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NOTAS SOBRE HEGEL

Segundo Zilles (2005), o pensamento de Hegel é radicalmente idealista, pois no centro


de sua teoria está a idéia. O mundo, para Hegel, é acessível à razão e existe identidade entre
pensar e pensado, entre certeza subjetiva e realidade objetiva, entre realidade e afirmação
racional. O intelecto é, neste sentido, a potência que dissolve e se afasta do particular,
elevando-se ao universal.
Segundo Andery et al. (2006), para compreender o sistema filosófico hegeliano, é
necessário conhecer a influência recebida pelos idealistas alemães da época da difusão dos
princípios que nortearam a Revolução Francesa de 1789. Estes pensadores escreveram suas
filosofias visando responder ao desafio vivenciado pela França para reorganizar o Estado e a
sociedade em bases racionais, de modo que as instituições políticas e sociais se adequassem à
liberdade e aos interesses dos indivíduos, superando o absolutismo.
Na Alemanha, onde ainda não havia a unificação dos territórios, os ideais de liberdade,
igualdade e fraternidade foram recebidos com entusiasmo pelos intelectuais. A Alemanha
ainda se debatia com os resquícios da ordem feudal e do despotismo político, o que a França,
supostamente, havia resolvido com a Revolução. Naquele contexto, ainda conforme Andery et
al.(idem), os intelectuais alemães formularam uma doutrina filosófica na tentativa de recuperar
os ideais que defendiam, superando a discrepância entre aqueles ideais e a situação histórica em
que se encontravam. Desta forma, podemos concordar com as autoras acima citadas, que o
pensamento de Hegel se insere num cenário filosófico onde predominava o desejo de libertação
do homem como sujeito autônomo, capaz de guiar seu próprio desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

ANDERY, Maria Amália Pie Abib et. al. Para compreender a ciência: uma perspectiva
histórica. 15ª ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento e teoria da ciência. São Paulo: Paulus, 2005.

- Noivas do espírito (p. 76)

SOBRE KANT – OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE

A conceituação filosófica dos termos objetividade e Subjetividade foi


especialmente trabalhada por Kant, que usa a palavra "objetivo" para indicar que o
conhecimento científico deve ser justificável, independentemente de capricho pessoal.
Uma justificação será objetiva se puder, em princípio, ser submetida a prova e
compreendida por todos. Diz Kant: "Se algo for válido para todos os que estejam na
posse da razão, seus fundamentos serão objetivos e suficientes" (8). Aplica a palavra
"subjetivo" para os nossos sentimentos de convicção (de vários graus).

FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO

- (...) é sobretudo a descrição de um caminho que pode ser levado a cabo por quem chegou ao
seu termo e é capaz de rememorar os passos percorridos (...,)

- “A intenção de Hegel na Fenomenologia é articular com o fio de um discurso ciéntifico – ou


com a necessidade de uma lógica – as figuras do sujeito ou da consciência que se desenham no
horizonte do seu afrontamento com o mundo objetivo.” (p.10)
- Com a Fenomenologia do Espírito Hegel pretende situar-se para além dos termos da aporia
kantiana, designando-a como momento abstrato de um processo histórico-dialético
desencadeado pela própria situação de um sujeito que é fenômeno para sí mesmo (p.10)

- A Fenomenologia expõe “um sujeito que é fenômeno para si mesmo no próprio ato em que
constrói o saber de um objeto que aparece no horizonte das suas experiências”. Assim Hegel
transfere para o próprio sujeito o que Kant tentou separar em sua Critica da Razão Pura.

- A medida que o sujeito põe se a construir ciência, este incorpora nessa tarefa algo de si
(HEGEL, 1992). *Seria um entendimento do final da introdução da Fenomenologia.

- Hegel capta o contexto de sua época histórica, o momento em que o homem ocidental se
constitui sob o signo da razão, materialmente constituído pelo saber científico.

- Dando razão de sua existência, Hegel anuncia o advento, na história do Ocidente, do individuo
que aceita existir na forma da existência universal, ou da existência regida pela Razão. (p.19)

- “Quando queremos ver um carvalho na robustez de seu tronco, na expansão de seus ramos, na
massa de sua folhagem, não nos damos por satisfeitos se em seu lugar nos mostram uma bolota.
Assim a ciência, que é a coroa de um mundo do espírito, não está completa no seu começo. O
começo do novo espírito é o produto de uma transformação de múltiplas formas de cultura, o
prêmio de um itinerário muito complexo, e também de um esforço e de uma fadiga
multiformes”

- A figura do carvalho utilizada por Hegel (1992) representa o amplo processo


da formação das ciências, cujo percurso há diferentes civilizações, épocas,
modelos, políticas etc.

- O carvalho representa a sistematicidade do pensamento filosófico como


consequência da superação, atualização e síntese de concepções filosóficas
gregas, medievais e modernas.

Notas sobre objetividade e subjetividade

Há uma fórmