qualquer fase do processo. I - da decisão que denegar o recurso;
§ 1o O requerimento será instruído com a certidão de haver passado II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e se-
em julgado a sentença condenatória e com as peças necessárias à com- guimento para o juízo ad quem.
provação dos fatos argüidos.
Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao se-
§ 2o O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, cretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes
se daí não advier dificuldade à execução normal da sentença. ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconve- processo que deverão ser trasladadas.
niente ao interesse da justiça que se apensem os autos originais, indeferi- Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição
lo-á in limine, dando recurso para as câmaras reunidas ou para o tribunal, à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no caso de recurso no sentido
conforme o caso (art. 624, parágrafo único). estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega
§ 4o Interposto o recurso por petição e independentemente de termo, o da carta, devidamente conferida e concertada.
relator apresentará o processo em mesa para o julgamento e o relatará, Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o
sem tomar parte na discussão. recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento, será
§ 5o Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação,
autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo de dez dias. Em em face de representação do testemunhante, imporá a pena e mandará
seguida, examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do
relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar. escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido,
poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos,
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a para o efeito do julgamento do recurso e imposição da pena.
classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o
processo. Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto
nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pe- estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar.
na imposta pela decisão revista.
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direi- carta, se desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se
tos perdidos em virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
impor a medida de segurança cabível.
Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância superior se-
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabele- guirá o processo do recurso denegado.
cerão as normas complementares para o processo e julgamento das revi-
sões criminais. Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença conde- CAPÍTULO X
natória, o juiz mandará juntá-la imediatamente aos autos, para inteiro DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
cumprimento da decisão. Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se a-
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o char na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir

Conhecimentos em Direito 34
e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar neces-
sário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja imediatamente
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
apresentado em dia e hora que designar.
I - quando não houver justa causa;
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a de prisão contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz
lei; providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; juízo.

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua
apresentação, salvo:
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que
a lei a autoriza; I - grave enfermidade do paciente;

VI - quando o processo for manifestamente nulo; Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;

VII - quando extinta a punibilidade. III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo
tribunal.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará
passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi- Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encon-
mento, seja qual for a autoridade coatora. trar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença.

Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver
corpus: preso.

I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou
da Constituição; coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.

II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou co- Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz de-
ação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou cidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liber-
chefes de Polícia. dade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação § 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilega-
provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição. lidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou constrangimento.
iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admi-
Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos tido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada
legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para
depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal. serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça
ao processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado
daquela. pelo juiz.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver
processo, este será renovado. ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, aos autos do processo.
será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede
de poder, tiver determinado a coação. do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabeleci-
das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autorida- das no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
de. Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação,
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da
turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presi-
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência dente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora
ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição.
ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido in limine.
souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibe-
re a respeito.
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamen-
to para a sessão seguinte.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de jus-
tiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Haven-
expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da do empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá
prisão, a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável
multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo ao paciente.
das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo
que julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou tele-
caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apela- grama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar
ção impor as multas. exercer o constrangimento.

Conhecimentos em Direito 35
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao dis- Diferentemente do que está acontecendo com os recursos extraordiná-
posto no art. 289, parágrafo único, in fine. rios, que estão diminuindo, assistimos a escalada dos números da distribui-
ção de processos de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Até
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as
2004, o número dessas ações distribuídas no Supremo era cerca de mil por
normas complementares para o processo e julgamento do pedido de habe-
ano. Atualmente, porém, este número beira os três mil anuais, representan-
as corpus de sua competência originária.
do mais de 5% dos processos distribuídos. É a terceira classe de processos
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência em número naquela Corte, perdendo apenas para os agravos de instrumen-
originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das to e os recursos extraordinários, nessa ordem. Até 30 de setembro deste
decisões de última ou única instância, denegatórias de habeas corpus, ano, houve um aumento de 48% no número de habeas corpus no STF em
observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, relação ao mesmo período de 2007 [03]. Gradualmente, o STF está se
devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as regras complemen- tornando um tribunal de habeas corpus.
tares.
O habeas corpus é o remédio jurídico empregado "sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
A REPERCUSSÃO GERAL PARA O HABEAS CORPUS de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder" (CF, art. 5º, LXVII).
Texto extraído do Jus Navigandi O STF é competente para processar e julgar originariamente os habeas
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12032 corpus taxativamente alistados na Constituição Federal (CF, art. 102, I, d e
i). E, em grau de recurso, o STF é competente, segundo a Constituição,
Silas Silva de Oliveira para julgar o habeas corpus decidido em única instância pelos Tribunais
Procurador da Fazenda Nacional Superiores, se denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a). Acontece que se
A repercussão geral foi instituída como filtro para as questões chega- passou a entender que quando um Tribunal Superior denega um habeas
rem no Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de recursos extraordiná- corpus ele mesmo se torna coator de ato ilegal contra a liberdade, dando
rios. De maneira geral, o recurso extraordinário tem cabimento contra margem a que se ajuíze nova ação de habeas corpus, desta vez perante o
decisões de tribunais superiores que envolvem matéria constitucional (CF, STF (CF, art. 102, I, i). Esse mesmo raciocínio é empregado em instâncias
art. 102, III). O seu julgamento compete ao STF por causa de sua missão inferiores, o que tem feito com que a matéria objeto do habeas corpus,
institucional precípua de ser o guardião da Constituição Federal (CF, art. quando sucessivamente denegada, seja analisada em até quatro graus de
102, caput). jurisdição: juiz, tribunal, Tribunal Superior e STF.

Acontece que a nossa Constituição de 1988 é do tipo analítica, ou seja, Certamente que deve ser garantido o direito de que a decisão denega-
trata sobre muitos assuntos. Assim, quase tudo envolve matéria constitu- tória de um habeas corpus seja apreciada, em grau de recurso, por instân-
cional, e, como conseqüência, o STF fica abarrotado de recursos extraordi- cia superior. Essa garantia está prevista na Convenção Americana de
nários. Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário desde 1992 [04]. Mas essa
garantia não confere o direito de que a matéria objeto do habeas corpus
A exigência da repercussão geral para análise da matéria pelo STF foi seja analisada por mais de dois graus de jurisdição, porque isso significa ir
inicialmente prevista pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Esta emenda muito além do que exige o princípio do duplo grau de jurisdição. É prova-
teve por objetivo promover a reforma do Judiciário, criando instrumentos velmente por esse motivo que a Constituição prevê que, em grau de recur-
como o da repercussão geral e o da súmula vinculante com o nítido propó- so, o STF só julgue o habeas corpus decidido em única instância pelos
sito de redução da demanda. No tocante à repercussão geral, foi incluído Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a), não um
na Constituição o § 3º ao art. 102, com a seguinte redação: habeas corpus que já tenha sido julgado e negado em várias instâncias
Art. 102. Omissis. inferiores.

(...) É elogiável que os habeas corpus julgados no Supremo são algumas


vezes impetrados a favor de pessoas de pouca renda. Isso se deve, em
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a reper- parte, aos melhoramentos na Defensoria Pública da União nos últimos
cussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos anos. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, chegou a afirmar que
da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente "muitas vezes o tribunal tem recebido habeas corpus até em papel de pão"
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. [05]. O caso lendário, por ele citado na tentativa de afastar as críticas da

A repercussão geral foi regulamentada pela Lei nº 11.418/2006, que sociedade de que o Supremo dá tratamento privilegiado aos ricos, foi o
passou a ter vigência em fevereiro de 2007. A lei definiu que será conside- julgamento do habeas corpus do presidiário Oséas de Campos, que resul-
rada de repercussão geral apenas a questão que ultrapasse os interesses tou na declaração de inconstitucionalidade da lei que vedava o regime de
subjetivos da causa, sendo relevante para a inteira sociedade do ponto de progressão de pena a quem tinha cometido crime hediondo (HC 82.859).
vista econômico, político, social ou jurídico (CPC, art. 543-A, § 1º). No entanto, muito embora não seja do agrado dos respeitáveis minis-
O principal objetivo do novo instituto é firmar o papel do STF como Cor- tros do STF, é forçoso reconhecer que os ricos, em sua maioria, é que têm
te Constitucional em vez de mera instância recursal. Possibilita que a Corte cacife (leia-se dinheiro) para galgar os degraus do judiciário brasileiro ao
se concentre nas grandes controvérsias constitucionais, que podem reper- ponto de terem os habeas corpus julgados pela mais alta Corte do País.
cutir no conjunto da sociedade. Segue a tendência de descompressão da Nesse momento em que se discute um Judiciário igualitário para ricos e
Corte máxima, orientando-se especialmente pelo exemplo da Suprema pobres, é necessário que passemos a pensar na adoção de mecanismo
Corte norte-americana. semelhante ao da repercussão geral para matéria penal, sobretudo para
Os números mostram que esse mecanismo somado a outros com o julgamento de habeas corpus pela Corte Suprema.
mesmo propósito estão no rumo certo. Em vigor há pouco mais de um ano Explico: o STF deveria julgar apenas os habeas corpus cuja competên-
e meio, o filtro vem sendo aplicado cada vez mais criteriosamente pelo cia lhe foi conferida pela Constituição (CF, art. 102, I, d e i, II, a). Não é
STF, resultando em significativa diminuição na quantidade de recursos preciso julgar um habeas corpus que foi anteriormente julgado em mais de
extraordinários distribuídos na Corte. Em 2006, antes do instituto, foram um grau de jurisdição. Apenas e tão-somente nos casos em que houvesse
distribuídos 54.575 recursos extraordinários. Em 2008, até outubro, este repercussão geral, sendo de interesse para toda a sociedade, é que o STF
número havia caído para 19.903 [01]. Os números não deixam dúvida do passaria a julgar um habeas corpus previamente denegado em mais de
importante papel que o instituto da repercussão geral tem tido em desafo- uma instância inferior.
gar a nossa congestionada Corte Suprema.
Como paradigma desse modelo ora sugerido, citamos mais uma vez o
Mas a quantidade de processos no STF ainda é considerável. Está lon- caso do habeas corpus do presidiário, cujo desfecho culminou no reconhe-
ge do ideal. A Suprema Corte Americana recebe cerca de mil processos por cimento, pelo STF, da inconstitucionalidade da vedação ao regime de
ano, e seleciona não mais que cem para julgar [02]. Lembremo-nos ainda de progressão de pena para crimes hediondos. Outro exemplo é o caso do
que os Estados Unidos têm uma população superior à do Brasil em mais de habeas corpus que terminou na edição da Súmula Vinculante nº 11, que
60% e com um grau de litigiosidade maior. permite o uso de algemas somente em situações excepcionais. Apenas em

Conhecimentos em Direito 36
casos como esses, que transcendem ao interesse subjetivo das partes, execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as
sendo relevante para o conjunto da sociedade, é que o STF deveria anali- regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de
sar um habeas corpus já julgado em duplo grau de jurisdição. 2006)
Que interesse para a sociedade tem o julgamento de habeas corpus Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o
que busca a soltura de um banqueiro, de um grande traficante de drogas, tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e conti-
de um grande "bicheiro"? Que interesse tem a sociedade no pedido de nência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição
trancamento da ação penal de líderes religiosos que enriqueceram por dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, de 2006)
praticar lavagem de dinheiro? O interesse em casos como esses se limita
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo,
ao interesse individual das partes envolvidas ou, quando muito, a um núme-
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei
ro reduzido de pessoas, não ao conjunto da sociedade. Que essas ques-
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com
tões sejam julgadas em instâncias inferiores, não na mais alta Corte do
multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
País.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos cri-
Em grande parte dos habeas corpus atualmente analisados pelo STF, a
térios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade,
matéria discutida se refere a questões de natureza infraconstitucional, como
objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela
excesso de prazo de prisão preventiva e requisitos para a sua decretação.
vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Desde que não sejam em habeas corpus cuja competência foi constitucio-
nalmente atribuída ao STF, tais questões podem muito bem ser analisadas Seção I
em instâncias igualmente infraconstitucionais, que ainda têm a vantagem Da Competência e dos Atos Processuais
de estarem mais próximas dos fatos. Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que
Acreditamos que para a implementação da medida aqui sugerida não foi praticada a infração penal.
se precisaria sequer haver mudança no texto da Constituição ou de qual- Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
quer lei. Não vislumbramos no ordenamento jurídico vigente nenhuma horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as
exigência para que o habeas corpus já decidido em duplo grau de jurisdição normas de organização judiciária.
seja novamente julgado.
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as
Bastaria uma mudança de posicionamento do STF e dos Tribunais Su- finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados
periores. Um juiz ou um tribunal que denega um habeas corpus não se no art. 62 desta Lei.
torna um coator para outro habeas corpus. Eles simplesmente julgaram
uma alegação de ilegalidade no constrangimento da liberdade, não reco- § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido pre-
nhecendo a ocorrência dessa suposta ilegalidade. juízo.
Nada impede, porém, que o Legislativo tome iniciativas visando à im- § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser soli-
plementação de um filtro para que um habeas corpus de competência não citada por qualquer meio hábil de comunicação.
atribuída pela Constituição ao STF seja julgado por esta Corte. § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos
Tal pequena alteração pode resultar em grande bem para o próprio Su- por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento
premo Tribunal Federal, que será beneficiado com o descongestionamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.
de processos, ficará fortalecido no seu papel de Corte Constitucional, e, Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre
ainda, sairá ganhando ao deixar de ser encarado pela sociedade como um que possível, ou por mandado.
tribunal de habeas corpus para ricos.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz en-
Notas caminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedi-
1. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Disponível em
mento previsto em lei.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=pesqui
saClasse. Acesso em 28/11/2008. Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de rece-
2. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Disponível em bimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=66805. A- mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente
cesso em 26/11/2008.
3. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Disponível em
identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemen-
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=97545&tip=U te de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de
N. Acesso em 28/11/2008. comunicação.
4. Artigo 8º - Garantias judiciais (...) 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão
que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua cul-
pa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguin- desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.
tes garantias mínimas: (...) h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação
superior. do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento acompanha-
5. Gilmar Mendes: Tarso não tem ‘competência’ para opinar no caso Dantas.
do de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designa-
14/07/08 - 17h58 - Atualizado em 14/07/08 – 22h23. Disponível em:
http://g1.globo.com. Acesso em 27/11/2008. do defensor público.

Informações bibliográficas: Do Procedimento Sumariíssimo

OLIVEIRA, Silas Silva de. A repercussão geral para o habeas corpus. Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplica-
Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1980, 2 dez. 2008. Disponível em: ção de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12032>. Acesso em: 20 jun. hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao
2010. Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equiva-
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras provi- lente.
dências.
Dos Juizados Especiais Criminais § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a
Disposições Gerais formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou to- 66 desta Lei.
gados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a

Conhecimentos em Direito 37
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida quei- or a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao ofere-
xa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do cer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
do art. 66 desta Lei. sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autori-
zariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entre-
gando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do
cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, subme-
julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendi- tendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
do, o responsável civil e seus advogados. I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. II - proibição de freqüentar determinados lugares;
66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de instrução e julga-
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização
mento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento
do Juiz;
para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão in- informar e justificar suas atividades.
timados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de
instrução e julgamento. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada
a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusa-
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no do.
art. 67 desta Lei.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e jul- vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justifica-
gamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa do, a reparação do dano.
de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público,
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser proces-
proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
sado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando impres- condição imposta.
cindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibi-
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para res- lidade.
ponder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do pro-
queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de
cesso.
acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o pro-
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e jul- cesso prosseguirá em seus ulteriores termos.
gamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, DO PROCESSO NO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
impertinentes ou protelatórias.
A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência e lavrará um
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Termo Circunstanciado sobre os fatos e encaminhará ao Juizado Especial
Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos as providencias periciais tomadas e a respectiva conclusão.
em audiência e a sentença.
O Juizado Especial, recebendo o Termo Circunstanciado designará au-
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de diência preliminar.
convicção do Juiz.
Na audiência preliminar, presente o Representante do Ministério Públi-
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença co, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompa-
caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juí- nhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da
zes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juiza- composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
do. de pena não privativa de liberdade.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ci-
Nesta audiência preliminar poderá haver acordo sobre a reparação dos
ência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por
danos civis. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediata-
petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
mente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo verbal, que será reduzida a termo.
de dez dias.
A representação significa exercer o direito de processar o autor do deli-
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita mag- to, para que este receba uma pena.
nética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público
imprensa. poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas,
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmu- a ser especificada na proposta, podendo ser o pagamento de cestas bási-
la do julgamento servirá de acórdão. cas a Instituição de caridade, prestação de serviços à comunidade ou
Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou a- pagamento de uma multa pecuniária.
córdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. Feito este pagamento, julga-se extinta a punibilidade.
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmen- Com a imposição desta sanção nada constará na certidão de antece-
te, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. dentes criminais, exceto para fins judiciais tendo em vista que o agente
§ 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração somente pode ser beneficiado por esta lei 1 vez a cada 5 anos.
suspenderão o prazo para o recurso. O acusado poderá não aceitar a proposta do Ministério Público, caso
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. queira provar sua inocência.
Disposições Finais Nesta circunstância, a denuncia será oferecida pelo Ministério público
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, oralmente, reduzida a termo e designado data e hora para audiência de
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões instrução e julgamento, saindo o réu citado.
corporais leves e lesões culposas. Na audiência de instrução e julgamento o réu terá que fazer provas e
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferi- levar suas testemunhas de sua inocência.

Conhecimentos em Direito 38
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; processo.
havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusa-
ção e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-
03. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade
se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença de condena-
cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo
ção ou absolvição.
sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a genro ou enteado de quem for parte no processo.
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
04. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizari-
parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
am a suspensão condicional da pena. Aceita a proposta de suspensão do
processo o réu será submetido a um período de provas sob as seguintes
condições: 05. A precatória indicará:
1) reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
2) proibição de freqüentar determinados lugares;
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
3) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
do Juiz;
4) c omparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
06. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acu-
informar e justificar suas atividades.
sado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
O Juiz, poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
07. O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo
A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou
ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital.
reparação do dano.
A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, 08. A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na
no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condi- denúncia ou na queixa.
ção imposta.
Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilida- 09. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que
de. interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualifi-
Se o acusado não aceitar a proposta o processo prosseguirá em seus cando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
ulteriores tramites para provar a culpa ou inocência.
Costanze, Bueno Advogados. (Do processo no juizado especial crimi- 10. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a
nal). Bueno e Costanze Advogados, Guarulhos, 03.09.2006. Disponível em imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a
: <http://(endereço eletrônico)>. acesso em : (20/6/2010) requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do
acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar
o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde
PROVA SIMULADA não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Nas questões que se seguem, assinale:
C – se a proposição estiver correta
E – se a mesma estiver incorreta 11. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamen-
tos, terão preferência:
I – os acusados presos;
01. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha prisão;
reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado,
órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido
como testemunha; 12. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos
maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade.
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato
ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha 13. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e
reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7
interessado no feito. (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de
julgamento.

02. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
14. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz presidente
qualquer das partes:
decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamen-
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; to de julgamento, mandando consignar em ata as deliberações.
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 15. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica-
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de das as partes e as testemunhas.
ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 16. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:

Conhecimentos em Direito 39
I - da sentença que conceder habeas corpus; Dentre tais alterações, afigura-se-nos indispensável tecer, desta feita,
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de alguns comentários acerca do novel inciso LXXVIII do art. 5º da Constitui-
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do ção da República, acrescentado pela referida emenda ao extenso rol dos
art. 411. direitos e garantias fundamentais constitucionalmente assegurados.
Vejamos como ficou o texto constitucional, já com as referidas altera-
17. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos ções:
funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do "Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
prazo. reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
18. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em propriedade, nos termos seguintes:
que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este
... omissis...
oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual
prazo. LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
19. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado sua tramitação."
terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos proces- Deste modo, é fácil perceber que, no particular, referida emenda à
sos de contravenção, em que o prazo será de três dias. Constituição veio a inserir no rol dos direitos e garantias fundamentais,
expressamente, o direito público subjetivo à celeridade processual.
20. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Trata-se da consagração expressa, pelo texto constitucional, do Princí-
Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência esta- pio da Celeridade ou Brevidade Processual, tão reclamada pela comunida-
belecida nas leis de organização judiciária. de jurídica e pela doutrina nacionais.
RESPOSTAS A despeito de já encontrar-se consagrado em diversas normas infra-
01. C 11. C constitucionais, embora pontualmente (Lei nº 9.099/95, Lei nº 10.259/01,
v.g.), bem como pela doutrina pátria, o fato é que inexistia, até então,
02. C 12. C previsão expressa que o consagrasse, em nível constitucional.
03. C 13. C A Emenda Constitucional nº 45/04 trouxe, no particular, inegável avan-
04. C 14. C ço, ao inserir, de forma expressa, no rol pétreo dos direitos e garantias
fundamentais, tal direito público subjetivo que, ao mesmo tempo, constitui
05. C 15. C garantia fundamental essencial, eis que o processo é instrumento que
06. C 16. C viabiliza o exercício dos demais direitos.
07. C 17. C Tal cláusula constitucional assecuratória da celeridade ou brevidade
processuais é, doravante, intangível e insuscetível de modificação, constitu-
08. C 18. C indo-se evidentemente em cláusula pétrea, protegida, por conseguinte, pelo
09. C 19. C manto do art. 60, § 4º, inciso IV, da Constituição da República de 1988.
10. C 20. C No presente ensaio, propomo-nos a discutir, sucintamente, a preexis-
tência do Princípio da Brevidade ou Celeridade Processual à Emenda
Constitucional nº 45/04, bem como, ao final, tecer algumas ponderações
acerca da compatibilização entre o direito à referida celeridade e o respeito
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: Código de Processo à qualidade da prestação jurisdicional e à segurança jurídica.
Civil - com as alterações vigentes – Artigos 134 a 144; 2. DA PROBLEMÁTICA DA PARCIMÔNIA PROCESSUAL COMO Ó-
154 a 242, 270 a 475, 496 a 538 BICE À EFETIVIDADE DA JURISDIÇÃO.
A Emenda Constitucional nº 45/04 e o princípio da celeridade ou brevida- É sabido que um dos principais problemas atinentes à solução jurisdi-
de processual cional dos conflitos é o fenômeno da morosidade.
Texto extraído do Jus Navigandi
Abstemo-nos, no presente ensaio, de tecer considerações acerca das
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6676
causas da referida problemática, quer por extrapolar o objeto de estudo
aqui proposto, quer por serem, em maior ou menor grau, de todos conheci-
Luís Fernando Sgarbossa
das.
Doutorando em Direito pela Universidade Federal do Paraná - UFPR.
Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Membro da Prefere-se, neste momento, apenas sublinhar as íntimas relações exis-
Société de Législation Comparée (SLC) em Paris (França) e da Associazione tentes entre a razoável duração do processo e a própria efetivação dos
Italiana di Diritto Comparato (AIDC), em Florença (Itália), seção italiana da direitos por ele tutelados.
Association Internationale des Sciences Juridiques (AISJ), em Paris (França). A morosidade na entrega da prestação jurisdicional equivale, em gran-
Especialista em Direito Constitucional, Professor de Graduação e Pós- de medida, à ineficácia ou inutilidade do próprio provimento. São abundan-
Graduação em Direito. tes os exemplos em que a longa duração do processo acaba por impossibi-
Geziela Jensen litar a execução; sem contar os inúmeros outros incidentes possíveis que
terminam por inviabilizar, no plano fático, a concreção da decisão prolatada.
Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG). Membro da Société de Législation Comparée (SLC), Abordando a temática do retardamento processual como óbice à efeti-
em Paris (França) e da Associazione Italiana di Diritto Comparato (AIDC), vidade do processo, ÁLVARO COURI ANTUNES SOUSA, ensina que
em Florença (Itália), seção italiana da Association Internationale des Scien- "importa aos processualistas a questão da efetividade do processo co-
ces Juridiques (AISJ), em Paris (França). Especialista em Direito Constitu- mo meio adequado e útil de tutela dos direitos violados, pois, consoante
cional. Professora de Graduação e Pós-graduação em Direito. Vicenzo Vigoriti ´´o binômio custo-duração representa o mal contemporâneo
1. INTRODUÇÃO do processo. Daí a imperiosa urgência de se obter uma prestação jurisdi-
cional em tempo razoável, através de um processo sem dilações, o que tem
No último dia 31 de dezembro de 2004, entrou em vigor a Emenda
conduzido os estudiosos a uma observação fundamental, qual seja, a de
Constitucional nº 45, promulgada em 08 de dezembro daquele ano, a qual
que o processo não pode ser tido como um fim em si mesmo, mas deve
produziu profundas e diversificadas alterações na Carta Constitucional de
constituir-se sim em instrumento eficaz de realização do direito material (1)."
1988.
(op. cit., p. 109/110).

Conhecimentos em Direito 40
Com efeito, observa-se que o retardo na entrega da prestação jurisdi- Tanto no processo civil quanto no penal, o princípio pode ser depreen-
cional pode caracterizar até mesmo negativa daquela, cuja inconstituciona- dido, ainda, de disposições como aquelas que impõem sanções aos magis-
lidade é evidente. Não é outra a conclusão de PLACIDO FERNÁNDEZ- trados, membros do Ministério Público e funcionários, pelo retardamento
VIAGAS BARTOLOME (2), citado por ÁLVARO COURI ANTUNES SOUSA: nos atos que devam praticar (arts. 193, 194, 198, 199 e outros do CPC,
arts. 799, 801 e 802 do CPP).
"De que sirve configurar un instrumento para la defensa de los dere-
chos ciudadanos si el transcurso del tiempo puede hacerlo ineficaz?... Una Pode-se afirmar, ainda, que o Princípio da Celeridade vige em sua ple-
justicia tardia puede equivaler, al menos desde el punto de vista sociologico nitude em dispositivos como aqueles que prevêem a tutela antecipada (art.
como há señalado la jurisprudencia de nuestro Tribunal Constitucional, a la 273 CPC), bem como nas ações de cunho mandamental (mandado de
denegación de la misma." segurança, Lei nº 1.533/51 e Lei nº 4.348/64, Habeas Corpus, e.g.).
Resta evidenciado à saciedade que um sistema judicial no qual a en- Na seara do Direito Processual do Trabalho, a Consolidação das Leis
trega da prestação jurisdicional possa vir a demorar vários anos fere, indu- do Trabalho, Decreto-lei nº 5.452/43, já o consagrava:
bitavelmente, o direito de acesso à jurisdição, já inscrito no texto original da
"Art. 765. Os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na
Carta Magna de 1988, no art. 5º, inciso XXXV.
direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo
O comprometimento da própria segurança jurídica e da confiança no determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas."
Poder Judiciário, como instituição hábil à solução dos litígios, sofre eviden-
As peculiaridades apresentadas pelo processo trabalhista, amplamente
tes abalos em situações análogas.
conhecidas, visam exatamente à obtenção de um provimento jurisdicional
Conforme ensina, ainda, PLACIDO FERNÁNDEZ-VIAGAS BARTOLO- no menor tempo possível. VALENTIN CARRION, abordando o tema celeri-
ME (3), citado por ÁLVARO COURI ANTUNES SOUSA: dade processual, ensina:
"La eficacia de un sistema judicial dependerá estrictamente de su ca- "É princípio almejado do processo em geral, previsto na CLT (art. 765)
pacidad de satisfacer las pretensiones que le fueren sometidas, lo que sólo e no CPC (art. 125, II). Batalha a define como uma das variantes do princí-
tendrá lugar si funciona en tiempo adecuado." pio da economia processual, juntamente com a concentração, eventualida-
de e saneamento, exigindo prazos exíguos e improrrogáveis (Tratado cit.).
Diante do quadro de desolação na solução do problema em tela, tem o
A referência à celeridade processual seria cômica, se não fosse trágica; a
legislador pátrio optado pela adoção de medidas como a simplificação dos
realidade mostra o substantivo oposto, a parcimônia processual. " (op. cit.,
procedimentos, a criação de ritos mais céleres, as restrições do direito de
p. 557).
recorrer das decisões, a diminuição dos incidentes processuais, dentre
outras, como veremos. SÉRGIO PINTO MARTINS aponta, por outro lado, a amplitude do prin-
cípio em comento, demonstrando ainda sua proeminência no processo
3. DISPOSITIVOS INFRACONSTITUCIONAIS EM QUE O PRINCÍPIO
laboral ser decorrência do caráter alimentar das verbas postuladas:
DA CELERIDADE OU BREVIDADE PROCESSUAL ENCONTRAVA PRE-
VISÃO EXPRESSA ANTES DA EC 45/04. "Certos autores mencionam o princípio da rapidez, da celeridade, exis-
tente na Justiça do Trabalho, em virtude da necessidade de o trabalhador
Como visto, celeridade ou brevidade processual foram, desde muito,
receber o mais rápido possível os salários que lhe foram sonegados. Isso
metas do Estado na administração da Justiça. Um sem número de previ-
não quer dizer que a celeridade é princípio do processo do trabalho, mas da
sões legais tem buscado prever sistemas mais céleres de prestação jurisdi-
ciência processual, com efeitos mais intensos no processo laboral." (op. cit.,
cional, dada a crise por esta enfrentada.
p. 64).
Assim, não são poucos os exemplos possíveis de serem pinçados da
A par de tais exemplos da existência do Princípio da Celeridade Pro-
legislação antecedente à Emenda Constitucional nº 45/04 que nos permi-
cessual anteriormente à entrada em vigor da EC 45/04, o mais célebre é,
tem revelar a preexistência do Princípio da Celeridade ou Princípio da
sem sombra de dúvida, aquele dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Brevidade Processual a esta.
Com efeito, a Lei nº 9.099/95, buscando concretizar o comando consti-
Na seara do Direito Processual Civil, já existia previsão no próprio Có-
tucional contido no art. 98, I, da Carta Magna, instituiu referidos órgãos
digo de Processo no sentido de competir ao magistrado perseguir a "rápida
jurisdicionais, delineando os parâmetros para o processo e julgamento das
solução do litígio", nas palavras do legislador (art. 125, II, CPC). (4)
causas de sua competência. Posteriormente, a Lei nº 10.259/01 veio a
JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE, comentando o art. 125, II, instituir os Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal.
do Código de Processo Civil, ensina que "também deve o juiz, no exercício
Comentando o art. 98, I, da Constituição da República Federativa do
do poder de direção e para conferir efetividade à tutela jurisdicional, evitar
Brasil, ALEXANDRE DE MORAES ensina:
que a demora do processo seja superior ao que se entende por razoável
(inciso II)." (Código de Processo Civil Interpretado cit, p. 348). "A criação dos Juizados Especiais Criminais no sistema penal brasileiro
decorreu da necessidade de incorporação de instrumentos jurídicos moder-
Assim, resta evidenciado que há muito existe disposição legal expressa
nos, com vistas na desburocratização e simplificação da Justiça Penal,
determinando que velem os órgãos jurisdicionais pela celeridade, evitando,
propiciando solução rápida, mediante consenso das partes ou resposta
sobretudo, dilações indevidas no julgamento da lide.
penal célere, para as infrações penais de menor potencial ofensivo." (op.
Outrossim, não é nova a previsão do procedimento sumário, cuja ca- cit., p. 1.374).
racterística distintiva é, exatamente, a simplificação dos atos processuais e
A Lei nº 9.099/95 inova, consagrando, desta feita expressamente, o
a redução dos prazos e incidentes, com vistas ao atingimento da referida
Princípio da Celeridade Processual:
celeridade.
"Art. 2º. O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplici-
HUMBERTO TEODORO JUNIOR, tratando do procedimento sumário
dade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre
no Direito Processual Civil, assevera:
que possível, a conciliação ou a transação." (sem destaques no original).
"O objetivo visado pelo legislador ao instituir o procedimento sumário
Referindo-se ao sistema dos Juizados, ANDRÉ RAMOS TAVARES
foi o de propiciar solução mais célere a determinadas causas. Esse rito
destaca seu papel na busca de uma solução mais célere dos litígios, assim
apresenta-se, por isso, muito mais simplificado e concentrado do que o
como um acesso facilitado ao Judiciário:
ordinário. (...) Ainda dentro do critério de maior celeridade, dispõe o art.
174, nº II, que as causas de rito sumário se processam durante as férias "Assim, por meio desse novo conceito de justiça, permite-se um fácil e
forenses e não se suspendem pela superveniência delas." (op. cit., p. 308). amplo acesso ao Judiciário, buscando-se ainda eliminar a lentidão da
Justiça comum, pelo acolhimento completo dos modernos conflitos, que
No âmbito do Direito Processual Penal é também inegável a vigência
constituem, nas palavras de Kazuo Watanabe, uma ´´litigiosidade contida´´,
do Princípio em exame, não apenas pela previsão do procedimento sumário
ou, como quer Ovídio Baptista, identificados como ´´conflitos urbanos de
(art. 531 e ss., Código de Processo Penal), mas também pelas demais
massa´´." (op. cit., p. 185).
disposições constantes da legislação codificada e extravagante, exigindo
celeridade no trâmite das causas criminais, sobretudo naquelas hipóteses Como visto, os reclamos da sociedade, em geral, e da comunidade ju-
em que o réu encontra-se privado de sua liberdade. rídica, em particular, foram a causa eficiente à criação do sistema dos

Conhecimentos em Direito 41
Juizados Especiais, visando, em primeiro lugar, permitir a solução mais têm hierarquia constitucional apenas os tratados internacionais que forem
rápida das causas cíveis de menor complexidade e das infrações penais de aprovados, em dois turnos, em cada Casa do Congresso Nacional, por três
menor potencial ofensivo, assim como facilitar ao cidadão comum o acesso quintos dos votos, veio a caracterizar-se como emenda tendente a abolir
ao Judiciário. direito fundamental, logo, inconstitucional.
Afora tais exemplos, vigora com relevo o princípio em mesa ainda em Explica-se: a cláusula de recepção automática consubstanciada no art.
outros diplomas legais e ramos do Direito, como, exemplificativamente, na 5º, § 2º, da Constituição da República, contempla, em si mesma, uma
Lei de Execução Fiscal - Lei nº 6.830/80 - e no campo do Direito Eleitoral. garantia fundamental, que se pode denominar garantia à incorporação
automática dos direitos e garantias fundamentais contidos em instrumentos
4. PREVISÃO DO PRINCÍPIO DA CELERIDADE OU BREVIDADE
internacionais.
PROCESSUAL EM INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS
PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Assim, ao condicionar o reconhecimento da hierarquia constitucional
dos instrumentos internacionais aos trâmites que preconiza o novel § 3º (6),
Sem prejuízo das já demonstradas previsões do Princípio da Celerida-
pretendeu a Emenda Constitucional nº 45/04 abolir citada garantia funda-
de na legislação infraconstitucional interna, o mesmo já encontrava abrigo
mental, esbarrando nos limites materiais ao Poder Constituinte Derivado,
em alguns instrumentos internacionais ratificados pelo Brasil e devidamente
especificamente no inciso IV, § 4º, do art. 60 da Carta Magna. (7) (8)
incorporados ao ordenamento jurídico pátrio.
E, mesmo que assim não se entenda, é forçoso admitir que, tendo os
O Pacto Internacional dos Direito Civis e Políticos, adotado pela Reso-
instrumentos internacionais retro-referenciados sido ratificados sob a égide
lução n. 2.200-A (XXI) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 16 de
do texto original da Constituição de 1988 (art. 5º, §§ 1º e 2º), estão definiti-
dezembro de 1966, foi ratificado pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992.
vamente inclusos no rol dos direitos e garantias fundamentais e, portanto,
Referido instrumento internacional preconiza o princípio em exame, no acobertados pela garantia da imodificabilidade, por constituírem cláusulas
que respeita ao processo penal, em seu art. 14, parágrafo 3º: pétreas.
"Artigo 14 – 1. Todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as Do exposto, verifica-se viger no Brasil, há muito - ambos os instrumen-
Cortes de Justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e tos tendo sido ratificados em 1992, e já se encontrando em vigor no plano
com as devidas garantias por um Tribunal competente, independente e interno e internacional -, o Princípio da Celeridade ou Brevidade Processu-
imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de al, constituindo-se verdadeiro direito fundamental.
caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e
A violação diuturna do referido princípio pelo Estado brasileiro, ou seja,
obrigações de caráter civil.
a morosidade processual já referida alhures, consubstancia, além de in-
(...). constitucionalidade flagrante, violação de obrigações internacionais por este
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, assumidas, haja vista as disposições constantes do art. 2º, § 1º, do Pacto
às seguintes garantias mínimas: Internacional dos Direitos Civis e Políticos (9), bem como no art. 1º, § 1º e
art. 2º da Convenção Americana de Direitos Humanos (10).
(...)
Do exposto, verifica-se ser relativa a inovação procedida pela Emenda
c) a ser julgada sem dilações indevidas;" (destaques ausentes no origi- Constitucional nº 45/04, no particular, haja vista a preexistência do princípio
nal). à sua vigência, inclusive com posicionamento hierárquico constitucional, por
Com efeito, referida norma internacional, ao assegurar ao imputado o força dos dispositivos convencionais e constitucionais declinados.
direito de ser julgado sem dilações indevidas, evidentemente prestigia a De qualquer modo, a inclusão do inciso LXXVIII no rol dos direitos e ga-
celeridade processual, não sendo o único instrumento internacional ratifica- rantias fundamentais constitui avanço, assim como adimplemento à obriga-
do pelo Brasil a fazê-lo. ção internacional contida no art. 2º do Pacto de São José da Costa Rica,
A Convenção Americana dos Direitos e dos Deveres do Homem, mais dependendo, entretanto, de sua implementação, agora no plano material.
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, adotada e aberta à 5. DO CONFRONTO ENTRE O PRINCÍPIO DA CELERIDADE OU
assinatura na Conferência Especializada Interamericana de Direitos Huma- BREVIDADE PROCESSUAL E A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO JURIS-
nos (OEA), realizada na cidade de San Jose da Costa Rica, em 22 de DICIONAL. DO CONFRONTO DAQUELE COM A SEGURANÇA JURÍDI-
novembro de 1966, foi ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992. CA.
Tal convenção internacional estabelece, em seu art. 8º, as garantias Aspecto que não deixa de causar preocupação na incessante busca da
judiciais a serem observadas pelos Estados-parte no instrumento: celeridade processual é o da compatibilização desta com a qualidade da
"Artigo 8º - Garantias judiciais prestação jurisdicional e com a segurança jurídica.

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e Com efeito, parece-nos que a simplificação dos procedimentos e a res-
dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, indepen- trição às vias recursais, para determinadas causas, assim como outras
dente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de medidas tendentes a conferir celeridade à tramitação, não podem conduzir
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus a uma queda na qualidade da prestação jurisdicional, tampouco violar o
direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra direito à ampla defesa e contraditório.
natureza." É preciso ter-se presente, por exemplo, que as causas submetidas a
As normas internacionais retro-transcritas consagram o Princípio da procedimento sumário, ou de competência dos Juizados Especiais, v.g.,
Celeridade ou Brevidade Processual, inserindo-o no rol dos direitos funda- não constituem causas de segundo escalão ou segunda classe, cujo julga-
mentais constitucionalmente assegurados, por força da cláusula de recep- mento seja menos importante que as demais.
ção automática (Piovesan) contida no § 2º do art. 5º da Carta Magna, c.c. o Sua reduzida expressão econômica, e.g., não justifica uma instrução e
§ 1º do mesmo artigo, que lhes assegura aplicação imediata, independen- julgamento apressadamente realizados, sem a devida acuidade, quer
temente de intermediação legislativa. (5) quanto aos fatos, quer quanto ao direito do jurisdicionado. Em suma: é
Segue-se, neste ponto, orientação moderna esposada por parte da premente conciliar os valores da celeridade com aqueles da segurança
doutrina internacionalista (PIOVESAN, CANÇADO TRINDADE, etc.), no jurídica e da qualidade da prestação jurisdicional.
sentido de que os instrumentos internacionais que contenham normas Conforme ensina ALVARO COURI ANTUNES SOUSA (op. cit., p. 117):
definidoras de direitos e garantias fundamentais têm status hierárquico de
norma constitucional (CF, art. 5º, § 2º), bem como aplicação imediata (CF, "Talvez a maior dificuldade que se encontre na efetividade de tal prin-
art. 5º, § 1º). cípio [o da utilidade] seja compatibilizar a segurança jurídica e a celeridade
do processo e grau de sacrifício de cada um destes elementos, o que não é
Nem se argumente, em sentido contrário, com base nas inovações pro- impossível se o aplicarmos em conjunto com os demais e ponderando os
cedidas em tal matéria pela própria EC 45/04. bens jurídicos envolvidos no caso concreto."
Referida Emenda Constitucional, ao prever, no novo § 3º do art. 5º, que Em caso de conflito entre os valores já referidos, parece-nos ser indis-

Conhecimentos em Direito 42
pensável conferir proeminência ao da qualidade da prestação jurisdicional e celeridade com valores constitucionais da marca maior, já mencionados, de
da segurança jurídica, a despeito da novel disposição constitucional. modo que não pereça a própria finalidade do processo: o direito do jurisdi-
cionado.
Não deve o aplicador do direito olvidar-se de que o direito processual é
instrumental (11), servindo de veículo aos direitos subjetivos do jurisdiciona- 6. CONCLUSÕES
do, de modo que não se justifica imprimir-se-lhe celeridade caso esta
De todo o exposto, pensamos ter demonstrado:
implique em prejuízo, ainda que eventual, ao direito pelo mesmo assegura-
do. Em outras palavras: não se pode sacrificar o fim em nome dos meios. a) Que, mesmo anteriormente à vigência do texto constitucional com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, já vigorava, no sistema
JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE, sobre o particular, assim
jurídico pátrio, o Princípio da Celeridade ou Brevidade Processual, o qual se
manifesta-se:
depreendia de uma interpretação sistemática e teleológica da legislação
"Como condutor do processo, o juiz tem o dever de, sem sacrificar o interna;
contraditório e a ampla defesa, procurar a solução mais rápida possível
b) Que tal princípio, embora não expresso na Carta Magna, já contava
para o litígio. Para tanto, é dotado de inúmeros poderes, especialmente
com hierarquia constitucional, haja vista a interpretação sistemática do
aqueles destinados a evitar a litigância de má-fé (arts. 17 e ss) e a realiza-
ordenamento, já referida, com a norma insculpida no art. 98, I, da CF, bem
ção de atos instrutórios inúteis e protelatórios (art. 130) [...] A busca da
como a teoria da inclusão automática das normas internacionais definidoras
rápida solução do litígio não deve transformar-se, todavia, no objetivo maior
de direitos e garantias fundamentais (art 5º, §§ 1º e 2º, CF);
do julgador. Ao lado do valor celeridade, encontra-se a segurança, propor-
cionada pelo devido processo legal. Ambos devem ser levados em conside- c) Que a inserção do princípio em comento no texto constitucional ca-
ração pelo juiz, na condução do processo." (Código de Processo Civil racteriza avanço, na medida em que o torna expresso, bem como procede
Interpretado cit., p. 348). ao adimplemento de obrigação internacional assumida pela República
Federativa do Brasil (art. 2º da Convenção Americana de Direitos Huma-
Assim sendo, o que se propõe é uma ponderada interpretação do inci-
nos), restando em aberto a sua concreção no mundo dos fatos;
so LXXVIII do art. 5º da Carta Magna, cotejando as demais disposições
constitucionais, como aquelas assecuratórias do devido processo legal (CF, d) Que a inclusão referida no item precedente não pode constituir-se
art. 5º, LIV), ampla defesa e contraditório (CF, art. 5º, LV), fundamentação em uma apologia desmedida à referida celeridade, em detrimento de valo-
das decisões (art. 93, IX), dentre inúmeras outras, empregando-se os res agasalhados pelo ordenamento, como aqueles da qualidade da presta-
métodos hermenêuticos da interpretação sistemática e teleológica, de modo ção jurisdicional e da segurança jurídica, bem como do devido processo
a não se sacrificar valores jurídicos de primeira água em favor de uma legal (especialmente ampla defesa e contraditório).
apologia desmedida à celeridade. BIBLIOGRAFIA
Convém recordar, ainda, na esteira dos ensinamentos do mestre, que a BASTOS, Celso Ribeiro; TAVARES, André Ramos. As Tendências do Direito
parte, ou seja, o jurisdicionado em questão, possui o direito público subjeti- Público no limiar de um novo milênio. São Paulo: Saraiva, 2000.
vo constitucionalmente assegurado, de acesso ao judiciário, traduzido no CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. 27. ed.
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º, XXXV, Constituição São Paulo: Saraiva, 2002.
Federal), que pressupõe a prestação de tutela jurisdicional adequada, LOPES, Mauro Luís Rocha. Execução Fiscal e Ações Tributárias. 2. ed. Rio de
efetiva e de qualidade. Janeiro: Lumen Juris, 2003.
Há entendimentos em sentido contrário, conferindo maior importância MARCATO, Antonio Carlos, coord. Código de Processo Civil Interpretado. São
Paulo: Atlas, 2004.
ao fator celeridade. Segundo PAULO CÉZAR PINHEIRO CARNEIRO citado
por ALVARO COURI ANTUNES SOUSA (op. cit., p. 118): MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática fo-
rense; modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 20 ed. São Paulo: Atlas,
"O dilema de ontem, entre a segurança e a celeridade, hoje é um falso 2003.
dilema. A rapidez, sem dúvida, deve ser priorizada, com o mínimo de sacri- MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil intepretada e legislação consti-
fício da segurança dos julgados. Da exacerbação do fator segurança, como tucional. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
ocorre em regra no nosso sistema, não decorre maior justiça das decisões. SOUSA, Álvaro Couri Antunes. Juizados Especiais Federais Cíveis: aspectos re-
É perfeitamente possível priorizar a rapidez e ao mesmo tempo assegurar levantes e o sistema recursal da lei n. 10.259/01. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
justiça, permitindo que o vencedor seja aquele que efetivamente tem ra- THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 39. ed. V. 1.
zão." Rio de Janeiro: Forense, 2003.
No entanto, parece-nos evidente que a atual morosidade enfrentada
pelo processo não é exatamente fruto do fator segurança jurídica, como NOTAS
afirmado pelo respeitável autor, mas das carências estruturais do Poder 1 Aqui pensamos caber um pequeno reparo. Cabe dizer que, em nosso juízo, o
Judiciário e do exacerbado número de ações, crescente ano-a-ano, dentre processo é realmente instrumental. No entanto, antes de servir de veículo ao di-
outros fatores, os quais abstemo-nos de mencionar, por extrapolar o objeto reito material que lhe é afim, possui a natureza de garantia fundamental, sendo,
do estudo, conforme afirmado alhures. portanto, veículo, em primeiro plano, dos direitos fundamentais.
2 El derecho a un proceso sin dilaciones indebidas. Madri: Civitas, 1994. p. 32/33.
Outrossim, o que se tem visto é uma queda na qualidade da prestação 3 Idem, ibidem, p. 33,
jurisdicional e, por conseguinte, da segurança jurídica, em virtude de certas 4 CPC: "Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
tentativas de celerizar a instrução e o julgamento dos feitos.
competindo-lhe:
VALENTIN CARRION, com a clareza que lhe é característica, referin- ... omissis...
do-se à problemática da demora na entrega da prestação jurisdicional, nos II - velar pela rápida solução do litígio;"
ensina que 5 CF: "Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

"a parcimônia não se reduz apenas à intolerável demora da coisa jul- garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
gada, mas, por causa da angústia dos juízes, triturados no excesso desu- dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
mano de processos e o desejo, traço-necessidade de tentar solucionar o nos termos seguintes:
impossível encargo, produz o efeito da improvisação e o afogadilho, no (...)
juízo singular e nos colegiados e, portanto, a má qualidade freqüente dos § 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
julgados. Lança-se mão dos mutirões ou das pautas centenárias, além dos imediata.
procedimentos para sentenças improvisadas de conhecimento incompleto, § 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
como é a tutela antecipada e as cautelares satisfativas." (12) (op. cit., p. decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados inter-
557). nacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte."
6 "Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
Em suma, concluindo a abordagem, no que se refere ao tópico presen- garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
te, o que se pretende sublinhar é que, nas palavras de CARRION, não será dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
lançando mão da improvisação e do afogadilho que se resolverá o proble- nos termos seguintes:
ma da morosidade processual, devendo-se sempre tentar compatibilizar a
Conhecimentos em Direito 43
(...) do:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
tos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti- II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge
tucionais." ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
7 CF: "Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das par-
§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: tes;
(...) IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconse-
IV - os direitos e garantias individuais." lhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios
8 Conforme entendimento defendido em trabalho intitulado "A Emenda Constitu- para atender às despesas do litígio;
cional nº 45/04 e o Novo Regime Jurídico dos Tratados Internacionais em Maté- V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
ria de Direitos Humanos", de nossa lavra, publicado no Boletim Diário Jus Navi- Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo ín-
gandi nº 575, de 02/02/2005, disponível em:
timo.
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=6272>.
9 "Artigo 2º - 1. Os Estados-partes no presente Pacto comprometem-se a garantir Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos
a todos os indivíduos que se encontram em seu território e que estejam sujeitos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que
à sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação conhecer da causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento;
alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de caso em que o segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substi-
qualquer outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nasci- tuto legal.
mento ou qualquer outra situação." Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes
10 Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos de todos os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se
1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e declarar suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 304).
liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pes- Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspei-
soa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo ção:
de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natu-
reza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer ou- I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte,
tra condição social. nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano". (destaques au- II - ao serventuário de justiça;
sentes no original). III - ao perito e assistentes técnicos;
"Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1º ainda não IV - ao intérprete.
estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados- § 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição,
partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucio-
nais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de ou-
em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunida-
tra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberda- de em que Ihe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente
des." em separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5
11 Na acepção já referida na nota nº 01. (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido.
12 No mesmo sentido, seguindo a crítica do mestre supracitado, entendemos al- § 2o Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.
tamente temerária a previsão constante do art. 46, in fine, da Lei nº 9.099/95, CAPÍTULO V
extensível aos Juizados Especiais Federais por força da Lei nº 10.259/01, que DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
dispensa de fundamentação os acórdãos prolatados pelas Turmas Recursais,
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são
nos casos de manutenção da decisão proferida pelo Juízo a quo, servindo de
fundamento ao acórdão os mesmos da sentença. Vislumbra-se, no caso, aplica- determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial
ção desvirtuada de simplificação visando à celeridade, em detrimento da quali- de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
dade da prestação jurisdicional, violadora do art. 93, IX, da Carta Magna, inqui- Seção I
nada, portanto, de inafastável inconstitucionalidade. Do Serventuário e do Oficial de Justiça
Art. 140. Em cada juízo haverá um ou mais oficios de justiça, cujas atri-
Informações bibliográficas: buições são determinadas pelas normas de organização judiciária.
SGARBOSSA, Luís Fernando; JENSEN, Geziela. A Emenda Constitucional nº
45/04 e o princípio da celeridade ou brevidade processual. Jus Navigandi, Teresina, Art. 141. Incumbe ao escrivão:
ano 9, n. 669, 5 maio 2005. Disponível em: I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6676>. Acesso em: 20 jun. 2010. mais atos que pertencem ao seu ofício;
Artigos 134 a 144; II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações,
Dos Impedimentos e da Suspeição bem como praticando todos os demais atos, que Ihe forem atribuídos pelas
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo conten- normas de organização judiciária;
cioso ou voluntário: III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para
substituí-lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígra-
I - de que for parte;
fo;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo
funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como que saiam de cartório, exceto:
testemunha;
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pú-
sentença ou decisão; blica;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro
na linha colateral até o segundo grau;
juízo;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou
partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; termo do processo, observado o disposto no art. 155.
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídi- Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substitu-
ca, parte na causa. to, e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.
Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quan- Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
do o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, veda- I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais
do ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quan- menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar-se-

Conhecimentos em Direito 44
á na presença de duas testemunhas; Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocu-
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; tórias e despachos.
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido; § 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previs-
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da tas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de
ordem. 2005)
V - efetuar avaliações. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). § 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do proces-
Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente responsáveis: so, resolve questão incidente.
I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, § 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no pro-
os atos que Ihes impõe a lei, ou os que o juiz, a que estão subordinados, cesso, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não esta-
Ihes comete; belece outra forma.
II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obriga-
Artigos 154 a 242; tória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo
servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952,
DOS ATOS PROCESSUAIS
de 13.12.1994)
CAPÍTULO I
Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pe-
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS los tribunais.
Seção I Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigi-
Dos Atos em Geral dos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbal-
Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma deter- mente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos
minada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os juízes para revisão e assinatura.
que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdi-
Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, pode- ção, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº
rão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por 11.419, de 2006).
meios eletrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade, Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância
validade jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda
Brasileira - ICP - Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006) que de modo conciso.
§ 2o Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, Seção IV
transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
Art. 166. Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segre- autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu regis-
do de justiça os processos: tro, os nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo
I - em que o exigir o interesse público; modo quanto aos volumes que se forem formando.
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, Art. 167. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos,
conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação procedendo da mesma forma quanto aos suplementares.
dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) Parágrafo único. Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de Público, aos peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas corres-
seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que de- pondentes aos atos em que intervieram.
monstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da Art. 168. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes
sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite. constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão.
Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos
vernáculo. com tinta escura e indelével, assinando-os as pessoas que neles intervie-
Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua ram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão
estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por certificará, nos autos, a ocorrência.
tradutor juramentado. § 1o É vedado usar abreviaturas. (Incluído pela Lei nº 11.419, de
Seção II 2006).
Dos Atos da Parte § 2o Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os
Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e
ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modifi- armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolá-
cação ou a extinção de direitos processuais. vel, na forma da lei, mediante registro em termo que será assinado digital-
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de mente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos
homologada por sentença. advogados das partes. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
Art. 159. Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as § 3o No caso do § 2o deste artigo, eventuais contradições na transcri-
petições e documentos que instruírem o processo, não constantes de ção deverão ser suscitadas oralmente no momento da realização do ato,
registro público, serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano, registrando-se a
por quem os oferecer. alegação e a decisão no termo. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
§ 1o Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe da secretaria irá Parágrafo único. É vedado usar abreviaturas.
formando autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos Art. 170. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro méto-
os atos e termos do processo original. do idôneo, em qualquer juízo ou tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952,
§ 2o Os autos suplementares só sairão de cartório para conclusão ao de 13.12.1994)
juiz, na falta dos autos originais. Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem
Art. 160. Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, pa- como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados
péis e documentos que entregarem em cartório. e estas expressamente ressalvadas.
Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o CAPÍTULO II
juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo. Seção I
Seção III Do Tempo
Dos Atos do Juiz Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis)

Conhecimentos em Direito 45
às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) provar que o não realizou por justa causa.
§ 1o Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos ini- § 1o Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da
ciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave parte, e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 2o Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no
§ 2o A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e median- prazo que Ihe assinar.
te autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, ex-
dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto cluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela
no art. 5o, inciso Xl, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o ven-
§ 3o Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por cimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº
meio de petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do 5.925, de 1º.10.1973)
horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local.
I - for determinado o fechamento do fórum;
(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos pro-
cessuais. Excetuam-se: § 2o Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a
intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de
I - a produção antecipada de provas (art. 846);
13.9.1990)
II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o ar-
Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5
resto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o
(cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os
embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos. Art. 186. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamen-
te em seu favor.
Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr
no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias. Art. 187. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado,
pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos que este Código Ihe assina.
Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela su-
perveniência delas: Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro pa-
ra recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conser-
vação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento; Art. 189. O juiz proferirá:
II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tuto- I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;
res e curadores, bem como as mencionadas no art. 275; II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.
III - todas as causas que a lei federal determinar. Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no pra-
Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias de- zo de 24 (vinte e quatro) horas e executar os atos processuais no prazo de
clarados por lei. 48 (quarenta e oito) horas, contados:
Seção II I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se Ihe foi
Do Lugar imposto pela lei;
Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordinário na sede do juí- II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
zo. Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e
interesse da justiça, ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido a hora em que ficou ciente da ordem, referida no no Il.
pelo juiz. Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-
CAPÍTULO III lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de
DOS PRAZOS modo geral, para falar nos autos.
Seção I Art. 192. Quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente
Das Disposições Gerais obrigarão a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.
Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em Seção II
lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
complexidade da causa.
Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem mo-
Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se tivo legítimo, os prazos que este Código estabelece.
interrompendo nos feriados.
Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento admi-
Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o nistrativo, na forma da Lei de Organização Judiciária.
que Ihe sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo
das férias. Art. 195. O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fa-
zendo, mandará o juiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desen-
Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado tranhar as alegações e documentos que apresentar.
pela parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, I e III; casos
em que o prazo será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que
complementação. exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e
quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa,
Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.
prazo dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do
vencimento do prazo, se fundar em motivo legítimo. Parágrafo único. Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local
da Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e
§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da prorrogação. imposição da multa.
§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em favor de quem Art. 197. Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante
foi concedida a prorrogação. da Fazenda Pública as disposições constantes dos arts. 195 e 196.
Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, redu- Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá
zir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu
for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de os prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao órgão competen-
60 (sessenta) dias. te, instaurar-se-á procedimento para apuração da responsabilidade. O
Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu
o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos. excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa.
Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de decla- Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais supe-
ração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte riores na forma que dispuser o seu regimento interno.

Conhecimentos em Direito 46
CAPÍTULO IV Art. 212. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem, no prazo
DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS de 10 (dez) dias, independentemente de traslado, pagas as custas pela
parte.
Seção I
Seção III
Das Disposições Gerais
Das Citações
Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou
requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interes-
limites territoriais da comarca. sado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tri- Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial
bunal de que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade do réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
judiciária estrangeira; e carta precatória nos demais casos. § 1o O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de
Seção II citação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Das Cartas § 2o Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta
decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advo-
Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precató-
gado for intimado da decisão. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
ria e da carta rogatória:
1º.10.1973)
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do legal ou ao procurador legalmente autorizado.
mandato conferido ao advogado;
§ 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu man-
III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto; datário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. por eles praticados.
§ 1o O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem § 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de
como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documen- que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com
tos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou testemu- poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do
nhas. imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis.
§ 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, es- Art. 216 A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o
te será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica. réu.
§ 3o A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória pode ser ex- Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em
pedida por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser que estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for
eletrônica, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). encontrado.
Art. 203. Em todas as cartas declarará o juiz o prazo dentro do qual de- Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento
verão ser cumpridas, atendendo à facilidade das comunicações e à nature- do direito:
za da diligência. I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; (Inciso II
Art. 204. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de Ihe ser or- renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
denado o cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim,
consta, a fim de se praticar o ato. em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento
Art. 205. Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta e nos 7 (sete) dias seguintes; (Inciso III renumerado pela Lei nº 8.952, de
precatória por telegrama, radiograma ou telefone. 13.12.1994
Art. 206. A carta de ordem e a carta precatória, por telegrama ou radio- III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; (Inciso IV renume-
grama, conterão, em resumo substancial, os requisitos mencionados no art. rado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994
202, bem como a declaração, pela agência expedidora, de estar reconheci- IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Inciso V renumerado
da a assinatura do juiz. pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994
Art. 207. O secretário do tribunal ou o escrivão do juízo deprecante Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é
transmitirá, por telefone, a carta de ordem, ou a carta precatória ao juízo, demente ou está impossibilitado de recebê-la.
em que houver de cumprir-se o ato, por intermédio do escrivão do primeiro
§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente
ofício da primeira vara, se houver na comarca mais de um ofício ou de uma
a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O
vara, observando, quanto aos requisitos, o disposto no artigo antecedente.
laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.
§ 1o O escrivão, no mesmo dia ou no dia útil imediato, telefonará ao
§ 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador,
secretário do tribunal ou ao escrivão do juízo deprecante, lendo-lhe os
observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A
termos da carta e solicitando-lhe que Iha confirme.
nomeação é restrita à causa.
§ 2o Sendo confirmada, o escrivão submeterá a carta a despacho.
§ 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a de-
Art. 208. Executar-se-ão, de ofício, os atos requisitados por telegrama, fesa do réu.
radiograma ou telefone. A parte depositará, contudo, na secretaria do
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e
tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a importância correspondente
faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente,
às despesas que serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o ato.
constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela
Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-a Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
com despacho motivado:
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da
I - quando não estiver revestida dos requisitos legais; ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierar- § 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias sub-
quia; seqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demo-
III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade. ra imputável exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei
Art. 210. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e nº 8.952, de 13.12.1994)
modo de seu cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta § 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de
desta, será remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
depois de traduzida para a língua do país em que há de praticar-se o ato. § 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágra-
Art. 211. A concessão de exeqüibilidade às cartas rogatórias das justi- fos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação
ças estrangeiras obedecerá ao disposto no Regimento Interno do Supremo dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Tribunal Federal. § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei

Conhecimentos em Direito 47
nº 11.280, de 2006) mandado.
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo ante- Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o
rior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta
Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extin- a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação,
tivos previstos na lei. na hora que designar.
Art. 221. A citação far-se-á: Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independente-
mente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do
I - pelo correio;
citando, a fim de realizar a diligência.
II - por oficial de justiça;
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará in-
III - por edital. formar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o
IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pe- citando se tenha ocultado em outra comarca.
la Lei nº 11.419, de 2006). § 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com
Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-
País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) lhe o nome.
a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu car-
b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de ta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.
24.9.1993) Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem
c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou
de 24.9.1993) intimações em qualquer delas.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de Art. 231. Far-se-á a citação por edital:
24.9.1993) I - quando desconhecido ou incerto o réu;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encon-
correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) trar;
f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, III - nos casos expressos em lei.
de 24.9.1993) § 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país
Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secre- que recusar o cumprimento de carta rogatória.
taria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a
expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca
refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a res- houver emissora de radiodifusão.
posta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. (Redação dada pela
Art. 232. São requisitos da citação por edital: (Redação dada pela Lei
Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exi-
I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstân-
gindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu
cias previstas nos ns. I e II do artigo antecedente; (Redação dada pela Lei
pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência
nº 5.925, de 1º.10.1973)
geral ou de administração. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
Art. 224. Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
ressalvados no art. 222, ou quando frustrada a citação pelo correio. (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma
vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver;
Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
conter: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e
I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou
60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; (Redação
residências;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição
V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio
inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte,
versar sobre direitos disponíveis.(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
se o litígio versar sobre direitos disponíveis;(Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973) § 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem co-
mo do anúncio, de que trata o no II deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
III - a cominação, se houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
5.925, de 1º.10.1973 e parágrafo único renumerado pela Lei nº 7.359, de
1º.10.1973)
10.9.1985)
IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; (Redação dada pela Lei nº
§ 2o A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a
5.925, de 1º.10.1973)
parte for beneficiária da Assistência Judiciária. (Incluído pela Lei nº 7.359,
V - a cópia do despacho; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de de 10.9.1985)
1º.10.1973)
Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosa-
VI - o prazo para defesa; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de mente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes
1º.10.1973) o salário mínimo vigente na sede do juízo.
VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
ordem do juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Seção IV
Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o Das Intimações
autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quan-
Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e
tos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o
termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
original, farão parte integrante do mandado. (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973) Art. 235. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes,
salvo disposição em contrário.
Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encon-
trar, citá-lo: Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territó-
rios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
órgão oficial.
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
§ 1o É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação cons-
III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no tem os nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identi-

Conhecimentos em Direito 48
ficação. execução (Livro II), cautelar (Livro III) e os procedimentos especiais (Livro
§ 2o A intimação do Ministério Público, em qualquer caso será feita IV).
pessoalmente. Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo
Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo ante- disposição em contrário deste Código ou de lei especial.
cedente, se houver órgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário. (Redação da-
competirá ao escrivão intimar, de todos os atos do processo, os advogados da pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
das partes: Parágrafo único. O procedimento especial e o procedimento sumário
I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo; regem-se pelas disposições que Ihes são próprias, aplicando-se-lhes,
II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado subsidiariamente, as disposições gerais do procedimento ordinário. (Incluí-
fora do juízo. do pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas
(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
às partes, aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou,
se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretari- I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
a.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto pro-
dirigidas ao endereço residencial ou profissional declinado na inicial, con- pósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
testação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preci-
sempre que houver modificação temporária ou definitiva. (Incluído pela Lei so, as razões do seu convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
nº 11.382, de 2006). § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo
Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952,
frustrada a realização pelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de de 13.12.1994)
24.9.1993) § 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e con-
Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter: (Redação dada forme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e
pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) 461-A. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionan- § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer
do, quando possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
a expediu; 13.12.1994)
II - a declaração de entrega da contrafé; § 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo
III - a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no até final julgamento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
mandado. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou
Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Parágrafo único. As intimações consideram-se realizadas no primeiro § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência
dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pres-
expediente forense. (Incluído pela Lei nº 8.079, de 13.9.1990) supostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo
ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 241. Começa a correr o prazo: (Redação dada pela Lei nº 8.710,
de 24.9.1993) CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada
aos autos do aviso de recebimento; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de Art. 274. O procedimento ordinário reger-se-á segundo as disposições
24.9.1993) dos Livros I e II deste Código.
II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de CAPÍTULO III
juntada aos autos do mandado cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO
de 24.9.1993) Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela
III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; (Redação dada pela I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do
Lei nº 8.710, de 24.9.1993) salário mínimo; (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, pre- II - nas causas, qualquer que seja o valor (Redação dada pela Lei nº
catória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumpri- 9.245, de 26.12.1995)
da; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; (Redação dada pela
V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993) b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao con-
Art. 242. O prazo para a interposição de recurso conta-se da data, em domínio; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
que os advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão. c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; (Redação
§ 1o Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
decisão ou a sentença. d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via
§ 2o Havendo antecipação da audiência, o juiz, de ofício ou a requeri- terrestre; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
mento da parte, mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em aci-
da nova designação . (§ 3o renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) dente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; (Reda-
ção dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
Artigos 270 a 475; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO em legislação especial; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
CAPÍTULO I g) que versem sobre revogação de doação; (Redação dada pela Lei nº
12.122, de 2009).
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
h) nos demais casos previstos em lei. (Incluído pela Lei nº 12.122, de
Art. 270. Este Código regula o processo de conhecimento (Livro I), de
2009).

Conhecimentos em Direito 49
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações re- IV - o pedido, com as suas especificações;
lativas ao estado e à capacidade das pessoas. (Redação dada pela Lei nº V - o valor da causa;
9.245, de 26.12.1995)
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fa-
Art. 276. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, tos alegados;
se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico.
VII - o requerimento para a citação do réu.
(Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispen-
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no
sáveis à propositura da ação.
prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez
dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o compa- Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requi-
recimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão sitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularida-
em dobro. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) des capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a
emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença,
podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.(Incluído pela Lei nº 9.245, de Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a
26.12.1995) petição inicial.
§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, re- Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, or-
putar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (art. 319), salvo denando a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não
se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadei-
sentença. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) ros, os fatos articulados pelo autor. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fa-
zer-se representar por preposto com poderes para transigir. (Incluído pela Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e
Lei nº 9.245, de 26.12.1995) no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros
casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença,
§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da
reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº
causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se
11.277, de 2006)
for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário. ((Incluído
pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) § 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco)
dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação.
§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de
(Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
prova técnica de maior complexidade. (Incluído pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995) § 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu pa-
ra responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiên-
cia, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de teste- Seção II
munhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, poden- Do Pedido
do indicar assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, for-
26.12.1995) mular pedido genérico: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, des- I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os
de que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. (Redação dada pela bens demandados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Lei nº 9.245, de 26.12.1995) II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conse-
§ 2º Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qüências do ato ou do fato ilícito; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II, será designada 1º.10.1973)
audiência de instrução e julgamento para data próxima, não excedente de III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato
trinta dias, salvo se houver determinação de perícia. (Redação dada pela que deva ser praticado pelo réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
Lei nº 9.245, de 26.12.1995) 1º.10.1973)
Art. 279. Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser do- Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prá-
cumentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de tica de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa,
documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz. poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumpri-
(Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) mento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e
Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a ta- 461-A).(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
quigrafia, a estenotipia ou outro método de documentação, os depoimentos Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obriga-
serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o essencial.(Incluído ção, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao
Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação decla- devedor, o juiz Ihe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de
ratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro. Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim
(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.
Art. 281 - Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá senten- Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, con-
ça na própria audiência ou no prazo de dez dias. (Redação dada pela Lei nº siderar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração
9.245, de 26.12.1995) expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las
TÍTULO VIII ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO a obrigação.
CAPÍTULO I Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele
que não participou do processo receberá a sua parte, deduzidas as despe-
DA PETIÇÃO INICIAL
sas na proporção de seu crédito.
Seção I
Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mes-
Dos Requisitos da Petição Inicial mo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
Art. 282. A petição inicial indicará: § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
do autor e do réu;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedi-

Conhecimentos em Direito 50
mento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
ordinário. 1º.10.1973)
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreenden- IV - perempção; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
do-se, entretanto, no principal os juros legais. V - litispendência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à Vl - coisa julgada; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação dada
VII - conexão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
pela Lei nº 8.718, de 14.10.1993)
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autori-
Seção III
zação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Do Indeferimento da Petição Inicial
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de
Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 23.9.1996)
5.925, de 1º.10.1973)
X - carência de ação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando for inepta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preli-
II - quando a parte for manifestamente ilegítima; (Redação dada pela minar. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz
III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada ação anteriormente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 1º.10.1973)
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição § 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a
(art. 219, § 5o); (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) mesma causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corres- 5.925, de 1º.10.1973)
ponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será § 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há
indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; (Redação coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) que não caiba recurso. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, § 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício
primeira parte, e 284. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: (Reda- 1º.10.1973)
ção dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fa-
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; (Redação dada pela Lei nº tos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não
5.925, de 1º.10.1973) impugnados, salvo:
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; (Re- I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
dação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público
III - o pedido for juridicamente impossível; (Redação dada pela Lei nº que a lei considerar da substância do ato;
5.925, de 1º.10.1973) III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. (Redação dada pela Lei nº conjunto.
5.925, de 1º.10.1973) Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especifi-
Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao cada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao
juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Reda- órgão do Ministério Público.
ção dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações
Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão ime- quando:
diatamente encaminhados ao tribunal competente. (Redação dada pela Lei I - relativas a direito superveniente;
nº 8.952, de 13.12.1994)
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
CAPÍTULO II
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qual-
DA RESPOSTA DO RÉU quer tempo e juízo.
Seção I Seção III
Das Disposições Gerais Das Exceções
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em peti- Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a
ção escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção. incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para 135).
responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191. Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias,
não citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a sus-
deferir a desistência. peição.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultanea- Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a
mente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requeri-
autos principais. mento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação. (Incluí-
Seção II do pela Lei nº 11.280, de 2006)
Da Contestação Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III),
até que seja definitivamente julgada.
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de de-
fesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do Subseção I
autor e especificando as provas que pretende produzir. Da Incompetência
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Re- Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamenta-
dação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) da e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.
I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ou-
5.925, de 1º.10.1973) vindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.
II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará
1º.10.1973) audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias. (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Conhecimentos em Direito 51
profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistên-
Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifes- cia do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5o).
tamente improcedente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Seção III
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao Dos Fatos Impeditivos, Modificativos ou Extintivos do Pedido
juiz competente. Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro
Subseção II Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será
Do Impedimento e da Suspeição ouvido no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova
Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, documental.
especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao Seção IV
juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente
Das Alegações do Réu
fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.
Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art.
Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento
301, o juiz mandará ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe
ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em
a produção de prova documental. Verificando a existência de irregularida-
caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanha-
des ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte
das de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a
prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
remessa dos autos ao tribunal.
Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo ne-
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribu-
cessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo,
nal determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas
observando o que dispõe o capítulo seguinte.
custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.
Seção IV CAPÍTULO V
Da Reconvenção DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez Seção I
que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento Da Extinção do Processo
da defesa. Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao au- 269, II a V, o juiz declarará extinto o processo.
tor, quando este demandar em nome de outrem. (§ 1º renumerado pela Lei Seção II
nº 9.245, de 26.12.1995)
Do Julgamento Antecipado da Lide
Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado,
na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de
a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção. direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência;
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
CAPÍTULO III II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº
DA REVELIA 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os Seção III
fatos afirmados pelo autor. Da Audiência Preliminar
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
antecedente: Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias,
para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento públi- representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. (Reda-
co, que a lei considere indispensável à prova do ato. ção dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, § 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por
ou a causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promoven- sentença. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
do nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no
prazo de 15 (quinze) dias. § 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará
os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e
Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de ins-
prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato trução e julgamento, se necessário. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
decisório. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006) 13.12.1994)
Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, § 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstân-
recebendo-o no estado em que se encontrar. (Incluído pela Lei nº 11.280, cias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá,
de 2006) desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos
CAPÍTULO IV do § 2o. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
CAPÍTULO VI
Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão
dos autos. O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as DAS PROVAS
providências preliminares, que constam das seções deste Capítulo. Seção I
Seção I Das Disposições Gerais
Do Efeito da Revelia Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos,
Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não o- ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verda-
correu o efeito da revelia, mandará que o autor especifique as provas que de dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.
pretenda produzir na audiência. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de Art. 333. O ônus da prova incumbe:
1º.10.1973)
Seção II I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
Da Declaração incidente II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extin-
Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedi- tivo do direito do autor.
do, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o

Conhecimentos em Direito 52
ônus da prova quando: II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
I - recair sobre direito indisponível da parte; Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. desquite e de anulação de casamento.
Art. 334. Não dependem de prova os fatos: Seção III
I - notórios; Da Confissão
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato,
contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
ou extrajudicial.
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da
Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as re- confissão espontânea, tanto que requerida pela parte, se lavrará o respecti-
gras de experiência comum subministradas pela observação do que ordina- vo termo nos autos; a confissão provocada constará do depoimento pessoal
riamente acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, prestado pela parte.
quanto a esta, o exame pericial.
Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria
Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser parte, ou por mandatário com poderes especiais.
produzidas em audiência.
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudi-
Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, cando, todavia, os litisconsortes.
ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direi-
audiência, mas não de prestar depoimento, o juiz designará, conforme as
tos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.
outro.
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos rela-
consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o
tivos a direitos indisponíveis.
juiz.
Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode
Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória suspenderão o processo,
ser revogada:
no caso previsto na alínea b do inciso IV do art. 265 desta Lei, quando,
tendo sido requeridas antes da decisão de saneamento, a prova nelas I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
solicitada apresentar-se imprescindível. (Redação dada pela Lei nº 11.280, II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da
de 2006) qual constituir o único fundamento.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos ca-
dentro do prazo ou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas sos de que trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdei-
aos autos até o julgamento final. ros.
Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judici- Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a
ário para o descobrimento da verdade. represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou
Art. 340. Além dos deveres enumerados no art. 14, compete à parte: contida em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.
I - comparecer em juízo, respondendo ao que Ihe for interrogado; Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia
nos casos em que a lei não exija prova literal.
II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária;
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que
III - praticar o ato que Ihe for determinado.
a quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la
Art. 341. Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito: no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, de que tenha conheci- aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de
mento; direito material ou de reconvenção.
II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder. Seção IV
Seção II Da Exibição de Documento ou Coisa
Do Depoimento Pessoal Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa,
Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, de- que se ache em seu poder.
terminar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:
os fatos da causa.
I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da
Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada par- coisa;
te requerer o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiên-
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o
cia de instrução e julgamento.
documento ou a coisa;
§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o
se presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compa-
documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
reça ou, comparecendo, se recuse a depor.
Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subse-
§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recu-
qüentes à sua intimação. Se afirmar que não possui o documento ou a
sar a depor, o juiz Ihe aplicará a pena de confissão.
coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a
Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição declaração não corresponde à verdade.
de testemunhas.
Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:
Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interro-
I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;
gatório da outra parte.
II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o
Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder
intuito de constituir prova;
ao que Ihe for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as
demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
houve recusa de depor. Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos
Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:
não podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração
todavia, a consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclare- no prazo do art. 357;
cimentos. II - se a recusa for havida por ilegítima.
Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos: Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro,
I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados; o juiz mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.

Conhecimentos em Direito 53
Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do do- falta.
cumento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o Art. 367. O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a
depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a
seguida proferirá a sentença. mesma eficácia probatória do documento particular.
Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibi- Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e
ção, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao
noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente signatário.
que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, rela-
juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força
tiva a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas
policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.
não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus
Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o docu- de provar o fato.
mento ou a coisa: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 369. Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reco-
I - se concernente a negócios da própria vida da família; (Redação da- nhecer a firma do signatário, declarando que foi aposta em sua presença.
da pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 370. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir
II - se a sua apresentação puder violar dever de honra; (Redação dada
dúvida ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
de direito. Mas, em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documen-
III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao to particular:
terceiro, bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro
I - no dia em que foi registrado;
grau; ou lhes representar perigo de ação penal; (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973) II - desde a morte de algum dos signatários;
IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por III - a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos sig-
estado ou profissão, devam guardar segredo; (Redação dada pela Lei nº natários;
5.925, de 1º.10.1973) IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbí- V - do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da
trio do juiz, justifiquem a recusa da exibição. (Redação dada pela Lei nº formação do documento.
5.925, de 1º.10.1973) Art. 371. Reputa-se autor do documento particular:
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem I - aquele que o fez e o assinou;
respeito só a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá
uma suma para ser apresentada em juízo. (Redação dada pela Lei nº II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;
5.925, de 1º.10.1973) III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a
Seção V experiência comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e
Da Prova Documental assentos domésticos.
Subseção I Art. 372. Compete à parte, contra quem foi produzido documento parti-
Da Força Probante dos Documentos cular, alegar no prazo estabelecido no art. 390, se Ihe admite ou não a
autenticidade da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se,
Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas com o silêncio, que o tem por verdadeiro.
também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que
ocorreram em sua presença. Parágrafo único. Cessa, todavia, a eficácia da admissão expressa ou
tácita, se o documento houver sido obtido por erro, dolo ou coação.
Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais:
Art. 373. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das documento particular, de cuja autenticidade se não duvida, prova que o seu
audiências, ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele autor fez a declaração, que Ihe é atribuída.
ou sob sua vigilância e por ele subscritas;
Parágrafo único. O documento particular, admitido expressa ou tacita-
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instru- mente, é indivisível, sendo defeso à parte, que pretende utilizar-se dele,
mentos ou documentos lançados em suas notas; aceitar os fatos que Ihe são favoráveis e recusar os que são contrários ao
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas seu interesse, salvo se provar que estes se não verificaram.
por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais. Art. 374. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de trans-
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial de- missão tem a mesma força probatória do documento particular, se o original
claradas autênticas pelo próprio advogado sob sua responsabilidade pes- constante da estação expedidora foi assinado pelo remetente.
soal, se não lhes for impugnada a autenticidade. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo ta-
11.382, de 2006). belião, declarando-se essa circunstância no original depositado na estação
V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde expedidora.
que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações Art. 375. O telegrama ou o radiograma presume-se conforme com o o-
conferem com o que consta na origem; (Incluído pela Lei nº 11.419, de riginal, provando a data de sua expedição e do recebimento pelo destinatá-
2006). rio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou Art. 376. As cartas, bem como os registros domésticos, provam contra
particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus quem os escreveu quando:
auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias,
pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados, I - enunciam o recebimento de um crédito;
ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou II - contêm anotação, que visa a suprir a falta de título em favor de
durante o processo de digitalização. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). quem é apontado como credor;
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no inciso III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija de-
VI do caput deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o terminada prova.
final do prazo para interposição de ação rescisória. (Incluído pela Lei nº Art. 377. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento
11.419, de 2006). representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefí-
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou ou- cio do devedor.
tro documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar Parágrafo único. Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o
o seu depósito em cartório ou secretaria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de credor conservar em seu poder, como para aquele que se achar em poder
2006). do devedor.
Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao
público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
Conhecimentos em Direito 54
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. rerá em apenso aos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o
Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos relator, observando-se o disposto no artigo antecedente.
por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes. Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspen-
Art. 380. A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam derá o processo principal.
dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros Ihe Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou
são contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade. autenticidade do documento.
Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição inte- Subseção III
gral dos livros comerciais e dos documentos do arquivo: Da Produção da Prova Documental
I - na liquidação de sociedade; Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a res-
II - na sucessão por morte de sócio; posta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.
III - quando e como determinar a lei. Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos docu-
mentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois
Art. 382. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos
dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
livros e documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio,
bem como reproduções autenticadas. Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento
aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 383. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinema-
tográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas Art. 399. O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo
representadas, se aquele contra quem foi produzida Ihe admitir a conformi- ou grau de jurisdição:
dade. I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interes-
o juiz ordenará a realização de exame pericial. sados a União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da
Art. 384. As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos administração indireta.
de repetição, dos documentos particulares, valem como certidões, sempre § 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e
que o escrivão portar por fé a sua conformidade com o original. improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das
Art. 385. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante peças indicadas pelas partes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos
que o original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à confe- à repartição de origem. (Renumerado pela Lei nº 11.419, de 2006).
rência e certificar a conformidade entre a cópia e o original. § 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em
§ 1o - Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do meio eletrônico conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio,
respectivo negativo. que se trata de extrato fiel do que consta em seu banco de dados ou do
documento digitalizado. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
§ 2o - Se a prova for uma fotografia publicada em jornal, exigir-se-ão o
original e o negativo. Seção VI
Da Prova Testemunhal
Art. 386. O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documen-
Subseção I
to, quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emen-
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
da, borrão ou cancelamento.
Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei
Art. 387. Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe de-
de modo diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
clarada judicialmente a falsidade.
I - já provados por documento ou confissão da parte;
Parágrafo único. A falsidade consiste:
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
I - em formar documento não verdadeiro;
Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contra-
II - em alterar documento verdadeiro.
tos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no
Art. 388. Cessa a fé do documento particular quando: país, ao tempo em que foram celebrados.
I - lhe for contestada a assinatura e enquanto não se Ihe comprovar a Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova
veracidade; testemunhal, quando:
II - assinado em branco, for abusivamente preenchido. I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele, que recebeu docu- emanado da parte contra quem se pretende utilizar o documento como
mento assinado, com texto não escrito no todo ou em parte, o formar ou o prova;
completar, por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a
signatário. prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito
Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando: necessário ou hospedagem em hotel.
I - se tratar de falsidade de documento, à parte que a argüir; Art. 403. As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes apli-
II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o do- cam-se ao pagamento e à remissão da dívida.
cumento. Art. 404. É lícito à parte inocente provar com testemunhas:
Subseção II I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a von-
Da Argüição de Falsidade tade declarada;
Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau II - nos contratos em geral, os vícios do consentimento.
de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as
suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da intima- incapazes, impedidas ou suspeitas. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
ção da sua juntada aos autos. 1º.10.1973)
Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de encerrada a ins- § 1o São incapazes: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
trução, a parte o argüirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, I - o interdito por demência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que 1º.10.1973)
provará o alegado.
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo
Art. 392. Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que
prazo de 10 (dez) dias, o juiz ordenará o exame pericial. deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; (Redação dada
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
produziu o documento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se III - o menor de 16 (dezesseis) anos; (Incluído pela Lei nº 5.925, de
opuser ao desentranhamento. 1º.10.1973)
Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade cor-

Conhecimentos em Direito 55
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
que Ihes faltam. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do
§ 2o São impedidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; (Redação
dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer
grau, ou colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consan- V - o procurador-geral da República;
güinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se Vl - os senadores e deputados federais;
de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a Vll - os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;
prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; (Redação
Vlll - os deputados estaduais;
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribu-
II - o que é parte na causa; (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
nais de Alçada, os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribu-
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do nais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos
menor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e Estados e do Distrito Federal;
outros, que assistam ou tenham assistido as partes. (Incluído pela Lei nº
X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prer-
5.925, de 1º.10.1973)
rogativa ao agente diplomático do Brasil.
§ 3o São suspeitos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. O juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e
I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da
julgado a sentença; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) defesa oferecida pela parte, que arrolou como testemunha.
II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; (Redação dada pela Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constan-
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) do do mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a
III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; (Redação dada natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento.
IV - o que tiver interesse no litígio. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
1º.10.1973) § 1o A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha,
§ 4o Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedi- independentemente de intimação; presumindo-se, caso não compareça,
das ou suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independen- que desistiu de ouvi-la. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
temente de compromisso (art. 415) e o juiz Ihes atribuirá o valor que pos- § 2o Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou mili-
sam merecer. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) tar, o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos: que servir. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - que Ihe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos § 3o A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com en-
seus parentes consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em trega em mão própria, quando a testemunha tiver residência certa. (Incluído
segundo grau; pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo. Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente;
primeiro as do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma
Subseção II
não ouça o depoimento das outras.
Da Produção da Prova Testemunhal
Art. 414. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o
Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a nome por inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se
data da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando- tem relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do proces-
lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, so.
o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência. (Redação dada
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapaci-
pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
dade, o impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que
Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez teste- Ihe são imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou
munhas; quando qualquer das partes oferecer mais de três testemunhas com testemunhas, até três, apresentada no ato e inquiridas em separado.
para a prova de cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes. Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha,
Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo anteceden- ou Ihe tomará o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4o.
te, a parte só pode substituir a testemunha: § 2o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, ale-
I - que falecer; gando os motivos de que trata o art. 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; de plano.
III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de Art. 415. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso
justiça. de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado.
Art. 409. Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este: Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam penal quem faz a afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.
influir na decisão; caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, Art. 416. O juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, ca-
desistir de seu depoimento; bendo, primeiro à parte, que a arrolou, e depois à parte contrária, formular
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. perguntas tendentes a esclarecer ou completar o depoimento.
Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o § 1o As partes devem tratar as testemunhas com urbanidade, não Ihes
juiz da causa, exceto: fazendo perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexató-
rias.
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
§ 2o As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcri-
II - as que são inquiridas por carta; tas no termo, se a parte o requerer. (Redação dada pela Lei nº 7.005, de
III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilita- 28.6.1982)
das de comparecer em juízo (art. 336, parágrafo único); Art. 417. O depoimento, datilografado ou registrado por taquigrafia, es-
IV - as designadas no artigo seguinte. tenotipia ou outro método idôneo de documentação, será assinado pelo
Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua juiz, pelo depoente e pelos procuradores, facultando-se às partes a sua
função: gravação. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - o Presidente e o Vice-Presidente da República; § 1o O depoimento será passado para a versão datilográfica quando
II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados; houver recurso da sentença ou noutros casos, quando o juiz o determinar,
de ofício ou a requerimento da parte. (Renumerado pela Lei nº 11.419, de
III - os ministros de Estado; 2006).

Conhecimentos em Direito 56
§ 2o Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o disposto nos nhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder
§§ 2o e 3o do art. 169 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plan-
Art. 418. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte: tas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.
I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou Art. 430. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
das testemunhas; Art. 431. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992))
II - a acareação de duas ou mais testemunhas ou de alguma delas com Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz
a parte, quando, sobre fato determinado, que possa influir na decisão da ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (Incluído pela
causa, divergirem as suas declarações. Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
Art. 419. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma
que efetuou para comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um
logo que arbitrada, ou depositá-la em cartório dentro de 3 (três) dias. perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. O depoimento prestado em juízo é considerado servi- 10.358, de 27.12.2001)
ço público. A testemunha, quando sujeita ao regime da legislação trabalhis- Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o
ta, não sofre, por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação,
no tempo de serviço. segundo o seu prudente arbítrio.
Seção VII Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo
Da Prova Pericial juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamen-
to. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; do laudo.(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsida-
III - a verificação for impraticável. de de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido,
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializa-
entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) dos. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a
§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intima- exame, ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
ção do despacho de nomeação do perito: 13.12.1994)
I - indicar o assistente técnico; Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da
letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, docu-
II - apresentar quesitos. mentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer
§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em
apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem comparação.
informalmente examinado ou avaliado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente
24.8.1992) técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência,
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.
cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a
técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspei- prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5
ção. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) (cinco) dias antes da audiência.
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por im- Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a
pedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar proce- sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.
dente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. (Redação dada pela Lei nº
8.455, de 24.8.1992) Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da par-
te, a realização de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficien-
Art. 424. O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei temente esclarecida.
nº 8.455, de 24.8.1992)
Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que
I - carecer de conhecimento técnico ou científico; recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe resultados a que esta conduziu.
foi assinado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocor- para a primeira.
rência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo
perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decor- ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.
rente do atraso no processo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de
24.8.1992) Seção VIII
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos Da Inspeção Judicial
suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qual-
parte contrária. quer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclare-
Art. 426. Compete ao juiz: cer sobre fato, que interesse à decisão da causa.
I - indeferir quesitos impertinentes; Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um
ou mais peritos.
II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quan-
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na i- do:
nicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres
técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. (Redação I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fa-
dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) tos que deva observar;
Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proce- II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis
der-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, despesas ou graves dificuldades;
ao qual se requisitar a perícia. Ill - determinar a reconstituição dos fatos.
Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assis- Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção,
tentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemu- prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interes-

Conhecimentos em Direito 57
se para a causa. prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstan- convencionarem de modo diverso.
ciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. § 2o No caso previsto no art. 56, o opoente sustentará as suas razões
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) em primeiro lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou (vinte) minutos.
fotografia. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) § 3o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de di-
CAPÍTULO VII reito, o debate oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o
juiz designará dia e hora para o seu oferecimento.
DA AUDIÊNCIA
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir,
Seção I
num só dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu
Das Disposições Gerais prosseguimento para dia próximo.
Art. 444. A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferi-
realizar-se-á a portas fechadas. rá a sentença desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela
Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe: Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - manter a ordem e o decoro na audiência; Art. 457. O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em
II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos e a
inconvenientemente; sentença, se esta for proferida no ato.
III - requisitar, quando necessário, a força policial. § 1o Quando o termo for datilografado, o juiz Ihe rubricará as folhas,
Art. 446. Compete ao juiz em especial: ordenando que sejam encadernadas em volume próprio.
I - dirigir os trabalhos da audiência; § 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o órgão do Ministério
Público e o escrivão.
II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;
§ 3o O escrivão trasladará para os autos cópia autêntica do termo de
III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discu- audiência.
tam a causa com elevação e urbanidade.
§ 4o Tratando-se de processo eletrônico, observar-se-á o disposto nos
Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assisten- §§ 2o e 3o do art. 169 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
tes técnicos e as testemunhas, os advogados não podem intervir ou apar-
tear, sem licença do juiz. CAPÍTULO VIII
Seção II DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
Da Conciliação Seção I
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter Dos Requisitos e dos Efeitos da Sentença
privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
início da audiência de instrução e julgamento. I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da
Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no
conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação. andamento do processo;
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de
Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. direito;
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes
pelo juiz, terá valor de sentença. Ihe submeterem.
Seção III Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo
Da Instrução e Julgamento ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do
processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.
Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência,
mandando apregoar as partes e os seus respectivos advogados. Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado
ao juiz proferir sentença ilíquida.
Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pon-
tos controvertidos sobre que incidirá a prova. Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de nature-
za diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem: em objeto diverso do que Ihe foi demandado.
I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de es- Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida rela-
clarecimentos, requeridos no prazo e na forma do art. 435; ção jurídica condicional. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
do réu; ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
pelo réu. ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 453. A audiência poderá ser adiada: § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor
I - por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez; o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado
Il - se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as par- prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
tes, as testemunhas ou os advogados. § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa
§ 1o Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da au- (art. 287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
diência; não o fazendo, o juiz procederá à instrução. § 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
§ 2o Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
pela parte cujo advogado não compareceu à audiência. liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar
poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão funda-
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acres- mentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
cidas.
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença,
Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
e ao do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o
pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
critério do juiz.
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar

Conhecimentos em Direito 58
as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, re-
atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de lativas à mesma lide, salvo:
obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modifica-
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) ção no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da revisão do que foi estatuído na sentença;
multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela II - nos demais casos prescritos em lei.
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada,
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obriga- estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio
ção. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quan- relação a terceiros.
tidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões
cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo já decididas, a cujo respeito se operou a preclusão.
fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão de-
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor duzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor
do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.
tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela
do art. 461.(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificati- I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e
vo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em as respectivas autarquias e fundações de direito público; (Redação dada
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execu-
Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação ção de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela
dada pela Lei nº 11.232, de 2005) Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões § 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos
materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente
II - por meio de embargos de declaração. do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Art. 464. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação,
Art. 465. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta)
salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do
Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma presta-
devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº
ção, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de
10.352, de 26.12.2001)
hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita
na Lei de Registros Públicos. § 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença
estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:
ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. (Incluído
I - embora a condenação seja genérica; pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
II - pendente arresto de bens do devedor;
III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da Artigos 496 a 538;
sentença.
DOS RECURSOS
Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a
CAPÍTULO I
sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da
declaração não emitida. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei
cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo nº 8.038, de 25.5.1990)
título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato I - apelação;
a ser firmado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) II - agravo; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferên- III - embargos infringentes;
cia da propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não
IV - embargos de declaração;
será acolhida se a parte que a intentou não cumprir a sua prestação, nem a
oferecer, nos casos e formas legais, salvo se ainda não exigível. (Incluído V - recurso ordinário;
pela Lei nº 11.232, de 2005) Vl - recurso especial; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)
Seção II Vll - recurso extraordinário; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)
Da Coisa Julgada VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso ex-
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imu- traordinário. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
tável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário. Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a
Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta
de lei nos limites da lide e das questões decididas. o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei.
Art. 469. Não fazem coisa julgada: (Redação dada pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da par- Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por mai-
te dispositiva da sentença; oria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infrin-
gentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativa-
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
mente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da deci-
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no são nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
processo.
Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes,
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como dia de início aquele
se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos. (Incluído pela
matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.
Conhecimentos em Direito 59
Lei nº 10.352, de 26.12.2001) porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (Redação dada pela
Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
prejudicado e pelo Ministério Público. § 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministé-
§ 1o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre rio Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarqui-
o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação as, e pelos que gozam de isenção legal. (Parágra único renumerado pela
judicial. Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
§ 2o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no pro- § 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recor-
cesso em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. rente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei
nº 9.756, de 17.12.1998)
Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo
e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou
recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.
adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições CAPÍTULO II
seguintes: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) DA APELAÇÃO
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o re- Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269).
curso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; (Redação Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:
dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) I - os nomes e a qualificação das partes;
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso II - os fundamentos de fato e de direito;
extraordinário e no recurso especial; (Redação dada pela Lei nº 8.038, de
III - o pedido de nova decisão.
25.5.1990)
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou
impugnada.
se for ele declarado inadmissível ou deserto. (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973) § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal to-
das as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do
não as tenha julgado por inteiro.
recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e
julgamento no tribunal superior. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o ju-
1º.10.1973) iz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conheci-
mento dos demais.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do
recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art.
267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão
Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
outra parte.
(Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a
§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá
decisão, não poderá recorrer.
determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamen-
alguma, de um ato incompatível com a vontade de recorrer. to da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)
Art. 504. Dos despachos não cabe recurso. (Redação dada pela Lei nº Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores
11.276, de 2006) à sentença, ainda não decididas. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de
Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte. 13.12.1994)
Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão
casos o disposto no art. 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data: ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por
I - da leitura da sentença em audiência; motivo de força maior.
II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em au- Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a
diência; recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela
Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
III - da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial. (Redação
dada pela Lei nº 11.276, de 2006) § 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença es-
tiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do
Parágrafo único. No prazo para a interposição do recurso, a petição se-
Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006)
rá protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária,
ressalvado o disposto no § 2o do art. 525 desta Lei. (Redação dada pela § 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o ree-
Lei nº 11.276, de 2006) xame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº
11.276, de 2006)
Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier
o falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena
maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo. (Redação dada pela
proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
correr novamente depois da intimação. Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, ca-
Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, bendo ao tribunal apreciar-lhe a legitimidade. (Incluído pela Lei nº 8.950, de
no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergên- 13.12.1994)
cia, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspen-
dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) sivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta
Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aprovei- de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
ta, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto 5.925, de 1º.10.1973)
por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº
credor Ihes forem comuns. 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 510. Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário, III - (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (Revogado pela
independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo Lei nº 11.232, de 2005)
de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, 1º.10.1973)
quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improce-

Conhecimentos em Direito 60
dentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996) reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos
aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº
juiz da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
10.352, de 26.12.2001)
III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir,
Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá
em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
inovar no processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá
comunicando ao juiz sua decisão; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de
promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a
26.12.2001)
respectiva carta.
CAPÍTULO III IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no
DO AGRAVO prazo de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício di-
rigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10
responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2o), facultando-lhe juntar a
(dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de
documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede
causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de
de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário
inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é
oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial; (Redação
recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. (Reda-
dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
ção dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação da-
deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se
da pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o 2005)
tribunal dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da
Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e
apelação. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do
§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressa- julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. (Redação
mente, nas razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribu- dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
nal. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agra-
§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) di- vado, o relator pedirá dia para julgamento. (Redação dada pela Lei nº
as, o juiz poderá reformar sua decisão.(Redação dada pela Lei nº 10.352, 9.139, de 30.11.1995)
de 26.12.2001)
Art. 529. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o
§ 3o Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução relator considerará prejudicado o agravo. (Redação dada pela Lei nº 9.139,
e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e de 30.11.1995)
imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele CAPÍTULO IV
expostas sucintamente as razões do agravante.(Redação dada pela Lei nº DOS EMBARGOS INFRINGENTES
11.187, de 2005)
Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime
Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver
competente, através de petição com os seguintes requisitos: (Redação julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embar-
dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) gos serão restritos à matéria objeto da divergência. (Redação dada pela Lei
I - a exposição do fato e do direito; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de nº 10.352, de 26.12.2001)
30.11.1995) Art. 531. Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para
II - as razões do pedido de reforma da decisão; (Redação dada pela Lei contra-razões; após, o relator do acórdão embargado apreciará a admissibi-
nº 9.139, de 30.11.1995) lidade do recurso.(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do pro- Art. 532. Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em 5
cesso.(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) (cinco) dias, para o órgão competente para o julgamento do recurso. (Re-
Art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída: (Redação dação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) Art. 533. Admitidos os embargos, serão processados e julgados con-
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da forme dispuser o regimento do tribunal. (Redação dada pela Lei nº 10.352,
respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do de 26.12.2001)
agravante e do agravado; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) Art. 534. Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator,
II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis. esta recairá, se possível, em juiz que não haja participado do julgamento
(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) anterior. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1o Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respec- CAPÍTULO V
tivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela que DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
será publicada pelos tribunais. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: (Redação dada pela
§ 2o No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
postada no correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, inter- I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição;
posta por outra forma prevista na lei local. (Incluído pela Lei nº 9.139, de (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
30.11.1995) II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.
Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do Art. 536. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em
comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos petição dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contradi-
que instruíram o recurso. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) tório ou omisso, não estando sujeitos a preparo. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde 8.950, de 13.12.1994)
que argüido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. Art. 537. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o
(Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) relator apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente, profe-
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído in- rindo voto. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
continenti, o relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a in-
I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; (Reda- terposição de outros recursos, por qualquer das partes. (Redação dada
ção dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Conhecimentos em Direito 61
Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o II - as microempresas, assim definidas pela Lei no 9.841, de 5 de outu-
juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar bro de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade
causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de
10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
recurso ao depósito do valor respectivo.(Redação dada pela Lei nº 8.950,
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do
de 13.12.1994)
art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. (Incluído pela Lei nº
12.126, de 2009)
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de
assistência, inclusive para fins de conciliação.
LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 3º AO 19) Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes com-
Dos Juizados Especiais Cíveis parecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de
Seção I valor superior, a assistência é obrigatória.
Da Competência § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual,
processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão
consideradas: instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advo-
gado, quando a causa o recomendar.
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos po-
III - a ação de despejo para uso próprio; deres especiais.
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá
ao fixado no inciso I deste artigo. ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: com poderes para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatí-
I - dos seus julgados; cio. (Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009)
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção
o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei. de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.
de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, seção IV
e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e dos atos processuais
capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renún- horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.
cia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a
hipótese de conciliação. Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as
finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do no art. 2º desta Lei.
foro:
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido pre-
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exer- juízo.
ça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento,
filial, agência, sucursal ou escritório; § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser soli-
citada por qualquer meio idôneo de comunicação.
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resu-
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para re- midamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou esteno-
paração de dano de qualquer natureza. tipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equi-
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no valente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.
foro previsto no inciso I deste artigo. § 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do pro-
Seção II cesso e demais documentos que o instruem.
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos seção v
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as pro- do pedido
vas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, es-
regras de experiência comum ou técnica. crito ou oral, à Secretaria do Juizado.
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:
equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem co-
mum. I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recru- II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
tados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os III - o objeto e seu valor.
segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência. § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determi-
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advo- nar, desde logo, a extensão da obrigação.
cacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado,
funções. podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.
Seção III Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alter-
Das Partes nativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.
incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição e au-
públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. tuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de conciliação, a
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Espe- realizar-se no prazo de quinze dias.
cial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009) Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á,
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de
pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) pedido e a citação.

Conhecimentos em Direito 62
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensa- de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar no 123, de 14 de
da a contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença. dezembro de 2006;
Seção VI II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Muni-
Das Citações e Intimações cípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas a eles vincu-
ladas.
Art. 18. A citação far-se-á:
Art. 6o Quanto às citações e intimações, aplicam-se as disposições contidas
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;
na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega
Art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato
ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado;
processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposi-
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de ção de recursos, devendo a citação para a audiência de conciliação ser
mandado ou carta precatória. efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para compare- Art. 8o Os representantes judiciais dos réus presentes à audiência po-
cimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, conside- derão conciliar, transigir ou desistir nos processos da competência dos
rar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na lei do respec-
plano. tivo ente da Federação.
§ 2º Não se fará citação por edital. Art. 9o A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da cita- que disponha para o esclarecimento da causa, apresentando-a até a insta-
ção. lação da audiência de conciliação.
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou Art. 10. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao
por qualquer outro meio idôneo de comunicação. julgamento da causa, o juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo ci- laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência.
entes as partes. Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame neces-
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorri- sário.
das no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas Art. 12. O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em jul-
ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação. gado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa
certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade citada para a
causa, com cópia da sentença ou do acordo.
Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsi-
Lei 12.153 de 22.12.2009. to em julgado da decisão, o pagamento será efetuado:
Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da re-
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. quisição do juiz à autoridade citada para a causa, independentemente de
precatório, na hipótese do § 3o do art. 100 da Constituição Federal; ou
Art. 1o Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça
comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, serão criados II – mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o va-
pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para lor definido como obrigação de pequeno valor.
conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua compe- § 1o Desatendida a requisição judicial, o juiz, imediatamente, determi-
tência. nará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão,
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do dispensada a audiência da Fazenda Pública.
Distrito Federal é formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Juizados Espe- § 2o As obrigações definidas como de pequeno valor a serem pagas
ciais Criminais e Juizados Especiais da Fazenda Pública. independentemente de precatório terão como limite o que for estabelecido
Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública na lei do respectivo ente da Federação.
processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do § 3o Até que se dê a publicação das leis de que trata o § 2o, os valores
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessen- serão:
ta) salários mínimos. I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e ao Distrito
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Federal;
Pública: II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios.
I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão § 4o São vedados o fracionamento, a repartição ou a quebra do valor
e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na forma
fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos; estabelecida no inciso I do caput e, em parte, mediante expedição de
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Terri- precatório, bem como a expedição de precatório complementar ou suple-
tórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; mentar do valor pago.
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de de- § 5o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido para pagamen-
missão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplica- to independentemente do precatório, o pagamento far-se-á, sempre, por
das a militares. meio do precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédi-
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins to do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem
de competência do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincen- o precatório.
das e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor referido § 6o O saque do valor depositado poderá ser feito pela parte autora,
no caput deste artigo. pessoalmente, em qualquer agência do banco depositário, independente-
§ 3o (VETADO) mente de alvará.
§ 4o No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Públi- § 7o O saque por meio de procurador somente poderá ser feito na a-
ca, a sua competência é absoluta. gência destinatária do depósito, mediante procuração específica, com firma
reconhecida, da qual constem o valor originalmente depositado e sua
Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir
procedência.
quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso do processo,
para evitar dano de difícil ou de incerta reparação. Art. 14. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados
pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal.
Art. 4o Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso
contra a sentença. Parágrafo único. Poderão ser instalados Juizados Especiais Adjuntos,
cabendo ao Tribunal designar a Vara onde funcionará.
Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:
Art. 15. Serão designados, na forma da legislação dos Estados e do
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas
Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos dos Juizados Especiais da

Conhecimentos em Direito 63
Fazenda Pública, observadas as atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 Art. 21. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, será pro-
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. cessado e julgado segundo o estabelecido no art. 19, além da observância
§ 1o Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recruta- das normas do Regimento.
dos, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os Art. 22. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados no
segundos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência. prazo de até 2 (dois) anos da vigência desta Lei, podendo haver o aprovei-
§ 2o Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante tamento total ou parcial das estruturas das atuais Varas da Fazenda Públi-
todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública instalados em território ca.
nacional, enquanto no desempenho de suas funções. Art. 23. Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5 (cinco) anos,
Art. 16. Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a audi- a partir da entrada em vigor desta Lei, a competência dos Juizados Especi-
ência de conciliação. ais da Fazenda Pública, atendendo à necessidade da organização dos
serviços judiciários e administrativos.
§ 1o Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento da composi-
ção amigável, ouvir as partes e testemunhas sobre os contornos fáticos da Art. 24. Não serão remetidas aos Juizados Especiais da Fazenda Pú-
controvérsia. blica as demandas ajuizadas até a data de sua instalação, assim como as
ajuizadas fora do Juizado Especial por força do disposto no art. 23.
§ 2o Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução do
processo, podendo dispensar novos depoimentos, se entender suficientes Art. 25. Competirá aos Tribunais de Justiça prestar o suporte adminis-
para o julgamento da causa os esclarecimentos já constantes dos autos, e trativo necessário ao funcionamento dos Juizados Especiais.
não houver impugnação das partes. Art. 26. O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados Especiais Federais
Art. 17. As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais são instituídos pela Lei no 10.259, de 12 de julho de 2001.
compostas por juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, na forma Art. 27. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869, de
da legislação dos Estados e do Distrito Federal, com mandato de 2 (dois) 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setem-
anos, e integradas, preferencialmente, por juízes do Sistema dos Juizados bro de 1995, e 10.259, de 12 de julho de 2001.
Especiais. Art. 28. Esta Lei entra em vigor após decorridos 6 (seis) meses de sua
§ 1o A designação dos juízes das Turmas Recursais obedecerá aos cri- publicação oficial.
térios de antiguidade e merecimento.
§ 2o Não será permitida a recondução, salvo quando não houver outro
juiz na sede da Turma Recursal. PROVA SIMULADA
Art. 18. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando
houver divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre 01. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, o prazo para a
questões de direito material. prática de ato processual a cargo da parte será de
§ 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo Estado (A) 48 horas. (B) 5 dias.
será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidên- (C) 10 dias. (D) 15 dias. (E) 20 dias.
cia de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
§ 2o No caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em cidades di- 02. Não se observará o procedimento sumário nas causas
versas poderá ser feita por meio eletrônico. (A) cujo valor for superior a 60 vezes o valor do salário mínimo.
§ 3o Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal in- (B) de arrendamento rural e de parceria agrícola.
terpretações divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contra- (C) de cobrança de condômino de quaisquer quantias devidas ao condomí-
riedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este nio.
julgado.
(D) de ressarcimento por danos em prédio urbano.
Art. 19. Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Uniformização
(E) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente
de que trata o § 1o do art. 18 contrariar súmula do Superior Tribunal de
de veículo, ressalvados os casos de processo de execução.
Justiça, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que
dirimirá a divergência.
§ 1o Eventuais pedidos de uniformização fundados em questões idênti- 03. É correto afirmar que
cas e recebidos subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais (A) conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o
ficarão retidos nos autos, aguardando pronunciamento do Superior Tribunal exceto dentro de 15 dias.
de Justiça. (B) a confissão espontânea somente poderá ser feita pela própria parte.
§ 2o Nos casos do caput deste artigo e do § 3o do art. 18, presente a (C) a suscitação do incidente de falsidade não suspenderá o processo
plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de principal.
difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do (D) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir, de ofício
interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de
quais a controvérsia esteja estabelecida. cálculo.
§ 3o Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da (E) a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga,
Turma Recursal ou Presidente da Turma de Uniformização e, nos casos obsta o prosseguimento da reconvenção.
previstos em lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 4o (VETADO) 04. Na contestação, o réu não poderá, antes de discutir o mérito, alegar
§ 5o Decorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o, o relator incluirá o (A) nulidade de citação. (B) perempção.
pedido em pauta na sessão, com preferência sobre todos os demais feitos,
(C) litispendência. (D) conexão.
ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus e os manda-
dos de segurança. (E) incompetência relativa.
§ 6o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no §
1o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de 05. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo quando
retratação ou os declararão prejudicados, se veicularem tese não acolhida interposta de sentença que
pelo Superior Tribunal de Justiça. (A) homologar a divisão ou a demarcação.
Art. 20. Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça e o Su- (B) condenar a prestação de alimentos.
premo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão nor- (C) julgar procedentes os embargos à execução.
mas regulamentando os procedimentos a serem adotados para o proces- (D) decidir processo cautelar.
samento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordi-
nário. (E) confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

Conhecimentos em Direito 64
06. A citação (E) os atos processuais são sempre públicos e de livre acesso.
(A) não será realizada, em regra, a quem estiver assistindo a qualquer ato
de culto religioso. 11. Sobre os prazos processuais, é correto afirmar que
(B) será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, inclusive, nas (A) o prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrom-
ações de estado. pendo nos feriados.
(C) será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, inclusive, nos (B) não podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo
processos de execução. dilatório.
(D) será feita por hora certa quando, por duas vezes, o oficial de justiça (C) os prazos peremptórios poderão ser modificados a critério do juiz da
houver procurado o réu em seu domicílio, sem o encontrar. causa pelo prazo que julgar necessário.
(E) inicial do réu é indispensável para a validade do processo, e, sendo (D) computar-se-ão os prazos, salvo disposição em contrário, incluindo o
assim, o comparecimento espontâneo do réu não supre a falta de citação. dia do começo e excluindo o do vencimento.
(E) a superveniência de férias interrompe o curso do prazo.
07. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos bási-
cos exigidos no Código de Processo Civil, determinará que o autor a emen- 12. Sobre os atos do juiz, é correto afirmar que
de, ou a complete, no prazo de 10 dias. Se o autor não cumprir a diligência,
o juiz (A) consistirão em sentenças, decisões interlocutórias, apenas.
(A) suspenderá o processo por 60 dias, prorrogável por mais 30. (B) decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo,
resolve questão incidente.
(B) suspenderá o processo por 30 dias, prorrogável por mais 30.
(C) são despachos todos os demais atos do juiz (excluídas as sentenças e
(C) suspenderá o processo por 90 dias, prorrogável por mais 60. as decisões interlocutórias) praticados no processo, de ofício ou a requeri-
(D) julgará extinto o processo com resolução de mérito. mento da parte, cuja forma será expressamente estabelecida por lei.
(E) indeferirá a petição inicial. (D) não se admitem, em nenhuma hipótese, rasuras, entrelinhas ou emen-
das nos atos e termos processuais.
08. Ocorrendo a revelia, o autor (E) é lícito o uso da taquigrafia, mas não da estenotipia no primeiro grau de
(A) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, salvo promovendo jurisdição.
nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no
prazo de 10 dias. 13. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, o prazo para a
(B) poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, independentemente de prática de ato processual a cargo da parte será de
promover nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da (A) 48 horas.
revelia. (B) 5 dias.
(C) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, ainda que promova (C) 10 dias.
nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da revelia.
(D) 15 dias.
(D) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, salvo promovendo
nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no (E) 20 dias.
prazo de 15 dias.
(E) poderá alterar o pedido, mas não a causa de pedir, independentemente 14. É correto afirmar que
de promover nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da (A) conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o
revelia. exceto dentro de 15 dias.
(B) a confissão espontânea somente poderá ser feita pela própria parte.
09. Sobre o fenômeno da assistência, é correto afirmar que (C) a suscitação do incidente de falsidade não suspenderá o processo
(A) a assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento, salvo principal.
no procedimento sumário, e em todos os graus de jurisdição; mas o assis- (D) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir, de ofício
tente recebe o processo no estado em que se encontra. ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de
(B) pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver cálculo.
interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá (E) a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga,
intervir no processo para assisti-la. obsta o prosseguimento da reconvenção.

(C) Não havendo impugnação dentro de 15 dias, o pedido do assistente 15. Na contestação, o réu não poderá, antes de discutir o mérito, alegar
será deferido. (A) nulidade de citação. (B) perempção.
(D) se qualquer das partes alegar que falta ao assistente interesse jurídico, (C) litispendência. (D) conexão.
o juiz determinará, após a regular interrupção do processo, o desentranha- (E) incompetência relativa.
mento da petição e da impugnação a fim de serem autuadas em apenso.
(E) uma vez estando assistida, a parte principal ficará impedida de reco-
nhecer a procedência do pedido ou de desistir da ação. Nas questões que se seguem, assinale:
C – se a proposição estiver correta
10. Sobre os atos processuais em geral, pode-se afirmar, corretamente, E – se a mesma estiver incorreta
que 16. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, respos-
(A) os atos e termos processuais dependem de forma determinada, salvo ta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se
quando a lei expressamente a dispensar. requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar
assistente técnico.
(B) os Tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, não poderão disciplinar
a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrôni-
cos. 17. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:
(C) todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmiti- I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
dos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
(D) nos atos e termos processuais em que um estrangeiro figurar como III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no
parte litigante, o juiz poderá permitir, a seu critério, o uso do idioma estran- mandado.
geiro de origem da parte.

Conhecimentos em Direito 65
18. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em Vl - recurso especial;
seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de Vll - recurso extraordinário;
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordi-
vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora nário.
que designar.

19. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de RESPOSTAS


novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim
01. B 11. A 21. C
de realizar a diligência.
02. A 12. B 22. C
20. Far-se-á a citação por edital: 03. D 13. B 23. C
I - quando desconhecido ou incerto o réu; 04. E 14. D 24. C
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;
05. C 15. E 25. C
III - nos casos expressos em lei.
06. A 16. C 26. C
21. Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que 07. E 17. C 27. C
recusar o cumprimento de carta rogatória. 08. D 18. C 28. C
09. B 19. C 29. C
22. São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; 10. C 20. C 30. C
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
23. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, DIREITO CONSTITUCIONAL: Constituição Federal -
dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
24. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
com as alterações vigentes - Título II; Capítulos I; II e III;
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor Título III; Capítulo VII; Seções I e II e artigo 92.
e especificando as provas que pretende produzir. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
25. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narra-
dos na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, CAPÍTULO I
salvo: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
a lei considerar da substância do ato; inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu con- propriedade, nos termos seguintes:
junto.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
26. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não
se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se-
Público. não em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
27. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando: degradante;
I - relativas a direito superveniente; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer indenização por dano material, moral ou à imagem;
tempo e juízo.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegu-
28. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo rado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I - já provados por documento ou confissão da parte;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religi-
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados. osa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
29. São requisitos essenciais da sentença:
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternati-
resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no va, fixada em lei;
andamento do processo;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direi-
comunicação, independentemente de censura ou licença;
to;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
submeterem. pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
30. São cabíveis os seguintes recursos: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene-
I - apelação; trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
II - agravo;
judicial;
III - embargos infringentes;
IV - embargos de declaração; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações tele-
gráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
V - recurso ordinário; por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
Conhecimentos em Direito 66
de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de 1996) de taxas:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, aten- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
didas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; contra ilegalidade ou abuso de poder;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o si- b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de di-
gilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; reitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, po- XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
dendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele ameaça a direito;
sair com seus bens;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais aber- a coisa julgada;
tos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar; a) a plenitude de defesa;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas b) o sigilo das votações;
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu c) a soberania dos veredictos;
funcionamento;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou
ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem pré-
caso, o trânsito em julgado; via cominação legal;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer as- XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
sociado; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liber-
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm dades fundamentais;
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
XXII - é garantido o direito de propriedade; sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou a-
nistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por ne- terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
cessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado De-
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente po- mocrático;
derá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a o-
brigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de limite do valor do patrimônio transferido;
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,
as seguintes:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publica-
ção ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo a) privação ou restrição da liberdade;
que a lei fixar; b) perda de bens;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: c) multa;
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à repro- d) prestação social alternativa;
dução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
e) suspensão ou interdição de direitos;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- XLVII - não haverá penas:
vas representações sindicais e associativas; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio XIX;
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, b) de caráter perpétuo;
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos c) de trabalhos forçados;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológi- d) de banimento;
co e econômico do País;
e) cruéis;
XXX - é garantido o direito de herança;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acor-
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regu- do com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
lada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimen-
tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
to em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
(Regulamento) LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou

Conhecimentos em Direito 67
de opinião; mônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal; LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim co-
mo o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusa-
dos em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da
meios e recursos a ela inerentes; lei:
a) o registro civil de nascimento;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilíci-
tos; b) a certidão de óbito;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de LXXVII - são gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e,
sentença penal condenatória; na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. (Regula-
mento)
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação cri-
minal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
não for intentada no prazo legal;
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quan-
aplicação imediata.
do a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não exclu-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escri-
em outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
ta e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
pessoa por ele indicada;
lentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a
advogado;
cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua pri- nal nº 45, de 2004)
são ou por seu interrogatório policial;
CAPÍTULO II
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judi- DOS DIREITOS SOCIAIS
ciária; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o tra-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei ad- balho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
mitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
depositário infiel; que visem à melhoria de sua condição social:

LXVIII - conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; compensatória, dentre outros direitos;

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito lí- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
quido e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quan- III - fundo de garantia do tempo de serviço;
do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com mora-
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
a) partido político com representação no Congresso Nacional; previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
interesses de seus membros ou associados; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acor-
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor- do coletivo;
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que perce-
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e bem remuneração variável;
à cidadania;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no
LXXII - conceder-se-á “habeas-data”: valor da aposentadoria;
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
governamentais ou de caráter público;
dolosa;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro-
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remunera-
cesso sigiloso, judicial ou administrativo;
ção, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que definido em lei;
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patri-
baixa renda nos termos da lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional

Conhecimentos em Direito 68
nº 20, de 1998) sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder
Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qual-
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; quer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mes-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininter- ma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
ruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou in-
dividuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
cinqüenta por cento à do normal; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de ca-
tegoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
mais do que o salário normal; contribuição prevista em lei;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
duração de cento e vinte dias;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coleti-
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; vas de trabalho;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organiza-
específicos, nos termos da lei; ções sindicais;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do regis-
de trinta dias, nos termos da lei;
tro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito,
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer
saúde, higiene e segurança; falta grave nos termos da lei.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalu- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização
bres ou perigosas, na forma da lei; de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições
XXIV - aposentadoria; que a lei estabelecer.

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimen- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores
to até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) por meio dele defender.

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de traba- § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre
lho; o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregado-
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em res nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissio-
dolo ou culpa; nais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promo-
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de traba- ver-lhes o entendimento direto com os empregadores.
lho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de Art. 12. São brasileiros:
25/05/2000)
I - natos:
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de
25/05/2000) a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais es-
trangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, des-
de que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e crité-
rios de admissão do trabalhador portador de deficiência; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira,
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou ve-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelec- nham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tual ou entre os profissionais respectivos; tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na II - naturalizados:
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empre- ano ininterrupto e idoneidade moral;
gatício permanente e o trabalhador avulso. b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores do- Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condena-
mésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, ção penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada
XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social. pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguin- § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver
te: reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Conhecimentos em Direito 69
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sin-
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. dical;
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos
em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
1998)
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para
III - de Presidente do Senado Federal; as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admis-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; são;

V - da carreira diplomática; IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado


para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
VI - de oficial das Forças Armadas.
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o
VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitu- § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
cional nº 23, de 1999) observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento)
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude
de atividade nociva ao interesse nacional; XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li-
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Consti- Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
tucional de Revisão nº 3, de 1994) subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislati-
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa vo e o sub-sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a
do Brasil. noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hi- Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
no, as armas e o selo nacionais. aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter sím- Constitucional nº 41, 19.12.2003)
bolos próprios. XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judi-
ciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
CAPÍTULO VII XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies re-
muneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Seção I XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não
DISPOSIÇÕES GERAIS serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Pode-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitu- artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada
cional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasilei- XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
ros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional disposto no inciso XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
nº 19, de 1998) 1998)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela Emenda Constitucional
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo nº 19, de 1998)
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998) c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, nal nº 34, de 2001)
prorrogável uma vez, por igual período;
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e a-
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, brange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
emprego, na carreira; 1998)
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, den-
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos tro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os de-
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos mais setores administrativos, na forma da lei;
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autoriza-
1998) da a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas

Conhecimentos em Direito 70
de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
1998) de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
participação de qualquer delas em empresa privada; decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, ser-
desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados
viços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
em lei de livre nomeação e exoneração.(Incluído pela Emenda Constitucio-
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concor-
nal nº 20, de 1998)
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, manti-
das as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indeniza-
à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento) tório previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos emenda às respectivas Constituições e Lei Or gânica, como limite único, o
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integra- subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça,
da, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fis- limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
cais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
42, de 19.12.2003) disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distri-
tais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
2005)
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orienta-
ção social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fun-
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. dacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposi-
ções:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nuli-
dade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego ou função;
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na adminis-
tração pública direta e indireta, regulando especialmente: (Redação dada II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de ho-
asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a rários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade,
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) será aplicada a norma do inciso anterior;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de
sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluí- mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) legais, exceto para promoção por merecimento;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abu- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os
sivo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Incluído pela valores serão determinados como se no exercício estivesse.
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Seção II
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. e das fundações públicas.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agen- rão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regres- integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. (Redação
so contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes
cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o aces- do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela Emenda Consti-
so a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, tucional nº 19, de 1998)
de 1998) I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e en- componentes de cada carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
tidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante de 1998)
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucio-
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou nal nº 19, de 1998)
entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998) III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato;
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de go-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obri- verno para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, consti-
gações e responsabilidade dos dirigentes; tuindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na
III - a remuneração do pessoal. carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre
os entes federados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às socie-
1998)
dades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da

Conhecimentos em Direito 71
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este
art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a de servidores: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47,
1998) de 2005)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucio-
de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados nal nº 47, de 2005)
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que preju-
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto diquem a saúde ou a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucio-
no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nal nº 47, de 2005)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzi-
poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos dos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor
servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anual-
mente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumu-
públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) láveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma
aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da econo-
mia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte,
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, que será igual: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e raciona- 19.12.2003)
lização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite
produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira
excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela
poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
nº 19, de 1998)
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Esta-
que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data
solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores
do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata
este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será con-
valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda tado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente
Constitucional nº 41, 19.12.2003) para efeito de disponibilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
de 15/12/98)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tem-
po de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; tempo de contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) de 15/12/98)
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos pro- § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos
porcionais ao tempo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Consti- de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou
tucional nº 20, de 15/12/98) empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição
para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável
de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições: (Redação nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Consti-
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) tucional nº 20, de 15/12/98)
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos ser-
cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; (Reda- vidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social.
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de ida- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
de, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência
concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde
para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional que instituam regime de previdência complementar para os seus respecti-
nº 20, de 15/12/98) vos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata
sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Consti-
este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda tucional nº 20, de 15/12/98)
Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o

Conhecimentos em Direito 72
disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de II - o Superior Tribunal de Justiça;
entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na
modalidade de contribuição definida. (Redação dada pela Emenda Consti- IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
tucional nº 41, 19.12.2003) V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
§§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço
público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territó-
regime de previdência complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional rios.
nº 20, de 15/12/98)
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda
benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. Constitucional nº 45, de 2004)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdi-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e ção em todo o território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o 45, de 2004)
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên-
cia social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para
os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitu- Fonte: Direito Constitucional Didático – Kildare Gonçalves Carvalho –
cional nº 41, 19.12.2003) DelRey - MG
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exi-
gências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que A Constituição de 1988 ampliou consideravelmente o catálogo dos di-
opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência reitos e garantias fundamentais, desdobrando-se o art. 5º em 77 incisos,
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as quando, pela Emenda Constitucional n. 1, de 1969, a matéria era tratada
exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído em 36 parágrafos, que integravam o art. 153. A razão do aumento de
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) disposições acerca do tema resulta, sobretudo, da constitucionalização de
valores penais que se achavam previstos na legislação penal ou processual
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previ- penal.
dência social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de
uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalva- Outro aspecto que deve ser salientado é o de que a declaração dos di-
do o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitucional nº reitos fundamentais foi deslocada para o início do texto constitucional
41, 19.12.2003) (Título II), rompendo assim a Constituição vigente com a técnica das Cons-
tituições anteriores, que situava os direitos fundamentais na parte final da
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre Constituição, sempre depois da organização do Estado. Essa colocação
as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o topográfica da declaração de direitos no início da Constituição, seguindo
dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de modelo das Constituições do Japão, México, Portugal, Espanha, dentre
previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o outras, tem especial significado, pois revela que todas as instituições esta-
beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído tais estão condicionadas aos direitos fundamentais, que deverão observar.
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) Assim, nada se pode fazer fora do quadro da declaração de direitos funda-
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores mentais: Legislativo, Executivo e Judiciário, orçamento, ordem econômica,
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso públi- além de outras instituições, são orientados e delimitados pelos direitos
co. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) humanos.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Esclareça-se, ainda, que a expressão “estrangeiros residentes no Pa-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ís”, constante do art. 50 da Constituição, “deve ser interpretada no sentido
de que a Carta Federal só pode assegurar a validade e o gozo dos direitos
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela fundamentais dentro do território brasileiro.
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Em consequência, mesmo o estrangeiro não residente no Brasil tem
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada am- acesso às ações, inclusive mandado de segurança, e aos demais remédios
pla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) judiciais”; é o que entende José Celso de Mello Filho. De fato, os direitos
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na fundamentais têm, como vimos, caráter universal, e deles serão destinatá-
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela E- rios todos os que se encontrem sob a tutela da ordem jurídica brasileira,
menda Constitucional nº 19, de 1998) pouco importando se são nacionais ou estrangeiros.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, Abrangência
será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzi- O Título II da Constituição compreende cinco Capítulos. Neles são
do ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro mencionados os direitos e deveres individuais e coletivos (Capítulo I), os
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo direitos sociais (Capítulo II), a nacionalidade (Capítulo III), os direitos políti-
de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) cos (Capítulo IV) e os partidos políticos (Capítulo V). Portanto, os direitos
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor es- fundamentais, na Constituição de 1988, compreendem os direitos individu-
tável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de ais, os direitos coletivos, os direitos sociais e os direitos políticos.
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação dada Os direitos individuais são aqueles que se caracterizam pela autonomia
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) e oponibilidade ao Estado, tendo por base a liberdade - autonomia como
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a atributo da pessoa, relativamente a suas faculdades pessoais e a seus
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa bens. Impõem, como vimos acima, ao tratarmos da sua classificação, uma
finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) abstenção, por parte do Estado, de modo a não interferir na esfera própria
dessas liberdades.
...
O direitos políticos têm por base a liberdade-participação, traduzida na
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
possibilidade atribuída ao cidadão de participar do processo político, votan-
I - o Supremo Tribunal Federal; do e sendo votado.
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucio- Os direitos sociais referidos no art. 60 da Constituição (educação, saú-
nal nº 45, de 2004) de, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e

Conhecimentos em Direito 73
à infância, assistência aos desamparados) são direitos que visam a uma embrionária. O aborto é atualmente considerado ilícito pelo nosso Direito,
melhoria das condições de existência, mediante prestações positivas do salvo nos casos especiais previstos na legislação penal. Tem sido polêmi-
Estado, que deverá assegurar a criação de serviços de educação, saúde, ca, contudo, a tipificação penal do aborto.
ensino, habitação e outros, para a sua realização. A maioria dos direitos
Há também controvérsia sobre a eutanásia ou homicídio piedoso, em
sociais vem enunciada em normas programáticas que demandam interven-
que a morte é provocada para evitar o sofrimento decorrente de uma doen-
ção legislativa para se tornarem operativas e aplicáveis, pelo que não
ça havida como incurável. A Constituição brasileira não acolheu a eutaná-
podem os seus destinatários invocá-los ou exigi-los imediatamente.
sia. De fato, não a recomendam o progresso da medicina e o fato de que a
Há autores que reconhecem a existência, na Constituição, além dos di- vida é um bem não só individual, mas também social, e o desinteresse por
reitos sociais, de direitos econômicos, que, contidos em normas de conteú- ela, pelo indivíduo, não há de excluí-la da proteção do Direito.
do econômico, visam proporcionar, através de uma política econômica, v.g.,
A pena de morte foi proibida pela Constituição de 1988, salvo em caso
a que trata do planejamento de metas e de financiamento para a consecu-
de guerra declarada (art. 5º, XL VII, a). O Brasil é ainda parte na Conven-
ção do pleno emprego (direito econômico), a realização dos demais direitos
ção Americana sobre Direitos Humanos (“Pacto de San José de Costa
humanos, no caso, o oferecimento do salário mínimo (direito social) e o
Rica”), de 1969, cujo art. 4º menciona o direito à vida como um direito
suprimento das necessidades humanas, conferindo ao homem uma vida
fundamental e inderrogável. Por força também do art. 4º, 2 e 3, há proibição
digna (direito individual). Os direitos econômicos envolvem, desse modo,
absoluta para estender, no futuro, a pena de morte para toda classe de
normas protetoras de interesses individuais, coletivos e difusos. Nesse
delitos, bem como de seu restabelecimento nos Estados que a hajam
sentido, posiciona-se José Luiz Quadros de Magalhães, que classifica os
abolido, como é o caso do Brasil, que aderiu a convenção em 25 de setem-
direitos econômicos em: I — direito ao meio ambiente; II - direito do consu-
bro de 1992.
midor; III - função social da propriedade rural e urbana; IV - transporte
(como meio de circulação de mercadorias); V - pleno emprego (direito ao O Brasil se obrigou, portanto, ao não-estabelecimento da pena de mor-
trabalho); VI - outras normas concretizadoras de direitos sociais, individuais te no País. Na hipótese de violação dessa obrigação convencional, estaria
e políticos). configurada a responsabilidade internacional do Brasil.
Fala ainda a Constituição em direitos coletivos, entendendo-se como O debate sobre a licitude e a oportunidade da pena de morte remonta
tais aqueles cujo exercício cabe a uma pluralidade de sujeitos, e não a cada ao Iluminismo, no século XVIII, com Beccaria, que examinou a função
indivíduo isoladamente. Entende José Carlos Vieira de Andrade que “o intimidatória da pena, ao dizer que “a finalidade da pena não é senão
elemento coletivo integra o conteúdo do próprio direito - este só ganha impedir o réu de causar novos danos aos seus concidadãos e demover os
sentido se for pensado em termos comunitários, pois estão em causa demais a fazerem o mesmo”.
interesses partilhados por uma categoria ou um grupo de pessoas”. Esses Neste contexto é que trata da pena de morte com relação e outras pe-
direitos coletivos se apresentam às vezes como “direitos individuais de nas.
expressão coletiva”, em que o coletivo não é sujeito de direitos (direito de
reunião e de associação), e outras vezes se confundem com os direitos das No parágrafo intitulado “Doçura das penas”, Beccaria sustenta que os
pessoas coletivas (direito de organização sindical). Como direitos funda- maiores freios contra os delitos não é a crueldade das penas, mas a sua
mentais coletivos previstos no art. 50 são mencionados: o direito de reunião infalibilidade e, consequentemente, a vigilância dos magistrados e a severi-
e de associação, o direito de entidades associativas representarem seus dade de um juiz inexorável.
filiados, os direitos de recebimento de informações de interesse coletivo, Assim, “não é necessário que as penas sejam cruéis para serem dissu-
dentre outros. asórias. Basta que sejam certas. O que constitui uma razão (aliás, a razão
Finalmente, relacionados com os direitos fundamentais, apresentam-se principal) para não se cometer o delito não é tanto a severidade da pena
os deveres fundamentais, referidos no Capítulo I, do Título II, da Constitui- quanto a certeza de que será de algum modo punido.” Portanto, conclui
ção, sob a rubrica de deveres individuais e coletivos. Por deveres, em Beccaria, além da certeza da pena, há um segundo princípio: a intimidação
sentido genérico, deve-se entender as situações jurídicas de necessidade que nasce não da intensidade da pena, mas de sua extensão, como, por
ou de restrições de comportamentos impostas pela Constituição às pesso- exemplo a prisão perpétua. A pena de morte é muito intensa, enquanto a
as. prisão perpétua é muito extensa. Então, a perda perpétua da própria liber-
dade tem mais força intimidatória do que a pena de morte.
Vale lembrar, a propósito, que os direitos individuais foram revelados
na História como aquisição de direitos diante do Poder e não como sujeição Este argumento de ordem utilitarista poderia, contudo, ser ultrapassado
a deveres. caso se demonstrasse que a pena de morte preveniria os chamados crimes
de sangue, com mais eficácia do que as outras penas.
Daí não existir, no Capítulo dos Direitos Fundamentais, nenhum precei-
to dedicado a um dever, de forma específica e exclusiva. Os deveres se Neste caso, ter-se-ia que recorrer à instância de ordem moral, a um
acham sempre ligados ou conexos com os direitos fundamentais (dever de princípio ético, derivado do imperativo moral “não matarás”, a ser acolhido
votar, relacionado com o direito de voto - art. 14, § 1º, I; dever de educar os como um princípio de valor absoluto. Mas como?
filhos, relacionado com o direito à educação - art. 205; dever de defesa do Se o indivíduo tem o direito de matar em legítima defesa, por que a co-
meio ambiente, conjugado com o direito correspondente — art. 225, etc.). letividade não o tem?
Direito à vida Responde então Norberto Bobbio:
O primeiro direito do homem consiste no direito à vida, condicionador “A coletividade não tem esse direito porque a legítima defesa nasce e
de todos os demais. Desde a concepção até a morte natural, o homem tem se justifica somente como resposta imediata numa situação onde seja
o direito à existência, não só biológica como também moral (a Constituição impossível agir de outro modo; a resposta da coletividade é mediatizada
estabelece como um dos fundamentos do Estado a “dignidade da pessoa através de um processo, por vezes até mesmo longo, no qual se conflitam
humana” - art. 1º, III). argumentos pró e contra. Em outras palavras, a condenação à morte depois
No sentido biológico, a vida consiste no conjunto de propriedades e de um processo não é mais um homicídio em legítima defesa, mas um
qualidades graças às quais os seres organizados, ao contrário dos orga- homicídio legal, legalizado, perpetrado a sangue frio, premeditado. O Esta-
nismos mortos ou da matéria bruta, se mantêm em contínua atividade, do não pode colocar-se no mesmo plano do indivíduo singular. O indivíduo
manifestada em funções, tais como o metabolismo, o crescimento, a reação age por raiva, por paixão, por interesse, em defesa própria. O Estado
a estímulos, a adaptação ao meio, a reprodução e outras. responde de modo mediato, reflexivo, racional.”
A vida humana se distingue das demais, seja pela sua origem, vale di- O saudoso Prof. Lydio Machado Bandeira de Mello, ao se insurgir con-
zer, pelo processo de sua reprodução a partir de outra vida, seja pela tra a pena de morte, o fez admiravelmente em página insuperável:
característica de sua constituição genética: 46 cromossomos para as célu- “O Direito Penal é um direito essencialmente mutável e relativo. Logo,
las diploides (respectivamente, 23 para as células haploides ou gametas). deve ficar fora de seu alcance a imposição de penas de caráter imutável e
Assim, o embrião é protegido, sendo ilícito o aborto, porque, enquanto absoluto, de total irreversibilidade e irremediáveis quando se descobre que
dura o processo fisiológico do feto no útero, o homem tem direito à vida foram impostas pela perseguição, pelo capricho ou pelo erro. Deve ficar
fora de seu alcance a pena que só um juiz onisciente, incorruptível, absolu-
Conhecimentos em Direito 74
tamente igual seria competente para aplicar: a pena cuja imposição só II - o conceito de noite é o astronômico, ou seja, o lapso de tempo entre
deveria estar na alçada do ser absoluto, se ele estatuísse ou impusesse o crepúsculo e a aurora;
penas: a pena absoluta, a pena de morte. Aos seres relativos e falíveis só
III - as exceções constitucionais ao princípio da inviolabilidade do domi-
compete aplicar penas relativas e modificáveis. E, ainda assim, enquanto
cílio são: a) durante o dia, por determinação judicial, além da ocorrência
não soubermos substituir as penas por medidas mais humanas e eficazes
das hipóteses previstas para a penetração à noite; b) durante a noite, no
de defesa social”.
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro.
Note-se, finalmente, que o direito à saúde é outra consequência do di-
reito à vida. Liberdades constitucionais
Direito à privacidade Vários são os sentidos de liberdade.
A vida moderna, pela utilização de sofisticada tecnologia (teleobjetivas, A liberdade, em sentido geral, consiste no estado de não estar sob o
aparelhos de escutas), tem acarretado enorme vulnerabilidade à privacida- controle de outrem, de não sofrer restrições ou imposições, tendo aqui
de das pessoas. Daí a Constituição declarar, no art. 50, X, que “são inviolá- sentido negativo. Mas significa também “a faculdade ou o poder que a
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegu- pessoa tem de adotar a conduta que bem lhe parecer, sem que deva obe-
rado o direito à indenização pelo dano moral decorrente de sua violação”. diência a outrem”. José Afonso da Silva diz que a “liberdade consiste na
Portanto, o direito de estar só e o direito à própria imagem, às vezes tão possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realiza-
impiedosamente exposta pelos meios de comunicação de massa, ganham ção da felicidade pessoal.” Já Ylves José de Miranda Guimarães entende
eminência constitucional, protegendo-se o homem na sua intimidade e que “a liberdade, conceitualmente, é a força eletiva dos meios, guardada a
privacidade. O dano moral decorrente da violação desses direitos, além do ordem dos fins.” E Harold Laski entende por liberdade “a ausência de
dano material, será indenizado, encerrando assim a Constituição a polêmi- coação sobre a existência daquelas condições sociais que, na civilização
ca até então existente no Direito brasileiro sobre a indenização do dano moderna, são as garantias necessárias da felicidade individual”.
moral.
A liberdade, assim, é inerente à pessoa humana, condição da indivi-
O direito à honra alcança tanto o valor moral íntimo do homem como a dualidade do homem.
estima dos outros, a consideração social, o bom nome, a boa fama, enfim,
o sentimento ou a consciência da própria dignidade pessoal refletida na A Constituição estabelece várias formas de liberdade, que passaremos
consideração dos outros e no sentimento da própria pessoa. Envolve, a examinar.
portanto, a honra subjetiva e a honra objetiva, a primeira tendo por núcleo o Liberdade de ação: é o ponto de contato entre a liberdade e a legalida-
sentimento de auto-estima do indivíduo, o sentimento que possui acerca de de - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
si mesmo, e a honra objetiva significando o conceito social que o indivíduo em virtude de lei (art. 5º, II), base do Estado de Direito: um “governo mais
possui. das leis do que dos homens”. O sentido de lei aqui é formal, ou seja, aquela
O direito à imagem envolve duas vertentes: a imagem-retrato e a ima- espécie normativa elaborada pelo Congresso Nacional, segundo tramitação
gem-atributo. No primeiro sentido significa o direito relativo à reprodução constitucional.
gráfica (retrato, desenho, fotografia, filmagem, dentre outros) da figura Considere-se ainda que, embora o Executivo exerça a função legislati-
humana, podendo envolver até mesmo partes do corpo da pessoa, como a va, ela é efetivada em caráter excepcional e exige a participação do Con-
voz, a boca, o nariz, as pernas, etc. No segundo sentido, é entendida como gresso Nacional em seu aperfeiçoamento, para que o ato legislativo se
a imagem dentro de um determinado contexto, é dizer, o conjunto de atribu- transforme em lei. Excluem-se, então, a nosso juízo, do conceito de lei a
tos cultivados pelo indivíduo e reconhecidos pelo meio social. que se refere o dispositivo constitucional, as medidas provisórias, pois que,
Distingue-se ainda o direito de privacidade do direito de intimidade. embora tenham força de lei (art. 62) desde a sua edição, não são leis,
Considere-se que a vida social do indivíduo divide-se em pública e privada. somente passando a sê-lo após o processo de conversão que depende do
Por privacidade deve-se entender os níveis de relacionamento ocultados ao voto da maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso
público em geral, como a vida familiar, o lazer, os negócios, as aventuras Nacional.
amorosas. Dentro, contudo, dessa privacidade há outras formas de rela- De resto, vale ressaltar que a Constituição instituiu para determinadas
ções, como as que se estabelecem entre cônjuges, pai e filho, irmãos, matérias o princípio da reserva da lei, que coincide com a reserva de lei
namorados, em que poderá haver abusos ou violações. Assim, na esfera da parlamentar, ou seja, matérias como criação de tributos, tipificação de
vida privada há um outro espaço que é o da intimidade. Há, portanto, uma crimes, restrição a direitos fundamentais, dentre outras, som ente poderão
noção de privacidade em que as relações inter-individuais devem permane- ser disciplinadas em lei elaborada pelo Poder Legislativo, segundo tramita-
cer ocultas ao público e existe o espaço da intimidade, onde pode ocorrer a ção própria.
denominada “tirania da vida privada”, na qual o indivíduo deseja manter-se
titular de direitos impenetráveis mesmo aos mais próximos. Enfim, dir-se-ia Liberdade de locomoção: trata-se de liberdade da pessoa física, se-
que o espaço privado compreende o direito à privacidade e o direito à gundo a qual “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
intimidade, sendo exemplo de violação deste último o ato do pai que devas- podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
sa o diário de sua filha adolescente ou o sigilo de suas comunicações dele sair com seus bens” (art. 5º, XV). O direito de ir, vir e ficar é protegido
telefônicas. pelo habeas corpus (art. 5º LXVIII). O direito de circulação no território
nacional, em tempo de paz, é livre, observando-se, no entanto, que, se a
A inviolabilidade do domicílio constitui manifestação do direito à priva- circulação envolver meios de transporte (bicicleta, automóvel, motocicleta e
cidade de que cuidamos acima. A Constituição diz, no art. 5º, XI, que “a outros), caberá ao poder de polícia estabelecer o controle do tráfego, sem
casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem que isso importe restrição ao direito. No caso de estrangeiros, a lei poderá
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, estabelecer limitações para a entrada e saída do País com os seus bens, e,
ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial”. Valem em tempo de guerra, poderá esse direito sofrer mais limitações, não exce-
as seguintes observações. dentes, contudo, as previstas para o estado de sítio.
I - o termo “casa” empregado no texto constitucional compreende qual- Liberdade de pensamento: enquanto mera cogitação, o pensamento é
quer compartimento habitado, aposento habitado, ou compartimento não livre, em termos absolutos, pois não se pode penetrar no mundo interior.
aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (Código José Cretella Jr. diz que “o ser humano pode pensar o que quiser (pensiero
Penal, art. 150, § 40). É a projeção espacial da pessoa; o espaço isolado do non paga gabella), não recebendo, por este ato, tão-só, qualquer espécie
ambiente externo utilizado para o desenvolvimento das atividades da vida e de punição (nemo poenam cogitationis patitur). Aliás, o pensamento, mau
do qual a pessoa pretenda normalmente excluir a presença de terceiros. Da ou bom, que pode preocupar a religião, a qual recrimina o primeiro e exalta
noção de casa fazem parte as ideias de âmbito espacial, direito de exclusi- o segundo, é estranho às cogitações do mundo jurídico. No entanto, o
vidade em relação a todos, direito à privacidade e à não intromissão. De se próprio pensar tem sido objeto da ação administrativa, havendo regimes,
considerar, portanto, que nos teatros, restaurantes, mercados e lojas, em nossos dias, que preconizam e praticam a própria mudança do pensa-
desde que cerrem suas portas e neles haja domicílio, haverá a inviolabili- mento, mediante a lavagem cerebral.
dade por destinação, circunstância que não ocorre enquanto abertos;
Liberdade de consciência ou de crença: é assegurada pela Constituição

Conhecimentos em Direito 75
(art. 5º VI, parte inicial) “A liberdade de consciência é a liberdade do foro seus partícipes, apresenta-se eivada de absoluta desvalia, especialmente
íntimo, em questão não religiosa. A liberdade de crença é também a liberdade quando o órgão da acusação penal postula, com base nela, a prolação de
do foro íntimo, mas voltada para a religião.” A Constituição declara ainda que um decreto condenatório” (Ação Penal 307- DF).
“ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convic-
Realmente, não se deve desconhecer que as gravações telefônicas a-
ção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
presentam possibilidades de manipulação, através de sofisticados meios
a todos imposta e recusar prestação alternativa, fixada em lei” (inciso VIII).
eletrônicos e computadorizados, em que se pode suprimir trechos da gra-
Esse dispositivo se refere à escusa ou objeção de consciência, nomeadamen-
vação, efetuar montagens com textos diversos, alterar o sentido de deter-
te em se tratando de serviço militar (art. 143, §1º), em que poderá ser invoca-
minadas conversas, realizar montagens e frases com a utilização de pa-
da, em tempo de paz, a fim de que o indivíduo seja excluído de atividades
drões vocais de determinadas pessoas, o que leva à imprestabilidade de
essencialmente militares, sujeitando-se, contudo, a outros encargos que a lei
tais provas.
estabelecer, em caráter de substituição.
Advirta-se, no entanto, que a rigidez da vedação das provas ilícitas vem
Liberdade de manifestação do pensamento: o homem não se contenta
sendo abrandada, mas em casos de excepcional gravidade, pela aplicação
com o pensamento interiorizado. Projeta o seu pensamento através da
do princípio da proporcionalidade, caso em que as provas ilícitas, verificada
palavra ou oral ou escrita, ou outros símbolos que sirvam de veículo exteri-
a excepcionalidade do caso, poderão ser utilizadas. Para tanto é necessá-
orizador do pensamento. A Constituição declara que “é livre a manifestação
rio, contudo, que o direito tutelado seja mais importante que o direito à
do pensamento, sendo vedado o anonimato” (art. 5º,IV), notando-se que a
intimidade, segredo e privacidade.
vedação do anonimato é para que se possa tornar efetivo o direito de
resposta, proporcional ao agravo, com indenização por dano material ou Enfim, a regra geral é a da inadmissibilidade das provas ilícitas, que só
moral à imagem (art. 5º, V). excepcionalmente poderiam ser aceitas em juízo, restrita ainda ao âmbito
penal, pois a razão nuclear das normas que imponham restrições de direi-
A Constituição, para garantir a livre manifestação do pensamento, de-
tos fundamentais não é outra senão a de assegurar a previsibilidade das
clara que “e inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações
consequências derivadas da conduta dos indivíduos. Toda intervenção na
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
liberdade tem de ser previsível, além de clara e precisa.
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” (art. 5º, Anote-se que a censura foi proscrita da Constituição, mencionando o
XII). Note-se que o sigilo das comunicações poderá ser suspenso na vigên- inciso IX, do art. 5º, que “é livre a manifestação da atividade intelectual,
cia de estado de defesa e estado de sítio (art. 136, § 1º, I, b e c, e art. 139, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou
III). licença”, e o art. 220, § 2º, que “é vedada toda e qualquer censura de
natureza política, ideológica e artística”. Acentue-se, contudo, que a Consti-
Há nesse ponto que examinar as noções de interceptação telefônica e
tuição institui como princípios orientadores da produção e programação das
gravação clandestina.
emissoras de rádio e televisão, dentre outros, os seguintes (art. 221, I e IV):
A interceptação telefônica consiste na captação e gravação de conver- I — preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
sa telefônica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira pes- II - promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção inde-
soa sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores. pendente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção
cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
A gravação clandestina é aquela em que a captação e gravação da
IV — respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
conversa pessoal, ambiental ou telefônica se dá no momento em que a
mesma se realiza, sendo feita por um dos interlocutores, ou por terceira Segundo o disposto § 3º do art. 220 da Constituição, compete à lei fe-
pessoa com seu consentimento, sem que haja conhecimento dos demais deral estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
interlocutores (Alexandre de Moraes). possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem tais princípios, bem como da propaganda de
A distinção entre as duas modalidades de quebra do sigilo de conversa
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio
telefônica está em que, enquanto na interceptação telefônica nenhum dos
ambiente.
interlocutores tem ciência da gravação, na segunda um deles tem pleno
conhecimento de que a gravação se realiza. Compete, ainda, à lei federal regular as diversões e espetáculos públi-
cos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas
Note-se que a Constituição Federal prevê exceção apenas relativamen-
etárias a que se recomendam, locais e horários em que sua apresentação
te à interceptação telefônica ( art. 5º, XII), desde que presentes os seguin-
se mostre inadequada.
tes requisitos: a) ordem judicial ; b) para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal; c) nas hipóteses e na forma que a Lei estabele- O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de
cer. A matéria se acha regulada pela Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996. 1990) dispõe que nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado em
Anote-se que a adoção da escuta telefônica é permitida apenas, como se emissora de rádio ou televisão, sem aviso de sua classificação, antes de
viu, no âmbito penal, para o exercício da investigação penal ou com vistas à sua transmissão, apresentação ou exibição, constituindo infração adminis-
instrução criminal. Assim, em princípio, seria incabível postular a escuta trativa, sujeita a multa, o descumprimento desta obrigação. Em caso de
para outras finalidades, sendo, pois, impertinente sua utilização no proces- reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da
so civil, pois seria uma prova ilícita vedada pelo inciso LVI do art. 5º da programação da emissora por até dois dias (arts. 76, parágrafo único, e
Constituição. A propósito, o Supremo Tribunal Federal, em caso líder, não 254, do Estatuto).
admitiu prova de adultério obtida por gravação clandestina em fita magnéti-
Liberdade de informação jornalística: está dito na Constituição que “a
ca, em ação de antigo desquite (RTJ 84/609). Em outro julgamento, e
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
reforçando esse entendimento, deixou consignado, em voto do Ministro
qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição,
Celso de Mello, que:
observado o disposto nesta Constituição” (art. 220), sendo livre a expressão
“A gravação de conversação com terceiros, feita através de fita mag- de comunicação (art. 5º, IX). Assim, a liberdade de informação jornalística,
nética, sem o conhecimento de um dos sujeitos da relação dialógica, não referida no § 1º do art. 220, não se restringe à liberdade de imprensa, pois
pode ser contra este utilizada pelo Estado em juízo, uma vez que esse alcança qualquer veículo de comunicação (rádio, cinema, televisão, dentre
procedimento precisamente por realizar-se de modo sub-reptício, envolve outros). Mas a liberdade de informação jornalística se relaciona com o
quebra evidente de privacidade, sendo, em consequência, nula a eficácia direito ao acesso à informação (art. 5º, XIV), ou seja, como direito individu-
jurídica da prova coligida por esse meio. O fato de um dos interlocutores al, a Constituição assegura o direito de ser informado corretamente não só
desconhecer a circunstância de que a conversação que mantém com ao jornalista, mas ao telespectador ou ao leitor de jornal. O habeas data é o
outrem está sendo objeto de gravação atua, em juízo, como causa obstati- instrumento que protege o acesso à informação. O sigilo da fonte é res-
va desse meio de prova. O reconhecimento constitucional do direito à guardado, quando necessário, ao exercício profissional. A Constituição
privacidade ( CF, art. 5º, X) desautoriza o valor probante do conteúdo de fita garante o direito de resposta proporcional ao agravo, bem como a indeniza-
magnética que registra, de forma clandestina, o diálogo mantido com al- ção pelo dano moral decorrente da violação da intimidade, vida privada,
guém que venha a sofrer a persecução penal do Estado. A gravação de honra ou imagem da pessoa (art. 5º, V e IX).
diálogos privados, quando executada com total desconhecimento de um de
Anote-se que a informação jornalística se compõe pela notícia e pela

Conhecimentos em Direito 76
crítica. A notícia traduz a divulgação de um fato cujo conhecimento tenha Exige-se apenas prévia comunicação à autoridade competente, não lhe
importância para o indivíduo na sociedade em que vive, e a crítica denota cabendo, no entanto, indicar o local da reunião, que é escolhido pelos seus
uma opinião , um juízo de valor que recai sobre a notícia. participantes. Nada impede que a polícia tome providências para o res-
guardo da ordem pública durante a reunião, sem, contudo, frustrá-la, de-
Desse modo, o direito de informação jornalística deve ser exercitado
vendo, ao contrário, garantir a sua realização.
segundo esses requisitos, considerando-se ainda que o fato a ser noticiado
seja importante para que o indivíduo possa participar do mundo em que Liberdade de associação: a associação consiste num direito individual
vive. de expressão coletiva, como já acentuamos. Sua base é contratual, seu fim
lícito, e o elemento psíquico é maior do que na liberdade de reunião (o
O direito à informação jornalística, para que seja considerado preferen-
objetivo comum será realizado em tempo relativamente longo, implicando
cial aos demais direitos da personalidade, deve atender aos requisitos
vínculos mais duradouros e contínuos).
acima referidos, é dizer, versar sobre fatos de real significado para o socie-
dade e a opinião pública. Versando sobre fatos sem importância, normal- A Constituição trata das associações no art. 5º, XVII a XXI. A criação
mente relacionados com a vida íntima das pessoas, desveste-se a notícia de associações e, na forma da lei, de cooperativas independe de autoriza-
do caráter de informação, atingindo, muitas vezes, a honra e a imagem do ção, vedando-se a interferência do Estado em seu funcionamento. A disso-
ser humano. lução ou a suspensão das atividades das associações só se dará mediante
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, trânsito em julgado. Diz
A respeito do assunto, o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo dei-
ainda a Constituição que “ninguém será compelido a associar-se ou a
xou consignado que:
permanecer associado”, reproduzindo-se a regra no art. 8º, V, relativamente
“No cotejo entre o direito à honra e o direito de informar, temos que es- aos sindicatos. Permite o texto constitucional (art. 5º, XXI) que as associa-
te último prepondera sobre o primeiro. Porém, para que isto ocorra, neces- ções, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
sário verificar se a informação é verídica e o informe ofensivo à honra tar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente.
alheia inevitável para a perfeita compreensão da mensagem.
Liberdade de exercício profissional: dispõe o art. 5º, XIII, que “é livre o
Nesse contexto, que é onde se insere o problema proposto à nossa so- exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualifica-
lução, temos as seguintes regras: ções profissionais que a lei estabelecer”. Trata-se do direito de livre escolha
1.ª) o direito à informação é mais forte do que o direito à honra; da profissão. A liberdade de ação profissional, reconhecida pela Constitui-
ção, exclui o privilégio de profissão, de que eram exemplos ilustrativos as
2.ª) para que o exercício do direito à informação, em detrimento da corporações de ofício. Mas a liberdade de trabalho está condicionada às
honra alheia, se manifeste legitimamente, é necessário o aten- qualificações profissionais previstas em lei federal (cabe à União legislar
dimento de dois pressupostos: sobre “condições para o exercício de profissões” — art. 22, XVI, parte final),
a) a informação deve ser verdadeira; entendendo-se por qualificações profissionais o conjunto de conhecimentos
necessários e suficientes para a prática de alguma profissão.
b) a informação deve ser inevitável para passar a mensagem. “
Liberdade de ensino e aprendizagem: embora se caracterize como
Considere-se ainda que, como qualquer direito fundamental, a liberda- manifestação do pensamento, a Constituição destaca a liberdade de apren-
de de informação jornalística contém limites, pelo que, mesmo verdadeira, der, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, segundo
não deve ser veiculada de forma insidiosa ou abusiva, trazendo contornos os princípios do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e
de escândalo, sob pena de ensejar reparação por dano moral (RT 743/381). coexistência de instituições públicas e privadas de ensino (art. 206, II e III).
Liberdade religiosa: a liberdade religiosa deriva da liberdade de pen- Refere-se a Constituição não só à liberdade de ensinar, mas também à
samento. É liberdade de crença e de culto e vem declarada no art. 5º, VI: “é liberdade de aprender e de pesquisar. Assim, se por um lado o professor
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre dispõe de autonomia sobre o que ensinar, limitada, é certo, pelo conteúdo
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos programático da disciplina, por outro lado o aluno tem o direito de “reclamar
locais de culto e a suas liturgias”. A liberdade de crença envolve a de não um trabalho sério de seus mestres.”
ter crença e a de aderir ou mudar de religião. Direito de igualdade
A liberdade de culto é a liberdade de exteriorizar a fé religiosa, median- A Constituição abre o Título da Declaração de Direitos afirmando, no
te atos e cerimônias, como procissões, adorações, cantos sagrados, mis- caput do art. 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
sas, sacrifícios, dentre outros. Afirma José Cretella Jr. que, “na verdade, quer natureza”, dispondo ainda o seu inciso I que “homens e mulheres são
não existe religião sem culto, porque as crenças não constituem por si iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. A igualda-
mesmas uma religião. Se não existe culto ou ritual, correspondente à cren- de figura também no art. 3º, IV, da Constituição, como objetivo fundamental
ça, pode haver posição contemplativa, filosófica, jamais uma religião. do Estado brasileiro.
A Constituição assegura, nos termos da lei, a prestação de assistência Ao cuidar dos direitos sociais, a Constituição insere o princípio da i-
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva (art. 5º, VII), gualdade nos incisos XXX e XXXI, do art. 7º, ao proibir:
mas no art. 19, I, veda ao Estado estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou a) diferença de salários, de exercícios de funções e de critério de ad-
seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na missão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
forma da lei, a colaboração de interesse público. Assim, todos os cultos b) qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão
deverão receber tratamento de igualdade pelo Poder Público, já que o do trabalhador portador de deficiência, notando-se que a vedação
Estado confessional existente no Império foi abolido com a República. da letra a se estende aos servidores públicos civis (art. 39, § 2º).
Liberdade de reunião: diz o art. 5º XVI, que “todos podem reunir-se pa- O princípio da igualdade é o que mais tem “desafiado a inteligência
cificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente humana e dividido os homens”, afirma Paulino Jacques. De fato, a igualda-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convo- de formal, entendida como igualdade de oportunidades e igualdade perante
cada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade a lei, tem sido insuficiente para que se efetive a igualdade material, isto é, a
competente”. A reunião consiste no “agrupamento voluntário de diversas igualdade de todos os homens perante os bens da vida, tão enfatizada nas
pessoas que, previamente convocadas, acorrem ao mesmo lugar, com chamadas democracias populares, e que, nas Constituições democráticas
objetivos comuns”, ensina José Cretella Jr. E o gênero, do qual a aglomera- liberais, vem traduzida em normas de caráter programático, como é o caso
ção constitui espécie, entendendo-se por aglomeração o ajuntamento de da Constituição brasileira.
várias pessoas sem pré-aviso, imprevisto, levadas pela curiosidade, pelo
acontecimento fortuito. No exame do princípio da igualdade, deve-se levar em conta, ainda,
que, embora sejam iguais em dignidade, os homens são profundamente
A reunião diferencia-se da associação, pois que esta tem base contra- desiguais em capacidade, circunstância que, ao lado de outros fatores,
tual e caráter de continuidade e estabilidade. como compleição física e estrutura psicológica, dificulta a efetivação do
A reunião de pessoas desarmadas é livre, somente sofrendo limitação princípio.
caso a sua realização impeça outra reunião convocada para o mesmo local. Daí ser incorreto o enunciado do art. 5º de que todos são iguais sem
Conhecimentos em Direito 77
distinção de qualquer natureza, pois “prever simetria onde há desproporção corolário do princípio fundamental de igualdade na esfera das relações de
visível não é garantir igualdade real, mas consagrar desigualdade palpitante trabalho, estendendo-se a todo o sistema do pessoal civil, ressaltou que “é
e condenável.” ponderável, não obstante, a ressalva das hipóteses em que a limitação de
idade se possa legitimar como imposição da natureza e das atribuições do
Igualdade, desde Aristóteles, significa tratar igualmente os iguais e de-
cargo a preencher.”
sigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam.
Assinale-se ainda que a Emenda Constitucional n. 19/98, ao dar nova
A questão, no entanto, é saber quem são os iguais e quem são os de- redação ao inciso II do art. 37, reforçou esta tese, ao prever que a investi-
siguais. Para isso, importa conhecer os fatores de desigualação, já que, dura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
como se verificou, as coisas, os seres e as situações, se apresentam pon- concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
tos comuns, revelam diferenças em alguns aspectos ou circunstâncias. za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei.
Como então identificar as desigualações sem que haja o comprometi- A própria Constituição prevê ainda idade mínima de trinta e cinco e
mento do princípio da igualdade sob, naturalmente, um ponto de vista máxima de sessenta e cinco anos para os cargos, por nomeação do Presi-
normativo? dente da República, de Ministro do Supremo Tribunal (art. 101); do Superior
Em notável monografia acerca do tema, Celso Antônio Bandeira de Tribunal de Justiça (art. 104, parágrafo único); do Tribunal Superior do
Mello acentuou: Trabalho (art. 111, § 1º); de Juiz dos Tribunais Regionais Federais (art.
“Para que um discrímen legal seja conveniente com a isonomia, im- 107); e idade mínima de 35 anos para o cargo de Ministro civil do Superior
pende que concorram quatro elementos: Tribunal Militar (art. 123, parágrafo único).
a) que a desequiparação não atinja, de modo atual e absoluto, um só Há entendimento no sentido de que a idade mínima e máxima (respei-
indivíduo; tado nesta última o limite de sessenta e cinco anos), para o ingresso na
b) que as situações ou pessoas desequiparadas pela regra de direito magistratura de carreira, poderá ser fixada em lei (Estatuto da Magistratu-
sejam efetivamente distintas entre si, vale dizer, possuam caracte- ra), o mesmo ocorrendo quanto aos cargos iniciais da carreira do Ministério
rísticas, traços, nelas residentes, diferençados; Público, cujo limite de idade será estabelecido em lei. Tal entendimento tem
c) que exista, em abstrato, uma correlação lógica entre os fatores di- como fundamento o fato de que os magistrados e os membros do Ministério
ferenciais existentes e a distinção de regime jurídico em função de- Público têm regime funcional próprio, não se submetendo ao disposto no
les, estabelecida pela norma jurídica; art. 39.
d) que, in concreto, o vínculo de correlação supra-referido seja perti- Direito de propriedade — Fundamentos
nente em função dos interesses constitucionalmente protegidos, is- A propriedade, objeto imediato dos direitos fundamentais (art. 5º, ca-
to é, resulta em diferenciação de tratamento jurídico fundada em put), é garantida pelo inciso XXII e constitui princípio da ordem econômica
razão valiosa - ao lume do texto constitucional - para o bem públi- (art. 170, II).
co.“
O direito de propriedade é “abrangente de todo o patrimônio, isto é, os
Pondere-se ainda que a ideia de igualdade se relaciona com a da pró- direitos reais, pessoais e a propriedade literária, a artística, a de invenções
pria justiça, quando se trata de exigir de cada um aquilo que sua capacida- e descoberta. A conceituação de patrimônio inclui o conjunto de direitos e
de e possibilidade permitirem, e conceder algo a cada um, de acordo com obrigações economicamente apreciáveis, atingindo, consequentemente, as
os seus méritos (justiça distributiva). coisas, créditos e os débitos, todas as relações jurídicas de conteúdo
Anote-se que a igualdade perante a lei, declarada em nossa Constitui- econômico das quais participe a pessoa, ativa ou passivamente”, ensina
ção (art. 5º, I), significa uma limitação ao legislador e uma regra de interpre- Ylves José de Miranda Guimarães.
tação. Esclarece
Para o Direito Natural, a propriedade antecede ao Estado e à própria
Manoel Gonçalves Ferreira Filho que, “como limitação ao legislador, sociedade, e não poderá ser abolida, mas seu uso poderá ser regulado em
proíbe-o de editar regras que estabeleçam privilégios, especialmente em função do bem comum.
razão da classe ou posição social, da raça, da religião, da fortuna ou do
sexo do indivíduo. E também um princípio de interpretação. O juiz deverá Função social da propriedade
dar sempre à lei o entendimento que não crie privilégios de espécie alguma. Concebida como direito fundamental, a propriedade não é, contudo, um
E, como juiz, assim deverá proceder todo aquele que tiver de aplicar uma direito absoluto, estando ultrapassada a afirmação constante da Declaração
lei.” dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, considerando-a sagrada.
O princípio da igualdade, como se vê, não é absoluto, como nenhum di-
Ao dispor que “a propriedade atenderá a sua função social”, o art. 5º,
reito o é.
XXIII, da Constituição a desvincula da concepção individualista do século
De início, a Constituição, embora estabeleça no art. 5º, caput, que o di- XVIII. A propriedade, sem deixar de ser privada, se socializou, com isso
reito à igualdade tem como destinatários brasileiros e estrangeiros residen- significando que deve oferecer à coletividade uma maior utilidade, dentro da
tes no País, ressalva, no § 2º do art. 12, algumas diferenciações. Assim, por concepção de que o social orienta o individual.
exemplo, não obstante vede a extradição de brasileiro, o texto constitucio-
nal a admite para o brasileiro naturalizado, em caso de crime comum, A função social da propriedade, que corresponde a uma concepção ati-
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em va e comissiva do uso da propriedade, faz com que o titular do direito seja
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas, na forma da lei (art. 5º, LI), tornan- obrigado a fazer, a valer-se de seus poderes e faculdades, no sentido do
do ainda privativa de brasileiro nato ou naturalizado há mais de dez anos a bem comum.
propriedade de empresa jornalística e de radiofusão sonora e de sons e Mencione-se, ainda, que a função social da propriedade vai além das
imagens, aos quais caberá a responsabilidade por sua administração e limitações que lhe são impostas em benefício de vizinhos, previstas no
orientação intelectual (art. 222). Código Civil, pois que elas visam ao benefício da comunidade, do bem
Também no tocante à proibição de critério de admissão por motivo de comum, do interesse social.
idade, quanto ao serviço público, assinala Celso Antônio Bandeira de Mello A função social da propriedade urbana vem qualificada pela própria
que “tal requisito como regra não pode ser exigido. Isto porque haverá Constituição, ao estabelecer, no § 2º do art. 182, que “a propriedade urbana
hipóteses nas quais do fator idade pode resultar uma específica incompati- cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
bilidade com algum determinado cargo ou emprego, cujo satisfatório de- ordenação da cidade, expressas no plano diretor”.
sempenho demande grande esforço físico ou acarrete desgaste excessivo,
inadequados ou impossíveis a partir de certa fase da vida. Não se tratará, Observe-se que o plano diretor, obrigatório para cidades com mais de
pois, de uma pretendida limitação indiscriminada e inespecífica inadmitida 20 mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento de
pelo texto constitucional -, mas, pelo contrário, da inadequação física para o expansão urbana e será estabelecido em lei municipal (art. 182, §§ 1º e 2º).
satisfatório desempenho de certas funções como consequência natural da O Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
idade.” plano diretor, poderá exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
O Supremo Tribunal Federal, depois de reconhecer a vedação consti- solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
tucional de diferença de critério de admissão por motivo de idade como adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I- parcelamento ou edificação compulsórios;
Conhecimentos em Direito 78
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progres- te trabalho, o sentido dado às garantias constitucionais por Rosah Russo-
sivo no tempo; mano, ou seja, as determinações e procedimentos mediante os quais os
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida de direitos inerentes à pessoa humanas obtêm uma tutela concreta. Assim,
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo passaremos ao exame de algumas delas.
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e suces-
sivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais
(art. 182, § 4º, I a III). O Prof. Raul Machado Horta, depois de di- Garantias das relações jurídicas
zer que “os capítulos da Política Urbana, da Política Agrícola, Ao preceituar que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídi-
Fundiária e da Reforma Agrária estão igualmente impregnados co perfeito e a coisa julgada” (art. 5º, XXX VI), a Constituição procura tutelar
de normas ambíguas e elásticas, sob a aparência de razoabili- situações consolidadas pelo tempo, dando segurança e certeza às relações
dade, mas que poderão conduzir a resultado extremos, na medi- jurídicas. A Constituição não veda expressamente a retroatividade das leis.
da em que o legislador preferir explorar conteúdo dilatador da Impede apenas que as leis novas apliquem-se a determinados atos passa-
norma constitucional federal autorizativa”, adverte para o fato de dos (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada). As normas
que a lei municipal, sob a invocação do princípio da função social penais também não poderão retroagir, salvo para beneficiar o réu. As leis,
da propriedade, poderá sujeitar o proprietário urbano a retalia- assim, deverão reger e produzir efeitos para o futuro, não incidindo eficaz-
ções locais, muitas vezes inspiradas no facciosismo político. mente sobre fatos consumados, produzidos pela lei anterior.
A função social da propriedade rural vem qualificada no art. 186 da Tem-se por direito adquirido, segundo estabelece o art. 6º, § 2º da Lei
Constituição, ou seja, é cumprida quando atende, simultaneamente, segun- de Introdução ao Código Civil, aquele que o seu titular ou alguém por ele
do critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requi- possa exercer, como aquele cujo começo do exercício tenha termo pré-
sitos: fixado, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Pontes
I- aproveitamento racional e adequado; de Miranda, ao tratar do dificílimo tema, define o direito adquirido como “o
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preser- direito irradiado de fato jurídico, quando a lei não o concebeu como atingí-
vação do meio ambiente; vel pela lei nova”.
III - observância das disposições que regulam as relações de traba- Para De Plácido e Silva, “direito adquirido é o direito que já se incorpo-
lho; rou ao patrimônio da pessoa, já é de sua propriedade, já constitui um bem,
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos tra- que deve ser protegido contra qualquer ataque exterior, que ouse ofendê-lo
balhadores. ou turbá-lo.”

Desapropriação No campo do Direito Público, muito se tem discutido acerca da ocor-


rência ou não do direito adquirido. A questão está, a nosso ver, em verificar
Os bens do proprietário poderão ser transferidos para o Estado ou para se o direito de que se trata já se acha incorporado ou não ao patrimônio de
terceiros, sempre que haja necessidade ou utilidade públicas, ou interesse seu titular. Na hipótese afirmativa, deve-se reconhecer a sua existência.
social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, ressalvadas as Mas no caso contrário, ou seja, naquela situação jurídica em que o particu-
hipóteses constitucionais em que a indenização se fará mediante títulos da lar não teve ainda incorporado ao seu patrimônio determinado direito (co-
dívida pública (art. 182, § 4º, III -desapropriação como sanção ao proprietá- mo, por exemplo, o público), não pode invocar a imunidade contra o Poder
rio de imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado), e títulos Público, pois a natureza de seu direito comporta revogação a qualquer
da dívida agrária (arts. 184 e 186 - desapropriação, pela União, por interes- tempo.
se social para fins de reforma agrária, do imóvel rural que não esteja cum-
prindo sua função social). Ato jurídico perfeito, de acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil
(art. 6º, § 1º), é aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
“Há necessidade pública sempre que a expropriação de determinado que se efetuou. Pontes de Miranda sustenta que ato jurídico perfeito “é o
bem é indispensável para atividade essencial do Estado. Há utilidade negócio jurídico, ou o ato jurídico stricto sensu; portanto, assim as declara-
pública quando determinado bem, ainda que não seja imprescindível ou ções unilaterais de vontade, como os negócios jurídicos bilaterais, assim os
insubstituível, é conveniente para o desempenho da atividade estatal. negócios jurídicos, como as reclamações, interpelações, a fixação de prazo
Entende-se existir interesse social toda vez que a expropriação de um bem para a aceitação de doação, as cominações, a constituição de domicílio, as
for conveniente para a paz, o progresso social ou para o desenvolvimento notificações, o reconhecimento para interromper a prescrição ou como sua
da sociedade.” eficácia (atos jurídicos stricto sensu).”
A Constituição prevê, no art. 5º, XXV, que, “no caso de iminente perigo Portanto, é perfeito o ato jurídico que reúna os elementos substanciais
público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, previstos na lei civil, quais sejam: agente capaz, objeto lícito e forma pres-
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. Trata-se crita ou não vedada por lei. Ressalte-se ainda que, embora não consuma-
de requisição, que não se confunde com a desapropriação, pois a indeniza- do, o ato jurídico perfeito que se encontra apto a produzir efeitos tem garan-
ção será posterior à utilização da propriedade particular, que nem sempre tida a sua execução contra a lei nova que não os pode regular, subordina-
será transferida para o Poder Público, ocorrendo apenas a sua utilização dos que ficam à lei antiga.
temporária. Anote-se que compete privativamente à União legislar sobre
requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de Chama-se coisa julgada a decisão judicial de que já não caiba recurso
guerra (art. 22,III). (art. 6º, § 4º, da Lei de Introdução ao Código Civil). O Código de Processo
Civil, em seu art. 467, define a coisa julgada material como “a eficácia, que
Os incisos XXVII a XXIX do art. 5º tratam de propriedades especiais, torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordiná-
tais como a propriedade literária, artística e científica, a propriedade de rio ou extraordinário.” Ensina José Cretella Jr. que coisa julgada formal é “a
invenções e a propriedade das marcas de indústria e comércio. decisão definitiva que não mais pode ser discutida no âmbito do mesmo
processo”, sendo a coisa julgada material “a decisão definitiva, perene,
imutável, que nem em outro processo pode mais ser discutida”.
Garantias constitucionais — Explicação inicial
Parece-nos que a Constituição, por não distinguir, outorga proteção
Conforme vimos , há controvérsia sobre a conceituação de garantias tanto à coisa julgada formal quanto à coisa julgada material.
constitucionais, entendendo-se até mesmo que rigorosamente elas se
confundem com os próprios direitos fundamentais, se concebidas como As garantias das relações jurídicas, como previstas na Constituição,
limitações impostas ao Poder Público. Em vez de se utilizarem da expres- constituem cláusula irreformável, já que se trata de garantias individuais.
são “garantias constitucionais”, alguns autores preferem chamar de “remé- Assim, emenda à Constituição que vise desconstituí-las é suscetível de
dios constitucionais” os processos previstos na Constituição para a defesa arguição de inconstitucionalidade. Elas devem ainda ser concebidas como
dos direitos violados (habeas corpus, mandado de segurança, dentre valores inerentes à estrutura do Estado Democrático de Direito, assim
outros). definido na Constituição de 1988.
Assumindo posição diante da controvérsia, adotamos, para os fins des-

Conhecimentos em Direito 79
Garantias criminais exigida garantia de instância, sem ultrapassar o prazo de cento e oitenta
dias para a decisão do pedido. Assim, não existe mais o contencioso admi-
Seu objeto é a tutela da liberdade pessoal, incluindo-se as constantes
nistrativo: o acesso ao Poder Judiciário é assegurado, mesmo pendente
dos seguintes incisos do art. 5º: proibição de juízes ou tribunais de exceção
recurso na esfera administrativa.
(inciso XXXVII); julgamento dos crimes dolosos contra a vida pelo Tribunal
do Júri (inciso XXXVIII), notando-se o fortalecimento da instituição do júri O princípio do juízo competente (art. 5º, LIII), segundo o qual “ninguém
pelos princípios da plenitude da defesa, sigilo das votações e soberanias será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”, e a
dos veredictos; garantia do juiz competente (incisos LIII e LXI); comunica- vedação de juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII) são garantias
ção de toda prisão ao juiz competente (inciso LXII); o contraditório e a jurisdicionais. Tribunal de exceção, segundo Marcelo Caetano, “é o criado
ampla defesa, que se estendem ao processo administrativo (inciso LV); especialmente para julgamento de certos crimes já cometidos ou de pesso-
anterioridade da lei penal (inciso XL), individualização da pena (inciso as determinadas, arguidas de fatos passados, podendo mesmo suceder,
XLVI); personalização da pena (inciso XLV); proibição de penas de bani- em épocas revolucionárias, que tais fatos só sejam, qualificados como
mento, prisão perpétua, trabalhos forçados e de morte; salvo, neste último delituosos por lei retroativa.” O tribunal de exceção não se confunde, toda-
caso, em caso de guerra declarada (inciso XLVII); proibição de prisão civil via, com o foro privilegiado estabelecido para o processo e julgamento de
por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu- determinadas pessoas, a fim de preservar a independência do exercício de
sável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (inciso LXVII); proibi- suas funções. Citamos como exemplos: o Prefeito é julgado pelo Tribunal
ção da não-extradição de estrangeiro em razão de crime político, ou de de Justiça (art. 29, X); Deputados Federais, Senadores e Presidente da
opinião, e em caso algum de brasileiro (incisos LI e LII); presunção de República são processados e julgados criminalmente pelo Supremo Tribu-
inocência (inciso LVII), com a proibição de identificação criminal do civil- nal Federal (art. 53, § 4º, e 102, I, b).
mente, identificado, salvo nas hipóteses previstas em lei (inciso LVIII);
vedação e punição da tortura (inciso XLIII); vedação e punição do racismo
(inciso XLII). Garantias processuais
Observe-se que a Constituição considera crimes imprescritíveis a práti- Como garantias processuais, destacam-se, na Constituição, a do devi-
ca do racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a do processo legal, agora expressamente prevista no art. 5º, LIV (“ninguém
ordem constitucional e o Estado Democrático, rompendo assim com tradi- será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”), a
ção de nosso Direito, que sempre considerou o decurso do tempo como do contraditório e a da ampla defesa, asseguradas no art. 5º, LV (“aos
causa de extinção da punibilidade. litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
Dentro das garantias criminais, avulta o habeas corpus, que, como se
a ela inerentes”). Note-se que a Constituição estende a garantia do contra-
viu, é considerado remédio constitucional.
ditório e da ampla defesa aos processos administrativos.
O habeas corpus tutela a liberdade de locomoção: “conceder-se habe-
Deveras, para que se possa decidir a lide, é indispensável que sejam
as corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
ouvidas as partes litigantes, sem o que não haverá julgamento justo e nem
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
garantia das liberdades constitucionais.
abuso de poder” (art. 5º, LXVIII).
Como acentua Nelson Nery Júnior, “o princípio do contraditório, além
Instituto originário da Inglaterra medieval, o habeas corpus surgiu com
de fundamentalmente constituir-se em manifestação do princípio do Estado
a Magna Carta de 1215, reaparecendo depois no Bill of Rights, e no Habe-
de Direito, tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do direito
as Corpus Act, de 1679.
de ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o contraditório
No Brasil, o habeas corpus não era previsto na Constituição do Império e a ampla defesa, quer significar que tanto o direito de ação, quanto o
de 1824, tendo sido instituído pela Constituição Republicana de 1891. direito de defesa são manifestações do princípio do contraditório.”
O seu objeto é a tutela da liberdade de locomoção, ou seja, ir, vir e fi-
car, sendo excluídos de sua proteção os direitos públicos subjetivos, ampa-
Garantias tributárias
rados por outros remédios constitucionais (mandado de segurança e habe-
as data, como se verá adiante). As garantias tributárias vêm expressas no art. 150, compreendendo as
seguintes:
Seu sujeito ativo é a pessoa, nacional ou estrangeiro, e pode ser impe-
trado mesmo por incapaz, sendo desnecessária a intervenção de advoga- I- nenhum tributo será exigido ou aumentado, senão em virtude de
do. lei. Esse princípio se acha excepcionado, pois a Constituição fa-
culta ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites es-
Seu sujeito passivo é a autoridade responsável pela ilegalidade ou a-
tabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos de importa-
buso de poder, de que resulte a coação ou violência (ou a ameaça delas)
ção, exportação, produtos industrializados e operações de crédi-
na liberdade de locomoção. Discute-se sobre a possibilidade de particular
to, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
vir a ser sujeito passivo de habeas corpus. A matéria não é pacífica, mas,
em alguns casos, os Tribunais têm concedido a ordem, como, por exemplo, II - não se instituirá tratamento desigual entre contribuintes que se
contra síndico de condomínio, para permitir a entrada ou a saída de pesso- encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
as, ou contra diretor clínico de hospital, para liberar paciente retido por falta em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
de pagamento do débito hospitalar. independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;
O habeas corpus pode ser preventivo ou liberatório. No primeiro caso,
previne-se a coação, e, no segundo, é utilizado quando a coação já se III - nenhum imposto será cobrado em relação a fatos geradores o-
consumou. corridos antes do início da vigência da lei que os houver instituí-
do ou aumentado, e no mesmo exercício financeiro em que haja
Diz expressamente a Constituição que “não caberá habeas corpus em
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, não se apli-
relação a punições disciplinares militares” (art. 142, § 2º).
cando o princípio aos impostos mencionados acima, no inciso I,
nem aos impostos extraordinários instituídos pela União na imi-
nência ou no caso de guerra externa (art. 150, § 1º);
Garantias jurisdicionais
IV - não haverá tributo com efeito confiscatório.
A primeira garantia jurisdicional vem tratada no art. 50, XXXV: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. E a
inafastabilidade ao acesso ao Judiciário, traduzida no monopólio da jurisdi-
Garantias civis
ção, ou seja, havendo ameaça ou lesão de direito, não pode a lei impedir o
acesso ao Poder Judiciário. Anote-se que o preceito constitucional não Consistem na obtenção, independentemente do pagamento de taxas,
reproduz cláusula constante da Emenda Constitucional n. 1, de 1969 (art. de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclareci-
153, § 4º), a qual possibilitava que o ingresso em juízo poderia ser condi- mento de situações pessoais (art. 5º, XXXIV, b). O direito à obtenção de
cionado à prévia exaustão das vias administrativas, desde que não fosse certidão é limitado à situação pessoal, e o seu exercício independe de

Conhecimentos em Direito 80
regulamentação. Para impetração do mandado de segurança coletivo, entendemos necessá-
ria a autorização expressa aludida no art. 5º, XXI, que é regra genérica.
Relacionam-se ainda as garantias civis com o mandado de segurança
e o habeas data. Observe-se, finalmente, que, antes mesmo da instituição do mandado
de segurança coletivo, reconhecia-se à Ordem dos Advogados do Brasil
Mandado de segurança - O mandado de segurança foi instituído pela
(art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 4.215, de 1963, hoje revogada) legitimi-
Constituição de 1934.
dade para pleitear, em juízo ou fora dele, os interesses gerais da classe dos
Na vigência da Constituição de 1891, pretendeu-se estender aos direi- advogados e os individuais, relacionados com o exercício da profissão, bem
tos públicos subjetivos o habeas corpus, dado o caráter abrangente da como pela Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil
cláusula constitucional que dizia: “dar-se-á o habeas corpus, sempre que o pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao
indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou consumidor, a bens e direitos valor artístico, estético, histórico, turístico e
coação por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 72, § 22, da Constituição de paisagístico, conferiu-se a associações de consumidores legitimação para
1891). Como, no entanto, a revisão da Constituição de 1891, ocorrida em promoverem o reconhecimento dos interesses de seus associados.
1926, restringiu o habeas corpus ao direito de locomoção, os demais direi-
Assim, a nosso juízo, o mandado de segurança coletivo se presta para
tos fundamentais ficaram sem proteção. Assim, a Carta de 1934 criou o
a defesa de direito individuais ou coletivos relacionados com os membros
mandado de segurança “para defesa do direito, certo e incontestável,
ou associados das entidades e associações mencionadas na alínea b do
ameaçado ou violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal de
inciso LXX do art. 5º da Constituição.
qualquer autoridade”, cujo processo seria o mesmo do habeas corpus (art.
113, item 33). No que respeita aos partidos políticos como pessoas legitimadas para a
impetração da segurança coletiva, pensamos que os interesses individuais
O mandado de segurança se acha atualmente previsto no art. 5º, LXIX,
a serem defendidos devem referir-se a seus filiados e não a qualquer
da Constituição, sendo que o inciso seguinte trata de variante do instituto,
pessoa indistintamente.
que é o mandado de segurança coletivo.
Habeas data - Instituto novo, criado pela Constituição de 1988, é o ha-
Dispõe o art. 5º, LXIX, da Constituição que conceder-se-á mandado de
beas data (art. 5º, LXXII, a e b).
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de “Conceder-se-á habeas data:
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
- para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
atribuição do Poder Público”.
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de en-
O direito líquido e certo é aquele cuja comprovação se faz de plano tidades governamentais ou de caráter público;
com a impetração, sem necessidade de dilação probatória. Esclarece Hely
- para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro-
Lopes Meirelles que “direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto
cesso sigiloso, judicial ou administrativo.”
na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por
outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de Visa o habeas data assegurar ao impetrante (nacional ou estrangeiro) o
segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os conhecimento de informações existentes em registros ou bancos de dados
requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante. Se sua existência de entidades governamentais ou de caráter público e retificar tais dados.
for duvidosa; se sua extensão não estiver determinada; se o seu exercício A locução latina habeas data compõe-se de babeas, segunda pessoa
depender de situações e fatos não esclarecidos nos autos, não rende do subjuntivo de habeo... habere, significa aqui, “tenhas em tua posse”, que
ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judici- é uma das acepções do verbo; e data é o acusativo plural de datum. Então:
ais.” “que tenhas os registros ou dados”.
Sujeito ativo do mandado de segurança é o titular do direito pessoal lí- Sujeito passivo do habeas data são as entidades governamentais ou de
quido e certo; sujeito passivo é a autoridade pública, entendida como todo caráter público, incluindo-se, nestas últimas, as entidades privadas que
agente público que exerce função estatal, bem como os agentes delegados, prestem serviço público, tais como concessionários, permissionários, insti-
ou seja, os que exercem funções delegadas (concessionários, permissioná-
tuições de cadastramento e de proteção ao crédito, dentre outras.
rios e agentes de pessoas jurídicas privadas que executem, a qualquer
título, atividades, serviços e obras públicas). Note-se, contudo, que o inciso XXXIII do art. 5º diz que “todos têm o di-
reito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
Mandado de segurança coletivo - A Constituição prevê ainda o manda- ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
do de segurança coletivo, omisso nas Constituições anteriores. Diz o inciso pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí-
LXX do art. 5º: vel à segurança da sociedade e do Estado”. Entendemos que a ressalva da
“O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: disposição constitucional não se aplica ao habeas data, que assegura o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, tratando-se
- partido político com representação no Congresso Nacional;
de proteção à privacidade, à intimidade e à honra do indivíduo, em que não
- organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente pode haver segredo para o titular do direito.
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
Com relação ao processo do habeas data, a Lei n. 8.038, de 28 de
dos interesses de seus membros ou associados”.
maio de 1990, declara a que “no mandado de injunção e no habeas data
O mandado de segurança coletivo suscita algumas questões quanto à serão observados, no que couber, as normas do mandado de segurança,
legitimação das entidades de classe e associativas. Para Celso Agrícola enquanto não editada legislação específica” (art. 24, parágrafo único).
Barbi, “quando se tratar de organização sindical, entidade de classe ou
Editou-se, contudo, a Lei n. 9507, de 12 de novembro de 1997, que re-
associação, é necessário que a ameaça ou lesão seja a interesses de seus
gula o direito de acesso à informação e disciplina o rito processual do
membros ou associados.”
habeas data, que, em seu texto, guarda semelhança com a Lei n. 1533/51,
José Afonso da Silva pensa que “há ponderações a fazer quanto a isso, que trata do mandado de segurança.
pois não se pode, p. ex., deixar de levar em conta o disposto no art. 8º, III,
que dá aos sindicatos legitimidade para a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria em Juízo.” Garantias políticas
Para J. J. Calmon de Passos, “deve haver afinidade entre o interesse Como garantias políticas, examinaremos o direito de petição aos Pode-
(individual) substrato do direito subjetivo e o interesse (social) que justifica res Públicos, em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder
ou fundamenta a associação. Nesta linha de raciocínio, carecerá de ação “a (art. 5º, XXXIV, a), e a ação popular (art. 5º, LXXIII).
organização sindical que ajuizar o mandamus relativamente a interesse Direito de petição - Quanto ao direito de petição, o texto constitucional
difuso do interesse da categoria sindicalizada e pertinente à representativi- eliminou a expressão “direito de representação”, constante do art. 153, §
dade do sindicato, a entidade de classe que promover a defesa de interes- 30, da Emenda Constitucional n. 1, de 1969.
se que não seja o da classe (específico) que ela aglutina e representa".
O direito de petição se exercita perante qualquer dos Poderes do Esta-

Conhecimentos em Direito 81
do (Legislativo, Executivo e Judiciário) e cabe a nacional ou estrangeiro, mado. Compete ao Juiz definir as condições para a satisfação direta do
devendo ser veiculado por escrito. direito reclamado e determiná-la imperativamente".
Ação popular - A ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, acha-se regu- De fato, a ausência de norma regulamentadora para determinado caso
lada pela Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965. concreto autoriza a impetração, com o Poder Judiciário criando norma
individual para dar a proteção ou a garantia até então inexistente, em
Segundo o inciso constitucional, “qualquer cidadão é parte legítima pa-
virtude da omissão do Legislador ou de órgão do Executivo. Assim decidin-
ra propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou
do, o Judiciário não compromete o princípio da separação de Poderes, pois
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
não há criação de norma jurídica geral, mas apenas individual, específica,
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo compro-
para atender ao caso concreto. Na injunção, o juiz julga sem lei, porque é
vada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.”
ele quem cria a lei para o caso concreto, servindo-se para tanto da equida-
A ação popular foi instituída pela Constituição de 1934, tendo sido man- de como critério de julgamento.
tida pelas Constituições posteriores, à exceção da Carta de 1937. A Consti-
Mas o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Injun-
tuição de 1988 ampliou-lhe o objeto para abranger, além da anulação de
ção n. 168, sendo relator o Ministro Sepúlveda Pertence, decidiu que “o
atos lesivos ao patrimônio público, os de entidade de que o Estado participe
mandado de injunção nem autoriza o Judiciário a suprir a omissão legislati-
e os atos lesivos à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patri-
va ou regulamentar, editando o ato normativo omitido, nem menos ainda lhe
mônio histórico e cultural.
permite ordenar, de imediato, ato concreto de satisfação do direito reclama-
O autor popular é o cidadão (eleitor no gozo dos direitos políticos), não do: mas, no pedido, posto que de atendimento impossível, para que o
tendo, assim, legitimidade ativa para a propositura da ação o nacional não- Tribunal o faça, se contém o pedido de atendimento possível para a decla-
eleitor, o estrangeiro e as pessoas jurídicas. ração de inconstitucionalidade da omissão normativa, com ciência ao órgão
Tem-se aceitado ação popular contra ato legislativo, desde que de efei- competente para que a supra”.
tos concretos.
O ato a ser anulado deve ser ilegal e lesivo. Assim decidindo, quer-nos parecer que o Supremo Tribunal Federal
Com a ampliação do objeto da ação popular no texto constitucional, adotou a tese de que os efeitos do mandado de injunção são análogos aos
sustenta-se que basta a lesividade para que seja considerado nulo o ato da inconstitucionalidade por omissão, tornando-se, então, inócuo ou de
que se pretende invalidar: é que a lesividade traz em si a ilegalidade. nenhuma aplicação prática o novo instituto constitucional.
Observe-se, finalmente, que o parágrafo único do art. 24 da Lei n.
8.038, de 28 de maio de 1990, determina que, “no mandado de injunção e
Mandado de injunção no habeas data, serão observadas, no que couber, as normas do mandado
A ausência de norma regulamentadora de direitos consagrados na de segurança, enquanto não editada legislação específica.”
Constituição, pela inércia do legislador, levou à inserção, no texto constitu-
cional de 1988, do mandado de injunção:
Nacionalidade
“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma re-
gulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades consti- O art. 12 da CF trata da nacionalidade, definindo nos seus parágrafos
tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à e incisos os conceitos de brasileiro nato e brasileiro naturalizado, da perda
cidadania” (art. 5º, LXXI). da nacionalidade brasileira, dos cargos privativos de brasileiro nato e da
igualdade de direitos dos portugueses com residência permanente no país,
Visa, pois, o mandado de injunção possibilitar o exercício de direitos e havendo reciprocidade em favor de brasileiros.
liberdades constitucionais e de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania, inviabilizados pela falta de norma regulamentadora Resta acrescentar, aqui, que o idioma oficial é a língua portuguesa e
do dispositivo constitucional não auto-aplicável que os instituiu. que os símbolos nacionais são a bandeira, o hino, as armas e o selo (art.
13). Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos
Alguns problemas têm sido suscitados, não só pelo fato de que a Cons- próprios (art. 13, § 2º).
tituição não diz o que é mandado de injunção, mas apenas quando se dará
(art. 5º, LXXI). A insuficiência do Direito Comparado, que não dispõe de “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, lín-
instituto idêntico, nada obstante haver alguma semelhança com o writ of guas, crenças e tradições (...)“ (art. 231). No ensino fundamental são asse-
injuction do Direito norte-americano, é também outro problema. gurados a utilização também de suas línguas maternas e processos pró-
prios de aprendizagem (art. 210, § 2º).
Cuida-se, inicialmente, de verificar a extensão do mandado de injun-
ção. Pela leitura do texto constitucional, parece-nos que a garantia alcança
os direitos e liberdades constitucionais (individuais, coletivos e sociais), e as Informações bibliográficas:
prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania (direitos políticos) e
soberania (entendida como soberania popular - art. 14). SERESUELA, Nívea Carolina de Holanda. Princípios constitucionais da
Administração Pública . Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov. 2002.
A injunção surge no caso concreto, depois de verificada a ausência Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3489>.
normativa, pois o prejudicado se acha impedido de exercer o direito, dada a Acesso em: 25 mar. 2005.
omissão legislativa ou do Poder Executivo. Não cabe a injunção caso já
exista a norma regulamentadora da qual decorre a efetividade do direito
reclamado.
NORMAS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES AOS SERVIDORES
A natureza da providência judicial deferida com a impetração do man-
dado de injunção tem provocado pronunciamentos de eminentes juristas. As normas constitucionais pertinentes aos servidores são, principal-
Alguns entendem que o alcance do mandado de injunção é análogo ao da mente, as dos arts. 37 a 41. Dizemos principalmente porque outras existem,
inconstitucionalidade por omissão, escrevendo Manoel Gonçalves Ferreira esparsas no texto constitucional, que, embora não reunidas na seção
Filho que “sua concessão leva o Judiciário a dar ciência ao Poder compe- própria (CF, tít. III, cap. VII, seçs. I e II — “Dos servidores públicos”), são
tente da falta de norma sem a qual é inviável o exercício de direito funda- também de observância obrigatória, dentre outras as que estabelecem a
mental. Não importa no estabelecimento pelo próprio órgão jurisdicional da privatividade da iniciativa das leis que criam cargos públicos (arts. 51, IV,
norma regulamento necessária à viabilização do direito. Aliás, tal alcance 52, XIII, 61, § 1º, II, “a”, 96, II, “b”, e 127, § 3º) e a competência para seu
está fora da sistemática constitucional brasileira, que consagra a “separa- provimento (arts. 96, I, “c” e “e”, 84, XXV, e 127, § 2º). Como se verá,
ção de Poderes”, para concluir que “não se pode dar ao mandado de injun- algumas são pertinentes a todos os servidores públicos enquanto que
ção um alcance que não tem a inconstitucionalidade por omissão”. outras, não, dependendo do regime jurídico adotado.

Outros juristas pensam de modo diferente. José Afonso da Silva enten- Todavia, o que nos propomos examinar neste tópico são as normas
de que “o conteúdo da decisão consiste na outorga direta do direito recla- constantes dos referidos arts. 37 a 41 da CF. Destas, pelo menos uma tem
um caráter nitidamente organizatório (art. 37, I, do qual deriva o princípio da
Conhecimentos em Direito 82
organização legal do serviço público). As demais, como advertimos requisitos de adequação ao cargo.
precedentemente, exercem uma dupla função — de proteção ao serviço e
Apreciando a matéria, o TFR (hoje, substituído pelo STJ) assentou
de proteção ao servidor —, pois visam a estabelecer o equilíbrio entre o
lição antiga, mas de conteúdo atual: “A desigualdade física, moral e
Poder Público e seu pessoal, para que este não se arme de vantagens
intelectual é um fato que a lei reconhece e por vezes aprecia e apura, como
prejudiciais ao serviço público, nem o Estado amesquinhe os que o servem.
sucede na seleção do pessoal para as funções públicas, acessíveis a qual-
Essas normas dispõem sobre: acessibilidade aos cargos públicos, quer que dê prova da capacidade exigida”. O STF, em suas decisões, tem
funções e empregos públicos (art. 37, I); obrigatoriedade de concurso deixado claro que as limitações impostas por lei só podem ser admitidas
público (art. 37, II); contratação por prazo determinado (art. 37, IX); quando forem razoáveis, ou seja, a razoabilidade deverá ser aferida em
paridade de vencimentos (arts. 37, XII, e 39, § 1º); vedações de razão da natureza das atribuições do cargo a preencher.
equiparações e vinculações (art. 37, XIII); tetos de remuneração, subsídio,
Dessa forma, a EC 19, ao inserir dispositivo permitindo que a lei
proventos e pensões (art. 37, XI); inacumulabilidade de cargos, empregos e
estabeleça requisitos diferenciados de admissão quando a natureza ou a
funções (art. 37, XVI e XVII); estabilidade (art. 41, caput); aposentadoria
complexidade do cargo os exigirem (CF, art. 37, II), nada mais fez do que
(art. 40); cômputo do tempo de serviço prestado a todas as entidades da
consagrar o que o Judiciário já vinha entendendo. Portanto, esses
Administração direta, autárquica e fundacional (art. 40, § 3º); exercício de
requisitos só serão constitucionais se forem razoáveis.
funções eletivas por servidor (art. 38); demissão de estáveis (art. 41, § 1º);
reintegração (art. 41, § 2º); responsabilização civil dos servidores (art. 37, § Concurso
6º); sujeição às normas constitucionais quanto à forma e às condições de A obrigatoriedade de concurso público, ressalvados os cargos em
provimento dos cargos públicos (art. 37, I e II); greve (art. 37, VII). Analise- comissão e empregos com essa natureza, refere-se à investidura em cargo
mos, sumariamente, a razão de ser e a extensão dessas imposições. ou emprego público, isto é, ao ingresso em cargo ou emprego isolado ou
em cargo ou emprego público inicial da carreira na Administração direta e
indireta. O concurso é o meio técnico posto à disposição da Administração
Acessibilidade aos cargos, funções e empregos públicos
Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço
Ao estabelecer a acessibilidade aos cargos, empregos e funções público e, ao mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos os
públicas a todos os brasileiros (art. 37, I) a Constituição assegura aos interessados que atendam aos requisitos da lei, fixados de acordo com a
brasileiros natos e naturalizados, salvo as exceções constitucionais natureza e a complexidade do cargo ou emprego, consoante determina o
previstas no seu art. 12, § 3º, o direito de acesso aos cargos, empregos e art. 37, II, da CF. Pelo concurso afastam-se, pois, os ineptos e os
funções públicas. Pela EC 11, de 30.4.96, que acrescentou parágrafos ao apaniguados que costumam abarrotar as repartições, num espetáculo
art. 207 da CF de 1988, as universidades e as instituições de pesquisa degradante de protecionismo e falta de escrúpulos de políticos que se
científica e tecnológica podem admitir estrangeiros como professores, alçam e se mantêm no poder leiloando cargos e empregos públicos.
técnicos e cientistas, na forma da lei federal e de caráter nacional. Agora,
Desde a Constituição de 1967 para os cargos públicos efetivos e a
pela redação dada pela EC 19, os cargos, empregos e funções públicas
quase-totalidade dos vitalícios os concursos públicos só podem ser de
são também acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei, também federal e
provas ou de provas e títulos, ficando, assim, afastada a possibilidade de
de natureza nacional. Por outro lado, o mesmo art. 37, I, condiciona a
seleção com base unicamente em títulos, como ocorria na vigência da
acessibilidade aos cargos públicos, funções e empregos públicos ao
Constituição de 1946, que fazia igual exigência para a primeira investidura
preenchimento dos requisitos estabelecidos em lei.
em cargos de carreira, silenciando, entretanto, quanto à modalidade do
Com isso, ficam as Administrações autorizadas a prescrever em lei concurso (art. 186; cf art. 37, II, da atual CF). Com o objetivo de evitar
exigências quanto à capacidade física, moral, técnica, científica e interferências eleitorais, a Lei 9.507/97 proíbe a realização de concurso
profissional que entenderem convenientes, como condições de eficiência, público no período por ela especificado, salvo as exceções por ela previstas
moralidade e aperfeiçoamento do serviço público. Mas à lei específica, de (art. 73, V). A respeito, ver Consulta 1.065, TSE, Pleno, DJU 12.7.2004.
caráter local, é vedado dispensar condições estabelecidas em lei nacional Tratando-se de pessoa jurídica de Direito Privado integrante da
para a investidura em cargos públicos, como, p. ex., as exigidas pelas leis Administração indireta admite-se que o certame seja feito sem essa
eleitoral e do serviço militar, ou para o exercício de determinadas profissões complexidade, porém é essencial que assegure o atendimento do princípio
(CF, art. 22, XVI). E tanto uma como outra deverão respeitar as garantias da isonomia, possibilitando àquele que queira participar uma efetiva
asseguradas no art. 5º da CF, que veda distinções baseadas em sexo, participação.
idade, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. E, tratando-se
Os concursos não têm forma ou procedimento estabelecido na
de concurso público, este será realizado de acordo com a natureza e a
Constituição, mas é de toda conveniência que sejam precedidos de uma
complexidade do cargo ou emprego, na forma da lei (CF, art. 37, II).
regulamentação legal ou administrativa, amplamente divulgada, para que
Assim sendo, desde que a lei genérica, de cunho nacional, condicione os candidatos se inteirem de suas bases e matérias exigidas. Suas normas,
o exercício de determinada atividade à habilitação profissional na forma que desde que conformes com a CF e a lei, obrigam tanto os candidatos quanto
prescrever, como ocorre com a Medicina e a Engenharia, não é permitido à a Administração. Como atos administrativos, devem ser realizados através
lei específica dispensar ou inexigir a mesma habilitação para a investidura de bancas ou comissões examinadoras, regularmente constituídas com
em cargo cuja função precípua se confunda com aquela atividade. elementos capazes e idôneos dos quadros do funcionalismo ou não, e com
recurso para órgãos superiores, visto que o regime democrático é contrário
Quanto ao princípio da isonomia (CF, art. 5º), é preciso ver que, além
a decisões únicas, soberanas e irrecorríveis. De qualquer forma, caberá
das distinções acima referidas, a igualdade de todos os brasileiros perante
sempre reapreciação judicial do resultado dos concursos, limitada ao
a lei veda as exigências meramente discriminatórias, como as relativas ao
aspecto da legalidade da constituição das bancas ou comissões
lugar de nascimento, condições pessoais de fortuna, família, privilégios de
examinadoras, dos critérios adotados para o julgamento e classificação dos
classe ou qualquer outra qualificação social. E assim é porque os requisitos
candidatos. Isso porque nenhuma lesão ou ameaça a direito individual
a que se refere a CF (art. 37) hão de ser apenas os que, objetivamente
poderá ser excluída da apreciação do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV).
considerados, se mostrem necessários e razoáveis ao cabal desempenho
da função pública. Se determinado cargo de datilógrafo, por ex., pode ser É conveniente, ainda, que as bancas ou comissões examinadoras, se
exercido indiferentemente por pessoas do sexo feminino ou masculino, a constituídas por servidores, o sejam somente com os efetivos, para se
discriminação fundada nesse atributo pessoal do candidato será indevida; assegurar a independência no julgamento e afastar as influências
entretanto, se o que a Administração deseja é uma pessoa do sexo estranhas. Outra cautela recomendável é a de não se colocar
feminino para ocupar o cargo de datilógrafo numa penitenciária de examinadores de hierarquia inferior à do cargo em concurso ou que tenham
mulheres, o estabelecimento desse requisito não constituirá discriminação menos títulos científicos ou técnicos que os eventuais candidatos, sem o
ilegal, uma vez que visa a atender a uma legítima conduta administrativa. quê ficará prejudicada a eficiência das provas, além de constituir uma
Daí por que a jurisprudência tem admitido como válidas, com base no capitis deminutio para os concorrentes mais categorizados que os
princípio da razoabilidade, exigências que, à primeira vista, pareceriam integrantes da banca.
atentatórias ao princípio da isonomia, tais como as que limitam a
Desde que o concurso visa a selecionar os candidatos mais capazes, é
acessibilidade a certos cargos em razão da idade, sexo, categoria
inadmissível e tem sido julgada inconstitucional a concessão inicial de
profissional, condições mínimas de capacidade física e mental e outros

Conhecimentos em Direito 83
vantagens ou privilégios a determinadas pessoas ou categorias de Serviço de Pessoal. O conteúdo da declaração, sua atualização e as
servidores, porque isto cria desigualdade entre os concorrentes. Os consequências da não apresentação estão prescritos nos §§ 1º a 3º do art.
concursados remanescentes, enquanto não esgotado o prazo de validade 13. No âmbito federal, o Dec. 5.483, de 30.6.2005, regulamentou esse art.
do concurso realizado, têm prioridade sobre os novos concursados (CF, art. 13 e instituiu a sindicância patrimonial.
37, IV). A reserva de percentual de cargos para as pessoas portadoras de
Observe-se, por fim, que a exigência de prévia aprovação em concurso é
deficiência, prevista no art. 37, VIII, da CF, não afasta a exigência de
para os cargos de provimento efetivo, ou seja, não temporário, não
caráter geral relativa ao concurso público.
condicionado a uma relação de confiança entre o nomeado e seus
A Administração é livre para estabelecer as bases do concurso e os superiores hierárquicos. Daí por que é dispensada para o
critérios de julgamento, desde que o faça com igualdade para todos os preenchimento dos cargos declarados em lei de provimento em
candidatos, tendo, ainda, o poder de, a todo tempo, alterar as condições e comissão, cuja principal característica é a confiabilidade que devem
requisitos de admissão dos concorrentes, para melhor atendimento do merecer seus ocupantes, por isso mesmo nomeáveis e exoneráveis
interesse público. Não obstante, é ilegal a exclusão ou reprovação com livremente (CF, art. 37, II), e destinados apenas às atribuições de
base em critério subjetivo, como a realização de exame psicotécnico sem direção, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V). Como vimos, um
critérios objetivos ou a avaliação sigilosa de conduta do candidato, sem parcela desses cargos em comissão será preenchida por servidores de
motivação. Ante a presunção de não culpabilidade, é também ilegal carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei
reprovar ou excluir do concurso candidato com ação penal em curso ou (CF, art. 37, V). Nestas hipóteses, a nomeação, embora livre, fica
cumprindo pena em regime semi-aberto, sob a alegação de falta de condicionada à observância dos requisitos previstos na lei federal,
capacitação moral”. estadual, distrital ou municipal.
Os candidatos, mesmo que inscritos, não adquirem direito à realização Neste campo, o legislador deve ter presente, sempre, advertência e
do concurso na época e condições inicialmente estabelecidas pela alerta do STF no sentido de que “a criação de cargo em comissão, em
Administração; esses elementos podem ser modificados pelo Poder moldes artificiais e não condizentes com as praxes de nosso ordenamento
Público, como pode ser cancelado ou invalidado o concurso, antes, durante jurídico e administrativo, só pode ser encarada como inaceitável
ou após sua realização. E assim é porque os concorrentes têm apenas uma esvaziamento da exigência constitucional do concurso”, ou, por extensão,
expectativa de direito, que não obriga a Administração a realizar as provas agora, da exigência de um percentual mínimo para os servidores de
prometidas. Ainda mesmo a aprovação no concurso não gera direito carreira, isto é, concursados.
absoluto à nomeação ou à admissão, pois que continua o aprovado com
Contratação por tempo determinado
simples expectativa de direito à investidura no cargo ou emprego disputado;
mas a Administração deve demonstrar, de forma consistente, o motivo da Além dos servidores públicos concursados ou nomeados em comissão,
conveniência administrativa da não-nomeação daquele que está dentro do a Constituição Federal permite que a União, os Estados e os Municípios
número de vagas previsto no concurso. editem leis que estabeleçam “os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
Vencido o concurso, o primeiro colocado adquire direito subjetivo à
interesse público” (art. 37, IX). Obviamente, essas leis deverão atender aos
nomeação com preferência sobre qualquer outro, desde que a
princípios da razoabilidade e da moralidade. Não podem prever hipóteses
Administração se disponha a prover o cargo ou o emprego público, mas a
abrangentes e genéricas, nem deixar sem definição, ou em aberto, os
conveniência e oportunidade do provimento ficam à inteira discrição do
casos de contratação. Dessa forma, só podem prever casos que
Poder Público. O que não se admite é a nomeação de outro candidato que
efetivamente justifiquem a contratação. Esta, à evidência, somente poderá
não o vencedor do concurso, pois, nesse caso, haverá preterição do seu
ser feita sem processo seletivo quando o interesse público assim o permitir.
direito, salvo a exceção do art. 37, IV.
No âmbito federal essa contratação encontra-se regulada pela Lei
O concurso tem validade de até dois anos, contados da homologação,
8.745, de 9.12.93, alterada pelas Leis 9.849, de 26.10.99, 10.973/2004 e
prorrogável uma vez, por igual período, conforme dispõe o art. 37, III, da
11.204/2005. Esta lei federal deve servir de norte para Estados e
CF. Tratando-se de cargo público, após o concurso segue-se o provimento
Municípios disporem sobre a matéria. Os casos relacionados pela aludida
do cargo, através da nomeação do candidato aprovado. A nomeação é o
lei, exemplificativamente, são: a) assistência a situações de calamidade
ato de provimento de cargo, que se completa com a posse e o exercício.
pública; b) combate a surtos endêmicos; c) admissão de professor
A investidura do servidor no cargo ocorre com a posse. A posse é a substituto e professor visitante; d) admissão de professor e pesquisador
conditio juris da função pública. Por ela se conferem ao servidor ou ao visitante estrangeiro; e e) atividades especiais nas organizações das Forças
agente político as prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo ou do Armadas para atender à área industrial ou a encargos temporários de obras
mandato. Sem a posse o provimento não se completa, nem pode haver e serviços de Engenharia. O seu art. 3º estabelece como regra geral o
exercício da função pública. É a posse que marca o inicio dos direitos e recrutamento mediante processo seletivo simplificado, prescindindo,
deveres funcionais, como, também, gera as restrições, impedimentos e portanto, de concurso público. Todavia, a contratação para atender a
incompatibilidades para o desempenho de outros cargos, funções ou situação de calamidade pública dispensa o processo seletivo e a prevista
mandatos. Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser desfeita pela nas letras “e” e “f’, acima, poderá ser efetivada à vista de notória
Administração antes da posse do nomeado. No entanto, a anulação do capacidade técnica ou científica do profissional, mediante análise do
concurso, com a exoneração do nomeado, após a posse, só pode ser feita curriculum vitae (cf. §§ 1º e 2º do art. 3º). Com a finalidade de evitar fraude
com observância do devido processo legal e a garantia de ampla defesa. à regra do tempo determinado, a lei veda a prorrogação dos contratos, só a
admitindo nos casos e nos prazos ali estabelecidos (art. 4º e §§ 1º e 2º). A
O exercício do cargo é decorrência natural da posse. Normalmente, a
extinção do contrato dar-se-á pelo término do prazo contratual, por iniciativa
posse e o exercício são dados em momentos sucessivos e por autoridades
do contratado ou por iniciativa do contratante, decorrente de conveniência
diversas, mas casos há em que se reúnem num só ato, perante a mesma
administrativa. Nas duas primeiras hipóteses a extinção opera sem direito a
autoridade. E o exercício que marca o momento em que o funcionário
indenização, e na última o contratado será indenizado por valor
passa a desempenhar legalmente suas funções e adquire direito às
correspondente à metade do que lhe caberia até o restante do contrato (art.
vantagens do cargo e à contraprestação pecuniária devida pelo Poder
12 e § 2º).
Público. Sem exercício, já decidiu o TJSP, não há direito ao recebimento de
vencimentos. Desinvestidura de cargo ou emprego público
Com a posse o cargo fica provido e não poderá ser ocupado por A desinvestidura de cargo pode ocorrer por demissão, exoneração ou
outrem, mas o provimento só se completa com a entrada em exercício do dispensa. Demissão é punição por falta grave. Exoneração é
nomeado. Se este não o faz na data prevista, a nomeação e, desinvestidura:
consequentemente, a posse tomam-se ineficazes, o que, juntamente com a
a) a pedido do interessado — neste caso, desde que não esteja sendo
vacância do cargo, deve ser declarado pela autoridade competente.
processado judicial ou administrativamente; b) de oficio, livremente (ad
Em face do art. 13 da Lei 8.429/92, que trata do enriquecimento ilícito, nutum), nos cargos em comissão; e c) motivada, nas seguintes hipóteses:
a posse e o exercício de agente público ficam condicionados à c1) do servidor não estável no conceito do art. 33 da EC 19, para os fins
apresentação de declaração de bens e valores, a fim de ser arquivada no previstos pelo art. 169, § 3º, II, da CF; c2) durante o estágio probatório (CF,

Conhecimentos em Direito 84
art. 41, § 4º); c3) do servidor estável, por insuficiência de desempenho (CF, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
art. 41, § lº, III) ou para observar o limite máximo de despesa com pessoal sociedades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público (CF, art.
ativo e inativo (CF, art. 169, § 4º). A dispensa ocorre em relação ao 37, XVI e XVII), visa a impedir que um mesmo cidadão passe a ocupar
admitido pelo regime da CLT quando não há a justa causa por esta vários lugares ou a exercer várias funções sem que as possa desempenhar
prevista. Embora a CLT fale em demissão sem justa causa, preferimos o proficientemente, embora percebendo integralmente os respectivos
termo dispensa, porque não tem natureza punitiva. O ato de dispensa, no vencimentos. As origens dessa vedação vêm de longe, ou seja, do Decreto
nosso entender, deve ser motivado, expondo-se por escrito o seu motivo ou da Regência, de 18.6.1822, da lavra de José Bonifácio, cuja justificativa tem
a sua causa. A motivação decorre dos princípios da legalidade, da ainda plena atualidade quando esclarece que por ele “se proíbe que seja
eficiência, da moralidade e da razoabilidade, pois só com ela é que poderão reunido em uma só pessoa mais de um oficio ou emprego, e vença mais de
ser afastados os desligamentos de celetistas motivados por perseguição um ordenado, resultando manifesto dano e prejuízo à Administração
política ou por outro desvio de finalidade. Se o particular pode, em tese, Pública e às partes interessadas, por não poder de modo ordinário um tal
desligar o empregado que queira, o mesmo raciocínio não cabe tratando-se empregado público ou funcionário cumprir as funções e as incumbências de
de empregado público. De fato, em razão dos princípios citados e como que duplicadamente encarregado, muito principalmente sendo
acentuado em outro tópico, a relação de administração é distinta da relação incompatíveis esses ofícios e empregos; e, acontecendo, ao mesmo tempo,
de propriedade. Nesta, a propriedade e a vontade prevalecem; naquela, o que alguns desses empregados e funcionários públicos, ocupando os ditos
dever ao influxo de uma finalidade cogente. Assim, sem motivação que empregos e ofícios, recebam ordenados por aqueles mesmo que não
demonstre finalidade pública a dispensa é ilegal. exercitam, ou por serem incompatíveis, ou por concorrer o seu expediente
nas mesmas horas em que se acham ocupados em outras repartições”.
Paridade de vencimentos
A própria Constituição, entretanto, reconhecendo a conveniência de
No atual sistema os vencimentos pagos pelo Poder Executivo
melhor aproveitamento da capacidade técnica e científica de determinados
constituem o limite máximo para a remuneração dos servidores que
profissionais, abriu algumas exceções à regra da não acumulação, para
exerçam funções iguais ou assemelhadas no Legislativo e no Judiciário
permiti-la expressamente quanto a cargo da Magistratura e do Magistério
(CF, art. 37, XII). Sendo assim, estes Poderes, tendo em vista suas
(art. 95, parágrafo único, I), a dois cargos de Magistério (art. 37, XVI, “a”), a
disponibilidades orçamentárias, podem estabelecer a retribuição a seus
de um destes com outro, técnico ou científico (art. 37, XVI, “b”), e a de dois
servidores em bases idênticas às do Executivo, ou lhes atribuir menor
cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
remuneração, mas nunca pagar-lhes mais, de modo a criar uma injusta
regulamentadas (art. 37, XVI, “c”, red. da EC 34/01), contanto que haja
disparidade, dai resultando um teto para esse Poderes. A liberdade dos
compatibilidade de horários (art. 37, XVI). Todavia, mesmo nesses casos
Poderes Legislativo e Judiciário reduz-se, quanto a esse aspecto, à
aplica-se o teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da CF. A vedação é
possibilidade de criar ou não seus cargos e à de fixar-lhes um estipêndio
genérica e, ressalvadas as mencionadas exceções, prevalece entre
igual ou inferior ao estabelecido em lei para os mesmos servidores, isto é,
quaisquer cargos — de nomeação ou eletivos —, ocupados a qualquer
os que tenham atribuições iguais ou assemelhadas, no âmbito do
título, de quaisquer entidades estatais, autarquias, fundações públicas,
Executivo. Todavia, por lei, os demais Poderes podem instituir limites
empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como, por força
diversos do Executivo, desde que os cargos e suas funções sejam
da EC 19, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
diferenciados. Esse limite não corresponde aos tetos remuneratórios para
indiretamente, pelo Poder Público (CF, art. 37, XVII).
todos os servidores ativos e inativos, previstos pelo art. 37, XI, da CF.
O entendimento exposto em edições anteriores a respeito da
acumulação por parte do aposentado está superado pelo STF. Este
Vedação de equiparações e vinculações entende, mesmo em relação aos aposentados, que a acumulação de
A vedação de equiparações e vinculações de quaisquer espécies proventos e vencimentos só é cabível quando tais cargos, empregos ou
remuneratórias para o efeito de remuneração do pessoal do serviço público funções são acumuláveis na atividade. Quanto ao servidor aposentado
(CF, art. 37, XIII) é outra norma moralizadora que figura no texto compulsoriamente (setenta anos de idade), entendemos que, salvo quanto
constitucional desde 1967 (art. 96). A Constituição proíbe o tratamento aos eletivos, não poderá ocupar qualquer outro cargo, emprego ou função
jurídico paralelo de cargos com funções desiguais (equiparação) e a pública, porque a própria Constituição da República estabelece uma
subordinação de um cargo a outro, dentro ou fora do mesmo Poder, ou a presunção de incapacidade absoluta para o desempenho de serviço
qualquer fator que funcione como índice de reajustamento automático, que público.
retire a iniciativa do Poder competente para a fixação da remuneração, A proibição de acumular, sendo uma restrição de direito, não pode ser
como o salário mínimo, inclusive o profissional, ou a arrecadação interpretada ampliativamente. Assim, como veda a acumulação
orçamentária (vinculação), para fins de remuneração do pessoal remunerada, inexistem óbices constitucionais à acumulação de cargos,
administrativo. Equiparar significa a previsão, em lei, de remuneração igual funções ou empregos do serviço público desde que o servidor seja
à de determinada carreira ou cargo. Assim, não significa equiparação a remunerado apenas pelo exercício de uma das atividades acumuladas.
existência de duas ou mais leis estabelecendo, cada uma, valores iguais Trata-se, todavia, de uma exceção, e não de uma regra, que as
para os servidores por elas abrangidos. Vincular não significa remuneração Administrações devem usar com cautela, pois, como observa Castro
igual, mas atrelada a outra, de sorte que a alteração da remuneração do Aguiar, cujo pensamento, neste ponto, coincide com o nosso, “em geral, as
cargo vinculante provoca, automaticamente, a alteração da prevista para o acumulações são nocivas, inclusive porque cargos acumulados são cargos
cargo vinculado. mal-desempenhados”.
Como norma de eficácia plena, o dispositivo em exame é de incidência
direta, dispensando outras normas reguladoras e revogando desde logo as
Estabilidade
que disponham diversamente, de modo que “os beneficiários de equipa-
ração de vencimentos ou proventos estabelecidos antes da Constituição Estabilidade é a garantia constitucional de permanência no serviço
não podem reivindicá-la após a vigência desta” (STF, RDA 98/133). público outorgada ao servidor que, nomeado para cargo de provimento
efetivo, em virtude de concurso público, tenha transposto o estágio
A própria Constituição em alguns casos prevê a equiparação ou a
probatório de três anos, após ser submetido a avaliação especial de
vinculação, como ocorre com os Ministros dos Tribunais de Contas sendo
desempenho por comissão instituída para essa finalidade (CF, art. 41).
equiparados aos Ministros do STJ (CF, art. 73, § 3º), com a vinculação
entre os subsídios dos Ministros do STF com os do STJ e demais O instituto da estabilidade sofreu profundas alterações com a EC 19,
magistrados, prevista pelo art. 93, V, da CF, e com o direito à percepção de ditadas por dois objetivos básicos: atender ao princípio da eficiência e
salário-base em valor não inferior ao salário mínimo. reduzir os gastos com os servidores públicos. Essas alterações não podem
e não devem gerar uma volta ao passado. Com efeito, vale lembrar que,
criada pela Carta de 1938, a estabilidade tinha por fim garantir o servidor
Acumulação de cargos, empregos e funções públicas público contra exonerações, de sorte a assegurar a continuidade do
A proibição de acumulação remunerada de cargos, empregos e serviço, a propiciar um melhor exercício de suas funções e, também, a
funções, tanto na Administração direta como nas autarquias, fundações, obstar aos efeitos decorrentes da mudança do Governo. De fato, quase
como regra, a cada alternância do poder partidário o partido que assumia o

Conhecimentos em Direito 85
Governo dispensava os servidores do outro, quer para admitir outros do Comprovado durante o estágio probatório que o servidor público não
respectivo partido, quer por perseguição política . Por isso — e felizmente satisfaz as exigências legais da Administração ou que seu desempenho é
—, a EC 19 exige a motivação e assegura a ampla defesa em cada caso de ineficaz, pode ser exonerado justificadamente pelos dados colhidos no
exoneração por avaliação de desempenho (art. 41, § 1º), ou só a serviço, na forma legal, independentemente de inquérito administrativo, isto
motivação, tratando-se de atendimento aos limites das despesas com é, de processo administrativo disciplinar, mesmo porque não se trata de
pessoal (art. 169), permitindo, assim, que haja um melhor controle sobre punição.
elas.
Por isso, essa exoneração não é penalidade, não é demissão; é
A nomeação para cargo de provimento efetivo é a condição primeira simples dispensa do servidor, por não convir à Administração sua
para a aquisição da estabilidade. A efetividade, embora se refira ao permanência, uma vez que seu desempenho funcional não foi satisfatório
servidor, é apenas um atributo do cargo, concernente à sua forma de nessa fase experimental, sabiamente instituída pela Constituição para os
provimento, que deve ser por concurso público, e, como tal, deve ser que almejam a estabilidade no serviço público.
declarada no decreto de nomeação e no título respectivo, porque um
servidor pode ocupar transitoriamente um cargo de provimento efetivo O que os tribunais têm sustentado — e com inteira razão — é que a
(casos de substituição, p. ex.), sem que essa qualidade se transmita ao seu exoneração na fase probatória não é arbitrária, nem imotivada. Deve
ocupante eventual. Esta condição — cargo efetivo — afasta a aquisição da basear-se em motivos e fatos reais que revelem insuficiência de
estabilidade por parte do servidor empregado público regido pela CLT. desempenho, inaptidão ou desídia do servidor em observação, defeitos,
esses, apuráveis e comprováveis pelos meios administrativos
É importante frisar que essa nomeação deve ocorrer em virtude de
consentâneos (ficha de ponto, anotações na folha de serviço, investigações
concurso público, sendo esta a segunda condição para a aquisição da
regulares sobre a conduta e o desempenho no trabalho etc.), sem o
estabilidade. Note-se que agora ficou claro que o provimento originário do
formalismo de um processo disciplinar. O necessário é que a Administração
cargo efetivo deve ter como causa a aprovação em concurso público
justifique, com base em fatos reais, a exoneração, como, a final, sumulou o
prestado especificamente para tal fim, não para qualquer outro cargo.
STF, nestes termos: “Funcionário em estágio probatório não pode ser
É por isso que os nomeados em comissão e os admitidos na forma do exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de
art. 37, IX, da CF, cujos vínculos empregatícios têm sempre um caráter apuração de sua capacidade” (Súmula 21). Entre essas formalidades estão,
provisório, jamais adquirem estabilidade. Não podem pretender a sem dúvida, a observância do contraditório e a oportunidade de defesa.
permanência no serviço público, porque essa garantia, repetimos, é
Se a Administração não pudesse exonerar o servidor em fase de
exclusiva dos servidores regularmente investidos em cargos públicos de
observação nenhuma utilidade teria o estágio probatório, criado
provimento efetivo em virtude de concurso público.
precisamente para se verificar, na prática, se o candidato à estabilidade
Não há confundir efetividade com estabilidade, porque aquela é uma confirma aquelas condições teóricas de capacidade que demonstrou no
característica da nomeação e esta é um atributo pessoal do ocupante do concurso. Somente quando se conjugam os requisitos teóricos de eficiência
cargo, adquirido após a satisfação de certas condições de seu exercício. A com as condições concretas de aptidão prática para o serviço público,
efetividade é um pressuposto necessário da estabilidade. Sem efetividade nesta incluída o desempenho no estágio experimental, é que “se titulariza o
não pode ser adquirida a estabilidade. funcionário para o cargo”, na feliz expressão de Waline. Daí por que, em
razão do estágio probatório, a exoneração do servidor fica sujeita à
Estágio probatório de três anos, terceira condição para a estabilidade, é comprovação administrativa da sua incapacidade ou inadequação para o
o período de exercício do servidor durante o qual é observado e apurada serviço público ou de insuficiência de seu desempenho, e, superada essa
pela Administração a conveniência ou não de sua permanência no serviço fase, consolida-se sua posição no serviço público, tomando-se estável.
público, mediante a verificação dos requisitos estabelecidos em lei para a
O regime jurídico dos servidores públicos da União assegura ao estável
aquisição da estabilidade (idoneidade moral, aptidão, disciplina,
nomeado para novo cargo efetivo o direito de ser reconduzido ao cargo
assiduidade, dedicação ao serviço, eficiência etc.). O prazo era de dois
anterior se exonerado por não lograr aprovação no estágio probatório desse
anos antes da EC 19. Por isso, esta, em norma transitória (art. 28),
novo cargo (Lei federal 8.112/90, art. 20, § 2º). Tal garantia merece elogios,
assegura tal prazo aos servidores em estágio probatório na data da sua
mas só pode ser reconhecida se prevista em lei, como ocorre na área
promulgação, sem prejuízo da avaliação especial de desempenho,
federal.
examinada a seguir. Para esse estágio só se conta o tempo de nomeação
efetiva na mesma Administração, não sendo computável o tempo de A estabilidade é um atributo pessoal do servidor, enquanto a
serviço prestado em outra entidade estatal, nem o período de exercício de efetividade é uma característica do provimento de certos cargos. Daí
função pública a título provisório. decorre que a estabilidade não é no cargo, mas no serviço público, em
qualquer cargo equivalente ao da nomeação efetiva. O servidor estável
A quarta condição para a aquisição da estabilidade, durante o estágio pode ser removido ou transferido pela Administração, segundo as
probatório, é obrigatoriedade de avaliação especial de desempenho por conveniências do serviço, sem qualquer ofensa à sua efetividade e
comissão instituída para essa finalidade (CF, art. 41, § 4º). É novidade da estabilidade. O estável não é inamovível. E conservado no cargo enquanto
EC 19. O acompanhamento do desempenho do servidor durante o estágio bem servir e convier à Administração. Nisso se distingue do vitalício, que
probatório, ínsito na exigência deste, como em grande parte não era tem direito ao exercício do cargo, enquanto existir, conservando as
realizado, passou a ser condição para a aquisição da estabilidade. É vantagens respectivas, no caso de extinção.
decorrência do principio da eficiência. Ficou clara, assim, a importância do
desempenho na apuração da estabilidade. Se aquele for insuficiente, a Extinguindo-se o cargo em que se encontrava o servidor estável ou
estabilidade não deve ser declarada. O ideal é que cada categoria declarada sua desnecessidade, ficará ele em disponibilidade remunerada
profissional tenha sua comissão de avaliação especial do servidor em proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
estágio probatório e que haja um relatório circunstanciado para o servidor outro de natureza e vencimentos compatíveis com o que ocupava (CF, art.
em estágio. Essa direção foi apontada pela EC 19 ao prever que para os 41, § 3º), diversamente do que ocorre com o vitalício inamovível, que não é
Procuradores do Estado e do Distrito Federal em estágio probatório essa obrigado a aceitar outro cargo, embora idêntico ao seu que fora extinto. Se
avaliação especial seja feita perante os respectivos órgãos próprios após a extinção do cargo ou a declaração de desnecessidade se der no estágio
relatório circunstanciado das Corregedorias (parágrafo único do art. 132 da probatório, poderá o estagiário ser exonerado de oficio, uma vez que ainda
CF). não tem estabilidade e, portanto, não desfruta da prerrogativa constitucional
da disponibilidade, consoante reiterada jurisprudência, ora cristalizada na
Fatalmente haverá caso envolvendo o decurso do prazo de três anos Súmula 22 do STF, in verbis: “O estágio probatório não protege o
sem que essa avaliação especial tenha sido feita nos moldes determinados funcionário contra a extinção do cargo”.
pelo dispositivo constitucional. Como esse dever cabe à Administração
Note-se que a declaração de desnecessidade decorre de juízo de
Pública, o servidor não poderá ser prejudicado e adquirirá a estabilidade
conveniência e oportunidade da Administração Pública, descabendo, assim,
caso preencha as demais condições, apurando-se e responsabilizando-se o
cuidar de lei que discipline a matéria, na medida em que o dispositivo
servidor que tinha o dever funcional de instituir a comissão especial ou o da
constitucional acima é auto-aplicável.
própria comissão que, embora instituída, não exerceu sua atribuição.
A alteração da denominação do cargo ou de suas atribuições não afeta

Conhecimentos em Direito 86
seu ocupante estável, que tem direito à continuação de seu exercício, salvo servidor tenha sido assegurada ampla defesa (art. 41, §1º, I e II).
se a remoção se der por interesse do serviço público. O que não se admite
A demissão, entretanto, como pena administrativa que é, pode ser
é a transferência do servidor estável para cargo inferior ou incompatível
aplicada em qualquer fase — ao estável e ao instável — desde que o
com suas aptidões reveladas em concurso ou decorrentes de títulos
servidor cometa infração disciplinar ou crime funcional regularmente
profissionais que serviram de base para o ingresso no serviço público, ou
apurado em processo administrativo ou judicial. Não há demissão ad
com atribuições não coincidentes com o cargo extinto.”
nutum, como não há exoneração disciplinar.
O afastamento de servidor estável para dar lugar a apadrinhado,
A exoneração do estável pode ser por iniciativa do próprio servidor (a
ficando aquele em disfarçada disponibilidade remunerada, sob o eufemismo
pedido) ou por iniciativa da Administração Pública motivada por
de “comissionamento”, ou, ainda, o não-preenchimento do cargo para que
insuficiência de desempenho do servidor ou para observância do limite de
outro, sem ter prestado concurso para tal cargo, venha a exercê-lo,
despesa com pessoal previsto no art. 169 da CF. Estas duas foram
conquanto aparentemente legais, se nos afiguram substancialmente
instituídas pela EC 19.
ilegítimos e imorais, por encobrirem um abuso de poder e caracterizarem o
chamado desvio de função, na primeira hipótese, além de lesivo aos cofres A por insuficiência ocorre mediante procedimento de avaliação
públicos, pela dupla retribuição a dois ocupantes de um mesmo cargo: o periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
titular e o substituto; e, na segunda hipótese, por prejudicar a eficiência ampla defesa (CF, art. 41, § 1º, III). Não tem natureza punitiva e busca
administrativa e burla à obrigatoriedade do concurso público. Além disso, o atender ao princípio da eficiência. Essa exoneração quebra uma longa
afastamento do servidor estável sem finalidade administrativa é um desvio tradição do Direito Constitucional Brasileiro, que previa a perda da
de poder tão ilegal quanto os demais atos administrativos praticados estabilidade, por iniciativa da Administração, apenas como medida punitiva
arbitrariamente, por favoritismo ou perseguição, sem qualquer interesse (demissão). De qualquer forma, só poderá ocorrer com base no
público. Tais afastamentos podem ser invalidados por via judicial pelo titular desempenho funcional do servidor, apurado em procedimento de avaliação,
do cargo, prejudicado no direito subjetivo ao seu exercício, na forma da no qual se assegure, previamente, a ampla defesa, sob pena de nulidade
nomeação, desde que se comprove a ausência de finalidade pública do do ato de exoneração.
comissionamento, caracterizadora do abuso de poder administrativo. A lei complementar aí prevista é de natureza nacional e, assim,
Ademais, caracterizando improbidade administrativa, esses afastamentos obrigatória para União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Essa mesma
podem ser impugnados via ação civil pública. Sendo ilegal, esse desvio de lei estabelecerá critérios e garantias especiais para a perda do cargo por in-
função não pode dar ensejo a reenquadramento. Não se nega à suficiência de desempenho pelo servidor público estável que, em
Administração o poder de movimentar seus servidores, ainda que estáveis; decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades
nega-se, sim, o abuso desse poder quando exercido arbitrariamente, sem exclusivas de Estado, sendo que a perda somente ocorrerá mediante
justificativa e sem interesse público, sabido que todo ato administrativo está processo administrativo em que sejam assegurados o contraditório e a
sujeito aos princípios da legalidade (conformidade com a lei) e da finalidade ampla defesa (cf. art. 247 e seu parágrafo único, acrescentado pela EC 19).
(objetivo público). Nitidamente, ao exigir processo administrativo, com contraditório e ampla
O servidor estável — melhor diríamos, estabilizado —, por ter satisfeito defesa, a Constituição assegura a estes servidores uma garantia de
as quatro condições constitucionais para a aquisição dessa situação estabilidade de natureza especial, pois para os demais não exige processo
funcional — nomeação para cargo efetivo, em virtude de concurso publico, administrativo e só menciona a ampla defesa. Na prática, o efeito é
estágio probatório e avaliação especial de desempenho por comissão praticamente o mesmo. A diferença reside na forma. Para o exercente de
específica —, não pode ser exonerado “ad nutum “, nem demitido sem se atividade exclusiva de Estado exige-se-o processo administrativo; e para os
apurar a infração em processo administrativo ou judicial, que sirva de base outros, simples procedimento de avaliação.
à aplicação da pena demissória (CF, art. 41, § lº). Observe-se, desde logo, Algumas dessas atividades exclusivas são desempenhadas por servi-
que demissão e exoneração constituem institutos diversos no Direito dores vitalícios, como os membros da Magistratura, do Ministério Público e
Administrativo: demissão é dispensa a titulo de penalidade funcional; do Tribunal de Contas. Portanto, somente outras atividades exclusivas de
exoneração é dispensa a pedido ou por motivo previsto em lei ou, ainda, Estado é que deverão ser indicadas pela lei; dentre elas, por certo, as dos
por conveniência da Administração (ad nutum), nos casos em que o policiais, dos advogados públicos, dos diplomatas, dos pesquisadores
servidor assim pode ser dispensado. Lamentavelmente, os administradores científicos, dos agentes de saneamento básico, dos agentes fiscais de
e o próprio Judiciário vêm confundindo demissão com exoneração, ambos tributos, de previdência, do sistema bancário e financeiro, de normas
considerando, erroneamente, em alguns casos, que no estágio probatório sanitárias e de outras funções peculiares ao exercício do poder de polícia.
não cabe demissão sumária do servidor. Ora, demissão sumária não cabe Portanto, as atividades exclusivas de Estado são aquelas inerentes ao
em caso algum, para nenhum servidor, quer estável, quer em estágio chamado poder extroverso do Estado, consistentes em regulamentar,
probatório, porque nenhum servidor pode ser punido com a pena máxima fiscalizar e fomentar. Nessa linha, o inc. XXII do art. 37, na redação dada
de dispensa do serviço sem comprovação da falta que deu causa à punição pela EC 42, de 19.12.2003, diz que as administrações tributárias são
e sem ampla defesa. O que pode ocorrer no estágio probatório é a atividades essenciais ao funcionamento do Estado e terão recursos
exoneração (não demissão) do servidor, por inadaptação para o serviço ou prioritários para a realização de suas atividades, atuando de forma
por insuficiência de desempenho, como já vimos precedentemente. Só integrada, inclusive com o compartilhamento de seus cadastros e
poderá haver demissão quando houver infração disciplinar punida com essa informações, na forma da lei ou convênio.
pena.
A segunda hipótese excepcional de perda de cargo pelo estável,
Ao servidor estável garante, ainda, a Constituição o direito de se também de natureza não punitiva, ocorre, como prevê o § 4º do art. 169 da
reintegrar no mesmo cargo quando invalidada por sentença judicial a CF, quando a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios —
demissão, e o eventual ocupante da vaga, se estável, será reconduzido ao mesmo após adotarem as medidas de contenção de despesas com pessoal
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou ativo e inativo consistentes na (a) redução em pelo menos 20% das
posto em disponibilidade, com remuneração proporcional (CF, art. 41, § 2º). despesas com cargos em comissão e funções de confiança e (b)
Nesse caso, verifica-se que a estabilidade do servidor nomeado para exoneração dos não estáveis (cf § 3º do mesmo artigo) — não assegurarem
ocupar o lugar do demitido não mais depende da decisão judicial favorável o cumprimento dos limites de despesa com pessoal ativo e inativo
à Administração. Realmente, decorrido o prazo do estágio probatório, estabelecidos pela lei complementar prevista pelo caput desse art. 169.
mesmo na pendência de ação anulatória da demissão, esse funcionário Essa lei é de caráter nacional.
será estável para todos os efeitos. Se o ocupante da vaga não for estável
ele não tem as garantias acima, ficando a critério da Administração a Somente após a adoção dessas medidas, e se elas não forem
definição de sua situação. suficientes para assegurar a observância do limite legal de despesa com
pessoal, é que a exoneração poderá ser efetuada, “desde que ato
Hoje, por força da EC 19, o estável pode perder o cargo por demissão normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade
ou por exoneração (CF, arts. 41, § 1º e incisos, e 169, § 4º). funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal”
Como vimos, a demissão do estável é motivada por falta funcional e (CF, art. 169, § 4º). Note-se que tal ato é ato administrativo normativo,
pode ocorrer em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou em sendo lei apenas em sentido material; dai por que não deve ser individual,
virtude de ato punitivo resultante de processo administrativo em que ao mas geral e abstrato. Tanto não é lei em sentido formal que será expedido

Conhecimentos em Direito 87
no âmbito da competência de cada Poder. Constituição Federal de 1988, estabelecendo regras de transição. Por sua
vez, a EC 41, publicada em 31.12.2003, introduziu novas e significativas
Ao exigir que esse ato normativo seja motivado a norma constitucional
alterações nesse sistema, bem como novas regras de transição. Agora, a
deixa claro que somente a causa ali prevista é que poderá ensejar a prática
EC 47, de 2005 — reitere-se, com efeitos retroativos à data de vigência da
de cada ato individual de exoneração, a qual só poderá ocorrer na exata
EC 41, de 2003 —, trouxe novas mudanças, inclusive nas normas de
necessidade da observância dos limites fixados pela lei complementar e
transição. Diante desse quadro, como plano geral desta obra, faremos um
dos motivos constantes daquele ato normativo. Dessa forma, e dada a
estudo do regime jurídico aplicável aos servidores públicos que
relevância do controle de tais exonerações, inclusive pelas razões já
ingressaram após a publicação da EC 41 para, em seguida, examinarmos,
apontadas, cada uma deve ser motivada, de sorte a ensejar efetiva
de forma destacada e com títulos próprios, as normas de transição para
averiguação da finalidade, moralidade e razoabilidade desses atos.
aqueles que ingressaram antes dela, ou mesmo antes da EC 20, e que
A título de indenização, o servidor estável exonerado em razão da tenham ou não direito adquirido.
redução de despesa fará jus a indenização correspondente a um mês de
Sistema de previdência social do servidor
remuneração por ano de serviço (art. 169, § 5º). Essa indenização deve se
Nos passos da EC 20/98, a EC 41/2003 manteve regras de previdência
equiparar à da Justiça do Trabalho, pelo quê a remuneração aí referida
social diferenciadas para os servidores titulares de cargo vitalício, de cargo
compreende também o décimo-terceiro salário, férias proporcionais e não
efetivo, cargo em comissão ou de outro cargo temporário e de emprego
gozadas e outras parcelas consectárias. Ademais, o cargo do servidor
público da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
estável e exonerado será considerado extinto, vedada a criação de cargo,
incluídas suas autarquias e fundações públicas de Direito Público. Para os
emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de
dois primeiros — servidor vitalício e servidor efetivo — assegura regime de
quatro anos (cf. art. 169, § 6º). Este dispositivo é de cunho moralizador.
previdência peculiar (arts. 40, caput, 73, § 3º, 93, VI, e 129, § 4º), enquanto
Com efeito, ao prever a vedação acima pelo prazo de quatro anos —
que para os três últimos — servidor em comissão ou em outro cargo
idêntico ao dos mandatos dos Chefes dos Executivos —, quer evitar que o
temporário e servidor empregado público — determina a aplicação do
mesmo Governo que exonerou possa, em seguida, ainda na sua gestão,
regime geral (art. 40, § 13) de previdência social previsto pelo art. 201 da
nomear outro servidor para aquela função, com desvio de finalidade e
CF, que é o regime dos trabalhadores regidos pela CLT. Assim, a norma
quebra da moralidade administrativa. Bem por isso, os órgãos participantes
não atinge o servidor vitalício ou efetivo que, sem perder a titularidade do
do controle externo da Administração Pública não devem interpretar a
cargo, venha a ocupar cargo em comissão, cargo temporário ou emprego
expressão “com atribuições assemelhadas” de forma restritiva.
público. Ele continuará enquadrado no regime peculiar (RE 154.945, DJU
Para evitar lides e insegurança jurídica, a EC 19, em seu art. 33, diz 7.6.1996).
que, para os fins do aludido art. 169, § 3º, da CF, consideram-se servidores
Como observado nas edições anteriores, trata-se de alteração profunda
não estáveis aqueles admitidos na Administração direta, autárquica e
e significativa da política administrativa adotada até a EC 20, em termos de
fundacional sem concurso de provas ou de provas e títulos após o dia 5 de
previdência social, na medida em que o servidor titular, exclusivamente, de
outubro de 1983. Tal data decorre do art. 19 do ADCT da Carta de 1988,
cargo em comissão ou de outro cargo temporário ou de emprego público só
que declarou estáveis os servidores em exercício na data da promulgação
poderá estar sujeito ao regime geral, não se permitindo ao Estado adotar o
da Constituição há pelo menos cinco anos continuados, mas que só serão
outro, chamado de regime peculiar, ou mesmo um regime especial ou
efetivados mediante concurso público.
misto.
O art. 169, § 7º, da CF estabelece que lei federal disporá sobre as
Os dois regimes — o peculiar e o geral — são de caráter contributivo e
normas gerais a serem obedecidas na efetivação das exonerações de
solidário, e devem observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
servidor estável. Essa lei é de caráter nacional.
atuarial dos benefícios (CF, arts. 40 e 201). Como a EC 20 adotou o tempo
A exigência foi atendida com a edição da Lei 9.801, de 14.6.99. O seu de contribuição e aboliu o tempo de serviço para obtenção de
art. 2º determina que a exoneração deverá ser precedida de “ato normativo aposentadoria ou cálculo da pensão, em qualquer esfera, a lei não poderá
motivado dos Chefes de cada um dos Poderes da União, dos Estados, dos estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício
Municípios e do Distrito Federal”. Esse ato deverá especificar, (art. 40, §10). Veda-se, outrossim, a percepção simultânea de proventos de
obrigatoriamente, o que determina o § 1º desse art. 1º. Dentre essas aposentadoria concedidos aos titulares de cargo vitalício ou efetivo e
especificações, avulta “o critério geral impessoal escolhido para a também aos militares com a remuneração de outro cargo, emprego ou
identificação dos servidores estáveis a serem desligados”, a ser fixado, função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma da
necessariamente, entre o menor tempo de serviço público, maior Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei
remuneração e menor idade, podendo qualquer um deles “ser combinado de livre nomeação e exoneração (art. 37, § 10).
com critério complementar do menor número de dependentes” (cf. §§ 2º e
Veda-se, ademais, a adoção de requisitos e critérios diferenciados para
3º).
a concessão de aposentadoria e pensão aos abrangidos pelo regime
Essa lei determina que “os critérios e garantias especiais para a peculiar, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os
identificação dos servidores estáveis que, em decorrência das atribuições casos de servidores portadores de deficiência ou que exerçam atividades
do cargo efetivo, desenvolvam atividades exclusivas de Estado”, para os de risco ou cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
fins do art. 247 da CF, sejam também especificados no referido “ato prejudiquem a saúde ou a integridade física (art. 40, § 4º, redação da EC
normativo motivado” (cf art. 2º, § 1º, IV). Só que, por força do art. 3º dessa 47). A mesma vedação alcança os servidores submetidos ao regime geral,
Lei 9.801/ 99, a atividade exclusiva de Estado será definida em lei e sua mas as ressalvas são para os casos de atividades exercidas sob condições
exoneração observará as condições estabelecidas pelos incisos I e II dessa especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se
norma legal. tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei
Tudo isso confirma o que dissemos na edição anterior, no sentido de complementar (art. 201, § 1º, redação da EC 47). Portanto, a proibição de
acreditarmos que uma nova fase está surgindo na organização tratamento desigual a integrantes de um mesmo regime de previdência é
administrativa brasileira em relação aos servidores públicos, com forte expressa e de ordem geral.
tendência para as funções correspondentes às atividades exclusivas de Os tetos para qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal
Estado serem exercidas por titulares de cargos públicos vitalícios ou e Municípios são os estabelecidos pelo § 11 do art. 40, que determina a
efetivos e as demais atividades, não compreendidas naquelas, pelo menos aplicação dos limites fixados no art. 37, XI, ou na forma do § 12 desse art.
em grande parte, desempenhadas por titulares de emprego público. 37, na redação da EC 47, à soma total dos proventos de inatividade,
Aqueles estarão sujeitos a vínculo estatutário e a regime de previdência inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
peculiar, enquanto que os últimos, como os trabalhadores do setor privado, públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o
submetidos ao regime da CLT e ao regime geral de previdência social, regime geral de previdência social e ao montante resultante da adição de
como se verá melhor nos itens seguintes. proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável, cargo em
Previdência social comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração e cargo eletivo.
Como acentuado nas edições anteriores, a EC 20 modificou profunda- Regime jurídico peculiar
mente o sistema de previdência social do servidor advindo com a
Regras específicas — Além das regras gerais comuns aos dois

Conhecimentos em Direito 88
regimes, acima especificadas, a EC 41 e a EC 47, ao darem nova redação para os servidores que ingressarem no serviço após sua publicação, pois
a artigos da Constituição Federal, determinaram regras específicas para o para os que já haviam ingressado, antes da EC 20/98 e depois dela,
regime peculiar, examinadas a seguir. preveem-se regras de transição, a serem examinadas mais adiante.
Assim, foi estabelecido um limite ou teto individual para os proventos e A aposentadoria voluntária do servidor com mais de dez anos de ser-
a pensão. Estes benefícios, por ocasião de sua concessão, não poderão viço e que não tenha tempo mínimo de cinco anos em determinado cargo
exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo ou vitalício efetivo ou vitalício dar-se-á com base no cargo anterior, desde que nele
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a tenha aquele tempo mínimo; caso contrário, o cargo inicial servirá de
concessão da pensão (art. 40, § 2º, da CF). Não é permitida a dupla cálculo para o beneficio. Só dessa forma é que não se chegará ao absurdo
percepção de aposentadoria e de pensão à conta do regime peculiar de se impedir a aposentadoria do servidor que, mesmo tendo mais de dez
previsto pelo art. 40 da CF, salvo aquelas decorrentes dos cargos anos de efetivo serviço, não tenha mais de cinco no seu último cargo,
acumuláveis (art. 40, § 6º). Vale dizer, se a Carta permitir a acumulação embora o tenha em outro ou na soma dos efetivos exercícios em outros
remunerada será possível a dupla percepção de beneficio; caso contrário, cargos. A promoção do servidor não pode obstar à sua aposentadoria. Daí
não. a única solução cabível: se no cargo anterior o tempo mínimo de cinco anos
foi atingido, com base nele serão calculados os proventos; e se não tiver
O regime de previdência peculiar, além, é claro, das normas que lhe
em nenhum deles mais de cinco anos, muito embora tenha mais de dez na
são pertinentes, observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
soma total, o cálculo deve ser feito com base no cargo inicial.
para o regime geral (art. 40, § 12).
Para a aposentadoria voluntária do professor que comprove
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios desde que
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de Magistério na
instituam regime de previdência complementar para os servidores submeti-
educação infantil e no ensino fundamental e médio os requisitos de idade e
dos ao regime peculiar, poderão fixar o valor dos proventos e da pensão no
de tempo de contribuição acima especificados serão reduzidos em cinco
limite máximo previsto pelo regime geral de previdência (art. 40, § 14, c/c o
anos (art. 40, § 5º).
art. 201, da CF), fixado em R$ 2.400,00 pelo art. 5º da EC 41/2003, que
também determina que ele seja reajustado de forma a preservar, em Cabe aos Tribunais de Contas apreciar a legalidade dos atos de
caráter permanente, seu valor real, e atualizado pelos mesmos índices aposentadoria e determinar ao órgão concedente a exclusão ou redução
aplicados aos benefícios desse regime geral. Esse regime complementar das vantagens que reputar indevidas. Na esfera administrativa essa
será instituído por lei de iniciativa do Poder Executivo de cada entidade determinação deve ser acatada, restando ao interessado a via judicial.
política e deverá observar o disposto no art. 202 e seus §§ da CF, no que
Reajustamento dos proventos e da pensão — O reajustamento desses
couber (art. 40, § 15). Todavia, o sistema de previdência complementar que
benefícios é assegurado pelo § 8º do art. 40, na redação da EC 41/ 2003,
vier a ser instituído somente poderá ser aplicado ao servidor que tiver
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
ingressado no serviço público até a data da publicação da lei que o instituir,
estabelecidos em lei. A EC 41, assim, deu, para os servidores que
mediante sua prévia e expressa opção (art. 40, § 16).
ingressarem após sua publicação, tratamento diverso do constante do
O § 20 do art. 40, acrescentado pelo art. 1º da EC 41, veda a existência sistema anterior, que previa, na antiga redação desse mesmo § 8º, uma
de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores revisão na mesma proporção e na mesma data em que se modificasse a
titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do remuneração dos servidores em atividade, sendo estendidos aos
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens, de
§ 3º, X, da CF. E o § 21 do art. 40, na redação da EC 47, determina que, natureza geral. A nova regra, ao dizer “em caráter permanente” e “valor
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença real”, no nosso entender, impõe o dever do reajustamento, pelo menos
incapacitante, a contribuição prevista no seu § 18 incidirá apenas sobre as anualmente, e, assim, dá ao beneficiário um direito subjetivo de buscá-lo
parcelas de proventos e de pensão que superem o dobro do limite máximo judicialmente. Portanto, para observar a Constituição Federal e até mesmo
estabelecido para os benefícios do regime geral de que trata o art. 201. o princípio da razoabilidade, os critérios da lei aí prevista não podem deixar
de atender àquelas duas balizas. De qualquer forma, é certo que a
Aposentadoria — A aposentadoria é a garantia de inatividade
isonomia entre os inativos e pensionistas em face dos servidores da ativa
remunerada reconhecida aos servidores que já prestaram longos anos de
não mais é garantida pela Carta. Todavia, insistindo com o princípio da
serviço, ou se tomaram incapacitados para suas funções. Pode dar-se pelo
razoabilidade, não se pode aceitar que Governos insensíveis, aproveitando-
regime peculiar, a ser examinado a seguir, ou pelo geral, regido pelo regime
se da nova norma, venham a descaracterizar o valor real dos benefícios ou
geral da Previdência. Sendo um ato complexo, ela só se aperfeiçoa com o
deixar de revê-los por período superior a um ano, pois, aí, não terão o
ato de seu registro pelo Tribunal de Contas; daí estar o ato inicial que a
caráter permanente, acima referido.
concede submetido a essa condição resolutiva.
Requisitos e critérios para a aposentadoria — Os requisitos e critérios
Aposentadoria pelo regime peculiar — A Constituição Federal, com as
para a aposentadoria e para a pensão, tais como estabelecidos na
redações das EC 20/98 e 41/2003, estabelece para os servidores de cargos
Constituição, não podem ser alterados pela legislação ordinária, sendo
efetivos da Administração direta, autárquica e fundacional (fundação
também vedada a adoção de outros por ela não previstos, ressalvados os
pública de Direito Público) três espécies de aposentadoria: a) por invalidez
casos de atividades exercidas exclusivamente sob condições especiais que
permanente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto
prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidos em lei complementar
se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
(art. 40, § 4º). Esta lei complementar é de natureza nacional, tendo, assim,
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei (art. 40, § 1º, I); b)
caráter impositivo para todas as esferas administrativas, federal, estadual,
compulsória, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao
distrital e municipal.
tempo de contribuição (art. 40, § 1º, II); c) voluntária, quando requerida pelo
servidor que tenha cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo Direito à aposentadoria — O direito à aposentadoria, consoante vem
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a decidindo reiteradamente o STF, adquire-se com o preenchimento dos
aposentadoria, nas seguintes condições: c1) com proventos integrais — requisitos exigidos pela lei da época, de modo que, se o servidor não a
sessenta anos de idade e trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e requereu na vigência desta, sua situação não se alterará pela edição de lei
cinquenta e cinco anos de idade e trinta anos de contribuição, se mulher; e modificadora. A EC 20, no art. 3º e seus §§, consagrou tal entendimento, e
c2) com proventos proporcionais ao tempo de contribuição — sessenta e a EC 41 também o fez, no art. 3º, como se verá mais adiante.
cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher (art.
Reversão, cassação e anulação da aposentadoria — A aposentadoria
40, § 1º, III, “a” e “b”).
admite reversão e cassação. Reversão é o retorno do inativo ao serviço, em
Esses proventos serão calculados a partir de valores fixados na forma face da cessação dos motivos que autorizaram a aposentadoria por
dos §§ 3º e 17 do art. 40. Vale dizer: serão consideradas as remunerações invalidez. Cassação da aposentadoria é penalidade assemelhada à de-
utilizadas como base as contribuições do servidor aos regimes de missão, por acarretar a exclusão do infrator do quadro dos inativos e,
previdência peculiar e geral, tratados pelos arts. 40 e 201 da CF, na forma consequentemente, a cessação do pagamento de seus proventos. Sendo
da lei. Essas remunerações serão atualizadas, também na forma da lei. penalidade, deve observar a garantia da ampla defesa e do contraditório;
porém, por ter natureza punitiva e por ser ato privativo do Poder que a
Dessa forma, a EC 41/2003 extinguiu a integralidade dos proventos
concedeu, não depende de prévio assentimento do Tribunal de Contas,

Conhecimentos em Direito 89
mesmo que este tenha registrado o ato de aposentadoria (STF, RDA publicação da EC 20, faltaria para atingir o limite de tempo constante da
108/226, MS 23.299, DJU 12.4.2002, e RTJ 195/40). A anulação da letra anterior. O § 1º desse art. 20 da EC 41 estatui que o servidor que
aposentadoria é o desfazimento do ato administrativo que a concedeu, por cumprir as exigências previstas no caput terá seus proventos de inatividade
motivo de ilegalidade (na contagem do tempo de serviço, p. ex.); mas, em reduzidos para cada ano antecipado em relação aos limites de idade
face das atribuições outorgadas constitucionalmente ao Tribunal de Contas estabelecidos pelo art. 40, §1º, III, “a”, e 5º, da CF, na seguinte proporção: I
(art. 71, III), somente com a aprovação deste a anulação produzirá efeitos, — três inteiros e cinco décimos por cento, para aquele que completar as
ressalvado o controle judicial (STF, Súmula 6 e RDA 77/192). exigências para aposentadoria na forma do caput até 31.12.2005; II —
cinco por cento, para aquele que completar as exigências para
Pensão por morte — A Constituição Federal estabelece que a lei
aposentadoria na forma do caput até 3 1.12.2006.
disporá sobre a concessão do beneficio da pensão ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, por morte do segurado, homem ou mulher Tais regras são aplicáveis ao magistrado e ao membro do Ministério
(art. 201, V), que será igual ao valor da totalidade dos proventos do servidor Público e do Tribunal de Contas, mas o tempo de serviço anterior será
falecido e aposentado à data do óbito, ou ao valor da totalidade da contado com o acréscimo de dezessete por cento, até a data da publicação
remuneração do cargo efetivo em que se deu o falecimento — nas duas da EC 20. O mesmo ocorre com o professor titular de cargo efetivo de
hipótese, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime Magistério que opte por se aposentar com proventos integrais e conte
geral da previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de Magistério, só
cento da parcela excedente a este limite (art. 40, § 7º, na redação da EC que para a mulher aquele acréscimo passa a ser de vinte por cento (EC 41,
41/2003). Dessa forma, a paridade da pensão com a remuneração do §§ 2º e 3º do art. 2º e art. 4º). Com mencionado nas edições anteriores, não
falecido ou com seus proventos foi suprimida, salvo, é bom destacar, em se cuida de tratamento privilegiado. É que no sistema anterior à EC 20 os
relação às pensões concedidas antes da publicação da EC 41. integrantes dessas categorias aposentavam-se com trinta anos de serviço,
daí o acréscimo para que ficassem, como ficaram, na mesma situação de
Cômputo do tempo de contribuição — O tempo de contribuição federal,
tempo que os demais servidores.
estadual ou municipal será contado apenas para efeito de aposentadoria e
tempo de serviço para efeito de disponibilidade (art. 40, § 9º). Dessa forma, E importante atentar a que as aposentadorias concedidas de acordo
em termos de previdência social o tempo de contribuição havido em uma com esse art. 2º da EC 41 serão reajustadas na forma do art. 40, § 8º, da
esfera será contado na outra para fins de aposentadoria. Mas, em termos CF, por força do § 6º desse mesmo art. 2º.
administrativos, esse tempo de contribuição será computado para o cálculo
Como estimulo à permanência na atividade, qualquer desses
da remuneração proporcional do servidor titular de cargo vitalício ou efetivo
servidores que, após completar as exigências para a aposentadoria
posto em disponibilidade.
estabelecidas nesse art. 20 da EC 41, optar por permanecer em atividade
Como ressalvado, na sistemática atual não há mais tempo de serviço, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua
porém de contribuição, sendo vedada qualquer forma de contagem de contribuição até completar as exigências para aposentadoria compulsória.
tempo de contribuição fictício (art. 40, § 10). Disso resulta que nenhum (art. 2º, § 5º, da EC 41).
outro tempo que não seja o de contribuição poderá ser contado para fins de
A vedação contida no art. 37, § 10, da CF, na redação dada pela EC
aposentadoria. Segundo o art. 40 da EC 20, c/c o art. 40, § 10, da CF, o
20, já mencionada como regra geral ao sistema de previdência, não se
tempo de serviço considerado cumprido pela legislação vigente para efeito
aplica aos membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que até
de aposentadoria será contado como tempo de contribuição até que a lei
a publicação dessa emenda tenham ingressado novamente no serviço
nacional discipline a matéria. A partir da vigência dessa lei, a legislação que
público por concurso público de provas ou de provas e títulos e pelas
prevê contagem de tempo fictício deixa de ser recepcionada, posto que
demais formas previstas na Constituição, sendo-lhes, no entanto, proibida a
revogada.
percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime peculiar, aplicando-
Assim, o tempo de serviço gratuito só será computável se houver a se-lhes, em qualquer hipótese, o teto geral previsto pelo art. 40, § 11 (cf.
correspondente contribuição. A Constituição Federal, no entanto, ainda art. 11 da EC 20).
assegura, para efeito de aposentadoria e cálculo da pensão, a contagem
O servidor que tenha ingressado no serviço público até a data de
recíproca do tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade
publicação da EC 41 poderá aposentar-se optando pelas normas
privada, rural e urbana, segundo critérios estabelecidos em lei (art. 201, §
estabelecidas pelo art. 40 da CF ou optando pelas regras estabelecidas
9º, e arts. 94 a 99 da Lei 8.213/93). A norma do art. 201, § 9º, da CF, na
pelo art. 2º dessa EC 41. Caso não haja a opção, para que tenha proventos
redação da EC 20/98, não permite que a legislação infraconstitucional
integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração no cargo efetivo
preveja qualquer limite quanto ao número de anos de contribuição na esfera
em que se der a aposentadoria, na forma da lei e desde que observadas as
pública e na atividade privada, para os efeitos de compensação financeira
reduções de idade e tempo de contribuição contidas no § 5º do art. 40 da
entre os sistemas.
CF, o servidor deverá preencher, cumulativamente, as seguintes condições:
No caso de acumulação é inadmissível a contagem do tempo de I— sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade,
serviço para a aposentadoria em cargo de uma entidade estatal quando já se mulher; II— trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos
computado em outra para o mesmo fim, como vem entendendo o STF. de contribuição, se mulher; III — vinte anos de efetivo exercício no serviço
público; e IV — dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício no
Regras previdenciárias de transição
cargo em que se dará a aposentadoria (art. 6º da EC 41). O art. 2º da EC
A EC 20 contém regras de transição para o servidor que tenha
47 manda aplicar aos proventos de aposentadoria dos servidores públicos
ingressado em cargo vitalício ou efetivo da Administração Pública, direta,
que se aposentarem na forma do caput do art. 6º da EC 41, de 2003, o
autárquica e fundacional, até a data de sua publicação e ainda não tinha
disposto no art. 7º da mesma EC 41, examinado abaixo; e para evitar
cumprido os requisitos para a obtenção dos benefícios com base nos
dúvidas, a EC 47 revogou o parágrafo único do art. 6º da EC 41 (art. 5º).
critérios da legislação então vigente (EC 20, art. 80). A EC 41 também
contém tais regras, inclusive em face da EC 20 (arts 2º e seus §§ 6º e 8º). Em outra norma de transição, o art. 3º, dessa EC 47, sem prejuízo do
O mesmo ocorre com a EC 47, em seus arts. 2º a 5º. direito de opção pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da CF ou pelas
regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da EC 41, permite ao servidor da
Assim, o art. 2º da EC 4 1/2003, mandando observar o disposto no art.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
4º da EC 20/98, acima referido, assegura ao servidor que tenha ingressado
autarquias e fundações (que devem ser as de direito público), que tenha
regularmente em cargo efetivo na Administração Pública direta, autárquica
ingressado no serviço público até 16.12.1998 (EC 20/1998), aposentar-se
e fundacional (fundação pública de Direito Público) até a data de publicação
com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as
da EC 20, o direito de opção pela aposentadoria voluntária com proventos
seguintes condições: I — trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e
calculados de acordo com o art. 40, §§ 3º e 17, na redação anterior a essa
trinta anos de contribuição, se mulher; II — vinte e cinco anos de efetivo
EC 41, se, cumulativamente: I— tiver cinquenta e três anos de idade, se
exercício no serviço público, quinze anos de carreira e cinco anos no cargo
homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; II — tiver cinco anos
em que se der a aposentadoria; III — idade mínima resultante da redução,
de efetivo exercício no cargo em que se dará a aposentadoria; III — contar
relativamente aos limites do art. 40, § 1º, inciso III, “a”, da CF, de um ano de
tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta e cinco anos,
idade para cada ano de contribuição que exceder a condição prevista no
se homem, e trinta anos, se mulher; b) e um período adicional de
inciso I do caput desse artigo (redução de um ano na idade mínima de 60
contribuição equivalente a vinte por cento do tempo que, na data da

Conhecimentos em Direito 90
anos, se homem, e de 55, se mulher). Assegurando a paridade e a promovido até por merecimento, pois a vedação constitucional atinge
integralidade, o parágrafo único desse art. 3º, manda aplicar ao valor dos apenas os servidores afastados (art. 38, IV). A fim de evitar quaisquer
proventos de aposentadorias concedidas com base nesse art. 3º, o disposto dúvidas, o texto constitucional esclarece que para o exercício de mandato
no art. 7º da EC 41/2003, e observar-se igual critério de revisão às pensões de Vereador, se não houver compatibilidade de horários, aplicar-se-á a
derivadas dos proventos de servidores falecidos que tenham se aposentado regra geral do art. 38, IV, isto é, o servidor deverá afastar-se, podendo optar
em conformidade com o mesmo art. 3º. pela sua remuneração ou a do cargo eletivo.
Como ocorreu com a EC 20 (art. 3º e §§), o art. 3º da EC 41 assegura a Por outro lado, é expressamente vedado ao Vereador o exercício de
concessão, a qualquer tempo, de aposentadoria ao servidor, bem como cargo em comissão ou exonerável ad nutum nos casos já previstos na
pensão aos seus dependentes, que, até a data de sua publicação, tenha Constituição da República para os Deputados Federais e Senadores (art.
cumprido todos os requisitos para obtenção desses benefícios, com base 54, I, e II, “b,”), conforme o disposto no art. 29, IX, da mesma CF.
nos critérios da legislação então vigente. Este servidor que opte por
De acordo com o STF, ao servidor público investido no mandato de
permanecer em atividade e que conte com, no mínimo, vinte e cinco anos
Vice-Prefeito é aplicável, por analogia, o disposto no inc. II do art. 38 da
de contribuição, se mulher, ou trinta anos, se homem, fará jus a um abono
CF/88, enquanto que ao suplente de Vereador não se pode validamente
de permanência equivalente ao valor da contribuição previdenciária, até
estabelecer restrição alguma, por não ser titular de mandato eletivo, sendo-
completar as exigências para aposentadoria compulsória.
lhe, assim, inaplicável o inc. III do mesmo artigo (ADI 199-PE, DJU 7.8.98).
Quanto aos benefícios (a1) em fruição na data de publicação da EC 41
Demissão de vitalícios e estáveis
e aos (a2) que forem pagos aos dependentes dos servidores abrangidos
pelo seu art. 3º, o art. 7º da mesma EC 41, determina que, obedecido o A demissão de vitalícios — servidores investidos em caráter perpétuo
disposto no art. 37, XI, da CF, serão revistos na mesma proporção e na no cargo — e dos estáveis — servidores que adquiriram o direito de
mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em permanência no serviço público — depende, em qualquer caso, de
atividade, sendo também estendidos aos aposentados e pensionistas sentença judicial ou, tratando-se de estável, de processo administrativo em
quaisquer benefícios ou vantagens, de natureza geral, posteriormente que se lhe assegure ampla defesa (CF, arts. 41, § 1º, 95, I, e 128, § 5º, I).
concedidos aos servidores em atividade, inclusive decorrentes da Os vitalícios não podem ser exonerados ex officio e somente perdem
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a os respectivos cargos quando se exonerarem a pedido ou forem punidos
aposentaria ou serviu de referência para concessão da pensão, na forma com a pena de demissão, ficando em disponibilidade com remuneração
da lei (deixou de ter aplicação a Súmula 38 do STF, por contrariar o atual proporcional na hipótese de extinção. Como vimos acima, ao tratar da
texto constitucional). O mesmo art. 7º, nos termos acima, aplica-se aos estabilidade, o estável, com a EC 19, além da demissão judicial ou
proventos de aposentadoria dos servidores que se aposentarem na forma administrativa, pode ser exonerado em razão de seu desempenho
do caput do art. 6º da EC 41 (cf. art. 2º, da EC 47). Assegura-se aí o que a funcional, mediante procedimento de avaliação periódica, na forma a ser
Carta e a EC 20 já estabeleciam em termos de revisão de proventos e regulamentada por lei complementar nacional, assegurada sempre a ampla
pensão. A locução “na forma da lei”, inserida na parte final desse art. 7º, defesa. Excepcionalmente, pode, ainda, ser exonerado com base no art.
apenas submete a situação dos inativos às balizas impostas na outorga do 169, § 4º, da CF, com a redação da EC 19. Vale acentuar, como fizemos no
direito aos servidores da ativa, como consignou o Min. Marco Aurélio, do momento adequado, que demissão é ato punitivo, e exoneração, não.
STF. No mesmo julgado ficou assente que a norma do art. 40, § 8º, da CF,
na sua redação original, e, portanto, na atual, porque de igual teor, é de Para a demissão do vitalício o único meio é o processo judicial, geral-
eficácia imediata e não depende de lei específica para sua aplicação. mente o penal, pois “a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo” é
efeito da condenação, devendo “ser motivadamente declarado na sentença”
Note-se que esse art. 7º da EC 41 reafirma o direito adquirido, ao es- em que incorre o infrator, “condenado a pena privativa de liberdade por
tender tal direito à revisão dos proventos de aposentadoria e às pensões crime cometido com abuso de poder ou violação de dever para com a
dos dependentes dos servidores abrangidos pelo seu art. 3º, e agora, Administração Pública”, quando a pena aplicada for igual ou superior a um
também, pelo seu art. 6º. ano, ou quando for superior a quatro anos nos demais casos (CP, art. 92, I,
O dispositivo constitucional em tela apenas esclarece o que já é “a” e “b”; Lei 9.455, de 7.4.97 — lei penal especial —, art. 1º, § 5º). No
consequência do princípio da isonomia. Sua mens é a de evitar que processo, administrativo ou judicial, a Constituição assegura o contraditório
Governos insensíveis venham a estabelecer tratamento desigual e injusto e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV).
entre os inativos e pensionistas em face dos servidores da ativa. Cabe Nada impede, porém, que, através de processo judicial diverso do penal,
lembrar antiga lição do TJSP, nestes termos: “A majoração de vencimentos mas, como este, com contraditório e defesa ampla, se peça o reconheci-
decorrente das modificações ou alterações do poder aquisitivo da moeda mento da culpa do vitalício por fatos que, embora não consubstanciando
há de aproveitar, nas mesmas bases, aos inativos, sob pena de não se crime definido em lei, constituam falta grave, ensejadora da penalidade
cumprir o preceito constitucional atinente”. máxima. Na primeira hipótese a perda do cargo é efeito da aplicação da
pena principal pelo Judiciário, enquanto na segunda a Justiça faculta à
Exercício de mandatos eletivos
Administração a aplicação da pena demissória, reconhecendo a
O exercício de mandatos eletivos por servidor público não é vedado na materialidade e a autoria do fato.
Constituição Federal, cujo art. 38 regula a situação dos servidores da
Para a demissão do estável a Administração não precisa recorrer à
Administração direta, autárquica e fundacional investidos em mandatos
Justiça, ainda que o fato sujeito a punição configure crime, nem aguardar a
eletivos.
solução do processo penal pelo mesmo fato, uma vez que a Constituição
As duas principais regras que defluem da norma constitucional são: 1ª) lhe permite fazê-lo mediante processo administrativo ou, mais
o servidor público pode exercer mandato eletivo federal, estadual ou precisamente, processo administrativo disciplinar, em que assegure ampla
municipal sem perder o cargo, emprego ou função, devendo apenas defesa ao infrator. Por ampla defesa, no caso, deve-se entender a vista do
afastar-se, com prejuízo da remuneração; 2ª) o tempo de serviço do processo, com a faculdade de resposta e de produção de provas contrárias
servidor afastado para exercer mandato eletivo será contado para todos os à acusação. O processo administrativo disciplinar não é tão formal quanto o
efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. judicial, penal ou não, nem tão rigoroso no contraditório. O essencial é que
se conceda ao acusado a oportunidade de ilidir a acusação, com
O afastamento do cargo, emprego ou função com prejuízo da
observância do devido processo legal, sem o quê a punição administrativa
correspondente remuneração é decorrência do principio geral da
é nula, por afrontar a garantia constitucional da ampla defesa (art. 41, § 1º).
inacumulabilidade de cargos, empregos e funções públicas, constante do
art. 37, XVI e XVII, da CF. A essa regra, entretanto, o texto constitucional Tanto para o vitalício como para o estável pode ocorrer, ainda, a perda
admite duas exceções, relativamente aos mandatos de Prefeito e Vereador. da função pública como pena resultante de condenação judicial civil por
Com efeito, o servidor que se afastar do cargo, emprego ou função para improbidade administrativa, nos termos do art. 12, I, II e II, da Lei 8.429/ 92,
exercer o mandato de Prefeito poderá optar entre a remuneração e os que só será efetivada com o trânsito em julgado da sentença condenatória,
subsídios (art. 38, II); se o mandato for de Vereador e houver como determina o seu art. 20.
compatibilidade de horários, não se afastará, passando a perceber
Apenas para registro, o regime jurídico dos servidores federais
cumulativamente a remuneração e os subsídios (art. 38, III), podendo ser
relaciona entre as penalidades disciplinares a destituição de cargo em

Conhecimentos em Direito 91
comissão e a destituição de função comissionada (art. 127, V e VI). Assim, expressão agente, no texto em exame (art. 37, § 6º), está empregada em
para o cargo em comissão e para a função comissionada a Lei 8.112/90 sentido amplo, abrangendo toda gama dos servidores públicos.
emprega terminologia diversa da utilizada para cargo efetivo. Este é punido
Abrangência das normas constitucionais
com demissão; aqueles, com destituição. Nas duas penas é obrigatório o
devido processo administrativo. As normas constitucionais sobre os servidores, por expressa
disposição do art. 37, caput, aplicam-se à Administração direta e indireta
Reintegração, recondução, reversão, readmissão e aproveitamento
dos três Poderes da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal e
A reintegração é a recondução do servidor ao mesmo cargo de que dos Municípios.
fora demitido, com o pagamento integral dos vencimentos e vantagens do
Competência da Justiça Comum
tempo em que esteve afastado, uma vez reconhecida a ilegalidade da de-
missão em decisão judicial ou administrativa. Como a reabilitação funcional, De acordo com o art. 114, I, da CF, na redação dada pela EC 45/2004,
a reintegração acarreta, necessariamente, a restauração de todos os compete à Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações oriundas da
direitos de que foi privado o servidor com a ilegal demissão. Nessa relação de trabalho, abrangidos os entes de Direito externo e da
reparação, entretanto, só entram as vantagens decorrentes do cargo, Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
auferidas no âmbito administrativo. Com a volta do reintegrando ao cargo, Federal e dos Municípios, exceto os servidores ocupantes de cargos
quem o ocupava perde o lugar, sem direito a qualquer indenização. criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas as
Todavia, se for estável, será reconduzido ao cargo de origem, aproveitado autarquias e fundações públicas dos referidos entes da Federação”. A
em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional leitura do referido dispositivo revela a ocorrência de uma ampliação da
ao tempo de serviço. Não sendo estável, como vimos, a solução de sua competência da Justiça do Trabalho, a qual passa a julgar todos os
situação funcional fica a critério da Administração. De qualquer forma, dará conflitos oriundos da relação de trabalho, seja de emprego ou não, em
sempre o lugar ao reintegrado (CF, art. 41, § 2º, com a redação da EC 19). sentido amplo. Em face da exceção contida na norma quanto aos cargos
criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, tratando-se de
Não se confunda a reintegração com a recondução ou com a reversão.
servidor público titular desses cargos, sob regime jurídico estatutário regular
Na reintegração reconhece-se que a pena de demissão foi ilegal e, em
ou administrativo especial, não submetido à CLT, entendemos que as
razão desse reconhecimento, restauram-se todos os direitos do demitido,
reivindicações são de competência da Justiça Comum, Federal ou
com seu retorno ao cargo e pagamento das indenizações devidas; na
Estadual. Assim, toda e qualquer reivindicação de empregado público
recondução o servidor estável retorna ao cargo anteriormente ocupado em
regido pela CLT deve ser julgada pela Justiça do Trabalho, inclusive a
decorrência de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou
contratação ilegal, ainda que sob o regime estatutário. Os que não tiverem
de reintegração do anterior ocupante (cf. art. 29 da Lei 8.112/90); na
cargos criados por lei e mantiverem, por qualquer motivo, relação de
reversão ocorre o retorno à atividade do aposentado por invalidez quando
trabalho com “Administração Pública direta e indireta”, referida pelo texto,
junta médica oficial declarar insubsistentes os seus motivos, ou no
terão seus conflitos julgados pela Justiça do Trabalho. Em decorrência dos
interesse da Administração, no caso de aposentadoria voluntária, desde
demais incisos do referido art. 114, como novas competência da Justiça do
que atendidas as seguintes condições: solicitação do inativo (estável
Trabalho temos as que tratam dos litígios sindicais, dos atos decorrentes da
quando na atividade), haja cargo vago e a aposentadoria tenha ocorrido
greve, do habeas corpus, do habeas data, da ação de indenização por dano
nos cinco anos anteriores à solicitação. Nas duas espécies o retorno dar-
moral ou patrimonial, e as relativas às penalidades administrativas impostas
se-á no mesmo cargo ou ao cargo resultante de sua transformação, ou
aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho.
simplesmente ao serviço, como excedente (na terminologia da lei), se o
antigo cargo estiver provido. Em ambas as hipóteses perceberá, em Fonte: DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO – Hely Lopes
substituição aos proventos de aposentadoria, a remuneração do cargo que Meirelles – 33ª edição, – Malheiros Editores Ltda. São Paulo, SP
voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que
percebia anteriormente à aposentadoria (cf. art. 25 da Lei 8.112/90, na
redação dada pela MP 2.225-45, de 4.9.2001). PROVA SIMULADA
Aproveitamento é o retorno obrigatório à atividade do servidor em
disponibilidade, em cargo de atribuições e remuneração compatíveis com o 01. A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5.º que haverá penas
anteriormente ocupado (cf. art. 30 da Lei 8.112/90).
(A) de morte nos casos de guerra declarada.
Alguns Estados e Municípios denominam de readmissão a reintegração (B) de caráter perpétuo. (C) de trabalhos forçados.
decorrente de ato administrativo. Nessa hipótese, a readmissão seria o
(D) de banimento. (E) cruéis.
retorno do funcionário ao serviço público quando anulada administrativa-
mente sua desinvestidura. Como visto, em face da sistemática
constitucional, fora dessas hipóteses a readmissão e a reversão não são 02. Conceder-se-á mandado de injunção
mais permitidas. (A) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constante de registros de entidades governamentais ou de
Responsabilização civil de servidores caráter público.
(B) sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
A responsabilização civil de servidores por danos causados a terceiros
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
no exercício de suas atividades funcionais depende da comprovação da
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
existência de dolo ou culpa de sua parte em ação regressiva proposta pela
pessoa jurídica de Direito Público obrigada, objetivamente, à reparação do (C) para proteger direito líquido e certo, quando o responsável pela ilegali-
dano, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. dade ou abuso de poder for autoridade pública no exercício de atribuições
do Poder Público.
De fato, o § 6º do art. 37 estabelece a responsabilidade sem culpa, por
(D) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
isso denominada objetiva, das entidades de Direito Público (União,
sigiloso, judicial ou administrativo.
Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações públicas
de Direito Público) e de Direito Privado prestadoras de serviços públicos (E) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
pelos prejuízos causados por seus agentes a terceiros em decorrência da coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
atividade administrativa. Todavia, o dispositivo constitucional veda a
transferência dessa responsabilidade ao servidor imputável, impondo seu 03. Não é privativo de brasileiros natos o cargo
chamamento a juízo não pelo lesado, mas pela entidade interessada em (A) de Presidente da República.
ressarcir-se, a qual, para tanto, deverá demonstrar a culpa do referido (B) de Presidente do Senado Federal.
servidor, em ação autônoma.
(C) de carreira diplomática.
A responsabilidade civil do servidor por danos que, nessa qualidade, (D) de Governador do Estado.
causar a terceiros constitui, portanto, apenas um aspecto da
(E) de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
responsabilidade por danos à Administração, consignando desde já que a

Conhecimentos em Direito 92
04. São condições de elegibilidade, na forma da lei, a idade mínima de 12. O Mandado de Segurança é um instituto jurídico que serve para
(A) trinta anos para Vice-Presidente. resguardar Direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus ou
Habeas Data, que seja negado, ou mesmo ameaçado, em face de ato de
(B) dezoito anos para Deputado Estadual. quaisquer dos órgãos do Estado Brasileiro, seja da Administração direta,
(C) vinte e um anos para Prefeito. indireta, bem com dos entes despersonalizados e dos agentes particulares
(D) trinta anos para Senador. no exercício de atribuições do poder público. Trata-se de um remédio
(E) vinte e um anos para Governador. constitucional posto à disposição de toda Pessoa Física ou jurídica, ou
mesmo órgão da administração pública com capacidade processual.
05. É correto afirmar que
13. O Mandado de Segurança coletivo é ação igualmente de rito especial
(A) o prazo de validade do concurso público será de até cinco anos, prorro- que determinadas entidades, enumeradas expressamente na Constituição,
gável uma vez, por igual período. podem ajuizar para defesa, não de direitos próprios inerentes a essas
(B) os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público serão com- entidades, mas de direito líquido e certo de seus membros, ou associados,
putados e acumulados para fim de concessão de acréscimos ulteriores. ocorrendo, no caso, o instituto da substituição processual. Pode ser
(C) são estáveis após 2 anos de efetivo exercício os servidores nomeados impetrado por: a) partido político com representação no Congresso
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação
(D) a lei poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
contribuição fictício. defesa dos interesses de seus membros ou associados.
(E) é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando 14. O mandado de injunção, previsto no artigo 5º, inciso LXXI da
houver compatibilidade de horários, a de um cargo de professor com outro, Constituição do Brasil de 1988, é um dos remédios-garantias
técnico ou científico. constitucionais, sendo, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), uma
ação constitucional usada em um caso concreto, individualmente ou
coletivamente, com a finalidade de o Poder Judiciário dar ciência ao Poder
Segundo o artigo 37 da CF, os princípios básicos da administração pública Legislativo sobre a omissão de norma regulamentadora que torne inviável o
são: exercício dos direitos e garantias constitucionais e das prerrogativas
Marque C – certo; E - errado inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
06. legalidade - significa que o administrador público está, em toda a sua
atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem 15. Habeas Corpus - Medida que visa proteger o direito de ir e vir. É con-
comum, não podendo deles se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato cedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
o caso. Não se esqueça que a Administração Pública tem como meta poder. Quando há apenas ameaça a direito, o habeas corpus é preventivo.
o BEM COMUM.
16. Habeas Data - Ação para garantir o acesso de uma pessoa a informa-
07. impessoalidade, nada mais é que o clássico princípio da finalidade. A
ções sobre ela que façam parte de arquivos ou bancos de dados de entida-
finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato
des governamentais ou públicas. Também pode pedir a correção de dados
administrativo: o INTERESSE PÚBLICO. Todo ato administrativo que
incorretos.
se aparta de tal objetivo sujeitar-se-á à invalidação por desvio de finalidade.
É claro que, pode acontecer, de o interesse público coincidir com o de
particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos negociais e 17- Sobre princípios fundamentais da Constituição Brasileira, marque a
nos contratos públicos. O que o princípio da finalidade veda é a prática única opção correta.
de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Admi- a) Na República Federativa do Brasil, a União exerce a soberania do Esta-
nistração, visando unicamente satisfazer interesses privados, caracterizan- do brasileiro e se constitui em pessoa jurídica de Direito Público Internacio-
do-se o desvio de finalidade. Não se esqueçam de que desvio de finalida- nal, a fim de que possa exercer o direito de celebrar tratados, no plano
de constitui uma das modalidades de ABUSO DE PODER. internacional.
b) A forma republicana não implica a necessidade de legitimidade popular
08. moralidade subtende-se que o administrador deve ser ético em sua do presidente da República, razão pela qual a periodicidade das eleições
conduta. Tal conceito está ligado de bom administrador. O certo é que a não é elemento essencial desse princípio.
moralidade do ato administrativo juntamente com sua legalidade e finalida-
c) Segundo a doutrina, “distinção de funções do poder” e “divisão de pode-
de, constituem pressupostos de validade sem os quais a atividade pública
res” são expressões sinônimas e, no caso brasileiro, é um dos princípios
será ilegítima.
fundamentais da República Federativa do Brasil.
09. publicidade , e aqui podemos dizer que a publicidade não é elemento d) A concretização do Estado Democrático de Direito como um Estado de
formativo do ato, e sim requisito de eficácia e moralidade. A publicida- Justiça material contempla a efetiva implementação de um processo de incorpo-
de consiste na divulgação oficial do ato para conhecimento público e início ração de todo o povo brasileiro nos mecanismos de controle das decisões.
de seus efeitos externos. Aqui é bom lembrar que a publicação que produz e) Na condição de fundamento da República Federativa do Brasil, a digni-
efeitos jurídicos é a feita pelo órgão oficial da Administração. Por órgão dade da pessoa humana tem seu sentido restrito à defesa e à garantia dos
oficial entenda-se não só o Diário Oficial das entidades públicas como direitos pessoais ou individuais de primeira geração ou dimensão.
também, os jornais contratados para essas publicações oficiais. Os atos e
contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à pUblicação 18- Dos direitos e garantias fundamentais, marque a única opção correta.
necessária deixam de produzir seus regulares efeitos, bem como se ex- a) A redução da jornada de trabalho é vedada expressamente pela Consti-
põe à invalidação por falta desse requisito de eficácia e moralidade. tuição Federal.
b) Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político, salvo
10. eficiência exige presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais
se esse crime político tiver sido tipificado em tratado internacional.
moderno dos princípios da Administração. Pela EC 45/2004 a eficiência
passou a ser um direito com sede constitucional. c) Decorre da presunção de inocência, consagrada no art. 5º, da Constitui-
ção Federal, a impossibilidade de exigência de produção, por parte da
Quanto aos remédios constitucionais: defesa, de provas referentes a fatos negativos.
11. Ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão d) A Constituição Federal assegura que são gratuitos para os reconhecida-
que deseje questionar judicialmente a validade de atos que considera mente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e casamento e
lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio a certidão de óbito.
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. e) Aos tratados sobre direitos humanos, em vigor no plano internacional e

Conhecimentos em Direito 93
interno, a Constituição Federal assegura hierarquia de norma constitucional acesso pelos estrangeiros, na forma da lei.
d) é garantido aos servidores civis e militares o direito à livre associação
19- Sobre direitos e garantias fundamentais, marque a única opção correta. sindical.
a) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado eleito para cargo de e) a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
representação sindical a partir de sua eleição até um ano após o final do efeito de remuneração de pessoal do serviço público tem amparo na Cons-
mandato. tituição.
b) Não é considerado brasileiro nato o nascido na República Federativa do
Brasil, filho de um estrangeiro, a serviço de seu país no Brasil, com uma 23. Assinale a alternativa correta.
brasileira. (A) No recurso extraordinário, o recorrente deve demonstrar a repercussão
c) A Constituição atribui aos portugueses com residência permanente no geral das questões constitucionais discutidas no caso, a fim de que o STF
Brasil os mesmos direitos inerentes ao brasileiro. admita o recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação da maioria
d) Podem concorrer a cargo eletivo todos aqueles a quem a Constituição absoluta dos seus membros.
Federal reconhece capacidade eleitoral ativa. (B) Quando o STF apreciar a inconstitucionalidade de norma ou ato, citará
e) A inelegibilidade reflexa não se aplica àquele que já é detentor de man- previamente o Procurador Geral da República, que defenderá o ato ou texto
dato eletivo e é candidato à reeleição. impugnado.
20-Sobre a organização dos poderes na Constituição Brasileira, marque a (C) Compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
única opção correta. decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar
a) Compete à Câmara dos Deputados aprovar, por maioria absoluta e por válida lei local contestada em face de lei federal.
voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República, (D) O Advogado-Geral da União deverá ser previamente ouvido nas ações
antes do término de seu mandato. de inconstitucionalidade e em todos
b) No caso de urgência ou interesse público relevante, compete ao Presi- os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
dente do Senado Federal em conjunto com o Presidente da Câmara dos
Deputados decidir pela convocação extraordinária do Congresso Nacional, 24. Considerando as diversas formas de expressão da liberdade individual
vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação. garantida pelo texto constitucional, é correto afirmar que
c) A nomeação dos Ministros do Tribunal de Contas da União, órgão auxili- (A) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
ar do Poder Legislativo, é competência do Presidente da Mesa do Con- público, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
gresso Nacional. para o mesmo local, exigida apenas a prévia autorização da autoridade
d) Compete ao Conselho Nacional de Justiça receber e conhecer das competente.
reclamações contra órgãos prestadores de serviços notariais e de registro (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável, imprescritível e insus-
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da cetível de graça ou anistia.
competência disciplinar e correicional dos tribunais. (C) não haverá penas, entre outras, de morte, de caráter perpétuo, de
e) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as causas decorrentes interdição de direitos e de banimento.
da relação de trabalho que venham a ser instauradas entre os entes da (D) nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a decretação do
administração pública direta e os servidores vinculados a esses entes por perdimento de bens poderá ser estendida aos sucessores, até o limite do
típica relação de ordem estatutária. valor do patrimônio transferido.

21. Considere as seguintes assertivas a respeito dos direitos e deveres 25. Assinale a alternativa que contempla corretamente um direito ou garan-
individuais: tia constitucional.
I – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de (A) Garantia, na forma da lei, do direito de fiscalização do aproveitamento
comunicação, independente de censura, observada a necessidade de econômico das obras que criarem ou
licença.
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
II – todos podem reunir-se pacifi camente, sem armas, em locais abertos ao sentações sindicais e associativas.
público, desde que haja autorização da autoridade pública competente e
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo (B) Direito de não ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
local. da autoridade judiciária competente, mesmo no caso de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
III– todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas (C) Garantia, na forma da lei, da gratuidade ao registro civil de nascimento,
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo à certidão de óbito e às ações de habeas corpus e habeas data, exclusiva-
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. mente àqueles que forem reconhecidamente pobres.
IV– a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a (D) Garantia ao brasileiro, nato ou naturalizado, de que não será extradita-
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. do por crime comum.
V– às presidiárias serão asseguradas condições para que possam perma-
necer com seus fi lhos durante o período de amamentação. 26. Considerando o entendimento do STF, assinale a alternativa que repre-
Assinale a opção verdadeira. senta situação de inconstitucional violação a algum tipo de sigilo protegido
pela Constituição Federal de 1988.
a) I, IV e V estão corretas. b) III, IV e V estão corretas.
(A) Compartilhamento de informações e elementos, licitamente obtidos,
c) II, III e IV estão corretas. d) I, II e III estão incorretas. constantes dos autos do inquérito de investigação criminal para subsidiar
e) I, II e V estão incorretas. procedimento administrativo disciplinar movido contra o parlamentar na
Câmara dos Deputados, a pedido da Comissão de Ética e Decoro Parla-
22- Sobre a Administração Pública, é correto afirmar que: mentar.
a) o prazo de validade do concurso público será de até quatro anos, prorro- (B) Juntada de comprovante de consulta a órgão de proteção ao crédito em
gável uma vez, por igual período. processo judicial, tornando-a pública, com o propósito de impedir, modificar
b) somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a e extinguir direito da parte adversa no feito.
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de (C) Quebra do sigilo telefônico por meio de gravação de conversa telefônica
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas feita por um dos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do
de sua atuação. outro, quando há investida criminosa deste último.
c) os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros (D) Quebra de sigilo bancário de membros do Congresso Nacional, por ordem
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, estando vedado o decretada por Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no âmbito do inquérito policial

Conhecimentos em Direito 94
instaurado contra deputados federais para apuração de crime eleitoral.
Do Direito de Petição
27. Tendo em vista o que estabelece a Constituição Federal sobre direitos
Artigo 239 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, inde-
e garantias fundamentais dos trabalhadores, assinale a alternativa correta.
pendentemente de pagamento, o direito de petição contra ilegalidade ou
(A) É direito fundamental do trabalhador assistência gratuita aos filhos e abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
dependentes, desde o nascimento até sete anos de idade em creches e
pré-escolas. § 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou
(B) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da conduta incompatível no serviço público.(NR)
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda § 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar -se a
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade
grave nos termos da lei. do agente. (NR)
(C) Nas empresas com mais de cem empregados é assegurada a eleição - Redação dada pelo artigo 1°, I da Lei Complementar n° 942, de
de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o 06/06/2003.
entendimento direto com os empregadores.
(D) A lei poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, Artigo 240 - Ao servidor é assegurado o direito de requerer ou repre-
inclusive o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público, po- sentar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir reconsidera-
rém, a interferência e a intervenção na organização sindical. ção e recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias, salvo previsão legal
específica. (NR)
28. A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5.º que haverá penas - Redação dada pelo artigo 1°, I da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
(A) de morte nos casos de guerra declarada. (B) de caráter perpétuo.
(C) de trabalhos forçados. (D) de banimento. (E) cruéis. TÍTULO VI
Dos Deveres, das Proibições e das Responsabilidades
29. Conceder-se-á mandado de injunção CAPÍTULO I
(A) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do Dos Deveres e das Proibições
impetrante, constante de registros de entidades governamentais ou de SEÇÃO I
caráter público. Dos Deveres
(B) sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício Artigo 241 - São deveres do funcionário:
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. I - ser assíduo e pontual;
(C) para proteger direito líquido e certo, quando o responsável pela ilegali- II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem mani-
dade ou abuso de poder for autoridade pública no exercício de atribuições festamente ilegais;
do Poder Público.
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for incumbi-
(D) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
do;
sigiloso, judicial ou administrativo.
(E) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especialmente,
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. sobre despachos, decisões ou providências;
V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades de que ti-
30. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: ver conhecimento no exercício de suas funções;
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; VI - tratar com urbanidade as pessoas; (NR)
b) garantir o desenvolvimento nacional; - inciso VI com redaçãodada pelo artigo 1º da Lei Complementar nº
c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades soci- 1.096, de 24/09/2009.
ais e regionais;
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado;
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação. VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assentamento
e) todos estão corretos individual, a sua declaração de família;
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conservação do
que for confiado à sua guarda ou utilização;
RESPOSTAS
X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou com uni-
01. A 11. C 21. B forme determinado, quando for o caso;
02. B 12. C 22. B XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer outro servi-
03. D 13. C 23. C ço, às requisições de papéis, documentos, informações ou providências
que lhe forem feitas pelas autoridades judiciárias ou administrativas, para
04. C 14. C 24. D defesa do Estado, em Juízo;
05. E 15. C 25. A XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os companheiros
06. C 16. C 26. D de trabalho,
07. C 17. D 27. B XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e
ordens de serviço que digam respeito às suas funções; e
08. C 18. C 28. A
XIV - proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a fun-
09. C 19. E 29. B ção pública.
10. C 20. D 30. E SEÇÃO II
Das Proibições
Artigo 242 - Ao funcionário é proibido:
DIREITO ADMINISTRATIVO: Estatuto dos Funcionários Pú-
blicos Civis do Estado de São Paulo (Lei 10.261/68) - com as I - Revogado
alterações vigentes - artigos 239 a 331 - inciso I revogado pelo artigo 2º da Lei Complementar nº 1.096, de

Conhecimentos em Direito 95
24/09/2009. I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guarda ou res-
ponsabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as tomar, na forma e
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer
no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, instruções e
documento ou objeto existente na repartição;
ordens de serviço;
III - entreter -se, durante as horas de trabalho, em palestras, leituras ou
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que sofre-
outras atividades estranhas ao serviço;
rem os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada; fiscalização;
V - tratar de interesses particulares na repartição; III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repar- despacho, guias e outros documentos da receita, ou que tenham com eles
tição, ou tornar -se solidário com elas; relação; e

VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, promover ou IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadu-
subscrever listas de donativos dentro da repartição; e al.

VIII - empregar material do serviço público em serviço particular. - Ver artigos 312 ao 327 do Código Penal sobre os crimes contra a
Administração Pública.
Artigo 243 – É proibido ainda, ao funcionário:
Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em desacordo com
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o Governo, disposições legais e regulamentares, será responsabilizado pelo respectivo
por si, ou como representante de outrem; custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares cabíveis, podendo -se
II - participar da gerência ou administração de empresas bancárias ou proceder ao desconto no seu vencimento ou remuneração.
industriais, ou de sociedades comerciais, que mantenham relações comer- Artigo 247 - Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o funcioná-
ciais ou administrativas com o Governo do Estado, sejam por este subven- rio será obrigado a repor, de uma só vez, a importância do prejuízo causa-
cionadas ou estejam diretamente relacionadas com a finalidade da reparti- do em virtude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar
ção ou serviço em que esteja lotado; recolhimento ou entrada nos prazos legais.
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, garantias de juros Artigo 248 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a importância
ou outros favores semelhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto da indenização poderá ser descontada do vencimento ou remuneração não
privilégio de invenção própria; excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do valor destes.
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou função em Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do art. 245,
empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham relações com o não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de repreensão e, na reinci-
Governo, em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou dência, a de suspensão.
serviço em que esteja lotado;
Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do dos casos expressamente previstos nas leis, regulamentos ou regimentos,
Presidente da República; cometer a pessoas estranhas às repartições, o desempenho de encargos
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas condições que lhe competirem ou aos seus subordinados.
mencionadas no item II deste artigo, podendo, em qualquer caso, ser Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime o funcionário
acionista, quotista ou comanditário; da responsabilidade civil ou criminal que no caso couber, nem o pagamento
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabotagem con- da indenização a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame
tra o serviço público; da pena disciplinar em que incorrer.

- Sobre greve ver art. 37, VII da Constituição Federal. § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da civil e da
criminal.(NR)
VIII - praticar a usura;
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com
IX - constituir -se procurador de partes ou servir de intermediário peran- todos os direitos e vantagens devidas, o servidor absolvido pela Justiça,
te qualquer repartição pública, exceto quando se tratar de interesse de mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que
cônjuge ou parente até segundo grau; negue a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demis-
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entidades fiscali- são.(NR)
zadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver em missão § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguar-
referente à compra de material ou fiscalização de qualquer natureza; dar decisão judicial por despacho motivado da autoridade competente para
XI - valer -se de sua qualidade de funcionário para desempenhar ativi- aplicar a pena.(NR)
dade estranha às funções ou para lograr, direta ou indiretamente, qualquer - §§ 1º, 2° e 3° acrescentados pelo artigo 2°, I da Lei Complementar
proveito; e n° 942, de 06/06/2003.
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte. - Sobre responsabilidades, ver artigo 131 da Constituição Estadual, de
- Sobre sindicato ver art. 37, VI da Constituição Federal. 05/10/1989.
Parágrafo único - Não está compreendida na proibição dos itens II e VI
deste artigo, a participação do funcionário em sociedades em que o Estado TÍTULO VII
seja acionista, bem assim na direção ou gerência de cooperativas e associ- Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade e das Providências Prelimi-
ações de classe, ou como seu sócio. nares (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, II da Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003
Artigo 244 – É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens imediatas
de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar de função de confi- CAPÍTULO I
ança e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois) o número de auxilia- Das Penalidades e de sua Aplicação
res nessas condições.
Artigo 251 - São penas disciplinares:
CAPÍTULO II
I - repreensão;
Das Responsabilidades
II - suspensão;
Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os prejuízos que,
nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devida- III - multa;
mente apurados. IV - demissão;
Parágrafo único - Caracteriza -se especialmente a responsabilidade: V - demissão a bem do serviço público; e

Conhecimentos em Direito 96
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade mentar n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará sempre a dis-
natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o posição legal em que se fundamenta.
serviço público.
- Sobre demissão, ver artigo 136 da Constituição Estadual, de
Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos 05/10/1989.
de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres.
Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria ou
Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência.
I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é cominada
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço público;
decorrentes do exercício do cargo.
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter
III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia autoriza-
essa penalidade em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia
ção do Presidente da República; e
de vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado
a permanecer em serviço. IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e nos casos ex- Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no art. 251, são
pressamente previstos em lei ou regulamento. competentes:
Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de: I - o Governador;
I - abandono de cargo; II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e os Supe-
rintendentes de Autarquia; (NR)
II - procedimento irregular, de natureza grave;
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
III - ineficiência no serviço;
06/06/2003.
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; (NR)
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 (quaren-
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
ta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano.
06/06/2003.
§ 1º - Considerar -se -á abandono de cargo, o não comparecimento do
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60 (sessenta) di-
funcionário por mais de (30) dias consecutivos "ex -vi" do art. 63.
as; e (NR)
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só será aplicada
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
quando verificada a impossibilidade de readaptação.
06/06/2003.
Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço públi-
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de suspensão limita-
co ao funcionário que:
da a 30 (trinta) dias. (NR)
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa e de vício de
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
jogos proibidos;
06/06/2003.
II - praticar ato definido como crime contra a administração pública, a fé
Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e diversidade de san-
pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à
ções, a competência será da autoridade responsável pela imposição da
defesa nacional; (NR);
penalidade mais grave. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, II da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
06/06/2003.
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo,
Artigo 261 - Extingue -se a punibilidade pela prescrição: (NR)
desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado ou particula-
res; - Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
IV - praticar insubordinação grave;
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou multa, em 2
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários ou particu-
(dois) anos; (NR)
lares, salvo se em legítima defesa;
- Redação dada pelo artigo. 1º da Lei Complementar n.º 61, de
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos;
21/08/1972.
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou vantagens
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a bem do serviço
de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que
público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco)
fora de suas funções mas em razão delas;
anos; (NR)
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a pessoas
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à
06/06/2003.
sua fiscalização;
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de prescrição
IX - exercer advocacia administrativa; e
em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) anos. (NR)
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de salário -
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de procedimento criminal,
06/06/2003.
que no caso couber.
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR)
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e terrorismo; (NR) 1 - do dia em que a falta for cometida; (NR)
XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema Financeiro, ou 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanência, nas
de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores; (NR) faltas continuadas ou permanentes. (NR)
XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.(NR) - Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
- Incisos XI, XII e XIII acrescentados pelo artigo 2°, II da Lei Comple-

Conhecimentos em Direito 97
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura sindicância e a ordenar as seguintes providências: (NR)
que instaura processo administrativo. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
06/06/2003.
I - afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar a morali-
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) dade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou
vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efetivamen-
igual período; (NR)
te aplicada; (NR)
II - designação do servidor acusado para o exercício de atividades ex-
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese cabí-
clusivamente burocráticas até decisão final do procedimento; (NR)
vel. (NR)
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas;
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
(NR)
06/06/2003.
IV - proibição do porte de armas; (NR)
§ 4º - A prescrição não corre: (NR)
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida,
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguardar deci-
para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR)
são judicial, na forma do § 3º do artigo 250; (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabe-
06/06/2003.
lecido. (NR)
§ 1º - A autoridade que determinar a instauração ou presidir sindicância
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de
ou processo administrativo poderá representar ao Chefe de Gabinete para
06/06/2003.
propor a aplicação das medidas previstas neste artigo, bem como sua
§ 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora de- cessação ou alteração. (NR)
terminará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor. (NR)
§ 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, por despacho
- Redação dada pelo artigo 1°, III da Lei Complementar n° 942, de fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas previstas neste artigo.
06/06/2003. (NR)
§ 6º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição deverá des- - §§ 1° e 2° acrescentados pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n°
de logo determinar, quando for o caso, as providências necessárias à 942, de 06/06/2003.
apuração da responsabilidade pela sua ocorrência. (NR)
Artigo 267 - O período de afastamento preventivo computa -se como de
Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar de atender a efetivo exercício, não sendo descontado da pena de suspensão eventual-
qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá mente aplicada. (NR)
suspenso o pagamento de seu vencimento ou remuneração até que satis-
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
faça essa exigência.
06/06/2003.
Parágrafo único - Aplica -se aos aposentados ou em disponibilidade o
TÍTULO VIII
disposto neste artigo.
Do Procedimento Disciplinar (NR)
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento individual do funcionário
CAPÍTULO I
todas as penas que lhe forem impostas.
Das Disposições Gerais (NR)
CAPÍTULO II
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
Das Providências Preliminares (NR)
06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante sindicância
06/06/2003.
ou processo administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, tiver conhecimento (NR)
de irregularidade praticada por servidor é obrigada a adotar providências
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
visando à sua imediata apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que
06/06/2003.
o caso exigir. (NR)
Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta disciplinar, por
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
sua natureza, possa determinar as penas de repreensão, suspensão ou
06/06/2003.
multa. (NR)
Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, de natureza
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
simplesmente investigativa, quando a infração não estiver suficientemente
06/06/2003.
caracterizada ou definida autoria. (NR)
Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo quando a falta
- Redação dada pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar n° 942, de
disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de demissão, de
06/06/2003.
demissão a bem do serviço público e de cassação de aposentadoria ou
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo de 30 (trin- disponibilidade. (NR)
ta) dias. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade deverá imedia- 06/06/2003.
tamente encaminhar ao Chefe de Gabinete relatório das diligências realiza-
Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos serão realizados
das e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR)
pela Procuradoria Geral do Estado e presididos por Procurador do Estado
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar confirmado na carreira. (NR)
fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
ou de processo administrativo. (NR)
06/06/2003.
- §§ 1°, 2° e 3° acrescentados pelo artigo 1°, IV da Lei Complementar
CAPÍTULO II
n° 942, de 06/06/2003.
Da Sindicância
Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância ou processo
Artigo 272 - São competentes para determinar a instauração de sindi-
administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para a instrução ou
cância as autoridades enumeradas no artigo 260. (NR)
para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho fundamentado,

Conhecimentos em Direito 98
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes, designa-
06/06/2003. rá o presidente dia e hora para audiência de interrogatório, determinando a
citação do acusado e a notificação do denunciante, se houver. (NR)
Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador do Estado que
a presidir comunicará o fato ao órgão setorial de pessoal. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
- Parágrafo único acrescentado pelo artigo 1°,V da Lei Complementar
n° 942, de 06.06.2003. § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
- Súmula nº 18 e 19 do STF: - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
- 18. "Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo
criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público". 1 - cópia da portaria; (NR)
- 19. "É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acompanhado
mesmo processo em que se fundou a primeira". pelo advogado do acusado; (NR)
Artigo 273 - Aplicam -se à sindicância as regras previstas nesta lei 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que deverá
complementar para o processo administrativo, com as seguintes modifica- ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR)
ções: (NR)
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por advogado da-
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de tivo, caso não constitua advogado próprio; (NR)
06/06/2003.
5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas e reque-
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até 3 (três) rer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data designada para seu inter-
testemunhas; (NR) rogatório; (NR)
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (sessenta) dias; 6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado pedir exo-
(NR) neração até o interrogatório, quando se tratar exclusivamente de abandono
de cargo ou função, bem como inassiduidade. (NR)
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade competen-
te para a decisão. (NR) - Itens acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942,
de 06/06/2003.
- Incisos acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942,
de 06/06/2003. § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mínimo 2
(dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do respectivo superior
CAPÍTULO III
hierárquico, ou diretamente, onde possa ser encontrado. (NR)
Do Processo Administrativo (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
06/06/2003.
§ 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho ou no endereço
Artigo 274 - São competentes para determinar a instauração de pro-
constante de seu assentamento individual, furtando -se o acusado à citação
cesso administrativo as autoridades enumeradas no artigo 260, até o inciso
ou ignorando -se seu paradeiro, a citação far -se -á por edital, publicado
IV, inclusive. (NR)
uma vez no Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de interrogatório. (NR)
06/06/2003.
- § 3° acrescentado pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem atuar como 06/06/2003.
secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente consangüíneo ou afim, em
Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar declarações, no
linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro
interregno entre a data da citação e a fixada para o interrogatório do acusa-
ou qualquer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do acusado,
do, sendo notificado para tal fim. (NR)
bem assim o subordinado deste. (NR)
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada pelo advogado
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
do acusado, próprio ou dativo. (NR)
06/06/2003.
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante; antes po-
Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado deverão comuni-
rém de ser interrogado, poderá ter ciência das declarações que aquele
car, desde logo, à autoridade competente, o impedimento que houver. (NR)
houver prestado. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
06/06/2003.
Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser instaurado por porta-
Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por despacho, decre-
ria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebimento da determina-
tada sua revelia, prosseguindo -se nos demais atos e termos do processo.
ção, e concluído no de 90 (noventa) dias da citação do acusado. (NR)
(NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
06/06/2003.
§ 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identificação do acusado,
Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado dativo. (NR)
a infração que lhe é atribuída, com descrição sucinta dos fatos, a indicação
das normas infringidas e a penalidade mais elevada em tese cabível. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o Procurador
do Estado que o presidir deverá imediatamente encaminhar ao seu superior Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que o representará
hierárquico relatório indicando as providências faltantes e o tempo necessá- em todos os atos e termos do processo. (NR)
rio para término dos trabalhos. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
§ 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a que se refere o 06/06/2003.
parágrafo anterior e das providências que houver adotado à autoridade que
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos atos e ter-
determinou a instauração do processo. (NR)
mos do processo, não sendo obrigatória qualquer notificação. (NR)
- §§ 1°, 2° e 3° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário Oficial do Es-
n° 942, de 06/06/2003.
tado, de que conste seu nome e número de inscrição na Ordem dos Advo-

Conhecimentos em Direito 99
gados do Brasil, bem como os dados necessários à identificação do proce- aos autos. (NR)
dimento. (NR) - §§ 1°, 2° e 3° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negando -se a n° 942, de 06/06/2003.
constituir advogado, o presidente nomeará advogado dativo. (NR) Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado comparecerão à
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir advogado para audiência designada independente de notificação. (NR)
prosseguir na sua defesa. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- §§ 1°, 2°, 3º e 4° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Comple- 06/06/2003.
mentar n° 942, de 06/06/2003.
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento for relevante
Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao interrogatório, inicia - e que não comparecer espontaneamente. (NR)
se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção de provas, ou apresen-
tá-las. (NR) § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá substituí-la,
se quiser, levando na mesma data designada para a audiência outra teste-
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5 (cinco) teste- munha, independente de notificação. (NR)
munhas. (NR)
- §§ 1° e 2° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n°
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclusivamente 942, de 06/06/2003.
por documentos, até as alegações finais. (NR)
Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o presidente, de o-
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de fício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências que entenda conve-
06/06/2003. nientes. (NR)
§ 3º - Até a data do interrogatório,será designada a audiência de instru- - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
ção. (NR) 06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de § 1º - As informações necessárias à instrução do processo serão solici-
06/06/2003. tadas diretamente, sem observância de vinculação hierárquica, mediante
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela ordem, as ofício, do qual cópia será juntada aos autos. (NR)
testemunhas arroladas pelo presidente e pelo acusado. (NR)
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos oficiais, o
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de presidente os requisitará, observados os impedimentos do artigo 275. (NR)
06/06/2003.
- §§ 1° e 2° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n°
Parágrafo único - Tratando -se de servidor público, seu comparecimen- 942, de 06/06/2003.
to poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato com as indicações
necessárias. (NR) Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedimento administra-
tivo permanecerão na repartição competente. (NR)
- Parágrafo único acrescentado pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
n° 942, de 06/06/2003. § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante simples
solicitação, sempre que não prejudicar o curso do procedimento. (NR)
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir -se de depor, salvo se for
ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente separado, com- § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para manifesta-
panheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, ção do acusado ou para apresentação de recursos, mediante publicação no
exceto quando não for possível, por outro modo, obter -se ou integrar -se a Diário Oficial do Estado. (NR)
prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
06/06/2003. § 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação a que se refere o
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o denunciante, fi- parágrafo anterior e desde que os autos estejam efetivamente disponíveis
cam elas proibidas de depor, observada a exceção deste artigo. (NR) para vista. (NR)
§ 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa, será pela § 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos da repar-
autoridade competente adotada a providência a que se refere o artigo 262, tição, mediante recibo, durante o prazo para manifestação de seu represen-
mediante comunicação do presidente. (NR) tado, salvo na hipótese de prazo comum, de processo sob regime de se-
gredo de justiça ou quando existirem nos autos documentos originais de
§ 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha fora da sede de
difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a per-
seu exercício, terá direito a transporte e diárias na forma da legislação em
manência dos autos na repartição, reconhecida pela autoridade em despa-
vigor, podendo ainda expedir -se precatória para esse efeito à autoridade
cho motivado. (NR)
do domicílio do depoente. (NR)
- §§ 3° e 4° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n°
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, mi-
942, de 06/06/2003.
nistério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobriga-
das pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. (NR) Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo presidente, median-
- §§ 1°, 2°, 3° e 4° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Comple- te decisão fundamentada, os requerimentos de nenhum interesse para o
mentar n° 942, de 06/06/2003. esclarecimento do fato, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desne-
cessárias ou protelatórias. (NR)
Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca diversa poderá ser
inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, expedindo -se, para - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimada a defesa. (NR) 06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgirem fatos novos
06/06/2003. imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a instauração de novo pro-
cedimento para sua apuração, ou, caso conveniente, aditada a portaria,
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e os escla- reabrindo -se oportunidade de defesa. (NR)
recimentos pretendidos, bem como a advertência sobre a necessidade da
presença de advogado. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução do proce-
dimento. (NR) Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar -se -á vista dos autos à
defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo de 7 (sete) dias.
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá prosseguir a- (NR)
té final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será juntada

Conhecimentos em Direito 100


Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações finais, o administrativo providenciará para que se instaure, simultaneamente, o
presidente designará advogado dativo, assinando -lhe novo prazo. (NR) inquérito policial. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. 06/06/2003.
Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de 10 (dez) Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado fora da esfera
dias, contados da apresentação das alegações finais. (NR) administrativa, a autoridade policial dará ciência dele à autoridade adminis-
trativa. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. - Parágrafo único acrescentado pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
n° 942, de 06/06/2003.
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acusado, sepa-
radamente, as irregularidades imputadas, as provas colhidas e as razões Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução do processo
de defesa, propondo a absolvição ou punição e indicando, nesse caso, a administrativo e do inquérito policial se auxiliarão para que os mesmos se
pena que entender cabível. (NR) concluam dentro dos prazos respectivos. (NR)
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de quaisquer ou- - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
tras providências de interesse do serviço público. (NR) 06/06/2003.
- §§ 1° e 2° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for considerado cri-
942, de 06/06/2003. minoso, serão remetidas à autoridade competente cópias autenticadas das
peças essenciais do processo. (NR)
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à autoridade que
determinou sua instauração. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. - Ver artigo 513 ao 516 do Código de Processo Penal sobre processo e
julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.
Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autoridade que houver
determinado sua instauração deverá, no prazo de 20 (vinte) dias, proferir o Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato processual
julgamento ou determinar a realização de diligência, sempre que necessária que não houver influído na apuração da verdade substancial ou diretamente
ao esclarecimento de fatos. (NR) na decisão o processo ou sindicância. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. 06/06/2003.
Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade encarregada do Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios de divul-
processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para seu cumprimen- gação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse da Administra-
to, abrindo vista à defesa para manifestar -se em 5 (cinco) dias. (NR) ção, a juízo do Secretário de Estado ou do Procurador Geral do Estado.
(NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penalidades e provi-
dências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que determinou a instau- Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contados do
ração do processo administrativo deverá propô-las, justificadamente, dentro cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimento de nova infração, não
do prazo para julgamento, à autoridade competente. (NR) mais poderá aquela ser considerada em prejuízo do infrator, inclusive para
efeito de reincidência. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determinará os atos dela
decorrentes e as providências necessárias a sua execução. (NR) Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do serviço público
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de acarretam a incompatibilidade para nova investidura em cargo, função ou
06/06/2003. emprego público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente.
(NR)
Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadasno Diário Oficial do
Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem como averbadas no registro - Parágrafo único acrescentado pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
funcional do servidor. (NR) n° 942, de 06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de CAPÍTULO IV
06/06/2003. Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e por Inassiduidade (NR)
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando possível, todos - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: autuação, juntada, conclu- 06/06/2003.
são, intimação, data de recebimento, bem como certidões e compromissos.
Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço que caracteri-
(NR)
zem abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, o superior
§ 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na ordem cronológica imediato comunicará o fato à autoridade competente para determinar a
da apresentação, rubricando o presidente as folhas acrescidas. (NR) instauração de processo disciplinar, instruindo a representação com cópia
da ficha funcional do servidor e atestados de freqüência. (NR)
§ 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não conste do processo,
nele deverão figurar por cópia. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar abandono de
cargo ou função, bem como inassiduidade, se o servidor tiver pedido exo-
Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância ou do processo
neração. (NR)
a folha de serviço do indiciado. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003. 06/06/2003.
Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime, praticado na esfe- Artigo 310 - Extingue -se o processo instaurado exclusivamente para
ra administrativa, a autoridade que determinou a instauração do processo apurar abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se o indici-

Conhecimentos em Direito 101


ado pedir exoneração até a data designada para o interrogatório, ou por - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
ocasião deste. (NR) 06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de Artigo 317 - A instauração de processo revisional poderá ser requerida
06/06/2003. fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido ou incapaz, por seu
curador, cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, sem-
Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior, coação ilegal
pre por intermédio de advogado. (NR)
ou motivo legalmente justificável. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
06/06/2003.
06/06/2003.
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que o reque-
CAPÍTULO V
rente possuir ou com indicação daquelas que pretenda produzir. (NR)
Dos Recursos (NR)
- Parágrafo único acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Complemen-
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
tar n° 942, de 06/06/2003.
06/06/2003.
Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou que a tiver con-
Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão que aplicar
firmado em grau de recurso, será competente para o exame da admissibili-
penalidade. (NR)
dade do pedido de revisão, bem como, caso deferido o processamento,
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de para a sua decisão final. (NR)
06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados da publica- 06/06/2003.
ção da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado ou da intimação
Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será este realizado
pessoal do servidor, quando for o caso. (NR)
por Procurador de Estado que não tenha funcionado no procedimento
§ 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualificação do re- disciplinar de que resultou a punição do requerente. (NR)
corrente, a exposição das razões de inconformismo. (NR)
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
§ 3º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou a pena, que 06/06/2003.
terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, manter sua decisão ou
Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente providenciará o apensa-
reformá-la. (NR)
mento dos autos originais e notificará o requerente para, no prazo de 8
§ 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será imediata- (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer outras provas que
mente encaminhada a reexame pelo superior hierárquico. (NR) pretenda produzir. (NR)
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade competente ainda que - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
incorretamente denominado ou endereçado. (NR) 06/06/2003.
- §§ 1°, 2°, 3°, 4° e 5° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Com- Parágrafo único - No processamento da revisão serão observadas as
plementar n° 942, de 06/06/2003. normas previstas nesta lei complementar para o processo administrativo.
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não poderá ser re- (NR)
novado, de decisão tomada pelo Governador do Estado em única instância, - Parágrafo único acrescentado pelo artigo 1°, V da Lei Complementar
no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) n° 942, de 06/06/2003.
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão poderá alterar a
06/06/2003. classificação da infração, absolver o punido, modificar a pena ou anular o
Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei complementar não têm processo, restabelecendo os direitos atingidos pela decisão reformada.
efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às retificações neces- (NR)
sárias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo. (NR) - Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
06/06/2003. Disposições Finais
CAPÍTULO VI (NR) Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao "Funcionário Pú-
Da Revisão (NR) blico Estadual".
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão todos contados
06/06/2003. por dias corridos.
Artigo 315 - Admitir -se -á, a qualquer tempo, a revisão de punição dis- Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia inicial, prorrogando
ciplinar de que não caiba mais recurso, se surgirem fatos ou circunstâncias -se o vencimento, que incidir em sábado, domingo, feriado ou facultativo,
ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que possam para o primeiro dia útil seguinte.
justificar redução ou anulação da pena aplicada. (NR)
Artigo 324 - As disposições deste Estatuto se aplicam aos extranume-
- Redação dada pelo artigo 1°, V da Lei Complementar n° 942, de rários, exceto no que colidirem com a precariedade de sua situação no
06/06/2003. Serviço Público.
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não constitui funda- Disposições Transitórias
mento do pedido. (NR)
Artigo 325 - Aplicam -se aos atuais funcionários interinos as disposi-
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo fundamento. ções deste Estatuto, salvo as que colidirem com a natureza precária de sua
(NR) investidura e, em especial, as relativas a acesso, promoção, afastamentos,
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo serão in- aposentadoria voluntária e às licenças previstas nos itens VI, VII e IX do
deferidos. (NR) artigo 181.

§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR) Artigo 326 - Serão obrigatoriamente exonerados os ocupantes interinos
de cargos para cujo provimento for realizado concurso.
- §§ 1°, 2°, 3° e 4° acrescentados pelo artigo 1°, V da Lei Comple-
mentar n° 942, de 06/06/2003. Parágrafo único - As exonerações serão efetivadas dentro de 30 (trinta)
dias, após a homologação do concurso.
Artigo 316 - A pena imposta não poderá ser agravada pela revisão. (NR)
Artigo 327 - Revogado.

Conhecimentos em Direito 102


- Revogado pelo art. 5º do Decreto -lei nº 60, de 15/05/1969. responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indis-
ponibilidade dos bens do indiciado.
Artigo 328 - Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder -se -á ao le-
vantamento geral das atuais funções gratificadas, para efeito de implanta- Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste arti-
ção de novo sistema retribuitório dos encargos por elas atendidos. go recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou
sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Parágrafo único - Até a implantação do sistema de que trata este arti-
go, continuarão em vigor as disposições legais referentes à função gratifi- Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
cada. se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite
do valor da herança.
Artigo 329 - Ficam expressamente revogadas:
CAPÍTULO II
I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabeleçam conta-
Dos Atos de Improbidade Administrativa
gem de tempo em divergência com o disposto no Capítulo XV do Título II,
Seção I
ressalvada, todavia, a contagem, nos termos da legislação ora revogada,
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito
do tempo de serviço prestado anteriormente ao presente Estatuto;
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enrique-
II - a Lei n. 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as demais disposições cimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
atinentes aos extranumerários; e razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas
III - a Lei n. 2.576, de 14 de janeiro de 1954. entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
Artigo 330 - Vetado. I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou
qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comis-
Artigo 331 - Revogam -se as disposições em contrário. são, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto
ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público;
LEI FEDERAL Nº 8.429/92 II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a
(LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA). aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor
de mercado;
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a a-
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função lienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço
na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras provi- por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
dências.
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipa-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional mentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição
decreta e eu sanciono a seguinte lei: de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
CAPÍTULO I trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por
Das Disposições Gerais essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indi-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público,
reta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio,
servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de
de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou
de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concor- VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indi-
ra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, reta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras
serão punidos na forma desta lei. públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os a- das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
tos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo,
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja
concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetí-
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele vel de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, atribuições do agente público, durante a atividade;
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou a-
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades menciona- plicação de verba pública de qualquer natureza;
das no artigo anterior. X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indi-
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele retamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática obrigado;
do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas,
indireta. verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencio-
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obriga- nadas no art. 1° desta lei;
dos a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoa- XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes
lidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, do- Seção II
losa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
do dano.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio. patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio públi- ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
co ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao pa-

Conhecimentos em Direito 103


trimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrati-
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no vas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
art. 1º desta lei; improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utili- isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação
ze bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formali- I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-
dades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; mente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonaliza- da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos,
do, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial
valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares apli- incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
cáveis à espécie; intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem inte-
grante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos
lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
mercado; circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de
cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou ser- dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
viço por preço superior ao de mercado; incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; cinco anos;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver,
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco
anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevida-
percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou
mente;
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
lei ou regulamento; majoritário, pelo prazo de três anos.
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem co- Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará
mo no que diz respeito à conservação do patrimônio público; em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas perti- obtido pelo agente.
nentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; CAPÍTULO IV
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilici- Da Declaração de Bens
tamente; Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patri-
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade mônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta (Regulamento)
lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinhei-
contratados por essas entidades. ro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais,
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens
prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras
as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e
prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em
lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou
função.
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público,
da Administração Pública sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a pres-
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra
tar falsa.
os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole
os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às insti- § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração
tuições, e notadamente: anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformida-
de da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natu-
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
reza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no
daquele previsto, na regra de competência;
caput e no § 2° deste artigo .
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
CAPÍTULO V
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atri- Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
buições e que deva permanecer em segredo;
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrati-
IV - negar publicidade aos atos oficiais; va competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a
V - frustrar a licitude de concurso público; prática de ato de improbidade.

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada,
conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica
capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço. § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despa-
cho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no §
CAPÍTULO III 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Públi-
Das Penas co, nos termos do art. 22 desta lei.
Conhecimentos em Direito 104
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determina- CAPÍTULO VI
rá a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores fede- Das Disposições Penais
rais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112,
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra
de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo
agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe
com os respectivos regulamentos disciplinares.
inocente.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Pú-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
blico e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento
administrativo para apurar a prática de ato de improbidade. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a
indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Con-
houver provocado.
tas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o
procedimento administrativo. Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos
só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente po-
requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do derá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo,
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
patrimônio público. fizer necessária à instrução processual.
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno
indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Pú-
da efetivação da medida cautelar. blico, de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante
representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
trata o caput.
CAPÍTULO VII
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações ne-
Da Prescrição
cessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nes-
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Pú-
ta lei podem ser propostas:
blico, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no
4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996) I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em
comissão ou de função de confiança;
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atua-
rá obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade. II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir de exercício de cargo efetivo ou emprego.
ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) CAPÍTULO VIII
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que conte- Das Disposições Finais
nham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer
dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. (Incluído pela 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e 104° da
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e or- República.
denará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito,
que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo
de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em deci- PROVA SIMULADA
são fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato
de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via
eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) 01. Na prática de ato de improbidade administrativa que importe enriqueci-
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar con- mento ilícito, o agente público está sujeito à pena de suspensão dos direitos
testação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) políticos com duração de, no mínimo,

§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de ins- (A) cinco anos e, no máximo, dez anos.
trumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) (B) dois anos e, no máximo, quatro anos.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da (C) três anos e, no máximo, seis anos.
ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do
mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) (D) oito anos e, no máximo, dez anos.

§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos proces- (E) oito anos e, no máximo, doze anos.
sos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de
Processo Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
02. Segundo a Lei 8.429/92, pode-se afirmar que:
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de
dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o a) somente o servidor público pode enquadrar-se como sujeito ativo da
pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa improbidade administrativa
jurídica prejudicada pelo ilícito. b) os membros da Magistratura, do Ministério Público e do Tribunal de
Contas não podem ser incluídos como sujeitos ativos, por desfrutarem da
Conhecimentos em Direito 105
prerrogativa da vitaliciedade II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem manifesta-
mente ilegais;
c) mesmo um particular que induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele de beneficie direta ou indiretamente sofre a incidência III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for incumbido;
da lei
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especialmente, sobre
d) os mesários em eleição e os jurados não podem figurar no rol dos sujei- despachos, decisões ou providências;
tos ativos da conduta tida por atentatória da probidade
V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades de que tiver
conhecimento no exercício de suas funções;
03. Assinale a alternativa CORRETA: VI - tratar com urbanidade as pessoas;
a) A prática de atos de improbidade administrativa pelo servidor público VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado;
poderá acarretar a suspensão de seus direitos políticos;
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assentamento
b) O sequestro dos bens do servidor público, devido a danos por ele causa- individual, a sua declaração de família;
dos ao patrimônio público, somente poderá ser decretado após o trânsito
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conservação do que
em julgado da sentença prolatada no processo respectivo;
for confiado à sua guarda ou utilização;
c) A ação principal, no tocante à improbidade administrativa, terá rito ordi-
X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou com uniforme
nário e poderá ser proposta exclusivamente pelo Ministério Público;
determinado, quando for o caso;
d) O ressarcimento ao erário, em caso de improbidade administrativa,
XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer outro serviço, às
poderá vir a ser dispensado quando ocorrer o reconhecimento, pelo servi-
requisições de papéis, documentos, informações ou providências que lhe
dor público, dos atos praticados indevidamente, caracterizando-se em tal
forem feitas pelas autoridades judiciárias ou administrativas, para defesa do
hipótese a transação;
Estado, em Juízo;
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os companheiros de
04. Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente trabalho,
constitui, nos termos da Lei no 8.429, de 02.06.1992, ato de improbidade
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e
administrativa que
ordens de serviço que digam respeito às suas funções; e
(A) causa prejuízo ao erário, sujeitando o agente ao ressarcimento equiva-
XIV - proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função
lente até quatro vezes o valor do dano, perda dos bens, perda da função
pública.
pública, perda dos direitos políticos de três a cinco anos, além de outras.
(B) atenta contra os princípios da administração pública, sujeitando o agen-
te à suspensão da função pública, perda dos direitos políticos de três a oito 07. Ao funcionário é proibido:
anos, proibição de contratar com o Poder Público, pelo prazo de sete anos, I - Revogado
além de outras.
II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer
(C) importa enriquecimento ilícito, sujeitando o agente ao ressarcimento documento ou objeto existente na repartição;
integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, suspensão da função pública, perda dos direitos políticos, além III - entreter -se, durante as horas de trabalho, em palestras, leituras ou
de outras. outras atividades estranhas ao serviço;
(D) causa prejuízo ao erário, sujeitando o agente ao ressarcimento integral IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada;
do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, V - tratar de interesses particulares na repartição;
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito anos, além de outras. VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição,
ou tornar -se solidário com elas;
(E) atenta contra os princípios da administração pública, sujeitando o agen-
te à suspensão da função pública, suspensão dos direitos políticos de VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, promover ou
quatro a oito anos, proibição de receber incentivos fiscais ou creditícios do subscrever listas de donativos dentro da repartição; e
Poder Público, pelo prazo máximo de dois anos, além de outras. VIII - empregar material do serviço público em serviço particular.

05. Assinale a alternativa incorreta: 08. O funcionário é responsável por todos os prejuízos que, nessa qualida-
a) É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados.
de pagamento, o direito de petição contra ilegalidade ou abuso de poder e
para defesa de direitos.
09. Caracteriza -se especialmente a responsabilidade:
b) Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou condu-
ta incompatível no serviço público. I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guarda ou respon-
sabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as tomar, na forma e no
c) Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar -se a protocolar,
prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, instruções e or-
encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente.
dens de serviço;
d) Ao servidor é assegurado o direito de requerer ou representar, bem
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que sofrerem
como, nos termos desta lei complementar, pedir reconsideração e recorrer
os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos a seu exame ou fiscali-
de decisões, no prazo de 60 (sessenta) dias, salvo previsão legal específi-
zação;
ca.

III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de


Nas questões que se seguem, assinale:
despacho, guias e outros documentos da receita, ou que tenham com eles
C – se proposição estiver correta
relação; e
E – se mesma estiver incorreta
IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual.
06. São deveres do funcionário:
I - ser assíduo e pontual;

Conhecimentos em Direito 106


10. São penas disciplinares: DOS OFÍCIOS DE JUSTIÇA EM GERAL
SEÇÃO I
I - repreensão;
DAS ATRIBUIÇÕES
II - suspensão; 1. Aos ofícios de justiça serão atribuídos, de acordo com suas
III - multa; respectivas varas, os serviços do Cível, da Família e das Sucessões, da
Fazenda Pública, de Acidentes do Trabalho, do Crime, do Júri, das
IV - demissão; Execuções Criminais, da Infância e da Juventude e da Corregedoria
V - demissão a bem do serviço público; e Permanente.
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade 2. Aos ofícios de justiça competem os serviços do foro judicial,
incluídos os do contador e partidor, atribuindo-se-lhes a numeração ordinal
e a denominação da respectiva vara, onde houver mais de uma.
11. Na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a natureza e a
gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço públi- 2.1. Em cada comarca de terceira entrância há um ofício de
co. distribuição judicial ao qual incumbem os serviços de distribuição cível e
criminal, além do arquivo geral.
12. A pena de repreensão será aplicada por escrito, nos casos de indiscipli- 2.2. Nas comarcas e foros distritais de segunda entrância, com mais
na ou falta de cumprimento dos deveres. de uma vara, há uma seção de distribuição judicial.
2.3. Nas demais comarcas em que há uma única vara e um único
13. A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será ofício de justiça, a este competem as atribuições dos serviços de
aplicada em caso de falta grave ou de reincidência. distribuição.
3. As execuções fiscais estaduais e municipais e respectivas
14. O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorren- entidades autárquicas ou paraestatais, na Comarca da Capital, são
tes do exercício do cargo. processadas pelo Ofício de Execuções Fiscais.
3.1. Nas demais comarcas tais execuções e ainda as de interesse da
15. A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter essa União, bem como de suas entidades autárquicas ou paraestatais, são
penalidade em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de processadas pelo Ofício de Justiça ou Serviço Anexo Fiscal autorizado pelo
vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a Conselho Superior da Magistratura.
permanecer em serviço.
3.2. A inutilização ou incineração de processos de execuções fiscais
só poderá ocorrer em relação àqueles arquivados há mais de 1 (um) ano,
16. A apuração das infrações será feita mediante sindicância ou processo em virtude de anistia, pagamento ou qualquer outro fato extintivo.
administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
3.3. Essa autorização será precedida de informação prestada pelo
Diretor do Ofício do Anexo Fiscal ou Cartório Judicial ao MM. Juiz
17. Não poderá ser encarregado da apuração, nem atuar como secretário,
Corregedor Permanente, relacionados todos os feitos, que se encontrem
amigo íntimo ou inimigo, parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou nas condições do subitem 3.2, precedente.
colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qualquer
integrante do núcleo familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o 3.4. Será formado expediente próprio, que tramitará pelo Cartório ou
subordinado deste. Anexo, colhendo-se a manifestação da Fazenda e subseqüente publicação
de edital, com prazo mínimo de 30 (trinta) dias, para conhecimento de
terceiros, decidindo o Juiz Corregedor Permanente acerca de eventual
18. A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo de 30 (trinta) dias.
reclamação, cabendo recurso no prazo de 15 (quinze) dias à Corregedoria
Geral da Justiça.
19. Não concluída no prazo a apuração, a autoridade deverá imediatamente
3.5. Esgotado o prazo do edital, sem nenhuma reclamação, será
encaminhar ao Chefe de Gabinete relatório das diligências realizadas e
designado local, dia e hora para o ato de inutilização ou incineração,
definir o tempo necessário para o término dos trabalhos.
lavrando-se o termo respectivo, minudenciando-se os números dos
processos.
20. Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar funda-
3.6. As fichas de andamento deverão ser mantidas em cartório,
mentadamente pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância ou de
anotando-se a causa da extinção e o número do processo do expediente de
processo administrativo.
incineração ou inutilização, servindo de base para futura expedição de
RESPOSTAS certidões. O mesmo procedimento deverá ser observado pelo Cartório do
Distribuidor.
01. D 11. C
4. Os escrivães-diretores deverão distribuir os serviços entre os
02. C 12. C servidores do ofício de justiça, segundo a categoria funcional de cada um.
03. A 13. C
SEÇÃO II
04. D 14. C
DOS LIVROS E CLASSIFICADORES OBRIGATÓRIOS
05. E 15. C Subseção I
06. C 16. C Dos Livros dos Ofícios de Justiça em Geral
07. C 17. C 5. Os ofícios de justiça em geral deverão possuir os seguintes livros:4
a) Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, apenas para
08. C 18. C os cartórios que não estejam informatizados;
09. C 19. C b) Ponto dos Servidores;
10. C 20. C c) Visitas e Correições;
d) Registro Geral de Feitos, com índice, dispensada impressão no
caso previsto no subitem 12.1 deste Capítulo;
e) Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA:
f) Cargas de Autos;
Tomo I - Capítulo II: Seção I; Seção II - Subseção I; g) Cargas de Mandados;
Seção III - itens 33 a 50 e 84 a 114. h) Registro de Sentença, observado o subitem 26.1 deste Capítulo; 7
i) Registro de Autos Destruídos.
CAPÍTULO II

Conhecimentos em Direito 107


5.1. Além dos livros acima enumerados, os Ofícios de Justiça deverão 10.2.1. Nos processos cíveis, de família e sucessões, da fazenda
possuir livro ponto dos oficiais de justiça que prestem serviço junto às pública, da infância e juventude, de acidentes do trabalho e anexo fiscal,
respectivas Varas, livro de Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias, deverá ser anotado nas fichas: o n do processo, o nome, RG e CPF do
procedimentos administrativos, representações, etc.) e, no que couber, autor, a natureza do feito, a data da distribuição, o n , livro e fls. do registro
aqueles demais pertinentes à Corregedoria Permanente, previstos no item geral de feitos, o n , livro e fls. do registro da sentença, a suma do
18 do Capítulo I. dispositivo da sentença, anotações sobre recursos, a data do trânsito em
5.2. Os livros em geral, inclusive de folhas soltas, serão abertos, julgado, o arquivamento e outras observações que se entender relevantes.
numerados, autenticados e encerrados pelo escrivão-diretor, sempre na 10.2.2. Nos processos criminais, do Júri e do JECRIM, deve ser
mesma oportunidade, podendo ser utilizado, para este fim, processo anotado nas fichas: o nº do processo, o nome e qualificação do réu, o nº,
mecânico de autenticação previamente aprovado pelo Juiz Corregedor livro e fls. do registro geral de feitos, a data do fato, a data do recebimento
Permanente, vedada a substituição de folhas. Uma vez completado o seu da denúncia, o artigo de lei em que o réu foi incurso, a data da suspensão
uso, serão imediatamente encaminhados para encadernação (quando de do processo (art. 366 do CPP e JECRIM), a data da prisão, o nº, livro e fls.
folhas soltas). do registro de sentença, a suma do dispositivo da sentença, anotações
5.3. Haverá nos ofícios de justiça controle, pela utilização de livros de sobre recursos, a data da decisão confirmatória da pronúncia, a data do
folhas soltas ou outro meio idôneo, da remessa e recebimento de feitos aos trânsito em julgado, a data da expedição da guia de recolhimento, de
Tribunais. tratamento ou de internação, o arquivamento e outras observações que se
5.3.1. Implementado no sistema informatizado oficial controle entender relevantes.
eletrônico da remessa e retorno dos autos aos Tribunais, fica dispensado o 10.2.3. Nos processos de execução criminal, deve ser anotado nas
controle físico pelos cartórios de primeira instância. fichas: o nome e qualificação do executado, as guias de recolhimento
5.4. Nos Ofícios de Justiça integrados ao sistema informatizado oficial, registradas, a discriminação das penas impostas em ordem seqüencial, os
os registros de remessa e recebimento de feitos e petições ao Cartório incidentes de execução da pena, anotações sobre recursos, a suma dos
Distribuidor deverão ser formalizados exclusivamente pelas vias julgamentos, as progressões de regime, os benefícios concedidos, as
eletrônicas. remições de pena e outras observações que se entender relevantes.
5.5. Os livros e classificadores obrigatórios serão submetidos ao Juiz 10.2.4. Preferencialmente será escriturada, até o momento do
Corregedor Permanente para visto por ocasião das correições ordinárias ou arquivamento dos autos, a ficha do primeiro autor, lançando-se em todas as
extraordinárias e sempre que forem por este requisitados. demais, eventualmente abertas em razão de litisconsórcio, além do nº do
6. O livro Ponto deverá ser assinado diariamente por todos os processo, do nome da parte, seu RG e CPF, indicação da ficha em que
servidores, excetuandose aqueles que registram o ponto em relógio consta a completa escrituração.
mecânico, consignando-se horários de entrada e saída. 10.2.5. Nos Ofícios de Justiça não integrados ao sistema
6.1. O encerramento do livro Ponto deverá ser diário, mediante informatizado oficial as fichas que compõem o fichário por nome do autor
assinatura do escrivão-diretor ou de seu substituto legal. poderão ser emitidas e escrituradas, até o momento do arquivamento dos
autos, por sistema informatizado, oportunidade em que deverão ser
7. Não será permitido aos servidores, na assinatura do livro Ponto: materializadas em papel.
a) o uso de simples rubricas; 10.3. Os Ofícios de Justiça integrados ao sistema informatizado oficial
b) o emprego de tinta que não seja azul ou preta, indelével. deverão nele cadastrar os mesmos dados mencionados no item anterior e
8. Por ocasião das ausências ou afastamentos, de qualquer ordem, dos seus respectivos subitens.
servidores, deverá o escrivão-diretor, ou seu substituto legal, efetuar as anotações 10.4. Os Ofícios de Justiça integrados ao sistema informatizado oficial
pertinentes, consignando o motivo do afastamento ou a natureza da falta. deverão conservar o fichário até então materializado em papel e de que
9. No livro de Visitas e Correições serão transcritos integralmente os cuida o item 10 e respectivos subitens.
termos de correições realizadas pelo Juiz Corregedor Permanente ou pelo 10-A. Nos Ofícios de Justiça ainda não informatizados ou que, apesar
Corregedor Geral da Justiça. de informatizados, não estejam integrados ao sistema oficial, será
9.1. Este livro, cumprindo os requisitos dos demais livros obrigatórios, elaborado um FICHÁRIO INDIVIDUAL, destinado ao controle e registro da
deverá ser organizado em folhas soltas em número de 50 (cinqüenta). movimentação dos feitos, devendo ser aberta uma ficha para cada
processo. O fichário será organizado pelo número do processo, em ordem
10. Nos Ofícios de Justiça não informatizados ou que, apesar de
crescente (1/99, 2/99, 3/99, etc.) e com subdivisão por ano.
informatizados, não estejam integrados ao sistema informatizado oficial,
será elaborado um FICHÁRIO POR NOME DE AUTOR, o qual servirá como 10-A.1. As anotações feitas nas fichas devem ser fidedignas, claras e
memória permanente do Cartório. atualizadas, de forma a refletir o atual estado do processo.
10.1. O fichário será composto por fichas abertas em nome dos 10-A.2. Quando do arquivamento dos autos do processo, a ficha
autores, organizadas em ordem alfabética, com as seguintes exceções: individual deverá ser grampeada na contracapa, devendo ser reaproveitada
no caso de desarquivamento e novo andamento dos autos. Quando da
a) nos ofícios de justiça criminais, do JECRIM, do júri e das execuções
devolução de Cartas Precatórias cumpridas ou da redistribuição de feitos a
criminais, somente serão abertas fichas em nome dos réus;
outras varas, as fichas individuais respectivas devem ser inutilizadas.
b) suprimido;
10-A.3. Nos Ofícios de Justiça não integrados ao sistema
c) nos ofícios de justiça de execuções fiscais somente serão abertas informatizado oficial o fichário individual poderá ser substituído por sistema
fichas em nome dos executados; informatizado de controle e registro da movimentação processual, desde
d) nos casos de litisconsórcio, poderá o Juiz Corregedor Permanente, em que dele constem informações fidedignas, claras e atualizadas, de forma a
razão do grande número de litigantes, limitar a quantidade de fichas a serem refletir o atual estado do processo, extraindo-se uma cópia destas
abertas, quando será aberta necessariamente uma para o primeiro autor; informações, para que acompanhem o processo quando for arquivado.
e) fica dispensado o fichário em nome de autor para as Cartas 10-A.4. Nos Ofícios de Justiça de Falências e de Recuperações ou
Precatórias, entretanto, será aberta ficha em nome do embargante na nas seções respectivas dos Ofícios de Justiça em geral, onde houver, o
hipótese de haver Embargos de Terceiro interpostos no juízo deprecado; fichário individual, caso não informatizado, será composto por fichas
f) nos ofícios de justiça da infância e juventude as fichas serão abertas abertas em nome dos empresários e das sociedades empresárias,
em nome das crianças e/ou adolescentes envolvidos; nos processos em organizadas em ordem alfabética.
que não se faça menção às crianças e/ou adolescentes, as fichas serão 10- B. Nos Ofícios de Justiça integrados ao sistema informatizado
abertas em nome do autor, ou, se este for o Ministério Público, em nome do oficial, o controle e registro da movimentação dos feitos será realizado
réu. exclusivamente pelo mencionado sistema, ficando vedada a utilização de
10.2. As fichas que compõem o fichário em nome do autor deverão fichas individuais materializadas em papel ou constante de outros sistemas
conter as principais informações a respeito do processo, de forma a informatizados.
possibilitar a extração de certidões. 10-B.1 As fichas individuais serão encerradas e mantidas em local
próprio no Ofício de Justiça, até a extinção dos processos a que se referem
Conhecimentos em Direito 108
e serão grampeadas na contracapa dos autos, por ocasião de seu 23. Serão também registradas, no livro Carga de Mandados, as
arquivamento. petições que, por despacho judicial, sirvam como tal.
11. No livro Registro Geral de Feitos serão registrados todos os feitos 24. O livro Registro de Sentenças, nos Ofícios de Justiça
distribuídos ao ofício de justiça, exceto as execuções fiscais e os inquéritos informatizados com o sistema da PRODESP, será formado com as vias
judiciais falimentares que serão registrados em livros especiais. emitidas para tal fim, e que deverão ser autenticadas pelo Diretor do Oficio
de Justiça que, valendo-se da fé pública, certificará sua correspondência
12. É facultada a organização do Registro Geral de Feitos em folhas com o teor da sentença constante dos autos.
soltas, datilografadas, sempre porém protegidas por capa dura e 24.1. O registro a que alude este item deverá ser procedido em até 48
encadernadas ao término do livro formado (modelo próprio). horas após a baixa dos autos em cartório pelo juiz.
12.1. Nos cartórios integrados ao sistema informatizado oficial fica 24.2. Quando não for possível colher a assinatura do juiz sentenciante,
dispensada a impressão do livro de registro geral de feitos. As anotações porque não se encontra exercendo suas funções na Comarca, Foro
pertinentes a este livro serão cadastradas no sistema. Regional ou Distrital por onde tramita o feito, a via destinada ao livro
13. No Livro de Registro de Feitos, será efetuado balanço anual, de Registro de Sentenças deve ter as respectivas folhas autenticadas pelo
acordo com o seguinte modelo: Diretor do Ofício de Justiça que, valendo-se da fé pública, certificará sua
1º) Feitos distribuídos no ano; correspondência com o teor da sentença constante dos autos.
2º) Feitos vindos de outros anos; 24.3. Nos Ofícios de Justiça ainda não contemplados com o sistema
3º) Feitos liquidados no ano; informatizado da PRODESP, o livro Registro de Sentenças será formado
4º) Feitos que passam para o ano seguinte; com segunda via da sentença, assinada pelo juiz de direito, ou com a
5º) Feitos desarquivados no ano, que voltem a ter efetivo andamento. respectiva cópia reprográfica.
14. As precatórias recebidas serão lançadas no livro Registro Geral de 24.4. A decisão relativa a embargos de declaração e a que liquidar
Feitos, com indicação completa do juízo deprecante e não apenas da sentença condenatória cível, proferida no âmbito do Poder Judiciário do
comarca de origem, dos nomes das partes, da natureza da ação e da Estado de São Paulo, deverão ser averbadas ao registro da sentença
diligência deprecada; é, porém, dispensável a consignação textual do juízo embargada ou liquidada, com utilização do sistema informatizado. Por
deprecado. exceção, a decisão que liquidar outros títulos executivos judiciais (v.g.
15. Na coluna “observações” do livro Registro Geral de Feitos, sentença penal condenatória) deverá ser registrada no livro de registro de
deverão ser anotados o número da caixa de arquivamento dos respectivos sentença, porquanto impossível, neste caso, a averbação.
processos, bem como as circunstâncias de devolução de precatórias ou de 25. As sentenças registradas deverão ser numeradas em série anual
entrega ou remessa de autos que não importem em devolução. renovável (1/80, 2/80, 3/80, ... , 1/82, 2/82 etc.).
26. Todas as sentenças, cíveis em geral, criminais, mesmo as
15.1. Nas Comarcas em que a distribuição encontra-se informatizada, extintivas de punibilidade, e trabalhistas, deverão ser registradas.
ocorrendo determinação judicial para redistribuição, entrega e devolução de 26.1. As sentenças registradas no sistema informatizado oficial com
autos ou retificação, o escrivão-diretor providenciará, de imediato, o assinatura digital, ou com outro sistema de segurança aprovado pela
cumprimento da ordem, independentemente do recebimento de folhas Corregedoria Geral da Justiça e que também impeça a sua adulteração,
soltas para composição do livro de Registro de Feitos ou do fornecimento ficam dispensadas de registro em livro próprio.
de etiqueta de autuação. O lançamento devido no respectivo livro será 27. Suprimido.
efetuado oportunamente.3 28. Suprimido.
15.2. Suprimido. 29. Suprimido.
30. Suprimido.
16. Deverão ser evitadas anotações a lápis no livro Registro Geral de 31. Suprimido.
Feitos, mesmo que a título provisório (remessa de autos aos Tribunais); só
as saídas de autos, com destino definitivo, deverão ser lançadas no livro,
ao passo que as remessas em tal caráter serão simplesmente anotadas
nas fichas usuais de movimentação processual.
SEÇÃO SEÇÃO III
DA ORDEM GERAL DOS SERVIÇOS
17. Não deve ser admitido, quando se trate de entrega de autos às
partes, ou de remessa através de via postal, que os correspondentes 33. Os ofícios de justiça deverão possuir e escriturar todos os livros
recibos sejam assinados ou os comprovantes colados no livro Registro regulamentares, observadas as normas específicas de cada um.
Geral de Feitos, ainda que na coluna “observações”; esses atos serão 34. Os papéis utilizados para escrituração de atos, termos, certidões
adequados ao livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral. ou traslados, excluídas as autuações e capas, terão fundo inteiramente
18. Haverá livro Protocolo, com tantos desdobramentos quantos branco.
recomendem a natureza e o movimento do ofício de justiça, destinando-se
34.1. Nos ofícios e cartas precatórias expedidos deverão constar a
ao registro de casos de entrega ou remessa, que não impliquem devolução.
Comarca, a Vara, o endereço completo do Fórum remetente,
19. Os livros de Cargas de Autos deverão ser desdobrados, segundo a inclusive com o nº do código de endereçamento postal e tele-
sua destinação, a saber, para o juiz, para o representante do Ministério fone, bem assim o e-mail institucional. (Provs. CGJ 12/2000 e
Público, para advogados, para contador, etc. 32/2008.
20. Haverá também livro Carga de Mandados, que poderá ser 35. A escrituração, nos livros e papéis, deve ser sempre feita em
desdobrado em número equivalente ao dos oficiais de justiça em exercício, vernáculo, com tinta preta ou azul, indelével.
destinando-se um para cada qual.
35.1. É vedado o uso de:
20.1. Não serão feitas cargas aos oficiais de justiça nos 15 (quinze)
dias antecedentes às suas férias marcadas na escala; nesse prazo a) tinta de cor diferente da prevista no item anterior;
cumprirão eles os mandados anteriormente recebidos, só podendo entrar
em férias sem nenhum mandado em mãos, vedada a baixa para b) borracha, detergente ou raspagem por qualquer meio, mecâni-
redistribuição.1 co ou químico.
21. Deverá ser mantido rigoroso controle sobre os livros em geral, 36. Na escrituração dos livros e autos, deverão ser evitados erros,
sendo que os de carga serão submetidos a visto por ocasião das correições omissões, emendas, rasuras, borrões ou entrelinhas, efetuando-se, quando
ordinárias ou extraordinárias e sempre que forem requisitados pelo Juiz necessário, as devidas ressalvas, antes da subscrição do ato, de forma
Corregedor Permanente, que se incumbirá de coibir eventuais abusos ou legível e autenticada.
excessos.
22. Todas as cargas devem receber as correspondentes baixas, assim 37. As anotações de “sem efeito” deverão sempre estar datadas e
que restituídos os autos ou mandados, na presença do interessado sempre autenticadas com a assinatura de quem as haja lançado nos autos.(Prov.
que possível, ou por este exigido; da restituição deve ser lançada certidão CGJ 40/2001.
nos autos, com menção do dia, em consonância com a baixa registrada.

Conhecimentos em Direito 109


38. Deverá ser evitado o uso de espaço número um nos atos datilo- tar a sua imposição na capa dos autos, indicando a folha onde
grafados. foi aplicada a correspondente penalidade. (Prov. CGJ 7/2000.
39. Nos autos e nos livros, deverão ser evitados e inutilizados os es- 45.4. Nos cartórios integrados ao sistema informatizado as anota-
paços em branco. ções do item 45 não precisam ser lançadas na capa dos autos.
(Prov. CGJ 12/2009.
40. Ao expedir certidão, o escrivão-diretor dará a sua fé pública do
que constar ou não dos livros, autos ou papéis a seu cargo, consignando a 46. Os escrivães-diretores ou, sob sua supervisão, os escreventes
designação, o número e a página do livro ou processo onde se encontra o farão a revisão das folhas dos autos que devam subir a despacho ou ser
assentamento. remetidos à Superior Instância. (Prov. CSM 1490/2008.
40.1. As certidões em breve relatório ou de inteiro teor serão expe- 46.1. Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a ocorrência,
didas no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data do recebi- sendo vedada a renumeração. (Prov. CSM 1490/2008.
mento em cartório do respectivo pedido.(Prov. CGJ 16/99.
46.2. Na hipótese de numeração repetida, acrescentar-se-á apenas
40.2. Serão atendidos em 48 horas os pedidos de certidões de obje- uma letra do alfabeto em seqüência (188-a, 188-b, 188-c etc.),
to e pé formulados pelo e-mail institucional de um cartório judi- certificando-se. (Prov. CSM 1490/2008.
cial para outro. A certidão será elaborada, materializada, e en-
caminhada pelo cartório judicial diretamente para a unidade 46.3. Somente serão formados autos suplementares quando da re-
solicitante. (Prov. CGJ 36/2007. messa dos autos à segunda instância se o processo envolver
questão de alto risco conforme determinação judicial. (Prov.
40.3. Dentre as obrigações dos senhores diretores dos cartórios ju- CSM 1591/2008.
diciais está a de abrir diariamente os seus e-mails institucio-
nais. (Prov. CGJ 36/2007. 46-A. Nos feitos vinculados à área infracional da Infância e Juventu-
de, a representação terá numeração própria, apondo-se o nú-
41. Os recibos de correspondência deverão ser arquivados em pas- mero da folha, seguido da letra “r” (1-r; 2-r; 3-r...). (Prov. CSM
tas próprias dos ofícios de justiça, após os devidos lançamentos. 1490/2008.
42. Os livros e papéis em andamento ou findos deverão ser bem con- 46-A.1. A numeração da comunicação do ato infracional será sempre
servados e, quando for o caso, encadernados, classificados ou cataloga- aproveitada de forma integral. (Prov. CSM 1490/2008.
dos.(D. 4.786/30 e RC, art. 11, III.
46-A.2. Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a ocorrência,
42.1. Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do último registro sendo vedada a renumeração. (Prov. CSM 1490/2008.
efetuado, os livros de carga e demais papéis, desde que repu-
tados sem utilidade para conservação em arquivo, poderão 46-A.3. Na hipótese de numeração repetida, acrescentar-se- á ape-
ser, por qualquer modo, inutilizados mediante prévia autoriza- nas uma letra do alfabeto em seqüência (188-a, 188-b, 188-c
ção do Juiz Corregedor Permanente.(Prov. CGJ 20/90. etc.), certificando-se. (Prov. CSM 1490/2008.

42.2. O pedido será feito pelo escrivão-diretor, que consignará os 46-B. Antes da subida dos recursos à Instância Superior, deverá o
elementos indispensáveis à identificação do livro ou papéis, escrivão-diretor certificar nos autos eventuais suspensões de
arquivando-o, a seguir, em classificador próprio, com certidão expediente havidas no período que vai da data da intimação
da data da inutilização.(Prov. CGJ 20/90. às partes da sentença ou do despacho que provocou o incon-
formismo, até a data em que foi protocolada a petição que con-
43. As certidões, alvarás, termos, precatórias, editais e outros atos tém o recurso, com as especificações e motivações respecti-
de sua atribuição serão subscritos pelos escrivães-diretores, logo depois de vas. (Provs. CGJ 10/91 e CSM 1490/2008.
lavrados.
47. Os autos de processos não poderão exceder de 200 (duzentas)
44. Deverão ser colhidas as assinaturas do juiz, dos procuradores, folhas em cada volume, excetuados os casos especiais, decididos pelo juiz.
das partes, das testemunhas e dos escreventes, em livros, autos e papéis,
imediatamente após a prática do ato. 47.1. Em nenhuma hipótese será seccionada peça processual com
seus documentos anexos, mesmo a pretexto de ter o volume
44.1. Fica vedada a utilização de chancela e de qualquer recurso atingido 200 (duzentas) folhas, podendo, neste caso, ser en-
que propicie a reprodução mecânica da assinatura do juiz. cerrado com mais ou menos folhas. (Prov. CGJ 12/92.
(Prov. CGJ 03/2009.
47.2. Poderá, entretanto, formar-se um só volume para encerrar
45. Na capa ou autuação do processo, serão sempre consignados o uma única peça processual que contenha mais de 200 (duzen-
número correspondente ao livro Registro de Feitos, o número do processo, tas) folhas.
seguido de barra e menção do ano, bem como a data e a folha em que se
acha o registro. 47.3. O encerramento e a abertura de novos volumes serão efetua-
dos mediante a lavratura das respectivas certidões, em folhas
45.1. Nas execuções fiscais será anotado na capa, em moeda na- regularmente numeradas, prosseguindo sem solução de conti-
cional corrente, o valor de alçada recursal (artigo 34, caput e § nuidade no volume subseqüente. (Prov. CGJ 3/89.
1º, da Lei nº 6.830/80), apurado segundo critério divulgado pe-
la Corregedoria Geral da Justiça, por comunicado, em não ha- 48. Os escrivães-diretores enviarão os autos ao juiz ou ao órgão do
vendo outro critério de atualização definido pelo juiz do pro- Ministério Público no dia em que assinar o termo de conclusão ou de vista,
cesso.(Provs. CGJ 47/89, 17/2001 e 26/2003. não sendo permitida, sob qualquer pretexto, a permanência de autos em
cartório com tais termos.(Provs. CSM 31/67 e CGJ 33/89.
45.2. Quando da reiteração de embargos de declaração reconheci-
damente protelatórios (art.538, parágrafo único, do CPC), a 48.1. Nenhum processo será entregue com termo de vista, a promo-
multa imposta, cujo recolhimento é condição de procedibilida- tor de justiça ou advogado, sem prévia assinatura no livro de
de de qualquer outro recurso, deverá ser anotada pela Serven- carga e descarga.(Prov. CSM 31/67.
tia na capa dos autos, indicando a folha onde foi aplicada essa 48.2. Será feita carga, igualmente, dos autos conclusos ao juiz e que
penalidade. (Prov. CGJ 7/2000. não receberem despacho ou não forem sentenciados até o fi-
45.3. Havendo recurso tramitando no Tribunal competente, e encon- nal do expediente do dia.(Prov. CSM 31/67.
trando-se os autos principais em Primeira Instância, no caso 48.3. Se o juiz se recusar a assinar, ficará isto consignado no assen-
de imposição de multas previstas no artigo 798, § 3º e no arti- tamento da carga.(Provs. CSM 31/67 e 356/89.
go 855 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça, comuni-
cadas estas pelo respectivo Tribunal, deverá a Serventia ano- 49. Os termos de movimentação dos processos, regularmente data-
dos, deverão ser preenchidos com os nomes, por extenso, dos juízes,

Conhecimentos em Direito 110


representantes do Ministério Público, advogados, ou daqueles a quem se 90.3. Deverão ser acondicionados nos escaninhos de prazo os au-
refiram. tos dos processos que aguardam o cumprimento de diligên-
cias, tais como o cumprimento e a devolução de cartas preca-
50. Não será permitido o lançamento, nos autos, de cotas marginais tórias, respostas a ofícios expedidos, o cumprimento de man-
ou interlineares, ou o uso de sublinhar palavras ou expressões, à tinta ou a dados e a realização de inspeções e perícias. Os autos dos
lápis, devendo o escrivão-diretor ou escrevente, ao constatar irregularidade processos em que houver algum ato pendente de execução
tal, comunicá-la incontinenti ao Juiz Corregedor Permanente. pelos serventuários não poderão ser colocados nos escani-
nhos de prazo.(Prov. CGJ 40/99.
84. Não se deverá juntar nenhum documento ou petição aos autos, 90.4. Os Ofícios Judiciais poderão manter escaninhos destinados a
sem que seja lavrado o respectivo termo de juntada. acondicionar autos de processos que aguardam a publicação
de despachos e sentenças no Diário Oficial (imprensa já reme-
84.1. Recebidas petições via fac-símile diretamente no Ofício Judicial tida), organizados por data de remessa, bem como escaninhos
ou na Vara, ao ser feita a juntada deverá ser certificada a data destinados a autos de processos que aguardam a realização
da recepção do material, para oportuno controle do prazo do de audiências, desde que inteiramente cumpridos, organizados
artigo 2º e parágrafo único da Lei nº 9.800, de por data.(Prov. CGJ 40/99.
26.05.1999.(Prov. CGJ 35/99.
90.5. Os autos dos processos deverão ser acondicionados nos es-
84.2. Suprimido. (Provs. CGJ 36/2007 e 31/2008. caninhos na posição vertical, em ordem numeral crescente, de
84-A. Recebida petição inicial ou intermediária acompanhada de obje- forma a permitir rápida localização e perfeita identificação e vi-
tos de inviável entranhamento aos autos do processo, o escri- sualização.(Prov. CGJ 40/99.
vão deverá conferir, arrolar e quantificá-los, lavrando certidão, 90.6. O controle de prazos poderá ser efetuado por sistema informa-
na presença do interessado, mantendo-os sob sua guarda e tizado que permita a emissão de relatórios diários dos proces-
responsabilidade até encerramento da demanda. (Prov. CGJ sos com o prazo vencido.(Prov. CGJ 40/99.
08/2009.
90.7. Mensalmente, até o décimo dia do mês subsequente ou útil
85. Ressalvado o disposto no item 52.2 do Capítulo II, é vedado lançar seguinte, o diretor-escrivão relacionará os procedimentos e
termos no verso de petições, documentos, guias etc., devendo ser usada, processos em que há réu preso, por prisão em flagrante, tem-
quando necessária, outra folha, com inutilização dos espaços em branco. porária ou preventiva, bem como menor internado provisoria-
(Prov. CGJ 36/2007. mente, em razão da prática de ato infracional, indicando seu
86. Todos os atos e termos devem ser certificados nos autos. nome, filiação, número do processo, data e natureza da prisão,
unidade prisional, data e conteúdo do último movimento pro-
86.1. A certidão de que trata o caput é dispensada com relação à cessual, enviando relatório à Corregedoria Geral da Justi-
emissão de documento que passe a fazer imediatamente parte ça.(Provs. CSM 1662/2009 e 1759/2010.
integrante dos autos, por original ou por cópia, rubricado pelo
emitente. A data constante do documento deverá corresponder 90.8. Sem prejuízo de observância do item 90, os inquéritos e pro-
à de sua efetiva emissão. (Provs. CGJ 17/2007, 36/2007 e cessos de réu preso e menores internados provisoriamente,
31/2008. paralisados em seu andamento há mais de três meses, serão
levados à análise do magistrado, que informará à Corregedoria
86.2. Suprimido. (Provs. CGJ 36/2007 e 31/2008. Geral da Justiça por meio de relatório.(Provs. CSM 1662/2009
e 1759/2010.
87. Deverá ser sempre certificado, nos autos, o registro da sentença,
com indicação do número de ordem que recebeu, do livro e da folha em 91. A retirada de autos judiciais e administrativos em andamento no
que procedido o registro. Cartório é reservada unicamente a advogados ou estagiários regularmente
inscritos na O.A.B., constituídos procuradores de algumas das partes,
87.1. A certidão de que trata este item deverá ser lançada na última
ressalvado, nos processos findos, a retirada por advogado mesmo sem
folha da sentença registranda, em campo deixado especifica-
procuração, pelo prazo de dez (10) dias. (Provs. CSM 85/74-A e CGJ
mente para aposição da mesma.(Prov. CGJ 40/2001.
22/2000.
88. Após feitas as intimações devidas, será certificado o decurso de
92. Suprimido. (Prov. CGJ 5/91.
prazo para interposição de recurso contra quaisquer decisões. (Prov. CGJ
11/89. 93. Na hipótese de os processos correrem em segredo de justiça, o
seu exame, em cartório, será restrito às partes e a seus procuradores.
88.1. Suprimido.(Prov. CSM 968/2005.
93.1. As entidades que reconhecidamente prestam serviços de as-
89. Deverá ser feita conclusão dos autos no prazo de 24 (vinte e
sistência judiciária poderão, por intermédio de advogado com
quatro) horas, e executados os atos processuais no prazo de 48 (quarenta
procuração nos autos, autorizar a consulta de processos que
e oito) horas. (CPC, arts. 190, p.u. e 194 e CPP, art. 799.
tramitam em segredo de justiça em cartório pelos acadêmicos
90. Nenhum processo deverá permanecer paralisado em cartório, de direito não inscritos na OAB. Referida autorização deverá
além dos prazos legais ou fixados; tampouco deverão ficar sem andamento conter o nome do acadêmico, o número de seu RG e o número
por mais de 30 (trinta) dias, no aguardo de diligências (informações, respos- e/ou nome das partes do processo a que se refere a autoriza-
tas a ofícios ou requisições, providências das partes etc.). Nessas últimas ção, que será juntada posteriormente aos autos.(Prov. CGJ
hipóteses, cumprirá ser feita conclusão ao juiz, para as providências cabí- 23/2003.
veis.
94. Não havendo fluência de prazo, os autos somente poderão ser
90.1. Em todos os Ofícios de Justiça o controle dos prazos dos pro- retirados mediante requerimento.
cessos deverá ser efetuado mediante o uso de escaninhos
94.1. Na fluência de prazo, os autos não poderão sair de cartório,
numerados de 01 a 31, correspondentes aos dias do mês, nos
salvo nas hipóteses expressamente previstas na legislação vi-
quais deverão ser acondicionados os autos de acordo com a
gente, ressalvado, porém, em seu curso ou em outras hipóte-
data de vencimento do prazo que estiver fluindo. No cálculo
ses de impossibilidade de retirada dos autos, o direito de re-
dos prazos deverá ser incluído o prazo do Protocolo Integra-
quisição de cópias quando houver justificada urgência na ex-
do.(Prov. CGJ 40/99.
tração respectiva, mediante autorização judicial e observando-
90.2. Os prazos deverão ser verificados diariamente, de acordo com se o disposto na Seção IV, do Capítulo IX, destas Nor-
as datas de vencimento.(Prov. CGJ 40/99. mas.(Provs. CGJ 1/89 e 34/2001.

Conhecimentos em Direito 111


94.2. Na fluência de prazo, cingindo-se a requisição a cópia de sen- c) comunicar o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil
tença, a extração respectiva deverá ser feita do Livro de Regis- (O.A.B.).
tro de Sentenças. (Prov. CGJ 34/2001.
103. Ao advogado que não restituir os autos no prazo legal, e só o fi-
94-A. Quando houver fluência de prazo comum, às partes será con- zer depois de intimado, não será mais permitida a vista fora do cartório até
cedida, pelo Diretor de Serviço do Ofício de Justiça ou pelo o encerramento do processo. (CPC, art. 196 e EOAB, art. 89, § 2º, IV.
Escrevente responsável pelo atendimento, a carga rápida dos
autos pelo período de 1 (uma) hora, mediante controle de mo- 104. Além disso, e não sendo o processo de natureza criminal, o juiz,
vimentação física, conforme formulário a ser preenchido e as- de ofício, mandará riscar o que nele houver o advogado escrito, e desen-
sinado por advogado ou estagiário de direito devidamente tranhar as alegações e documentos que apresentar. (CPC, art. 195).
constituído no processo. (Provs. CGJ 4/2006 e 20/2009. 105. Mensalmente, até o décimo dia útil do mês subseqüente, o escri-
94-A.1. Os pedidos a que alude este item serão recepcionados e aten- vão-diretor relacionará os autos em poder das partes, além dos prazos
didos desde que formulados até as 18h, ficando vedada a re- legais ou fixados; essa relação, em duas vias, terá a primeira encaminhada,
tenção de documento do advogado ou estagiário de direito na sob forma de representação, ao Juiz Corregedor Permanente, para as
serventia, para a finalidade de mencionado controle, nos ter- providências necessárias; a segunda via, para acompanhamento e controle,
mos da Lei nº 5.553/68. (Provs. CGJ 4/2006 e 15/2008. será arquivada em pasta própria.

94-A.2. O formulário de controle de movimentação física será juntado 106. O desentranhamento de documentos deverá ser efetuado medi-
aos autos no exato momento de sua devolução à serventia, ante termo ou certidão nos autos, constando o nome e documento de
certificando-se o respectivo período de vista. (Provs. CGJ identificação de quem os recebeu em devolução, além do competente
4/2006 e 15/2008. recibo.(Prov. CGJ 12/2003).

94-A.3. Na hipótese dos autos não serem restituídos no período fixado, 106.1. Os documentos desentranhados poderão ser substituídos por
competirá ao Diretor de Serviço do Ofício de Justiça represen- cópias simples.(Prov. CGJ 12/2003).
tar imediatamente ao MM. Juiz de Direito Corregedor Perma- 106.2. A substituição acima tratada poderá, a critério do juiz do pro-
nente, inclusive para fins de providências competentes junto à cesso, ser dispensada, quando os documentos de que se pre-
Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB, arts. 34, XXII, e 37, I). tenda o desentranhamento não tenham servido de base para
(Prov. CGJ 4/2006. fundamentação de qualquer decisão nos autos proferida ou
95. Suprimido. (Prov. CGJ 7/2005. para a manifestação da parte contrária.(Prov. CGJ 12/2003).

96. A vista dos autos será em cartório, quando, havendo dois ou 106.3. Transitada em julgado a sentença, os objetos juntados em
mais réus com procuradores diversos, haja prazo comum para falarem ou companhia das manifestações processuais serão devolvidos
recorrerem. às partes ou seus procuradores, mediante solicitação ou inti-
mação para retirada em até 30 dias, sob pena de destruição.
97. A vista dos autos poderá ser fora do cartório, se não ocorrer a (Prov. CGJ 08/2009).
hipótese do item anterior, mas exclusivamente ao advogado constituído ou
dativo. 107. Deverá ser colocada uma folha em branco no lugar das peças ou
documentos desentranhados, anotando-se a folha dos autos em que lança-
98. Somente o escrivão-diretor, o oficial maior ou escrevente especi- da a certidão de desentranhamento; quando ocorrer desentranhamento,
almente designado é que poderá registrar a retirada e a devolução de autos não serão renumeradas as folhas do processo.
no livro próprio, sempre rigorosamente atualizado.
108. Salvo motivada determinação judicial em sentido contrário, fica
99. No livro será sempre anotado o número da carteira profissional e dispensada a certificação do número do processo nas peças e documentos
respectiva seção, expedida pela O.A.B., facultado ao funcionário, na dúvi- desentranhados dos autos. Nos títulos de crédito desentranhados deverá
da, solicitar sua exibição. ser certificado o número do processo em que se achavam juntados. (Prov.
CGJ 36/2007).
100. Suprimido. (Prov. CGJ 7/2005.
109. Nos mandados, certidões e ofícios destinados aos Cartórios de
101. Sempre que receber autos com vista ou para exame, o advo- Registro de Imóveis para averbações, registro, cancelamentos, anotações,
gado assinará a carga respectiva, ou dará recibo que o escri- etc., além dos requisitos constantes dos itens 63 e 63.1 deste Capítulo e
vão-diretor colará imediatamente no registro da carga. (Prov. 41, 54, 54.1 e 54.2, do Capítulo IV, deverão conter, no corpo ou instruídos
CSM 98/76). com cópias reprográficas, mais:
101.1. O cartório, ao receber autos de advogados e peritos, dará bai- a) tratando-se de pessoa física: nome, domicílio, estado civil, nacionali-
xa imediata no livro de carga, à vista do interessado, devendo dade, profissão e número da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do
o funcionário, se assim o exigir o interessado, assinar recibo Ministério da Fazenda ou Registro Geral da cédula de identidade, ou,
de autos, previamente confeccionado pelo interessado e do faltante este, sua filiação;
qual deverão constar designação da unidade judiciária, núme-
ro do processo, tipo de demanda, nome das partes e data da b) tratando-se de pessoa jurídica: nome, sede social e número de ins-
descarga. A cada auto processual deverá corresponder um re- crição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério do Estado da
cibo e a subscrição pelo funcionário não implica reconheci- Fazenda;
mento da respectiva regularidade interna. (Provs. CGJ 17/86 e
12/2004. c) a descrição do imóvel, com suas características, confrontações e lo-
calização, bem como a indicação do distrito em que situado;
101.2. O Juiz Corregedor Permanente poderá determinar a utilização
do livro de carga para a entrega de autos a outros profissionais d) cuidando-se de imóvel urbano, logradouro para o qual faça frente; se
(Juízes, Promotores de Justiça, etc.). (Prov. CGJ 17/86. edificado, o número da edificação; tratando-se de terreno não edificado, se
o imóvel fica do lado par ou ímpar do logradouro, em que quadra e a qual
102. O advogado deve restituir, no prazo legal, os autos que tiver reti- distância métrica da construção ou esquina mais próxima; se possível,
rado de cartório. Não o fazendo, mandará o juiz, de ofício: deverá mencionar-se a designação do cadastro municipal;
a) notificá-lo para que o faça em 24 (vinte e quatro) horas; e) versando-se acerca de imóvel rural, sua denominação e a designa-
ção cadastral do INCRA, se houver;
b) cobrar, decorrido esse prazo, os autos não restituídos, mediante
expedição de mandado, para imediata entrega ao oficial de justiça, f) sua especificação (penhora, arresto, sequestro, etc.);
encarregado da diligência;
g) o valor da execução.

Conhecimentos em Direito 112


110. As custas deverão ser recolhidas, processo por processo, na for- ___________________________________
ma e oportunidades previstas na legislação vigente.
___________________________________
111. Todas as quantias deverão ser recolhidas pelo interessado às re-
partições arrecadadoras competentes, juntando-se o comprovante aos _______________________________________________________
autos. _______________________________________________________
112. Suprimido. _______________________________________________________
113. Suprimido. _______________________________________________________
114. Quando da remessa dos feitos em grau de recurso à segunda ins- _______________________________________________________
tância deverá ser observada a partilha legal e regimental de competência
das Câmaras do Tribunal de Justiça. _______________________________________________________

PROVA SIMULADA _______________________________________________________


_______________________________________________________
Nas questões que se seguem, assinale:
C – se a proposição estiver correta _______________________________________________________
E – se a mesma estiver incorreta _______________________________________________________
01. Os ofícios de justiça deverão possuir e escriturar todos os livros regu- _______________________________________________________
lamentares, observadas as normas específicas de cada um.
_______________________________________________________
02. Os ofícios de justiça deverão possuir e escriturar todos os livros regu-
lamentares, observadas as normas específicas de cada um. _______________________________________________________
03. A escrituração, nos livros e papéis, deve ser sempre feita em vernáculo, _______________________________________________________
com tinta preta ou azul, indelével.
_______________________________________________________
04. É vedado o uso de:
_______________________________________________________
a) tinta de cor diferente da prevista no item anterior;
_______________________________________________________
b) borracha, detergente ou raspagem por qualquer meio, mecânico ou
químico. _______________________________________________________

05. Os escrivães-diretores ou, sob sua supervisão, os escreventes farão a _______________________________________________________


revisão das folhas dos autos que devam subir a despacho ou ser remetidos _______________________________________________________
à Superior Instância.
_______________________________________________________
06. Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a ocorrência, sendo
vedada a renumeração. _______________________________________________________
07. Na hipótese de numeração repetida, acrescentar-se-á apenas uma letra _______________________________________________________
do alfabeto em seqüência (188-a, 188-b, 188-c etc.), certificando-se. _______________________________________________________
08. Somente serão formados autos suplementares quando da remessa dos _______________________________________________________
autos à segunda instância se o processo envolver questão de alto risco
conforme determinação judicial. _______________________________________________________
09. A retirada de autos judiciais e administrativos em andamento no Cartó- _______________________________________________________
rio é reservada unicamente a advogados ou estagiários regularmente
inscritos na O.A.B., constituídos procuradores de algumas das partes,
_______________________________________________________
ressalvado, nos processos findos, a retirada por advogado mesmo sem _______________________________________________________
procuração, pelo prazo de dez (10) dias.
______________________________________________________
10. Sempre que receber autos com vista ou para exame, o advogado
assinará a carga respectiva, ou dará recibo que o escrivão-diretor colará _______________________________________________________
imediatamente no registro da carga. _______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS
_______________________________________________________
01. C 06. C
_______________________________________________________
02. C 07. C
_______________________________________________________
03. C 08. C
_______________________________________________________
04. C 09. C
_______________________________________________________
05. C 10. C
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ ___________________________
___________________________________ _______________________________________________________

Conhecimentos em Direito 113


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Conhecimentos em Direito 114


Em março de 2011, com pressão forte motivada por preços do grupo
Alimentação e Transportes, o IPCA se manteve num nível elevado, de
0,79%, que representou a maior taxa para o mês desde 2003. O resulta-
do mensal levou a taxa acumulada em 12 meses para 6,30%, nível bem
perto do teto da meta perseguida pelo Banco Central[11], que gerou
preocupações dos economistas do mercado financeiro e obrigou o go-
verno a adotar novas medidas de restrição ao crédito para controlar o
aquecimento da economia.[12] No mês de abril, o indicador do IBGE
** Aconselhamos aos senhores concursandos a se atualizarem mostrou desaceleração, para uma taxa de 0,77%, mas isso não impediu
sempre, lendo jornais, revistas, assistindo jornais, revistas, assis- que o resultado acumulado em 12 meses superasse o teto da meta de
tindo e ouvindo noticiários nas áreas de política, economia, soci- inflação. O número atingiu 6,51% e representou o primeiro rompimento
edade, ou seja: tudo o que acontece dentro e fora do país.** do nível perseguido pelo BC desde junho de 2005.[13]
Após registrar alta de 7,31% no acumulado de 12 meses e atingir a maior
marca nesta comparação desde maio de 2005[14], o IPCA entrou em
Governo Dilma Rousseff
lento processo de desaceleração nos meses seguintes. O índice de
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
inflação encerrou 2011 com uma taxa acumulada de 6,50% e ficou no
teto da meta estabelecida pelo CMN, registrando o maior nível anual
desde 2004, quando apresentou taxa de 7,60%[15].
Taxa de Juros
Como medida inicial para evitar que a inflação chegasse a níveis descon-
fortáveis para o cumprimento da meta de 2011 estabelecida pelo CMN, o
Governo Dilma promoveu o aumento da taxa de juros. Logo na primeira
reunião do Copom, a diretoria do BC elevou a taxa Selic em 0,50 ponto
porcentual para 11,25%, maior patamar desde março de 2009.[16] Na
segunda reunião do comitê do Banco Central, os juros foram elevados
novamente em 0,50 ponto porcentual, agora para 11,75% ao ano, o
maior nível desde os 12,75% de janeiro de 2009.[17] Em abril, um novo
ajuste na Selic, de 0,25 ponto porcentual, levou a taxa para a marca de
12% ao ano.[18] Com mais este aumento, o Brasil seguiu na liderança
entre as taxas de juros reais mais elevadas do mundo.[19] O posto foi
mantido depois das reuniões de junho e julho do Copom, que promoveu
mais dois aumentos de 0,25 ponto porcentual e levou a Selic para o nível
de 12,50%.[20]
Na reunião do Copom de agosto, a diretoria do BC surpreendeu o mercado
financeiro com um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic, para 12% ao ano,
enquanto a totalidade dos economistas trabalhava com a manutenção da Selic
no nível de 12,50%. A justificativa do dos diretores da autoridade monetária foi
de que a crise internacional vivida por economias centrais, como dos países da
O Governo Dilma Rousseff (2011-atualidade) é um termo informal que
Europa, traria influência na economia brasileira.[21] A decisão do Banco Central
corresponde ao período da história política brasileira que se inicia com
foi criticada pelo mercado financeiro e por partidos de oposição[22]. Eles levanta-
a posse de Dilma Vana Rousseff à presidência, em 1 de janeiro de 2011,
ram a hipótese de perda de independência da autoridade monetária, já que, dias
em sua primeira tentativa de chegar ao cargo presidencial, após derrotar
antes da opção pela redução dos juros, a presidente Dilma Rousseff havia
o candidato do PSDB, José Serra, nas eleições de 2010, com 56,05%
afirmado que começava a ver a possibilidade de redução dos juros no Bra-
dos votos válidos, em segundo turno[1].
sil.[23] O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu as críticas ao BC,
O período é marcado por fato histórico, pois representa a primeira vez afastando a hipótese de interferência política na decisão do Copom.[24]
que uma mulher assumiu o poder no Brasil no posto mais importante do
país[2][3]. Dilma Rousseff fazia parte do Governo Lula, tendo si- PIB
do Ministra de Minas e Energia e, mais tarde, Ministra-Chefe da Casa
Civil do Brasil[4]. Sua estada na presidência está prevista até o dia 1 de
janeiro de 2015, podendo se estender por mais quatro anos, caso se
candidate novamente e consiga se reeleger na eleição de 2014[5].
Características
Economia
A gestão Dilma Rousseff iniciou dando segmento à política econômica do
Governo Lula.[6] O novo governo começou com a saída de Henrique Meirel-
lesda presidência do Banco Central, depois de oito anos à frente da institui-
ção.[7]Para o lugar de Meirelles, foi escolhido o ex-diretor do BC Alexandre
Tombini, que, em discurso de posse, defendeu um sistema financeiro sólido e
eficiente como condição para crescimento sustentável.[8] Para outro local de
destaque da equipe econômica do governo, o Ministério da Fazenda, Dilma
optou pela permanência de Guido Mantega.
Inflação
Apesar de ainda ter ficado dentro da meta do CMN, de 4,5%, com tole-
rância de 2 pontos para cima ou para baixo, o IPCA de 2010 (último ano
do governo anterior) registrou alta acumulada de 5,91% e foi o maior
desde 2004.[9] Em janeiro de 2011, primeiro mês do Governo Dilma, o
índice de inflação registrou taxa mensal de 0,83%, o maior resultado
desde abril de 2005 (0,87%), que levou a taxa acumulada em 12 meses
para 5,99%.[10]

Atualidades 1
Guido Mantega Miriam Belchior
Em junho de 2011, o IBGE fez a primeira divulgação sobre PIB do Go- Em fevereiro de 2011, o governo anunciou um corte recorde de R$ 50
verno Dilma. De acordo com o instituto, a economia brasileira apresentou bilhões no Orçamento federal do mesmo ano, o equivalente a 1,2% do
crescimento de 1,3% no primeiro trimestre de 2011 ante o quarto trimes- Produto Interno Bruto (PIB). A justificativa para a decisão foi a de que o
tre de 2010, quando o PIB havia se expandido 0,8% sobre o terceiro bloqueio de gastos era uma maneira de o governo tentar combater as
trimestre. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, a expansão pressões inflacionárias, e, com isso, permitir uma política "mais suave"
do PIB foi de 4,20%.[25] para a taxa básica de juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega,
explicou também que a medida fazia parte também do processo de
Em 26 de dezembro diversos jornais britânicos destacaram que o Brasil reversão de todos os estímulos feitos para a economia brasileira entre
ultrapassou o Reino Unido, tornando-se assim a sexta maior economia do 2009 e 2010 para evitar os efeitos negativos da crise financeira internaci-
mundo, sendo a primeira vez que o PIB brasileiro superou o daquele país. Os onal.[32] Durante a campanha eleitoral da qual saiu vitoriosa, tanto Dilma
dados são do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios.[26] Roussef como seu adversário José Serra, negaram que fariam acertos
Em março de 2012, o IBGE divulgou que o PIB do primeiro ano do Go- deste tipo nas contas públicas.[33]
verno Dilma cresceu 2,7%, o que representou um desempenho abaixo do No corte recorde do Orçamento, o programa Minha Casa, Minha Vi-
aguardado pelo mercado financeiro e de próprios setores do governo, da recebeu contenção de mais de R$ 5 bilhões nos repasses do governo,
como o Ministério de Fazenda, que previa expansão em torno de 3% apesar de o governo afirmar que as despesas com os programas sociais
para 2011[27]. e com os investimentos doPAC (Programa de Aceleração do Crescimen-
Salário Mínimo to) seriam integralmente mantidos. De acordo com Miriam Belchior,
ministra escolhida por Dilma para o Planejamento, a redução de despesa
Em fevereiro de 2011, o Congresso Nacional, aprovou a proposta estipula- teve relação com o fato de a segunda parte do Minha Casa ainda não ter
da pelo Governo Dilma, de aumentar o valor do salário mínimo, de R$ 510 sido aprovada pelo Congresso.[34]
para R$ 545, mesmo com a sugestão de partidos da oposição de valores
de R$ 560 e R$ 600. O reajuste foi superior à inflação acumulada de 2010, Dilma suspendeu a contratação do aprovados em concursos públicos e a
quando o INPC foi de 6,47%, mas recebeu críticas de setores da sociedade realização de novos processos seletivos durante o ano de 2011, como
civil.[28] Especialistas lembram que, se confirmadas as projeções para o forma de conter os gastos do governo, considerados elevados nos últi-
INPC do primeiro bimestre, o valor de R$ 545 teria em março, mês que mos anos. Durante sua campanha nada foi falado sobre a suspen-
entrou em vigor, poder de compra 1,3% inferior ao de janeiro de 2010, no são.[35]
último reajuste do Governo Lula. Para repor a inflação de 14 meses, seria
Ao contrário do que foi falado em sua campanha Dilma cortou gastos
necessário um aumento para R$ 552. Com a inflação do primeiro bimestre
com investimentos e as despesas com salários,custeio da máquina
confirmando as expectativas de alta mais intensa, foi o primeiro reajuste
pública e da rotina do governo subiram. Com pessoal e custeio, o gover-
anual do mínimo abaixo da inflação desde 1997.[29]
no gastou R$ 10 bilhões a mais no primeiro trimestre em comparação ao
Em dezembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto pelo mesmo período do ano passado. Se forem incluídos os gastos com juros,
qual reajustou o salário mínimo em 14,13%. Com isso, a partir de janeiro do o aumento chega a R$ 13,2 bilhões. É praticamente um quarto do corte
ano seguinte, o novo valor do mínimo passou a R$ 622.[30] Conforme de R$ 50 bilhões feito no Orçamento deste ano. Foi aumentado também
estudo do Dieese, o aumento determinado fez com que o poder de compra gastos com diárias e passagens, supostos alvos de cortes.
do salário mínimo alcançasse o nível mais alto em mais de 30 anos. Se-
Já em investimentos, os gastos caíram pouco mais de R$ 300 milhões na
gundo a instituição, levando-se em conta o valor da cesta básica apurado
comparação com 2010. Os dados foram lançados no Sistema Integrado
em novembro pela entidade (R$ 276,31), o novo piso poderia comprar 2,25
de Administração Financeira (Siafi), que registra gastos federais, e foram
cestas, a maior quantidade registrada desde 1979. Ainda de acordo com o
pesquisados pela ONG Contas Abertas.
Dieese, o aumento de R$ 77 determinado pela presidente causou um gasto
extra anual de R$ 19,8 bilhões à Previdência Social. Este custo é, no A queda nos investimentos ocorre também nas empresas estatais fede-
entanto, menor do que o aumento da arrecadação de impostos, já que, em rais. Nos primeiros três meses deste ano, a redução foi de R$ 1,4 bilhão.
virtude do crescimento do consumo consequente da alta do piso salarial,
ela subirá em R$ 22,9 bilhões em 2012.[31] Concessões

Cortes no Orçamento Em fevereiro de 2012, o Governo Dilma concedeu à iniciativa privada o


controle de 3 aeroportos brasileiros: o consórcio Invepar venceu a dispu-
ta pelo aeroporto de Guarulhos, o aeroporto de Viracopos ficou com o
grupo Aeroportos Brasil, e o grupo Inframerica Aeroportos ficou com o
Aeorporto Juscelino Kubitschek, em Brasília[36].
Apesar do termo "privatização" ter sido largamente usado para descrever
a operação, o termo correto seria concessão de serviço público. Diferen-
temente da privatização, a concessão é regulada por meio de um contra-
to que transfere a execução do serviço público para uma empresa priva-
da, sem no entanto tirar do poder público a titularidade do serviço, po-
dendo inclusive retomá-lo a todo momento. Na privatização, ocorre a
venda de uma entidade pública e a transferência definitiva da atividade
desta para o comprador, o que não pode ser feito com serviços públicos,
somente é possível quando se trata de uma atividade econômica como a
de um banco.[37] A concessão do aeroporto de Campinas deverá durar
30 anos, o de Brasília 25 anos e o de Guarulhos, 20.[38] A Infraero,
empresa estatal, permanece com até 49% do capital de cada aeropor-
to.[39]
A licença de operação do aeroporto de Guarulhos foi a leilão pelo preço
mínimo de R$ 3,4 bilhões e arrematada por R$ 16,213 bilhões, com ágio
de 373%. Já a de Campinas foi oferecida por R$1,47 bilhões e arremata-
da por uma proposta de R$ 3,821 bilhões(ágio de 159,8%). Brasília,
oferecida a R$ 582 milhões, foi comprada com ágio de 673%, por R$
4,501 bilhões.[40] Além de pagar pelas licenças, cada concessionária
deverá investir no mínimo, até 2014: R$ 1,38 bilhão, no caso de Guaru-

Atualidades 2
lhos, R$ 873 milhões no caso de Viracopos e R$ 626 milhões em Brasí-  Ministério da Pesca e Aquicultura: Ideli Salvatti
lia. O edital dos leilões também inclui exigências quanto à qualidade dos  Ministério da Previdência Social: Garibaldi Alves Filho
serviços que terão que ser prestados, incluindo cotas nos estacionamen-  Ministério da Saúde: Alexandre Padilha
tos, cadeiras nas salas de espera e extensão das filas nos pontos de  Ministério das Cidades: Mário Negromonte
atendimento.[41] Entretanto, estima-se que o investimento necessário  Ministério das Comunicações: Paulo Bernardo Silva
para a adequação dos aeroportos ao volume de tráfego esperado para  Ministério das Relações Exteriores: Antonio Patriota
os próximos anos, com a realização da Copa do Mundo e dasOlimpía-  Ministério de Minas e Energia: Edison Lobão
das, seria de R$ 4,6 bilhoes para o aeroporto de Guarulhos, R$ 8,7  Ministério do Desenvolvimento Agrário: Afonso Florence
bilhões para Campinas e R$ 2,8 bilhões para Brasília.[42]
 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome: Tereza
Reservas internacionais Campello
 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exteri-
Depois de receber do governo anterior o País com um valor total recorde or: Fernando Pimentel
de US$ 288,575 bilhões em reservas internacionais,[43] a gestão Dilma  Ministério do Esporte: Orlando Silva Jr.
Rousseff atingiu, no início de fevereiro, um total de US$ 300 bilhões em
 Ministério do Meio Ambiente: Izabella Teixeira
reservas, o que representou nova marca histórica. Economistas avaliam
que, se por um lado, um valor alto das reservas possibilita uma maior
 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Miriam Belchior
segurança para o país enfrentar crises externas, por outro lado, a compra  Ministério do Trabalho e Emprego: Carlos Lupi
de dólares por parte do governo brasileiro tende a aumentar a dívida  Ministério do Turismo: Pedro Novais
interna nacional.[44]  Ministério dos Transportes: Alfredo Nascimento
 Secretaria de Assuntos Estratégicos: Moreira Franco
Relações comerciais com o exterior  Secretaria de Comunicação Social: Helena Chagas
Em abril de 2011 viajou para a China e realizou ampliação nos negócios  Secretaria Especial dos Direitos Humanos: Maria do Rosário
com aquele país. Possibilitou a produção de aeronaves da Embraer em  Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Raci-
território chinês, além de ganhar aval inédito para a exportação da carne al: Luiza de Bairros
de suínos, com a habilitação de três unidades frigoríficas. Ao todo foram  Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Iriny Lopes
assinados mais de 20 acordos comerciais. A Huawei anunciou investi-  Secretaria Nacional dos Portos (Brasil): Leônidas Cristino
mentos de US$ 350 milhões no Brasil.[45][46]  Secretaria de Relações Institucionais: Luiz Sérgio Oliveira
 Secretaria-Geral da Presidência: Gilberto Carvalho
Numa rápida visita ao Uruguai em maio de 2011, Dilma Substituições
e Mujica assinaram acordos envolvendo nano, TI e biotecnologia. Esta-  Casa Civil da Presidência da República: Antônio Palocci por Gleisi
beleceu projetos para a instalação de uma linha de transmissão de 500
Hoffmann em 8 de junho de 2011.[52]
quilowatts entre San Carlos, no Uruguai, e Candiota, no Brasil, além da
 Ministério da Pesca e Aquicultura: Ideli Salvatti por Luiz Sérgio
adoção, pelo governo uruguaio, do padrão de TV Digital nipo-
Oliveira em 10 de junho de 2011.[53]
brasileiro.[47]
 Secretaria de Relações Institucionais: Luiz Sérgio Oliveira por Ideli
Política externa Salvatti em 10 de junho de 2011.[53]
 Ministério dos Transportes: Alfredo Nascimento por Paulo Sérgio
O Governo Dilma começou a gestão da política externa com algumas
Passos em 11 de julho de 2011.[54]
mudanças de posição em relação ao governo anterior. Uma delas foi
 Ministério da Defesa: Nelson Jobim por Celso Amorim em 4 de
relacionada às questões dos direitos humanos do Irã, já que no governo
agosto de 2011.[55]
anterior o representante do país na ONU se abstinha de votar a favor de
sanções. Dilma deixou claro que estaria disposta a mudar o padrão de
 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Wagner Ros-
si por Mendes Ribeiro Filho em 18 de agosto de 2011.[56]
votação do Brasil em resoluções que tratassem das violações aos direi-
tos humanos no país do Oriente Médio.[48]  Ministério do Turismo: Pedro Novais[57] por Gastão Vieira em 14
de setembro de 2011.[58]
Em seu primeiro ano, aproximou-se mais da Argentina, buscando maior  Ministério do Esporte: Orlando Silva Jr. por Aldo Rebelo em 27 de
integração comercial e incentivando a integração produtiva, pela transfe- outubro de 2011.[59]
rência de unidades produtivas de grandes empresas brasileiras para o  Ministério do Trabalho e Emprego: Carlos Lupi por Paulo Roberto
país vizinho.[49] dos Santos Pinto (interinamente) em 4 de dezembro de 2011.[60]
Relações com a imprensa  Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: Aloizio Mercadan-
te por Marco Antonio Raupp em 24 de janeiro de 2012.[61]
Nos primeiros meses de governo, Dilma contrariou a vontade de setores  Ministério da Educação: Fernando Haddad por Aloizio Mercadan-
do próprio partido de regular a imprensa e declarou que "a imprensa livre te em 24 de janeiro de 2012.[61]
é imprescindível para a democracia".[50]  Ministério das Cidades: Mário Negromonte por Aguinaldo Ribei-
ro em 2 de fevereiro de 2012.[62]
Ministros
 Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Iriny Lo-
Eis a relação dos ministros do governo de Dilma Rouseff, empossados pes por Eleonora Menicucci em 10 de fevereiro de 2012.[63]
em 1º de janeiro de 2011:[51]  Ministério da Pesca e Aquicultura: Luiz Sérgio Oliveira por Marcelo
 Advocacia-Geral da União: Luiz Inácio Adams Crivella em 2 de março de 2012.[64]
 Banco Central do Brasil: Alexandre Tombini  Ministério do Desenvolvimento Agrário: Afonso Florence por Pepe
 Casa Civil da Presidência da República: Antônio Palocci Vargas em 14 de março de 2012.[65]
 Controladoria Geral da União: Jorge Hage  Ministério do Trabalho e Emprego: Paulo Roberto dos Santos
 Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Repúbli- Pinto por Brizola Neto em 3 de maio de 2012.[66][67]
ca: Elito Siqueira
Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro No-
 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Wagner Rossi vais, Orlando Silva Jr., Carlos Lupi e Mário Negromonte deixaram as
 Ministério da Ciência e Tecnologia: Aloizio Mercadante pastas devido à acusações de irregularidades. Ideli Salvatti e Luiz Sérgio
 Ministério da Cultura: Ana de Hollanda Oliveira trocaram as pastas para equilibrar o governo depois da saída de
 Ministério da Defesa: Nelson Jobim Palocci da Casa Civil. Nelson Jobim pediu demissão após criticar o
 Ministério da Educação: Fernando Haddad governo. Fernando Haddad deixou a pasta para disputar o governo da
 Ministério da Fazenda: Guido Mantega cidade de São Paulo em 2012, e Aloizio Mercadante substituí-o no
 Ministério da Integração Nacional: Fernando Bezerra Coelho Ministério da Educação deixando o Ministério da Ciência. Iriny Lo-
 Ministério da Justiça: José Eduardo Cardozo pes deixou a pasta para disputar o governo da cidade de Vitória em

Atualidades 3
2012. O petista Luiz Sérgio Oliveira foi substituído por Marcelo Crivel- envolvendo os funcionários do ministério.[82] Com o agravamento da
la do Partido Republicano Brasileiro (PRB) para dar maior participação crise no Ministério dos Transportes após suspeitas de enriquecimento
ao PRB, um partido aliado ao governo que não possuía nenhuma pas- ilícito de seu filho, Alfredo Nascimento entregou carta de demissão à
ta. Afonso Florence foi substituído por Pepe Vargas no Ministério do Presidência da República no dia 6 de julho.[83]
Desenvolvimento Agrário, o Palácio do Planalto disse que o ministro
deixa o cargo "para se dedicar a projetos importantes para seu Estado, Mais de 30 pessoas ligadas diretamente ou indiretamente ao Ministério
a Bahia."[68] do Turismo foram presas pela Polícia Fderal, acusados de terem desvia-
do 4,4 milhões de reais entre o ministério e o Instituto Brasileiro de
Popularidade Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). Entre elas esta-
vam o secretário-executivo Frederico Silva da Costa, o ex-presidente
Nos primeiros três meses no poder, o Governo Dilma Rousseff recebeu doInstituto Brasileiro de Turismo (Embratur) Mário Moysés, o secretário
aprovação de 47% da população brasileira com o conceito de "ótimo" ou nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins
"bom", conforme pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha em março da Silva Filho (PPS), e diretores e funcionários da Ibrasi e empresários.
de 2011, que também registrou 7% das pessoas considerando a gestão Após cerca de uma semana, todos foram soltos com habeas corpus ou
Dilma como "ruim" ou "péssima" e outros 34% com a classificação de liberados após prestarem depoimento à polícia.[84]
"regular". O resultado positivo igualou tecnicamente (segundo a margem
de erro de 2 pontos porcentuais) a marca recorde para um início de No dia 17 de agosto de 2011, o ministro da Agricultura Wagner Ros-
governo, de 48%, obtida pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva nos si (PMDB) pediu demissão após denúncias envolvendo sua gestão e sua
primeiros três meses de 2007, referentes ao segundo mandato do ex- conduta na pasta. Em entrevista à revista "Veja", Oscar Jucá Neto cha-
presidente.[69] Também superou em popularidade todos os antecesso- mou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido do
res de Lula, quando se considera esta fase inicial do mandato, de acordo ministro Wagner Rossi e do vice-presidente, Michel Temer, de “central de
com a série histórica iniciada pelo Datafolha em1990.[70] No levanta- negócios". Oscar Jucá Neto é ex-diretor financeiro da Companhia Nacio-
mento, a população entrevistada respondeu que as áreas de melhor nal de Abastecimento (Conab) e irmão do líder do governo
desempenho do Governo Dilma nos primeiros três meses foram a Edu- no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele foi exonerado do cargo por
cação e o combate à fome e à miséria. Quanto às áreas de pior desem- autorizar um pagamento irregular de cerca de 8 milhões de reais à em-
penho, os entrevistados citaram a Saúde e a parte ligada à violência e à presa de um laranja. Segundo Neto, a Conab estaria atrasando o repas-
segurança.[71] se de 14,9 milhões de reais à empresa Caramuru Alimentos para aumen-
tar o montante a ser pago em 20 milhões de reais. Desse total, 5 milhões
Em abril de 2012, o governo Dilma atingiu 64% de aprovação da popula- de reais seriam repassados por fora a autoridades do ministério. O
ção do País com o conceito de "ótimo" ou "bom", segundo pesquisa ministro negou todas as acusações. Em outra denúncia, reportagem da
divulgada pelo Datafolha, que também registrou 5% das pessoas consi- “Folha de S.Paulo” apontou que Rossi transformou a Conab num cabide
derando a gestão Dilma como "ruim" ou "péssima" e outros 29% com a de empregos para acomodar parentes de líderes políticos do PMDB.
classificação de "regular". A aprovação da gestão foi recorde por dois Sobre as nomeações, o ministro disse que colocou “pessoas qualifica-
aspectos: a mais alta taxa conseguida por Dilma desde sua posse e a das” no estatal. [84]
maior aprovação de um presidente, levando-se em conta o período
pesquisado - de um ano e três meses de governo[72]. A revista "Época" publicou reportagem com base em vídeos, documentos
e cheques, que integram uma investigação sigilosa do Ministério Público
Controvérsias Federal e da Polícia Federal sobre irregularidades na ANP (Agência
Acusações de corrupção Nacional do Petróleo), autarquia especial vinculada ao Ministério de
Minas e Energia, sob o comando de Edison Lobão (PMDB). Em uma das
Em abril de 2011, matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, afirma gravações, dois assessores da agência exigem propina de 40 mil reais
que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), é investigado para resolver um problema de um cliente. A reportagem também obteve
no STF sob a suspeita de ter participado do esquema de cobrança a cópia de um cheque que um dos assessores da ANP recebeu de um
de propina de empresas com contratos no porto de Santos, em São advogado ligado ao maior adulterador de combustível do país.[84]
Paulo. O caso chegou ao STF no dia 28 de fevereiro e seguiu para a
apreciação da Procuradoria-Geral da República. Temer é acusado de ter No dia 26 de outubro de 2011, o ministro do Esporte Orlando Silva
recebido mais de 600 mil reais, mas negou a acusação.[73] Jr. (PCdoB), deixou o governo, também depois de uma sequência de
acusações de corrupção que foram divulgadas pela imprensa. A principal
Em 15 de maio, matéria também publicada na Folha de S.Paulo, afirma delas foi a de que ele teria participação em um esquema de desvio de
que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), multiplicou por 20 seu dinheiro público do Segundo Tempo, programa do governo federal desti-
patrimônio em quatro anos. Entre 2006 e 2010, passou de 375 mil para nado a promover o esporte em comunidades carentes. Segundo Silva Jr.,
7,5 milhões de reais.[74]Palocci disse que declarou os bens à Receita não houve nem haveria qualque tipo de prova de seu envolvimento. A
Federal e negou irregularidades.[75] O caso teve repercussão e a oposi- demissão do ministro aconteceu um dia depois de o Supremo Tribunal
ção exigiu explicações do ministro,[76][77] inclusive acionou à Procura- Federal autorizar a instauração de inquérito para investigá-lo, a pedido
doria da República[78] e ao STF. No entanto, manobras dos governistas da Procuradoria Geral da República.[85]
que são maioria, impediram que o ministro se apresentasse à Câmara
dos Deputados.[79] A brindagem dos deputados ao ministro e o silêncio Para um governo recém-formado, do total de ministérios, que são pouco
de alguns principais opositores, provocou protestos na internet, pois os mais de 20, quase um terço já foi comprometido. [...] Houve algo errado
usuários da redeTwitter mostraram descontentamento contra alguns nas nomeações. E quem os elegeu foi a Dilma, foi ela quem os escolheu.
políticos (tanto da base governista, como o presidente do Senado, José Ela tem a responsabilidade pelo que está ocorrendo. Ninguém é obrigado
Sarney; quanto da oposição, como o senador Aécio Neves e o ex- a aceitar de um governo anterior a nomeação de futuros ministros.
governador José Serra, ambos do PSDB), que afirmaram não ver irregu-
laridades.[80] No dia 7 de junho, Palocci pediu demissão do cargo que — José Serra, candidato derrotado à Presidência da República
ocupava no governo.[81] peloPSDB.[86][87]
Em julho de 2011, a presidente Dilma Rousseff determinou o afastamen- Em dezembro de 2011, foi a fez de reportagens da imprensa brasileira
to da cúpula do Ministério dos Transportes, depois de denúncias levantarem suspeitas sobre a conduta do ministro do Desenvolvimento,
de superfaturamentoem obras públicas apontadas em reportagem da Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Conforme matéria do
revista Veja, que trouxe informações de que representantes do PR, jornal O Estado de S. Paulo, a Federação das Indústrias de Minas Gerais
partido do ministro Alfredo Nascimento (PR), e a maior parte da cúpula (Fiemg), principal cliente da empresa de consultoria do ministro, empla-
do ministério, funcionários da pasta e de órgãos vinculados teriam mon- cou uma indicação política na Pasta comandada por ele: responsável
tado um esquema de recebimento de propina por meio de empreiteiras. pela definição de benefícios à indústria.[88]
O ministro foi o único que permaneceu no cargo e determinou a instaura-
ção de uma sindicância interna para apurar as supostas irregularidades

Atualidades 4
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Atualidades 5
68. ↑ O troca-troca do Ministério de Dilma Rous- pluralismo no processo eleitoral (nota 9,5) e liberdades civis (nota 9,1). O
seff. Estadão (14/03/2012). Página visitada em 14/03/2012. país possui nota acima da média em funcionalidade do governo (nota
69. ↑ Dilma tem a mesma popularidade de Lula, segundo a Datafo- 7,5). No entanto, possui desempenho inferior nos quesitos participação
lha. Último Segundo (19/3/2011). Página visitada em 22/4/2011. política (nota 5,0) e cultura política (nota 4,3). O desempenho do Brasil
70. ↑ Governo Dilma é aprovado por 47%, diz a Datafolha. O Glo- em participação política é comparável ao de Malauí e Uganda, conside-
bo (20/3/2011). Página visitada em 22/4/2011. rados "regimes híbridos", enquanto o desempenho em cultura política é
71. ↑ Dilma iguala popularidade de Lula em início de gover- comparável ao de Cuba, considerado um regime autoritário.No entanto, a
no. Folha.com Poder (20/3/2011). Página visitada em 23/4/2011. média geral do país (nota 7,1) é inferior somente à do Uruguai (nota 8,1)
72. ↑ Dilma tem aprovação recorde, mas Lula é favorito para e do Chile (nota 7,6) na América do Sul. Dentre os BRIC, apenas
2014. Folha.com Poder (22/4/2011). Página visitada em 23/4/2012. a Índia (nota 7,2) possui desempenho melhor. De fato, em relação aos
73. ↑ Temer é alvo de inquérito no STF por suspeita de corrup- BRIC, a revista já havia elogiado a democracia do país anteriormente,
ção. Folha.com Poder (5/4/2011). Página visitada em 23/4/2011. afirmando que "em alguns aspectos, o Brasil é o mais estável dos BRIC.
74. ↑ Palocci multiplica por 20 seu patrimônio. Folha.com Poder (15 de Diferentemente da China e da Rússia, é uma democracia genuína;
maio de 2011). Página visitada em 19-04-2011. diferentemente da Índia, não possui nenhum conflito sério com seus
75. ↑ Palocci diz que declarou bens à Comissão de Ética Públi- vizinhos".
ca. Folha.com Poder (15 de maio de 2011). Página visitada em 19-05-
2011. O Brasil é percebido como o 75º país menos corrupto do mundo,
76. ↑ ACM Neto quer que Palocci explique fortuna à Câma- perdendo para Romênia, Grécia, Macedônia e Bulgária por apenas um
ra. Folha.com Poder (15 de maio de 2011). Página visitada em 19-05- décimo. O país está empatado com os países sul-americanos
2011. da Colômbia, do Peru e do Suriname, e ganha da Argentina (106°),
77. ↑ PSDB quer que Palocci se explique à comissão da Câma- da Bolívia (120°), da Guiana (126°), do Equador (146°),
ra. Folha.com Poder (15 de maio de 2011). Página visitada em 19-05- do Paraguai (154°) e da Venezuela (162°) na região. O Brasil ainda está
2011. em situação melhor que todos os outros países do BRIC. A China se
78. ↑ Oposição aciona Procuradoria no caso Palocci. Folha.com Poder encontra 80º lugar, a Índia em 84° e a Rússia em 146°.
(15 de maio de 2011). Página visitada em 19-04-2011. Organização
79. ↑ Na Câmara, 266 votam contra convocar Palocci; 72 são a fa-
vor. Folha.com Poder (18 de maio de 2011). Página visitada em 19-05- O Estado brasileiro é dividido primordialmente em três esferas de
2011. poder: o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O chefe do Poder
80. ↑ Internautas já pedem, pelo Twitter, a renúncia de Paloc- Executivo é o presidente da República, eleito pelo voto direto para um
ci. Folha.com Poder (18 de maio de 2011). Página visitada em 19-05- mandato de quatro anos, renovável por mais quatro. Na esfera estadual
2011. o Executivo é exercido pelos governadores dos estados; e na esfera
81. ↑ Após suspeitas, Palocci pede demissão e deixa governo. Portal municipal pelos prefeitos. O Poder Legislativo é composto, em âmbito
Terra (07-06-2011). Página visitada em 07-06-2011. federal, pelo Congresso Nacional, sendo este bicameral: dividido entre
82. ↑ Governo determina afastamento da cúpula do ministério dos a Câmara dos Deputados e o Senado. Para a Câmara, são eleitos
Transportes. G1 Política (2 de julho de 2011). Página visitada em 3-7- os deputados federais para dividirem as cadeiras em uma razão de modo
2011. a respeitar ao máximo as diferenças entre as vinte e sete Unidades da
83. ↑ Após denúncias, Alfredo Nascimento deixa Ministério dos Trans- Federação, para um período de quatro anos. Já no Senado, cada estado
portes. G1 Política (6 de julho de 2011). Página visitada em 6-7-2011. é representado por 3 senadores para um mandato de oito anos cada.
84. ↑ a b c Maurício Savarese (17/08/2011). Acuado por denúncias, Em âmbito estadual, o Legislativo é exercido pelas Assembléias Legisla-
Wagner Rossi pede demissão; é a quarta saída do governo em oito tivas Estaduais; e em âmbito municipal, pelas Câmaras Municipais.
meses. UOL Notícias - Política. Página visitada em 02/09/2011. Unidades federativas
85. ↑ Orlando Silva deixa o ministério. G1 Política (26 de outubro de
2011). Página visitada em 26-10-2011. O Brasil possui vinte e seis estados e um Distrito Federal, indissolú-
86. ↑ Dilma é responsável por ministros corruptos, diz Serra. Último veis, cada qual com um Governador eleito pelo voto direto para um
Segundo (19 de novembro de 2011). Página visitada em 19 de novembro mandato de quatro anos renovável por mais quatro, assim como aconte-
de 2011. ce com os Prefeitos. Tanto os estados quanto os municípios têm apenas
87. ↑ Dilma escolheu ministros sob suspeita, diz Serra. Agência Esta- uma casa parlamentar: no nível estadual os deputados estaduais são
do. Diário do Grande ABC (9 de novembro de 2011). Página visitada em eleitos para 4 anos na Assembleia Legislativa e no nível municipal, os
9 de novembro de 2011. vereadores são eleitos para a Câmara Municipal para igual período.
88. ↑ Cliente de Pimentel, Fiemg emplacou nome em ministé- Poder Judiciário
rio. Estadão.com (10/12/2011). Página visitada em 24/12/2011.
Finalmente, há o Poder Judiciário , cuja instância máxima é
o Supremo Tribunal Federal , responsável por interpretar a Constituição
BRASIL Federal e composto de onze Ministros indicados pelo Presidente sob
referendo do Senado, dentre indIvÍduos de renomado saber jurídico. A
O Brasil é uma república federal presidencialista, de regi- composição dos ministros do STF não é completamente renovada a cada
me democrático-representativo. Em nível federal, o poder executivo é mandato presidencial: o presidente somente indica um novo ministro
exercido pelo Presidente. É uma república porque o Chefe de Estado é quando um deles se aposenta ou vem a falecer.
eletivo e temporário. O Estado brasileiro é uma federação pois é compos-
to de estados dotados de autonomia política garantida pela Constituição Economia
Federal e do poder de promulgar suas próprias Constituições. É uma A economia do Brasil tem um mercado livre e exportador. Com
república presidencial porque as funções de chefe de Estado e chefe de um PIB nominal de 2,48 trilhões de dólares (4,14 trilhões de reais), foi
governo estão reunidas em um único órgão: o Presidente da República. classificada como a sexta maior economia do mundo em 2011, segundo
É uma democracia representativa porque o povo dificilmente exerce sua o FMI (considerando o PIB de 2,09 trilhões de dólares, para 2010) , ou a
soberania, apenas elegendo o chefe do poder executivo e os seus repre- sétima, de acordo com o Banco Mundial (também considerando um PIB de
sentantes nos órgãos legislativos, como também diretamente, median- 2.09 trilhões de dólares em 2010) e o World Factbook da CIA (estimando o
te plebiscito, referendo e iniciativa popular. Isso acontece raramente, o PIB de 2011 em 2,28 trilhões de dólares). É a segunda maior do continente
que não caracteriza uma democracia representativa. americano, atrás apenas dos Estados Unidos.
Indicadores A economia brasileira tem apresentado um crescimento consistente
De acordo com o Índice de Democracia, compilado pela revista bri- e, segundo o banco de investimento Goldman Sachs, deve tornar-se a
tânica The Economist, o Brasil possui desempenho elevado nos quesitos quarta maior do mundo por volta de 2050.

Atualidades 6
O Brasil é uma das chamadas potências emergentes: é o "B" do ram superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais maciços e
grupo BRICS. É membro de diversas organizações econômicas, como pagamentos da dívida externa.
o Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo de Cairns. Tem cente-
nas de parceiros comerciais, e cerca de 60% das exportações do país Com um grau de desigualdade ainda grande, a economia brasileira
referem-se a produtos manufaturados e semimanufaturados. Os princi- tornou-se uma das maiores do mundo. De acordo com a lista de bilioná-
pais parceiros comerciais do Brasil em 2008 foram:Mercosul e América rios da revista Forbes de 2011, o Brasil é o oitavo país do mundo em
Latina (25,9% do comércio), União Euro- número de bilionários, à frente inclusive do Japão, com um número
peia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e outros (17,8%). bastante superior aos dos demais países latino americanos.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que mais Componentes da economia
aumentou sua competitividade em 2009, ganhando oito posições entre O setor de serviços responde pela maior parte do PIB, com 66,8%,
outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechando parcial- seguido pelo setor industrial, com 29,7% (estimativa para 2007), enquan-
mente a diferença de competitividade com a Índia e a China, economias to a agricultura representa 3,5% (2008 est). A força de trabalho brasileira
BRIC . Importantes passos dados desde a década de 1990 para a sus- é estimada em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricul-
tentabilidade fiscal, bem como as medidas tomadas para liberalizar e tura, 19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.
abrir a economia, impulsionaram significativamente os fundamentos do
país em matéria de competitividade, proporcionando um melhor ambiente Agricultura e produção de alimentos
para o desenvolvimento do setor privado. O desempenho da agricultura brasileira põe o agronegócio em uma
O país dispõe de setor tecnológico sofisticado e desenvolve projetos posição de destaque em termos de saldo comercial do Brasil, apesar das
que vão desde submarinos a aeronaves (a Embraer é a terceira maior barreiras alfandegárias e das políticas de subsídios adotadas por al-
empresa fabricante de aviões no mundo). O Brasil também está envolvi- guns países desenvolvidos. Em 2010, segundo a OMC o país foi o
do na pesquisa espacial. Possui um centro de lançamento de satélites e terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas de Estados
foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela Unidos e da União Europeia.
construção do Estação Espacial Internacional (EEI).[25] É também o No espaço de cinquenta e cinco anos (de 1950 a 2005), a população
pioneiro na introdução, em sua matriz energética, de brasileira passou de aproximadamente 52 milhões para cerca de 185
um biocombustível – o etanol produzido a partir da cana-de- milhões de indivíduos, ou seja, um crescimento demográfico médio de
açúcar.Em 2008, a Petrobrás criou a subsidiária, a Petrobrás Biocombus- 2% ao ano. A fim de atender a essa demanda, uma autêntica revolução
tível, que tem como objetivo principal a produção de biodiesel e etanol, a verde teve lugar, permitindo que o país criasse e expandisse seu com-
partir de fontes renováveis, como biomassa e produtos agrícolas. plexo setor de agronegócio. No entanto, a expansão da fronteira agrícola
História se deu à custa de grandes danos ao meio ambiente, destacando-se
o desmatamento de grandes áreas da Amazônia, sobretudo nas últimas
Quando os exploradores portugueses chegaram no século XV, quatro décadas.
as tribos indígenas do Brasil totalizavam cerca de 2,5 milhões de pesso-
as, que praticamente viviam de maneira inalterada desde a Idade da A importância dada ao produtor rural tem lugar na forma do Plano da
Pedra. Da colonização portuguesa do Brasil (1500-1822) até o final Agricultura e Pecuária e através de outro programa especial voltado para
dos anos 1930, os elementos de mercado da economia brasileira basea- a agricultura familiar (Pronaf), que garantem o financiamento de equipa-
ram-se na produção de produtos primários para exportação. Dentro mentos e da cultura, incentivando o uso de novas tecnologias e pelo
do Império Português, o Brasil era uma colônia submetida a uma política zoneamento agrícola. Com relação à agricultura familiar, mais de 800 mil
imperial mercantil, que tinha três principais grandes ciclos de produção habitantes das zonas rurais são auxiliados pelo crédito e por programas
econômica - o açúcar, o ouro e, a partir do início do século XIX, o café. A de pesquisa e extensão rural, notadamente através da Embrapa. A linha
economia do Brasil foi fortemente dependente do trabalho escravizado especial de crédito para mulheres e jovens agricultores visa estimular o
Africano até o final do século XIX (cerca de 3 milhões de escravos africa- espírito empreendedor e a inovação.
nos importados no total). Desde então, o Brasil viveu um período de Com o Programa de Reforma Agrária, por outro lado, o objetivo do
crescimento econômico e demográfico forte, acompanhado de imigração país é dar vida e condições adequadas de trabalho para mais de um
em massa da Euro- milhão de famílias que vivem em áreas distribuídas pelo governo federal,
pa (principalmente Portugal, Itália, Espanha e Alemanha) até os anos uma iniciativa capaz de gerar dois milhões de empregos. Através de
1930. Na América, os Estados Unidos, o Brasil, o Canadá e parcerias, políticas públicas e parcerias internacionais, o governo está
a Argentina (em ordem decrescente) foram os países que receberam a trabalhando para garantir infra-estrutura para os assentamentos, a e-
maioria dos imigrantes. No caso do Brasil, as estatísticas mostram que xemplo de escolas e estabelecimentos de saúde. A idéia é que o acesso
4,5 milhões de pessoas emigraram para o país entre 1882 e 1934. à terra represente apenas o primeiro passo para a implementação de um
Atualmente, com uma população de 190 milhões e recursos natu- programa de reforma da qualidade da terra.
rais abundantes, o Brasil é um dos dez maiores mercados do mundo, Mais de 600 000 km² de terras são divididas em cerca de cinco mil
produzindo 35 milhões de toneladas de aço, 26 milhões de toneladas de domínios da propriedade rural, uma área agrícola atualmente com três
cimento, 3,5 milhões de aparelhos de televisão e 5 milhões fronteiras: a região Centro-Oeste (cerrado), a região Norte (área de
de geladeiras. Além disso, cerca de 70 milhões de metros cúbicos transição) e de partes da região Nordeste (semiárido). Na vanguarda das
de petróleo estão sendo processados anualmente em combustíveis, culturas de grãos, que produzem mais de 110 milhões de toneladas/ano,
lubrificantes, gás propano e uma ampla gama de mais de cem produtos é a de soja, produzindo 50 milhões de toneladas.
petroquímicos. Além disso, o Brasil tem pelo menos 161.500 quilômetros
de estradas pavimentadas e mais de 108.000 megawatts de capacidade Na pecuária bovina de sensibilização do setor, o "boi verde", que é
instalada de energia elétrica. criado em pastagens, em uma dieta de feno e sais minerais, conquistou
mercados na Ásia, Europa e nas Américas, particularmente depois do
Seu PIB real per capita ultrapassou US$ 8.000 em 2008, devido à período de susto causado pela "doença da vaca louca". O Brasil possui o
forte e continuada valorização do real, pela primeira vez nesta década. maior rebanho bovino do mundo, com 198 milhões de cabeças, respon-
Suas contas do setor industrial respondem por três quintos da produção sável pelas exportações superando a marca de US$ 1 bilhão/ano.
industrial da economia latino-americana. O desenvolvimento científico e
tecnológico do país é um atrativo para o investimento direto estrangeiro, Pioneiro e líder na fabricação de celulose de madeira de fibra-curta,
que teve uma média de US$ 30 bilhões por ano nos últimos anos, em o Brasil também tem alcançado resultados positivos no setor de embala-
comparação com apenas US$ 2 bilhões/ano na década passa- gens, em que é o quinto maior produtor mundial. No mercado externo,
da,evidenciando um crescimento notável. O setor agrícola, também tem responde por 25% das exportações mundiais de açúcar bruto e açúcar
sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse setor tem mantido refinado, é o líder mundial nas exportações de soja e é responsável por
Brasil entre os países com maior produtividade em áreas relacionadas ao 80% do suco de laranja do planeta e, desde 2003, teve o maior números
setor rural. O setor agrícola e o setor de mineração também apoia- de vendas de carne de frango, entre os que lidam no setor.

Atualidades 7
Indústria No século XXI, o Brasil é uma das dez maiores economias do mun-
do. Se, pelo menos até meados do século XX, a pauta de suas exporta-
O Brasil tem o segundo maior parque industrial na América. Contabi- ções era basicamente constituída de matérias-primas e alimentos, como
lizando 28,5% do PIB do país, as diversas indústrias brasileiras variam o açúcar, borracha e ouro, hoje 84% das exportações se constituem de
de automóveis, aço e petroquímicos até computadores, aeronaves e ben produtos manufaturados e semimanufaturados.
s de consumo duráveis. Com o aumento da estabilidade econômica
fornecido pelo Plano Real, as empresas brasileiras e multinacionais têm O período de grande transformação econômica e crescimento ocor-
investido pesadamente em novos equipamentos e tecnologia, uma reu entre 1875 e 1975.
grande parte dos quais foi comprado de empresas estadunidenses.
Nos anos 2000, a produção interna aumentou 32,3% .
O Brasil possui também um diversificado e relativamente sofistica- O agronegócio (agricultura e pecuária) cresceu 47%, ou 3,6% ao ano,
do setor de serviços. Durante a década de 1990, o setor bancá- sendo o setor mais dinâmico - mesmo depois de ter resistido às crises
rio representou 16% do PIB. Apesar de sofrer uma grande reformulação, internacionais, que exigiram uma constante adaptação da economia
a indústria de serviços financeiros do Brasil oferece às empresas locais brasileira.
uma vasta gama de produtos e está atraindo inúmeros novos operado-
res, incluindo empresas financeiras estadunidenses. A Bolsa de Valores, A posição em termos de transparência do Brasil no ranking interna-
Mercadorias e Futuros de São Paulo está passando por um processo de cional é a 75ª de acordo com a Transparência Internacional. É igual à
consolidação e o setor de resseguros, anteriormente monopolista, está posição da Colômbia, do Peru e do Suriname.
sendo aberto a empresas de terceiros. Controle e reforma
Em 31 de Dezembro de 2007, havia cerca de 21.304.000 linhas Entre as medidas recentemente adotadas a fim de equilibrar a eco-
de banda larga no Brasil. Mais de 75% das linhas de banda larga vi- nomia, o Brasil realizou reformas para a sua segurança social e para os
a DSL e 10% através de modem por cabo. sistemas fiscais. Essas mudanças trouxeram consigo um acréscimo
As reservas de recursos minerais são extensas. Grandes reservas notável: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que controla as despesas
de ferro e manganês são importantes fontes de matérias- públicas dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal. Ao mes-
primas industriais e receitas de exportação. Depósitos mo tempo, os investimentos foram feitos no sentido da eficiência da
de níquel, estanho, cromita, urânio, bauxita, berílio, cobre, chumbo,tungst administração e políticas foram criadas para incentivar as exportações, a
ênio, zinco, ouro, nióbio e outros minerais são explorados. Alta qualidade indústria e o comércio, criando "janelas de oportunidade" para os investi-
de cozimento de carvão de grau exigido na indústria siderúrgica está em dores locais e internacionais e produtores. Com estas mudanças, o Brasil
falta. O Brasil possui extensas reservas de terras raras, minerais essen- reduziu sua vulnerabilidade. Além disso, diminuiu drasticamente as
ciais à indústria de alta tecnologia. De acordo com a Associação Mundial importações de petróleo bruto e tem metade da sua dívida doméstica
do Aço, o Brasil é um dos maiores produtores de aço do mundo, tendo pela taxa de câmbio ligada a certificados. O país viu suas exportações
estado sempre entre os dez primeiros nos últimos anos. crescerem, em média, a 20% ao ano. A taxa de câmbio não coloca
pressão sobre o setor industrial ou sobre a inflação (em 4% ao ano) e
O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguarda do fe- acaba com a possibilidade de uma crise de liquidez. Como resultado, o
nômeno das multinacionais latino-americanas, que, graças à tecnologia país, depois de 12 anos, conseguiu um saldo positivo nas contas que
superior e organização, têm virado sucesso mundial. Es- medem as exportações/importações, acrescido de juros, serviços e
sas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciçamente pagamentos no exterior. Assim, respeitados economistas dizem que o
no exterior, na região e fora dela, e assim realizando uma parcela cres- país não será profundamente afetado pela atual crise econômica mundi-
cente de suas receitas a nível internacional. O Brasil também é pioneiro al.
nos campos da pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde 73%
de suas reservas são extraídas. De acordo com estatísticas do governo, Políticas
o Brasil foi o primeiro país capitalista a reunir as dez maiores empresas O apoio para o setor produtivo foi simplificado em todos os níveis; a-
montadoras de automóvel em seu território nacional. tivos e independentes, o Congresso e o Poder Judiciário procederam à
Maiores companhias avaliação das normas e regulamentos. Entre as principais medidas
tomadas para estimular a economia estão a redução de até 30% do
Em 2012, 33 empresas brasileiras foram incluídas na Forbes Global Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o investimento de US$ 8
2000 - uma classificação anual das principais 2000 companhias em todo bilhões em frotas de transporte rodoviário de cargas, melhorando assim a
o mundo pela revista Forbes. logística de distribuição. Recursos adicionais garantem a propagação de
telecentros de negócios e informações.
Energia
A implementação de uma política industrial, tecnológica e
O governo brasileiro empreendeu um ambicioso programa para re- de comércio exterior, por sua vez, resultou em investimentos de US$
duzir a dependência do petróleo importado. As importações eram res- 19,5 bilhões em setores específicos, como softwares e semiconduto-
ponsáveis por mais de 70% das necessidades de petróleo do país, mas o res, farmacêutica e medicamentos e no setor de bens de capital.
Brasil se tornou autossuficiente em petróleo em 2006. O Brasil é um dos
principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade Renda
atual de cerca de 108.000 megawatts. Hidrelétricas existentes fornecem
80% da eletricidade do país. Dois grandes projetos hidrelétricos, a O salário mínimo fixado para o ano de 2011 é de R$ 545,00 por
15.900 megawatts de Itaipu, no rio Paraná (a maior represa do mundo) e mês, totalizando R$ 7.085,00 ao ano (incluindo o 13º salário). O PIB per
da barragem de Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. capita do país em 2010 foi de R$ 19.016,00.Um estudo da Fundação
O primeiro reator nuclear comercial do Brasil, Angra I, localizado perto Getúlio Vargas, com base em dados do IBGE, elaborou uma lista das
do Rio de Janeiro, está em operação há mais de 10 anos. Angra II foi profissões mais bem pagas do Brasil em 2007. Os valores podem variar
concluído em 2002 e está em operação também. Angra III tem a sua muito de acordo com o estado da federação em que o profissional vive.
inauguração prevista para 2014. Os três reatores terão uma capacidade As carreiras de Direito, Administração e Medicina ficaram entre as mais
combinada de 9.000 megawatts quando concluídos. O governo também bem pagas, seguidas por algumas Engenharias.
planeja construir mais 17 centrais nucleares até ao ano de 2020. Infraestrutura
Situação econômica Educação
Somente em 1808, mais de trezentos anos depois de ser descoberto A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
por Portugal, é que o Brasil obteve uma autorização do governo portu- Nacional (LDB) determinam que o Governo Federal, os Estados,
guês para estabelecer as primeiras fábricas. o Distrito Federal e os municípios devem gerir e organizar seus respecti-
vos sistemas de ensino. Cada um desses sistemas educacionais públi-
cos é responsável por sua própria manutenção, que gere fundos, bem
Atualidades 8
como os mecanismos e fontes de recursos financeiros. A no- Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviária deram-se
va constituição reserva 25% do orçamento do Estado e 18% na década de 1920, no governo de Washington Luís, sendo prossegui-
de impostos federais e taxas municipais para a educação. dos no governo Vargas e Gaspar Dutra. O presidente Juscelino Kubits-
chek (1956–1961), que concebeu e construiu a capital Brasília, foi outro
Segundo dados do IBGE, em 2011, a taxa de literária da população incentivador de rodovias. Kubitschek foi responsável pela instalação de
brasileira foi de 90,4%, significando que 13 milhões (9,6% da população) grandes fabricantes de automóveis no país (Volkswagen, Ford e General
de pessoas ainda são analfabetas no país; já o analfabetismo funcio- Motors chegaram ao Brasil durante seu governo) e um dos pontos utili-
nal atingiu 21,6% da população. O analfabetismo é mais elevado zados para atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de rodovi-
no Nordeste, onde 19,9% da população é analfabeta. Ainda segundo o as. Hoje, o país tem instalados em seu território outros grandes fabrican-
PNAD, o percentual de pessoas na escola, em 2007, foi de 97% na faixa tes de automóveis, co-
etária de 6 a 14 anos e de 82,1% entre pessoas de 15 a 17 anos, en- mo Fiat, Renault, Peugeot, Citroën, Chrysler, Mercedes-
quanto o tempo médio total de estudo entre os que têm mais de 10 anos Benz, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais importante país
foi, em média, de 6,9 anos. da indústria automobilística.
O ensino superior começa com a graduação ou cursos sequenciais, Existem cerca de quatro mil aeroportos e aeródromos no Brasil, sen-
que podem oferecer opções de especialização em diferentes carreiras do 721 com pistas pavimentadas, incluindo as áreas de desembarque. O
acadêmicas ou profissionais. Dependendo de escolha, os estudantes país tem o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás
podem melhorar seus antecedentes educativos com cursos de pós- apenas dos Estados Unidos. O Aeroporto Internacional de Guarulhos,
graduação Stricto Sensu ou Lato Sensu. Para frequentar uma instituição localizado na Região Metropolitana de São Paulo, é o maior e mais
de ensino superior, é obrigatório, pela Lei de Diretrizes e Bases da movimentado aeroporto do país, grande parte dessa movimentação
Educação, concluir todos os níveis de ensino adequados às necessida- deve-se ao tráfego comercial e popular do país e ao fato de que o aero-
des de todos os estudantes dos ensinos infantil, fundamental e médio, porto liga São Paulo a praticamente todas as grandes cidades de todo o
desde que o aluno não seja portador de nenhuma deficiência, seja mundo. O Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2 464 aeroportos
ela física, mental, visual ou auditiva. regionais.
Ciência e tecnologia O país possui uma extensa rede ferroviária de 28 857 km de exten-
A produção científica brasileira começou, efetivamente, nas primei- são, a décima maior rede do mundo.Atualmente, o governo brasileiro,
ras décadas do século XIX, quando a família real e a nobreza portugue- diferentemente do passado, procura incentivar esse meio de transporte;
sa, chefiadas pelo Príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro Rei um exemplo desse incentivo é o projeto do Trem de Alta Velocidade Rio-
Dom João VI), chegaram no Rio de Janeiro, fugindo da invasão do São Paulo, um trem-bala que vai ligar as duas principais metrópoles do
exército de Napoleão Bonaparte em Portugal, em 1807. Até então, o país. Há 37 grandes portos no Brasil, dentre os quais o maior é o Porto
Brasil era uma colônia portuguesa(ver colônia do Brasil), de Santos. O país também possui 50 000 km de hidrovias.
sem universidades e organizações científicas, em contraste com as ex- Saúde
colônias americanas do império espanhol, que apesar de terem uma
grande parte da população analfabeta, tinham um número considerável O sistema de saúde pública brasileiro, o Sistema Único de Saú-
de universidades desde o século XVI. de (SUS), é gerenciado e fornecido por todos os níveis do governo,
sendo o maior sistema do tipo do mundo. Já os sistemas de saúde
A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte realizada privada atendem um papel complementar. Os serviços de saúde públicos
em universidades públicas e institutos de pesquisa. Alguns dos mais são universais e oferecidos a todos os cidadãos do país de forma gratui-
notáveis pólos tecnológicos do Brasil são os institutos Oswaldo ta. No entanto, a construção e a manutenção de centros de saúde e
Cruz, Butantan, Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, Empresa hospitais são financiadas por impostos, sendo que o país gasta cerca de
Brasileira de Pesquisa Agropecuária e o INPE. 9% do seu PIB em despesas na área. Em 2009, o território brasileiro
O Brasil tem o mais avançado programa espacial da América Latina, tinha 1,72 médicos e 2,4 camas hospitalares para cada 1000 habitantes.
com recursos significativos para veículos de lançamento, e fabricação Apesar de todos os progressos realizados desde a criação do siste-
de satélites. Em 14 de outubro de 1997, a Agência Espacial Brasilei- ma universal de cuidados de saúde em 1988, ainda existem vários
ra assinou um acordo com a NASA para fornecer peças para a ISS. Este problemas de saúde pública no Brasil. Em 2006, os principais pontos a
acordo possibilitou ao Brasil treinar seu primeiro astronauta. Em 30 de serem resolvidos foram as taxas de altos de mortalidade infantil (2,51%)
março de 2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veículo Soyuz se trans- e materna (73,1 mortes por 1000 nascimentos). O número de mortes por
formou no primeiro astronauta brasileiro e o terceiro latino-americano a doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (151,7
orbitar nosso planeta. mortes por 100 000 habitantes) e câncer (72,7 mortes por 100 000 habi-
O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), de tantes) também têm um impacto considerável sobre a saúde da popula-
Resende, no estado do Rio de Janeiro, atende a demanda energética ção brasileira. Finalmente, os fatores externos, mas evitáveis, como
do país. Existem planos para a construção do primeiro submarino nucle- acidentes de carro, violência e suicídio causaram 14,9% de todas as
ar do país. O Brasil também é um dos três países da América Latina com mortes no país.
um laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de pesquisa Energia
da física, da química, das ciências dos materiais e da biologia. Segundo
o Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009–2010 do Fórum O Brasil é o décimo maior consumidor da energia do planeta e o ter-
Econômico Mundial, o Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial ceiro maior do hemisfério ocidental, atrás dos Estados Uni-
de tecnologia da informação. dos e Canadá. A matriz energética brasileira é baseada em fontes reno-
váveis, sobretudo a energia hidrelétrica e o etanol, além de fontes não-
O Brasil também tem um grande número de notáveis personalidades renováveis de energia, como o petróleo e o gás natural.
científicas e inventores das mais diversas áreas do conhecimento, como
os padres Bartolomeu de Gusmão, Roberto Landell de Mou- Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem trabalhado para criar
ra e Francisco João de Azevedo, Santos Dumont, Manuel Dias de uma alternativa viável à gasolina. Com o seu combustível à base
Abreu, César Lattes, Andreas Pavel, Nélio José Nicolai, Adolfo Lutz, Vital de cana-de-açúcar, a nação pode se tornar energicamente independente
Brasil, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Henrique da Rocha Lima, Mauricio neste momento. O Pró-álcool, que teve origem na década de 1970, em
Rocha e Silva e Euryclides Zerbini. resposta às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso
intermitente. Ainda assim, grande parte dos brasileiros utilizam os cha-
Transportes mados "veículos flex", que funcionam com etano ou gasolina, permitindo
Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilômetros, que o consumidor possa abastecer com a opção mais barata no momen-
sendo 96 353 km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são as to, muitas vezes o etanol.
principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasilei-
ro.

Atualidades 9
Os países com grande consumo de combustível como a Índia e O cinema brasileiro remonta ao nascimento da mídia no final
a China estão seguindo o progresso do Brasil nessa área. Além disso, do século XIX e ganhou um novo patamar de reconhecimento internacio-
países como o Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro para nal nos últimos anos.
ajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas no Protocolo
de Quioto. A música brasileira engloba vários estilos regionais influenciados por
formas africanas, europeias e ameríndias. Ela se desenvolveu em estilos
O Brasil possui a segunda maior reserva de petróleo bruto diferentes, entre eles, samba, música popular brasileira, música nativis-
na América do Sul e é um dos produtores de petróleo que mais aumenta- ta, música sertane-
ram sua produção nos últimos anos O país é um dos mais importantes ja, choro, axé,brega, forró, frevo, baião, lambada, maracatu, bossa
do mundo na produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total nova e rock brasileiro.
de geração de eletricidade, que corresponde a 90 mil megawatts, a
energia hídrica é responsável por 66.000 megawatts (74%). A energia Meio ambiente
nuclear representa cerca de 3% da matriz energética do Brasil. O Brasil A grande extensão territorial do Brasil abrange diferen-
pode se tornar uma potência mundial na produção de petróleo, com tes ecossistemas, como a Floresta Amazônica, reconhecida como tendo
grandes descobertas desse recurso nos últimos tempos na Bacia de a maior diversidade biológica do mundo, a Mata Atlântica e o Cerrado,
Santos. que sustentam também grande biodiversidade, sendo o Brasil reconheci-
Comunicação do como um país megadiverso. No sul, a Floresta de araucárias cresce
sob condições de clima temperado.
A imprensa brasileira tem seu início em 1808 com a chegada
da família real portuguesa ao Brasil, sendo até então proibida toda e A rica vida selvagem do Brasil reflete a variedade
qualquer atividade de imprensa — fosse a publicação de habitats naturais. Os cientistas estimam que o número total
de jornais ou livros. A imprensa brasileira nasceu oficialmente no Rio de de espécies vegetais e animais no Brasil seja de aproximadamente de
Janeiro em 13 de maio de 1808, com a criação da Impressão Régia, quatro milhões. Grandes mamíferos incluem pumas, onças,jaguatiricas,
hoje Imprensa Nacional, pelo príncipe-regente dom João. raros cachorros-vinagre, raposas, queixadas, antas, tamanduás, pregui-
ças, gambás e tatus. Veados são abundantes no sul e muitas espécies
A Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal publicado em território de platyrrhini são encontradas nas florestas tropicais do norte. A preocu-
nacional, começa a circular em 10 de setembro de 1808. Atualmente a pação com o meio ambiente tem crescido em resposta ao interesse
imprensa escrita consolidou-se como um meio de comunicação em mundial nas questões ambientais.
massa e produziu grandes jornais que hoje estão entre as maiores do
país e do mundo como a Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. O patrimônio natural do Brasil está seriamente ameaçado pe-
Paulo, e publicações das editoras Abril e Globo. la pecuária e agricultura, exploração madeireira, mineração, reassenta-
mento, extração de petróleo e gás, a sobre pesca, comércio de espécies
A radiodifusão surgiu em 7 de setembro de 1922, sendo a primei- selvagens, barragens e infraestrutura, contaminação da água, alterações
ra transmissão um discurso do então presidente Epitácio Pessoa, porém climáticas, fogo e espécies invasoras. Em muitas áreas do país, o ambi-
a instalação do rádio de fato ocorreu apenas em 20 de abril de 1923 com ente natural está ameaçado pelo desenvolvimento. A construção de
a criação da "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro". Na década de estradas em áreas de floresta, tais como a BR-230 e a BR-163, abriu
1930 começou a era comercial do rádio, com a permissão áreas anteriormente remotas para a agricultura e para o comércio; barra-
de comerciais na programação, trazendo a contratação de artistas e gens inundaram vales e habitats selvagens; e minas criaram cicatrizes na
desenvolvimento técnico para o setor. Com o surgimento das rádio- terra e poluíram a paisagem.
novelas e da popularização da programação, na década de 1940, come-
çou a chamada era de ouro do rádio brasileiro, que trouxe um impacto Sociedade
na sociedade brasileira semelhante ao que a televisão produz hoje. Com As bases da moderna sociedade brasileira remontam à revolução de
a criação da televisão o rádio passa por transformações, os programas 1930, marco referencial a partir do qual emerge e implanta-se o processo
de humor, os artistas, as novelas e os programas de auditório são substi- de modernização. Durante a República Velha (ou primeira república), o
tuídos por músicas e serviços de utilidade pública. Na década de Brasil era ainda o país essencialmente agrícola, em que predominava a
1960 surgiram as rádios FM's que trazem mais músicas para o ouvinte. monocultura. O processo de industrialização apenas começava, e o setor
A televisão no Brasil começou, oficialmente, em 18 de setem- de serviços era muito restrito. A chamada "aristocracia rural", formada
bro de 1950, trazida por Assis Chateaubriand que fundou o primei- pelos senhores de terras, estava unida à classe dos grandes comercian-
ro canal de televisão no país, a TV Tupi. Desde então a televisão cresceu tes. Como a urbanização era limitada e a industrialização, incipiente, a
no país, criando grandes redes como classe operária tinha pouca importância na caracterização da estrutura
a Globo, Record, SBT e Bandeirantes. Hoje, a televisão representa um social. A grande massa de trabalhadores pertencia à classe dos traba-
fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira. lhadores rurais. Somente nas grandes cidades, as classes médias, que
A televisão digital no Brasil teve início às 20h30min de 2 de dezem- galgavam postos importantes na administração estatal, passavam a ter
bro de 2007, inicialmente na cidade de São Paulo, pelo padrão japonês. um peso social mais significativo.

Cultura No plano político, o controle estatal ficava nas mãos da oligarquia ru-
ral e comercial, que decidia a sucessão presidencial na base de acordos
O núcleo de cultura é derivado da cultura portuguesa, por causa de de interesses regionais. A grande maioria do povo tinha uma participação
seus fortes laços com o império colonial português. Entre outras influên- insignificante no processo eleitoral e político. A essa estrutura social e
cias portuguesas encontram-se o idioma português, o catolicismo roma- política correspondia uma estrutura governamental extremamente des-
no e estilos arquitetônicos coloniais. A cultura, contudo, foi também centralizada, típica do modelo de domínio oligárquico.
fortemente influenciada por tradições e culturas africanas, indígenas
e europeias não-portuguesas. Alguns aspectos da cultura brasileira Durante a década de 1930 esse quadro foi sendo substituído por um
foram influenciadas pelas contribuições dos italianos, alemães e outros modelo centralizador, cujo controle ficava inteiramente nas mãos do
imigrantes europeus que chegaram em grande número nas regi- presidente da república. Tão logo assumiu o poder, Getúlio Vargas
ões Sul e Sudeste do Brasil. Os ameríndios influenciaram a língua e a baixou um decreto que lhe dava amplos poderes governamentais e até
culinária do país e os africanos influenciaram a língua, a culinária, a mesmo legislativos, o que abolia a função do Congresso e das assem-
música, a dança e a religião. bléias e câmaras municipais. Ao invés do presidente de província, tinha-
se a figura do interventor, diretamente nomeado pelo chefe do governo e
A arte brasileira tem sido desenvolvida, desde o século XVI, em dife- sob suas ordens. Essa tendência centralizadora adquiriu novo ímpeto
rentes estilos que variam do barroco (o estilo dominante no Brasil até o com o golpe de 1937. A partir daí, a União passou a dispor de muito mais
início do século XIX) para o romantismo, modernismo, expressionismo, força e autonomia em relação aos poderes estaduais e municipais. O
cubismo, surrealismo e abstracionismo. governo central ficou com competência exclusiva sobre vários itens,
como a decretação de impostos sobre exportações, renda e consumo de

Atualidades 10
qualquer natureza, nomear e demitir interventores e, por meio destes, os  Completo conjunto de unidades ecológicas que funcionam
prefeitos municipais, arrecadar taxas postais e telegráficas etc. Firmou-se como um sistema natural, mesmo com uma massiva interven-
assim a tendência oposta à estrutura antiga. ção humana e de outras espécies do planeta, incluindo toda avegeta-
ção, animais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos
Outra característica do processo foi o aumento progressivo da parti-
naturais que podem ocorrer em seus limites.
cipação das massas na atividade política, o que corresponde a uma
ideologização crescente da vida política. No entanto, essa participação  Recursos naturais e fenômenos físicos universais que não
era moldada por uma atitude populista, que na prática assegurava o possuem um limite claro, como ar,água, e clima, assim co-
controle das massas pelas elites dirigentes. Orientadas pelas manobras mo energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo, que não são
personalistas dos dirigentes políticos, as massas não puderam dispor de originados por atividades humanas.
autonomia e organização suficientes para que sua participação pudesse
determinar uma reorientação político-administrativa do governo, no Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambien-
sentido do atendimento de suas reivindicações. Getúlio Vargas personifi- te celebrada em Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente da
cou a típica liderança populista, seguida em ponto menor por João Gou- seguinte forma: "O meio ambiente é o conjunto de componentes físicos,
lart e Jânio Quadros. químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou
indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as ativida-
Sociedade moderna. O processo de modernização iniciou-se de for- des humanas."
ma mais significativa a partir da década de 1950. Os antecedentes
centralizadores e populistas condicionaram uma modernização pouco A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, estabeleci-
espontânea, marcadamente tutelada pelo estado. No espaço de três da pela Lei 6938 de 1981, define meio ambiente como "o conjunto de
décadas, a fisionomia social brasileira mudou radicalmente. Em 1950, condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
cerca de 55% da população brasileira vivia no campo, e apenas três biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas".
cidades tinham mais de 500.000 habitantes; na década de 1990, a situa- Composição
ção se alterara radicalmente: 75,5% da população vivia em cidades. A As ciências da Terra geralmente reconhecem quatro esferas,
industrialização e o fortalecimento do setor terciário haviam induzido uma a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera, correspondentes res-
crescente marcha migratória em dois sentidos: do campo para a cidade e pectivamente às rochas, água, ar e vida. Alguns cientistas incluem, como
do norte para o sul. Em termos de distribuição por setores, verifica-se parte das esferas da Terra, a criosfera (correspondendo ao gelo) como
uma forte queda relativa na força de trabalho empregada no setor primá- uma porção distinta da hidrosfera, assim como
rio. a pedosfera (correspondendo ao solo) como uma esfera ativa.
O segundo governo Vargas (1951-1954) e o governo Juscelino Ku- Ciências da Terra é um termo genérico para
bitschek (1956-1960) foram períodos de fixação da mentalidade desen- as ciências relacionadas ao planeta Terra. Há quatro discipli-
volvimentista, de feição nacionalista, intervencionista e estatizante. No nas principais nas ciências da Ter-
entanto, foram também períodos de intensificação dos investimentos ra: geografia, geologia, geofísica e geodésia. Essas disciplinas principais
estrangeiros e de participação do capital internacional. A partir do golpe usam física, química, biologia, cronologia e matemática para criar um
militar de 1964, estabeleceu-se uma quebra na tradição populista, embo- entendimento qualitativo e quantitativo para as áreas principais
ra o governo militar tenha continuado e até intensificado as funções ou esferas do "sistema da Terra".
centralizadoras já observadas, tanto na formação de capital quanto na
intermediação financeira, no comércio exterior e na regulamentação do Atividade geológica
funcionamento da iniciativa privada. As reformas institucionais no campo A crosta da Terra, ou litosfera, é a superfície sólida externa do plane-
tributário, monetário, cambial e administrativo levadas a efeito sobretudo ta e é química e mecanicamente diferente do manto do interior. A crosta
nos primeiros governos militares, ensejaram o ambiente propício ao tem sido gerada largamente pelo processo de criação das rochas ígneas,
crescimento e à configuração moderna da economia. Mas não se desen- no qual o magma (rocha derretida) se resfria e se solidifica para formar
volveu ao mesmo tempo uma vida política representativa, baseada em rocha sólida. Abaixo da litosfera se encontra o manto no qual é aquecido
instituições estáveis e consensuais. Ficou assim a sociedade brasileira pela desintegração dos elementos radioativos. O processo de convecção
marcada por um contraste entre uma economia complexa e uma socie- faz as placas da litosfera se moverem, mesmo lentamente. O processo
dade à mercê de um estado atrasado e autoritário. resultante é conhecido como tectonismo. Vulcões se formam primaria-
mente pelo derretimento do material da crosta da zona de subducção ou
Ao aproximar-se o final do século XX a sociedade brasileira apresen- pela ascensão do manto nas dorsais oceânicas e pluma mantélica.
tava um quadro agudo de contrastes e disparidades, que alimentavam
fortes tensões. O longo ciclo inflacionário, agravado pela recessão e pela Água na Terra
ineficiência e corrupção do aparelho estatal, aprofundou as desigualda- Oceanos
des sociais, o que provocou um substancial aumento do número de
miseráveis e gerou uma escalada sem precedentes da violência urbana e Um oceano é um grande corpo de água salina e um componente da
do crime organizado. O desânimo da sociedade diante dos sucessivos hidrosfera. Aproximadamente 71% da superfície da Terra (uma área de
fracassos dos planos de combate à inflação e de retomada do cresci- 361 milhões de quilômetros quadrados) é coberta pelo oceano,
mento econômico criavam um clima de desesperança. O quadro se um contínuo corpo de água que é geralmente dividido em vários oceanos
complicava com a carência quase absoluta nos setores públicos de principais e mares menores. Mais da metade dessa área está numa
educação e saúde, a deterioração do equipamento urbano e da malha profundidade maior que três mil metros. A salinidade oceânica média é
rodoviária e a situação quase falimentar do estado. ©Encyclopaedia por volta de 35 partes por milhar (ppt) (3,5%), e praticamente toda a água
Britannica do Brasil Publicações Ltda. do mar tem uma salinidade de 30 a 38 ppt. Apesar de geralmente reco-
nhecidos como vários oceanos 'separados', essas águas formam um
corpo global interconectado de água salina por vezes chamado
Meio Ambiente. de Oceano Global.[8][9] Esse conceito de oceano global como um corpo
contínuo de água com um intercâmbio relativamente livre entre suas
O meio ambiente[a], comumente chamado apenas de ambiente, partes é de fundamental importância para a oceanografia. As principais
envolve todas as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em divisões oceânicas são definidas em parte pelos continentes, vá-
alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. rios arquipélagos, e outros critérios: essas divisões são (em ordem
É o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutura de ordem decrescente de tamanho) o Oceano Pacífico, o Oceano Atlântico,
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as o Oceano Índico, o Oceano Antártico e o Oceano Ártico.
suas formas.
Rios
O conceito de meio ambiente pode ser identificado por seus compo-
Um rio é um curso de água natural, geralmente de água doce, fluin-
nentes:
do em direção a um oceano, lago, mar, ou outro rio. Em alguns poucos

Atualidades 11
casos, o rio simplesmente flui para o solo ou seca completamente antes A camada de ozônio da atmosfera terrestre possui um importante
de alcançar outro corpo de água. Rios pequenos podem ser conhecidos papel em reduzir a quantidade de radiação ultravioleta (UV) que atinge a
por vários outros nomes, incluindo córrego, angra e ribeiro. superfície. Como o DNA é facilmente danificado pela luz UV, isso serve
como proteção para a vida na superfície. A atmosfera também retém
Nos Estados Unidos um rio é classificado como tal se tiver mais de calor durante a noite, assim reduzindo os extremos de temperatura
dezoito metros de largura. A água do rio geralmente está em um canal, durante o dia.
formado por um leito entre bancos. Em rios mais largos há também
muitas zonas sujeitas a inundações formadas pelas águas Camadas atmosféricas
de enchente atingindo o canal. Essas zonas podem ser bem largas em
relação ao tamanho do canal do rio. Rios são parte do ciclo da água. A Principais camadas
água do rio é geralmente coletada da precipitação através da bacia A atmosfera terrestre pode ser dividida em cinco camadas principais.
hidrográfica e por reabastecimento da água subterrânea, nascentes e Essas camadas são determinadas principalmente pelo aumento ou
liberação da água armazenada nas geleiras e coberturas de neve. redução da temperatura de acordo com a altura. Da mais alta a mais
Córrego baixa, essas camadas são:

Um córrego é um corpo de água fluindo com uma corrente, confina-  Exosfera


do entre um berço e bancos. Em alguns países ou comunidades, um  Termosfera
córrego pode ser definido por seu tamanho. Nos Estados Unidos um  Mesosfera
córrego é classificado como um curso de água com menos que dezoito  Estratosfera
metros de largura. Córregos são importantes corredores que conec-  Troposfera
tam habitats fragmentados e assim conservam a biodiversidade. O Outras camadas
estudo de córregos e caminhos de água em geral é conhecido como  Ozonosfera
hidrologia de superfície. Os córregos incluem angras, os afluentes que  Ionosfera
não alcançam um oceano e não se conectam com um outro córrego ou  Homosfera e heterosfera
rio, e os ribeiros que são pequenos córregos geralmente originários de  Camada limite atmosférica
uma nascente ou escoam para o mar.
Efeitos do aquecimento global
O lago (do latin lacus) é um acidente geográfico, um corpo de água
que está localizado no fundo de uma depressão. O corpo de água é O aquecimento global está sendo estudado por um grande consórcio
considerado um lago quando está cercado por terra, não faz parte de um global de cientistas, que estão cada vez mais preocupados com os seus
oceano, é mais largo e mais profundo que uma lagoa e é alimentado por efeitos potenciais a longo prazo em nosso ambiente natural e no planeta.
um rio. De especial preocupação é como a mudança climática e o aquecimento
global causados por fatores antropogênicos, como a liberação de gases
Lagos naturais da Terra são geralmente encontrados em á- do efeito estufa, mais notavelmente o dióxido de carbono, podem intera-
reas montanhosas, riftes, e áreas com glaciação em andamento ou gir e ter efeitos adversos sobre o planeta, seu ambiente natural e a
recente. Outros lagos são encontrados em bacias endorreicas ou ao existência humana. Esforços têm sido focados na mitigação dos efeitos
longo do curso de rios maduros. Em algumas partes do mundo, há dos gases de estufa, que estão causando mudanças climáticas, e no
muitos lagos por causa do caótico padrão de drenagem deixado pela desenvolvimento de estratégias de adaptação para o aquecimento glo-
última Era do Gelo. Todos os lagos são temporários em relação a esca- bal, para ajudar homens, espécies de animais e plantas, ecossistemas,
las geológicas de tempo, pois eles são lentamente preenchidos com regiões enações a se adequarem aos efeitos deste fenômeno. Alguns
sedimentos ou são liberados da bacia que os contém. exemplos de colaboração recente em relação a mudança climática e
aquecimento global incluem:
Lagoa
Uma lagoa é um corpo de água estagnada, natural ou criada pelo
 O tratado e convenção da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima sobre Mudança Climática, para esta-
homem, que é geralmente menor que um lago. Uma grande variedade de
bilizar as concentrações de gases estufa na atmosfera em um nível que
corpos de água feitos pelo homem podem ser classificados como lagoas,
iria prevenir uma perigosa interferência antropogênica no sistema climáti-
incluindo jardins de água criados para ornamentação estética, lagoas de
co.
pesca criadas para reprodução comercial de peixes, e lagoas sola-
res criadas para armazenar energia térmica. Lagoas e lagos podem se  O Protocolo de Quioto, que é o acordo internacional com o ob-
diferenciar de córregos pela velocidade da corrente. Enquanto a corrente jetivo de reduzir os gases de estufa, em um esforço de prevenir mudan-
de córregos são facilmente observadas, lagos e lagoas possuem micro- ças climáticas antropogênicas.
correntes guiadas termicamente e correntes moderadas criadas pelo
vento.  A Iniciativa Climática Ocidental, para identificar, avaliar, e im-
plementar meios coletivos e cooperativos para reduzir os gases de
Atmosfera, clima e tempo estufa, se focando em um sistema de mercado de captação-e-troca.
A atmosfera da Terra serve como um fator principal para sustentar o Um desafio significante é identificar as dinâmicas do ambiente natu-
ecossistema planetário. A fina camada de gases que envolve a Terra é ral em contraste com as mudanças ambientais que não fazem parte das
mantida no lugar pela gravidade do planeta. O ar seco consiste em 78% variações naturais. Uma solução comum é adaptar uma visão estática
de nitrogênio, 21% oxigênio, 1% árgon e outros gases inertes como que negligencia a existência de variações naturais. Metodologicamente,
o dióxido de carbono. Os gases restantes são geralmente referenciados essa visão pode ser defendida quando olhamos processos que mudam
como "trace gases", entre os quais se encontram os gases do efeito lentamente e séries de curto prazo, apesar do problema aparecer quando
estufa como o vapor d'água, dióxido de carbono, metano, óxido nitro- processos rápidos se tornam essenciais no objeto de estudo.
so e ozônio. O ar filtrado inclui pequenas quantidades de muitos ou-
tros compostos químicos. O ar também contém uma quantidade variável Clima
de vapor d'água e suspensões de gotas de água e cristais de gelo vistos O clima incorpora as estatísticas de temperatura, umidade, pressão
como nuvens. Muitas substâncias naturais podem estar presentes em atmosférica, vento, chuva, contagem de partículas atmosféricas e muitos
quantidades mínimas em amostras de ar não filtrado, incluin- outros elementos meteorológicos em uma dada região por um longo
do poeira, pólen e esporos, maresia, cinzas vulcânicas e meteoroide. período de tempo. O clima pode se opor ao tempo, na medida em que
Vários poluentes industriais também podem estar presentes, co- esse é a condição atual dos mesmos elementos em períodos de no
mo cloro (elementar ou em compostos), compostos de flúor, mercúrio na máximo duas semanas.
forma elementar, e compostos de enxofre como o dióxido de enxo-
fre [SO²]. O clima de um local é afetado pela sua latitude, terreno, altitude, co-
bertura de gelo ou neve, assim como corpos de água próximos e suas

Atualidades 12
correntezas. O clima pode ser classificado de acordo com o valor média funcionando em conjunto com todos os fatores físicos não-vivos (abióti-
e típico de diferentes variáveis, as mais comuns sendo temperatura e cos) do ambiente.[25]
precipitação. O método mais usado de classificação foi desenvolvido
originalmente por Wladimir Köppen. O sistema Thornthwaite, em uso Um conceito central do ecossistema é a ideia de que
desde 1948, incorpora evapotranspiração em adição à informação sobre os organismos vivos estão continuamente empenhados em um conjunto
temperatura e precipitação e é usado para estudar no estudo da diversi- altamente interrelacionado de relacionamentos com cada um dos outros
dade de espécies animais e os impactos potenciais das mudanças elementos constituindo o ambiente no qual eles existem. Eugene Odum,
climáticas. Os sistemas de classificação de Bergeron e o Spatial Synoptic um dos fundadores da ciência da ecologia, afirmou: "Any unit that in-
Classification se focam na origem de massas de ar definindo o clima em cludes all of the organisms (ie: the "community") in a given area interact-
certas áreas. ing with the physical environment so that a flow of energy leads to clearly
defined trophic structure, biotic diversity, and material cycles (ie: ex-
Tempo change of materials between living and nonliving parts) within the system
is an ecosystem."[26]
Tempo é o conjunto de fenômenos ocorrendo em uma da-
da atmosfera em um certo tempo. A maioria dos fenômenos de tempo O conceito humano de ecossistema é baseado na desconstrução
ocorrem na troposfera,[18][19] logo abaixo da estratosfera. O tempo se da dicotomia homem / natureza, e na promessa emergente que todas as
refere, geralmente, a temperatura e atividade de precipitação no dia-a- espécies são ecologicamente integradas com as outras, assim como os
dia, enquanto o clima é um tempo para as condição atmosférica média constituintes abióticos de seu biótipo.
em um longo período de tempo.[20] Quando usado sem qualificação,
"tempo" é entendido como o tempo da Terra. Um maior número ou variedade de espécies ou diversidade biológi-
ca de um ecossistema pode contribuir para uma maior resiliência do
O tempo ocorre pela diferença de densidade (temperatura e mistura) ecossistema, porque há mais espécies presentes no local para responder
entre um local e outro. Essa diferença pode ocorrer por causa do ângulo a mudanças e assim "absorver" ou reduzir seus efeitos. Isso reduz o
do sol em um local específico, que varia de acordo com a latitude dos efeito antes da estrutura do ecossistema mudar para um estado diferen-
trópicos. O forte contraste de temperaturas entre o ar polar e tropical dá te. Esse não é sempre o caso e não há nenhuma prova da relação entre
origem a correntes de ar. Sistemas de temperatura em altitudes media- a diversidade de espécies em um ecossistema e sua habilidade para
nas, como ciclones extratropicais, são causados pela instabilidade no prover um benefício a nível de sustentabilidade. Florestas tropi-
fluxo das correntes de ar. Como o eixo da Terra é inclinado relativo ao cais úmidas produzem muito pouco benefício e são extremamente vulne-
seu plano de órbita, a luz solar incide em diferentes ângulos em diferen- ráveis a mudança, enquanto florestas temperadas rapidamente crescem
tes épocas do ano. Na superfície da terra, a temperatura normalmente de volta para seu estado anterior de desenvolvimento dentro de
varia de ±40 °C anualmente. Ao passar de milhares de anos, mudanças um lifetiome após cair ou a floresta pegar fogo.[carece de fon-
na órbita da Terra afetou a quantidade e distribuição de energia solar tes?]Algumas pradarias tem sido exploradas sustentavelmente por
recebida pela Terra e influenciou o clima a longo prazo. milhares de anos (Mongólia, turfa européia,
e mooreland communities).[carece de fontes?]
A temperatura da superfície difere, por sua vez, por causa de dife-
rença de pressão. Altas altitudes são mais frias que as mais baixas por O termo ecossistema pode também ser usado para ambientes cria-
causa da diferença na compressão do calor. A previsão do tempo é uma dos pelo homem, como ecossistemas humanos e ecossistemas influen-
aplicação da ciência e tecnologia para predizer o estado da atmosfera da ciados pelo homem, e pode descrever qualquer situação na qual há uma
Terra em uma determinada hora e lugar. A atmosfera da Terra é relação entre os organismos vivos e seu ambiente. Atualmente, existem
um sistema caótico, então pequenas mudanças em uma parte do siste- poucas áreas na superfície da terra livres de contato humano, apesar de
ma podem causar grandes efeitos no sistema como um todo. Os homens algumas áreas genuinamente wilderness continuem a existir sem qual-
tem tentado controlar o clima ao longo da história, e há evidências que quer forma de intervenção humana.
atividades humanas como agricultura e indústria tenham inadvertidamen-
te modificado os padrões climáticos. Biomas

Vida Bioma é, terminologicamente, similar ao conceito de ecossistemas, e


são áreas na Terra climática e geograficamente definidas com condições
As evidências sugerem que a vida na Terra tenha existido a 3.7 bi- climáticas ecologicamente similares, como uma comunidades de plan-
lhões de anos. Todas as formas de vida compartilham mecanismos tas, animais e organismos do solo, geralmente referidos como ecossis-
moleculares fundamentais, e baseando-se nessas observações, teorias temas. Biomas são definidos na base de fatores como estrutura das
sobre a origem da vida tem tentado encontrar um mecanismo explicando plantas (como árvores, arbustos e grama), tipo de folha (co-
a formação do organismo de célula única primordial de onde toda a vida mo broadleaf eneedleleaf), e clima. Ao contrário das ecozonas, biomas
se originou. Há muitas hipóteses diferentes sobre o caminho que pode não são definidos pela genética, taxonomia, ou similaridades históricas.
ter levado uma simples molécula orgânica, passando por vida pré-celular, biomas são normalmente identificados com padrões particulares
até protocelular e metabolismo. de sucessão ecológicae vegetação clímax.
Na biologia, a ciência dos organismos vivos, "vida" é a condição que Ciclos biogeoquímicos
distingue organismos ativos da matéria inorgânica, incluindo a capacida-
de de crescimento, atividade funcional e a mudança contínua preceden- Um ciclo biogeoquímico é o percurso realizado no meio ambiente por
do a morte. Um diverso conjunto de organismos vivos (formas de vida) um elemento químico essencial à vida. Ao longo do ciclo, cada elemento
pode ser encontrado na biosfera da Terra, e as propriedades comuns a é absorvido e reciclado por componentes bióticos (seres vivos)
esses organismos - e abióticos (ar, água, solo) da biosfera e, às vezes, pode se acumular
plantas, animais, fungos, protistas, archaea e bactéria - são formas durante um longo período de tempo em um mesmo lugar. É por meio dos
celulares baseadas em carbono e água com uma complexa organiza- ciclos biogeoquímicos que os elementos químicos e compostos quími-
ção e informações genéticas hereditárias. Organismos vivos passam cos são transferidos entre os organismos e entre diferentes partes
por metabolismo, mantém homeostase, possuem a capacidade do planeta.
de crescimento, responder a estímulo, reprodução e, através da seleção Os mais importantes são os ciclos
natural, se adaptar ao seu ambiente em sucessivas gera- da água, oxigênio, carbono, nitrogênio e fósforo.[27]
ções.Organismos de vida mais complexa podem se comunicar através
de vários meios.  O ciclo do nitrogênio é a transformação dos compostos contendo
nitrogênio na natureza.
Ecossistema
 O ciclo da água, é o contínuo movimento da água na, sobre e
Um ecossistema é uma unidade natural consistindo de todas as abaixo da superfície da Terra. A água pode mudar de estado entre
plantas, animais e micro-organismos (fatores bióticos) em uma área líquido, vapor e gelo em suas várias etapas.

Atualidades 13
 O ciclo do carbono é o ciclo biogeoquímico no qual o carbono é «meio pau, meio tijolo». Portanto, na expressão, a palavra meio é desne-
passado entre a biosfera, pedosfera, geosfera, hidrosfera e a atmosfera. cessária ou, no mínimo, expletiva. É, contudo, muito difundida a forma e
aceita sem maiores questionamentos, mormente no Brasil, onde pouco
 O ciclo do oxigênio é o movimento do oxigênio dentro e entre os se lê.
três maiores reservatórios: a atmosfera, a biosfera e a litosfera. O princi-
pal fator do ciclo do oxigênio é a fotossíntese, que é responsável pela O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
composição atmosférica e pela vida na Terra.
Nesta parte, vamos examinar as relações do desenvolvimento sócio-
 O ciclo do fósforo é o movimento do fósforo pela litosfera, hidros- econômico com a chamada questão ambiental.
fera e biosfera. A atmosfera não possui um papel significativo no movi- Nos países “subdesenvolvidos industrializados”, onde se vive
mento do fósforo porque o fósforo e componentes fosfóricos são nor- uma crise sócio-econômica de grande profundidade, que relações
malmente sólidos nos níveis mais comuns de temperatura e pressão na existiriam entre crise, desenvolvimento e meio ambiente?
Terra.
Não são relações harmoniosas, já que numa sociedade moderna as
Ciclos biogeoquímicos idéias de necessidade de desenvolvimento econômico sempre aparece-
Desafios ram como incompatíveis com a “preservação” da natureza.
O ambientalismo é um largo movimento político, social, Mas é possível que os conhecimentos sob domínio humano permi-
e filosófico que advoca várias ações e políticas com interesse de prote- tam compatibilizar modelos de desenvolvimento econômico e formas de
ger a natureza que resta no ambiente natural, ou restaurar ou expandir o uso preservacionista da natureza, obtendo-se desse fato extraordinários
papel da natureza nesse ambiente. avanços para todos os povos.
Objetivos geralmente expressos por cientistas ambientais incluem: Assim, podemos pressionar para que o patrimônio ambiental herda-
do do passado seja transferido às gerações futuras em melhores condi-
ções. Ampliando-se o conhecimento científico dos ecossistemas naturais,
viabiliza-se um aproveitamento e uma conservação racionais, de modo a
garantir uma base material superior para a sobrevivência e bem-estar da
humanidade e do planeta.

Os movimentos de defesa do meio ambiente

Consideram-se os anos 70 como o marco da tomada de consciência


quanto aos problemas ambientais. Nessa época apareceram muitos
movimentos sociais para combater a degradação ambiental. Grande
parte deles eram desdobramentos dos movimentos pacifistas que se
constituíram nos anos 60.
Os movimentos pacifistas, colocando-se contra a ameaça de des-
truição potencial do planeta, rapidamente incorporaram as bandeiras
ecológicas, ampliando o espectro de sua atuação. O melhor exemplo é o
Greenpeace (Paz Verde), formado originalmente por ex-soldados ameri-
 Redução e limpeza da poluição, com metas futuras de poluição canos e canadenses. Tornou-se célebre por atitudes como impedir ações
zero; de governos ou empresas prejudiciais ao ser humano e ao ambiente
natural, tais como a pesca da baleia, os testes nucleares e o transporte
 Reduzir o consumo pela sociedade dos combustíveis não-
irresponsável de substâncias tóxicas. Hoje é uma organização mundial.
renováveis;
Com um nível mais elaborado de atuação, muitos desses movimen-
 Desenvolvimento de fontes de energia alternativas, verdes, com tos vão combater as práticas consumistas nas economias desenvolvidas
pouco carbono ou de energia renovável;
e defender modelos alternativos de vida social e econômica.
 Conservação e uso sustentável dos escarsos recursos naturais A pressão política desses movimentos e o agravamento da situação
como água, terra e ar; dos recursos naturais no planeta levaram a ONU, em 1972, a organizar a
 Proteção de ecossistemas representativos ou únicos; I Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
Estocolmo, na Suécia. Era uma conferência oficial, com representantes
 Preservação de espécie em perigo ou ameaçadas de extinção; de Estado (mais de 100 países), o que não impediu que paralelamente
comparecessem ao evento cerca de 250 organizações não governamen-
 O estabelecimento de reservas naturais e biosferas sob diversos
tais (ONGs).
tipos de proteção; e, mais geralmente, a proteção da biodiversidade e
ecossistemas nos quais todos os homens e outras vidas na Terra depen-
dem. A Conferência de Estocolmo de 1972
Grandiosos projetos de desenvolvimento - megaprojetos - colocam
desafios e riscos especiais para o ambiente natural. Grandes represas e A Declaração oficial de Estocolmo alinhou mais de vinte princípios
centrais energéticas são alguns dos casos a citar. O desafio para o orientadores para as políticas nacionais ambientais. Vejamos os princi-
ambiente com esses projetos está aumentando porque mais e maiores pais: o direito a um ambiente sadio e equilibrado e à justiça social; a
megaprojetos estão sendo construídos, em nações desenvolvidas e em importância do planejamento ambiental; os riscos dos altos níveis de
desenvolvimento. urbanização; a busca de fontes alternativas e limpas de energia; o uso
dos conhecimentos científicos e da tecnologia para resolver problemas
Notas ambientais; e o papel relevante da educação ambiental.
[a] ^ A expressão «meio ambiente» é pleonástica, no sentido de se A posição do Brasil tornou-se muito conhecida na época. Nosso re-
falar do ambiente natural, do meio natural. Isto é, uma ou outra palavra já presentante, o general Costa Cavalcanti, declarou que “a pior poluição é
seria suficiente para dar sentido ao texto. Ainda, a palavra «meio», a a da miséria”. Alegava que no Brasil não haveria condições de dispender
despeito de seu uso como nome, adquire outras funções (adjeti- recursos para a preservação sem antes resolver problemas sociais. Os
vo ou advérbio) quando junta a um outro substantivo ou posição na frase jornais europeus da época receberam informes publicitários do governo
quer significar a metade ou fração desse. Por exemplo, o adágio popular brasileiro convidando empresas poluidoras para aqui se instalar.

Atualidades 14
Dessa conferência até hoje, produziram-se inúmeros estudos e do- Ecologia humana.
cumentos envolvendo técnicos da ONU e de diversos países. Os mais
conhecidos são o Estratégia mundial para a conservação e o Nosso "Estudo científico das relações entre os homens e seu meio ambien-
futuro comum, o primeiro de 1980 e o segundo de 1987. te, isto é, as condições naturais, interações e variações, em todos os
aspectos quantitativos e qualitativos" (SAHOP, 1978).
Foi nesse contexto que surgiu a idéia de desenvolvimento “ecologi-
camente” sustentável. As entidades não governamentais e os “militantes Ecologia urbana.
ambientalistas” de modo geral nunca simpatizaram muito com essa "Estudo científico das relações biológicas, culturais e econômicas
expressão. Alegam que o termo desenvolvimento refere-se ao desenvol- entre o homem e o meio ambiente urbano, que se estabelecem em
vimento capitalista, que, por natureza, é incompatível com o uso equili- função das características particulares dos mesmos e das transforma-
brado dos recursos. ções que o homem exerce através da urbanização"(SAHOP, 1978).
Diversos setores econômicos também viam na idéia de desenvolvi- ECOSSISTEMA
mento “ecologicamente” sustentável nada mais do que um discurso para
aplacar a ira dos jovens ambientalistas. Sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos os fatores físi-
cos e biológicos (elementos bióticos e abióticos) do ambiente e suas
ECOLOGIA interações. o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura
O termo "Ecologia" foi criado por Haeckel (1834-1919) em 1869, em trófica claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses
seu livro "Generelle Morphologie des Organismen", para designar "o fatores.
estudo das relações de um organismo com seu ambiente inorgânico ou A biocenose e seu biótopo constituem dois elementos inseparáveis
orgânico, em particular o estudo das relações do tipo positivo ou amisto- que reagem um sobre o outro para produzir um sistema mais ou menos
so e do tipo negativo (inimigos) com as plantas e animais com que apa- estável que recebe o nome de ecossistema (Tansley, 1935)...O ecossis-
rece pela primeira vez em Pontes de Miranda, 1924, "Introdução à Políti- tema é a unidade funcional de base em ecologia, porque inclui, ao mes-
ca Científica". O conceito original evoluiu até o presente no sentido de mo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as interações
designar uma ciência, parte da Biologia, e uma área específica do co- recíprocas entre o meio e os organismos" (Daioz, 1973).
nhecimento humano que tratam do estudo das relações dos organismos
uns com os outros e com todos os demais fatores naturais e sociais que "Os vegetais, animais e microorganismos que vivem numa região e
compreendem seu ambiente. constituem uma comunidade biológica estão ligados entre si por uma
intrincada rede de relações que inclui o ambiente tísico em que existem
"Em sentido literal, a Ecologia é a ciência ou o estudo dos organis- estes organismos. Estes componentes físicos e biológicos interdepen-
mos em sua casa, isto é, em seu meio... define-se como o estudo das dentes formam o que os biólogos designam com o nome de ecossiste-
relações dos organismos, ou grupos de organismos, com seu meio... ma"(Ehrlich & Ehrlich 1974).
Está em maior consonância com a conceituação moderna definir Ecolo-
gia como estudo da estrutura e da função da natureza, entendendo-se "E o espaço limitado onde a ciclagem de recursos através de um ou
que o homem dela faz parte" (Odum, 1972). vários níveis tróficos é feita por agentes mais ou menos fixos, utilizando
simultânea e sucessivamente processos mutuamente compatíveis que
"Deriva-se do grego oikos, que significa lugar onde se vive ou hábi- geram produtos utilizáveis a curto ou longo prazo" (Dansereau, 1978).
tat... Ecologia é a ciência que estuda dinâmica dos ecossistemas... é a
disciplina que estuda os processos, interações e a dinâmica de todos os "É um sistema aberto integrado por todos os organismos vivos
seres vivos com cada um dos demais, incluindo os aspectos econômicos, (compreendido o homem) e os elementos não viventes de um setor
sociais, culturais e psicológicos peculiares ao homem...é um estudo ambiental definido no tempo e no espaço, cujas propriedades globais de
interdisciplinar e interativo que deve, por sua própria natureza, sintetizar funcionamento (fluxo de energia e ciclagem de matéria) e auto-regulação
informação e conhecimento da maioria, senão de todos os demais cam- (controle) derivam das relações entre todos os seus componentes,. tanto
pos do saber... Ecologia não é meio ambiente. Ecologia não é o lugar pertencentes aos sistemas naturais, quanto os criados ou modificados
onde se vive. Ecologia não é um descontentamento emocional com os pelo homem" (Hurtubia, 1980).
aspectos industriais e tecnológicos da sociedade moderna" (Wickersham "Sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações de
et alii, 1975). elementos bióticos e abióticos, seu tamanho pode variar consideravel-
"É a ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e mente" (USDT. 1980).
as interações, de qualquer natureza, existentes entre esses seres vivos e "A comunidade total de organismos, junto com o ambiente físico e
seu meio"(Dajoz, 1973). químico no qual vivem se denomina ecossistema. que é a unidade funci-
"Ciência das relações dos seres vivos com o seu meio... Termo usa- onal da ecologia" (Beron, 1981 ).
do frequente e erradamente para designar o meio ou o ambien- ECODESENVOLVIMENTO
te"(Dansereau, 1978).
"O ecodesenvolvimento se define como um processo criativo de
"...o ramo da ciência concernente à inter-relação dos organismos e transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente pruden-
seus ambientes, manifestada em especial por: ciclos e ritmos naturais; tes, concebidas em função das potencialidades deste meio, impedindo o
desenvolvimento e estrutura das comunidades; distribuição geográfica; desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes
interações dos diferentes tipos de organismos; alterações de população; sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os mem-
o modelo ou a totalidade das relações entre os organismos e seu ambi- bros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contes-
ente" (Webster`s, 1976). tos culturais.
"Parte da Biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o As estratégias do ecodesenvolvimento serão múltiplas e só poderão
meio ou ambiente em que vivem, bem como suas recíprocas influências. ser concebidas a partir de um espaço endógeno das populações consi-
Ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolviment- deradas.
to das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e
sua consequente adaptação a ele, assim como os novos aspectos que Promover o ecodesenvolvimento é, no essencial, ajudar as popula-
os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam ções envolvidas a se organizar a se educar, para que elas repensem
acarretar para as condições de vida do homem" (Ferreira, 1975). seus problemas, identifiquem as suas necessidades e os recursos poten-
ciais para conceber e realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os
"Disciplina biológica que lida com o estudo das interrelações dinâmi- postulados de Justiça social e prudência ecológica" (Sachs, 1976). "Um
cas dos componentes bióticos e abióticos do meio ambiente"(USDT, estilo ou modelo para o desenvolvimento de cada ecossistema, que,
1980). além dos aspectos gerais, considera de maneira particular os dados
ecológicos e culturais do próprio ecossistema pana otimizar seu aprovei-

Atualidades 15
tamento, evitando a degradação do meio ambiente e as ações degrada- tecnologias não são normalmente produtos exclusivos da ciência, porque
doras"... E uma técnica de planejamento que busca articular dois objeti- elas devem satisfazer os requisitos de utilidade, usabilidade e segurança.
vos: por um lado, objetivo do desenvolvimento, a melhoria da qualidade
de vida através do incremento da produtividade, por outro, o objetivo de Engenharia é o processo goal-oriented de desenhar e criar ferramen-
manter em equilíbrio o ecossistema onde se realizam essas atividades" tas e sistemas para aproveitar fenômenos naturais para usos práticos
(SAHOP, 1978). humanos, normalmente (mas nem sempre) usando resultados e técnicas
da ciência. O desenvolvimento da tecnologia pode se aproveitar de
"É uma forma de desenvolvimento econômico e social. em cujo pla- muitos campos do conhecimento, incluindo o conhecimento científico,
nejamento se deve considerar a variável meio ambiente" (Strong, apud engenharia, matemático, linguístico, e histórico, para alcançar resultados
Hurtubia, 1980). práticos.
"Uma forma de desenvolvimento planejado que otimiza o uso dos re- A tecnologia é normalmente a consequência da ciência e da enge-
cursos disponíveis num lugar, dentro das restrições ambientais locais" nharia - apesar da tecnologia como uma atividade humana preceder os
(Munn, 1979). dois campos. Por exemplo, a ciência pode estudar o fluxo
de elétrons em condutores elétricos, ao usar ferramentas e conhecimen-
Tecnologia tos já existentes. Esse conhecimento recém-adquirido pode então ser
Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — usado por engenheiros para criar novas ferramentas e máquinas, co-
"estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e mo semicondutores, computadores, e outras formas de tecnologia avan-
as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de çada. Nesse sentido, tanto cientistas como engenheiros podem ser
tal conhecimento. Dependendo do contexto, a tecnologia pode ser: considerados tecnologistas; os três campos são normalmente considera-
dos como um para o propósito de pesquisa e referência. Esta relação
 As ferramentas e as máquinas que ajudam a resolver problemas; próxima entre ciência e tecnologia contribui decisivamente para a cres-
 As técnicas, conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas e cente especialização dos ramos científicos. Por exemplo, a física se
processos usados para resolver problemas ou ao menos facilitar a solu- dividiu em diversos outros ramos menores como a acústica e
a mecânica, e estes ramos por sua vez sofreram sucessivas divisões. O
ção dos mesmos;
resultado é o surgimento de ramos científicos bem específicos e especi-
 Um método ou processo de construção e trabalho (tal como almente destinados ao aperfeiçoamento da tecnologia, de acordo com
a tecnologia de manufatura, a tecnologia de infra-estrutura ou este quesito podemos citar a aerodinâmica, a geotecnia, a hidrodinâmica,
a tecnologia espacial); a petrologia e a terramecânica.
 A aplicação de recursos para a resolução de problemas; Especificamente, a relação entre ciência e tecnologia tem sido deba-
tida por cientistas, historiadores, e políticos no final do século XX, em
 O termo tecnologia também pode ser usado para descrever o ní- parte porque o debate pode definir o financiamento da ciência básica e
vel de conhecimento científico, matemático e técnico de uma determina- aplicada. No início da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, nos Esta-
da cultura; dos Unidos era amplamente considerado que a tecnologia era simples-
 Na economia, a tecnologia é o estado atual de nosso conheci- mente "ciência aplicada" e que financiar ciência básica era colher resul-
mento de como combinar recursos para produzir produtos desejados (e tados tecnológicos no seu devido tempo. Uma articulação dessa filosofia
nosso conhecimento do que pode ser produzido). pode ser encontrada explicitamente no tratado de Vannevar Bush na
política científica do pós-guerra, Ciência - A Fronteira Sem Fim: "Novos
 Os recursos e como utilizá-los para se atingir a um determinado produtos, novos produtos, e cada vez mais o trabalho requer um contí-
objetivo, para se fazer algo, que pode ser a solução ou minimização de nuo aumento do conhecimento das leis da natureza ... Esse novo conhe-
um problema ou a geração de uma oportunidade, por exemplo. cimento essencial pode ser obtido apenas através de pesquisa científica
básica." No final da década de 1960, entretanto, essa visão sofreu um
A tecnologia é, de uma forma geral, o encontro entre ciência ataque direto, tendendo a iniciativas que financiam ciência para ativida-
e engenharia. Sendo um termo que inclui desde as ferramentas e pro- des específicas (iniciativas resistidas pela comunidade científica). A
cessos simples, tais como uma colher de madeira e a fermentação da questão permanece - apesar da maioria dos analistas resistirem ao
uva, até as ferramentas e processos mais complexos já criados pelo ser modelo de que a tecnologia é simplesmente o resultado da pesquisa
humano, tal como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da científica.
água do mar. Frequentemente, a tecnologia entra em conflito com algu-
mas preocupações naturais de nossa sociedade, como o desemprego, a
poluição e outras muitas questões ecológicas, assim co-
História da tecnologia
mo filosóficas e sociológicas, já que tecnologia pode ser vista como uma
atividade que forma ou modifica a cultura. A história da tecnologia é quase tão antiga quanto a história da hu-
manidade, e se segue desde quando os seres humanos começaram a
Tecnologia e economia
usar ferramentas de caça e de proteção. A história da tecnologia tem,
Existe um equilíbrio grande entre as vantagens e as desvantagens consequentemente, embutida a cronologia do uso dos recursos naturais,
que o avanço da tecnologia traz para a sociedade. A principal vantagem porque, para serem criadas, todas as ferramentas necessitaram, antes
é refletida na produção industrial: a tecnologia torna a produção mais de qualquer coisa, do uso de um recurso natural adequado. A história da
rápida e maior e, sendo assim, o resultado final é um produto mais barato tecnologia segue uma progressão das ferramentas simples e das fontes
e com maior qualidade. de energia simples às ferramentas complexas e das fontes de energia
complexas, como segue:
As desvantagens que a tecnologia traz são de tal forma preocupan-
tes que quase superam as vantagens, uma delas é a poluição que, se As tecnologias mais antigas converteram recursos naturais em fer-
não for controlada a tempo, evolui para um quadro irreversível. Outra ramentas simples. Os processos mais antigos, tais como arte rupestre e
desvantagem é quanto ao desemprego gerado pelo uso intensivo das a raspagem das pedras, e as ferramentas mais antigas, tais como
máquinas na indústria, na agricultura e no comércio. A este tipo de a pedra lascada e a roda, são meios simples para a conversão de mate-
desemprego, no qual o trabalho do homem é substituído pelo trabalho riais brutos e "crus" em produtos úteis. Os antropólogos descobriram
das máquinas, denominado desemprego estrutural. muitas casas e ferramentas humanas feitas diretamente a partir dos
recursos naturais.
Ciência, engenharia e tecnologia
A descoberta e o consequente uso do fogo foi um ponto chave na
A distinção entre ciência, engenharia e tecnologia não é sempre cla- evolução tecnológica do homem, permitindo um melhor aproveitamento
ra. Ciência é a investigação ou estudo racional de fenômenos, com o dos alimentos e o aproveitamento dos recursos naturais que necessitam
objetivo de descobrir seus princípios entre os elementos do mun- do calor para serem úteis. A madeira e o carvão de lenha estão entre os
do fenomenal ao aplicar técnicas formais como o método científico. As

Atualidades 16
primeiros materiais usados como combustível. A madeira, a argila e a combustão, classificáveis entre as fontes térmicas, e nas quais substân-
rocha (tal como a pedra calcária) estavam entre os materiais mais adian- cias se queimam ao entrar em contato com o oxigênio, a energia presen-
tados a serem tratados pelo fogo, para fazer as armas, cerâmica, tijolos e te em certos processos de soluções ácidas e básicas ou de sais pode ser
cimento, entre outros materiais. As melhorias continuaram com a forna- captada em forma de corrente elétrica -- fundamento das pilhas e acumu-
lha, que permitiu a habilidade de derreter e forjar o metal (tal como o ladores. Dá-se também o processo inverso.
cobre,8000 aC.), e eventualmente a descoberta das ligas, tais como
o bronze (4000 a.C.). Os primeiros usos do ferro e do aço datam de 1400 A energia elétrica é produzida principalmente pela transformação de
a.C.. outras formas de energia, como a hidráulica, a térmica e a nuclear. O
movimento da água ou a pressão do vapor acionam turbinas que fazem
Avião de caça F-16 Falcon girar o rotor de dínamos ou alternadores para produzir corrente elétrica.
Esse tipo de energia apresenta como principais vantagens seu fácil
As ferramentas mais sofisticadas incluem desde máquinas simples transporte e o baixo custo, e talvez seja a forma mais difundida no uso
como a alavanca (300 a.C.), o parafuso (400 a.C.) e a polia, até a maqui- cotidiano. Os motores elétricos são os principais dispositivos de conver-
naria complexa como o computador, os dispositivos são dessa energia em sua manifestação mecânica.
de telecomunicações, o motor elétrico, o motor a jato, entre muitos
outros. As ferramentas e máquinas aumentam em complexidade na As crises de energia ocorridas na segunda metade do século XX
mesma proporção em que o conhecimento científico se expande. suscitaram a busca de novas fontes. Registraram-se duas tendências,
aparentemente opostas: os projetos e invenções destinados a dominar
A maior parte das novidades tecnológicas costumam ser primeira- os processos de reação nuclear e os sistemas de aproveitamento de
mente empregadas na engenharia, na medicina, na informática e no energias naturais não poluentes, como a hidráulica, a solar, a eólica e a
ramo militar. Com isso, o público doméstico acaba sendo o último a se geotérmica. Como resultado dessas pesquisas obteve-se um maior
beneficiar da alta tecnologia, já que ferramentas complexas requerem índice de aproveitamento dos recursos terrestres e marítimos em deter-
uma manufatura complexa, aumentando drasticamente o preço final do minadas regiões do globo.
produto.
A energia hidráulica, utilizada desde a antiguidade, oferece amplas
A energia pode ser obtida do vento, da água, dos hidrocarbonetos e possibilidades em rios e mares. As quedas d'água e a enorme força das
da fusão nuclear. A água fornece a energia com o processo da geração marés constituem exemplos claros do potencial dessas fontes. No entan-
denominado hidroenergia. O vento fornece a energia a partir das corren- to, embora as represas e reservatórios representem meios para armaze-
tes do vento, usando moinhos de vento. Há três fontes principais dos nar água e energia, facilmente transformável em corrente elétrica, ainda
hidrocarbonetos, ao lado da madeira e de seu carvão, gás natu- não foram encontrados meios eficazes para o aproveitamento das marés,
ral e petróleo. O carvão e o gás natural são usados quase exclusivamen- devido à complexidade de seu mecanismo.
te como uma fonte de energia. O coque é usado na manufatura dos
metais, particularmente de aço. O petróleo é amplamente usado como Ao longo da história, os moinhos e os barcos a vela tiraram amplo
fonte de energia (gasolina e diesel) e é também um recurso natural proveito de um dos tipos primários de energia, a eólica, ou produzida
usado na fabricação de plásticos e outros materiais sintéticos. Alguns pelo vento. Essa manifestação energética, diretamente cinética por ser
dos mais recentes avanços no ramo da geração de energia incluem a provocada pelo movimento do ar, apresenta baixo nível de rendimento e
habilidade de usar a energia nuclear, derivada dos combustíveis tais sua utilização é insegura e pouco uniforme, ainda que de baixo custo.
como o urânio, e a habilidade de usar o hidrogênio como fonte de ener-
gia limpa e barata. A energia solar representa o modelo mais característico de fonte re-
novável. Apesar de ser praticamente inesgotável, por provir diretamente
Nos tempos atuais, os denominados sistemas digitais tem ganhado da radiação solar, seu aproveitamento ainda não alcança rendimentos
cada vez mais espaço entre as inovações tecnológicas. Grande parte equiparáveis a outras fontes. A captação dessa energia tem como princi-
dos instrumentos tecnológicos de hoje envolvem sistemas digitais, princi- pal finalidade a produção de energia calorífica, sobretudo para calefação
palmente no caso dos computadores. doméstica. Alguns dispositivos, como as células fotoelétricas, permitem
transformar a energia solar em elétrica.
Energia
As fontes térmicas naturais e as forças terrestres, como terremotos e
Em nosso planeta encontramos diversos tipos de fontes de energia. vulcões, constituem formas de energia de difícil aproveitamento, e a
Elas podem ser renováveis ou esgotáveis. Por exemplo, a energia solar e pesquisa científica para utilização de tais fenômenos na indústria ainda
a eólica (obtida através dos ventos) fazem parte das fontes de energia está em fase inicial.
inesgotáveis. Por outro lado, os combustíveis fósseis (derivados do
petróleo e do carvão mineral) possuem uma quantidade limitada em A pesquisa sobre energia nuclear, cercada por intensa polêmica, de-
nosso planeta, podendo acabar caso não haja um consumo racional. vido ao perigo de sua utilização militar e ao risco de poluição e radiação,
atingiu substancial progresso na segunda metade do século XX. Fenô-
Fontes de energia meno natural na formação do universo, a reação nuclear, devido à mag-
Existe uma grande variedade de processos capazes de gerar ener- nitude das energias liberadas no curso do processo, pode ser altamente
gia em alguma de suas formas. No entanto, as fontes clássicas de ener- nociva para o organismo humano, exigindo rigorosos sistemas de segu-
gia utilizadas pela indústria têm sido de origem térmica, química ou rança. Existem dois métodos de obtenção de energia nuclear: a fissão ou
elétrica, que são intercambiáveis e podem ser transformadas em energia ruptura de átomos pesados e a fusão de elementos leves, que se trans-
mecânica. formam em átomos mais complexos. A enorme quantidade de energia
resultante desse processo deve-se à transformação de massa em ener-
A energia térmica ou calorífica origina-se da combustão de diversos gia, como previu Einstein em sua teoria da relatividade.
materiais, e pode converter-se em mecânica por meio de uma série de
conhecidos mecanismos: as máquinas a vapor e os motores de combus- Nas usinas nucleares, a energia é produzida por um dispositivo de-
tão interna tiram partido do choque de moléculas gasosas, submetidas a nominado reator ou pilha atômica, assim chamado porque os recipientes
altas temperaturas, para impulsionar êmbolos, pistões e cilindros; as de urânio e, às vezes, de tório, são empilhados dentro de um receptáculo
turbinas a gás utilizam uma mistura de ar comprimido e combustível para de outro material, geralmente o carbono. A fissão atômica produz calor,
mover suas pás; e os motores a reação se baseiam na emissão violenta que pode mover uma turbina e gerar eletricidade. A grande vantagem da
de gases. O primeiro combustível, a madeira, foi substituído ao longo das energia elétrica assim produzida reside na pequena quantidade de
sucessivas inovações industriais pelo carvão, pelos derivados de petró- matéria físsil necessária à produção de uma considerável quantidade de
leo e pelo gás natural. calor: com meio quilograma de urânio, por exemplo, uma pilha atômica
pode produzir tanto calor quanto a queima de dez toneladas de carvão.
Pode-se aproveitar a energia gerada por certas reações químicas,
em consequência de interações moleculares. À parte as reações de

Atualidades 17
Hidroeletricidade o etanol representa 18% dos combustíveis automotivos do país. O etanol
combustível também é amplamente disponível nos Estados Unidos.
As matrizes renováveis de energia têm uma série de vantagens: a
disponibilidade de recursos, a facilidade de aproveitamento e o fato de Exemplos de fontes de energia renovável
que continuam disponíveis na natureza com o passar do tempo. De todas
as fontes deste tipo, a hidrelétrica representa uma parcela significativa da
 O Sol: energia solar
produção mundial, que representa cerca de 16% de toda a eletricidade  O vento: energia eólica
gerada no planeta.  Os rios e correntes de água doce: energia hidráulica
 Os mares e oceanos: energia maremotriz
No Brasil, além de ser um fator histórico de desenvolvimento da  As ondas: energia das ondas
economia, a energia hidrelétrica desempenha papel importante na inte-  A matéria orgânica: biomassa, biocombustível
gração e no desenvolvimento de regiões distantes dos grandes centros  O calor da Terra: energia geotérmica
urbanos e industriais.  Água salobra: energia azul
O potencial técnico de aproveitamento da energia hidráulica do Bra-
 O hidrogênio: energia do hidrogênio
sil está entre os cinco maiores do mundo; o País tem 12% da água doce  Energia da fissão
superficial do planeta e condições adequadas para exploração. O poten-  Energia da fusão
cial hidrelétrico é estimado em cerca de 260 GW, dos quais 40,5% estão As energias renováveis são consideradas como energias alternati-
localizados na Bacia Hidrográfica do Amazonas – para efeito de compa- vas ao modelo energético tradicional, tanto pela sua disponibilidade
ração, a Bacia do Paraná responde por 23%, a do Tocantins, por 10,6% (presente e futura) garantida (diferente dos combustíveis fósseis que
e a do São Francisco, por 10%. Contudo, apenas 63% do potencial foi precisam de milhares de anos para a sua formação) como pelo seu
inventariado. A Região Norte, em especial, tem um grande potencial menor impacto ambiental.
ainda por explorar.
Fontes de energia
Algumas das usinas em processo de licitação ou de obras na Ama- As fontes de energia podem ser divididas em dois grupos principais:
zônia vão participar da lista das dez maiores do Brasil: Belo Monte (que permanentes (renováveis) e temporários (não-renováveis). As fontes
terá potência instalada de 11.233 megawatts), São Luiz do Tapajós permanentes são aquelas que têm origem solar, no entanto, o conceito
(8.381 MW), Jirau (3.750 MW) e Santo Antônio (3.150MW). Entre as de renovabilidade depende da escala temporal que é utilizado e os
maiores em funcionamento estão Itaipu (14 mil MW, ou 16,4% da energia padrões de utilização dos recursos.
consumida em todo o Brasil), Tucuruí (8.730 MW), Ilha Solteira (3.444 Assim, são considerados os combustíveis fósseis não-renováveis já
MW), Xingó (3.162 MW) e Paulo Afonso IV (2.462 MW). que a taxa de utilização é muito superior à taxa de formação do recurso
As novas usinas da região Norte apresentam um desafio logístico: a propriamente dito.
transmissão para os grandes centros, que ficam distantes milhares de Não-renováveis
quilômetros. Este problema vai ser solucionado pelo Sistema Integrado Os combustíveis fósseis são fontes não-renováveis de energia: não
Nacional (SIN), uma rede composta por linhas de transmissão e usinas é possível repor o que se gasta, uma vez que podem ser necessários
que operam de forma integrada e que abrange a maior parte do território milhões de anos para poder contar novamente com eles. São aqueles
do País. cujas reservas são limitadas. As principais são a energia da fissão nucle-
Composto pelas empresas de exploração de energia das regiões ar e os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão).
Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte, o SIN Combustíveis fósseis
garante a exploração racional de 96,6% de toda a energia produzida no Os combustíveis fósseis podem ser usados na forma sólida (carvão),
País. líquida (petróleo) ou gasosa (gás natural). Segundo a teoria mais aceita,
Energia renovável foram formados por acumulações de seres vivos que viveram há milhões
de anos e que foram fossilizados formando carvão ou hidrocarbonetos.
A energia renovável é a energia que vem de recursos natu- No caso do carvão se trata de bosques e florestas nas zonas úmidas e,
rais como sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica, que no caso do petróleo e do gás natural de grandes massas
são recursos renováveis (naturalmente reabastecidos). Em 2008, cerca de plâncton acumuladas no fundo de bacias marinhas ou lacustres. Em
de 19% do consumo mundial de energia veio de fontes renováveis, com ambos os casos, a matéria orgânica foi parcialmente decomposta, pela
13% provenientes da tradicional biomassa, que é usada principalmente ação da temperatura, pressão e certas bactérias, na ausência
para aquecimento, e 3,2% a partir da hidroeletricidade. Novas energias de oxigênio, de forma que foram armazenadas moléculas com ligações
renováveis (pequenas hidrelétricas, biomassa, eólica, solar, geotérmica e de alta energia.
biocombustíveis) representaram outros 2,7% e este percentual está Se distinguem as "reservas identificadas", embora não sejam explo-
crescendo muito rapidamente. A percentagem das energias renováveis radas, e as "reservas prováveis", que poderão ser descobertas
na geração de eletricidade é de cerca de 18%, com 15% da eletricidade com tecnologias futuras. Segundo os cálculos, o planeta pode fornecer
global vindo de hidrelétricas e 3% de novas energias renováveis. energia para mais 40 anos (se for usado apenas o petróleo) e mais de
A energia do Sol é convertida de várias formas para formatos conhe- 200 (se continuar a usar carvão).
cidos, como a biomassa (fotossíntese), a energia hidráulica (evapora- Energia nuclear
ção), a eólica (ventos) e a fotovoltaica, que contêm imensa quantidade Os núcleo atômicos de elementos pesados, como o urânio, podem
de energia, e que são capazes de se regenerar por meios naturais. ser desintegrados (fissão nuclear ou cisão nuclear) e liberar energia
A geração de energia eólica está crescendo à taxa de 30% ao ano, radiante e cinética. Usinas termonucleares usam essa energia para
com uma capacidade instalada a nível mundial de 157,9 produzir eletricidade utilizando turbinas a vapor.
mil megawatts (MW) em 2009, e é amplamente utilizada na Europa, Ásia Uma consequência da atividade de produção deste tipo de energia
e nos Estados Unidos. No final de 2009, as instalações fotovoltaicas (PV) são os resíduos nucleares, que podem levar milhares de anos para
em todo o globo ultrapassaram 21.000 MW e centrais fotovoltaicas são perder a radioatividade. Porém existe uma fonte de energia nuclear que
populares na Alemanha e na Espanha. Centrais de energia térmica solar não gera resíduos radioativos, a da fusão nuclear, que ocorre quando 4
operam nos Estados Unidos e Espanha, sendo a maior destas a usina de núcleos de deutério se fundem formando 1 de hélio liberando energia
energia solar do Deserto de Mojave, com capacidade de 354 MW. térmica que pode ser usada em turbinas a vapor. Mas a reação de fusão
ainda não foi conseguida em grande escala a ponto de se economica-
A maior instalação de energia geotérmica do mundo é The Geysers,
mente viável.
na Califórnia, com uma capacidade nominal de 750 MW. O Brasil tem um
dos maiores programas de energia renovável no mundo, envolvendo a
produção de álcool combustível a partir da cana de açúcar, e atualmente

Atualidades 18
Renováveis Energia eólica
Os combustíveis renováveis são combustíveis que usam co-
mo matéria-prima elementos renováveis para a natureza, como a cana-
de-açúcar, utilizada para a fabricação do etanol e também, vários ou-
tros vegetais como a mamona utilizada para a fabricação do biodiesel ou
outros óleos vegetais que podem ser usados diretamente em motores
diesel com algumas adaptações.
Energia hidráulica
A energia hidroelétrica é a energia que se produz
em barragens construídas em cursos de água (exemplo, a barragem do
Alqueva). Essa energia parte da precipitação que forma os rios que
são represados, a água desses rios faz girar turbinas que produzem
energia elétrica.
É encontrada sob a forma de energia cinética, sob diferenças
de temperatura ou gradientes de salinidade e pode ser aproveitada e
utilizada. Uma vez que a água é aproximadamente 800 vezes mais
densa que o ar, requer um lento fluxo ouondas de mar moderadas, que
podem produzir uma quantidade considerável de energia. A energia eólica é uma das fontes mais amigáveis de energia reno-
Biomassa vável para o meio ambiente.

A energia da biomassa é a energia que se obtém durante a trans- A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, atra-
formação de produtos de origem animal e vegetal para a produção de vés da utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféri-
energia calorífica e elétrica. Na transformação de resíduos orgânicos é cas.
possível obter biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel. O vento vem da palavra latina aeolicus, relativa à Eolo, deus dos
A formação de biomassa a partir de energia solar é realizada pelo ventos na mitologia grega. A energia eólica tem sido utilizado desde
processo denominado fotossíntese, pelas plantas que. Através da fotos- a Antiguidade para mover os barcos movidos por velas ou operação de
síntese, as plantas que contêm clorofila transformam o dióxido de carbo- outras máquinas. É uma espécie de energia verde. Essa energia também
no e a água em materiais orgânicos com alto teor energético que, por vem do Sol, que aquece a superfície da Terra de forma não homogênea,
sua vez, servem de alimento para os outros seres vivos. A biomassa gerando locais de baixa pressão e locais de alta pressão, fazendo com
através destes processos armazena a curto prazo a energia solar sob a que o ar se mova gerando ventos.
forma de hidratos de carbono. A energia armazenada no processo fotos- Energia geotérmica
sintético pode ser posteriormente transformada em calor, liberando
novamente o dióxido de carbono e a água armazenados. Esse calor A energia geotérmica é a energia do interior da Terra. A geotermia
pode ser usado para mover motores ou esquentar água para ge- consiste no aproveitamento de águas quentes e vapores para a produção
rar vapor e mover uma turbina, gerando energia elétrica. de eletricidade e calor. Exemplo: central geotérmica da Ribeira Gran-
de (Açores).
Parte do calor interno da Terra (5.000 °C) chega à crosta terrestre.
Energia solar Em algumas áreas do planeta, próximas à superfície, as águas subterrâ-
A energia solar é aquela energia obtida pela luz do Sol, pode ser neas podem atingir temperaturas de ebulição, e, dessa forma, servir para
captada com painéis solares. A radiação solar trazida para a Terra leva impulsionar turbinas para eletricidade ou aquecimento. A energia geo-
energia equivalente a vários milhares de vezes a quantidade de energia térmica é aquela que pode ser obtida pelo homem através do calor
consumida pela humanidade. dentro da terra. O calor dentro da terra ocorre devido a vários fatores,
entre eles o gradiente geotérmico e o calor radiogênico. Geotérmica
Através de coletores solares, a energia solar pode ser transformada provém do grego geo, "Terra" e Thermo, "calor", literalmente "calor da
em energia térmica, e usando painéis fotovoltaicos a energia lumino- Terra".
sa pode ser convertida em energia elétrica. Ambos os processos não têm
nada a ver uns com os outros em termos de sua tecnologia. As centrais Energia maremotriz
térmicas solares utilizam energia solar térmica a partir de coletores
solares para gerar eletricidade.
Há dois componentes na radiação solar: radiação direta e radiação
difusa. A radiação direta é a que vem diretamente do Sol, sem reflexões
ou refrações intermediárias. A difusa, é emitida pelo céu durante o dia,
graças aos muitos fenômenos de reflexão e refração da atmosfera solar,
nas nuvens, e nos restantes elementos da atmosfera terrestre.
A radiação refletida direta pode ser concentrada e utilizada. No entanto,
tanto a radiação direta quanto a radiação difusa são utilizáveis.
É possível diferenciar entre receptores ativos e passivos, em que os
primeiros utilizam mecanismos para orientar o sistema receptor rumo ao
sol (chamado seguidor) para melhor atrair a radiação direta.
Uma grande vantagem da energia solar é que ela permite a geração
de energia, no mesmo local de consumo, através da integração da
arquitetura. Assim, pode ser levada a sistemas de geração distribuída,
quase eliminando completamente as perdas ligadas aos transportes, que
representam cerca de 40% do total. Porém essa fonte de energia tem o
inconveniente de não poder ser usada à noite, a menos que se te-
nham baterias. Central elétrica maremotriz no estuário do Rio Rance, a-
o noroeste da França.

Atualidades 19
A energia dos mares é a energia que se obtém a partir do movimen- Natureza difusa
to das ondas, a das marés ou da diferença de temperatura entre os
níveis da água do mar. Ocorre devido à força gravitacional entre a Lua,
a Terra e o Sol, que causam as marés, ou seja, a diferença de altura
média dos mares de acordo com a posição relativa entre estes três
astros. Esta diferença de altura pode ser explorada em locais estratégi-
cos como os golfos, baías e estuários que utilizam turbinas hidráulicas na
circulação natural da água, junto com os mecanismos de canalização e
de depósito, para avançar sobre um eixo. Através da sua ligação a
um alternador, o sistema pode ser usado para a geração de eletricidade,
transformando, assim, a energia das marés, em energia elétrica, uma
energia mais útil e aproveitável.
A energia das marés têm a qualidade de ser renovável, como fonte
de energia primária não está esgotada pela sua exploração e, é limpa,
uma vez que, na transformação de energia não pro-
duz poluentes derivados na fase operacional. No entanto, a relação entre
a quantidade de energia que pode ser obtida com os atuais meios
econômicos e os custos e o impacto ambiental da instalação de dispositi-
vos para o seu processo impediram uma notável proliferação deste tipo
de energia. Bateria de painéis solares.
Outras formas de extrair energia a partir da energia das ondas oceâ- Um problema inerente à energia renovável é o seu caráter difuso,
nicas são, a energia produzida pelo movimento das ondas do oceano e com exceção da energia geotérmica, que, no entanto, só está disponível
de energia devido ao gradiente térmico, que faz uma diferença de tempe- quando a crosta é fina, como as fontes quentes e gêiseres.
ratura entre as águas superficiais e profundas do oceano. Uma vez que algumas das fontes de energia renováveis proporcio-
nam uma energia de uma relativamente baixa intensidade, distribuídas
em grandes áreas, são necessários novos tipos de "centrais" para trans-
Energia do hidrogênio
formá-los em fontes utilizáveis. Para 1.000kWh de eletricidade, consumo
A energia do hidrogênio é a energia que se obtém da combinação do anual per capita nos países ocidentais, o proprietário de uma casa locali-
hidrogênio com o oxigênio produzindo vapor de água e libertando energia zada em uma zona nublada da Europa tem de instalar oito metros qua-
que é convertida em eletricidade. Existem alguns veículos que são drados de painéis fotovoltaicos (supondo um rendimento médio de 12,5%
movidos a hidrogênio. da energia).
Embora não seja uma fonte primária de energia, o hidrogênio se No entanto, com quatro metros quadrados de coletores solares tér-
constitui em uma forma conveniente e flexível de transporte e uso final de micos, um lar pode chegar muito da energia necessária para a água
energia, pois pode ser obtido de diversas fontes energéticas (petróleo, quente sanitária, porém, devido ao aproveitamento da simultaneidade, os
gás natural, eletricidade, energia solar) e sua combustão não é poluente prédios de apartamentos podem alcançar o mesmo retorno com menor
(é produto da combustão da água), além de ser uma fonte de energia superfície de coletores e, sobretudo, com muito menor investimento por
agregado familiar.
barata. O uso do hidrogênio como combustível está avançando mais
rapidamente, havendo vários protótipos de carros nos países desenvolvi- Irregularidade
dos que são movidos a hidrogênio, que gera eletricidade, e descarregam
A produção de energia elétrica exige uma permanente fonte de e-
como já dito, água em seus escapamentos. Calcula-se que já na próxima nergia confiável ou suporte de armazenamento (bomba hidráulica para
década existirão modelos comerciais de automóveis elétricos cujo com- armazenamento, baterias, futuras pilhas de hidrogênio, etc). Assim,
bustível será o hidrogênio líquido. porém devemos lembrar que o hidro- devido ao elevado custo do armazenamento de energia, um pequeno
gênio não é uma fonte de energia, ele funciona como uma bateria que sistema autônomo é raramente econômico, exceto em situações isola-
armazena a energia e libera quando necessário na forma de calor. Para das, quando a ligação à rede de energia implica custos mais elevados.
carregar essa bateria, como foi dito anteriormente, precisamos de fontes Fontes renováveis poluentes
reais de energia como as que foram mencionadas nesse artigo.
Em termos de biomassa, é certo que armazena um ativo de dióxido
de carbono, formando a sua massa com ele e liberando o oxigênio de
Vantagens e desvantagens novo, enquanto para queimar novamente, combinam-se o carbono com
Energias ecológicas o oxigênio para formar o dióxido de carbono novamente. Teoricamente o
ciclo fechado não teria emissões de dióxido de carbono, apesar das
A primeira vantagem de certa quantidade de recursos energéticos emissões serem o produto de combustão fixo na nova biomassa. Na
renováveis é que não produzem emissões de gases de efeito estufa nem prática, é empregada a energia poluente no plantio, na colheita e na
outras emissões, ao contrário do que acontece com os combustíveis, transformação, pelo que o saldo é negativo. Porém o saldo de energias
sejam fósseis ou renováveis. Algumas fontes não emitem dióxido de não renováveis é muitas vezes mais negativo.
carbono adicional, exceto aqueles necessários para a construção e
Além disso, a biomassa não é verdadeiramente inesgotável, mesmo
operação, e não apresenta quaisquer riscos adicionais, tais como a sendo renovável. A sua utilização pode ser feita apenas em casos limita-
ameaça nuclear. dos. Há dúvidas quanto à capacidade da agricultura para fornecer as
No entanto, alguns sistemas de energias renováveis geram proble- quantidades de massa vegetal necessário, se esta fonte se popularizar,
mas ecológicos particulares. Assim, as primeiras turbinas eólicas esta- que está se demonstrando pelo aumento de preços de grãos, devido à
vam perigosas para as aves, como as suas lâminas giravam muito rapi- sua utilização para a produção de biocombustíveis. Por outro lado, todos
damente, enquanto as hidroeléctricas podem criar barreiras à migração os biocombustíveis produzidos produzem maior quantidade de dióxido de
carbono por unidade de energia produzida ao equivalente fóssil. Mas
de certos peixes, um problema grave em muitos rios do mundo (nos rios
essa emissão maior é absorvida na produção do biocombustível pelo
na região noroeste da América do Norte que desembocam para o Ocea- processo de fotossíntese.
no Pacífico, a população de salmão diminuiu drasticamente).

Atualidades 20
A energia geotérmica é muito restrita, não só geograficamente, mas Relações internacionais
algumas das suas fontes são consideradas poluentes. Isso ocorre porque Exercícios militares frequentemente ajudam a incrementar coopera-
a extração de água subterrânea em altas temperaturas geradas pelo ção estratégica entre países.[carece de fontes] Esta imagem mostra uma
arrastar para a superfície de sais minerais indesejáveis e tóxicos. formação de navios da Marinha da Índia, da Força de Auto-Defesa
Diversidade geográfica Marítima do Japão e da Marinhados Estados Unidos, durante um exercí-
A diversidade geográfica dos recursos é também significativa. Al- cio trilateral em 2007
guns países e regiões são significativamente melhores do que outros As Relações Internacionais (abreviadas como RI ou REL) visam
recursos, nomeadamente no setor das energias renováveis. Alguns ao estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais entre
países têm recursos significativos perto dos principais centros de habita- diferentes países cujos reflexos transcendam as fronteiras de
ção em que a procura de eletricidade é importante. A utilização des- um Estado,as empresas, tenham como locus o sistema internacional.
ses recursos em grande escala requer, no entanto, investimentos consi- Entre os atores internacionais, destacam-se os Estados, as empresas
deráveis no tratamento e redes de distribuição, bem como na casa de transnacionais, as organizações internacionais e as organizações não-
produção. Além disso, diferentes países têm diferentes potencialidades governamentais. Pode se focar tanto na política externa de determinado
energéticas, este fator deve ser tido em conta no desenvolvimento das Estado, quanto no conjunto estrutural das interações entre os atores
tecnologias a por em prática. Mas isso pode ser resolvido produzindo os internacionais.
biocombustíveis em países tropicais, com maior incidência de luz solar, e Além da ciência política, as Relações Internacionais mergulham em
os levando para os países menos providos de Sol. Dessa maneira o diversos campos como a Economia, a História, o Direito internacional,
problema de transporte de energia seria resolvido. a Filosofia, a Geografia, a Sociologia, a Antropologia,
Administração das redes elétricas a Psicologia e estudos culturais. Envolve uma cadeia de diversos assun-
Se a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis está ge- tos incluindo mas não limitados a: globalização, soberania, sustentabili-
neralizada, os sistemas de distribuição e transformação não seriam tão dade, proliferação nuclear, nacionalismo, desenvolvimento econômi-
grandes distribuidores de eletricidade, mas funcionariam localmente, a co,sistema financeiro, terrorismo, crime organizado, segurança huma-
fim de equilibrar as necessidades das pequenas comunidades. Os que na, intervencionismo e direitos humanos.
possuem energia em excesso venderiam aos setores com déficit, quer Teoria das relações internacionais
dizer, o funcionamento da rede deverá passar de uma "gestão passiva", As Teorias das Relações Internacionais são instrumentos teórico-
onde alguns produtores estão ligados e que o sistema é orientado para conceituais por meio dos quais podemos compreender e explicar os
obter eletricidade "descendente" para o consumidor, para a gestão fenômenos relativos à ação humana que transcende o espaço interno
"ativa", onde alguns produtores são distribuídos na rede que devem dos Estados, ou seja, que tem lugar no meio “internacional”. Teorias
monitorar constantemente as entradas e saídas para assegurar o equilí- costumam ter a intenção de tornar o mundo mais compreensível para
brio do sistema local. Isso iria exigir grandes mudanças na forma de gerir seus interlocutores, e em alguns casos de explicar e desenvolver possí-
as redes. veis previsões para o futuro. É lícito falar, nas relações internacionais, de
No entanto, a pequena utilização de energias renováveis, o que mui- teorias positivistas, isto é, que acreditam em verdades universais e
tas vezes podem ocorrer no local, reduz a necessidade de ter sistemas científicas, e de teorias pós-positivistas, ou seja, aquelas que duvidam da
de distribuição de eletricidade. Atuais sistemas, raramente e economica- legitimidade do conhecimento científico e contestam as bases epistemo-
mente rentáveis, revelaram que uma família média que tem um sistema lógicas, metodológicas e teóricas dos discursos dominantes. Podemos
solar com armazenamento de energia, e painéis de dimensão suficiente, ainda falar em meta-teorias, como algumas faces do construtivismo.
só tem que recorrer a fontes externas de energia elétrica em algumas O realismo e o neo-realismo são as correntes dominantes de pensa-
horas por semana. Portanto, aqueles que apóiam a energia renovável mento nas relações internacionais ainda hoje embora possamos falar em
pensam que a eletricidade dos sistemas de distribuição deveriam ser descentralização e fragmentação no campo.
menos importantes e mais fáceis de controlar. Realismo e Neo-realismo
A Integração na paisagem A rigor, não se pode falar em origem das relações internacionais
Uma desvantagem óbvia da energia renovável é o seu impacto visu- nem em teorias absolutamente homogêneas. Tradicionalmente, porém,
al sobre o meio ambiente local. Algumas pessoas odeiam a estética de se considera que o primeiro esforço sistematizado em pensar as relações
turbinas eólicas e mencionam a conservação da natureza quando se fala internacionais ocorreu em 1917 com a fundação na Escócia do primeiro
das grandes instalações solares elétricas fora das grandes cidades. No departamento de Relações Internacionais da história. Pensando numa
entanto, o mundo inteiro encontra charme à vista dos "antigos moinhos forma de evitar os males da guerra (tendo em vista os desastres da
de vento", que em seu tempo, eram amostras bem visíveis da tecnologia Primeira Guerra Mundial) os cientistas dessa escola debateram formas
disponível. No entanto a estética das turbinas eólicas está sendo revista de normatizar as relações internacionais. Na véspera do início da Se-
para não causar tanto impacto visual. gunda Guerra Mundial, contudo, um estudioso chamado Edward Carr
Outros tentam utilizar estas tecnologias de forma eficaz e estetica- criticou pela primeira vez os postulados desses primeiros cientistas em
mente satisfatória: os painéis solares fixos podem duplicar as barreiras seu livro Vinte Anos de Crise, denominando-os como idealistas, por
anti-ruído ao longo das rodovias, há trechos disponíveis e poderiam pensarem o mundo na forma como ele deveria ser ao invés de pensarem
então ser completamente substituídos por painéis solares, células foto- o mundo como ele efetivamente era. O realismo se define, sobretudo,
voltaicas, de modo que podem ser empregados para pintar as janelas e baseado na oposição de Carr aos idealistas, ou seja, como uma teoria
produzir energia, e assim por diante. que vê o mundo da forma como ele realmente é, desvinculado de princí-
pios morais. Não obstante, a expressão mais consolidada do realismo
Contraponto
toma forma apenas após a Segunda Guerra Mundial, com a publicação
Nem sempre uma forma de energia renovável possui baixo impacto do livro Política Entre as Nações de Hans Morgenthau. Com as mudan-
ambiental. As grandes hidroelétricas acarretam em enorme impacto ças no campo das ciências humanas e a transformação do meio interna-
ambiental e social, como é o caso por exemplo da Barragem das Três cional (guerra fria e degelo, expansão das organizações internacionais e
Gargantas, que foi recentemente finalizada na China e que provocou o aceleração do processo de globalização, etc.), muitos autores, realistas
deslocamento de milhões de pessoas e a inundação de muitos quilôme- ou não, começaram a criticar e rever a obra de Morgenthau, oferecendo
tros quadrados de terras. visões muito diversas de realismo, como o realismo estruturalista de
Investimentos Kenneth Waltz, cuja obra Teoria Da Política Internacional, de 1979, teve
Em 2009 a China aplicou US$ 34 bilhões na geração de energias re- um impacto profundo nas ciências políticas...
nováveis. Com quase o dobro do investimento realizado pelos EUA, a Conceitos Realistas
China passou a liderar o ranking de países que mais investem em ener- Os realistas partilham algumas características que permitem que
gias renováveis no mundo. O Brasil apareceu em 5º lugar com R$ 13,2 muitos autores os reúnam em um só grupo teórico. Nas teorias realistas
bi. das relações internacionais, que reivindicam um caráter objetivo, empíri-

Atualidades 21
co e pragmático, o Estado é colocado no centro das discussões, pois se como um palco em que atua uma multiplicidade de personagens, como
considera que o Estado é o ator principal das relações internacionais. os Estados, as organizações internacionais, as empresas transnacionais
Esse Estado sempre atua servindo ao interesse nacional, que em sua e os indivíduos, motivo pelo qual são chamados também de pluralistas.
forma mais básica é o desejo de sobreviver, mas que também se traduz Eles acreditam que as relações internacionais podem assumir um aspec-
no acumulo e na manutenção do poder. O poder é tido como um instru- to mais otimista e sem guerras, motivado basicamente pelo livre comér-
mento por meio do qual os Estados garantem sua sobrevivência no meio cio.
internacional, este último considerado, de acordo com os realistas, como
anárquico, isto é, na ausência completa de ordem. Os realistas não se Conceitos Liberais
preocupam com a origem histórica dos Estados, mas os tomam como Embora os liberais tendam a concordar com os realistas no que diz
dados (“naturais”), além de homogêneos, e geralmente pensam a natu- respeito á caracterização do sistema internacional como anárquico, suas
reza humana de forma pessimista, reivindicando como base de suas teorias normalmente enfatizam os aspectos desse sistema que privilegi-
idéias as obras de Maquiavel, Hobbes e até mesmo Tucídides. Nas am a paz e a cooperação. Para os teóricos do liberalismo, herdeiros
ciências sociais, e também para os realistas, o Estado deve ser definido do iluminismo de Kant, Montesquieu e do liberalismo de Adam Smith, a
a partir de sua capacidade de monopolizar a força coercitiva, ou seja, o guerra seria desfavorável ao desenvolvimento do livre-comércio, de
poder interno sem o qual não há ordem. No plano internacional, contudo, forma que o crescimento do comércio em escala internacional favorece-
não há “Estado” e, portanto, não há monopólio do poder coercitivo, ria a instauração de uma era de paz e cooperação nas relações interna-
resultando disso os conflitos e guerras em que mergulha a humanidade cionais. Um conceito particularmente importante desenvolvido pelos
frequentemente. Dessa forma, o âmbito internacional é perigoso, e os liberais é o de interdependência. Num mundo cada vez mais integrado
Estados devem pensar em estratégias de segurança para impedir que economicamente, conflitos em determinadas regiões ou tomadas de
sua soberania (autoridade legítima de cada Estado sobre seu território e decisões egoístas poderiam afetar mesmo Estados distantes, a despeito
sua população) seja ameaçada, e para assegurar sua sobrevivência. de seus interesses. A crise do petróleo é um exemplo de impacto da
Encontramos essa descrição dos fenômenos políticos em Hobbes, que interdependência. Nesse caso, os Estados tenderiam a cooperar visando
caracteriza a sociedade sem Estados como uma disputa constante de evitar situações desastrosas para a economia. A idéia de paz democrá-
todos contra todos. Muitas vezes os Estados são obrigados a cooperar e tica também é muito importante para as relações internacionais hoje. Ela
fazer alianças para sobreviverem, sobretudo em função de um equilíbrio se funda na idéia Kantiana de que Estados com regimes em que preva-
de poder, isto é, buscando manter um equilíbrio na distribuição de poder lece a opinião pública não entrariam em guerra entre si. A opinião pública
no plano internacional. Logo, se um estado se torna muito poderoso, os alteraria os interesses dos Estados, colocando em pauta questões que
outros podem formar um bloco para neutralizar seu poder e reduzir seu interessam aos indivíduos, como liberdades, bem-estar social e outras
perigo para a segurança de cada nação. No pensamento realista a ética questões de natureza moral.
ocupa espaço reduzido, uma vez que, buscando a sobrevivência, os
Estados podem quebrar qualquer acordo e desobedecer qualquer regra Direito Internacional e Instituições
moral. A Realpolitik, do alemão “Política Real”, prática da política externa Entre os instrumentos preconizados pelos pensadores liberais como
definida como maquiavélica, é normalmente associada a esse pensa- forma de regular os conflitos internacionais estão o direito internacio-
mento de cunho realista. Auto-ajuda é, para os realistas, a noção de que nal e as instâncias supranacionais. Hugo Grotius, em seu Sobre o
os Estados só podem contar com a sua própria capacidade no que diz direito da guerra e da paz, foi o primeiro a formular um direito internacio-
respeito às relações internacionais. Em suma, os realistas enxergam o nal, pensando em princípios morais universais (derivados do “Direito
sistema internacional como um espaço de disputa pelo poder, motivada Natural”) alcançados por intermédio da razão que cada homem detém.
por um tema saliente em suas exposições: a segurança. Grotius desenvolveu a idéia de Guerra Justa, isto é, que existem circuns-
tâncias em que a guerra pode ter legitimidade no direito. O iluminis-
Hans Morgenthau
ta Immanuel Kant, por sua vez, pensava que a formação de uma Federa-
Hans Morgenthau, o pai do realismo clássico, circunscreveu alguns ção de Estados refletindo princípios de direito positivo seria a melhor
princípios que, em sua concepção, orientavam a política externa. Para forma de conter as guerras que assolavam a humanidade. Esses dois
ele, a natureza humana era a referência básica de qualquer análise elementos, o direito e a instituição internacional, são tidos como formas
política, os Estados tinham como objetivo comum a busca pelo poder e a eficientes e legítimas de assegurar a resolução de conflitos sem o uso da
moralidade seria limitada e definida em termos particulares (ver: seis força. Certamente inspiradas pelo pensamento kantiano, uma série de
princípios do realismo político[3]). O objetivo supremo de todo o Estado entidades supranacionais foram criadas durante o século XIX, como as
seria a sobrevivência e o poder seria instrumentalizado para servir aos entidades de cooperação técnica e outras de conteúdo mais explicita-
interesses nacionais.O prestígio poderia ser, também, um objetivo dos mente político, como o Concerto Europeu.
Estados no sistema internacional. Os Quatorze pontos de Wilson
John Herz O discurso do dia 8 de janeiro de 1918 é um dos memoráveis episó-
dios da História da Primeira Guerra Mundial. Nesse dia, o presidente
Contemporâneo de Morgenthau, John Herz trouxe importantes con- norte-americano Woodrow Wilson apresentou uma proposta consistindo
tribuições para o pensamento realista clássico. Embora partilhasse com em catorze pontos cardeais do que deveria ser a nova ordem mundial.
Morgenthau grande parte do núcleo da teoria realista, Herz admitia que a As interpretações da proposta de Wilson correspondem, de certa forma,
ética tivesse um papel importante dentro das relações internacionais. às questões vinculadas ao debate “realismo versus liberalismo”, já que
Além disso, Herz introduziu no pensamento realista a idéia de dilema de os primeiros consideram o presidente Wilson um idealista, enquanto os
segurança: quando um Estado se sente ameaçado, ele investe em segundos o consideram um brilhante precursor duma ordem mundial
armas, o que faz, em determinado prazo, com os Estados ao seu redor cooperativa. O décimo quarto ponto das propostas wilsonianas pedia que
se sintam igualmente ameaçados, de forma que eles também investem as nações desenvolvidas formassem uma associação com o objetivo de
em armamentos. Dessa forma, todos os Estados acabam numa situação garantir a integridade territorial e a independência política dos países.
pior do que antes em termos de segurança, mesmo que o objetivo origi- Essa foi a fracassada Liga das Nações, que, não obstante, figura hoje
nal de determinado Estado tenha sido o de aumentar sua segurança. como modelo precursor das Nações Unidas e primeira experiência liberal
Liberalismo/ Pluralismo do tipo. Embora Woodrow Wilson tenha se esforçado por convencer a
população americana da necessidade de se estabelecer uma Liga das
Nas relações internacionais o Liberalismo, ou Pluralismo, é uma cor- Nações, o presidente acabou sofrendo sérios problemas de saúde,
rente teórica alicerçada principalmente na obra de Immanuel Kant. Nor- sendo obrigado a se retirar de cena, enquanto um congresso cético
malmente considerados como “idealistas” pelos expoentes das escolas rejeitava o seu projeto de paz perpétua.
realistas, os liberais tem uma visão predominantemente positiva da Funcionalismo
natureza humana, e vêem o Estado como um mal necessário. Para os
liberais, as relações internacionais podem envolver cooperação e paz, O funcionalismo foi uma corrente de pensamento liberal que tenta-
possibilitando o crescimento do comércio livre e a expansão dos direitos vam colocar o pensamento liberal em patamar de igualdade com o
universais dos homens. Os liberais enfatizam as relações internacionais conhecimento que era produzido pelos realistas. Em outras palavras, o

Atualidades 22
funcionalismo foi uma tentativa de atribuir tom científico às premissas Segurança pública
liberais, estabelecendo por meio de observações empíricas e análises
científicas um conhecimento que privilegiasse os elementos de coopera- O CONCEITO DE SEGURANÇA PÚBLICA
ção do sistema internacional. Os principais expoentes dessa corrente Numa sociedade em que se exerce democracia plena, a segurança
foram Karl Deutsch e David Mitrany. Os funcionalistas desenvolveram a pública garante a proteção dos direitos individuais e assegura o pleno
idéia de spill-over effect, segundo a qual a gradual obtenção de vanta- exercício da cidadania. Neste sentido, a segurança não se contrapõe à
gens por meio da cooperação internacional faria com que os Estados, liberdade e é condição para o seu exercício, fazendo parte de uma das
tomando consciência da escolha mais racional, preferissem a paz à inúmeras e complexas vias por onde trafega a qualidade de vida dos
guerra. Um elemento importante colocado pelos funcionalistas era o de cidadãos.
que as instituições internacionais de desenvolvimento técnico, em franca Quanto mais improvável a disfunção da ordem jurídica maior o sen-
expansão, possibilitariam a conformação do mundo num molde pacífico. timento de segurança entre os cidadãos.
O neofuncionalismo foi a tentativa deErnest Hass de corrigir o que os
As forças de segurança buscam aprimorar-se a cada dia e atingir ní-
realistas chamaram de dimensão “ingênua” do funcionalismo e mais uma
veis que alcancem a expectativa da sociedade como um todo, imbuídos
vez inserir o liberalismo no debate científico. Hass reconfigura a idéia
pelo respeito e à defesa dos direitos fundamentais do cidadão e, sob esta
de spill-over, dizendo que a tal tomada de consciência aconteceria pri-
óptica, compete ao Estado garantir a segurança de pessoas e bens na
meiramente por parte de determinados agentes dentro dos Estados, para
totalidade do território brasileiro, a defesa dos interesses nacionais, o
só depois se tornar convicção racional e moral do Estado, num processo
respeito pelas leis e a manutenção da paz e ordem pública.
de aprendizagem.
Paralelo às garantias que competem ao Estado, o conceito de segu-
rança pública é amplo, não se limitando à política do combate à crimina-
Interdependência lidade e nem se restringindo à atividade policial.
Poder e Interdependência (1977), a obra liberalista de Robert Keo- A segurança pública enquanto atividade desenvolvida pelo Estado é
hane e Joseph Nye, é um marco para a discussão de interdependência responsável por empreender ações de repressão e oferecer estímulos
nas relações internacionais. Analisando as mudanças proporcionadas ativos para que os cidadãos possam conviver, trabalhar, produzir e se
pela acelerada globalização no mundo contemporâneo, que envolvia o divertir, protegendo-os dos riscos a que estão expostos.
surgimento de transnacionais, o crescimento do comércio e a integração
internacional intensiva, os autores defendiam que a tomada de decisões As instituições responsáveis por essa atividade atuam no sentido de
por atores estatais e não-estatais tendiam a ser recíprocos, isto é, a inibir, neutralizar ou reprimir a prática de atos socialmente reprováveis,
trazer consequências para muitos outros agentes do sistema internacio- assegurando a proteção coletiva e, por extensão, dos bens e serviços.
nal. Dessa forma, os efeitos econômicos de uma decisão tomada do Norteiam esse conceito os princípios da Dignidade Humana, da In-
outro lado do mundo poderiam ser muito prejudiciais para os países terdisciplinariedade, da Imparcialidade, da Participação comunitária, da
envolvidos. Para Keohane e Nye, a interdependência é um fenômeno Legalidade, da Moralidade, do Profissionalismo, do Pluralismo Organiza-
custoso para os atores do sistema internacional, traduzida em termos de cional, da Descentralização Estrutural e Separação de Poderes, da
sensibilidade (repercussão de uma decisão em um país sobre outro) e Flexibilidade Estratégica, do Uso limitado da força, da Transparência e
vulnerabilidade (alternativas de contornar a sensibilidade). As conse- da Responsabilidade.
quências desse processo de integração, segundo os teoristas, era a
redução do uso da força nas relações entre nações. Nessa perspectiva, a
melhor maneira de solucionar conflitos gerados pela interdependência As Políticas de Segurança e Seus Impactos para Desestruturar
seria a instituição de instâncias supranacionais, por exemplo. Essa o Crime
abordagem é importante porque subverte a relação estabelecida pelos Há uma grande deficiência nas chamadas Políticas de Segurança
realistas de “baixa” e “alta” política: as questões comerciais pareciam aplicadas em nosso sistema e convém neste ponto, realçar que em todo
ter grande importância para a política de poderes. o país a manutenção da segurança interna, deixou de ser uma atividade
monopolizada pelo Estado.
Falência do Estado Atualmente as funções de prevenção do crime, policiamento ostensi-
Como foi dito, os liberais vem o Estado de forma pessimista, em vo e ressocialização dos condenados estão divididas entre o Estado, a
grande parte porque ele restringe em alguma medida as liberdades sociedade e a iniciativa privada.
individuais. Na perspectiva liberal, o Estado tende a ter seu poder reduzi- Entre as causas dessa deficiência estão o aumento do crime, do
do conforme a globalização avança, uma vez que a soberania deixa de sentimento de insegurança, do sentimento de impunidade e o reconhe-
ser óbvia e uma série de novos atores não-estatais adquirem papéis cimento de que o Estado apesar de estar obrigado constitucionalmente a
importantíssimos para a configuração das relações internacionais. oferecer um serviço de segurança básico, não atende sequer, às míni-
mas necessidades específicas de segurança que formam a demanda
exigida pelo mercado.
Neoliberalismo
Diversos acontecimentos têm-nos provado que é impossível pensar
Keohane reelaborou seu pensamento institucionalista com novas num quadro de estabilidade com relação à segurança pública de tal
bases após severas críticas direcionadas às teorias da interdependência maneira que se protegesse por completo dos efeitos da criminalidade em
por parte dos realistas. O neoliberalismo, como ficou conhecido, mais sentido amplo. Porém, isso não significa que o Estado tenha de lavar as
uma vez tentava defender de forma científica que a formação de entida- mãos e conformar-se com o quadro, devendo, portanto, tomar medidas
des supranacionais era o melhor caminho para a solução de conflitos sérias e rígidas de combate à criminalidade e à preservação da seguran-
internacionais. Assim, o autor reiterou os postulados realistas, segundo ça nacional, adotando novas soluções tanto no quadro jurídico e institu-
os quais o sistema internacional é anárquico e os Estados são seus cional como no operacional que estejam à altura da sofisticação da
principais atores. No entanto, Keohane se esforçou por demonstrar que a criminalidade.
falta de transparência e o egoísmo completo podem ter consequências
pouco benéficas e, por conseguinte, menos lógicas, para as nações Não se pode sustentar em políticas de combate à criminalidade defi-
envolvidas. As instituições internacionais teriam, portanto, a função de citária e que não atingem o bem comum, em procedimentos lentos e sem
permitir uma melhor transparência nas relações internacionais e, assim, eficácia, pois não configuram respeito aos direitos fundamentais.
garantiriam resultados relativamente mais proveitosos do que aqueles Os investimentos em segurança pública estão muitíssimo aquém do
que seriam obtidos sem a sua existência. É importante ressaltar que a que seria necessário para se começar a pensar em oferecer segurança.
perspectiva de Keohane reconsidera o papel das instituições internacio- Uma grande prova, é o crescimento dos gastos dos estados e municípios
nais, inserindo-as dentro de uma perspectiva de políticas de interesses, para combater a violência em contraposição aos investimentos federais
descartando a dimensão ética dessas instituições reivindicada por outros que caem paulatinamente.
liberais.

Atualidades 23
A consequência é que o número de encarcerados cresce a cada dia, _______________________________________________________
de maneira assustadora sem que haja capacidade do sistema prisional
de absorver esses excluídos da sociedade. _______________________________________________________
O déficit de nosso sistema prisional é titânico e, lamentavelmente o _______________________________________________________
estado não consegue disponibilizar novas vagas e, basta acompanhar os
_______________________________________________________
jornais, para que nossas perspectivas tornem-se, ainda mais desanima-
doras. _______________________________________________________
Proporcionalmente, os Estados Unidos investem 70 vezes mais que _______________________________________________________
o Brasil no combate à violência, nossos índices nos apontam como um
país 88 vezes mais violento que a França. Emerson Clayton Rosa Santos _______________________________________________________

BIBLIOGRAFIA
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©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. _______________________________________________________
Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Atualidades 24
Exemplos: 1) (+6) + (+3) + (–6) + (–5) + (+8) =
(+17) + (–11) = +6

2) (+3) + (–4) + (+2) + (–8) =


(+5) + (–12) = –7

PROPRIEDADES DA ADIÇÃO
Quatro operações com números inteiros, A adição de números inteiros possui as seguintes propriedades:
fracionários e decimais; 1ª) FECHAMENTO
A soma de dois números inteiros é sempre um número inteiro: (–3) +
Conhecemos o conjunto N dos números naturais: (+6) = + 3  Z
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, .....,}
2ª) ASSOCIATIVA
Assim, os números precedidos do sinal + chamam-se positivos, e os Se a, b, c são números inteiros quaisquer, então: a + (b + c) = (a + b) +
precedidos de – são negativos. c

Exemplos: Exemplo:(+3) +[(–4) + (+2)] = [(+3) + (–4)] + (+2)


Números inteiros positivos: {+1, +2, +3, +4, ....} (+3) + (–2) = (–1) + (+2)
Números inteiros negativos: {–1, –2, –3, –4, ....} +1 = +1

O conjunto dos números inteiros relativos é formado pelos números in- 3ª) ELEMENTO NEUTRO
teiros positivos, pelo zero e pelos números inteiros negativos. Também o Se a é um número inteiro qualquer, temos: a+ 0 = a e 0 + a = a
chamamos de CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS e o representamos
pela letra Z, isto é: Isto significa que o zero é elemento neutro para a adição.
Z = {..., –3, –2, –1, 0, +1, +2, +3, ... }
Exemplo: (+2) + 0 = +2 e 0 + (–2) = –2
O zero não é um número positivo nem negativo. Todo número positivo
é escrito sem o seu sinal positivo. 4ª) OPOSTO OU SIMÉTRICO
Exemplo: + 3 = 3 ; +10 = 10 Se a é um número inteiro qualquer, existe um único número oposto ou
Então, podemos escrever: simétrico representado por (-a), tal que: (+a) + (-a) = 0 = (-a) + (+a)
Z = {..., –3, –2, –1, 0 , 1, 2, 3, ...}
Exemplos: (+5) + ( –5) = 0 ( –5) + (+5) = 0
N é um subconjunto de Z.
5ª) COMUTATIVA
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA Se a e b são números inteiros, então:
Cada número inteiro pode ser representado por um ponto sobre uma a+b=b+a
reta. Por exemplo:
Exemplo: (+4) + (–6) = (–6) + (+4)
–2 = –2
... -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 ...
... C’ B’ A’ 0 A B C D ... SUBTRAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS
Em certo local, a temperatura passou de -3ºC para 5ºC, sofrendo, por-
Ao ponto zero, chamamos origem, corresponde o número zero. tanto, um aumento de 8ºC, aumento esse que pode ser representado por:
(+5) – (–3) = (+5) + (+3) = +8
Nas representações geométricas, temos à direita do zero os números
inteiros positivos, e à esquerda do zero, os números inteiros negativos. Portanto:
A diferença entre dois números dados numa certa ordem é a soma do
Observando a figura anterior, vemos que cada ponto é a representação primeiro com o oposto do segundo.
geométrica de um número inteiro.
Exemplos: 1) (+6) – (+2) = (+6) + (–2 ) = +4
Exemplos: 2) (–8 ) – (–1 ) = (–8 ) + (+1) = –7
 ponto C é a representação geométrica do número +3 3) (–5 ) – (+2) = (–5 ) + (–2 ) = –7
 ponto B' é a representação geométrica do número –2
Na prática, efetuamos diretamente a subtração, eliminando os parênte-
ADIÇÃO DE DOIS NÚMEROS INTEIROS ses
1) A soma de zero com um número inteiro é o próprio número inteiro: 0 – (+4 ) = –4
+ (–2) = –2 – ( –4 ) = +4
2) A soma de dois números inteiros positivos é um número inteiro posi-
tivo igual à soma dos módulos dos números dados: Observação:
(+700) + (+200) = +900 Permitindo a eliminação dos parênteses, os sinais podem ser re-
3) A soma de dois números inteiros negativos é um número inteiro ne- sumidos do seguinte modo:
gativo igual à soma dos módulos dos números dados: (–2) + (–4) = + ( + ) = ++ ( – ) = –
–6 – ( + ) = –– ( – ) = +
4) A soma de dois números inteiros de sinais contrários é igual à dife-
rença dos módulos, e o sinal é o da parcela de maior módulo: Exemplos: – ( –2) = +2 +(–6 ) = –6
(–800) + (+300) = –500 – (+3) = –3 +(+1) = +1

ADIÇÃO DE TRÊS OU MAIS NÚMEROS INTEIROS PROPRIEDADE DA SUBTRAÇÃO


A soma de três ou mais números inteiros é efetuada adicionan- A subtração possui uma propriedade.
do-se todos os números positivos e todos os negativos e, em segui- FECHAMENTO: A diferença de dois números inteiros é sempre um
da, efetuando-se a soma do número negativo. número inteiro.

Matemática 1
MULTIPLICAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS 2ª) ASSOCIATIVA
1º CASO: OS DOIS FATORES SÃO NÚMEROS INTEIROS POSITI- Exemplo: (+2 ) . (–3 ) . (+4 )
VOS Este cálculo pode ser feito diretamente, mas também podemos fazê-lo,
agrupando os fatores de duas maneiras:
Lembremos que: 3 . 2 = 2 + 2 + 2 = 6 (+2 ) . [(–3 ) . (+4 )] = [(+2 ) . ( –3 )]. (+4 )
Exemplo: (+2 ) . (–12) = (–6 ) . (+4 )
(+3) . (+2) = 3 . (+2) = (+2) + (+2) + (+2) = +6 –24 = –24
Logo: (+3) . (+2) = +6
De modo geral, temos o seguinte:
Observando essa igualdade, concluímos: na multiplicação de números Se a, b, c representam números inteiros quaisquer, então: a . (b . c) =
inteiros, temos: (a . b) . c
(+) . (+) =+
3ª) ELEMENTO NEUTRO
2º CASO: UM FATOR É POSITIVO E O OUTRO É NEGATIVO Observe que:
Exemplos: (+4 ) . (+1 ) = +4 e (+1 ) . (+4 ) = +4
1) (+3) . (–4) = 3 . (–4) = (–4) + (–4) + (–4) = –12
ou seja: (+3) . (–4) = –12 Qualquer que seja o número inteiro a, temos:
a . (+1 ) = a e (+1 ) . a = a
2) Lembremos que: –(+2) = –2
(–3) . (+5) = – (+3) . (+5) = –(+15) = – 15 O número inteiro +1 chama-se neutro para a multiplicação.
ou seja: (–3) . (+5) = –15
4ª) COMUTATIVA
Conclusão: na multiplicação de números inteiros, temos: ( + ) . ( – ) = – Observemos que: (+2). (–4 ) = – 8
(–).(+)=– e (–4 ) . (+2 ) = – 8
Portanto: (+2 ) . (–4 ) = (–4 ) . (+2 )
Exemplos :
(+5) . (–10) = –50 Se a e b são números inteiros quaisquer, então: a . b = b . a, isto é, a
(+1) . (–8) = –8 ordem dos fatores não altera o produto.
(–2 ) . (+6 ) = –12 (–7) . (+1)
= –7 5ª) DISTRIBUTIVA EM RELAÇÃO À ADIÇÃO E À SUBTRAÇÃO
Observe os exemplos:
3º CASO: OS DOIS FATORES SÃO NÚMEROS INTEIROS NEGATI- (+3 ) . [( –5 ) + (+2 )] = (+3 ) . ( –5 ) + (+3 ) . (+2 )
VOS (+4 ) . [( –2 ) – (+8 )] = (+4 ) . ( –2 ) – (+4 ) . (+8 )
Exemplo: (–3) . (–6) = – (+3) . (–6) = – (–18) = +18
isto é: (–3) . (–6) = +18 Conclusão:
Se a, b, c representam números inteiros quaisquer, temos:
Conclusão: na multiplicação de números inteiros, temos: ( – ) . ( – ) = + a) a . [b + c] = a . b + a . c
A igualdade acima é conhecida como propriedade distributiva da
Exemplos: (–4) . (–2) = +8 (–5) . (–4) = +20 multiplicação em relação à adição.
b) a . [b – c] = a . b – a . c
As regras dos sinais anteriormente vistas podem ser resumidas na se- A igualdade acima é conhecida como propriedade distributiva da
guinte: multiplicação em relação à subtração.
(+).(+)=+ (+).(–)=–
(– ).( –)=+ (–).(+)=– DIVISÃO DE NÚMEROS INTEIROS

Quando um dos fatores é o 0 (zero), o produto é igual a 0: (+5) . 0 = 0 CONCEITO


Dividir (+16) por 2 é achar um número que, multiplicado por 2, dê 16.
16 : 2 = ?  2 . ( ? ) = 16
PRODUTO DE TRÊS OU MAIS NÚMEROS INTEIROS O número procurado é 8. Analogamente, temos:
Exemplos: 1) (+5 ) . ( –4 ) . (–2 ) . (+3 ) = 1) (+12) : (+3 ) = +4 porque (+4 ) . (+3 ) = +12
(–20) . (–2 ) . (+3 ) = 2) (+12) : ( –3 ) = – 4 porque (– 4 ) . ( –3 ) = +12
(+40) . (+3 ) = +120 3) ( –12) : (+3 ) = – 4 porque (– 4 ) . (+3 ) = –12
4) ( –12) : ( –3 ) = +4 porque (+4 ) . ( –3 ) = –12
2) (–2 ) . ( –1 ) . (+3 ) . (–2 ) =
(+2 ) . (+3 ) . (–2 ) = A divisão de números inteiros só pode ser realizada quando o quocien-
(+6 ) . (–2 ) = –12 te é um número inteiro, ou seja, quando o dividendo é múltiplo do divisor.

Podemos concluir que: Portanto, o quociente deve ser um número inteiro.


- Quando o número de fatores negativos é par, o produto sempre é
positivo. Exemplos:
- Quando o número de fatores negativos é ímpar, o produto sempre ( –8 ) : (+2 ) = –4
é negativo. ( –4 ) : (+3 ) = não é um número inteiro

Lembramos que a regra dos sinais para a divisão é a mesma que vi-
PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO mos para a multiplicação:
No conjunto Z dos números inteiros são válidas as seguintes proprie- (+):(+)=+ (+):( –)=–
dades: (– ):( –)=+ ( –):(+)=–

1ª) FECHAMENTO Exemplos:


Exemplo: (+4 ) . (–2 ) = – 8  Z ( +8 ) : ( –2 ) = –4 (–10) : ( –5 ) = +2
Então o produto de dois números inteiros é inteiro. (+1 ) : ( –1 ) = –1 (–12) : (+3 ) = –4

Matemática 2
PROPRIEDADE Para dividir potências de mesma base em que o expoente do dividendo
Como vimos: (+4 ) : (+3 )  Z é maior que o expoente do divisor, mantemos a base e subtraímos os
Portanto, não vale em Z a propriedade do fechamento para a divisão. expoentes.
Alem disso, também não são válidas as proposições associativa, comutati- POTÊNCIA DE POTÊNCIA
va e do elemento neutro. [( –4 )3]5 = ( –4 )3 . 5 = ( –4 )15

POTENCIAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS Para calcular uma potência de potência, conservamos a base da pri-
meira potência e multiplicamos os expoentes .
CONCEITO
POTÊNCIA DE UM PRODUTO
A notação
[( –2 ) . (+3 ) . ( –5 )]4 = ( –2 )4 . (+3 )4 . ( –5 )4
(+2 )3 = (+2 ) . (+2 ) . (+2 )
Para calcular a potência de um produto, sendo n o expoente, elevamos
cada fator ao expoente n.
é um produto de três fatores iguais
POTÊNCIA DE EXPOENTE ZERO
Analogamente:
(+2 )5 : (+2 )5 = (+2 )5-5 = (+2 )0
( –2 )4 = ( –2 ) . ( –2 ) . ( –2 ) . ( –2 )
e (+2 )5 : (+2 )5 = 1

Conseqüentemente: (+2 )0 = 1 ( –4 )0 = 1
é um produto de quatro fatores iguais
Qualquer potência de expoente zero é igual a 1.
Portanto potência é um produto de fatores iguais.
Observação:
Na potência (+5 )2 = +25, temos:
Não confundir –32 com (–3)2, porque –32 significa – ( 3 )2 e portanto
+5 ---------- base
–3 = –( 3 )2 = –9
2
2 ---------- expoente
+25 ---------- potência
enquanto que: ( –3 )2 = ( –3 ) . ( –3 ) = +9
0bservacões : Logo: – 3 2  ( –3 )2
(+2 ) 1 significa +2, isto é, (+2 )1 = +2
( –3 )1 significa –3, isto é, ( –3 )1 = –3 NÚMEROS PARES E ÍMPARES
CÁLCULOS
(PRIMOS E COMPOSTOS);

O EXPOENTE É PAR Os pitagóricos estudavam à natureza dos números, e baseado nesta natu-
Calcular as potências reza criaram sua filosofia e modo de vida. Vamos definir números pares e
1) (+2 )4 = (+2 ) . (+2 ) . (+2 ) . (+2 ) = +16 isto é, (+2)4 = +16 ímpares de acordo com a concepção pitagórica:
2) ( –2 ) = ( –2 ) . ( –2 ) . ( –2 ) . ( –2 ) = +16 isto é, (–2 )4 = +16
4 • par é o número que pode ser dividido em duas partes iguais, sem que
Observamos que: (+2)4 = +16 e (–2)4 = +16 uma unidade fique no meio, e ímpar é aquele que não pode ser dividido
em duas partes iguais, porque sempre há uma unidade no meio
Então, de modo geral, temos a regra:
Uma outra caracterização, nos mostra a preocupação com à natureza dos
Quando o expoente é par, a potência é sempre um número positivo. números:
• número par é aquele que tanto pode ser dividido em duas partes iguais
Outros exemplos: (–1)6 = +1 (+3)2 = +9 como em partes desiguais, mas de forma tal que em nenhuma destas
divisões haja uma mistura da natureza par com a natureza ímpar, nem
O EXPOENTE É ÍMPAR da ímpar com a par. Isto tem uma única exceção, que é o princípio do
Calcular as potências: par, o número 2, que não admite a divisão em partes desiguais, porque
1) (+2 )3 = (+2 ) . (+2 ) . (+2 ) = +8 ele é formado por duas unidades e, se isto pode ser dito, do primeiro
isto é, (+2)3 = + 8 número par, 2.
2) ( –2 )3 = ( –2 ) . ( –2 ) . ( –2 ) = –8
ou seja, (–2)3 = –8 Para exemplificar o texto acima, considere o número 10, que é par, pode
ser dividido como a soma de 5 e 5, mas também como a soma de 7 e 3 (que
Observamos que: (+2 )3 = +8 e ( –2 )3 = –8 são ambos ímpares) ou como a soma de 6 e 4 (ambos são pares); mas nunca
como a soma de um número par e outro ímpar. Já o número 11, que é ímpar
Daí, a regra: pode ser escrito como soma de 8 e 3, um par e um ímpar. Atualmente, definimos
Quando o expoente é ímpar, a potência tem o mesmo sinal da base. números pares como sendo o número que ao ser dividido por dois têm resto
zero e números ímpares aqueles que ao serem divididos por dois têm resto
Outros exemplos: (– 3) 3 = – 27 (+2)4 = +16 diferente de zero. Por exemplo, 12 dividido por 2 têm resto zero, portanto 12 é
par. Já o número 13 ao ser dividido por 2 deixa resto 1, portanto 13 é ímpar.
PROPRIEDADES

PRODUTO DE POTÊNCIAS DE MESMA BASE DIVISIBILIDADE


Exemplos: (+2 )3 . (+2 )2 = (+2 )3+2 = (+2 )5 Um número é divisível por 2 quando termina em 0, 2, 4, 6 ou 8. Ex.: O número
( –2 )2 . ( –2 )3 . ( –2 )5 = (–2 ) 2 + 3 + 5 = ( –2 )10 74 é divisível por 2, pois termina em 4.
Para multiplicar potências de mesma base, mantemos a base e soma- Um número é divisível por 3 quando a soma dos valores absolutos dos seus
mos os expoentes. algarismos é um número divisível por 3.
QUOCIENTE DE POTÊNCIAS DE MESMA BASE Ex.: 123 é divisível por 3, pois 1+2+3 = 6 e 6 é divisível por 3
(+2 ) 5 : (+2 )2 = (+2 )5-2 = (+2 )3
( –2 )7 : ( –2 )3 = ( –2 )7-3 = ( –2 )4

Matemática 3
Um número é divisível por 5 quando o algarismo das unidades é 0 ou 5 (ou DIVISORES DE UM NÚMERO
quando termina em o ou 5). Ex.: O número 320 é divisível por 5, pois termina em
0. Consideremos o número 12 e vamos determinar todos os seus divisores
Uma maneira de obter esse resultado é escrever os números naturais de 1 a 12
Um número é divisível por 10 quando o algarismo das unidades é 0 (ou e verificar se cada um é ou não divisor de 12, assinalando os divisores.
quando termina em 0). Ex.: O número 500 é divisível por 10, pois termina em 0. 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12
= = = = = ==

NÚMEROS PRIMOS Indicando por D(12) (lê-se: "D de 12”) o conjunto dos divisores do número
12, temos:
Um número natural é primo quando é divisível apenas por dois números D (12) = { 1, 2, 3, 4, 6, 12}
distintos: ele próprio e o 1.

Exemplos: Na prática, a maneira mais usada é a seguinte:


• O número 2 é primo, pois é divisível apenas por dois números diferen- 1º) Decompomos em fatores primos o número considerado.
tes: ele próprio e o 1. 12 2
• O número 5 é primo, pois é divisível apenas por dois números distintos: 6 2
ele próprio e o 1. 3 3
• O número natural que é divisível por mais de dois números diferentes é 1
chamado composto.
• O número 4 é composto, pois é divisível por 1, 2, 4. 2º) Colocamos um traço vertical ao lado os fatores primos e, à sua direita e
• O número 1 não é primo nem composto, pois é divisível apenas por um acima, escrevemos o numero 1 que é divisor de todos os números.
número (ele mesmo). 1
• O número 2 é o único número par primo. 12 2
6 2
3 3
DECOMPOSIÇÃO EM FATORES PRIMOS (FATORAÇÃO) 1

Um número composto pode ser escrito sob a forma de um produto de fato- 3º) Multiplicamos o fator primo 2 pelo divisor 1 e escrevemos o produto ob-
res primos. tido na linha correspondente.
x1
Por exemplo, o número 60 pode ser escrito na forma: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 = 22 . 12 2 2
3 . 5 que é chamada de forma fatorada. 6 2
3 3
Para escrever um número na forma fatorada, devemos decompor esse nú- 1
mero em fatores primos, procedendo do seguinte modo:
4º) Multiplicamos, a seguir, cada fator primo pelos divisores já obtidos,
Dividimos o número considerado pelo menor número primo possível de escrevendo os produtos nas linhas correspondentes, sem repeti-los.
modo que a divisão seja exata. x1
12 2 2
Dividimos o quociente obtido pelo menor número primo possível. 6 2 4
3 3
Dividimos, sucessivamente, cada novo quociente pelo menor número primo 1
possível, até que se obtenha o quociente 1.
x1
Exemplo: 12 2 2
60 2 6 2 4
3 3 3, 6, 12
0 30 2 1

0 15 3
Os números obtidos à direita dos fatores primos são os divisores do número
0 5 5 considerado. Portanto:
0 1 D(12) = { 1, 2, 4, 3, 6, 12}

Portanto: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 Exemplos:
1)
Na prática, costuma-se traçar uma barra vertical à direita do número e, à di- 1
reita dessa barra, escrever os divisores primos; abaixo do número escrevem-se 18 2 2
os quocientes obtidos. A decomposição em fatores primos estará terminada 9 3 3, 6 D(18) = {1, 2 , 3, 6, 9, 18}
quando o último quociente for igual a 1. 3 3 9, 18
1
Exemplo:
60 2 2)
30 2 1
15 3 30 2 2
5 5 15 3 3, 6
1 5 5 5, 10, 15, 30
1
Logo: 60 = 2 . 2 . 3 . 5 D(30) = { 1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}

Matemática 4
MMC E MDC CONCEITO
Consideremos o seguinte problema:
Descobrir os números inteiros cujo quadrado é +25.
MÁXIMO DIVISOR COMUM Solução: (+5 )2 = +25 e ( –5 )2 =+25
Resposta: +5 e -5
Recebe o nome de máximo divisor comum de dois ou mais números
o maior dos divisores comuns a esses números. Os números +5 e –5 chamam-se raízes quadradas de +25.
Um método prático para o cálculo do M.D.C. de dois números é o chamado
método das divisões sucessivas (ou algoritmo de Euclides), que consiste das Outros exemplos:
etapas seguintes: Número Raízes quadradas
1ª) Divide-se o maior dos números pelo menor. Se a divisão for exata, o +9 + 3 e –3
M.D.C. entre esses números é o menor deles. +16 + 4 e –4
2ª) Se a divisão não for exata, divide-se o divisor (o menor dos dois núme- +1 + 1 e –1
ros) pelo resto obtido na divisão anterior, e, assim, sucessivamente, até +64 + 8 e –8
se obter resto zero. 0 ultimo divisor, assim determinado, será o M.D.C. +81 + 9 e –9
dos números considerados. +49 + 7 e –7
+36 +6 e –6
Exemplo:
Calcular o M.D.C. (24, 32)
O símbolo 25 significa a raiz quadrada de 25, isto é 25 = +5
32 24 24 8
Como 25 = +5 , então:  25  5
8 1 0 3
Agora, consideremos este problema.
Resposta: M.D.C. (24, 32) = 8 Qual ou quais os números inteiros cujo quadrado é -25?
Solução: (+5 )2 = +25 e (-5 )2 = +25
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM Resposta: não existe número inteiro cujo quadrado seja -25, isto é,

Recebe o nome de mínimo múltiplo comum de dois ou mais números o


 25 não existe no conjunto Z dos números inteiros.
menor dos múltiplos (diferente de zero) comuns a esses números.

O processo prático para o cálculo do M.M.C de dois ou mais números, Conclusão: os números inteiros positivos têm, como raiz quadrada, um nú-
chamado de decomposição em fatores primos, consiste das seguintes etapas: mero positivo, os números inteiros negativos não têm raiz quadrada no conjunto
1º) Decompõem-se em fatores primos os números apresentados. Z dos números inteiros.
2º) Determina-se o produto entre os fatores primos comuns e não-comuns
com seus maiores expoentes. Esse produto é o M.M.C procurado.
RADICIAÇÃO
Exemplos: Calcular o M.M.C (12, 18)
Decompondo em fatores primos esses números, temos: A raiz n-ésima de um número b é um número a tal que an = b.
12 2 18 2
6 2 9 3 n
b  a  an  b
3 3 3 3
1 1 5
32  2
12 = 22 . 3 18 = 2 . 32 5 índice
32 radicando pois 25 = 32
Resposta: M.M.C (12, 18) = 22 . 32 = 36
raiz
Observação: Esse processo prático costuma ser simplificado fazendo-se 2 radical
uma decomposição simultânea dos números. Para isso, escrevem-se os núme-
ros, um ao lado do outro, separando-os por vírgula, e, à direita da barra vertical, 3
colocada após o último número, escrevem-se os fatores primos comuns e não- Outros exemplos : 8 = 2 pois 2 3 = 8
comuns. 0 calculo estará terminado quando a última linha do dispositivo for
composta somente pelo número 1. O M.M.C dos números apresentados será o
3
 8 = – 2 pois ( –2 )3 = – 8
produto dos fatores.

Exemplo: PROPRIEDADES (para a  0, b  0)


Calcular o M.M.C (36, 48, 60)
36, 48, 60 2 an  310  3 32
m: p
1ª)
m
a n: p 15
18, 24, 30 2
9, 12, 15 2
9, 6, 15 2 2ª)
n
a b  n a  n b 6  2 3
9, 3, 15 3
4
3, 1, 5 3 5 5
1, 1 5 5 3ª)
n
a:b  n a :n b 4 4
1, 1, 1 16 16
Resposta: M.M.C (36, 48, 60) = 24 . 32 . 5 = 720 4ª)  a
m
n
 m an  x
3
5
 3 x5
RAÍZ QUADRADA EXATA DE NÚMEROS INTEIROS
5ª)
m n
a  mn a 6
3  12 3

Matemática 5
EXPRESSÕES NUMÉRICAS COM NÚMEROS INTEIROS ENVOLVEN-
DO AS QUATRO OPERAÇÕES
Para calcular o valor de uma expressão numérica com números inteiros,
procedemos por etapas.

1ª ETAPA:
a) efetuamos o que está entre parênteses ( )
b) eliminamos os parênteses
Um círculo foi dividido em 3 partes iguais, dizemos que duas partes pin-
tadas representam 2 da figura.
2ª ETAPA:
3
a) efetuamos o que está entre colchetes [ ]
Quando o numerador é menor que o denominador temos uma fração
b) eliminamos os colchetes
própria.
Observe:
3º ETAPA:
a) efetuamos o que está entre chaves { }
b) eliminamos as chaves

Em cada etapa, as operações devem ser efetuadas na seguinte ordem:


1ª) Potenciação e radiciação na ordem em que aparecem.
2ª) Multiplicação e divisão na ordem em que aparecem.
3ª) Adição e subtração na ordem em que aparecem.

Exemplos:
1) 2 + 7 . (–3 + 4) = Quando o numerador é maior que o denominador temos uma fração
2 + 7 . (+1) = 2+7 =9 imprópria.
Os números racionais são representados por um numeral em forma de
2) (–1 )3 + (–2 )2 : (+2 ) = a
–1+ (+4) : (+2 ) = fração ou razão, , sendo a e b números naturais, com a condição de b
–1 + (+2 ) = b
–1 + 2 = +1 ser diferente de zero.
TODO NÚMERO NATURAL pode ser representado por uma fração de
3) – (– 4 +1) – [– (3 +1)] = denominador 1. Logo, é possível reunir tanto os números naturais como os
– ( – 3) – [ – 4 ] = fracionários num único conjunto, denominado conjunto dos números racio-
+3 + 4 = 7 nais absolutos, ou simplesmente conjunto dos números racionais Q.
NOMES DADOS ÀS FRAÇÕES
4) –2( –3 –1)2 +3 . ( –1 – 3)3 + 4 a) Decimais: quando têm como denominador 10 ou uma potência de 10
–2 . ( – 4 )2 + 3 . ( – 4 )3 + 4 = 5 7
–2 . (+16) + 3 . (– 64) + 4 = , ,   etc.
–32 – 192 + 4 =
10 100
– 224 + 4 = – 220
b) próprias: aquelas que representam quantidades menores do que 1.
5) (–288) : (–12)2 – (–125) : ( –5 )2 = 1 3 2
(–288) : (+144) – (– 125) : (+25) = , , ,   etc.
(– 2 ) – (– 5 ) = – 2 + 5 = +3
2 4 7

6) (–10 – 8) : (+6 ) – (– 25) : (–2 + 7 ) = c) impróprias: as que indicam quantidades iguais ou maiores que 1.
(–18) : (+6 ) – (– 25) : (+5 ) = 5 8 9
–3 – (– 5) = , , ,   etc.
– 3 + 5 = +2
5 1 5

7) –52 : (+25) – (–4 )2 : 24 – 12 = d) aparentes: todas as que simbolizam um número natural.


– 25 : (+25) – (+16) : 16 – 1 = 20 8
–1 – (+1) –1 = –1 –1 –1 = – 3
 5,  4 , etc.
4 2
8) 2 . ( –3 )2 + (– 40) : (+2)3 – 22 = e) frações iguais: são as que possuem os termos iguais.
2 . (+9 ) + (– 40) : (+8 ) – 4 =
+18 + (– 5) – 4 = 3 3 8 8
= ,  , etc.
+ 18 – 5 – 4 = + 18 – 9 = + 9 4 4 5 5
NÚMEROS RACIONAIS f) forma mista de uma fração: é o nome dado ao numeral formado por
 4
uma parte inteira e uma parte fracionária;  2  A parte inteira é 2 e a
 7
4
parte fracionária .
7
Frações Equivalentes
Um círculo foi dividido em duas partes iguais, dizemos que uma parte
pintada representa metade da figura ( ½ ) . Duas ou mais frações são equivalentes, quando representam a mesma
onde: 1 = numerador e 2 = denominador quantidade.

Matemática 6
Exercícios: Colocar em ordem crescente:
2 2 5 4 5 2 4
1) e 2) e 3) , e
5 3 3 3 6 3 5
2 2 4 5
Respostas: 1)  2) 
5 3 3 3
2 4 5
3)  
3 5 6
SIMPLIFICAÇÃO DE FRAÇÕES
Para simplificar frações devemos dividir o numerador e o denominador
1 2 3 por um número diferente de zero.
Dizemos que:  
2 4 6 Quando não for mais possível efetuar as divisões, dizemos que a fra-
ção é irredutível. Exemplo:
- Para obter frações equivalentes, devemos multiplicar ou dividir o nu- 18 : 2 9 : 3 3
merador por mesmo número diferente de zero.  
1 2 2 1 3 3 12 : 2 6 : 3 2
Ex:   ou . 
2 2 4 2 3 6 Fração irredutível ou simplificada
9 36
Exercícios: Exercícios: Simplificar 1) 2)
1) Achar três frações equivalentes às seguintes frações: 12 45
1 2 3 4
1) 2) Respostas: 1) 2)
4 3 4 5
2 3 4 4 6 8
Respostas: 1) , , 2) , , OPERAÇÕES COM FRAÇÕES
8 12 16 6 9 12
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO
Redução de frações ao menor denominador comum
A soma ou a diferença de duas frações é uma outra fração, cujo calculo
1 3 recai em um dos dois casos seguintes:
Ex.: e
3 4
1º CASO: Frações com mesmo denominador. Observemos as figuras
Calcular o M.M.C. (3,4) = 12 seguintes:
1
e
3
=
12 : 3  1 e 12 : 4  3 temos:
3 4 12 12
4 9
e
12 12 3 2
1 4 3 9 6 6
A fração é equivalente a . A fração equivalente .
3 12 4 12

Comparação de frações 5
6
a) Frações de denominadores iguais.
Se duas frações tem denominadores iguais a maior será aquela: que ti- 3 2 5
ver maior numerador.
Indicamos por:  
6 6 6
3 1 1 3
Ex.:  ou 
4 4 4 4

b) Frações com numeradores iguais


Se duas frações tiverem numeradores iguais, a menor será aquela que
tiver maior denominador. 2
7 7 7 7 6
Ex.:  ou 
4 5 5 4
c) Frações com numeradores e denominadores respectivamente dife- 5
rentes.
Reduzimos ao mesmo denominador e depois comparamos. 6
Exemplo:
2 4 3
?  numeradores diferentes e denominadores diferentes
3 5 6
m.m.c.(3, 5) = 15 5 2 3
Indicamos por:  
6 6 6
(15 : 3).2 (15 : 5).4 10 12
? =  (ordem cres-
15 15 15 15 Assim, para adicionar ou subtrair frações de mesmo denominador, pro-
cente) cedemos do seguinte modo:

Matemática 7
 adicionamos ou subtraímos os numeradores e mantemos o deno- Se a expressão apresenta os sinais de parênteses ( ), colchetes [ ]
minador comum. e chaves { }, observamos a mesma ordem:
 simplificamos o resultado, sempre que possível. 1º) efetuamos as operações no interior dos parênteses;
Exemplos: 2º) as operações no interior dos colchetes;
3 1 3 1 4 3º) as operações no interior das chaves.
   Exemplos:
5 5 5 5 2 3 5 4
4 8 4  8 12 4 1)       
    3 4 2 2
9 9 9 9 3
 8 9  1
7 3 73 4 2    
     12 12  2
6 6 6 6 3
17 1
2 2 22 0   
   0 12 2
7 7 7 7
17 6
  
Observação: A subtração só pode ser efetuada quando o minuendo é 12 12
maior que o subtraendo, ou igual a ele.
11

2º CASO: Frações com denominadores diferentes: 12
Neste caso, para adicionar ou subtrair frações com denominadores di-   3 1   2 3 
ferentes, procedemos do seguinte modo: 2)5      1   
• Reduzimos as frações ao mesmo denominador.   2 3   3 4 
• Efetuamos a operação indicada, de acordo com o caso anterior.
• Simplificamos o resultado (quando possível).   9 2   5 3 
 5         
  6 6   3 4 
Exemplos:
 7   20 9 
1 2 5 3
   5       
1)   2)  6   12 12 
3 4 8 6
15 12  30 7  29
4 6        
   24 24  6 6  12
12 12
15  12 23 29
46     
  24 6 12
12 46 29
27 9   
10 5   12 12
  24 8
12 6 17

12
Observações:
Para adicionar mais de duas frações, reduzimos todas ao mesmo de- Multiplicação de Frações
nominador e, em seguida, efetuamos a operação. Para multiplicar duas ou mais frações devemos multiplicar os numera-
dores das frações entre si, assim como os seus denominadores.
Exemplos. Exemplo:
2 7 3 3 5 1 1
a)    b)     2 3 2 3
.  x 
6

3
15 15 15 4 6 8 2 5 4 5 4 20 10
273 18 20 3 12 Exercícios: Calcular:
      
15 24 24 24 24 2 5 2 3 4  1 3   2 1
1)  2)   3)     
12 4 18  20  3  12 5 4 5 2 3 5 5 3 3
   
15 5 24 10 1 24 4 4
53 Respostas: 1)  2)  3)
 20 2 30 5 15
24
Divisão de frações
Havendo número misto, devemos transformá-lo em fração imprópria:
Exemplo: Para dividir duas frações conserva-se a primeira e multiplica-se pelo in-
1 5 1 verso da segunda.
2  3 
3 12 6 4 2 4 3 12 6
Exemplo: :  .  
7 5 19 5 3 5 2 10 5
  
3 12 6
28 5 38 Exercícios. Calcular:
   4 2 8 6  2 3  4 1
12 12 12 1) : 2) : 3)    :   
28  5  38 71 3 9 15 25 5 5 3 3

12 12 20
Respostas: 1) 6 2) 3) 1
9
Matemática 8
Potenciação de Frações Nota: Os números podem ser representados utilizando-se outras bases
que não a base decimal; tais bases formarão novos sistemas numéricos
Eleva o numerador e o denominador ao expoente dado. Exemplo: onde seus elementos diferirão daqueles constituintes do sistema decimal.
3 Tomando-se um número de determinado sistema como referencial, pode-se
2 23 8 realizar mudança de base determinando o numeral que lhe será correspon-
   3 
 
3 3 27 dente na nova base.
Nota: símbolo “zero” serve para indicar as ordens vazias. Enquanto os
algarismos de um a nove são chamados de algarismos significativos, “zero”
Exercícios. Efetuar:
2 4 2 3
(0) é chamado algarismo insignificativo.
3  1  4  1
1)   2)   3)      O conjunto dos números 1, 2, 3, 4, ........,n, que surgiram naturalmente
4 2 3 2 de um processo de contagem reunido ao conjunto formado pelo “zero” (0),
9 1 119 forma o conjunto dos números naturais, que se escreve:
Respostas: 1) 2) 3)
16 16 72 N = {0, 1, 2, 3, 4, ......., n, ............}

• BASE DE UM SISTEMA DE NUMERAÇÃO


Radiciação de Frações
É o conjunto de nomes ou símbolos necessários para representar
qualquer número.
Extrai raiz do numerador e do denominador.
4 4 2 Base 7 - No sistema de base 7, os elementos de um conjunto são con-
Exemplo:   tados de 7 em 7, por meio dos algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Contando-
9 9 3
se os 365 dias do ano de 7 em 7, obtemos o número de semanas num ano.

Exercícios. Efetuar: Base 5 - No sistema de base 5 ou quinário, contamos de 5 em 5, em-


1 16 9  1
2 pregando os algarismos 0, 1, 2, 3, 4 e 5.
1) 2) 3)  
9 25 16  2  Base 2 - No sistema de base 2 ou binário contamos de 2 em 2, utili-
1 4 zando apenas os algarismos 0 e 1.
Respostas: 1) 2) 3) 1
3 5 Os computadores eletrônicos empregam o sistema binário, traduzindo
o algarismo 1 por uma lâmpada acesa (circuito fechado) e o algarismo 0 por
SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL uma lâmpada apagada (circuito aberto). E a leitura dos números é feita no
quadro do computador de acordo com o que as lâmpadas acusam.
Numeração: Processo de representação dos números, utilizando-se
símbolos e palavras. NÚMEROS DECIMAIS

Sistema de numeração: É um sistema de contagem ou um conjunto Toda fração com denominador 10, 100, 1000,...etc, chama-se fração
de regras para indicarmos os números. decimal.
Base de uma contagem: É o número de elementos do agrupamento 3 4 7
Ex: , , , etc
que se faz para contar os elementos do conjunto. 10 100 1000
Ex.: Quando os palitos de uma caixa de fósforos são contados um a
um, diz-se que foi empregada a base 1. Escrevendo estas frações como se lêem , temos:
Sistema de número decimal
3
= três décimos,
10
Principio da posição decimal: Todo algarismo colocado imediatamen- 4
te à esquerda do outro, representa unidade de ordem, imediatamente = quatro centésimos
superiores a este (10 vezes maior) sendo que o primeiro algarismo à direita 100
representa unidade simples. 7
= sete milésimos
1000
Características fundamentais:
1) Base dez, na contagem.
Escrevendo estas frações na forma decimal temos:
2) Os dez algarismos: 1, 2, 3, 4, 5, 8, 7, 8, 9, 0 para formarem os nu-
merais. 3 4 7
=0,3 = 0,04 = 0,007
3) O princípio da posição decimal, para a colocação dos algarismos. 10 100 1000
Ordens: são as unidades, dezenas, centenas, milhares etc., também Outros exemplos:
chamadas posições. 34 635 2187
1) = 3,4 2) = 6,35 3) =218,7
Valor relativo ou posicional de um algarismo: É o número de unida- 10 100 10
des simples, dezenas, centenas, milhares, etc., que ele representa de
acordo com sua posição no numeral. Note que a vírgula “caminha” da direita para a esquerda, a quantidade
de casas deslocadas é a mesma quantidade de zeros do denominador.
Valor absoluto de um algarismo: É o valor que ele representa quando
considerado isoladamente. Exercícios. Representar em números decimais:
35 473 430
8197 4 ORDENS 1) 2) 3)
10 100 1000
7 = unidades – valor absoluto: 7, posicional: 7
9 = dezenas – valor absoluto: 9; posicional: 90
1 = centenas – valor absoluto: 1; posicional: 100 Respostas: 1) 3,5 2) 4,73 3) 0,430
8 = milhares = valor absoluto: 8; posicional: 8000

Matemática 9
LEITURA DE UM NÚMERO DECIMAL Operações com números decimais

Ex.: Adição e Subtração


Coloca-se vírgula sob virgula e somam-se ou subtraem-se unidades de
mesma ordem. Exemplo 1:

10 + 0,453 + 2,832
10,000
+ 0,453
2,832
_______
13,285

Exemplo 2:
47,3 – 9,35
47,30
– 9,35
______
37,95

milhar cente- deze- Unidade déci- centé- milési- Exercícios. Efetuar as operações:
na na simples mo simo mo 1) 0,357 + 4,321 + 31,45
2) 114,37 – 93,4
1 000 100 10 1 0,1 0,01 0,001 3) 83,7 + 0,53 – 15, 3

Respostas: 1) 36,128 2) 20,97 3) 68,93

LEITURA DE UM NÚMERO DECIMAL Multiplicação com números decimais


Procedemos do seguinte modo:
1º) Lemos a parte inteira (como um número natural). Multiplicam-se dois números decimais como se fossem inteiros e sepa-
2º) Lemos a parte decimal (como um número natural), acompanhada ram-se os resultados a partir da direita, tantas casas decimais quantos
de uma das palavras: forem os algarismos decimais dos números dados.
- décimos, se houver uma ordem (ou casa) decimal
- centésimos, se houver duas ordens decimais; Exemplo: 5,32 x 3,8
- milésimos, se houver três ordens decimais. 5,32  2 casas,
x 3,8 1 casa após a virgula
Exemplos: ______
1) 1,2 Lê-se: "um inteiro e 4256
dois décimos". 1596 +
______
2) 12,75 Lê-se: "doze inteiros 20,216  3 casas após a vírgula
e setenta e cinco
centésimos".
Exercícios. Efetuar as operações:
1) 2,41 . 6,3 2) 173,4 . 3,5 + 5 . 4,6
3) 8,309 Lê-se: "oito inteiros e 3) 31,2 . 0,753
trezentos e nove
milésimos''. Respostas: 1) 15,183 2) 629,9 3) 23,4936
Observações:
1) Quando a parte inteira é zero, apenas a parte decimal é lida. Multiplicação de um número decimal por 10, 100, 1000
Exemplos:
a) 0,5 - Lê-se: "cinco Para tornar um número decimal 10, 100, 1000..... vezes maior, desloca-
décimos". se a vírgula para a direita, respectivamente, uma, duas, três, . . . casas
decimais.
b) 0,38 - Lê-se: "trinta e oito 2,75 x 10 = 27,5 6,50 x 100 = 650
centésimos". 0,125 x 100 = 12,5 2,780 x 1.000 = 2.780
0,060 x 1.000 = 60 0,825 x 1.000 = 825
c) 0,421 - Lê-se: "quatrocentos Divisão de números decimais
e vinte e um
milésimos". Quando o dividendo for menor que o divisor: Igualamos as casas
decimais entre o dividendo e o divisor e acrescentamos um zero antes da
vírgula no quociente.
2) Um número decimal não muda o seu valor se acrescentarmos ou
suprimirmos zeros â direita do último algarismo. Ex.:
Exemplo: 0,5 = 0,50 = 0,500 = 0,5000 ....... 3:4 =
3 |_4_
3) Todo número natural pode ser escrito na forma de número decimal, 30 0,75
colocando-se a vírgula após o último algarismo e zero (ou zeros) a 20
sua direita. 0
Exemplos: 34 = 34,00... 176 = 176,00...
Obs.: Para transformar qualquer fração em número decimal basta divi-
dir o numerador pelo denominador.

Matemática 10
Ex.: 2 = 2 |5 , então 2 = 0,4 Observando a quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
5 20 0,4 5 de comprimento é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior.
0 Assim, podemos escrever:
1 km = 10 hm
Quando o dividendo é maior que o divisor, procede-se assim: 1m = 10 dm
1) iguala-se o número de casas decimais; 1 hm = 10 dam
2) suprimem-se as vírgulas; 1 dm = 10 cm
3) efetua-se a divisão como se fossem números inteiros. 1 dam = 10 m 1 cm = 10 mm

Exemplos:
7,85 : 5 = 7,85 : 5,00 785 : 500 = 1,57 MEDIDAS DE SUPERFÍCIE
Dividindo 785 por 500 obtém-se quociente 1 e resto 285 Medir uma superfície é compará-la com outra superfície tomada como
unidade. A medida de uma superfície é chamada área da superfície.
Como 285 é menor que 500, acrescenta-se uma vírgula ao quociente
e zero ao resto . A unidade legal de medida da área de uma superfície é a área de um
0,35 : 7 = 0,35 7,00 35 : 700 = 0,05 quadrilátero cujos lados medem 1 metro e que tem a seguinte forma:
Como 35 não divisível por 700, coloca-se zero e vírgula no quociente e 1m
um zero no dividendo. Como 350 não é divisível por 700, acrescenta-se
outro zero ao quociente e outro ao dividendo. 1m 1m

Exercícios 1m
1) Transformar as frações em números decimais. Essa unidade é chamada metro quadrado e representada por m2 .
1 4 1
a) b) c) O metro quadrado, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no
5 5 4 quadro seguinte:
Respostas: a) 0,2 b) 0,8 c) 0,25 Múltiplos Unidade Submúltiplos
2) Efetuar as operações: Nome quilôm hectômetr decâm metro decíme centím milímetro
a) 1,6 : 0,4 etro o etro quadrado tro etro quadrado
b) 25,8 : 0,2 quadra quadrado quadra quadra quadra
c) 45,6 : 1,2 do do do do
d) 180 : 4,5 – 3,4 . 1/2
e) 235,6 : 1,2 + 5 . 3/4 Símbol km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
o
Respostas: a) 4 b) 129 c) 38
Valor 1 000 10 000 m2 100 m2 1 m2 0,01 m2 0,0001 0,000001
d) 38,3 e) 200,0833.... 000m2 m2 m2

Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade


Divisão de um número decimal por 10, 100, 1000 de área ê cem vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Assim,
podemos escrever:
Para tornar um número decimal 10, 100, 1000, .... vezes menor, deslo- 1 km2 = 100 hm2
ca-se a vírgula para a esquerda, respectivamente, uma, duas, três, ... casas 1m2 = 100 dm2
decimais. 1 hm2 = 100 dam2
1 dm2 = 100 cm2
Exemplos: 1 dam2 = 100 m2
25,6 : 10 = 2,56 1 cm2 = 100 mm2
4 : 10 = 0,4
315,2 : 100 = 3,152 MEDIDAS DE VOLUME
18 : 100 = 0,18 Medir um sólido, ou a "quantidade de espaço" ocupada por ele significa
42,5 : 1.000 = 0,0425 compará-lo com outro sólido tomado como unidade. A medida de um sólido
é chamada volume do sólido.

SISTEMA MÉTRICO (MEDIDAS DE COMPRIMENTO, Essa unidade é chamada metro cúbico e é representada por m3. O
metro cúbico, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no quadro
ÁREA, VOLUME, CAPACIDADE, MASSA E TEMPO) seguinte:

MEDIDAS DE COMPRIMENTO Múltiplos Unidad Submúltiplos


As medidas lineares de comprimento têm como unidade legal o metro, e
representado por m. Assim, medir uma distancia significa compará-la com o quilôm hectômetro decâm metro decím centím milímet
metro e determinar quantas vezes ela o contém. Nome etro cúbico etro cúbico etro etro ro
cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
No quadro abaixo, vemos o metro, seus múltiplos e submúltiplos.
Símbolo km3 hm3 dam3 m3 cm3 dm3 mm3
Múltiplos Unidade Submúltiplos
Nome quilô hectôme decâmet metro decí centímet milímetr
metro tro ro met ro o Valor 1 000 1 000 1000 1 m3 0,001 0,00000 0,00000
ro 000 000m3 m3 m3 1 m3 0001
Símbo km hm dam m dm cm mm 000m3 m3
lo
Valor 1000 100 m 10 m 1m 0,1 0,01 m 0,001 m
m m Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
de volume é mil vezes maior que a unidade imediatamente inferior.

Matemática 11
Assim, podemos escrever:
1 km3 = 1000 hm3
1m3 = 1000 dm3 Unidade Múltiplos
1 hm3 = 1000 dam3 nome segundo minuto hora dia
1 dm3 = 1000 cm3 Símbolo s min h d
1 dam3 = 1000 m3
1 cm3 = 1000 mm3 valor 1s 60 s 60 min = 3 600 s 24 h = 1 440
min = 86 400 s
MEDIDAS DE CAPACIDADE
A capacidade, por ser um volume, pode ser medida em unidades volu- As medidas de tempo inferiores ao segundo não têm designação
me, já estudadas. Todavia, uma unidade prática - o litro (  ) – foi definida, própria; utilizamos, então, submúltiplos decimais.
de acordo com a seguinte condição:
3 Assim, dizemos: décimos de segundo, centésimos de segundo, ou
1 litro = 1 dm
milésimos de segundo.

ou seja, 1 litro eqüivale ao volume de um cubo de 1 dm de aresta. O Utilizam-se também as unidades de tempo estabelecidas pelas con-
litro, seus múltiplos e submúltiplos são apresentados no quadro seguinte: venções usuais do calendário civil e da Astronomia, como, por exemplo, 1
mês, o ano, o século, etc.
Múltiplos Unidad Submúltiplos
e Da análise do quadro apresentado e da observação 2, podemos
afirmar que:
Nome hectolitro decalitro litro decilitr centilitr mililitro 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3 600 s
o o
1 d = 24 h 1 mês = 30 d
Símbolo hl dal dl cl ml 1 ano = 12 meses1 século = 100 anos

Para efetuar a mudança de uma unidade para outra, devemos
Valor 100  10  1  0,1  0,01  0,001  multiplicá-la (ou dividi-la) pelo valor dessa unidade:
10 min = 600 s - equivale a 10 . 60 = 600
Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade 2400 s = 40 min - equivale a 2400 . 60 = 40
de capacidade é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior. 12 h = 720 min - equivale a 12 . 60 = 720
Assim, podemos escrever: 1 d = 86400s - equivale a 1440 min . 60 = 86 400
1 hl = 10 dal
1dal = 10 litros
1 litro = 10 dl
RAZÕES E PROPORÇÕES
1 dl = 10 cl
1 cl = 10 ml 1. INTRODUÇÃO
Se a sua mensalidade escolar sofresse hoje um reajuste de R$ 80,00,
MEDIDAS DE MASSA como você reagiria? Acharia caro, normal, ou abaixo da expectativa? Esse
A unidade legal adotada para medir a massa dos corpos é o quilo- mesmo valor, que pode parecer caro no reajuste da mensalidade, seria
grama (kg). Na prática, costuma-se usar como unidade-padrão o grama (g), considerado insignificante, se tratasse de um acréscimo no seu salário.
que corresponde a milésima parte do quilograma, o grama, seus múltiplos e
submúltiplos são apresentados no seguinte quadro: Naturalmente, você já percebeu que os R$ 80,00 nada representam, se
não forem comparados com um valor base e se não forem avaliados de
Múltiplos Unida Submúltiplos acordo com a natureza da comparação. Por exemplo, se a mensalidade
de escolar fosse de R$ 90,00, o reajuste poderia ser considerado alto; afinal, o
valor da mensalidade teria quase dobrado. Já no caso do salário, mesmo
Nome quilogra hectogr decag grama decigr centigra miligra considerando o salário mínimo, R$ 80,00 seriam uma parte mínima. .
ma ama rama ama ma ma
A fim de esclarecer melhor este tipo de problema, vamos estabelecer
regras para comparação entre grandezas.
Símbol kg hg dag g dg cg mg
2. RAZÃO
o
Você já deve ter ouvido expressões como: "De cada 20 habitantes, 5
são analfabetos", "De cada 10 alunos, 2 gostam de Matemática", "Um dia
Valor 1 000 g 100 g 10 g 1g 0,1 g 0,01 g 0,001 g
de sol, para cada dois de chuva".

Em cada uma dessas. frases está sempre clara uma comparação entre
Observando o quadro apresentado, podemos notar que cada unidade
dois números. Assim, no primeiro caso, destacamos 5 entre 20; no segun-
de massa é dez vezes maior que a unidade imediatamente inferior. Assim,
do, 2 entre 10, e no terceiro, 1 para cada 2.
podemos escrever:
1 kg = 10 hg
Todas as comparações serão matematicamente expressas por um
1 g = 10 dg
quociente chamado razão.
1 hg = 10 dag
1 dg = 10 cg
Teremos, pois:
1 dag = 10 g
De cada 20 habitantes, 5 são analfabetos.
1 cg = 10 mg
5
Razão =
MEDIDAS DE TEMPO 20
Por não pertencerem ao sistema métrico decimal, apresentamos aqui
um rápido estudo das medidas de tempo. De cada 10 alunos, 2 gostam de Matemática.
A unidade legal para a medida de tempo é o segundo. os seus
2
Razão =
múltiplos são apresentados no quadro seguinte: 10
Matemática 12
O produto dos extremos é igual ao produto dos meios:
c. Um dia de sol, para cada dois de chuva.
1 a c
Razão = =  ad = bc ; b, d  0
2 b d
A razão entre dois números a e b, com b  0, é o Exemplo:
a Se 6 = 24 , então 6 . 96 = 24 . 24 = 576.
quociente , ou a : b.
b 24 96

3.2 ADIÇÃO (OU SUBTRAÇÃO) DOS ANTECEDENTES E


Nessa expressão, a chama-se antecedente e b, conseqüente. Outros CONSEQÜENTES
exemplos de razão : Em toda proporção, a soma (ou diferença) dos antecedentes está para
a soma (ou diferença) dos conseqüentes assim como cada antecedente
Em cada 10 terrenos vendidos, um é do corretor. está para seu conseqüente. Ou seja:
1
Razão =
10
a c a + c a c
Se = , entao = = ,
Os times A e B jogaram 6 vezes e o time A ganhou todas. b d b + d b d
6 a - c a c
Razão = ou = =
6 b - d b d

3. Uma liga de metal é feita de 2 partes de ferro e 3 partes de zinco.


2 3 Essa propriedade é válida desde que nenhum denominador seja nulo.
Razão = (ferro) Razão = (zinco).
5 5 Exemplo:
3. PROPORÇÃO 21 + 7 28 7
Há situações em que as grandezas que estão sendo comparadas po- = =
dem ser expressas por razões de antecedentes e conseqüentes diferentes,
12 + 4 16 4
porém com o mesmo quociente. Dessa maneira, quando uma pesquisa 21 7
escolar nos revelar que, de 40 alunos entrevistados, 10 gostam de Matemá- =
tica, poderemos supor que, se forem entrevistados 80 alunos da mesma
12 4
escola, 20 deverão gostar de Matemática. Na verdade, estamos afirmando 21 - 7 14 7
que 10 estão representando em 40 o mesmo que 20 em 80. = =
12 - 4 8 4
10 20
Escrevemos: =
40 80
A esse tipo de igualdade entre duas razões dá-se o nome de GRANDEZAS PROPORCIONAIS E
proporção.
DIVISÃO PROPORCIONAL
a c
Dadas duas razões e , com b e d  0, tere- 1. INTRODUÇÃO:
b d No dia-a-dia, você lida com situações que envolvem números, tais co-
a c mo: preço, peso, salário, dias de trabalho, índice de inflação, velocidade,
mos uma proporção se = . tempo, idade e outros. Passaremos a nos referir a cada uma dessas situa-
b d ções mensuráveis como uma grandeza. Você sabe que cada grandeza não
é independente, mas vinculada a outra conveniente. O salário, por exemplo,
Na expressão acima, a e c são chamados de antecedentes e b e d de está relacionado a dias de trabalho. Há pesos que dependem de idade,
conseqüentes. velocidade, tempo etc. Vamos analisar dois tipos básicos de dependência
entre grandezas proporcionais.

A proporção também pode ser representada como a : b = c : d. Qual-


quer uma dessas expressões é lida assim: a está para b assim como c está 2. PROPORÇÃO DIRETA
para d. E importante notar que b e c são denominados meios e a e d, Grandezas como trabalho produzido e remuneração obtida são, quase
extremos. sempre, diretamente proporcionais. De fato, se você receber R$ 2,00 para
cada folha que datilografar, sabe que deverá receber R$ 40,00 por 20
folhas datilografadas.
Exemplo:
Podemos destacar outros exemplos de grandezas diretamente
3 9 proporcionais:
A proporção = , ou 3 : 7 : : 9 : 21, é
7 21
lida da seguinte forma: 3 está para 7 assim como 9 está para 21. Velocidade média e distância percorrida, pois, se você dobrar a veloci-
Temos ainda: dade com que anda, deverá, num mesmo tempo, dobrar a distância percor-
3 e 9 como antecedentes, rida.
7 e 21 como conseqüentes,
7 e 9 como meios e Área e preço de terrenos.
3 e 21 como extremos.
Altura de um objeto e comprimento da sombra projetada por ele.
3.1 PROPRIEDADE FUNDAMENTAL

Matemática 13
Assim: No nosso problema, temos de dividir 660 em partes diretamente pro-
porcionais a 6 e 5, que são as horas que A e B trabalharam.
Duas grandezas São diretamente proporcionais quando, aumen-
tando (ou diminuindo) uma delas numa determinada razão, a outra
Vamos formalizar a divisão, chamando de x o que A tem a receber, e
diminui (ou aumenta) nessa mesma razão.
de y o que B tem a receber.

3. PROPORÇÃO INVERSA Teremos então:


Grandezas como tempo de trabalho e número de operários para a X + Y = 660
mesma tarefa são, em geral, inversamente proporcionais. Veja: Para uma
tarefa que 10 operários executam em 20 dias, devemos esperar que 5 X Y
operários a realizem em 40 dias. =
Podemos destacar outros exemplos de grandezas inversamente 6 5
proporcionais:
Velocidade média e tempo de viagem, pois, se você dobrar a velocida- Esse sistema pode ser resolvido, usando as propriedades de
de com que anda, mantendo fixa a distância a ser percorrida, reduzirá o proporção. Assim:
tempo do percurso pela metade.
Número de torneiras de mesma vazão e tempo para encher um tanque,
X + Y
= Substituindo X + Y por 660,
pois, quanto mais torneiras estiverem abertas, menor o tempo para comple- 6 + 5
tar o tanque. 660 X 6  660
Podemos concluir que: vem =  X = = 360
11 6 11
Duas grandezas são inversamente proporcionais quando,
aumentando (ou diminuindo) uma delas numa determinada Como X + Y = 660, então Y = 300
razão, a outra diminui (ou aumenta) na mesma razão.
Concluindo, A deve receber R$ 360,00 enquanto B, R$ 300,00.
Vamos analisar outro exemplo, com o objetivo de reconhecer a 4.2 INVERSAMENTE PROPORCIONAL
natureza da proporção, e destacar a razão. Considere a situação de um E se nosso problema não fosse efetuar divisão em partes diretamente
grupo de pessoas que, em férias, se instale num acampamento que cobra proporcionais, mas sim inversamente? Por exemplo: suponha que as duas
R$100,00 a diária individual. pessoas, A e B, trabalharam durante um mesmo período para fabricar e
Observe na tabela a relação entre o número de pessoas e a despesa vender por R$ 160,00 um certo artigo. Se A chegou atrasado ao trabalho 3
diária: dias e B, 5 dias, como efetuar com justiça a divisão? O problema agora é
dividir R$ 160,00 em partes inversamente proporcionais a 3 e a 5, pois deve
ser levado em consideração que aquele que se atrasa mais deve receber
Número de pessoas 1 2 4 5 10 menos.
Despesa diária (R$) 100 200 400 500 1.000 Dividir um número em partes inversamente
proporcionais a outros números dados é encontrar
partes desse número que sejam diretamente
proporcionais aos inversos dos números dados e cuja
Você pode perceber na tabela que a razão de aumento do número de soma reproduza o próprio número.
pessoas é a mesma para o aumento da despesa. Assim, se dobrarmos o
número de pessoas, dobraremos ao mesmo tempo a despesa. Esta é
portanto, uma proporção direta, ou melhor, as grandezas número de pes- No nosso problema, temos de dividir 160 em partes inversamente pro-
soas e despesa diária são diretamente proporcionais. porcionais a 3 e a 5, que são os números de atraso de A e B. Vamos forma-
Suponha também que, nesse mesmo exemplo, a quantia a ser gasta lizar a divisão, chamando de x o que A tem a receber e de y o que B tem a
pelo grupo seja sempre de R$2.000,00. Perceba, então, que o tempo de receber.
permanência do grupo dependerá do número de pessoas. x + y = 160

Analise agora a tabela abaixo : x y


Número de Teremos: =
1 2 4 5 10 1 1
pessoas
Tempo de 3 5
20 10 5 4 2
permanência (dias)
Resolvendo o sistema, temos:
Note que, se dobrarmos o número de pessoas, o tempo de permanên-
x+y x x+y x
cia se reduzirá à metade. Esta é, portanto, uma proporção inversa, ou =  =
melhor, as grandezas número de pessoas e número de dias são inver- 1 1 1 8 1
samente proporcionais. +
3 5 3 15 3
4. DIVISÃO EM PARTES PROPORCIONAIS Mas, como x + y = 160, então
4. 1 Diretamente proporcional 160 x
160 1
Duas pessoas, A e B, trabalharam na fabricação de um mesmo objeto, =  x =

sendo que A o fez durante 6 horas e B durante 5 horas. Como, agora, elas 8 1
8 3
deverão dividir com justiça os R$ 660,00 apurados com sua venda? Na 15 15
3
verdade, o que cada um tem a receber deve ser diretamente proporcional
ao tempo gasto na confecção do objeto. 15 1
 x = 160    x = 100
Dividir um número em partes diretamente proporcionais a outros 8 3
números dados é encontrar partes desse número que sejam direta-
mente proporcionais aos números dados e cuja soma reproduza o Como x + y = 160, então y = 60. Concluindo, A deve receber R$ 100,00
próprio número. e B, R$ 60,00.

Matemática 14
4.3 DIVISÃO PROPORCIONAL COMPOSTA Observe que colocamos na mesma linha valores que se correspondem:
Vamos analisar a seguinte situação: Uma empreiteira foi contratada pa- 6 horas e 900 km; 8 horas e o valor desconhecido.
ra pavimentar uma rua. Ela dividiu o trabalho em duas turmas, prometendo Vamos usar setas indicativas, como fizemos antes, para indicar a natu-
pagá-las proporcionalmente. A tarefa foi realizada da seguinte maneira: na reza da proporção. Se elas estiverem no mesmo sentido, as grandezas são
primeira turma, 10 homens trabalharam durante 5 dias; na segunda turma, diretamente proporcionais; se em sentidos contrários, são inversamente
12 homens trabalharam durante 4 dias. Estamos considerando que os proporcionais.
homens tinham a mesma capacidade de trabalho. A empreiteira tinha R$ Nesse problema, para estabelecer se as setas têm o mesmo sentido,
29.400,00 para dividir com justiça entre as duas turmas de trabalho. Como foi necessário responder à pergunta: "Considerando a mesma velocidade,
fazê-lo? se aumentarmos o tempo, aumentará a distância percorrida?" Como a
Essa divisão não é de mesma natureza das anteriores. Trata-se aqui resposta a essa questão é afirmativa, as grandezas são diretamente pro-
de uma divisão composta em partes proporcionais, já que os números porcionais.
obtidos deverão ser proporcionais a dois números e também a dois outros.
Na primeira turma, 10 homens trabalharam 5 dias, produzindo o mes- Já que a proporção é direta, podemos escrever:
mo resultado de 50 homens, trabalhando por um dia. Do mesmo modo, na 6 900
segunda turma, 12 homens trabalharam 4 dias, o que seria equivalente a 
48 homens trabalhando um dia. 8 x
Para a empreiteira, o problema passaria a ser, portanto, de divisão
diretamente proporcional a 50 (que é 10 . 5), e 48 (que é 12 . 4). 7200
Então: 6 . x = 8 . 900  x = = 1 200
6
Para dividir um número em partes de tal forma que Concluindo, o automóvel percorrerá 1 200 km em 8 horas.
uma delas seja proporcional a m e n e a outra a p e
q, basta divida esse número em partes proporcio- Vamos analisar outra situação em que usamos a regra de três.
nais a m . n e p . q.
Um automóvel, com velocidade média de 90 km/h, percorre um certo
espaço durante 8 horas. Qual será o tempo necessário para percorrer o
Convém lembrar que efetuar uma divisão em partes inversamente pro- mesmo espaço com uma velocidade de 60 km/h?
porcionais a certos números é o mesmo que fazer a divisão em partes
diretamente proporcionais ao inverso dos números dados. Grandeza 1: tempo Grandeza 2: velocidade
Resolvendo nosso problema, temos: (horas) (km/h)
Chamamos de x: a quantia que deve receber a primeira turma; y: a
quantia que deve receber a segunda turma. Assim: 8 90
x y x y x 60
= ou =
10  5 12  4 50 48
x + y x
 =
50 + 48 50 A resposta à pergunta "Mantendo o mesmo espaço percorrido, se au-
29400 x mentarmos a velocidade, o tempo aumentará?" é negativa. Vemos, então,
Como x + y = 29400, então = que as grandezas envolvidas são inversamente proporcionais.
98 50
29400  50 Como a proporção é inversa, será necessário invertermos a ordem dos
x=  15.000 termos de uma das colunas, tornando a proporção direta. Assim:
98
8 60
Portanto y = 14 400.
x 90
Concluindo, a primeira turma deve receber R$ 15.000,00 da
empreiteira, e a segunda, R$ 14.400,00. Escrevendo a proporção, temos:
Observação: Firmas de projetos costumam cobrar cada trabalho 8 60 8  90
usando como unidade o homem-hora. O nosso problema é um exemplo em  x = 12
que esse critério poderia ser usado, ou seja, a unidade nesse caso seria x 90 60
homem-dia. Seria obtido o valor de R$ 300,00 que é o resultado de 15 000 :
50, ou de 14 400 : 48. Concluindo, o automóvel percorrerá a mesma distância em 12 horas.

REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA Regra de três simples é um processo prático utilizado para resolver
problemas que envolvam pares de grandezas direta ou inversamente
proporcionais. Essas grandezas formam uma proporção em que se
REGRA DE TRÊS SIMPLES conhece três termos e o quarto termo é procurado.
Retomando o problema do automóvel, vamos resolvê-lo com o uso da
regra de três de maneira prática.
Devemos dispor as grandezas, bem como os valores envolvidos, de REGRA DE TRÊS COMPOSTA
modo que possamos reconhecer a natureza da proporção e escrevê-la. Vamos agora utilizar a regra de três para resolver problemas em que
estão envolvidas mais de duas grandezas proporcionais. Como exemplo,
Assim:
vamos analisar o seguinte problema.
Grandeza 1: tempo Grandeza 2: distância percorrida
Numa fábrica, 10 máquinas trabalhando 20 dias produzem 2 000 pe-
(horas) (km)
ças. Quantas máquinas serão necessárias para se produzir 1 680 peças em
6 dias?
6 900 Como nos problemas anteriores, você deve verificar a natureza da pro-
porção entre as grandezas e escrever essa proporção. Vamos usar o
8 x mesmo modo de dispor as grandezas e os valores envolvidos.

Matemática 15
Então, o valor de x será de R$ 120,00.
Grandeza 1: Grandeza 2: Grandeza 3:
Sabendo que em cálculos de porcentagem será necessário utilizar
número de máquinas dias número de peças
sempre proporções diretas, fica claro, então, que qualquer problema dessa
natureza poderá ser resolvido com regra de três simples.
10 20 2000
3. TAXA PORCENTUAL
x 6 1680 O uso de regra de três simples no cálculo de porcentagens é um recur-
so que torna fácil o entendimento do assunto, mas não é o único caminho
possível e nem sequer o mais prático.
Natureza da proporção: para estabelecer o sentido das setas é
necessário fixar uma das grandezas e relacioná-la com as outras. Para simplificar os cálculos numéricos, é necessário, inicialmente, dar
Supondo fixo o número de dias, responda à questão: "Aumentando o nomes a alguns termos. Veremos isso a partir de um exemplo.
número de máquinas, aumentará o número de peças fabricadas?" A res-
posta a essa questão é afirmativa. Logo, as grandezas 1 e 3 são diretamen- Exemplo:
te proporcionais. Calcular 20% de 800.
Agora, supondo fixo o número de peças, responda à questão: "Au- 20
mentando o número de máquinas, aumentará o número de dias necessá- Calcular 20%, ou de 800 é dividir 800 em 100 partes e tomar
rios para o trabalho?" Nesse caso, a resposta é negativa. Logo, as gran- 100
dezas 1 e 2 são inversamente proporcionais. 20 dessas partes. Como a centésima parte de 800 é 8, então 20 dessas
partes será 160.
Para se escrever corretamente a proporção, devemos fazer com que as
setas fiquem no mesmo sentido, invertendo os termos das colunas conve- Chamamos: 20% de taxa porcentual; 800 de principal; 160 de
nientes. Naturalmente, no nosso exemplo, fica mais fácil inverter a coluna porcentagem.
da grandeza 2.
10 6 2000
Temos, portanto:
 Principal: número sobre o qual se vai calcular a porcentagem.
 Taxa: valor fixo, tomado a partir de cada 100 partes do principal.
x 20 1680  Porcentagem: número que se obtém somando cada uma das 100
partes do principal até conseguir a taxa.
Agora, vamos escrever a proporção:
10 6 2000 A partir dessas definições, deve ficar claro que, ao calcularmos uma
  porcentagem de um principal conhecido, não é necessário utilizar a monta-
x 20 1680 gem de uma regra de três. Basta dividir o principal por 100 e tomarmos
tantas destas partes quanto for a taxa. Vejamos outro exemplo.
(Lembre-se de que uma grandeza proporcional a duas outras é
proporcional ao produto delas.) Exemplo:
10 12000 10  33600 Calcular 32% de 4.000.
 x  28 Primeiro dividimos 4 000 por 100 e obtemos 40, que é a centésima par-
x 33600 12000 te de 4 000. Agora, somando 32 partes iguais a 40, obtemos 32 . 40 ou 1
280 que é a resposta para o problema.
Concluindo, serão necessárias 28 máquinas.
Regra de três composta é um processo prático utilizado para resolver Observe que dividir o principal por 100 e multiplicar o resultado dessa
problemas que envolvem mais de duas grandezas proporcionais. 32
divisão por 32 é o mesmo que multiplicar o principal por ou 0,32.
100
Vamos usar esse raciocínio de agora em diante :
PORCENTAGEM
Porcentagem = taxa X principal
1. INTRODUÇÃO
Quando você abre o jornal, liga a televisão ou olha vitrinas,
freqüentemente se vê às voltas com expressões do tipo:
 "O índice de reajuste salarial de março é de 16,19%."
JUROS
 "O rendimento da caderneta de poupança em fevereiro foi de
18,55%." Consideremos os seguintes fatos:
 "A inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 381,1351%. • Emprestei R$ 100 000,00 para um amigo pelo prazo de 6 meses e
 "Os preços foram reduzidos em até 0,5%." recebi, ao fim desse tempo, R$ 24 000,00 de juros.
Mesmo supondo que essas expressões não sejam completamente desco- • O preço de uma televisão, a vista, é R$ 4.000,00. Se eu comprar
nhecidas para uma pessoa, é importante fazermos um estudo organizado do essa mesma televisão em 10 prestações, vou pagar por ela R$
assunto porcentagem, uma vez que o seu conhecimento é ferramenta indispen- 4.750,00. Portanto, vou pagar R$750,00 de juros.
sável para a maioria dos problemas relativos à Matemática Comercial.
No 1.° fato, R$ 24 000,00 é uma compensação em dinheiro que se re-
2. PORCENTAGEM cebe por emprestar uma quantia por determinado tempo.
O estudo da porcentagem é ainda um modo de comparar números No 2.° fato, R$ 750,00 é uma compensação em dinheiro que se paga
usando a proporção direta. Só que uma das razões da proporção é um quando se compra uma mercadoria a prazo.
fração de denominador 100. Vamos deixar isso mais claro: numa situação
em que você tiver de calcular 40% de R$ 300,00, o seu trabalho será Assim:
determinar um valor que represente, em 300, o mesmo que 40 em 100. Isso  Quando depositamos ou emprestamos certa quantia por determi-
pode ser resumido na proporção: nado tempo, recebemos uma compensação em dinheiro.
 Quando pedimos emprestada certa quantia por determinado tem-
40 x po, pagamos uma compensação em dinheiro.
  Quando compramos uma mercadoria a prazo, pagamos uma com-
100 300
pensação em dinheiro.

Matemática 16
Resolva os problemas:
Pelas considerações feitas na introdução, podemos dizer que: - Emprestando R$ 50 000,00 à taxa de 1,1% ao mês, durante 8 me-
ses, quanto deverei receber de juros?
Juro é uma compensação em dinheiro que se recebe ou que se paga. - Uma pessoa aplica certa quantia durante 2 anos, à taxa de 15% ao
ano, e recebe R$ 21 000,00 de juros. Qual foi a quantia aplicada?
Nos problemas de juros simples, usaremos a seguinte nomenclatura: - Um capital de R$ 200 000,00 foi aplicado durante 1 ano e 4 meses
dinheiro depositado ou emprestado denomina-se capital. à taxa de 18% ao ano. No final desse tempo, quanto receberei de
O porcentual denomina-se taxa e representa o juro recebido ou pago a juros e qual o capital acumulado (capital aplicado + juros)?
cada R$100,00, em 1 ano. - Um aparelho de televisão custa R$ 4 500,00. Como vou comprá-lo
O período de depósito ou de empréstimo denomina-se tempo. no prazo de 10 meses, a loja cobrará juros simples de 1,6% ao
A compensação em dinheiro denomina-se juro. mês. Quanto vou pagar por esse aparelho.
- A quantia de R$ 500 000,00, aplicada durante 6 meses, rendeu ju-
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE JUROS SIMPLES ros de R$ 33 000,00. Qual foi a taxa (%) mensal da aplicação
- Uma geladeira custa R$ 1 000,00. Como vou compra-la no prazo
Vejamos alguns exemplos: de 5 meses, a loja vendedora cobrara juros simples de 1,5% ao
1.° exemplo: Calcular os juros produzidos por um capital de R$ 720 mês. Quanto pagarei por essa geladeira e qual o valor de cada
000,00, empregado a 25% ao ano, durante 5 anos. prestação mensal, se todas elas são iguais.
De acordo com os dados do problema, temos: - Comprei um aparelho de som no prazo de 8 meses. O preço origi-
25% em 1ano  125% (25 . 5) em 5 anos nal do aparelho era de R$ 800,00 e os juros simples cobrados pela
firma foram de R$ 160,00. Qual foi a taxa (%) mensal dos juros co-
125 brados?
125% = = 1,25
100
Nessas condições, devemos resolver o seguinte problema: Respostas
Calcular 125% de R$ 720 000,00. Dai: R$ 4 400,00
x = 125% de 720 000 = R$ 70 000,00
1,25 . 720 000 = 900 000. R$ 48 000,00 e R$ 248 000,00
900.000 – 720.000 = 180.000 R$ 5 220,00
Resposta: Os juros produzidos são de R$ 180.000,00 1,1%
R$ 1 075,00 e R$ 215,00
2.° exemplo: Apliquei um capital de R$ 10.000,00 a uma taxa de 1,8% 2,5%
ao mês, durante 6 meses. Quanto esse capital me renderá de juros?
10,8
1,8% em 1 mês  6 . 1,8% = 10,8% em 6 meses 10,8% = =
100 Sistema do 1º grau; potenciação;
0,108 radiciação; equação do 2º grau
Dai:
x = 0,108 . 10 000 = 1080 EQUAÇÕES SEM PARÊNTESES
Resposta: Renderá juros de R$ 1 080,00. Para resolver uma equação sem parênteses, obedecemos as seguintes
instruções:
3.° exemplo: Tomei emprestada certa quantia durante 6 meses, a uma • eliminar denominadores, quando for o caso;
taxa de 1,2% ao mês, e devo pagar R$ 3 600,00 de juros. Qual foi a • transpor para o primeiro membro todos os termos que contêm a
quantia emprestada? incógnita, e transpor para o segundo membro todos os termos que
De acordo com os dados do problema: não contêm a incógnita (mudando o seu sinal, é claro);
1,2% em 1 mês  6 . 1,2% = 7,2% em 6 meses • efetuar as operações indicadas;
7,2 • isolar a incógnita.
7,2% = = 0,072
100
Nessas condições, devemos resolver o seguinte problema: EXEMPLO 1 - Resolver a equação:
3 600 representam 7,2% de uma quantia x. Calcule x.
5x - 4 + x = -2 + 2x
Dai:
3600 = 0,072 . x  0,072x = 3 600  5x + x - 2x = -2 + 4
3600
x= Efetuando as operações: 4x = + 2
0,072
x = 50 000 2
Isolando a incógnita x: x =
Resposta: A quantia emprestada foi de R$ 50.000,00. 4
4.° exemplo: Um capital de R$ 80 000,00, aplicado durante 6 meses,
1
Simplificando: x =
rendeu juros de R$ 4 800,00. Qual foi a taxa (em %) ao mês? 2
De acordo com os dados do problema: 1
x% em 1 mês  (6x)% em 6 meses Resposta: a raiz ou solução é .
Devemos, então, resolver o seguinte problema: 2
4 800 representam quantos % de 80 000?
Dai:
4 800 = 6x . 80 000  480 000 x = 4 800 EXEMPLO 2 -Resolver a equação  x  x  2  3x  5
4 800 48 3 4
x=  x=  x = 0,01
480 000 4 800 Como os termos não têm o mesmo denominador, temos de reduzi-los
1 ao mesmo denominador, tirando o M.M.C. dos mesmos.
0,01 = =1%
100 x x 2 3x 5
    
Resposta: A taxa foi de 1% ao mês. 3 4 1 1 1
Matemática 17
EXEMPLO 6 - Resolver a equação
M.M.C. ( 3, 4 ) = 12 5x + 3 = x + 7 – 4x
4x 3x 24 36x 60 Resolução:
     5x + 3 = x + 7 – 4x
12 12 12 12 12 5x – x + 4x = 7 – 3
8x = 4
Eliminando os denominadores:
- 4x + 3x - 24 = -36x + 60
4
x=
- 4x + 3x + 36x = 60 + 24 8
35x = 84 1
84 x=
x 2
35
EXEMPLO 7 - Resolver a equação 4 + 2(x – 3) = 0
84 4 + 2(x – 3) = 0
Resposta: a raiz ou solução é .
35 4 + 2x – 6 = 0
2x = 6 – 4
EQUAÇÕES COM PARÊNTESES 2x = 2
2
Para resolver uma equação envolvendo parênteses, devemos x=
obedecer às seguintes instruções:
2
x=1
eliminar os parênteses;
resolver a equação sem parênteses.
EXEMPLO 8 - Resolver a equação
8x – 13 = x + 5 + 2x
EXEMPLO 3 - Resolver a equação
8x – x – 2x =13 + 5
3x + (2 – x) = 4
3x + 2 – x = 4 18
5x = 18  x 
3x – x = 4 – 2 5
2x = 2
2 EXEMPLO 9 - Resolver a equação
x= 3x + (6x – 2) = x – (2x + 3)
2 3x + 6x – 2 = x – 2x – 3
x=1
3x + 6x – x + 2x = –3 + 2
Resposta: a raiz ou solução é 1.
10x = –1
EXEMPLO 4 - Resolver a equação 1
x=–
4x – 3 . (4x – 2 – x) = 5 + 3x 10
Para eliminarmos os parênteses, efetuamos a multiplicação indicada: EXEMPLO 10 - Resolver a equação
4x – 12x + 6 + 3x = 5 + 3x
4x – 12x + 3x – 3x = 5 – 6 3x  10 4x  1

– 8x = –1 4 3
( multiplicando por –1)
33 x  10 44 x  1
8x = 1 
1 12 12
x= 3(3x + 10) = 4(4x – 1)
8 9x + 30 =16x – 4
1 9x – 16x.= – 4 – 30
Resposta: .a raiz ou solução da equação é . –7x = –34 ( multiplicando por –1)
8
7x = 34
EXEMPLO 5 - Resolver a equação
6  4x  4x  2 34
x=
2 4 7
3 5
M.M.C (3, 5) =15
PROBLEMAS DO PRIMEIRO GRAU

5(6 + 4x) 30 3(-4x + 2) 60 Para resolvermos algebricamente um problema do 1º grau com uma
- = + incógnita, devemos seguir as seguintes instruções:
15 15 15 15
1º) escolher uma letra qualquer, por exemplo a letra x, para
Eliminando os parênteses e o denominador: representar o elemento desconhecido que desejamos calcular;
30 + 20x - 30 = –12x + 6 + 60 2º) usando essa letra, estabelecer a equação do problema;
20x + 12x = +6 + 60 - 30 + 30 3º) resolver a equação;
32x = 66 4º) verificar o resultado.
66 EXEMPLO 1 - Qual é o número que, somado com 9, é igual a 20?
x=
32 Solução: número: x
Equação: x + 9 = 20
33
x Resolução: x = 20 – 9
16 x = 11
33 Verificação: número: 11
Resposta: a raiz ou solução é 11 + 9 = 20
16

Matemática 18
EXEMPLO 2 - Qual o número que adicionado a 15, é igual a 31? y2 + 5y – 6 = 0
Solução: x + 15 = 31 a = 1, b = 5, c=–6
x = 31 – 15
x = 16 x2 + 0x – 9 = 0
a =1, b = 0 c = –9
EXEMPLO 3 - Subtraindo 25 de um certo número obtemos 11. Qual é
esse número? –2t2 – 6t + 0 = 0
Solução : x – 25 = 11 a = –2, b = – 6, c=0
x = 11 + 25
x = 36
COEFICIENTES DA EQUAÇÃO DO 2º GRAU
Os números reais a, b, c são denominados coeficientes da equação do
EXEMPLO 4 - O triplo de um número menos 7 é igual a 80. Qual é o 2º grau, e:
número?  a é também o coeficiente do termo em x2
Número: x Equação: 3x – 7 = 80  b é sempre o coeficiente do termo em x
3x = 80 + 7  c é chamado termo independente ou termo constante.
3x = 87
87 Assim, na equação do 2º grau 5x2 – 6x + 1, seus coeficientes são:
x a= 5 b=–6 c=1
3
x = 29
EQUAÇÕES COMPLETAS E EQUAÇÕES INCOMPLETAS
EXEMPLO 5 - A soma de dois números é igual a. 50. O número maior Sabemos, pela definição, que o coeficiente a é sempre diferente de
é o quádruplo do menor. Calcule os números: zero, porém, os coeficientes b e c podem ser nulos. Assim:
número menor: x
número maior: 4x Quando b e c são diferentes de zero, a equação se diz completa:
equação: x + 4x = 50 Exemplos:
5x = 50 2x2 – 3x + 1 = 0
x = 10 y2 – 4y + 4 = 0 são equações completas
número menor: 10 –5t2 + 2t + 3 = 0
número maior: 4 . 10 = 40
10 + 40 = 50 Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação se diz incompleta.
Resposta: os números são 10 e 40. Neste caso, é costume escrever a equação sem o termo de coeficiente
nulo.

EXEMPLO 6 - Qual é o número que somado a seu dobro é igual a 18? Exemplos:
x + 2x = 18 x2 - 4 = 0, em que b = 0
3x = 18
x = 18 = 6 não está escrito o termo em x
3
Resposta: x = 6 y2 + 3y = 0, em que c = 0

Exercícios: não está escrito o termo independente


A soma do triplo de um número com 15 é igual a 78. Qual é o número?
Resposta: x = 21 5x2 = 0, em que b = c = 0

A soma da metade de um número com 16 é igual a 30. Calcule o não estão escritos o termo em x e o termo
número. independente
Resposta: x = 28 RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES
1) Resolver a equação
Somando-se 8 unidades ao quádruplo de um número, o resultado é 60. x2 – 5x = 0
Calcule o número. x2 – 5x = 0
Resposta: x = 13 x . (x – 5) = 0
x = 0 ou (raiz da equação)
21 x –5 = 0 => x = 5 (raiz da equação)
A soma da metade de um número com o seu triplo é igual a . S = { 0, 5 }
2
Calcule o número. 2) Resolver a equação
Resposta: x = 3 x(x + 3) + (x – 2)2 = 4
x(x + 3) + (x – 2)2 = 4
EQUAÇÕES DE 2º GRAU x2 + 3x + x2 – 4x + 4 = 4
x2 + 3x + x2 – 4x + 4 – 4 = 0
DEFINIÇÃO 2x2 – x = 0
Denomina-se equação do 2º grau com uma variável toda equação da x . ( 2x –1) = 0
forma: ax2 + bx + c = 0 x = 0 ou
onde x é a variável e a,b,c  R, com a  0. 1
2x  1  0  2x  1  x 
Assim, são equações do 2º grau com uma variável:
2
2x2 – 5x + 2 = 0 1
S = { 0, }
a = 2, b = –5, c=2 2
6x2 + 7x + 1 = 0
a = 6, b = 7, c=1

Matemática 19
3) Resolver a equação  = b2 – 4 a c =, (– 4)2 – 4(1) (–2) = 24
x2 – 16 = 0
x2 = 16 b     4  24 42 6
x  
x = + 16 2a 21 2
x=+4
x = + 4 ou x = – 4 42 6
x'   2 6
S = {– 4, 4 } 2
4) Resolver a equação 42 6
x"   2 6
5x2 – 45 = 0 2
5x2 – 45 = 0
5x2 = 45 S = { 2 – 6 , 2+ 6 }
45
x2 = EXERCÍCIOS
5 01) Resolva no conjunto R as seguintes equações incompletas do 2º
x2 = 9 grau:
a) x2 – 1 = 0 b) y2 – 81 = 0
x =+ 9
c) x2 – 10x = 0 d) 9x2 – 4 = 0
x = +3 e) t2 + 7t = 0 f) 3y2 – 5y = 0
x = +3 ou x = –3 g) – 2x2 +18 = 0 h) 2u2 – 10 = 0
S = {–3, 3 } i) 4x2 – x = 0 j) 3y2 – 108 = 0
l) 8x2 +12x = 0 m) x2 +16 = 0
5) Resolver a equação 2x2 – 10 = 0 n) 6t2 – 6 = 0 o) –10x2 + 10x = 0
2x2 – 10 = 0 p) – 25v +1 = 0
2
2x2 = 10
10 02) Resolva no conjunto R as seguintes equações incompletas do 2º
x2 =
2 grau:
x2 = 5 a) x2 + x(2x – 15) = 0
b) (x – 4)(x + 3) + x = 52
x=± 5 c) (x + 3)2 + (x – 3)2 – 116 = 0
d) (4 + 2x)2 – 16 = 0
x=+ 5 ou x = – 5 e) ( t – 1 )2 = 3t + 1
S={– 5, 5 } f) (5 + x)2 – 10(x + 5) = 0
g) 3y(y + 1) + (y – 3)2 = y+9
6) Resolver a equação x2 – 4m2 = 0 h) 2x(x+1) = x(x + 5) + 3(12 – x)
x2 – 4m2 = 0
x2 = 4m2 03) Resolva no conjunto R as seguintes equações do 2.º grau:
a) x2 – x – 20 = 0 b) x2 – 7x + 12 = 0
2
x = + 4m c) 3y2 + 2y – 1 = 0 d) x2 + 6x + 9 = 0
x = ± 2m e) 9x2 – 6x + 5 = 0 f) –3t2 + t + 4 = 0
x = +2m ou x = – 2m g) x – 2x –1 = 0
2 h) 6y + y – 1 = 0
2

S = { – 2m, 2m } i) u2 + 4u – 5 = 0 j) –16x2 + 8x –1= 0


l) x – 6x – 7 = 0
2 m) 2y2 – y + 1 = 0
Para resolver equações completas usamos a fórmula:
04) Resolva no conjunto R as seguintes equações do 2º grau:
b 
x onde   b 2 - 4ac a) x2 – 2x = 2x – 3 b) y2 – 2 – y = 0
2a c) 2x2 = 5x – 6 d) t2 – t = t – 1
e) x2 – 3x = 4 f) 3y2 + y = y2 +1
b
Se for nulo (  = 0) usamos a fórmula: x = g) x2 – 9 = 2x2 + 6x h) v2 + 9v + 16 = 3v2 – 2
2a
RESPOSTAS
7) Resolver a equação x2 – 5x + 6 = 0 01) a) S = { –1, 1 } b) S = { –9, 9 }
x2 – 5x + 6 = 0 c) S = { 0, 10 } d) S = { –2/3, 2/3 }
a =1; b = – 5 e c = 6 e) S = { 0, –7 } f) S = { 0, 5/3 }
 = b2 – 4ac = (–5)2 – 4(1).(6) = 25 – 24 = 1 g) S = { –3, 3 } h) S = { - 5 , 5 }
b     5  1 5  1 i) S = { 0, 1/4 } j) S = { –6, 6 }
x  
2a 21 2 l) S = { 0, – 3/2 } m) S = 
n) S = { – 1, 1 } o) S = { 0, 1 }
51 6 p) S = { –1/5, 1/5 }
x'   3
2 2 02)
5 1 4 a) S = { 0, 5 } b) S = { – 8, 8 }
x' '   2 c) S = { – 7, 7 } d) S = { 0, – 4 }
2 2 e) S = { 0, 5 } f) S = { – 5, 5 }
S = { 2, 3 }
g) S = { 0, 1 } h) S = { – 6, 6 }
8) Resolver a equação x(x – 4) = 2
x(x – 4) = 2
03)
x2 – 4x = 2
a) S = { – 4, 5 } b) S = { 3, 4 }
x2 – 4x – 2 = 0
c) S = { –1, 1/3 } d) S = {– 3 }
a = 1; b = – 4 e c = – 2

Matemática 20
e) S =  f) S = { – 1, 4/3 }
h) S = { –1/2, 1/3 } Interpretação:
g) S={ 1  2 , 1+ 2 } O número –7 não vale para resposta, pois não é número natural. Logo,
i) S = { – 5, 1 } j) S = { 1/4 } devemos ter: x = 2 (menor) e x + 5 = 2 + 5 = 7 (maior).
l) S = { –1, 7 } m) S =  Resposta: os números pedidos são 2 e 7.

04) INEQUAÇÃO DO 2º GRAU


a) S = { 1, 3 } b) S = { – 1, 2 }
c) S =  d) S = { 1 } Chama-se inequação do 2º grau com uma variável toda inequação da
e) S = { – 1, 4 } f) S = { –1, 1/2 } forma:
g) S = { – 3 } h) S = { – 3/2, 6 } ax2 + bx + c > 0 ax2 + bx + c < 0
ax2 + bx + c  0 ax2 + bx + c  0
PROBLEMAS DO 2º GRAU com a  0
A resolução de um problema de 2º grau constitui-se de três fases: Assim, são inequações do segundo grau com uma variável:
 Estabelecer a equação ou o sistema de equações correspondentes x2 - 2x + 3 > 0 x2 - 4x + 4 < 0
ao problema, 3x2 - x + 1  0 - 2x2 + x + 3  0
 Resolver a equação ou o sistema,
 Interpretar a solução encontrada, O conjunto universo da variável é o conjunto R.
1º exemplo: A soma do quadrado com o dobro de um número real é
igual a 48, Calcular esse número. RESOLUÇÃO
Solução: Resolver uma inequação do segundo grau com uma variável é deter-
Número: x Equação: x2 + 2x = 48 minar o seu conjunto solução, isto é, o conjunto dos valores reais de x para
os quais a função y = ax2 + bx + c é positiva ou negativa.
a=1
x2 + 2x = 48 b=2 Vejamos alguns exemplos de resolução, onde aplicaremos o estudo da
c = –48 variação do sinal da função quadrático.

 = (2)2 – 4(1)(–48) = 4 + 192 = 196


  2  196
Exemplo: Resolver a inequação
 2  14 x2 – 3x + 2 > 0
x 
21 2 x2 – 3x + 2 > 0
 = (–3)2 – 4(1)(2) = 9 – 8 = 1
12 16 3 1 31
x'   6 e x" = -  8 x 
2 2 21 2
Como 6 ou – 8 são números reais, tanto um como outro valem para a
resposta. 4 2
Resposta: O número pedido é 6 ou – 8. x'  2 e x' ' = 1
2 2
2º exemplo: A diferença entre certo número natural e o seu inverso é
igual a 15/4. Calcular esse número. Pelo esquema temos: S= x  R | x < 1 ou x > 2
Solução:
1 15 Esquema: a = 1 > 0
Número: x Equação: x 
x 4
4x2  4 15x
Resolução: 
4x 4x
a = 4; b = –15 e c=–4

 = (–15)2 – 4(4)(–4) = 225 + 64 = 289


   15  289 15  17 PROVA SIMULADA
x 
2 4 8 01. Um parafuso penetra 3,2 mm a cada 4 voltas. Quantas voltas deverá
dar para penetrar 16 mm?
32 2 1
x'  4 e x' ' = -  a) 20 voltas
8 8 4 b) 18 voltas
c) 22 voltas
Interpretação: d) 16 voltas
O número – 1/4 não vale para a resposta, pois não é número natural. e) n.d.a.
Resposta: 0 número pedido é 4.
3º exemplo: Dados dois números naturais, o maior supera o menor em
5 unidades. Sabendo-se que o produto deles é 14, determinar os dois 02. Sabe-se que 8 kg de café cru dão 6 kg de café torrado. Quantos kg de
números. café cru devem ser levados ao forno para obtermos 27 kg de café tor-
Solução:Menor número: x rado?
Maior número: x + 5 a) 36
Equação: x(x + 5) = 14 b) 40
Resolução: x2 + 5x = 14 c) 38
x2 + 5x – 14 = 0 d) 26
e) n.d.a.
Resolvendo a equação encontramos as respostas: x' = 2 e x" = –7

Matemática 21
03. 40 pintores pintam um edifício em 10 dias. Querendo fazer o mesmo 11. Uma torneira despeja 40 litros de água em 5 minutos. Em quanto
serviço em 8 dias, quantos pintores seriam necessários? tempo esta torneira encheria um reservatório de 2 m3 de capacidade?
a) 50 a) 230min
b) 48 b) 220 min
c) 60 c) 250 min
d) 62 d) 242 min
e) n.d.a. e) n.d.a.

04. 8 máquinas produzem 600 peças de metal por hora. Quantas máqui- 12. Uma vara de bambu de 1,5 m de altura projeta no solo uma sombra
nas idênticas às primeiras são necessárias para produzir 1 500 peças de 1 m. Quanto medirá a sombra projetada no mesmo instante por um
de metal por hora? prédio de 18 m de altura?
a) 30 a) 13 m
b) 25 b) 12 m
c) 40 c) 10,5 m
d) 20 d) 14,2 m
e) n.d.a. e) n.d.a.

05. Com velocidade de 60 km/h, um automóvel leva 50 minutos para ir de 13. Para construir urna quadra de basquete, 30 operários levam 40 dias.
urna cidade X a urna cidade Y. Se a sua velocidade fosse de 75 km/h, Quantos dias levariam 25 operários, de mesma capacidade que os
quanto tempo levada para cobrir a mesma distância? primeiros, para construir urna quadra idêntica?
a) 45 min a) 52 dias
b) 38 min b) 46
c) 40 min c) 48
d) 42 min d) 45
e) n.d.a. e) n.d.a.

06. Uma roda de automóvel dá 2 500 voltas em 10 minutos. Quantas 14. Com a velocidade de 80 km/h, um automóvel leva 1 hora e meia para
voltas dará em 12 minutos? percorrer certa distância. Se a sua velocidade fosse de 72 km/h, qual
a) 3280 o tempo que seria gasto para cobrir a mesma distância?
b) 2967 a) 100 min
c) 3020 b) 98 min
d) 3000 c) 102 min
e) n.d.a. d) 110 min
e) n.d.a.
07. Para paginar um livro com 30 linhas em cada página, são necessárias
420 páginas. Quantas páginas (iguais às anteriores) de 40 linhas 15. Um muro deverá ter 40 m de comprimento. Em três dias, foram
(iguais às anteriores) cada uma seriam necessárias para paginar o construídos 12m do muro. Supondo que o trabalho continue a ser feito
mesmo livro? no mesmo ritmo, em quantos dias será construído o restante do
a) 315 muro?
b) 321 a) 10 dias
c) 347 b) 7 dias
d) 198 c) 8 dias
e) n.d.a. d) 6 dias
e) n.d.a.
08. Para transportar certo volume de areia para urna construção, foram
necessários 20 caminhões com 4 m3 de areia cada um. Se cada 16. Uma folha de alumínio de 250 cm2 de área pesa 400 g. Quanto
caminhão pudesse conter 5 m3 de areia, quantos caminhões seriam pesará uma peça quadrada, de 10 cm de lado, da mesma folha de
necessários para fazer o mesmo serviço? alumínio?
a) 16 a) 160 g
b) 20 b) 145 g
c) 22 c) 165 g
d) 14 d) 178 g
e) n.d.a. e) n.d.a.

09. Uma árvore de 4,2 m de altura projeta no solo urna sombra de 3,6 m. 17. Com certa quantidade de arame, constrói-se uma tela de 20 m de
No mesmo instante, uma torre projeta urna sombra de 28,80 m. Qual comprimento por 3 m de largura. Diminuindo-se a largura em 1,80 m,
é a altura da torre? qual seria o comprimento de outra tela fabricada com a mesma
a) 33,60 quantidade de arame?
b) 28,90 a) 48 m
c) 32,00 b) 50m
d) 19,12 c) 52 m
e) N.D.A. d) 54 m
e) n.d.a.
10. Para assoalhar urna sala de 80 m2 de área, foram necessários 900
tacos de madeira. Quantos tacos iguais a esses seriam necessários 18. Para azulejar uma parede de 15 m2 de área foram usados 300
para assoalhar urna sala de 60 m2 de área? azulejos. Quantos azulejos iguais a esses seriam usados para
a) 700 azulejar uma parede retangular de 8 m por 3 m?
b) 800 a) 479
c) 760 b) 500
d) 675 c) 566
e) n.d.a. d) 480
e) n.d.a.

Matemática 22
19. A velocidade de um automóvel é de 72 km/h. Qual seria a sua 28. Dos 15.000 candidatos que inscreveram-se para o vestibular na
velocidade em m/s? PUC.SP. Foram aprovados 9600. Qual a taxa de aprovação?
a) 22 a) 67
b) 18 b) 71
c) 32 c) 66
d) 20 d) 64
e) n.d.a. e) n.d.a.

20. Um terreno retangular tem 10 m de frente por 40 m de lateral. Se 29. Em dezembro de 1996, o preço da gasolina passou de R$ 0,45 para
diminuirmos 2 m da frente do terreno, quantos m devemos aumentar R$ 0,51 o litro. De quanto % foi o aumento?
ao comprimento a fim de conservar a sua área? a) 13,3
a) 11 m b) 12,9
b) 12 m c) 11,8
c) 10 m d) 14,1
d) 9 m e) n.d.a.
e) n.d.a.
30. Na compra de uma bicicleta, cujo preço é R$ 180,00, dá-se um
21. $ 6 400,00 representam quantos % de $ 320 000,00? desconto de R$ 27,00. De quanto % é o desconto dado?
a) 3 a) 17
b) 2 b) 15
c) 4 c) 13
d) 5 d) 11
e) n.d.a. e) n.d.a.
22. 150 alunos representam quantos % de 2 000 alunos? 31. $ 300,00 representam 24% de uma quantia x. Qual é o valor de x?
a) 7,5 a) 1320
b) 6,7 b) 1250
c) 7,1 c) 1145
d) 8,1 d) 1232
e) n.d.a. e) n.d.a.

23. Uma prova de Matemática tem 50 questões. Um aluno acertou 40 32. Numa prova de Matemática, um aluno acertou 36 questões, o que
dessas questões. Qual foi a sua taxa de acertos? corresponde a 72% do número das questões. Quantas questões havia
a) 90% na prova?
b) 88% a) 44
c) 77% b) 48
d) 80% c) 50
e) n.d.a. d) 53
e) n.d.a.
24. A 6ª série C teve, durante todo o ano, 50 aulas de Educação Física. 33. Num colégio X, 520 alunos estudam no período da manhã, o que
Um aluno faltou a 8 aulas. Qual foi a taxa de faltas desse aluno? corresponde a 65% do número total de alunos do colégio. Quantos
a) 12 alunos tem esse colégio?
b) 18 a) 861
c) 16 b) 982
d) 14 c) 870
e) n.d.a. d) 800
e) n.d.a.
25. O preço de custo de um objeto é R$ 1 750,00. Sendo esse objeto
vendido a R$ 2 499,00, qual a taxa de lucro sobre o preço de custo? 34. Uma peça de ouro foi vendida com um lucro de $ 300,00. Sabe-se
a) 42,8 que essa quantia representa 25% do preço de custo da peça. Qual o
b) 43,7 preço de custo e por quanto foi vendida essa peça?
c) 39,8 a) 1200 e 1500
d) 44,0 b) 1220 e 1488
e) n.d.a. c) 1180 e 1520
d) 1190 e 1980
26. Um quadro de futebol disputa 16 partidas, vencendo 10 e empatando e) n.d.a.
2. Pede-se : 1º) a taxa de vitórias em relação ao número de partidas
disputadas; 2º) a taxa de empates em relação ao número de partidas 35. Uma salina produz 18% de sal em volume de água que é levada a
disputadas. evaporar. Para produzir 117 m3 de sal, quantos m3 de água são
a) 62,5 e 12,5 necessários?
b) 61,0 e 11,9 a) 750
c) 63,1 e 13,3 b) 587
d) 62,1 e 11,9 c) 710
e) n.d.a. d) 650
e) n.d.a.
27. Em 1980, a população de uma cidade era de 60 000 habitantes. Em 36. Na 6ª série B, 6 alunos foram reprovados, o que representa 15% do
1981, a população da mesma cidade é de 61920 habitantes. Qual foi número de alunos da classe. Quantos alunos há na 6ª série B?
a taxa de crescimento populacional em relação à de 1980? a) 38
a) 4,1 b) 42
b) 3,1 c) 40
c) 3,2 d) 45
d) 1,9 e) n.d.a.
e) n.d.a.

Matemática 23
37. Na compra a prazo de um aparelho, há um acréscimo de R$ 150,00, o 44. Sabendo que 3/4 de certa obra foram feitos por 33 pessoas em 1 ano
que corresponde a 30% do preço a vista do aparelho, Qual é o preço de trabalho, determinar quantas pessoas seriam necessárias para fa-
a vista do aparelho, e quanto vou pagar? zer a obra toda em metade do tempo.
a) 500 e 640 a) 91
b) 510 e 630 b) 88
c) 530 e 678 c) 79
d) 500 e 650 d) 85
e) n.d.a. e) n.d.a.

38. Para assoalhar uma casa foram necessárias 18 dúzias de tábuas de 2 45. Sabendo que três operários, trabalhando 7 horas por dia, durante 2
metros e 30 centímetros de comprimento por 10 centímetros de largu- dias, fizeram 126 metros de certa obra, calcular quantos metros da
ra. Quantas tábuas seriam necessárias para assoalhar a mesma casa mesma obra farão dois operários, trabalhando 5 dias a 3 horas por
se elas tivessem 1 metro e 80 centímetros de comprimento por 3 de- dia.
címetros de largura? a) 88
a) 92 b) 92
b) 104 c) 98
c) 98 d) 95
d) 89 e) 90
e) 95
46. Trabalhando 4 horas diárias, durante 18 dias, 64 operários abriram
uma vala de 36 metros de comprimento, em terreno de dureza 3. De-
39. Uma torneira pode encher um tanque em 9 horas e outra pode encher
terminar o comprimento de outra vala, aberta por 56 operários, que
o mesmo tanque em 12 horas. Se essas duas torneiras funcionassem
trabalharam 5 horas por dia, durante 16 dias, em terreno de dureza 2.
juntas e, com elas, mais uma terceira torneira, o tanque ficaria cheio
a) 61,4
em 4 horas. Em quantas horas a terceira torneira, funcionando sozi-
b) 49,8
nha, encheria o tanque?
c) 52,5
a) 18 horas
d) 49,1
b) 20
e) n.d.a.
c) 22
d) 16
e) 18h 30min 15s 47. Uma torneira que jorra 1 035,5 litros de água por hora enche certo
reservatório em 12 horas. Determinar em quanto tempo outra torneira,
que jorra 20 litros por minuto, encheria o mesmo reservatório.
40. As rodas traseiras de um carro têm 3,25 metros de circunferência. a) 10h 21min 18s
Enquanto as rodas dianteiras dão 20 voltas, as traseiras dão somente b) 11h 10min 12s
12. Qual é a circunferência das rodas dianteiras? c) 9h 31min 17s
a) 1,95 m d) 10h 17min 32s
b) 2,05 e) n.d.a.
c) 1,88
d) 1,90
e) 2,01 48. 27 operários, trabalhando 8 horas diárias durante 15 dias, fizeram um
muro de 20 metros de comprimento, 1 metro e 80 centímetros de altu-
ra e 30 centímetros de espessura. Quantos operários seriam necessá-
41. Um viajante vai da cidade X à cidade Z em um trem que faz 60 km/h rios para a construção de outro muro de 30 metros de comprimento, 2
e volta em outro cuja velocidade é de 96 km/h, Sabendo-se que a via- metros de altura e 27 centímetros de espessura, se eles trabalhassem
gem de ida e volta durou, ao todo, 9 horas e 58 minutos, pergunta-se: 9 horas por dia durante 18 dias?
qual a distância entre as duas cidades? a) 33
a) 368 b) 37
b) 388 c) 29
c) 402 d) 27
d) 379 e) 30
e) 354
49. Vinte e cinco tecelões, trabalhando 7 horas por dia, durante 18 dias,
42. Certa máquina, trabalhando 12 horas por dia, consome, em 30 dias, 9 fizeram 750 metros de certo tecido. Quantos tecelões, trabalhando 9
780 quilos de carvão. Qual o custo do carvão gasto por essa máquina horas por dia, durante 14 dias, seriam necessários para fazer 630 me-
durante 90 dias, sabendo-se que nesse período trabalhou 12 horas e tros do mesmo tecido?
30 minutos por dia e que cada tonelada de carvão custou R$ 800 00? a) 23
a) 24.450,00 b) 24
b) 25.000,00 c) 21
c) 23.450,00 d) 17
d) 22.980,00 e) 20
e) 24.680,00
50. O volante de uma máquina, dando 318 voltas em 6 minutos, põe em
43. Se um homem caminha à razão de 4 quilômetros e 500 metros por movimento uma fieira que produz 265 metros de tecido em 60 minu-
hora, em quantas horas, minutos e segundos, percorrerá a distância tos. Que tempo será preciso para fabricar 564 metros de tecido, se o
de 14 quilômetros e 415 metros? volante der 376 voltas em 4 minutos?
a) 3h 12min 12s a) 75 min
b) 3h 11min 19s b) 72 min
c) 2h 59min 2s c) 69
d) 3h 21min 5s d) 65
e) n.d.a. e) n.d.a.

Matemática 24
51. Certo capital, acrescido de juros de 6,5% a.a. em 1 ano e 4 meses, 59. Determinar em quantos meses um capital de $ 32 000,00 aplicado à
importa em $ 7 824,00. Determinar o capital. taxa de 12% a.a. rende $ 4 800,00 de juros simples.
a) 7.200,00 a) 18 meses
b) 6,980,00 b) 17 meses
c) 7.430,00 c) 10 meses
d) 8.020,00 d) 15 meses
e) n.d.a. e) n.d.a.

52. Um capital, com os juros correspondentes a 5 meses, eleva-se a R$ 60. Dois capitais de R$ 11 000,00 e R$ 5 000,00 estiveram aplicados
748,25. O mesmo capital, com os juros correspondentes a 8 meses, durante 3 anos. Determinar a que taxa esteve aplicado o segundo ca-
eleva-se a R$ 759,20. Determinar o capital. pital, sabendo que o primeiro, aplicado à taxa de 7% a.a., rendeu R$ 1
a) 770,00 110,00 a mais que o segundo.
b) 760,00 a) 7% a.a.
c) 695,00 b) 8,67%
d) 730,00 c) 8%
e) n.d.a. d) 9%
e) n.d.a.
53. Determinar o capital e os juros cuja soma, no fim de 5 meses, à taxa
de 5,5% a.a., atingiu R$ 17 676,00.
61. A soma do quádruplo de um número com 17 é igual a 65. Calcule
a) 17.280,00 e 396,00
esse número.
b) 16.980,00 3 400,00
a) 12
c) 18.960,00 e 385,00
b) 15
d) 17.680,00 e 411,00
c) 17
e) n.d.a.
d) 16
e) n.d.a.
54. Qual é o capital que, acrescido dos seus juros produzidos em 270
dias, à taxa de 4,5% a.a., se eleva a R$ 45 071,50?
a) 44.000,00 62. Ao triplo de um número adicionamos 12, e o resultado é igual ao
b) 43.987,20 quíntuplo do mesmo número. Qual é esse número?
c) 45.080,00 a) 9
d) 43.600,00 b) 8
e) n.d.a. c) 7
d) 6
e) n.d.a.
55. Uma pessoa aplicou $ 110 000,00 do seguinte modo:
$ 68 000,00 a 5% a.a. e $ 42 000,00 a uma taxa desconhecida.
Sabendo-se que, no fim de meio ano, a primeira importância tinha 63. A soma da metade de um número com 21 é igual ao dobro do mesmo
rendido $125,00 a mais do que a segunda, pergunta-se: a que taxa número menos 9. Determine esse número.
esta última foi aplicada? a) 30
a) 8,3% a.a. b) 26
b) 7,5 c) 36
c) 6,7 d) 20
d) 6,9 e) n.d.a.
e) n.d.a.
64. Uma casa com 130 m2 de área construída tem três dormitórios do
56. A soma de um capital com os seus juros, aplicado durante 110 dias, à mesmo tamanho. Qual é a área de cada dormitório se as outras de-
taxa de 7% a.a., é igual a R$ 2 553,47. Determinar o valor dos juros, pendências da casa ocupam uma área de 70 m2?
considerando-se o ano com 360 dias. a) 36
a) 53,47 b) 20
b) 51,12 c) 18
c) 49,22 d) 22
d) 48,98 e) n.d.a.
e) n.d.a.
65. A soma de um número com sua quinta parte é igual a 2. Qual é o
57. Determinar a que taxa mensal esteve aplicado um capital de R$ 48 número?
000,00 que, em 3 meses e 20 dias, rendeu R$ 440,00 de juros. a) 5/3
a) 0,25% a.m. b) 4/3
b) 0,40 c) 6/7
c) 0,34 d) 7/5
d) 0,21 e) n.d.a.
e) 0,49

66. Comprei uma bicicleta, a prazo, por R$ 850,00. Dei R$ 250,00 de


58. Certo capital, acrescido dos juros resultantes de sua aplicação
entrada e vou pagar o restante em três prestações mensais, iguais.
durante 8 meses, eleva-se a R$ 23 100,00. O mesmo capital,
Qual é o valor de cada prestação?
acrescido dos juros resultantes de 13 meses de aplicação, à mesma
a) 240
taxa, eleva-se a R$ 23 475,00. Calcular o capital e a taxa anual.
b) 198
a) 22.500,00 e 4% a.a.
c) 200
b) 21.000,00 e 5%
d) 220
c) 23.650,00 e 5%
e) n.d.a.
d) 21.654,00 e 4%
e) n.d.a.

Matemática 25
67. Calcule o número tal que a soma da metade com a quinta parte do
número seja igual ao próprio número diminuído de 12. ______________________________
a) 60
b) 56 ______________________________
c) 40
d) 38 ______________________________
e) n.d.a.
______________________________
68. Um aluno acertou 7/10 do número de questões de uma prova de
________________________________________________
Matemática. Sabendo-se que errou 15 questões, qual o número de
questões da prova?
a) 30 ________________________________________________
b) 40
c) 60 ________________________________________________
d) 50
e) 70 ________________________________________________

________________________________________________
69. Uma pesquisa foi feita sobre a preferência na leitura de três jornais.
Verificou-se que a metade dos entrevistados lia o jornal A, a terça par- ________________________________________________
te lia o jornal B, e 400 outras pessoas liam o jornal C. Quantas pesso-
as foram entrevistadas? ________________________________________________
a) 2800
b) 3000 ________________________________________________
c) 3200
d) 3220
________________________________________________
e) 2.400
________________________________________________
70. Um comerciante, no final do ano, distribuiu uma parte do seu lucro
entre seus três empregados. O primeiro recebeu 2/5 da parte do lucro ________________________________________________
mais R$ 5 000,00; o segundo recebeu 3/7 da parte do lucro mais R$
7 000,00; o terceiro recebeu R$ 9 000,00. Qual foi a parte do lucro dis- ________________________________________________
tribuída?
a) 120.000 ________________________________________________
b) 132.000
c) 122.500 ________________________________________________
d) 123.840
e) n.d.a. ________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________
GABARITO
________________________________________________

01. A 21. B 41. A 61. A ________________________________________________


02. A 22. A 42. A 62. D
03. A 23. D 43. A 63. D ________________________________________________
04. D 24. C 44. B 64. B
05. C 25. A 45. E 65. A ________________________________________________
06. D 26. A 46. C 66. C
07. A 27. C 47. A 67. C ________________________________________________
08. A 28. D 48. E 68. D
09. A 29. A 49. C 69. E ________________________________________________
10. D 30. B 50. B 70. C
11. C 31. B 51. A
________________________________________________
12. B 32. C 52. D
13. C 33. D 53. A
14. A 34. A 54. D ________________________________________________
15. B 35. D 55. B
16. A 36. C 56. A ________________________________________________
17. B 37. D 57. A
18. D 38. A 58. A ________________________________________________
19. D 39. A 59. D
20. C 40. A 60. C ________________________________________________

________________________________________________

Matemática 26
Acompanhamento" sempre contém uma lista atualizada de todas as men-
sagens marcadas com sinalizadores rápidos em cada pasta da caixa de
correio.
Organizar por Conversação. Se você receber muitos emails diaria-
mente, poderá se beneficiar da opção de agrupamento denominada Orga-
nizar por Conversação. O modo de exibição Organizar por Conversação
mostra a lista de mensagens de uma forma orientada a conversação ou
"segmentada". Para que você leia os emails com mais rapidez, esse modo
de exibição mostra primeiro apenas as mensagens não lidas e marcadas
Uso de correio eletrônico, preparo de mensagens com Sinalizadores Rápidos. Cada conversação pode ser ainda mais ex-
(anexação de arquivos, cópias). pandida para mostrar todas as mensagens, inclusive os emails já lidos.
Para organizar as mensagens dessa forma, clique em Organizar por Con-
versação no menu Exibir.
MICROSOFT OFFICE OUTLOOK
Envie e receba email; gerencie sua agenda, contatos e tarefas; e regis- Pastas de Pesquisa. As Pastas de Pesquisa contêm resultados de
tre suas atividades usando o Microsoft Office Outlook. pesquisa, atualizados constantemente, sobre todos os itens de email cor-
respondentes a critérios específicos. Você pode ver todas as mensagens
Iniciando o Microsoft Office Outlook não lidas de cada pasta na sua caixa de correio em uma Pasta de Pesquisa
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ce Outlook. caixa de correio, a Pasta de Pesquisa "Emails Grandes" mostra os maiores
Esta versão do Outlook inclui novos recursos criados para ajudá-lo a emails da caixa de correio, independentemente da pasta em que eles estão
acessar, priorizar e lidar com comunicação e informações, de forma a armazenados. Você também pode criar suas próprias Pastas de Pesquisa:
otimizar o seu tempo e facilitar o gerenciamento do fluxo crescente de escolha uma pasta na lista de modelos predefinidos ou crie uma pesquisa
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Experiência de Email Dinâmica. O Outlook ajuda você a ler, organi- uso futuro.
zar, acompanhar e localizar emails com mais eficiência do que antigamen- Calendários Lado a Lado,.Agora você pode exibir vários calendários
te. O novo layout da janela exibe mais informações na tela de uma só vez, lado a lado na janela Calendário do Outlook.Todos os calendários podem
mesmo em monitores pequenos. A lista de mensagens foi reprojetada para ser vistos lado a lado: calendários locais, calendários de pastas públicas,
utilizar o espaço de forma mais inteligente. Como resultado disso, você calendários de outros usuários ou lista de eventos da equipe do Microsoft
perderá menos tempo com a navegação e dedicará mais tempo à realiza- Windows® SharePoint™ Services. Os calendários são codificados por
ção de suas tarefas. O agrupamento automático de mensagens ajuda o cores para ajudá-lo a distingui-los.
usuário a localizar e a ir para emails em qualquer lugar da lista com mais Regras e Alertas. O Outlook o alertará da chegada de novos emails na
rapidez do que antes. E você ainda pode mover ou excluir todas as mensa- sua Caixa de Entrada exibindo uma notificação discreta na área de traba-
gens em um grupo de uma vez. lho, mesmo quando você estiver usando outro programa. É possível criar
Filtro de Lixo Eletrônico. O novo Filtro de Lixo Eletrônico ajuda a evi- rapidamente regras para arquivar emails com base na mensagem, selecio-
tar muitos dos emails indesejáveis que você recebe todos os dias. Ele usa a nando a mensagem e clicando em Criar Regra.
tecnologia mais avançada desenvolvida pelo Centro de Pesquisa da Micro-
soft para avaliar se uma mensagem deve ser tratada como lixo eletrônico Modo de Transferência em Cachê. Se você usa o Microsoft Exchange
com base em vários fatores como, por exemplo, o horário em que a men- Server não precisa mais se preocupar com problemas causados por redes
sagem foi enviada e o seu conteúdo. O filtro não identifica nenhum reme- lentas ou distantes. O Outlook pode baixar a caixa de correio para o seu
tente ou tipo de email específico; ele se baseia no conteúdo da mensagem computador, reduzindo a necessidade de comunicação com o servidor de
e faz uma análise avançada da estrutura da mensagem para determinar a email. Se a rede ficar indisponível, o Outlook continuará utilizando as infor-
probabilidade de ser ou não lixo eletrônico. Qualquer mensagem detectada mações já baixadas — e talvez você nem perceba a queda da rede. O
pelo filtro é movida para a pasta Lixo Eletrônico, de onde ela pode ser Outlook se adapta ao tipo de rede disponível, baixando mais itens de email
recuperada ou revisada posteriormente. Você pode adicionar emails à Lista em redes mais rápidas e oferecendo mais controle sobre os itens baixados
de Remetentes Confiáveis para garantir que as mensagens desses reme- em redes lentas. Se usar o Outlook com o Microsoft Exchange Server,
tentes nunca sejam tratadas como lixo eletrônico e pode ainda bloquear você se beneficiará de uma redução significativa no tráfego da rede, que o
mensagens de determinados endereços de email ou nomes de domínio ajudará a obter as informações com mais rapidez.
adicionando o remetente à Lista de Remetentes Bloqueados.
Painel de Navegação. O Painel de Navegação é mais do que uma Ícones de listas de mensagens do Outlook Express
simples lista de pastas: ele combina os recursos de navegação principal e Os ícones a seguir aparecem nos e-mails e indicam a prioridade das
compartilhamento do Outlook em um local de fácil utilização. Em Email, mensagens, se as mensagens possuem arquivos anexados ou ainda se as
você encontrará mais pastas de email do que antigamente. Além disso, mensagens estão marcadas como lidas ou não lidas. Veja o que eles
poderá adicionar suas pastas favoritas ao início da lista. Em Calendário, significam:
você poderá exibir os calendários compartilhados de outras pessoas lado a
lado com o seu próprio calendário. Em Contatos, você verá a lista de todas
as pastas de contatos que poderá abrir (estejam elas armazenadas no seu
computador ou em um local da rede), bem como maneiras aperfeiçoadas
de exibir os contatos. Todos os oito módulos do Outlook possuem uma
interface de usuário criada para ajudá-lo a encontrar rapidamente o que
você está procurando, na forma como você gosta de ver essa informação.
Painel de Leitura. O Painel de Leitura é o local ideal para ler emails,
sem a necessidade de abrir uma janela separada para cada mensagem.
Como um pedaço de papel, o Painel de Leitura é posicionado verticalmen-
te. Esse layout é mais confortável e, em conjunto com a nova lista de
mensagens de várias linhas, significa que você pode ver quase o dobro do
conteúdo de um email em um monitor do mesmo tamanho, se comparado
com o Painel de Visualização das versões anteriores do Outlook.
Sinalizadores Rápidos. Se você precisar responder a um email, mas
não tiver tempo agora, clique no ícone do sinalizador ao lado da mensagem
para marcá-la com um Sinalizador Rápido. Os diversos sinalizadores colo-
ridos facilitam a categorização das mensagens. A pasta denominada – Para

Informática 1
Como criar uma conta de e-mail des: a pasta Contatos da identidade principal e uma pasta que permite o
Para adicionar uma conta de e-mail em seu Outlook faça o seguinte: compartilhamento de contatos com outras identidades, a pasta Contatos
1. Entre em contato com seu provedor de serviços de Internet ou do compartilhados. Nenhuma destas pastas pode ser excluída. Você pode
administrador da rede local e informe-se sobre o tipo de servidor de criar um novo contato na pasta compartilhada ou compartilhar um contato
e-mail usado para a entrada e para a saída dos e-mails. existente, movendo um de seus contatos para a pasta Contatos comparti-
2. Você precisará saber o tipo de servidor usado : POP3 (Post Office lhados.
Protocol), IMAP (Internet Message Access Protocol) ou HTTP 1. Clique em Ferramentas/ Catálogo de Endereços.
(Hypertext Transfer Protocol). Precisa também saber o nome da Seu catálogo de endereços irá se abrir. Se você não estiver visuali-
conta e a senha, o nome do servidor de e-mail de entrada e, para zando a pasta Contatos compartilhados à esquerda, clique em Exi-
POP3 e IMAP, o nome de um servidor de e-mail de saída, geral- bir de seu Catálogo de Endereços, clique em Pastas e grupos.
mente SMTP (Simple Mail Transfer Protocol)

Vamos à configuração:
3. No menu Ferramentas, clique em Contas.

Na lista de contatos, selecione o contato que deseja compartilhar.

Arraste o contato para a pasta Contatos compartilhados ou para uma


de suas subpastas.

Salvar um rascunho
Para salvar um rascunho da mensagem para usar mais tarde, faça o
seguinte:
1. Com sua mensagem aberta, clique em Arquivo.
2. A seguir, clique em Salvar.

Você também pode clicar em Salvar como para salvar uma mensagem
de e-mail em outros arquivos de seu computador no formato de e-mail
(.eml), texto (.txt) ou HTML (.htm ou html).

Abrir anexos
Para ver um anexo de arquivo, faça o seguinte:
1. No painel de visualização, clique no ícone de clipe de papel no ca-
beçalho da mensagem e, em seguida, clique no nome do arquivo.

Ou apenas clique no símbolo de anexo

Logo a seguir visualizaremos o assistente de configuração do Outlook,


posteriormente clique no botão adicionar- Email.
Na parte superior da janela da mensagem, clique duas vezes no ícone
de anexo de arquivo no cabeçalho da mensagem.
(Quando uma mensagem tem um arquivo anexado, um ícone de clipe
de papel é exibido ao lado dela na lista de mensagens.)

Salvar anexos

Clique em Email e o Assistente para conexão com a Internet irá se


abrir. Basta seguir as instruções para estabelecer uma conexão com um
servidor de e-mail ou de notícias e ir preenchendo os campos de acordo
Para salvar um anexo de arquivo de seu e-mail, faça o seguinte:
com seus dados.
1. Clique na mensagem que tem o arquivo que você quer salvar.
Observação:
2. No menu Arquivo, clique em Salvar anexos.
Cada usuário pode criar várias contas de e-mail, repetindo o procedi-
mento descrito acima para cada conta.

Compartilhar contatos
Para compartilhar contatos você tiver outras identidades (outras pesso-
as) usando o mesmo Outlook Express, poderá fazer com que um contato
fique disponível para outras identidades, colocando-o na pasta Contatos
compartilhados. Desta forma, as pessoas que estão em seu catálogo de Uma nova janela se abre. Clique no(s) anexo(s) que você quer sal-
endereços "aparecerão" também para outras identidades de seu Outlook. O var.
catálogo de endereços contém automaticamente duas pastas de identida- 4. Antes de clicar em Salvar, confira se o local indicado na caixa abai-

Informática 2
xo é onde você quer salvar seus anexos. (Caso não seja, clique em po CCO e apenas um endereço no campo Para. Estaremos fazendo um
"Procurar" e escolha outra pasta ou arquivo.) favor a quem recebe, além de não estarmos divulgando o endereço de
5. Clique em Salvar. outras pessoas desnecessariamente.
3. É importante indicar no campo Assunto qual é o tema a ser tratado.
Como redigir um e-mail Uma indicação clara nessa linha ajuda na recepção da mensagem. Lembre-
se de que seu destinatário pode receber muitas mensagens e não presuma
que ele seja um adivinho. Colocar, por exemplo, apenas a palavra “informa-
ções” no campo assunto, não ajuda em nada. Especifique claramente o
conteúdo. Por exemplo: Informações sobre novo curso.
4. No espaço reservado à mensagem, especifique logo no início o
emissor e o receptor. Exemplo:

Prezado Cliente
Agradecemos aquisição de nossos produtos.
Grato.
A competitividade no mundo dos negócios obriga os profissionais a Podemos sintetizar assim:
uma busca cada vez maior de um diferencial em sua qualificação. Sabe-se 1. Sempre colocar o assunto.
da importância de uma boa comunicação em nossos dias. Quantos não 2. Indique o emissor e o destinatário no corpo da mensagem.
vivem às voltas com e-mails, atas, cartas e relatórios? 3. Coloque apenas uma saudação.
A arte de se comunicar com simplicidade é essencial para compor 4. Escreva a mensagem com palavras claras e objetivas.
qualquer texto. Incluímos aqui todas e quaisquer correspondências comer- 5. Coloque em destaque (negrito, sublinhado, ou itálico) os aspectos
ciais, empresariais ou via Internet (correio eletrônico). principais do e-mail.
Uma correspondência tem como objetivo comunicar algo. Portanto, é 6. Digite o seu nome completo ou nome da empresa.
fundamental lembrar que a comunicação só será eficiente se transmitir ao 7. Abaixo digite o seu e-mail (no caso do destinatário querer respon-
destinatário as idéias de modo simples, claro, objetivo, sem deixar dúvidas der para você, ou guardar seu endereço).
quanto ao que estamos querendo dizer. 8. Envie a mensagem.
O e-mail é uma forma de comunicação escrita e, portanto, exige cuida-
do. A maior diferença entre um e-mail e uma correspondência via correio Verificar novas mensagens
tradicional está na forma de transmissão, sendo a primeira, indubitavelmen- Para saber se chegaram novas mensagens, faça o seguinte:
te, mais rápida e eficiente. Com seu Outlook aberto, clique em Enviar/receber na barra de ferra-
Ao escrevermos um e-mail, sobretudo com finalidade comercial ou em- mentas.
presarial, devemos observar alguns pontos: Os e-mail serão recebidos na caixa de entrada do Outlook, caso houver
algum e-mail a ser enviado, o mesmo será enviado automaticamente.
1. A forma como você escreve e endereça o e-mail permite que o des-
tinatário interprete seu interesse e o quanto ele é importante para você. Pastas Padrões
As pastas padrões do Outlook não podem ser alteradas. Você poderá
O bom senso deve sempre prevalecer de acordo com o tipo de mensa- criar outras pastas, mas não deve mexer nas seguintes pastas:
gem a ser transmitida. A natureza do assunto e a quem se destina o e-mail
determinam se a mensagem será informal ou mais formal. Em qualquer um Caixa de Entrada: local padrão para onde vão as mensagens que che-
dos casos, os textos devem ser curtos, bastante claros, objetivos. gam ao seu Outlook. (Você pode criar pastas e regras para mudar o lugar
O alinhamento à esquerda facilita a leitura. para o qual suas mensagens devam ser encaminhadas.).

2. Caixa de Saída: aqui ficam os e-mails que você já escreveu e que


2. Quando vamos enviar um e-mail em nome de uma empresa ou or-
vai mandar para o(s) destinatário(s).
ganização, é conveniente deixar em destaque que se trata de uma comuni-
3. Itens Enviados: nesta pasta ficam guardados os e-mails que você
cação institucional, o que não se faz necessário na correspondência tradici-
já mandou.
onal, uma vez que esse aspecto é evidenciado pelo timbre, nome ou marca
4. Itens Excluídos: aqui ficam as mensagens que você já excluiu de
já impresso no papel.
outra(s) pasta(s), mas continuam em seu Outlook.
No caso dos e-mails, temos apenas os campos Para ou To e, para en- 5. Rascunhos: as mensagens que você está escrevendo podem ficar
viarmos com uma cópia para outra pessoa, preenchemos o campo CC guardadas aqui enquanto você não as acaba de compor definitiva-
(Cópia Carbono). mente. Veja como salvar uma mensagem na pasta Rascunhos.
Convém ressaltar que existe um outro campo que pode utilizado para
enviarmos uma cópia para outra pessoa, de modo que não seja exibido o Criar novas pastas
endereço em questão: é o campo CCO (Cópia Carbono Oculta). Para organizar seu Outlook, você pode criar ou adicionar quantas pas-
Às vezes, recebemos um e-mail com uma lista enorme de destinatá- tas quiser.
rios, o que não é nada recomendável. Se quisermos enviar uma mesma 1. No menu Arquivo, clique em Pasta.
mensagem para um grande 2. Clique em Nova.
3. Uma nova janela se abrirá.
Veja o exemplo:
Posteriormente basta clicar no botão enviar Na caixa de texto Nome da pasta, digite o nome que deseja dar à pasta
e, em seguida, selecione o local para a nova pasta.

Lembre-se de que o Outlook Express vai criar sua pasta nova dentro
daquela que estiver selecionada no momento. Se você selecionar, por
exemplo, "Caixa de Entrada" e solicitar uma nova pasta, esta será posicio-
nada dentro da Caixa de Entrada.

Para grupos de endereços, é preferível colocarmos todos eles no cam-

Informática 3
2 - Na janela Configurar contas clique no botão Nova Conta.

Se o que você quer é uma nova pasta, independente das que você já
criou, selecione sempre o item Pastas Locais

Dê um nome e selecione o local onde quer que fique esta nova pasta
que você acabou de criar.

MOZILLA THUNDERBIRD 2.0 3 - Escolha a opção Conta de Email e depois no botão Avançar.

O Mozilla Thunderbird é um software de correio eletrônico gratuito, o


programa possibilita o envio e recebimento de correio eletrônico (e-mail) de
forma fácil, prática e com alto nível de segurança, o software é baseado no
código fonte do Mozilla.org, portanto podendo ser baixado gratuitamente na
internet através do endereço www.Mozilla.org.

Configuração do Mozilla Thunderbird

Inicie o Mozilla Thunderbird e clique no menu Ferramentas e depois


escolha Configurar Contas.

* Caso seja a primeira vez que utiliza o programa, ao iniciá-lo será mos- 4 - Preencha os campos com seu nome de exibição e endereço de
trado o assistente automaticamente, então pode pular diretamente para o email. Após preencher clique no botão Avançar
passo 3.

Informática 4
5 - Escolha a opção POP. Agora vamos a uma explicação rápida: Todo 8 - Com isso será concluída a configuração básica. Clique em Concluir
endereço de e-mail é montado na forma login@domínio. O login é sua e seguiremos em frente com o resto da configuração.
identificação e o domínio representa o servidor onde ficam seus e-mails.
Sendo assim, o e-mail, por exemplo, marcos.silva@digizap.com.br tem
como login "marcos.silva" e o domínio "digizap.com.br". Baseado nisso
preencha os campos marcados em verde como na imagem abaixo, substi-
tuindo "domínio" pelo domínio de seu e-mail. Lembrando que tudo deve ser
preenchido em letras minúsculas. Uma vez que todos os campos tenham
sido preenchidos clique no botão Avançar
* Caso já possua uma conta de e-mail configurada em seu Thunderbird
o campo de SMTP não será mostrado.

9 - Voltando a janela Configurar contas clique na opção Servidor de


envio (SMTP) e depois no botão Adicionar.

6 - Agora, seguindo a explicação do passo anterior, preencha os cam-


pos marcados em verde como na imagem abaixo, substituindo "login" pelo
seu login. Após preencher clique no botão Avançar.

10 - Na janela Servidor de envio (SMTP) faça as configurações como


7 - Digite um nome para identificar sua conta e clique em Avançar na figura abaixo, alterando "dominio e "login" como explicado no passo 5.
Ao término clique em OK.

Informática 5
11 - De volta a janela Configurar contas Clique na opção correspon-  Cc: Digite os endereços de e-mail pelo qual receberão uma cópia
dente a conta que criamos na configuração básica e então escolha o servi- de sua mensagem, caso queira enviar para mais de uma pesssoa,
dor SMTP como na figura abaixo. digite o e-mail seguido de ;
 Ex: concursos@opcao.com.br;candidato@opcao.com.br
 Cco: Envio de cópia oculta, o destinatário, não poderá visualizar
outros endereços de e-mails enviados.
 Assunto: digite o assunto da mensagem, seja claro e objetivo.
 Abaixo do campo do e-mail segue o corpo do e-mail, pelo qual po-
deremos digitar a mensagem.

Para enviar arquivos em anexo


Clique no menu anexar, posteriormente clique na opção arquivos

Após esta etapa o programa exibir uma caixa de diálogo, escolha o ar-
quivo pelo qual será enviado.
12 - Agora clique na opção "Servidor" e marque a opção SSL. Com
isso o número acima será alterado para 995. Confirme clicando em OK.

Após o preenchimento clique no botão enviar

Para verificar mensagens recebidas, clique no botão enviar e receber


Pronto! Com isso finalizamos a configuração do Mozilla Thunderbird
Como enviar uma mensagem de e-mail

MICROSOFT WINDOWS XP: CONCEITO DE PASTAS,


DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA DE
TRABALHO, ÁREA DE TRANSFERÊNCIA, MANIPU-
LAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS ME-
NUS, PROGRAMAS E APLICATIVOS, INTERAÇÃO
COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS MICROSOFT
Após abrir o programa clique no botão nova mensagem, será aber- OFFICE.
to uma nova página com os seguintes campos:
 DE: nome do e-mail do remetente
 Para: Campo onde serão digitados o(s) endereço (s) de e-mail do
destinatário, caso deseja enviar uma cópia de sua mensagem para
mais de uma pessoa, digite o seu e-mail no campo Cc:

Informática 6
ícone com o botão direito do mouse e escolha a opção, criar atalho.

Iniciando o Windows
Ao iniciar o windows XP a primeira tela que temos é tela de logon,
nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador.

O atalho será criado na área de trabalho, podermos criar atalhos pelo


menu rápido, simplesmente clicando com o mouse lado direito, sobre o
Ao entrarmos com o nome do usuário, o windows efetuará o Logon (en- ícone, programa, pasta ou arquivo e depois escolher a opção, criar atalho.
trada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho:
A criação de um atalho não substitui o arquivo, diretório ou programa
Área de trabalho de origem, a função do atalho simplesmente será de executar a ação de
abrir o programa, pasta, arquivo ou diretório rapidamente, sem precisar
localizar o seu local de origem.

Sistemas de menu
Windows XP é, até hoje, o sistema operacional da Microsoft com o
maior conjunto de facilidades para o usuário, combinado com razoável grau
de confiabilidade.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momen-
to, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela,
permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com
rapidez e facilidade.

A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja cri-
ando um texto em um editor de texto e um de seus colegas lhe pede para
você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro.

Você não precisa fechar o editor de textos. Apenas salve o arquivo que
está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você
 Área de Trabalho ou Desktop
não precisa esperar que a planilha seja totalmente impressa, deixe a im-
 Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens: pressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no
 Ícones: botão ao correspondente na Barra de tarefas e volte a trabalhar.
 Barra de tarefas
A barra de Tarefas, na visão da Microsoft, é uma das maiores ferra-
 Botão iniciar mentas de produtividade do Windows. Vamos abrir alguns aplicativos e ver
como ela se comporta.
Atalhos e Ícones
Botão Iniciar
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode
representar um texto, música, programa, fotos e etc. você po-
de adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode
excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Compu-
tador, Meus Documentos, Meus locais de Rede, Internet Ex- O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá
plorer. acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por
sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar
mostra um menu vertical com várias opções. Alguns comandos do menu
Iniciar têm uma seta para a direita, significando que há opções adicionais

Atalhos
disponíveis em um menu secundário. Se você posicionar o ponteiro sobre
um item com uma seta, será exibido outro menu.
Primeiramente visualize o programa ou ícone pelo qual deseja criar o
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um programa que esti-
atalho, para um maior gerenciamento de seus programas e diretórios,
ver instalado no computador, ou fazer alterações nas configurações do
acesse o Meu Computador local onde poderemos visualizar todos os drives
computador, localizar um arquivo, abrir um documento.
do computador no exemplo abaixo será criado um atalho no drive de dis-
quete na área de trabalho:
Depois de visualizar o diretório a ser criado o atalho, clique sobre o

Informática 7
arquivos. A pasta Meus Documentosrecebe todos os arquivos produzidos-
pelo usuário: textos, planilhas, apresentações, imagens etc.Naturalmente,
você pode gravararquivos em outros lugares. Mas, emcondições normais,
eles são salvos na pasta Meus Documentos.

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você pode optar
por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir, configurar o menu
Iniciar para que tenha a aparência das versões anteriores do Windows
(95/98/Me). Clique na barra de tarefas com o botão direito do mouse e
selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.
Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferra-
Esta guia tem duas opções:
mentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramentas para
 Menu iniciar: Oferece a você acesso mais rápido a e−mail e Inter-
melhorar a performance do computador, calculadora e etc.
net, seus documentos, imagens e música e aos programas usados
Se fôssemos analisar cada acessório que temos, encontraríamos vá-
recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no botão
rias aplicações, mas vamos citar as mais usadas e importantes. Imagine
Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP
que você está montando um manual para ajudar as pessoas a trabalharem
 Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência das com um determinado programa do computador. Neste manual, com certeza
versões antigas do Windows, como o windows ME, 98 e 95. você acrescentaria a imagem das janelas do programa. Para copiar as
janelas e retirar só a parte desejada, utilizaremos o Paint, que é um pro-
Todos os programas grama para trabalharmos com imagens. As pessoas que trabalham com
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro submenu, criação de páginas para a Internet utilizam o acessório Bloco de Notas, que
no qual aparecem todas as opções de programas. Para entrar neste sub- é um editor de texto muito simples. Assim, vimos duas aplicações para dois
menu, arraste o mouse em linha reta para a direção em que o submenu foi acessórios diferentes.
aberto. Assim, você poderá selecionar o aplicativo desejado. Para executar, A pasta acessório é acessível dando−se um clique no botão Iniciar na
por exemplo, o Paint, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e, no submenu
Acessórios. O submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Paint e que aparece, escolha Acessórios.
dê um clique com o botão esquerdo do mouse.

MEU COMPUTADOR Componentes da Janela


Se você clicar normalmente na opção Meu Computador, vai abrir uma Para exemplificarmos uma janela, utilizaremos a janela de um aplicati-
tela que lhe dará acesso a todos os drives (disquete, HD, CD etc.) do vo do Windows. O Bloco de Notas. Para abri−lo clique no botão Iniciar /
sistema e também às pastas de armazenamento de arquivos. Todos os Programas / Acessórios / Bloco de Notas.

Barra de Título: esta barra mostra o nome do arquivo (Sem Título) e o


Meus documentos
nome do aplicativo (Bloco de Notas) que está sendo executado na janela.
A opção Meus Documentos abre apasta-padrão de armazenamento de
Informática 8
Através desta barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não Preste atenção na Figura da página anterior que o painel da esquerda
está maximizada. Para isso, clique na barra de título, mantenha o clique e na figura acima, todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que
arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a contêm outras pastas. As pastas que contêm um sinal de – (menos) indi-
posição desejada. Depois é só soltar o clique. cam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as sub−pastas).
Na Barra de Título encontramos os botões de controle da janela.
Estes são: Painel de controle
O Painel de controle do Windows XP agrupa itens de configuração de
Minimizar: este botão oculta a janela da Área de trabalho e mantém o
dispositivos e opções em utilização como vídeo, resolução, som, data e
botão referente á janela na Barra de Tarefas. Para visualizar a janela no-
hora, entre outros. Estas opções podem ser controladas e alteradas pelo
vamente, clique em seu botão na Barra de tarefas.
usuário, daí o nome Painel de controle.
Maximizar: Este botão aumenta o tamanho da janela até que ela ocupe
toda a Área da Trabalho. Para que a janela volte ao tamanho original, o Para acessar o Painel de controle
botão na Barra de Título, que era o maximizar, alternou para o botão Res- 1. Clique em Iniciar, Painel de controle.
taurar. Clique neste botão e a janela será restaurada ao tamanho original. 2. Inicialmente o Painel de controle exibe nove categorias distintas.
Fechar: Este botão fecha o aplicativo que está sendo executado e sua
janela. Esta mesma opção poderá ser utilizada pelo menu Arquivo/Sair. Se
o arquivos que estiver sendo criado ou modificado dentro da janela não foi
salvo antes de fechar o aplicativo, o Windows emitirá uma tela de alerta
perguntando se queremos ou não salvar o arquivo, ou cancelar a operação
de sair do aplicativo.

Meu Computador
O ícone de Meu Computador representa todo o material em seu com-
putador. Meu Computador contém principalmente ícones que representam
as unidades de disco em seu sistema: a unidade de disquete A, o disco
rígido C e sua unidade de CD-ROM ou de DVD, bem como outros discos
rígidos, unidades removíveis etc. Clicar nesses ícones de unidade exibe o
conteúdo das unidades, arquivos e pastas, que são a soma de tudo em seu
computador. (Daí o nome, Meu Computador.)
Windows Explorer gerenciamento de arquivos e pastas
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador:
Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fa-
zendo, por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos
arquivos. Enquanto o Meu Computador traz como padrão a
janela sem divisão, você observará que o Windows Explorer Painel de controle
traz a janela dividida em duas partes. Mas tanto no primeiro 3. Clique na opção desejada.
como no segundo, esta configuração pode ser mudada. Po- 4. Na próxima tela escolha a tarefa a ser realizada.
demos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou
Utilize os botões de navegação:
casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indese-
jáveis e muito mais.
Voltar Para voltar uma tela.

Avançar Para retornar a tarefa.

Acima Para ir ao diretório acima.

Pesquisar Para localizar arquivos, imagens, sons, vídeos,


etc.

Pastas Para exibir o conteúdo de uma pasta.

Pastas e arquivos
Uma unidade de disco pode ter muitos arquivos. Se todos eles estives-
sem em um mesmo lugar, seria uma confusão.

Janela do Windows Explorer Para evitar esse caos, você pode colocar seus arquivos de compu-
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu tador em pastas. Essas pastas são utilizadas para armazenar
computador e todos os arquivos e pastas localizados em cada pasta selecio- arquivos e ajudar a mantê-Ios organizado assim como as pra-
nada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos. Ele é composto teleiras e cabides ajudam você a manter suas roupas organi-
de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de zadas
pastas hierarquizada que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita Os destaques incluem o seguinte:
exibe o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira  Meus Documentos
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador, como padrão 4. Digite o nome e tecle ENTER
ele traz a janela sem divisão, é possível dividi−la também clicando no ícone 5. Pronto! A Pasta está criada.
Pastas na Barra de Ferramentas) Para abrir o Windows Explorer, clique no
botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas / acessórios e clique sobre  Fazer uma pasta
Windows Explorer ou clique sob o botão iniciar com o botão direito do mou-
 Excluir arquivos
se e selecione a opção Explorar.

Informática 9
 Recuperar arquivos 2. Dê um passeio.
 Renomear arquivos Dê um clique duplo em uma pasta. Isso abre a pasta, e você vê ou-
 Copiar arquivos tra janela cheia de arquivos e talvez ainda mais pastas.
 Mover arquivos 3. Para abrir outra pasta, dê um clique duplo em seu ícone.
4. Feche a pasta quando tiver terminado.
Entendendo como as pastas funcionam Clique no botão fechar (x) da janela da pasta localizado no canto
As pastas contêm arquivos, normalmente arquivos de um tipo relacio- superior direito da janela.
nado. Por exempIo, todos os documentos utilizados para criar um livro,
como esta apostila por exemplo, residem em uma pasta chamada Apostila. Só para lembrá-Io de onde você está com todos estes arquivos e pas-
Cada matéria é um arquivo. E cada arquivo da área de informática é colo- tas abertos, o nome da pasta atual que está vendo aparece na parte supe-
cado dentro de uma pasta chamada informática, dentro da pasta Apostila. rior da janela, na barra de título.
Estas pastas mantêm esses arquivos específicos separados de outros
arquivos e pastas no disco rígido. Excluindo arquivos
1. Selecione o arquivo destinado a ser destruído.
Meus Documentos Clique no arquivo uma vez com o mouse para selecioná-lo.
Seu disco rígido do PC tem uma grande quantidade de espaço onde 2. Escolha Excluir a partir do menu Arquivo.
pode ser feita uma pasta - e então se esquecer do lugar onde você a colo- Aparecerá a mensagem: Você tem certeza de que quer enviar o
cou. Então o Windows facilita as coisas para você fornecendo uma pasta arquivo para a Lixeira?
pessoal, chamada Meus Documentos. Essa é a localização principal para 3. Clique em Sim.
todo o material que você criará e usará enquanto estiver no Windows.

Não há nenhuma regra sobre excluir arquivos e pastas até se falar de Se você mudar de idéia, você pode sempre clicar em Não. Se você es-
Meus Documentos. Você não pode excluir a pasta Meus Documentos. A colher Sim, talvez tenha uma breve animação gráfica representando papéis
Microsoft quer que você a tenha e você irá mantê-la. Então, você deve voando para um balde. Isso significa que seu arquivo está sendo jogado
conviver com isso! Se clicar com o botão direito do mouse na pasta Meus fora.
Documentos em sua área de trabalho, notará que há uma opção Excluir.
Essa opção é para excluir o atalho, que é realmente o que você vê na área Recuperação de arquivos
de trabalho, mas você não está eliminando a pasta Meus Documentos. OK, você exclui o arquivo. Pensando bem, você não está tão seguro se
deveria ter excluído este arquivo. Não se preocupe. Há um ícone em sua
Você pode renomear Meus Documentos se quiser. Clique com o botão Área de trabalho chamado Lixeira.
direito do mouse na pasta e escolha Renomear. Digite o novo nome. Embo-
ra não seja recomendado. Recuperando um arquivo
1. Dê um clique duplo no ícone Lixeira.
Você pode compartilhar a pasta Meus Documentos com outros compu- 2. Localize o arquivo que você excluiu
tadores conectados ao seu computador e com aqueles que estão configu- 3. Clique uma vez no arquivo.
rados como um usuário diferente em seu computador. Siga exatamente os 4. Clique em Arquivo.
passos. 5. Escolha Restaurar.
Compartilhar Meus Documentos
1. Clique com o botão direito do mouse na pasta Meus Documentos. Renomear um arquivo
2. Escolha Propriedades. 1. Localize o arquivo que quer renomear
3. Clique a guia Compartilhamento. Você pode utilizar o Explorer, ou se estiver abrindo um arquivo a
Isto traz a guia Compartilhamento para frente -onde você deci- partir de qualquer pasta e encontrar aí um arquivo que quer reno-
de quem consegue compartilhar, quem não, e quanto controle mear, você pode seguir os passos abaixo para alterar o nome de
essas pessoas têm sobre sua pasta. arquivo.
4. Escolha Compartilhar Esta Pasta. 2. Pressione a tecla F2.
Depois de pressionar a tecla F2, o texto do nome de arquivo já está
Tudo agora ganha vida e você tem todo tipo de opção: selecionado para você. Você pode substituir inteiramente o nome
existente, simplesmente começando a digitar ou mover o cursor pa-
Criando uma pasta (DIRETÓRIO) ra editar partes do nome.
A pasta Meus Documentos pode ficar facilmente desorganizada se vo- 3. Digite um novo nome.
cê não se antecipar e criar pastas adicionais para organizar melhor seu 4. Pressione Enter.
material. Lembre-se: Meus Documentos é como um grande gabinete de E aí está: você tem um novo nome.
arquivos. Quando precisar de um novo arquivo, digamos para um novo
assunto, você prepara uma pasta para ele. Conforme continuar a trabalhar, Copiando arquivos
você preencherá cada pasta com arquivos diferentes. No Windows, copiar um arquivo é como copiar informações em um
programa: você seleciona o arquivo e então escolhe Copiar do menu Editar.
Criar uma pasta (DIRETÓRIO) Para fazer a cópia, você localiza uma nova pasta ou unidade de disco para
1. Dê um clique duplo em Meus Documentos. o arquivo e então escolhe o comando Colar do menu Editar. Isso é copiar e
2. Clique em Arquivo > Novo, ou colar!
3. Em Meus Documentos clique com o botão direito do mouse Copiar um arquivo
4. Novo > Pasta 1. Localize o arquivo que quer copiar
2. Clique com o botão direito do mouse no arquivo.
Como abrir arquivos e pastas 3. Selecione Copiar.
Tudo no Windows se abre com um clique duplo do mouse. Abra uma 4. Localize o lugar onde você quer colar essa nova cópia.
pasta para exibir os arquivos (e talvez até outras pastas) armazenados 5. Selecione Editar da barra de menus.
nessa pasta. Abra um arquivo para iniciar um programa, ou abra um docu- 6. Escolha Colar da lista.
mento para editar.
Para ser realmente eficiente, você deve fazer isso a partir do Windows
Abrir um arquivo ou pasta Explorer. Todos os seus arquivos estão listados e disponíveis para serem
1. Dê um clique duplo em um ícone da unidade de disco. manuseados. Apenas selecione o arquivo que quer copiar, escolha Editar
O ícone da unidade (C:) é uma boa escolha. Há sempre material aí do menu e então clique em Copiar. Agora, vá para a nova localização do
dentro. Um clique duplo no ícone abre unidade (C:) e permite que arquivo, clique em Editar novamente no menu e clique em Colar.
você veja que arquivos e pastas residem lá.

Informática 10
Enviar Para
A opção Enviar Para permite enviar uma cópia de um arquivo ou de
uma pasta para uma das muitas localizações: um disquete (normalmente
na unidade A:), sua área de trabalho, um destinatário de correio (por correio
eletrônico) ou a pasta Meus Documentos.

Utilizar Enviar Para


1.Localize seu arquivo (ou pasta).
2.Clique com o botão direito do mouse no arquivo.
3.Escolha Enviar Para.
4.Clique em uma das quatro opções:
 Disquete -Você deve ter um disco na unidade A: (ou sua unidade
de disquete).
 Área de trabalho - Cria um atalho na área de trabalho para o arqui-
vo ou pasta selecionado.
Atenção para o fato de que, se a janela da lixeira estiver com a aparên-
 Destinatário de correio - Abre o programa de correio eletrônico Out- cia diferente da figura acima, provavelmente o ícone Pasta está ativo.
look Express. Digite o endereço na caixa Para, ou clique no Catá- Vamos apagar um arquivo para poder comprovar que o mesmo será colo-
logo de Endereços ao lado da palavra Para e escolha um endereço cado na lixeira. Para isso, vamos criar um arquivo de texto vazio com o
de e-mail. Clique no botão Enviar quando tiver terminado
bloco de notas e salva-lo em Meus documentos, após isto, abra a pasta, e
 Meus Documentos - Faz uma cópia do arquivo ou pasta na pasta selecione o arquivo recém criado, e então pressione a tecla DELETE.
Meus Documentos. Surgirá uma caixa de dialogo como a figura a seguir:
Movendo arquivos
Mover arquivos é como copiar arquivos, embora o original seja excluí-
do; apenas a cópia (o arquivo "movido") permanece. É como recortar e
colar em qualquer programa. Lembre-se de que toda a questão em torno de
mover, copiar e excluir arquivos é para manter as coisas organizadas de
modo que seja fácil localizar seus arquivos.
Você pode mover arquivos de duas maneiras: recortando e colando ou
arrastando.
Recortando e colando Esvaziando a Lixeira
Recortar e colar um arquivo ou uma pasta é a opção para se mudar um
Ao Esvaziar a Lixeira, você está excluindo definitivamente os arquivos
arquivo ou pasta para o seu local correto.
do seu Disco Rígido. Estes não poderão mais ser mais recuperados pelo
Recortar e colar um arquivo Windows. Então, esvazie a Lixeira somente quando tiver certeza de que
1. Localize o arquivo que você quer utilizar. não precisa mais dos arquivos ali encontrados.
Novamente, este arquivo pode ser localizado em qualquer lugar. Abra 1. Abra a Lixeira
Meus Documentos, utilize o Explorer, ou uma pasta qualquer. 2. No menu ARQUIVO, clique em Esvaziar Lixeira.
5. Clique com o botão direito do mouse no arquivo.
6. Escolha Recortar. Você pode também esvaziar a Lixeira sem precisar abri-la, para tanto,
4. Localize e abra a pasta onde você quer colar o arquivo. basta clicar com o botão DIREITO do mouse sobre o ícone da Lixeira
7. Selecione Editar do menu. e selecionar no menu de contexto Esvaziar Lixeira.
8. Selecione Colar.
Pronto! Gerenciamento da lixeira
Arrastando arquivos Como alterar a configuração da lixeira
Arrastar arquivos é a maneira mais rápida e fácil de mover um arquivo. É a. Dar um clique simples sobre a lixeira, com o botão direito do mouse.
especialmente conveniente para aqueles arquivos que você deixou b. Clicar em Propriedades
um pouco largados por aí sem uma pasta para acomodá-los.
Arrastar um arquivo Pode-se definir
1. Selecione o arquivo e arraste c. se os arquivos deletados devem ser guardados temporariamente
Não solte o arquivo depois de clicar nele. Você está literalmente na Lixeira ou sumariamente deletados
agarrando o arquivo, e irá arrastá-lo.
d. tamanho da área de disco que poderá ser utilizada pela Lixeira.
2. Paire o ícone sobre a pasta desejada.
Essa é a pasta onde você quer que o arquivo resida. e. se deve aparecer a pergunta confirmando a exclusão.
3. Solte o ícone. Ajuda do Windows
Agora seu arquivo reside seguramente em sua nova casa. Para obter ajuda ou suporte do Windows XP, basta executar o seguinte
comando, pressionar a tecla Alt + F1 será exibido uma caixa de diálogo
Localizando arquivos e pastas
com todos os tópicos e índice de ajuda do sistema, caso ainda não seja
Por mais que tente se manter organizado, há momentos em que você
esclarecida as suas dúvidas entre em contato com o suporte on-line através
não pode se lembrar de onde colocou um arquivo ou uma pasta. Embora o
da internet.
Windows tente mantê-lo organizado com a pasta Meus Documentos, as
coisas podem ficar confusas.
Felizmente, o Windows fornece um recurso Pesquisar. Esse recurso
procura arquivos e pastas com base em vários tipos de critérios.

Lixeira do Windows
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área
de trabalho, como já mencionado, mas pode ser acessada através do
Windows Explorer. Se você estiver trabalhando com janelas maximizadas,
não conseguirá ver a lixeira. Use o botão direito do mouse para clicar em
uma área vazia da Barra de Tarefas. Em seguida, clique em Minimizar
todas as Janelas. Para verificar o conteúdo da lixeira, dê um clique sobre o
ícone e surgirá a seguinte figura:

Informática 11
Formatação e cópia de discos Funções dos botões:
1. Se o disco que você deseja formatar for um disquete, insira-o em 1. Novo documento
sua unidade. 2. Abrir documento
2. Abra Meu computador e clique no disco que você deseja formatar. 3. Salvar
3. No menu Arquivo, aponte para o nome do disquete e clique em 4. Imprimir
Formatar ou Copiar disco para efetuar uma cópia.
5. Visualizar
A Formatação rápida remove arquivos do disco sem verificá-lo em
busca de setores danificados. Use esta opção somente se o disco tiver sido 5. Localizar (esmaecido)
formatado anteriormente e você tiver certeza de que ele não está danifica- 6. Recortar (esmaecido)
do. Para obter informações sobre qualquer opção, clique no ponto de 7. Copiar (esmaecido)
interrogação no canto superior direito da caixa de diálogo Formatar e, em
8. Colar
seguida, clique na opção. Não será possível formatar um disco se houver
arquivos abertos, se o conteúdo do disco estiver sendo exibido ou se ele 9. Desfazer
contiver a partição do sistema ou de inicialização. 10. Inserir Data/Hora

Para formatar um volume básico (formatando o computador) Barra de formatação


1. Abra o Gerenciamento do computador (local). Logo abaixo da barra padrão, temos a barra de Formatação, ela é usada
2. Clique com o botão direito do mouse na partição, unidade lógica ou para alterar o tipo de letra (fonte), tamanho, cor, estilo, disposição de
volume básico que você deseja formatar (ou reformatar) e, em se- texto e etc.
guida, clique em Formatar ou copiar disco (ou backup para efetuar
uma cópia da unidade lógica)
3. Selecione as opções desejadas e clique em OK. Funções dos botões:
Para abrir o Gerenciamento do computador, clique em Iniciar, aponte 1. Alterar fonte
para Configurações e clique em Painel de controle. Clique duas vezes 2. Alterar tamanho da fonte
em Ferramentas administrativas e, em seguida, clique duas vezes em 3. Lista de conjunto de caracteres do idioma
Gerenciamento do computador. 4. Negrito
Na árvore de console, clique em Gerenciamento de disco. Importante: 5. Itálico
A formatação de um disco apaga todas as informações nele contidas. 6. Sublinhado
7. Cor da fonte
8. Texto alinhado á esquerda
Trabalhando com o Microsoft WordPad 9. Texto Centralizado
O Acessório Word Pad é utilizado no Windows principalmente para o 10. Texto alinhado a direita
usuário se familiarizar com os menus dos programas Microsoft Office, entre 11. Marcadores
eles o Word.
O Word Pad não permite, criar tabelas, rodapé nas páginas, cabeçalho Formatando o texto
e mala direta. Portanto é um programa criado para um primeiro contato com Para que possamos formatar (alterar a forma) de um texto todo, palavras ou
os produtos para escritório da Microsoft. apenas letras, devemos antes de tudo selecionar o item em que ire-
mos aplicar a formatação. Para selecionar, mantenha pressionado o
Entre suas funcionalidades o WordPad lhe permitirá inserir texto e ima-
botão esquerdo do mouse e arraste sobre a(s) palavra(s) ou letra(s)
gens, trabalhar com texto formatado com opções de negrito, itálico, subli-
que deseja alterar:
nhado, com suporte a várias fontes e seus tamanhos, formatação do pará-
grafo à direita, à esquerda e centralizado, etc.
Para iniciar o WordPad.
1. Clique em Iniciar, aponte para Todos os Programas.
2. Posicione o cursor do mouse em Acessórios. Feito isto, basta apenas alterar as propriedades na barra de formatação.
3. Clique em WordPad. Você pode ainda formatar o texto ainda pela caixa de diálogo para for-
matação, para isso clique em: Menu Formatar / Fonte, a seguinte tela será
apresentada:

Barra Padrão
Na barra Padrão, é aonde encontramos os botões para as tarefas que
executamos com mais freqüência, tais como: Abrir, salvar, Novo documen- Aqui, você também poderá fazer formatações do texto, bom como colocar
to, imprimir e etc. efeitos como Riscado e sublinhado.Com o Neste menu (Formatar),
temos também a opção de formatar o parágrafo, definindo os recuos
das margens e alinhamento do texto.

Informática 12
Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de ima- Preencher com cor ou Balde de tinta: Serve para pintar os ob-
gens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos trabalhos. jetos, tais como círculos e quadrados. Use-o apenas se a sua
figura estiver fechada, sem aberturas.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede,
copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em documentos de
Ferramenta Texto: Utilizada para inserir textos no Paint. Ao
textos.
selecionar esta ferramenta e clicarmos na área de desenho,
Uma grande vantagem do Paint, é que para as pessoas que estão ini- devemos desenhar uma caixa para que o texto seja inserido
ciando no Windows, podem aperfeiçoar-se nas funções básicas de outros dentro da mesma. Junto com a ferramenta texto, surge tam-
programas, tais como: Abrir, salvar, novo, desfazer. Além de desenvolver a bém a caixa de formatação de texto, com função semelhante
coordenação motora no uso do mouse. a estudada no WordPad, a barra de formatação.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte ja-
nela será apresentada:

Calculadora
A calculadora do Windows contém muito mais recursos do que uma
calculadora comum, pois além de efetuar as operações básicas, pode ainda
trabalhar como uma calculadora científica. Para abri-la, vá até acessórios.
A Calculadora padrão contém as funções básicas, enquanto a calcula-
dora cientifica é indicada para cálculos mais avançados. Para alternar entre
elas clique no menu Exibir

Nesta Janela, temos os seguintes elementos:

Calculadora padrão

Nesta Caixa, selecionamos as ferramentas que iremos utilizar para cri-


ar nossas imagens. Podemos optar por: Lápis, Pincel, Spray, Linhas, Cur-
vas, Quadrados, Elipses e etc.
Calculadora cientifica
Caixa de cores Para utilizá-la com o mouse, basta clicar sobre o número ou função de-
Nesta caixa, selecionamos a cor que iremos utilizar, bem como a cor do sejada.
fundo em nossos desenhos.  O sinal de divisão é representado pela barra (I).
 A multiplicação é representada pelo asterisco (*)
 A raiz quadra é representado por [sqrt].

Vejamos agora as ferramentas mais utilizadas para criação de ima- Conhecendo alguns botões:
gens: Back: exclui o último dígito no número escrito.
CE: limpa o número exibido.
C: apaga o último cálculo.
Lápis: Apenas mantenha pressionado o botão do mouse so-
MC: limpa qualquer número armazenado na memória
bre a área em branco, e arraste para desenhar.
MR: chama o número armazenado na memória.
MS: armazena na memória o número exibido.
Pincel: Tem a mesma função do lápis mas com alguns recur- M+: soma o número exibido ao que está na memória.
sos a mais, nos quais podemos alterar aforma do pincel e o
tamanho do mesmo. Além de acionarmos os números e funções através do mouse, também
podemos acessá-los através do teclado.Perceba que a janela da calculado-
Spray: Com esta ferramenta, pintamos como se estivéssemos ra possui uma barra de menu. Escolha o menu Exibir e escolha a opção
com um spray de verdade, podendo ainda aumentar o tama- Científica.
nho da área de alcance dele, assim como aumentamos o ta- Para retornar à calculadora padrão escolha o menu Exibir e a opção
manho do pincel. Padrão.

Informática 13
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS MS-OFFICE Tela Inicial
Ao invés de uma suíte de aplicativos, conte agora com um sistema de-
talhado para comunicação, criação de documentos e compartilhamento de
dados, lhe dando condições para maior colaboração e integração. O Office
System Possui um objetivo fundamental: otimizar os processos de negó-
cios. Para isso o Office System conta com aplicações em servidores, servi-
ços, soluções e softwares, focados na produtividade, ajudando equipes e
alcançar resultados melhores.
 Gerenciamento de processos: obtenha respostas em tempo hábil
com relação aos negócios da empresa e mudanças de mercado.
 Gerenciamento de dados: O compartilhamento de calendários, con-
tatos e bibliotecas de documentos, possibilita formas mais dinâmicas
e produtivas para gerenciar informações, projetos e tarefas.
 Trabalho em equipe: O compartilhamento do espaço de trabalho
e redução do trafego de informações são algumas soluções que o
Office System traz, permitindo que clientes, organizações e parcei-
ros trabalhem cooperativamente de forma a agilizar os negócios.
 Informações para todos: Com suporte integrado à XML, os usuá-
rios terão um importante auxilio na análise e troca de informações Barra de Títulos
utilizando os produtos do Office.

COMPONENTES DO OFFICE SYSTEM: Barra de Menu


 Microsoft Office
 SharePoint Server: Compartilhe documentos utilizando recursos
avançados. Atalho e barra de tarefas
 Office Visio: desenvolva com facilidade gráficos, fluxogramas e di-
agramas técnicos de forma simples e eficiente. Barra de Ferramentas Padrão
 Office Publisher : crie documentos de propaganda e publicidade
com esta ferramenta.
 Microsoft Project: planeje, gerencie e organize informações de pro- Barra de Formatação
jetos de forma mais eficiente e prática.
 Office Outlook: tenha um controle mais eficiente de suas mensa-
gens eletrônicas, contatos, calendários e outras informações. Régua

Microsoft Word XP: estrutura básica Criando um Documento Novo


dos documentos, edição e formatação Botão Novo da Barra de Ferramentas Padrão, cria um docu-
de textos, cabeçalhos, parágrafos, mento novo, em branco, com base no modelo padrão.
fontes, colunas, marcadores simbólicos e Arquivo > Novo ou
numéricos, e tabelas, impressão,
ortografia e gramática, controle de Abrindo um Arquivo (Documento) já existente
quebras, numeração de páginas, Botão Abrir da Barra de Ferramentas Padrão, irá abrir um ar-
legendas, índices, inserção de objetos, quivo-documento que já está salvo (no HD, no disquete 3,5“, no CD ou em
campos predefinidos, caixas de texto. qualquer pasta do seu micro)”.

Para iniciar o Word XP devemos seguir os seguintes procedimentos: Arquivo > Abrir ou
1. Clique no botão iniciar; Às vezes há necessidade de movimentar e até copiar partes do texto
2. Clique na opção Todos os Programas; para outro local ou documento, a fim de agilizar a edição de um determina-
3. Escolha a pasta Microsoft Office XP; do documento. Para tanto, existem os comandos Recortar, Colar e Copiar.
4. Escolha a opção Microsoft Word.
Iniciar > Programas > Microsoft Office XP > Microsoft Word

Recortar
Esse comando remove o texto e elementos gráficos selecionados e os
insere na área de transferência. O comando estará disponível somente
quando houver texto e elementos gráficos selecionados. O texto e elemen-
tos gráficos que são inseridos na área de transferência permanecerão
naquele local até serem substituídos por um novo item. Para rapidamente
remover informações selecionadas do documento e enviá-las para a área
de transferência, clica-se sobre o botão Recortar na barra de ferramentas
Padrão. Obs.: Pode-se utilizar a opção Recortar presente no menu Editar.
Copiar
Esse comando copia texto e elementos gráficos selecionados para a
área de transferência. O comando estará disponível somente quando

Informática 14
houver texto e elementos gráficos selecionados. O texto e elementos gráfi- A mudança ou ativação de uma nova fonte pode ser feita através da
cos que forem copiados para a área de transferência substituirão o conteú- barra de formatação ou, então, através de uma caixa de diálogo. A barra de
do existente. Para rapidamente copiar informações para a área de transfe- formatação é o meio mais rápido para realizar essas mudanças, se você
rência, clica-se sobre o botão Copiar na barra de ferramentas Padrão.Obs.: utilizar um mouse.
Pode-se utilizar a opção Copiar presente no menu Editar.
Colar
Esse comando insere uma cópia do conteúdo da área de transferência
na posição do ponto de inserção, substituindo a seleção pelo texto copiado.
O comando não estará disponível se a área de transferência estiver vazia
ou se o texto selecionado não puder ser substituído. Para rapidamente
inserir o conteúdo da área de transferência no ponto de inserção, clique Nesse caso, basta dar um clique sobre o botão ao lado da caixa que
sobre o botão Colar na barra de ferramentas Padrão. mostra o nome da fonte, para abrir uma lista de fontes disponíveis.
Obs.: Pode-se utilizar a opção Colar presente no menu Editar.
Essa lista é apresentada em ordem alfabética do nome das fontes.
Desfazer e Refazer Contudo, ela guarda em sua memória as últimas doze fontes utilizadas,
Na barra de ferramentas existem dois botões chamados VOLTAR e e as exibe em primeiro lugar. Rolando a barra de rolagem, aparece uma
REFAZER. Esses botões desfazem e refazem as últimas ações executa- divisão e as fontes em ordem alfabética. Basta dar um clique no nome da
das. fonte desejada que ela aparecerá na barra de formatação como a fonte
atual. A partir desse momento, o texto que for digitado aparecerá sob o
novo formato.

ALTERAÇÃO DO TAMANHO DA FONTE


Alterar o tamanho de uma fonte através da barra de formato exige pro-
cedimento parecido com o da mudança de fonte. Basta dar um clique no
botão ao lado da caixa que mostra o tamanho da fonte e selecionar o novo
O comando Desfazer reverte às alterações feitas em um documento, co- tamanho.
mo edição, formatação, verificação ortográfica, inserção dequebras, notas de
rodapé e tabelas. O nome do comando dependerá da última ação executada,
por exemplo, Desfazer Tipo ou Desfazer Negrito. O comando Desfazer será A CAIXA DE DIÁLOGO PARA ALTERAÇÃO DE FONTE E CARAC-
alterado para “Impossível desfazer” se a ação não puder ser revertida. Para TERES
rapidamente reverter às últimas 100 alterações na edição, formatação e O Word XP permite que várias operações de formatação sejam feitas
outras ações, clique sobre o botão Desfazer, mostrado acima, na barra de de uma só vez através de uma caixa de diálogo. Essa caixa pode ser
ferramentas Padrão ou selecione a respectiva opção no menu Editar. ativada com o pressionamento de Ctrl+F ou, então através da opção FON-
TE no menu FORMATAR.
Por outro lado há o comando Refazer que repete a última alteração fei-
As duas formas ativam a caixa de diálogo mostrada a seguir. Ela con-
ta no documento. Neste caso , o nome do comando também dependerá da
tém um resumo com todas as formatações vistas até agora. A vantagem
última ação executada, por exemplo, Refazer Tipo ou
dessa caixa de diálogo é que ela mostra, na sua parte direita inferior, um
Refazer Negrito. O comando Refazer será alterado para “Impossível re- modelo de como será a fonte e efeitos, dando chance ao usuário de fazer
fazer” se a última ação não puder ser repetida. Utilize este comando para experimentos, antes de aplicar os efeitos sobre o texto.
rapidamente adicionar uma sentença ou efetuar a mesma revisão em
diversos lugares em um documento longo. Para refazer ou repetir as últi-
mas 100 alterações realizadas no documento, clique sobre o Refazer,
mostrado acima, na barra de ferramentas Padrão.

Formatação de fonte e formatação de parágrafo


Vamos aplicar tipos de efeitos especiais no texto, como mudar o tipo e
tamanho da fonte dos caracteres e também como formatar parágrafos do
texto. om exceção dos estilos negrito, itálico e sublinhado, que podem ser
tivados através da barra de formatação, todos os outros efeitos de aracte-
res são obtidos através do teclado ou, então, através de uma caixa de
diálogo. A próxima tabela mostra os efeitos disponíveis e a combinação de
teclas necessária para ativar o efeito. Essas combinações são do tipo liga-
e-desliga, ou seja, devem ser pressionadas para ativar o efeito e pressio-
nadas novamente para desativá-lo.

Passos para mudar a aparência do texto:


1. Selecione o texto que você deseja alterar.
2. No menu formatar clique na opção Fonte...
3. Na caixa de diálogo você poderá alterar a Fonte, Tamanho de Fon-
te, Estilo, Cor, etc...

Formatar Parágrafo
1. Selecione o texto que você deseja alterar.
Formatação de fonte
2. No menu formatar clique na opção Parágrafo...
O Word XP permite mudar o formato da fonte e o seu tamanho, ou se-
ja, um mesmo tipo de letra pode ser inserido no texto com tamanhos dife- 3. Na caixa de diálogo você poderá alterar o Alinhamento, Recuo, Es-
rentes para destacar títulos, cabeçalhos e outros elementos do texto. paçamento, etc...

Informática 15
Bordas e Sombreamento

1. Selecione o texto que você deseja inserir.


2. No menu formatar clique na opção Bordas e Sombreamento. Observação: Podemos criar quantas notas de rodapé desejarmos.Para
3. Na caixa de diálogo você poderá inserir Bordas, Bordas de Página isso, basta selecionar a palavra que receberá as notas.
e Sombreamento.
Inserir Símbolo
Cabeçalho e Rodapé O comando “Inserir > Símbolo” será muito utilizado para acrescentar
caracteres que não estão presentes no teclado, como por exemplo: setas,
ícones, etc...

Um cabeçalho ou rodapé consiste em texto ou elementos gráficos -


como um número de página, a data ou um logotipo da empresa – que
geralmente são impressos na parte superior ou inferior de cada página de
um documento. O cabeçalho é impresso na margem superior; o rodapé é
impresso na margem inferior. Você pode usar o mesmo cabeçalho e rodapé
em um documento inteiro ou pode alterar o cabeçalho ou rodapé em parte
do documento. Por exemplo, use um logotipo no cabeçalho da primeira
página e inclua o nome de arquivo do documento no cabeçalho das páginas
seguintes.

Para definir um Cabeçalho ou Rodapé:


1. No menu Exibir, clique em Cabeçalho e rodapé.
2. Para criar um cabeçalho, insira texto ou elementos gráficos na área
de cabeçalho ou clique em um botão na barra de ferramentas Ca- 1. Clique no lugar em que você deseja inserir o símbolo.
beçalho e rodapé. 2. No menu Inserir, clique em Símbolo e na guia Símbolos.
3. Clique duas vezes no símbolo ou caractere que você deseja inserir.
3. Para criar um rodapé, clique em Alternar entre cabeçalho e rodapé
para se mover para a área de rodapé. Em seguida, repita a etapa Texto em coluna
2. Esse recurso será muito utilizado em produções do tipo jornalísticas,
4. Quando terminar, clique em Fechar. uma vez que permite dividir o seu documento em várias colunas.

Inserir Notas
Podemos criar notas de comentários para o texto digitado no Word XP.
Essas notas serão muito utilizadas para explanar e ilustrar o que está
sendo comentado.

1º Passo:
Selecione a palavra que irá ter uma nota explicativa.

2º Passo:
Inserir > Referência > Notas

3º Passo:
Devemos definir o local da nota de rodapé: no fim ou no início da pági- 1. Selecione o texto que você deseja formatar.
na. Além disso podemos escolher o formato do número ou mesmo inserir 2. No menu formatar clique na opção Colunas...
caracteres especiais para ilustrar as notas. 3. Na caixa de diálogo você poderá alterar o Alinhamento, Recuo, Es-
paçamento, etc...

Informática 16
Figura Formatar > Marcador e Numeração
Acrescente figuras em seu documento. O pacote Microsoft Office pos-
sui diversas figuras que você poderá utilizar em qualquer lugar do seu PERSONALIZANDO OS MARCADORES E NUMERAÇÃO
documento.Observação: antes de inserir as figuras, posicione o cursor no
local desejado do seu documento. Você pode alterar o formato dos marcadores e numeração de parágra-
fos através da opção MARCADORES e numeração do menu FORMATAR.
Ao ativar essa opção, a próxima caixa de diálogo é exibida.

A primeira das três pastas diz respeito aos marcadores. Você pode, de
imediato, escolher um dentre os seis tipos diferentes de marcadores dispo-
1. Clique no lugar em que você deseja inserir a Figura. níveis, simplesmente dando um clique sobre aquele que lhe agrada.
2. No menu Inserir, clique em Figura/Clipart.
3. Selecione a Figura e clique no botão Inserir. Tabulação
As paradas de tabulação já estão definidas em intervalos de 1,25 cm a
Inserindo Legenda nas figuras partir da margem esquerda. Simplesmente pressione TAB para mover o
ponto de inserção até a próxima tabulação do parágrafo atual. A primeira
Um dos recursos muito utilizado pelo Word é o uso de legendas nas figuras.
linha do texto digitado é alinhada na parada de tabulação.
1º Passo:
Use a régua para definir uma tabulação em uma determinada posição.
Selecione a figura, dando um clique sobre a mesma. Em uma parada de tabulação. Você pode alinhar texto e números à es-
querda (o padrão), ao centro, à direita ou de acordo com uma vírgula deci-
2º Passo: mal. A figura a seguir apresenta os quatro diferentes tipos de parada de
tabulação.
Inserir > Referência > Legenda
Para definir ou alterar o alinhamento da tabulação, dique sobre o botão
“Alinhamento da tabulação” no lado esquerdo da régua horizontal, até que
3º Passo: esteja na posição desejada. Se você estiver no final d arquivo, os pontos de
Devemos definir o texto da legenda. Veja na ilustração abaixo: tabulação definidos valerão também para os próximos parágrafos.
Você pode mover uma tabulação existente para a esquerda ou para a
direita na linha régua. Neste caso, as colunas de texto ou números ligadas
a esta tabulação passarão para a nova posição. Mas antes é preciso sele-
cionar os parágrafos a serem modificados.
Para retirar a marca de uma tabulação, basta clicar sobre ela e arrastá-
la para fora da linha régua. Se você quiser retirar a marca de tabulação de
um texto já digitado, deve selecioná-lo primeiro.

Numeração de páginas
1. No menu Inserir, clique em Números de páginas.

4º Passo:
Antes de confirmar devemos indicar ao Word XP em que lugar, ou seja,
qual será a posição da legenda em relação à figura selecionada: abaixo ou
acima do item selecionado. Veja ilustração acima.

MARCADORES
O Word XP possui uma formatação especial de parágrafos, que consis- 2. Na opção “Posição”, especifique se os números de página devem
te em inserir um símbolo especial no início dos parágrafos e deslocar seus ser impressos no cabeçalho, na parte superior da página, ou no
recuos de maneira a chamar a atenção sobre esses parágrafos. rodapé, na parte inferior da página.
Esse efeito é facilmente obtido através do botão MARCADORES, da bar- 3. Se a opção “Mostra número na 1ª página” estiver selecionada, a
ra de formatação. Após pressionar esse botão, todos os parágrafos digitados numeração será aplicada para a capa do seu trabalho, ou seja, irá
obedecerão a sua formatação. A margem direita não é recuada, permanecen- numerar todas as páginas.
do em sua posição normal. Se você precisar, recue a margem direita antes de 4. O botão “Formatar” oferece vários tipos de formatos de números e
iniciar a digitação dos parágrafos com marcadores. Para desativar essa letras que poderão ser usados no documento, tais como: algaris-
formatação, basta pressionar o botão Marcador novamente. mos romanos, arábicos, letras maiúsculas e minúsculas, etc...
Pelo menu, podemos usar: 5. Selecione as outras opções desejadas.

Informática 17
Quebras
Quando você preenche uma página com texto ou elementos gráficos, o Ferramenta Apagador ou borracha Borracha
Word insere uma quebra de página automática e inicia uma nova pági- Permite remover com facilidade qualquer partição de célula, linha ou
na. Para forçar uma quebra de página em um local específico, você coluna para obter o mesmo efeito de mesclar duas células. Em versões
pode inserir uma quebra de página manual: anteriores do Word, você só podia mesclar células se elas estivessem na
1. Clique no local onde você deseja iniciar uma nova página. mesma linha. No Word XP, você pode mesclar quaisquer células adjacen-
tes ’ no sentido vertical ou horizontal.

Direção de texto vertical


Faz o seu texto fluir verticalmente (girado em 90 graus) em células de
tabela, caixas de texto e molduras. Este é um recurso útil para criar etique-
tas e também para divulgar documentos orientados onde créditos e direitos
autorais são impressos de lado.

Modos de visualização
A qualquer momento você poderá ver como seu trabalho será impresso
bastando clicar na barra de ferramentas PADRÃO na opção VISUALIZAR
2. No menu Inserir, clique em Quebra. IMPRESSÃO, ou ainda no menu ARQUIVO na mesma opção.
3. Clique em Quebra de página, ou nas demais opções, como quebra
de colunas, quebra automática de texto, ou selecionar um tipo de Ainda se tratando de visualização podemos aumentar ou diminuir a vi-
quebra por seção como, por exemplo: quebra de seção para a pró- sualização do texto na tela utilizando o menu EXIBIR e selecionando a
xima página, quebra continua, quebra somente para páginas pares, opção ZOOM, esta opção também está disponível na barra de ferramentas.
ou somente para páginas ímpares.
Tabelas
No menu EXIBIR encontramos também diversas visualizações como:
Uma tabela é formada por linhas e colunas, cujo ponto de encontro ou
intersecção formarão as células, que poderão ser preenchidas com texto e • Botão Modo de Layout de Página
elementos gráficos. Você poderá usar tabelas para alinhar números em • Botão Modo Normal
colunas e, em seguida, classificá-los e realizar operações com eles. As • Modo Normal - Para digitação e edição: O modo normal (o modo de
tabelas também poderão ser usadas para organizar texto e elementos exibição predefinido do Word) exibe uma versão simplificada do
gráficos. Para criar uma tabela: documento. Ele é o melhor modo de exibição para fins gerais de
digitação, edição e formatação de texto, e para movimentação den-
tro de um documento. Para alterar para o modo normal, dique so-
bre o botão “Modo Normal” na barra de rolagem horizontal ou esco-
lhe Normal ou menu Exibir.
• Modo de Layout de Página - Para visualização da página Impressa:
Com o modo de Iayout de página, você pode ver como os elemen-
tos tais como cabeçalho será posicionado na página impressa. Es-
se modo é útil para a verificação da aparência final do documento.
Entretanto, pode tornar mais lenta a edição e rolagem. Para alterar
para o modo de Iayout de página, dique sobre o botão “Modo de
Layout de página” na barra de rolagem horizontal ou escolha La-
yout de Página ou menu Exibir.
• Modo de visualizar impressão - Para ajuste do layout antes da im-
pressão: O modo de visualizar impressão exibe páginas inteiras em
tamanho reduzidas o que lhe permite ajustar o Iayout do documen-
to antes de imprimir. Você pode ver uma ou mais páginas de uma
vez, ampliar ou reduzir o zoom, ajustar as margens, editar e forma-
1. Clique no menu Tabela, opção Inserir Tabela. tar o texto. Para mudar para modo de visualizar impressão, dique
2. Em seguida, selecione o número de linhas e colunas desejadas. sobre o botão “Visualizar a impressão”.
3. Clique OK. • Zoom - Para a ampliação de parte do documento: Para ampliar (ou
aumentar o zoom sobre) parte de um documento, use a caixa “con-
trole de zoom” na barra de ferramentas padrão. Clique sobre a seta
As ferramentas da tabela para baixo para selecionar a porcentagem desejada ou digite essa
porcentagem na caixa.

Mala Direta
Para criar cartas modelo, envelopes ou etiquetas de endereçamento é
preciso mesclar um documento principal com uma origem de dados. A
origem de dados contém as informações que variam em cada versão
de um documento mesclado, como os nomes e endereços dos destina-
Ferramenta desenhar tabela tários de uma carta modelo. Você poderá abrir uma origem de dados
existente, usar seu catálogo de endereços pessoal ou uma lista de con-
Permite criar e personalizar tabelas. Você pode usar essa ferramenta
tatos do Microsoft Outlook ou Schedule+, ou ainda criar uma nova ori-
intuitiva de desenho da mesma forma como usa uma caneta para desenhar
gem de dados no Word, Microsoft Access, Microsoft Excel ou SQL.
uma tabela – basta clicar e arrastar os limites de tabela e partições de
célula. Você agora pode fazer células individuais de qualquer altura e 1º Passo:
largura que desejar. Clique no Botão Novo para criar um documento em branco.

Informática 18
2º Passo: 4º Passo:
1. No menu Ferramentas, clique em “Cartas e Correspondências”, as- Vamos criar uma lista contendo os nomes de todos os destinatários
sistente para Mala Direta. que receberão a Mala-Direta.

5º Passo:
A próxima etapa é definir todos os campos que farão parte do seu banco de
dados.

2. Selecione o tipo de documento que você deseja criar usando o re-


curso da Mala-Direta. Podemos criar cartas, e-mails, envelopes,
etiquetas e diretório. No nosso caso, vamos escolher o tipo “CAR-
TAS” e logo em seguida vamos clicar na opção “Próxima: Docu-
mento inicial” para definirmos todas as etapas necessárias para a
execução dessa tarefa. O assistente da Mala-Direta apresenta 6
(seis) etapas que iremos visualizar a seguir:

6º Passo:
Após criarmos o nosso banco de dados com todos os campos que fa-
rão parte da Mala-Direta, devemos salvar o mesmo. Muita atenção na hora
de salvar!!!!. Será muito importante gravar essa primeira parte da nossa
Mala-Direta, pois será utilizada nas próximas etapas.

3º Passo:
Clique na opção “Próxima: Documento inicial” no canto inferior da caixa
de diálogo acima. Escolha “Usar o documento atual” para acrescentar infor-
mações dos destinatários. Se você já tiver uma base de dados existente de
outras malas-direta, escolha “Iniciar com base em documento existente”.

7º Passo:
Podemos selecionar em uma lista (já criada pelo usuário) os destinatá-
rios, segundo o sobrenome, nome, título, etc... Esse recurso é muito utiliza-
do no Microsoft Access (software que trabalha com Banco de Dados) que
filtra as informações de acordo com critérios previamente estabelecidos
pelo usuário. Por exemplo: desejo mandar a Mala-Direta apenas para os
alunos que começam com a letra A ou que moram no bairro de Higienópolis
(São Paulo / SP).

Informática 19
 Adicionar - selecione o dicionário ao qual deseja adicionar a pala-
vra da caixa Não Encontrada.
 Alterar - altera a palavra relacionada na caixa Não Encontrada pa-
ra a palavra selecionada na caixa Sugestões. Se esta caixa estiver
vazia, deve-se clicar fora da caixa de diálogo e corrigir a palavra
manualmente. Logo após selecione o botão Reiniciar para recome-
çar a verificação ortográfica.
 Alterar todas - altera a palavra relacionada na caixa Não Encon-
trada para a palavra selecionada na caixa Sugestões, para todas
as ocorrências existentes no documento.
 Auto-Correção - adiciona uma palavra à lista Auto-Correção para
que o Word XP possa corrigir automaticamente, quaisquer ocorrên-
cias da palavra com ortografia incorreta, na medida em que o texto
é digitado.
 Opções - exibe uma caixa de diálogo na qual pode-se especificar
as regras que o Word XP utilizará para a verificação ortográfica.
8º Passo:  Desfazer - reverte às ações mais recentes de Ignorar, Alterar ou
Devemos digitar a carta que fará parte da Mala-Direta. Podemos adicionar Adicionar durante a sessão de verificação ortográfica atual.
informações do destinatário a carta, usando a próxima etapa do Assis-  Cancelar/Fechar - fecha a caixa de diálogo mas não reverte ne-
tente para Mala-Direta. nhuma das alterações efetuadas. O nome do botão Cancelar será
alterado para Fechar depois de efetuada alguma alteração no do-
cumento. Para utilizar o recurso de verificação gramatical existe um
9º Passo: caixa de verificação “Verificar Gramática” na parte inferior esquerda
Para terminar, devemos adicionar os campos a Mala-Direta e logo em da caixa de diálogo Ortografia e Gramática. Caso esta opção esteja
seguida Mesclar. Utilize a barra de ferramentas da Mala-Direta para inserir marcada, a verificação gramatical será utilizada durante o proces-
os campos na carta. Logo em seguida, use a opção “Mesclar documento”. so.

Para corrigir os erros digitados no texto execute os passos abaixo:


1. Posicione o cursor no início do texto;
Verificação ortográfica
2. Selecione o menu Ferramentas ou clique no botão Ortografia e
O Word fornece duas maneiras de verificar ortografia e gramática:
Gramática;
 Enquanto você digita, o Word pode verificar automaticamente o seu
3. Selecione a opção Ortografia e Gramática (se estiver executando
documento e sublinhar possíveis erros de ortografia e gramática.
pelo menu) ou F7 (se estiver executando pelo teclado);
Para corrigir um erro, exiba um menu de atalho clicando com o bo-
tão direito do mouse sobre a palavra sublinhada e, em seguida, se- 4. Conforme as informações dadas anteriormente, execute a correção
lecione a palavra certa. ortográfica do texto inteiro;
 O Word XP permite que seja verificada a ortografia no documento 5. Ao final, salve o documento.
ativo, incluindo texto em cabeçalhos, rodapés, notas de rodapé, no-
tas de fim e anotações. Para verificar rapidamente a ortografia no LOCALIZAR E SUBSTITUIR
documento basta clicar sobre o botão Ortografia e Gramática na
barra de ferramentas Padrão. Através da figura abaixo, pode-se ve- Para localizar:
rificar a caixa de diálogo e suas opções. 1. Selecione o item Localizar do menu Editar.
2. Informe a palavra a ser procurada no campo Localizar.
3. Clique no botão Localizar Próxima para iniciar a pesquisa.
4. Opções de Procura:

Não encontrada - exibe uma palavra que não foi encontrada nos dicio-
nários abertos.
 Sugestões - lista as substituições sugeridas do dicionário principal
e dos dicionários personalizados que estiverem abertos. Coincidir Maiúsculas/Minúsculas: Ativar esta caixa de verificação para
 Ignorar - não corrige a ortografia da palavra relacionada na caixa localizar somente palavras escritas no mesmo formato da palavra digitada
Não Encontrada. O Word XP continuará exibindo a palavra durante no campo Localizar. Se desativada, o Word ignorará caracteres maiúsculos
a verificação ortográfica. ou minúsculos.
 Ignorar todas - deixa a palavra relacionada na caixa Não Encon- Palavra inteira: Ativar esta caixa de verificação para localizar somente
trada inalterada durante todas as ocorrências futuras na sessão palavras inteiras e ignorar casos em que a palavra procurada é parte de
atual do Word XP. outra maior (por exemplo: casa, casamento). Se desativada, o Word consi-

Informática 20
derará todos os casos em que a seqüência de caracteres digitados no Em sua versão XP, o programa trás uma interface mais leve, com tons
campo Localizar for encontrada. de cores mais suaves, ficando mais flexível e intuitivo, com mudanças
voltadas para novos usuários e atendendo pedidos de usuários fieis do
programa.
Direção: Você pode selecionar tudo, para pesquisar em todo o docu-
mento, do início ao fim; Acima, para pesquisar da posição do cursor até o Oito em cada dez pessoas utilizam o Microsoft Excel para trabalhar
início do arquivo; e Abaixo, para pesquisar da posição do cursor até o final com cálculos e sistemas de gráficos indicadores de valores.
do arquivo. O usuário pode utilizar formulas e funções que facilitarão operações
Para Localizar e Substituir: específicas ao trabalhar com diversos valores.
1. Selecione o item Substituir do menu Editar. O aprimoramento do produto faz do Excel uma excelente ferramenta
para desenvolver planilhas profissionais, pois o programa ao ser carregado
2. Informe à palavra que deve ser substituída no campo Localizar. exibe um painel de tarefas facilitando a abertura e pesquisa de trabalhos
3. Informe a nova palavra no campo Substituir por. salvos.
4. Clique no botão Localizar Próxima para iniciar a pesquisa. Inicialização do Excel XP
O pressuposto será que o item Microsoft Excel XP esteja presente
5. Quando o Word localizar o texto, siga um destes procedimentos:
dentro da opção Programas no Menu Iniciar, que fica localizado na parte
6. Escolha o botão Substituir para substituir o texto e localizar a pró- inferior esquerda da janela principal do Windows.
xima ocorrência; Execute os passos a seguir:
7. Escolha o botão Substituir Todas para localizar e substituir todas as
ocorrências do texto sem confirmação;
8. Escolha o botão Localizar Próxima para ignorar essa ocorrência e
localizar a próxima.
IMPRESSÃO
Antes de imprimir um documento, você pode visualizar na tela como
será sua impressão. Para isso, basta clicar sobre o botão “Visualizar Im-
pressão” da barra de ferramentas Padrão, ou selecionar o item Visualizar
Impressão do menu Arquivo. Para voltar à edição, dique no botão Fechar.
Para imprimir usando as configurações padrão do Word, dique o botão
IMPRIMIR da barra de ferramentas Padrão. O texto, imediatamente, será
impresso.
Se você quiser alterar o número de cópias ou definir um intervalo de
impressão, selecione um intervalo de impressão, selecione o item IMPRI-
MIR do menu ARQUIVO. Para alterar o número de cópias ou definir um
intervalo de impressão, selecione o item Imprimir do menu Arquivo. Para
alterar o número de cópias a imprimir, dique no campo Cópias: e digite a
informação. Para definir um intervalo de impressão, dique no campo Pági-
nas: e informe o intervalo. Por exemplo, 1-3,5,10-12. Neste caso, seriam
impressas as páginas de 1 a 3, a página 5 e as páginas de 10 a 12. Clique
Quando o Excel é iniciando é exibido uma nova pasta de trabalho em
no botão 0K para iniciar a impressão.
branco. Nesta pasta você poderá inserir seus dados dentro das planilhas
denominadas Plan1, Plan2, Plan3.

Microsoft Excel XP: estrutura básica das Do lado direito, está o painel de tarefas. Um eficiente painel para tare-
planilhas, conceitos de células, linhas, co- fas corriqueiras como abrir pasta de trabalho ou criar uma nova pasta de
lunas, pastas e gráficos, elaboração de ta- trabalho baseado em modelos.
Para fechar o Painel de tarefas, basta clicar no botão ( ) Fechar do
belas e gráficos, uso de fórmulas, funções próprio painel.
e macros, impressão, inserção de objetos,
campos predefinidos, controle de quebras, ATALHOS E BARRA DE FERRAMENTAS
 Barra de Menu – esta barra exibe os nomes dos menus de aplica-
numeração de páginas, obtenção de dados ções permitindo utilizar os vários recursos que o Excel XP oferece :
externos, classificação.
O que é Microsoft Excel
O Microsoft Excel é, sem dúvida, o melhor e mais fácil programa para Figura – Barra de menu
manipulação de planilhas eletrônicas.

Informática 21
 Barra de Ferramentas Padrão – é um conjunto de botões que Movendo-se em uma selecção
permite agilizar as operações mais utilizadas do Excel XP evitando- Pressione ENTER ou TAB para mover-se para baixo ou para direita em
se percorrer pelo interior dos menus. Verifique os botões presentes uma seleção, SHIFT+ENTER ou SHIFT+TAB para inverter o sentido.
na barra de ferramentas padrão do Excel XP na figura :
Fórmulas e Expressões Matemáticas
1. SINAIS DE OPERAÇÕES 2. SINAIS PARA CONDIÇÃO

Figura – Barra de Ferramentas Padrão SINAL FUNÇÃO SINAL FUNÇÃO


+ SOMAR > MAIOR QUE
 Barra de Ferramentas Formatação – esta barra permite a utiliza- - SUBTRAÇÃO < MENOR QUE
ção da maioria dos recursos de formatação encontrados no Excel * MULTIPLICAÇÃO <> DIFERENTE QUE
XP. Veja a figura: / DIVISÃO >= MAIOR E IGUAL A
% PORCENTAGEM <= MENOR E IGUAL A
= IGUALDADE = IGUAL A

Figura – Barra de Ferramentas Formatação Lembrete: Toda fórmula que você for criar deverá começar com o sinal
de igualdade, caso contrário, a fórmula não funcionará. Ao final da fórmula
 Caixa de Nomes – esta área exibe a localização da célula ativa, o pressione a tecla ENTER.
nome da célula ou objetos selecionados e o tamanho de uma sele-
ção. Fórmula para Somar
 Barra de Fórmulas – é usada para inserir ou editar dados em célu- =A1+B1+C1+D25+A25
las de planilhas ou em gráficos.
 Para incluir dados, selecione uma célula, digite os dados e selecio- Função Somar
ne com o mouse a caixa de entrada da barra de fórmula () ou =SOMA(A1:B25)
pressione ENTER.
 Para editar dados, selecione a barra de fórmula com o mouse ou Este é o botão da AutoSoma.
pressione F2. Em seguida, digite as alterações e selecione com o
mouse a caixa de entrada, ou pressione ENTER. Para trabalhar com o botão da Autosoma você deve fazer o seguinte:
 Para cancelar as alterações, pressione o botão do mouse sobre a 1. Selecionar os valores que desejar somar.
caixa de cancelamento da barra de fórmula (X) ou pressione ESC. 2. Depois clicar no Botão da Autosoma e ele mostrará o resultado.

A seguir são mostradas a Caixa de Nomes e a Barra de Fórmulas com Veja mais um exemplo de Soma. Agora você deseja somar todos os
seus respectivos botões para que se possa conhecer o ponto onde deve valores dispostos nesta planilha usando uma única fórmula, desta vez você
ser clicado o mouse para a devida operação desejada. terá que digitar a fórmula.

A B C D E
Caixa Cancelar Confirmar Barra de Fórmulas 1 10 25 15 10
de 2 15 20 25 15
No- 3 14 25 25 25
mes 4 TOTAL =SOMA(A1:D3)

 Barra de Status – Com ela é possível, por exemplo, efetuar cálcu- Para fazer isto, só basta digitar o endereço inicial (em destaque) e o
los simples e rápidos, que não exijam fórmulas complexas. Se você endereço final (em destaque).
digitar estes números e selecioná-los, é possível calcular a soma.
Fórmula para Subtração
Seleção de células =B2-C2
Antes de digitar ou usar a maioria dos comandos do Microsoft Excel, A B C D E
utilizador deve selecionar as células ou objetos com os quais deseja traba- 1 FUNC SL. BRUTO DESCT. SL LIQUIDO
lhar. 2 José 800 175 =B2-C2
3
Selecionando células
 Para selecionar uma célula basta clicar sobre a mesma; FÓRMULA PARA MULTIPLICAÇÃO
 Para selecionar um intervalo de células, arraste diagonalmente da =B2*C2
primeira à última célula; A B C D
1 Produto Valor Quant. Total
2 Feijão 1,5 80 =B2*C2
3

 ha FÓRMULA PARA DIVISÃO


pressionada a tecla CTRL quando clicar sobre as células adicionais =A2/B2
ou arrastá-las. A B C
1 Renda Membros Valor
2 25000 15 =A2/B2
3

 i- FÓRMULA PARA PORCENTAGEM


nha (o mesmo para colunas). =B2*5/100
=((B2*5%)-B2)

=B2*0,95
tudo no canto superior esquerdo da folha de cálculo.

Informática 22
Todas as formulas acima são idênticas na resposta. Função Data
O cálculo se realiza da mesma maneira como numa máquina de calcu- =HOJE ()
lar, a diferença é que você adicionará endereços na fórmula. Veja o exem-
plo. Esta fórmula insere a data automática em uma planilha.
A B C
Um Aluno, fez uma compra no valor de R$ 1.500,00 e você deseja dar 1 Data =HOJE()
a ele um desconto de 5% em cima do valor da compra. Veja como ficaria a 2
formula no campo Desct. 3
A B C D
1 Cliente TCompra Desconto Vl a Pagar Função Se
=B2*5/100 ou se =SE(A1>=1000;”Salário maior que Mil”;”Salário menor que Mil”)
2 Márcio 1500 preferir assim também =B2-C2 ( ) – Indica a ordem de execução. Exemplo:
=B2*5% (((A1+1)-2)*5)
3
No caso acima a ordem de execução seria 1º Soma, 2º Subtração e 3º
Onde: Multiplicação.
B2 – se refere ao endereço do valor da compra
* - sinal de multiplicação Suponhamos que desejasse criar um Controle de Notas de
5/100 – é o valor do desconto dividido por 100 Aluno, onde ao se calcular a média, ele automaticamen-
te especificasse se o aluno fora aprovado ou não. Então
Ou seja, você está multiplicando o endereço do valor da compra por 5 Veja o exemplo abaixo.
e dividindo por 100, gerando assim o valor do desconto.
No campo situação deve aparecer Aprovado somente se o
Se preferir pode fazer o seguinte exemplo: aluno tirar uma nota Maior ou igual a 7 na média, caso
contrário ele deverá escrever Reprovado, já que o aluno
Onde: não atingiu a condição para passar.
B2 – endereço do valor da compra A B C
* - sinal de multiplicação 1 ALUNO MÉDIA SITUAÇÃO
5% - o valor da porcentagem. 2 Márcio 7 =SE(B2>=7;”Aprovado”;”Reprovado”)
3
FUNÇÃO MÁXIMO
=MÁXIMO(A2:A5) Onde:
“Aprovado”- refere-se a resposta verdadeiro, ou seja, se a
Mostra o valor máximo de uma faixa de células. condição for verdadeira (a nota for maior ou igual a 7) então
A B C ele escreverá aprovado. Por isso você deve colocar entre
aspas, já que se refere a Texto.
IDADE ; este outro ponto e vírgula subentendem-se senão faça, ou se-
1 ja, caso contrário, fará outra coisa.
2 15 “Reprovado” – refere-se a resposta falso, ou seja, caso ele não
3 16 tenha média maior ou igual a 7, então escreva Reprovado.
4 25
Gráfico
5 30
Um gráfico é a representação gráfica dos dados de uma planilha. O
6 MAIOR =MÁXIMO(A2:A5)
Auxiliar Gráfico consiste em uma seqüência de caixas de diálogo que
IDADE:
simplificam a criação de um gráfico.
7
Criando um Gráfico
FUNÇÃO MÍNIMO
=MÍNIMO(A2:A5) Criando um Gráfico incorporado em uma planilha.
Selecione os dados da planilha que deseja exibir no gráfico e clique
Mostra o valor mínimo de uma faixa de células. sobre o botão Assistente de Gráfico Abrirá uma caixa de diálogo, Assis-
A B C tente de Gráfico. Nesta janela, siga as instruções apresentadas e ao finali-
1 PESO zar as etapas, o gráfico será criando na mesma planilha. Uma outra forma
2 15 de criar um gráfico incorporado é selecionar os dados da planilha, ir até o
3 16 menu Inserir, escolher a opção Gráfico, em seguida abrirá a mesma caixa
4 25 de diálogo Assistente de Gráfico.
5 30
6 MENOR =MÍNIMO(A2:A5)
IDADE:
7

Função Média
=MÉDIA(A2:A5)
Calcula a média de uma faixa de valores.
A B C
1 IDADE
2 15
3 16
4 25
5 30
6 MÉDIA IDADE =MÉDIA(A2:A5)

Informática 23
No caso de células com conteúdos baseados na transformação dos
conteúdos de outras células (exemplo: C3 = A1 + B1: a célula C3 contém o
resultado da soma dos conteúdos das células A1 e B1; figura (a) abaixo), a
referência a essas células pode ser feita de forma relativa ou absoluta. Uma
referência relativa significa que a posição da célula referenciada na expres-
são é relativa à célula na qual a expressão em questão está definida. No
caso de cópia da célula (veja como copiar nos itens seguintes) contendo as
referências, a distância ou posição relativa das células utilizadas na expres-
são não muda em relação à célula contendo a fórmula.

Criando uma folha de gráfico Na figura (a) acima, o conteúdo da célula C3 é resultado da soma dos
conteúdos das células A1 e B1 (conteúdo de C3: =A1+B1). Ao copiarmos o
conteúdo desta célula para a célula C4, a mesma expressão de cálculo é
copiada, mantendo a referência relativa: se a célula de destino se deslocou
uma linha para baixo (C4), então as referências às células com os dados de
origem (A1 e B1) também se deslocaram na mesma quantidade, passando
a ser agora A2 e B2 (conteúdo de C4: =A2+B2). Nos casos onde desejar-
mos que isso não aconteça, ou seja, quando os dados utilizados em uma
expressão forem obtidos a partir sempre da mesma célula, utilizamos o
símbolo $ na frente da letra, do número, ou dos dois, respectivamente,
Folha de Gráfico, selecione os dados da planilha que deseja exibir no conforme a coordenada (linha ou coluna) que queiramos fixar (referência
gráfico, vá até o menu Inserir,escolha a opção Gráfico. Novamente abrirá absoluta). Na figura (b) acima isso foi feito para a fórmula na célula C3 (A$1
a caixa de diálogo Assistente de Gráfico, siga as instruções do assistente e B$1 ao invés de A1 e B1; conteúdo de C3: =A$1+B$1), que não se alte-
até chegar na 4ª (Quarta) etapa, na qual você poderá optar em inserir um rou ao se copiar o conteúdo dessa célula para a célula C4 (continuou A$1 e
gráfico em uma nova planilha ou como objeto na planilha desejada. Se B$1 ao invés de A2 e B2; conteúdo de C4: A$ 1+B$1
optar que o gráfico seja incluído como nova planilha, aparecerá uma nova
pasta de trabalho. Você pode renomear as pastas de trabalho das Folhas Proteção e ocultação de células
de Gráfico usando o comando Renomear. Quando partes de uma pasta de trabalho são ocultas, os dados são
removidos da exibição mas não são excluídos da pasta de trabalho. Se
você salvar e fechar a pasta de trabalho, os dados ocultos permanecerão
ocultos na próxima vez que a pasta de trabalho for aberta. Se você imprimir
a pasta de trabalho, o Microsoft Excel não imprime as partes ocultas.

Ocultar pastas de trabalho e planilhas


Você pode ocultar pastas de trabalho e planilhas para reduzir o número
Selecionando e ativando um gráfico para modificá-lo de janelas e planilhas na tela e impedir alterações indesejadas. Por exem-
Para fazer alterações em um gráfico, você deve selecioná-lo ou ativá-lo plo, você pode ocultar planilhas que contêm dados confidenciais, ou ocultar
antes. uma pasta de trabalho que contenha macros de maneira que estas estejam
disponíveis para serem executadas mas nenhuma janela apareça para a
Para selecionar um Gráfico Incorporado, clique uma vez sobre ele na pasta de trabalho da macro. A pasta de trabalho ou planilha oculta perma-
planilha. A borda do gráfico apresentará alças que indicam que o gráfico foi nece aberta, e outros documentos podem usar as informações.
selecionado. Com o gráfico selecionado, você poderá movimentá-lo, di-
mensioná-lo ou excluí-lo da planilha. Ocultar uma pasta de trabalho
1. Abra a pasta de trabalho.
Referências Absoluta e Relativa 2. No menu Janela, clique em Ocultar.
Uma planilha é organizada na forma de uma tabela composta por di-
versas células. Cada célula é referenciada através da letra da coluna e do Observação Quando você sair do Microsoft Excel e aparecer uma
número da linha à qual pertence. Essa referência (como B3, na figura ao mensagem perguntando se você deseja salvar as alterações para a pasta
lado) pode ser entendida como um endereço na tabela, de forma idêntica de trabalho oculta, clique em Sim. Da próxima vez que você abrir a pasta
ao conceito de variável (por exemplo, variável B3). de trabalho, a janela desta pasta de trabalho ficará oculta.

Nesse local podemos colocar valores (numéricos ou texto/caractere), Ocultar linhas e colunas Você também pode ocultar determinadas li-
expressões ou funções calculadas baseadas no conteúdo de outras células. nhas e colunas de dados que não esteja usando ou que não deseje que
cé lu la B 3 outros usem.

1. Selecione as linhas ou colunas que você deseja ocultar.


2. No menu Formatar, aponte para Linha ou Coluna e, em seguida,
clique em Ocultar.

Usar uma senha Para impedir que outros exibam planilhas, linhas ou
colunas ocultas, você pode proteger a pasta de trabalho ou planilha com
uma senha.

Informática 24
No menu Ferramentas, selecione Proteger e depois Proteger Planilha. Quando a origem estiver aberta, o link incluirá o nome da pasta de tra-
balho entre colchetes, seguido do nome da planilha, de um ponto de excla-
mação (!) e das células das quais a fórmula depende. Por exemplo, a
fórmula a seguir adiciona as células C10:C25 da pasta de trabalho Orca-
mento.xls.

Vínculo
=SOMA([Orcamento.xls]Annual!C10:C25)
Se a origem estiver fechada, o link incluirá todo o caminho.

Vínculo
=SOMA('C:\Relatorios\[Orcamento.xls]Annual'!C10:C25)

Observação: Se o nome da outra planilha ou pasta de trabalho contiver


caracteres não-alfabéticos, você deverá colocar o nome (ou o caminho)
entre aspas simples.
Digite uma senha para a planilha. Selecione os elementos que você
deseja que os usuários possam alterar. Clique em OK e, se for solicitado, As fórmulas que vinculam a um nome (nome: uma palavra ou seqüên-
digite a senha mais uma vez. cia de caracteres que representa uma célula, um intervalo de células, uma
fórmula ou um valor constante. Use nomes fáceis de compreender, como
Produtos, para se referir a intervalos de difícil compreensão, como Ven-
das!C20:C30.) definido em outra planilha usam o nome da pasta de traba-
lho seguido de um ponto de exclamação (!) e do nome. Por exemplo, a
fórmula a seguir adiciona as células do intervalo denominado Vendas da
pasta de trabalho Orcamento.xls.

Vínculo
=SOMA(Orcamento!Vendas)

Formatação Condicional
Tem como principal função, identificar os dados com valores ou condi-
ções especificas em uma planilha.

O Excel XP oferece uma facilidade no destaque de células através de


cores diferentes para um resultado específico de células, imagine um
professor que gostaria de destacar as notas que estiverem abaixo da
média, selecionar a célula que deseja destacar e depois selecione o menu
Formatar e clique em formatação Condicional.

Pronto! Agora todas as células de sua planilha estão protegidas por


senha

Vínculos entre planilhas


Um vínculo é uma referência a outra pasta de trabalho, sendo às vezes
chamada de referência externa. Também pode haver um vínculo com outro
programa, sendo às vezes chamado de referência remota. Como os dados
de outra pasta de trabalho ou de outro programa podem mudar e tornar os
dados da sua pasta de trabalho desatualizados, há opções para controlar a
atualização dos vínculos.
O vínculo é útil especialmente quando não é viável manter grandes
modelos de planilha juntos na mesma pasta de trabalho.
 Mesclar dados de várias pastas de trabalho Você pode vincu-
lar pastas de trabalho de vários usuários ou departamentos e de-
pois integrar os dados pertinentes em uma pasta de trabalho de re-
sumo. Assim, quando as pastas de trabalho de origem forem alte-
radas, você não terá que alterar manualmente a pasta de trabalho
de resumo.
 Criar exibições diferentes de seus dados Você pode inserir
Escolha os critérios a serem aplicados e a formatação do texto, clican-
todos os dados em uma ou mais pastas de trabalho de origem e
do em Formatar.
depois criar uma pasta de trabalho de relatório que contenha links
somente com os dados pertinentes.
 Modelos complexos e extremamente grandes Ao dividir um
modelo complicado em uma seqüência de pastas de trabalho inter-
dependentes, você poderá trabalhar no modelo sem abrir todas as
planilhas relacionadas. As pastas de trabalho menores são mais
fáceis de alterar, não necessitam de muita memória e abrem, sal-
vam e calculam com maior rapidez.

As fórmulas com vínculos a outras pastas de trabalho são exibidas de


duas maneiras, dependendo de a pasta de trabalho de origem — a que
fornece dados para uma fórmula — estar aberta ou fechada.

Informática 25
Configurar um gráfico para impressão
Um gráfico incorporado
Você pode ajustar o local onde o gráfico será impresso na página di-
mensionando e movendo o gráfico com o mouse no modo de exibição de
quebra de página.
As notas que ficaram abaixo de 5, ficaram em negrito e vermelho.
1. Clique na planilha fora da área de gráfico.
2. Clique em Visualizar quebra de página no menu Exibir.

Formatando dados
Uma planilha de gráfico
Formatar significa determinar uma aparência ideal para a célula de Você pode dimensionar e ajustar a área do gráfico, especificar como
modo que esta represente o melhor possível seu conteúdo. Para formatar ele deve ser colocado na página impressa e, em seguida, visualizá-lo na
sua planilha, selecione no menu Formatar – Células janela de visualização.
a) Número 1. Clique na guia da planilha de gráfico.
Na pasta Número, pode-se encontrar a formatação ideal para qual- 2. Clique em Configurar página no menu Arquivo.
quer tipo de dado numérico. 3. Selecione as opções desejadas na guia Gráfico.
b) Alinhamento
Horizontal determina como o dados serão distribuídos dentro da
célula.
• Vertical aponta o posicionamento dos dados dentro da célula, isto
é, quando esta tem altura maior que o caractere.
• Orientação diz a orientação que os dados aparecerão dentro da
célula.
• Retorno automático de texto aumenta a altura da linha; permitin-
do editar a célula sem que o conteúdo avance para a coluna da di-
reita.
c) Formatação Fonte
Nesta opção poderemos alterar o tipo de fonte, tamanho da fonte,
cor da fonte estilo e efeito de fonte.
d) Formatar Borda
As bordas sempre ajudam a conseguir um bom resultado em nos-
sos trabalhos. Pode-se variar a cor, estilo e espessura.
e) Formatar Padrões
Padrão determina qual será a aparência do fundo da célula, este
recurso possibilita formatação do Primeiro e Segundo Plano. Intervalos Nomeados
Especificar rótulos Quando você seleciona células em intervalos de ró-
tulos para criar fórmulas, o Microsoft Excel pode inserir os rótulos no lugar
Impressão de referências de células em suas fórmulas. Com o uso de rótulos, pode
Imprimir uma área selecionada de uma planilha ficar mais fácil visualizar como uma fórmula é construída. Você pode usar a
1. No menu Exibir clique em Visualizar quebra de página. caixa de diálogo Intervalos de rótulos, no seguinte menu.
2. Selecione a área que você deseja imprimir. Menu Inserir, submenu Nome, comando Rótulo.
3. No menu Arquivo, aponte para Área de impressão e clique em Para especificar os intervalos que contêm rótulos de coluna e de linha
Definir área de impressão. em sua planilha.
4.

Informática 26
Usar datas como rótulos Quando você rotula um intervalo usando a 2. Clique na guia Geral e, em seguida, clique duas vezes sobre o íco-
caixa de diálogo Intervalos de rótulos e o intervalo contém um ano ou data ne Documento em branco.
como rótulo, o Excel define a data como um rótulo colocando apóstrofes
antes e depois do rótulo quando você o digita na fórmula. Por exemplo, Criar um documento usando um assistente
suponhamos que sua planilha contenha os rótulos 1996 e 1997 e você 1. No menu Arquivo, clique em Novo.
tenha especificado estes rótulos usando a caixa de diálogo Intervalos de 2. Clique na guia do tipo de documento que você deseja criar e, em
rótulos. Quando você digita a fórmula =SOMA(1997), o Excel atualiza seguida, clique duas vezes sobre o ícone do assistente desejado.
automaticamente a fórmula para =SOMA('1997'). 3. Siga as instruções do assistente.

Gerenciamento de arquivos e Funções de usuário Criar um documento a partir de um modelo


Criar e enviar um fax com o Assistente de fax 1. No menu Arquivo, clique em Novo.
1. No menu Arquivo, clique em Novo. 2. Clique na guia do tipo de documento que você deseja criar e, em
2. Clique na guia Cartas e faxes. seguida, clique duas vezes sobre o ícone do modelo desejado.
3. Clique duas vezes em Assistente de fax.
4. Siga as etapas do assistente. Criar um modelo de documento
1. Siga um destes procedimentos:
Exibir uma planilha oculta Para basear um novo modelo em um documento existente, clique
1. No menu Formatar, aponte para Planilha e, em seguida, clique em em Abrir no menu Arquivo e abra o documento desejado.
Reexibir. Para basear um novo modelo em um modelo existente, clique em
2. Na caixa Reexibir planilha, clique duas vezes no nome da planilha Novo no menu Arquivo. Clique em um modelo semelhante àquele
oculta que você deseja exibir. que você deseja criar, clique em Modelo em Criar novo e em OK.
3. Observação Se as planilhas estiverem ocultas por um programa 2. No menu Arquivo, clique em Salvar como.
do Visual Basic for Applications que atribui a propriedade 3. Na caixa Salvar como tipo, clique em Modelo do documento.
xlSheetVeryHidden, você não poderá usar o comando Reexibir Esse tipo de arquivo já estará selecionado se você estiver salvando
para exibir as planilhas um arquivo criado como um modelo.
4. A pasta padrão é a pasta Modelos na caixa Salvar em. Para salvar
Adicionar um comentário a uma célula o modelo de modo que ele seja exibido em uma guia diferente de
1. Clique na célula à qual você deseja adicionar o comentário. Geral, alterne para a subpasta correspondente na pasta Modelos.
2. No menu Inserir, clique em Comentário. 5. Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para o novo modelo e
3. Na caixa, digite o texto do comentário. clique em Salvar.
4. Ao terminar de digitar o texto, clique fora da caixa de comentário. 6. No novo modelo, adicione o texto e os elementos gráficos a serem
exibidos em todos os novos documentos baseados no modelo e
Ocultar as linhas de grade das células exclua os itens que não devem ser exibidos.
1. Selecione as planilhas nas quais deseja ocultar as linhas de grade. 7. Faça as alterações desejadas nas definições de margem, tamanho
2. No menu Ferramentas, clique em Opções e, em seguida, clique e orientação de página, estilos e outros formatos.
na guia Exibir. 8. Clique em Salvar, e em Fechar no menu Arquivo.
3. Em Opções de janela, desmarque a caixa de seleção Linhas de
grade. Classificação
No Excel não é preciso se preocupar com a ordem que digitamos listas
Inserir ou editar os mesmos dados em diversas planilhas de dados. O Excel tem a ferramenta de classificação para nos ajudar.
Quando você selecionar um grupo de planilhas, as alterações introdu-
zidas em uma área selecionada na planilha ativa se refletirão nas células Vamos classificar a planilha Preços de automóveis da seguinte manei-
correspondentes, em todas as outras planilhas selecionadas. Os dados ra: vamos organizar os carros por marca e por preço, começando pelo carro
contidos nas outras planilhas poderão ser substituídos. mais caro de cada marca. Faça assim:
1. Selecione as planilhas onde você deseja inserir os dados. 1. Selecione o intervalo de dados dos preços (A3:D20).
2. Selecione a célula ou o intervalo de células onde você deseja inse- 2. No menu Dados clique em Classificar... Surgirá a caixa de diálogo
rir os dados. Classificar.
3. Digite ou edite os dados na primeira célula selecionada. 3. No campo Classificar por selecione a coluna Marca e ordem cres-
4. Pressione ENTER ou TAB. cente. Deste modo o Excel vai reorganizar as linhas para que os
O Microsoft Excel inserirá automaticamente os dados em todas as carros da mesma marca fiquem juntos.
planilhas selecionadas. 4. No campo Em seguida por selecione a coluna Preço e ordem de-
5. Para cancelar uma seleção de várias planilhas, clique em qualquer crescente. Deste modo, depois de organizar por marca o Excel vai
planilha não selecionada. organizar pelo preço, começando pelo maior.
5. Clique em OK.
Se nenhuma planilha não selecionada estiver visível, clique com o bo-
tão direito na guia de uma planilha selecionada e clique em Desagrupar
planilhas no menu de atalho.

Exibir ou ocultar objetos de desenho e elementos gráficos impor-


tados
Oculte objetos de desenho e elementos gráficos se desejar agilizar a
rolagem na tela ou a impressão.
1. No menu Ferramentas, clique em Opções e, em seguida, na guia
Exibir.
2. Para exibir os objetos de desenho e os elementos gráficos importa-
dos, clique em Mostrar tudo.

Para ocultar os objetos de desenho e os elementos gráficos importa-


dos, clique em Ocultar tudo

Criar um novo documento em branco


1. No menu Arquivo, clique Novo.

Informática 27
Macros
Em uma planilha pode ser necessário automatizar uma tarefa, pois há
procedimentos repetitivos. Há ações bem simples como por exemplo ir para
uma outra planilha para ver alguns dados e retornar para a planilha atual.
Quando montamos uma macro estamos simplesmente gravando as
ações que queremos que o Excel repita quando executar a macro.
Para gravar uma macro, basta acessar o menu Ferramentas / Macro /
Gravar nova macro. A partir deste momento toda ação que for feita estará
sendo gravada até que peça para parar a gravação em Ferramentas /
Macro / Parar Gravação.

Clique com o botão direito do mouse em uma área livre da barra de fer-
ramentas. Selecione no menu que abre, a opção Personalizar.
Aparecerá a janela Personalizar, selecione a orelha Comandos e a Ca-
tegoria Macros . Arraste o botão para uma barra de ferramentas. Clique
com o botão direito do mouse em e selecione no menu que se abre, Atribuir
Macro e atribua este botão à uma Macro.

Obtenção de dados externos


Inserir um objeto vinculado ou um objeto incorporado a partir de
Botões em Macros um arquivo já existente
Para uma Macro é possível criar um botão. Existem duas maneiras de 1. Clique na planilha em que você deseja colocar o objeto vinculado
criar um botão para Macro. Vejamos a primeira. ou o objeto incorporado.
2. No menu Inserir, clique em Objeto e depois clique na guia Criar
Acessar o menu Exibir/Barra de ferramentas/Formulários para exibir a do arquivo.
barra de ferramentas formulários.

3. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome do arquivo ou clique


em Procurar para selecionar a partir de uma lista.

Em seguida, selecione o item botão de macro. Fique com o botão es-


querdo do mouse pressionado e arraste em uma região da planilha onde
será criado o botão. Quando soltar o botão do mouse, aparecerá uma
janela onde será definida uma macro para este botão . Basta escolher uma
macro da lista.

4. Para criar um objeto vinculado, marque a caixa de seleção Vin-


cular ao arquivo.
Para criar um objeto incorporado, desmarque a caixa de seleção
Vincular ao arquivo.
5. Se outros usuários forem ver a pasta de trabalho on-line, você
poderá exibir o objeto como um ícone, marcando a caixa de se-
leção Exibir como ícone. Os observadores poderão clicar duas
vezes no ícone para exibir o objeto.

Observações
 Você não pode usar o comando Objeto do menu Inserir para inse-
rir elementos gráficos e determinados tipos de arquivos. Para inse-
A outra maneira de criar um botão de Macro é criar um botão na barra rir um gráfico, aponte para Figura no menu Inserir e, em seguida,
de ferramentas e não dentro da área da planilha. clique em Do arquivo.

Informática 28
chamado chaveamento de pacotes. Com base nisso, em 1979 foi criada a
NAVEGAÇÃO INTERNET, CONCEITOS DE URL, semente do que viria a ser a Internet. A Guerra Fria acabou, mas a herança
daqueles dias rendeu bastante. O que viria a ser a Internet tornou-se uma
LINKS, SITES, IMPRESSÃO DE PÁGINAS rede voltada principalmente para a pesquisa científica. Através da National
Science Foundation, o governo norte-americano investiu na criação de
INTERNET backbones, aos quais são conectadas redes menores.
Computador e Comunicação
O computador vem se tornando uma ferramenta cada vez mais impor- Além desses backbones, existem os criados por empresas particulares,
tante para a comunicação. Isso ocorre porque todos eles, independente- todos interligados. A eles são conectadas redes menores, de forma mais ou
mente de marca, modelo, tipo e tamanho, têm uma linguagem comum: o menos anárquica. É nisso que consiste a Internet, que não tem um dono.
sistema binário.
Software de Comunicação
Pouco a pouco, percebeu-se que era fácil trocar informações entre Até agora, tratamos da comunicação entre computadores do ponto de
computadores. Primeiro, de um para outro. Depois, com a formação de vista do equipamento (hardware). Como tudo que é feito com computado-
redes, até o surgimento da Internet, que hoje pode interligar computadores res, a comunicação requer também programas (software). O programa a
de todo o planeta. ser utilizado depende do tipo de comunicação que se pretende fazer.

É claro que, além do custo da conexão, o candidato a internauta preci- Os sistemas operacionais modernos geralmente são acompanhados de
sa ter um computador e uma linha telefônica ou conexão de banda larga. O algum programa básico de comunicação. Por exemplo, o Internet Explorer
software necessário para o acesso geralmente é fornecido pelo provedor. acompanha o Windows.

Da Rede Básica à Internet Com programas desse tipo é possível acessar:


A comunicação entre computadores torna possível desde redes sim- - Um computador local utilizando um cabo para interconectar as por-
ples até a Internet. Isso pode ser feito através da porta serial, uma placa de tas seriais dos dois computadores;
rede, um modem, placas especiais para a comunicação Wireless ou as - Um computador remoto, através da linha telefônica, desde que os
portas USB ou Firewire.. O backbone – rede capaz de lidar com grandes dois computadores em comunicação estejam equipados com mo-
volumes de dados – dá vazão ao fluxo de dados originados deste forma. dens.
1. A porta serial é um canal para transmissão de dados presente em
praticamente todos os computadores. Muitos dispositivos podem Além desses programas de comunicação de uso genérico, existem ou-
ser conectados ao computador através da porta serial, sendo que o tros mais especializados e com mais recursos. Geralmente, quando você
mais comum deles é o mouse. A porta serial pode também ser compra um computador, uma placa fax modem ou um modem externo eles
usada para formar a rede mais básica possível: dois computadores vêm acompanhados de programas de comunicação. Esses programas
interligados por um cabo conectado a suas portas seriais. podem incluir também a possibilidade de enviar e receber fax via computa-
2. Para que uma rede seja realmente útil, é preciso que muitos com- dor.
putadores possam ser interligados ao mesmo tempo. Para isso, é
preciso instalar em cada computador um dispositivo chamado pla- Resumo
ca de rede. Ela permitirá que muitos computadores sejam interliga- Uma rede que interliga computadores espalhados por todo o mundo.
dos simultaneamente, formando o que se chama de uma rede lo- Em qualquer computador pode ser instalado um programa que permite o
cal, ou LAN (do inglês Local Area Network). Se essa LAN for ligada acesso à Internet. Para este acesso, o usuário precisa ter uma conta junto a
à Internet, todos os computadores conectados à LAN poderão ter um dos muitos provedores que existem hoje no mercado. O provedor é o
acesso à Internet. É assim que muitas empresas proporcionam intermediário entre o usuário e a Internet.
acesso à Internet a seus funcionários.
3. O usuário doméstico cujo computador não estiver ligado a nenhu- MECANISMOS DE CADASTRAMENTO E ACESSO A REDE
ma LAN precisará de um equipamento chamado modem. O mo- Logon
dem (do inglês (modulator/demodulator) possibilita que computado- Significado: Procedimento de abertura de sessão de trabalho em um
res se comuniquem usando linhas telefônicas comuns ou a banda computador. Normalmente, consiste em fornecer para o computador um
larga. O modem pode ser interno (uma placa instalada dentro do username (também chamado de login) e uma senha, que serão verificados
computador) ou externo (um aparelho separado). Através do mo- se são válidos, ou não. Pode ser usado para fins de segurança ou para que
dem, um computador pode se conectar para outro computador. Se o computador possa carregar as preferências de um determinado usuário.
este outro computador for um provedor de acesso, o usuário do-
méstico também terá acesso à Internet. Existem empresas comer- Login - É a identificação de um usuário para um computador. Outra
ciais que oferecem esse serviço de acesso à Internet. Tais empre- expressão que tem o mesmo significado é aquele tal de "User ID" que de
sas mantêm computadores ligados à Internet para esse fim. O vez em quando aparece por aí.
usuário faz uma assinatura junto a um provedor e, pode acessar o
computador do provedor e através dele, a Internet. Alguns prove- Username (Nome do Usuário) ou ID
dores cobram uma taxa mensal para este acesso.  Significado: Nome pelo qual o sistema operacional identifica o
usuário.
A História da Internet  usenet - Conjunto dos grupos de discussao, artigos e computado-
Muitos querem saber quem é o “dono” da Internet ou quem ou quem res que os transferem. A Internet inclui a Usenet, mas esta pode
administra os milhares de computadores e linhas que a fazem funcionar. ser transportada por computadores fora da Internet.
Para encontrar a resposta, vamos voltar um pouco no tempo. Nos anos 60,  user - O utilizador dos servicos de um computador, normalmente
quando a Guerra Fria pairava no ar, grandes computadores espalhados registado atraves de um login e uma password.
pelos Estados Unidos armazenavam informações militares estratégicas em  Senha é a segurança utilizada para dar acesso a serviços privados.
função do perigo de um ataque nuclear soviético.
Surgiu assim a idéia de interconectar os vários centros de computação PROTOCOLOS E SERVIÇOS DE INTERNET
de modo que o sistema de informações norte-americano continuasse Site - Um endereço dentro da Internet que permite acessar arquivos e
funcionando, mesmo que um desses centros, ou a interconexão entre dois documentos mantidos no computador de uma determinada empresa, pes-
deles, fosse destruída. soa, instituição. Existem sites com apenas um documento; o mais comum,
porém, principalmente no caso de empresas e instituições, é que tenha
O Departamento de Defesa, através da ARPA (Advanced Research dezenas ou centenas de documentos. O site da Geocities, por exemplo, fica
Projects Agency), mandou pesquisar qual seria a forma mais segura e no endereço http://www.geocities.com
flexível de interconectar esses computadores. Chegou-se a um esquema

Informática 29
A estrutura de um site Outro detalhe é a terminação do nome do arquivo (.htm). Ela indica o tipo
Ao visitar o site acima, o usuário chegaria pela entrada principal e esco- do documento. No caso, htm são páginas de Web. Você também vai encon-
lheria o assunto que lhe interessa. Caso procure informações sobre móveis, trar documentos hipertexto como este com a estensão htm, quando se trata
primeiro seria necessário passar pela página que fala dos produtos e só de páginas produzidas em um computador rodando Windows. Outros tipos
então escolher a opção Móveis. Para facilitar a procura, alguns sites colo- de arquivos disponíveis na Internet são: txt (documentos comuns de texto),
cam ferramentas de busca na home page. Assim, o usuário pode dizer qual exe (programas) zip, tar ou gz (compactados), au, aiff, ram e wav (som) e
informação está procurando e receber uma relação das páginas que falam mov e avi (vídeo).
daquele assunto.
e-mail, correio:
As ligações entre as páginas, conhecidas como hyperlinks ou ligações  Significado: local em um servidor de rede no qual ficam as men-
de hipertexto, não ocorrem apenas dentro de um site. Elas podem ligar sagens, tanto enviadas quanto recebidas, de um dado usuário.
informações armazenadas em computadores, empresas ou mesmo conti-  e-mail - carta eletrônica.
nentes diferentes. Na Web, é possível que uma página faça referência a  Grupos - Uma lista de assinantes que se correspondem por correio
praticamente qualquer documento disponível na Internet. eletrônico. Quando um dos assinantes escreve uma carta para um
determinado endereco eletrônico (de gestao da lista) todos os ou-
Ao chegar à página que fala sobre os móveis da empresa do exemplo tros a recebem, o que permite que se constituam grupos (privados)
acima, o usuário poderia encontrar um link para uma das fábricas que de discussao atraves de correio eletrônico.
fornecessem o produto e conferir detalhes sobre a produção. De lá, poderia  mail server - Programa de computador que responde automatica-
existir uma ligação com o site de um especialista em madeira e assim por mente (enviando informacoes, ficheiros, etc.) a mensagens de cor-
diante. reio eletrônico com determinado conteudo.

Na Web, pode-se navegar entre sites diferentes HTTP (Hypertext Transfer Protocol)
O que faz essa malha de informações funcionar é um sistema de ende-
reçamento que permite a cada página ter a sua própria identificação. Assim, Significado: Este protocolo é o conjunto de regras que permite a trans-
desde que o usuário saiba o endereço correto, é possível acessar qualquer ferência de informações na Web e permite que os autores de páginas de
arquivo da rede. hipertextos incluam comandos que possibilitem saltos para recursos e
outros documentos disponíveis em sistemas remotos, de forma transparen-
Na Web, você vai encontrar também outros tipos de documentos além te para o usuário.
dessas páginas interligadas. Vai poder acessar computadores que mantém
programas para serem copiados gratuitamente, conhecidos como servido- HTML - Hypertext Markup Language. É uma linguagem de descricao
res de FTP, grupos de discussão e páginas comuns de texto. de paginas de informacao, standard no WWW, podendo-se definir páginas
que contenham informação nos mais variados formatos: texto, som, ima-
URL - A Web tem um sistema de endereços específico, tamém chama- gens e animações.
do de URL (Uniform Resource Locator, localizador uniforme de recursos).
Com ele, é possível localizar qualquer informação na Internet. Tendo em HTTP - Hypertext Transport Protocol. É o protocolo que define como é
mão o endereço, como http://www.thespot.com, você pode utilizá-lo no que dois programas/servidores devem interagir, de maneira a transferirem
navegador e ser transportado até o destino. O endereço da página, por entre si comandos ou informacao relativos a WWW.
exemplo, é http://www.uol.com.br/internet/fvm/url.htm
FTP (File Transfer Protocol)
Você pode copiá-lo e passar para um amigo. Significado: Protocolo usado para a transferência de arquivos. Sempre
Cada parte de um endereço na Web significa o seguinte: que você transporta um programa de um computador na Internet para o
http://www.uol.com.br/internet/fvm/url.htm seu, você está utilizando este protocolo. Muitos programas de navegação,
Onde: como o Netscape e o Explorer, permitem que você faça FTP diretamente
http:// deles, em precisar de um outro programa.

É o método pelo qual a informação deve ser buscada. No caso, http:// é  FTP - File Transfer Protocol. Esse é o protocolo usado na Internet
o método utilizado para buscar páginas de Web. Você também vai encon- para transferência de arquivos entre dois computadores (cliente e
trar outras formas, como ftp:// (para entrar em servidores de FTP), mailto: servidor) conectados à Internet.
(para enviar mensagens) e news: (para acessar grupos de discussão),  FTP server - Servidor de FTP. Computador que tem arquivos de
entre outros. software acessiveis atraves de programas que usem o protocolo de
transferencia de ficheiros, FTP.
www.uol.com.br
É o nome do computador onde a informação está armazenada, tam- Você pode encontrar uma variedade incrível de programas disponíveis
bém chamado de servidor ou site. Pelo nome do computador você pode na Internet, via FTP. Existem softwares gratuitos, shareware (o shareware
antecipar que tipo de informação irá encontrar. Os que começam com www pode ser testado gratuitamente e registrado mediante uma pequena taxa) e
são servidores de Web e contém principalmente páginas de hipertexto. pagos que você pode transportar para o seu computador.
Quando o nome do servidor começar com ftp, trata-se de um lugar onde
pode-se copiar arquivos. Nesse caso, você estará navegando entre os Grandes empresas como a Microsoft também distribuem alguns pro-
diretórios desse computador e poderá copiar um programa imediatamente gramas gratuitamente por FTP.
para o seu micro.
/internet/fvm/ News - Noticias, em portuguese, mas melhor traduzido por foruns ou
grupos de discussao. Abreviatura de Usenet News, as news sao grupos de
É o diretório onde está o arquivo. Exatamente como no seu computa- discussao, organizados por temas, a maior parte deles com distribuicao
dor a informação na Internet está organizada em diretórios dentro dos internacional, podendo haver alguns distribuidos num só país ou numa
servidores. instituicao apenas. Nesses grupos, publicos, qualquer pessoa pode ler
sistema _enderecos.htm artigos e escrever os seus proprios artigos. Alguns grupos sao moderados,
significando isso que um humano designado para o efeito le os artigos
É o nome do arquivo que será trazido para o seu navegador. Você de- antes de serem publicados, para constatar da sua conformidade para com o
ve prestar atenção se o nome do arquivo (e dos diretórios) estão escritos tema do grupo. No entanto, a grande maioria dos grupos nao sao modera-
em maiúsculas ou minúsculas. Na maior parte dos servidores Internet, essa dos.
diferença é importante. No exemplo acima, se você digitasse o nome do Newsgroup - Um grupo de news, um fórum ou grupo de discussão.
arquivo como URL.HTM ou mesmo Url.Htm, a página não seria encontrada.

Informática 30
NOVAS TECNOLOGIAS A outra maneira de o mecanismo de busca encontrar os sites na web é
Cabo de fibra ótica – Embora a grande maioria dos acessos à internet o "dono" do site informar, ao mecanismo de busca, qual o endereço, o URL,
ainda ocorra pelas linhas telefônicas, em 1999 começou a ser implantada do site. Todos os mecanismos de buscas têm um quadro reservado para o
no Brasil uma nova tecnologia que utiliza cabos de fibra ótica. Com eles, a cadastramento, submissão ou inscrição de novas páginas. É um hiperlink
conexão passa a se realizar a uma velocidade de 128, 256 e 512 kilobites que recebe diversas denominações conforme o sistema de busca. Veja
por segundo (kbps), muito superior, portanto, à feita por telefone, a 33 ou alguns exemplos.
56 kps. Assim, a transferência dos dados da rede para o computador do
usuário acontece muito mais rapidamente. Nome do hiperlink Mecanismos de busca

Internet2 –Voltada para projetos nas áreas de saúde, educação e ad- Acrescente uma URL RadarUol
ministração pública, oferece aos usuários recursos que não estão disponí-
veis na internet comercial, como a criação de laboratórios virtuais e de Cadastre a sua página no Radix Radix
bibliotecas digitais. Nos EUA, já é possível que médicos acompanhem
cirurgias a distância por meio da nova rede. Esta nova rede oferece veloci- Inserir site Zeek
dades muito superiores a da Internet, tais como 1 Megabites por segundo e
velocidades superiores. Sua transmissão é feita por fibras óticas, que
permitem trocas de grandes quantidades de arquivos e informações de uma Nos sites de língua inglesa, usam-se, geralmente, hiperlinks denomina-
forma mais rápida e segura que a Internet de hoje em dia. dos List your site, Add URL ou Add a site.
Resumindo: num mecanismo de busca, um programa de computador
No Brasil, a internet2 interliga os computadores de instituições públicas visita as páginas da web e cria cópias dessas páginas para si. Essas cópias
e privadas, como universidades, órgãos federais, estaduais e municipais, vão formar a sua base de dados que será pesquisada por ocasião de uma
centros de pesquisas, empresas de TV a cabo e de telecomunicação. consulta.

Mecanismos de busca Alguns mecanismos de busca:


As informações na internet estão distribuídas entre inúmeros servido-
res, armazenadas de formas diversas. As páginas Web constituem o Radix RadarUol
recurso hipermídia da rede, uma vez que utilizam diversos recursos como
hipertextos, imagens, gráficos, sons, vídeos e animações. AltaVista Fast Search

Buscar informações na rede não é uma tarefa difícil, ao contrário, é Excite Snap
possível encontrar milhões de referências a um determinado assunto. O
problema, contudo, não é a falta de informações, mas o excesso. HotBot Radix

Os serviços de pesquisa operam como verdadeiros bibliotecários, que Google Aol.Com


nos auxiliam a encontrar as informações que desejamos. A escolha de um
“bibliotecário” específico, depende do tipo de informações que pretendemos Northern Light WebCrawler
encontrar. Todos os mecanismos de busca têm a mesma função, encontrar
informações; porém nem todos funcionam da mesma maneira Vistos de
uma forma simplificada, os mecanismos de busca têm três componentes Como efetuar uma busca na Internet
principais:
1. Um programa de computador denominado robot, spider, crawler,
wanderer, knowbot, worm ou web-bot. Aqui, vamos chamá-los
indistintamente de robô. Esse programa "visita" os sites ou páginas
armazenadas na web. Ao chegar em cada site, o programa robô
"pára" em cada página dele e cria uma cópia ou réplica do texto
contido na página visitada e guarda essa cópia para si. Essa cópia
ou réplica vai compor a sua base de dados.
2. O segundo componente é a base de dados constituída das cópias
efetuadas pelo robô. Essa base de dados, às vezes também de-
nominada índice ou catálogo, fica armazenada no computador,
também chamado servidor do mecanismo de busca.
3. O terceiro componente é o programa de busca propriamente dito.
Esse programa de busca é acionado cada vez que alguém realiza NAVEGADOR INTERNET
uma pesquisa. Nesse instante, o programa sai percorrendo a base
de dados do mecanismo em busca dos endereços - os URL - das Histórico da Internet
páginas que contém as palavras, expressões ou frases informadas A Internet começou no início de 1969 sob o nome ARPANET (USA).
na consulta. Em seguida, os endereços encontrados são apresen- Abreviatura Descrição
tados ao usuário. Gov.br Entidades governamentais
Org.br Entidades não-governamentais
Funções básicas de um sistema de busca. Com.br Entidades comerciais
Esses três componentes estão estreitamente associados às três funções Mil.br Entidades militares
básicas de um sistema de busca:
 a análise e a indexação (ou "cópia") das páginas da web, Composta de quatro computadores tinha como finalidade, demonstrar
 o armazenamento das "cópias" efetuadas e as potencialidades na construção de redes usando computadores dispersos
 a recuperação das páginas que preenchem os requisitos indicados em uma grande área. Em 1972, 50 universidades e instituições militares
pelo usuário por ocasião da consulta. tinham conexões.
Para criar a base de dados de um mecanismo de busca, o programa
robô sai visitando os sites da web. Ao passar pelas páginas de cada site, o Hoje é uma teia de redes diferentes que se comunicam entre si e que
robô anota os URL existentes nelas para depois ir visitar cada um desses são mantidas por organizações comerciais e governamentais. Mas, por
URL. Visitar as páginas, fazer as cópias e repetir a mesma operação: cópia mais estranho que pareça, não há um único proprietário que realmente
e armazenamento, na base de dados, do que ele encontrar nesses sites. possua a Internet. Para organizar tudo isto, existem associações e grupos
Essa é uma das formas de um mecanismo de busca encontrar os sites na que se dedicam para suportar, ratificar padrões e resolver questões opera-
web. cionais, visando promover os objetivos da Internet.

Informática 31
A Word Wide Web desinstalação no programa de configuração, que desinstala automatica-
A Word Wide Web (teia mundial) é conhecida também como WWW, mente versões beta anteriores do Internet Explorer 7, tornando a desinsta-
uma nova estrutura de navegação pêlos diversos itens de dados em vários lação da nova compilação ainda mais fácil.
computadores diferentes. O modelo da WWW é tratar todos os dados da
Internet como hipertexto, “ Link” isto é, vinculações entre as diferentes
partes do documento para permitir que as informações sejam exploradas
interativamente e não apenas de uma forma linear.

Programas como o Internet Explorer, aumentaram muita a popularidade


Clicando na setinha você verá o seguinte menu
da Internet graças as suas potencialidades de examinador multimídia,
capaz de apresentar documentos formatados, gráficos embutidos, vídeo,
som e ligações ou vinculações e mais, total integração com a WWW.

Este tipo de interface poderá levá-lo a um local (site) através de um de-


terminado endereço (Ex: www.apostilasopcao.com.br) localizado em qual-
quer local, com apenas um clique, saltar para a página (home page) de um
servidor de dados localizado em outro continente.

Note que os que estão em cima do que está marcado são as “próximas
páginas” (isso ocorre quando você volta várias páginas), e os que estão em
baixo são as páginas acessadas. E o Histórico é para ver o histórico,
últimos sites acessados.

Navegação Barra de endereço e botões atualizar e parar


Para podermos navegar na Internet é necessário um software navega-
dor (browser) como o Internet Explorer ou Netscape (Estes dois são os
mais conhecidos, embora existam diversos navegadores).
BOTÕES DE NAVEGAÇÕES
Endereços na Internet
Todos os endereços da Internet seguem uma norma estabelecida pelo
InterNic, órgão americano pertencente a ISOC (Internet Society). Voltar
Abaixo as funções de cada botão de seu navegador Internet Explorer
No Brasil, a responsabilidade pelo registro de Nomes de Domínios na 7.0 da Microsoft.
rede eletrônica Internet é do Comitê Gestor Internet Brasil (CG), órgão
responsável. De acordo com as normas estabelecidas, o nome do site, ou O botão acima possibilita voltar na página em que você acabou de sair
tecnicamente falando o “nome do domínio”, segue a seguinte URL (Univer- ou seja se você estava na página da Microsoft e agora foi para a da aposti-
sal Resource Locator), um sistema universal de endereçamento, que permi- lasopcao, este botão lhe possibilita voltar para a da Microsoft sem Ter que
te que os computadores se localizem na Internet: digitar o endereço (URL) novamente na barra de endereços.

Exemplo: http://www.apostilasopcao.com.br
Onde: Avançar
1. http:// - O Hyper Text Transfer Protocol, o protocolo padrão que O botão avançar tem a função invertida ao botão voltar citado acima.
permite que os computadores se comuniquem. O http:// é inserido
pelo browser, portanto não é necessário digitá-lo.
2. www – padrão para a Internet gráfica. Parar
3. apostilasopcao – geralmente é o nome da empresa cadastrada jun- O botão parar tem como função obvia parar o download da página em
to ao Comitê Gestor. execução, ou seja, se você está baixando uma página que está demorando
4. com – indica que a empresa é comercial. muito utilize o botão parar para finalizar o download.

As categorias de domínios existentes na Internet Brasil são:


UTILIZANDO LINKS O botão atualizar tem como função rebaixar a página em execu-
A conexão entre páginas da Web é que caracteriza o nome World Wide ção, ou seja ver o que há de novo na mesma. Geralmente utilizado para
Web (Rede de Amplitude Mundial). rever a página que não foi completamente baixada, falta figuras ou textos.

Basicamente, as páginas da Web são criadas em HTML (Hyper Text


Home
Markup Language). Como essas páginas são hipertextos, pode-se fazer
links com outros endereços na Internet.
O botão página inicial tem como função ir para a página que o seu na-
vegador está configurado para abrir assim que é acionado pelo usuário,
Os links podem ser textos ou imagens e quando se passa o mouse em
geralmente o Internet Explorer está configurado para ir a sua própria página
cima de algum, o ponteiro torna-se uma “mãozinha branca espalmada”,
na Microsoft, caso o usuário não adicionou nenhum endereço como página
bastando apenas clicar com o botão esquerdo do mouse para que se façam
principal.
links com outras páginas.
Pesquisar
INTERNET EXPLORER 7
Este botão, é altamente útil pois clicando no mesmo Internet Explorer
A compilação Internet Explorer 7 inclui melhoramentos de desempe- irá abrir uma seção ao lado esquerdo do navegador que irá listar os princi-
nho, estabilidade, segurança e compatibilidade de aplicações. Com esta pais, sites de busca na Internet, tal como Cadê, Google, Altavista etc. A
compilação, a Microsoft também introduziu melhoramentos estéticos e partir daqui será possível encontrar o que você está procurando, mas
funcionais à interface de utilizador, completou alterações na plataforma veremos isto mais a fundo nas próximas páginas.
CSS, adicionou suporte para idiomas e incluiu uma função de auto-

Informática 32
b) Escola a opção Salvar figura como;
Favoritos c) Escolha o nome e a pasta onde o arquivo será baixado;
O botão favoritos contem os Websites mais interessantes definidos pe- d) Clique em Salvar.
lo usuário, porém a Microsoft já utiliza como padrão do IE 6 alguns sites
que estão na lista de favoritos. Como efetuar download de arquivos na Internet
Alguns arquivos como jogos; músicas; papéis de parede; utilitários co-
Para você adicionar um site na lista de favoritos basta você clicar com mo antivírus etc.; são disponibilizados na Internet para download a partir de
o botão direito em qualquer parte da página de sua escolha e escolher links (texto destacado ou elemento gráfico), e o procedimento é parecido
adicionar a favoritos. Geralmente utilizamos este recurso para marcar com o download de figuras.
nossas páginas preferidas, para servir de atalho. a) Clique no respectivo link de download;
b) Aparecerá uma tela com duas opções, Abrir arquivo ou Salvar ar-
quivo em disco;
c) Escolha Salvar arquivo em disco;
Histórico d) Escolha a pasta de destino e logo em seguida clique em Salvar.
O botão histórico exibe na parte esquerda do navegador quais foram e) Observa-se a seguir uma Janela (de download em execução) que
os sites visitados nas últimas semanas, ou dias com isso você pode manter mostra o tempo previsto e a porcentagem de transferência do ar-
um controle dos sites que você passou nas últimas semanas e dias. Bas- quivo. O tempo de transferência do arquivo varia de acordo com o
tante útil para usuários que esqueceram o nome do site e desejam acessar ser tamanho (byte, kilobyte, megabyte).
novamente.
MOZILLA FIREFOX 2.0
Página

O botão tem várias funções: Recortar O Firefox da Fundação Mozilla, é um programa gratuito e de código
Copiar – Colar - Salvar Página - Enviar esta página através de e-mail aberto, e constitui-se em uma alternativa viável de navegador ("browser"
- Zoom Esta ferramenta aumenta o zoom da página fazendo com que ela para acessar a Internet).
possa ficar ilegíve.Esta outra ferramenta só precisa ser utilizada se você
não conseguir enxergar direito a letras ou imagens de um site - Tamanho Como outros programas freeware conta, no seu desenvolvimento, com
do texto, configura o tamanho da fonte da página - Ver código fonte, o auxílio de muitas pessoas, em todo o mundo, que contribuem para o
visualiza o código fonte da página - Relatório Da Segurança, verifica se a controle de qualidade do navegador, que o copiam, testam as principais
página contem diretivas de segurança ou certificadas digitais - Privacidade versões e sugerem melhorias.
da página, verifica se a página esta configurada de acordo com a sua
política de privacidade. O Firefox pode ser usado sozinho, mas nada impede que seja usado
simultaneamente com outro navegador, pois as suas configurações são
independentes. Note-se que no caso de usar dois programas, a escolha de
Impressão qual navegador deve ser o padrão do sistema fica a critério do usuário.
Botão utilizado para imprimir a página da internet .
Algumas caracterísiticas
Desde a versão 1.5 houve várias melhorias no sistema de atualização,
navegação mais rápida, suporte a SVG ("Scalable Vector Graphics"), novas
Alternar entre as abas versões de CSS (3), JavaScript na versão 1.6, uma nova janela de Favori-
Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas. tos, e melhorias no bloqueio de pop-ups, e várias correções de bugs.

Clicando no ícone abre-se uma páginas mostrando todas as abas e Nota-se que a velocidade de abertura das páginas aumentou, tanto pa-
suas respectivas páginas ra novas páginas quanto para as já visitadas. Mesmo páginas complexas,
desenvolvidas com diversos recursos em Flash, DHTML e Shockwave,
Alternar entre as abas carregam em tempo sensivelmente menor. E a tecnologia de recuperação
Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas de páginas recentemente visitadas permite que, assim que você clicar no
botão Voltar (Back), o site seja carregado quase que instantaneamente.
Clicando no ícone abre-se uma páginas mostrando todas as abas e
suas respectivas páginas Uma das alterações na interface é a possibilidade de reorganizar as
abas de navegação usando o recurso de arrastar e soltar, o que é útil para
quem abre muitas abas e quer deixar juntos sites relacionados entre si.

Com relação ao sistema de busca integrado, além dos mecanismos já


presentes em versões anteriores (Google, Yahoo! e Amazon, por exemplo),
é possível adicionar o sistema da Answers.com como padrão.

Segurança
Com relação à segurança,
1. A partir da versão 1.5 as atualizações para o Firefox são automáti-
cas, liberando o usuário de prestar atenção a alertas de segurança
Alternar entre as abas e aviso de novas correções para o navegador.
Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas 2. Foi criado um atalho para apagar rapidamente as informações
Clicando no ícone abre-se uma páginas mostrando todas as abas e pessoais do usuário, incluindo o histórico de sites navegados, da-
suas respectivas páginas dos digitados em formulários da web, cookies, senhas que foram
gravadas, entre outros. O atalho está acessível clicando-se no me-
Download nu "Ferramentas" - "Limpar dados pessoais" mas também pode ser
É nada mais que baixar arquivos da Internet para seu computador acionado pela combinação de teclas <Ctrl> <Shift> <Del>. E, para
Upload em português significa carregar – é a transferência de um arquivo os esquecidos, o Firefox pode ser configurado para remover esses
do seu computador para outro computador. dados automaticamente sempre que for fechado.
A instalação do Firefox cria ícones novos: na tela, (uma raposa
Como efetuar download de uma figura na Internet. com cauda em fogo) ao lado do "Botão Iniciar".
a) Clique com o botão direito do mouse sobre a figura desejada;

Informática 33
Extensões Abrir o Firefox. Clicar em "Ajuda" - "Sobre o Mozilla Firefox". Na janela
O Firefox admite dezenas de "extensões", ou seja de programas que se que se abre verificar o número da versão.
fundem a ele e que adicionam novos recursos ao navegador. Portanto, cada
internauta pode adicionar novos recursos e adaptar o Firefox ao seu estilo de Codificação de caracteres
navegar. Ou seja, quem escolhe como o Firefox deve ser é o usuário. Ao visualizar um "site", a acentuação pode aparecer toda confusa e ca-
racteres estranhos podem estar presentes. É comum que letras com acen-
Como abrir o Navegador tos e "ç" apareçam como "?" ou outros códigos. (Por exemplo: Sua codifi-
ca&ccedil;&atilde;o de caracteres est&aacute; errada).

Deve-se ressaltar que existem protocolos padrão que determinam a


codificação dos caracteres que devem ser respeitados pelas pessoas que
Para abrir o programa deve-se clicar duplo no novo atalho que aparece criam páginas para serem visualizadas na Internet.
ao lado do botão "Iniciar" ou no ícone que aparece na tela, Ou clicar em
Botão Iniciar - Programas - Mozilla Firefox - Mozilla Firefox Mas, se a página ou a mensagem de e-mail não informar a codificação
em que foi escrita, o texto pode aparecer não formatado corretamente.
Navegação com abas
O Firefox possibilita abrir várias páginas na mesma janela, em diferen- Duas das mais importantes codificações são:
tes abas ou “orelhas” que aparecem logo abaixo da barra de navegação. - ISO: "International Standardization Organization". É o padrão oci-
Assim o navegador não é carregado a cada vez que se abre uma página dental, utilizado também no Brasil. Cada caractere só possui 1 byte
em outra janela e o sistema economiza memória e ganha em estabilidade. (8 bits), gerando um máximo de 256 caracteres.
Portanto, para acessar a outra página basta clicar na sua respectiva - UTF-8: Padrão mundial, que pode ser usado em quase todos os
aba. Ou seja: - um "site", pode ficar, inteiro, dentro de uma única janela, idiomas.
cada página em uma aba, ou - várias páginas, cujos endereços são diferen-
tes, podem ficar em várias abas, na mesma janela. Cada caractere possui 2 bytes (16 bits), o que permite um valor máxi-
mo bem maior que o anterior: 65.536 caracteres.

Como determinar a codificação


No menu "Exibir" clicar em "Codificação", selecionar Ocidental (ISO-
8859-1) e ver a página. Se ainda não estiver correta, selecionar Unicode
(UTF-8) e, novamente, e ver a página. Essas são as codificações mais
freqüentes atualmente, mas há outras opções presentes que podem ser
testadas.

Como adicionar o botão “Nova aba” na barra de ferramentas


Clicar em Exibir - Barras de ferramentas - Personalizar.
Na janela de personalização arraste e solte o botão "Nova aba" em al-
guma barra de ferramentas.

Como abrir uma nova aba


Para abrir um link em uma nova aba: - clicar nele com o botão direito
do mouse e, no menu que aparece, selecionar “Abrir em nova aba”. ou -
Clicar no link mantendo pressionada a tecla Ctrl ou - Selecionar “Nova aba” Como bloquear janelas de propagandas
no "Arquivo" (ou pressionar as teclas <CTRL> e <T>) O Firefox continua com um recurso excelente: a possibilidade de blo-
ou - Clicar no link com o botão do meio (ou clique na rodinha do mouse). quear o aparecimento de janelas de propagandas, ou seja, a não permissão
ou - Usar o botão "Nova aba" na barra de ferramentas. ou - Dar um duplo do surgimento de propagandas no formato pop, janelas que abrem automa-
clique em uma região vazia da barra de abas. ticamente, estourando na tela em sequência, por cima (pop up) ou por
baixo (pop under) da janela que ocupa o "site" que está sendo visualizado.
Como trocar de aba utilizando o teclado
- Ir para a aba da esquerda: <CTRL> <Shift> <Tab> ou <CTRL>
<PgUp> - Ir para a aba da direita: <CTRL> <Tab> ou <CTRL> <PgDo>

Como verificar a versão

Evidentemente, em alguns sites é importante aparecerem janelas ex-


tras com informações relevantes (por exemplo, os sites dos bancos que
usam janelas pop para informar os horários de funcionamento das agên-
cias, em dias próximos a feriados).

Informática 34
Mas, é muito difícil (e chato, e oneroso) ter de aturar janelas pop gigan- Prejuízos
tes aparecendo em qualquer "site", apenas com objetivo de propagandear Assim como podem favorecer, eles também podem danificar o compu-
artigos ou serviços nos quais não se está interessado. tador, trazendo vírus, spams e outras pragas virtuais. Por isso, é preciso
cuidado. Legalmente é proíbido descarregar qualquer coisa que viole os
Há muitos programas para evitar tais anúncios, mas o Firefox já tem Direitos Autorais (como musicas,imagens,videos, etc).Embora haja sempre
uma opção interna para bloquear essas janelas. exceções, o que deve ser analisado caso a caso. Problemas com spam e
vírus não são exclusividade do ato de fazer um download, alguns deles
Clicar em "Ferramentas" - "Opções" espalham-se automaticamente por redes locais.
Abrir o item "Conteúdos"
E selecionar "Bloquear janelas popup" Dicas para maior segurança
Utilizar um antivirus é crucial, quanto maior poder maior segurança. É
recomendável também que se tenha um firewall e um antispyware

Upload

Upload é a transferência de dados de um computador local para um


servidor. Caso ambos estejam em rede, pode-se usar um servidor de FTP,
HTTP ou qualquer outro protocolo que permita a transferência.

Definição
Caso o servidor de upload esteja na Internet, o usuário do serviço pas-
sa a dispor de um repositório de arquivos, similar a um disco rígido, dispo-
nível para acesso em qualquer computador que esteja na Internet.Upload é
parecido com Download, só que em vez de carregar arquivos para a sua
máquina, você os envia para o servidor.

Características
Os provedores gratuitos de upload variam bastante na sua política, ca-
pacidades e prazo de validade das transferências. Mas em geral todos
funcionam da seguinte forma: o usuário que envia o arquivo fornece o
Quando uma janela popup for bloqueada, um ícone novo pode ser exi- endereço de e-mail (ou correio eletrônico) de um destinatário. Este recebe
bido na barra de status, informando o bloqueio. Para visitar esse site, deve- uma mensagem de e-mail do servidor de upload, informando a disponibili-
se clicar no ícone para desbloquear a popup. dade do arquivo, junto com uma URL. Basta que ele então clique nessa
URL para receber o arquivo.

Gerenciamento de pop-ups e cookies


O pop-up é uma janela extra que abre no navegador ao visitar uma pá-
Como alterar o tamanho do texto, ao visualizar um "site" gina ou clicar em um link específico. A pop-up é utilizada pelos criadores do
Se um determinado "site" tiver um tamanho de letra muito grande ou site para abrir alguma informação extra ou como meio de propaganda.
muito pequeno, pode-se controlar a sua visualização:
Como ativar o Bloqueador de pop-ups
Clicar em "Exibir" - Tamanho do texto e em Aumentar ou Diminuir ou Observação O Bloqueador de pop-ups está ativado por padrão. Você
Clicar em <Ctrl> + para aumentar ou em <Ctrl> - para diminuir o tamanho precisará ativá-lo apenas se estiver desativado.
da fonte.
O Bloqueador de pop-ups pode ser ativado das seguintes maneiras:
Lembrar que <Ctrl> 0 retorna pra o tamanho normal • Sob solicitação.
Ordenar lista de sites favoritos • No menu Ferramentas.
Para colocar a lista de favoritos em ordem alfabética, clicar em: Favori- • A partir das Opções da Internet.
tos - Organizar - Exibir - "Ordenar pelo nome"
Sob solicitação
Como permitir Java e Java Script Você pode ativar o Bloqueador de pop-ups ao ser solicitado a fazer is-
Clicar em "Ferramentas" - "Opções" Abrir o item "Configurações" e se- so antes que a primeira janela pop-up apareça.
lecionar "Permitir Java" e "Permitir JavaScript"

Como salvar uma página visitada


Vá no Menu Favoritos > Adicionar Página > OK

Download e upload No Menu Ferramentas


Download (significa descarregar, em português), é a transferência de
dados de um computador remoto para um computador local, o inverso de Para configurar o Bloqueador de pop-ups no menu Ferramentas, exe-
upload. Por vezes, é também chamado de puxar (ex: puxar o arquivo) ou cute as seguintes etapas:
baixar (baixar o arquivo). Tecnicamente, qualquer página da Internet que 1. Clique em Iniciar, aponte para Todos os programas e clique em
você abre consiste em uma série de descarregamentos. O navegador Internet Explorer.
conecta-se com o servidor, descarrega as páginas HTML, imagens e outros 2. No menu Ferramentas, aponte para Bloqueador de Pop-ups e
itens e as abre, confeccionando a página que você vê. Mas o termo descar- clique em Habilitar Bloqueador de Pop-ups para ativar o
regar tornou-se sinônimo de copiar arquivos de um servidor remoto para o Bloqueador de pop-ups ou em Desabilitar Bloqueador de Pop-ups
seu, porque quando o navegador não pode abrir um arquivo em sua janela para desativá-lo.
(como um executável por exemplo) ele abre a opção para que o mesmo
seja salvo por você, configurando um descarregamento. Como definir as configurações do Bloqueador de pop-ups
As seguintes definições do Bloqueador de pop-ups podem ser configu-
Benefícios radas:
Eles trazem arquivos favoráveis ao cotidiano e à diversão. • Permitir lista de sites.

Informática 35
Permitir lista de sites 02) São propriedades do periférico Mouse:
Você pode permitir que as janelas pop-up abram em um site, adicio- a) soltar, formatar, ampliar
nando esse site à lista de Sites permitidos. Para fazer isso, execute as b) copiar, direcionar, maximizar.
seguintes etapas: c) apontar, clicar e arrastar,
 Clique em Iniciar, aponte para Todos os programas e clique em d) n.d.a.
Internet Explorer.
03) O botão INICIAR do Windows serve para:
2. No menu Ferramentas, aponte para Bloqueador de Pop-ups e cli- a) reduzir e ampliar uma janela
que em Configurações do Bloqueador de Pop-ups. b) iniciar o Windows
3. Na caixa Endereços do site a ser permitido:, digite o endereço do c) abrir aplicativos, configurar o Windows, abrir documentos, etc.
site e clique em Adicionar. d) n.d.a.
 Clique em Fechar.
04) Quais os ícones de dimensionamento de janelas:
Gerenciamento de Cookies a) iniciar, gerenciar e fechar
Um cookie é um grupo de dados trocados entre o navegador e o servi- b) maximizar, minimizar e restaurar
dor de páginas, colocado num arquivo (ficheiro) de texto criado no compu- c) abrir, explorar e localizar
tador do utilizador. A sua função principal é a de manter a persistência de d) n.d.a.
sessões HTTP. A utilização e implementação de cookies foi um adendo ao
HTTP e muito debatida na altura em que surgiu o conceito, introduzido pela 05) Para alterar o tamanho de uma janela, basta:
Netscape, devido às consequências de guardar informações confidenciais a) clicar em sua borda até que apareça uma seta de duas pontas, arras-
num computador - já que por vezes pode não ser devidamente seguro, tando para os lados ou para o centro
como o uso costumeiro em terminais públicos. b) clicar em seu centro, movimentando-a para os lados
c) clicar em sua barra de título e arrastá-la
Um exemplo é aquele cookie que um site cria para que você não preci- d) clicar no botão “maximizar” do lado direito da barra de título
se digitar sua senha novamente quando for ao site outra vez. Outros sites
podem utilizá-los para guardar as preferências do usuário, por exemplo, 06) Os comandos dos Windows são geralmente organizados em:
quando o sítio lhe permite escolher uma cor de fundo para suas páginas. a) caixas de diálogo
b) janelas
Para excluir cookies específicos: c) menus
1 – Na guia ferramentas clique em Opções de Internet d) n.d.a.
2 – Guia Geral, clique no botão Configurações e logo após no botão
Exibir Arquivos. 07) Para alterar a exibição das janelas, deve-se acionar:
3 – Na próxima janela, que será a unidade de disco rígido que está a) meu computador
sendo armazenado os cookies, localize o cookie que deseja ex- b) área de trabalho
cluir. c) barra de tarefas
4 – Se desejar excluir mais de um cookie pressione CTRL à medida d) n.d.a.
que for clicando em cada cookie (esta operação faz com que vo-
cê selecione um grupo de cookies). 08) Uma caixa de diálogo permite:
5 – Aperte a tecla Delete. a) acionar um menu
6 – Ao terminar clique Ok. b) abrir um aplicativo Windows
c) controlar janelas, formatação de documentos, etc.
Lembrete: Determinados sites da Internet armazenam seu nome de d) n.d.a.
membro, senha e outras informações pessoais. Assim ao excluir todos os
cookies o usuário deverá redigitar as senhas e outras informações dos sites 09) Para acessar a pasta de um aplicativo, utilizamos:
visitados. a) iniciar ou acessórios
b) meu computador ou Windows Explorer
c) caixa de entrada ou meu computador
d) n.d.a.

10) O Windows armazena seus arquivos de programas e de documentos


em:
a) pastas b) janelas
c) ícones d) n.d.a.

11) Para criar pastas, aciono menu:


a) arquivo, novo, pasta (menu secundário)
b) arquivo, editar, copiar
c) editar, recortar, pasta
d) n.d.a.

12) O Windows dispõe de um acessório que simula um CD-Player. Qual é


este acessório?
a) WordPad
b) Paint
c) FreeCell
PROVA SIMULADA I
d) multimídia
01) O que é o Windows e qual a sua finalidade? 13) Para iniciar a Agenda, devemos acionar:
a) ambiente gráfico que tem como objetivo facilitar a vida do usuário. a) iniciar, acessórios, programas
b) aplicativo com recursos avançados. b) iniciar, programas, aplicativos
c) gerenciador de arquivos que manipula dados e pastas. c) iniciar, programas, acessórios
d) n.d.a. d) n.d.a.

Informática 36
14) Porque não podemos desligar o computador, sem antes encerrar uma Quantas das afirmações acima estão corretas?
sessão: a) 0 b) 1 c) 2 d) 3
a) para não interromper a impressão
b) para não perder dados valiosos ou danificar arquivos abertos 6) O recurso implementado em alguns roteadores, que traduz um grupo de
c) para não interromper os vínculos com aplicativos endereços IP inválidos para um grupo de endereços IP válidos na Internet e
d) n.d.a. vice-versa, permitindo que os computadores tenham acesso à Internet sem
que seus endereços sejam propagados (roteados), é conhecido como:
15) O Paint, o Word Pad, a Agenda e os Jogos são: a) NAT; b) SMTP; c) DNS; d) NIS;
a) aplicativos do Windows b) menus do Windows
c) janelas do Windows d) n.d.a. 7) A alocação dinâmica de endereços aos clientes de uma rede pode ser
realizada por um servidor do tipo:
GABARITO
a) SMTP. b) DHCP. c) WINS. d) POP3.
1. A 2. C 3. C 4. B
5. D 6. C 7. A 8. C 8) Assinale a afirmativa correta:
9. B 10. A 11. A 12. D Com relação aos conceitos básicos de Internet e World Wide Web, é
13. C 14. B 15. D correto afirmar:
a) Algumas organizações usam redes privadas, cujos computadores não
PROVA SIMULADA II são acessíveis por máquinas externas e vice-versa. Essas redes são
chamadas de Intranets, pois utilizam variações da tecnologia da Internet
1) Analise as seguintes afirmações sobre conceitos de Internet. e os servidores possuem arquitetura proprietária.
I. A Internet é uma grande rede de computadores, sendo, de fato, a maior b) Algumas organizações usam redes privadas, cujos computadores não
de todas. são acessíveis por máquinas externas a elas. Essas redes são chama-
II. São exemplos de serviços disponíveis na Internet: WWW, FTP, POP, das de Internets dedicadas, pois são variações da tecnologia da Internet
SMTP e HTML. e os servidores possuem arquitetura proprietária.
III. Podemos conectar um computador à Internet através de um modem c) A World Wide Web é apenas uma das inúmeras aplicações centraliza-
Dial-up ou ADSL (banda larga), ou ainda, através da infra-estrutura de das e proprietárias que utiliza os serviços de comunicação da Internet,
TV a cabo ou via satélite. logo não poderia operar em outra rede que não a Internet.
Assinale a alternativa que contém a(s) afirmação(ões) CORRETA(S). d) A World Wide Web é apenas uma das inúmeras aplicações distribuídas
a) Apenas I. b) Apenas I e II. que utiliza os serviços de comunicação da Internet, logo poderia operar
c) Apenas II. d) Apenas III. também em outra rede que não a Internet.

2) Uma política de segurança é um conjunto de normas, regras e práticas 9) Na Internet, plug in significa:
que regulam como uma organização gerencia, protege e distribui suas a) um hardware que é reconhecido automaticamente pelo browser.
informações e recursos. Com relação aos mecanismos utilizados para b) um software que é acoplado a um aplicativo para ampliar suas funções.
promover a segurança de redes de computadores, a criptografia de cha- c) um hardware que é reconhecido automaticamente pelo sistema operacional.
ve pública d) um link presente em uma página Web.
a) baseia-se na utilização de chaves distintas: uma para codificação (E) e
outra para decodificação (D), escolhidas de forma que a derivação de D 10) No contexto do Windows Internet Explorer, os “cookies” são:
a partir de E seja, em termos práticos, muito difícil de ser realizada. a) as configurações de segurança que você criou para o seu ambiente de
b) é um método assimétrico e baseia-se na utilização de uma única chave rede, incluindo todas as proteções de acesso do Internet Explorer;
pública para codificar e decodificar a informação, escolhida de forma b) atualizações de segurança para seu computador que, uma vez por mês,
que a violação dessa chave seja, em termos práticos, muito difícil de ser são liberadas pelo fabricante do software;
realizada. c) os arquivos temporários gerados pelo Internet Explorer, cada vez que
c) baseia-se na definição de duas chaves públicas para codificar e uma você visita um site. Nesses arquivos ficam armazenadas todas as ima-
terceira, também pública, para decodificar a informação, escolhidas de gens dos sites que você visitou;
forma que a violação dessas chaves sejam, em termos práticos, muito d) pequenos arquivos de texto que alguns sites web colocam em seu
difícil de ser realizada. computador para armazenar diversas informações sobre você e seu
d) é um método simétrico, permitindo que uma mesma chave seja utilizada computador;
para codificar e decodificar a informação, escolhida de forma que a viola-
ção dessa chave seja, em termos práticos, muito difícil de ser realizada. 11) Considerando as afirmações abaixo, assinale a alternativa correta.
a) A Internet é uma rede privada muito comum dentro de uma companhia
3) A partir do Microsoft Outlook 2000 (considerando instalação padrão em ou organização, sendo que seus programas e aplicativos são voltados
português), um usuário pode: unicamente para uso interno de seus usuários.
I - manter um calendário pessoal para compromissos; b) O termo intranet significa uma coleção de redes de computadores
II - enviar e receber mensagens de correio e de fax; distribuídas em diferentes países e interconectadas por um conjunto de
III - manter um diário das mensagens recebidas e/ou enviadas. roteadores formando uma enorme rede virtual.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões): c) Um navegador da Web (ou Web browser) é uma ferramenta de software
a) I, apenas. b) II, apenas. que possibilita aos usuários acessar recursos na Internet tais como in-
c) III, apenas. d) I, II e III. formações de uma página da web. Como exemplo de um navegador da
4) São formas de conexão que permitem acesso em banda larga, EXCETO: web, pode-se citar o Internet Explorer da Microsoft.
a) Wi-Fi b) ADSL. d) URLs (Uniform Resource Locators) são imagens ou porções de textos
c) Conexão via rádio d) MODEM em linha discada. muito comuns em páginas Web que, ao serem clicados com um mouse,
permitem que um arquivo, uma imagem, uma música ou outra página
5) Novos vírus podem propagar-se através de volumes compartilhados Web seja acessada.
conectados em rede. Observe a descrição dos procedimentos a seguir
sugeridos como formas de minimizar ou evitar a propagação ou o rece- 12) Considere as afirmativas:
bimento dessas ameaças através dos recursos de rede: I. O acesso à Internet é feito através da conexão de um computador a um
I. Definir os compartilhamentos como somente de leitura. provedor de acesso, ou seja, uma empresa que provê acesso à Internet
II. Proteger os compartilhamentos por senha. aos seus clientes através da manutenção de uma infra-estrutura tecno-
III. Definir os compartilhamentos como somente alteração. lógica, tanto de hardware quanto de software (linhas telefônicas, compu-
IV. Instalar um programa antivírus. tadores, roteadores, páginas, e-mail e outros).
II. World Wide Web ou "WWW" é uma rede mundial de computadores que

Informática 37
fornece informações para quem se conecta à Internet, através de um mensagens de diversas pessoas da lista, sobre o tema central. Ao envi-
navegador (browser), que descarrega essas informações (chamadas ar uma mensagem destinada às pessoas da referida lista, esse mesmo
"documentos" ou "páginas") de servidores de internet (ou "sites") para a usuário só necessita enviar um único e-mail para a lista, que essa se
tela do computador do usuário. encarregará de fazer a distribuição aos seus participantes.
III. Intranet é uma rede corporativa que se utiliza da mesma tecnologia e
infra-estrutura de comunicação de dados da Internet, mas restrita a um 19) Cada conta de e-mail tem um endereço único, que é dividido em duas
mesmo espaço físico de uma empresa. partes: a primeira é usada para identificar a caixa de correio de um usu-
Em relação à Internet e à Intranet, é correto o consta APENAS em: ário, e a segunda é usada para identificar o servidor em que a caixa de
a) I. b) III. correio reside. Por exemplo, no e-mail bemtivi@passaro.com.br, bemtivi
c) I e II. d) I e III. é a primeira parte e passaro.com.br é a segunda parte. Com relação às
caixas postais e endereços eletrônicos, é correto afirmar que
13) Uma das atuais e grandes preocupações de segurança é contra as a) cada conta de e-mail está associada a um endereço IP único válido na
pragas digitais, ou seja, os vírus. Analise as alternativas abaixo e assina- Internet.
le a mais correta: b) em um servidor de e-mail apenas o e-mail da conta do administrador
a) Com um ANTI-SPAM atualizado, tenho a proteção adequada. deverá estar associado a um endereço IP único válido na Internet.
b) Com um FIREWALL, tenho a proteção adequada. c) o software de e-mail no servidor remetente utiliza a segunda parte para
c) Com um ANTI-VÍRUS atualizado, tenho a proteção adequada. selecionar o servidor de destino e o software de e-mail no computador
d) Todas as alternativas estão corretas. de destino utiliza a primeira parte para identificar a caixa de correio do
14) Considerando as afirmações abaixo, assinale a alternativa correta. usuário.
a) A Internet é uma rede privada muito comum dentro de uma companhia d) se o servidor de e-mail estiver associado a endereço IP 192.168.2.0, o
ou organização, sendo que seus programas e aplicativos são voltados endereço IP do primeiro e-mail deverá ser 192.168.2.1, o do segundo
unicamente para uso interno de seus usuários. 192.168.2.2 e assim sucessivamente.
b) O termo intranet significa uma coleção de redes de computadores
distribuídas em diferentes países e interconectadas por um conjunto de 20) Uma das opções de configuração disponível no Internet Explorer para
roteadores formando uma enorme rede virtual. verificar se há versões mais atualizadas das páginas armazenadas é:
c) Um navegador da Web (ou Web browser) é uma ferramenta de software a) a cada intervalo de datas.
que possibilita aos usuários acessar recursos na Internet tais como in- b) a cada página visitada.
formações de uma página da web. Como exemplo de um navegador da c) quando o Internet Explorer for iniciado pela manhã.
web, pode-se citar o Internet Explorer da Microsoft. d) quando o Internet Explorer for iniciado à tarde.
d) URLs (Uniform Resource Locators) são imagens ou porções de textos
muito comuns em páginas Web que, ao serem clicados com um mouse, Gabarito
permitem que um arquivo, uma imagem, uma música ou outra página 1 D 11 C
Web seja acessada. 2 A 12 C
3 D 13 D
15) No Internet Explorer 6.0 há um recurso de navegação que armazena as 4 D 14 A
entradas vistas anteriormente e sugere entradas correspondentes para 5 D 15 D
você em endereços e formulários Web. Este recurso é chamado de: 6 A 16 D
a) Assistente de perfil. b) Cookies. 7 B 17 B
c) Certificados. d) AutoCompletar. 8 D 18 D
16) Em relação à manipulação de contatos no Outlook Express, é INCOR- 9 B 19 C
RETO afirmar: 10 D 20 B
a) Um único contato pode possuir mais de um endereço de e-mail cadas-
trado no mesmo item de contato.
___________________________________
b) O Outlook Express possui o recurso de autocompletar para nomes e
apelidos de contatos, simultaneamente. ___________________________________
c) Mensagens podem ser enviadas para múltiplos contatos, utilizando-se o
separador de ponto-e-vírgula (;) ou utilizando-se os campos “para:”, “cc:” ___________________________________
e “cco:”. ___________________________________
d) Caso o apelido digitado no campo “para:” de uma nova mensagem
possua várias entradas na lista de contatos, a mensagem é enviada pa- ___________________________________
ra todos essas entradas. _______________________________________________________
17) O componente do Windows que é necessário para a configuração de _______________________________________________________
uma conexão via linha discada é:
a) a discagem automática. b) o acesso à rede dial-up. _______________________________________________________
c) a conexão direta via cabo. d) o Serviço do Internet Mail. _______________________________________________________
18) A Internet, além de concentrar uma grande quantidade de informações _______________________________________________________
em servidores destinados a esse fim, possui a função de meio de comu-
nicação. _______________________________________________________
Com relação às diversas maneiras de se comunicar através da Internet, _______________________________________________________
é correto afirmar que:
a) O e-mail é a única forma de comunicação que permite a duas ou mais _______________________________________________________
pessoas se comunicarem simultaneamente.
_______________________________________________________
b) Para duas ou mais pessoas se comunicarem simultaneamente com o
uso do Chat, é obrigatório que nos computadores de todas elas tenha _______________________________________________________
um programa FTP cliente instalado.
c) Ao transferir um arquivo de qualquer servidor FTP na Internet para o _______________________________________________________
computador do usuário utilizando um programa FTP cliente, é obrigató- _______________________________________________________
rio o uso de um gerenciador de correio eletrônico para autenticar e auto-
rizar o acesso. _______________________________________________________
d) Ao inscrever-se em uma lista de discussão, o usuário passa a receber

Informática 38

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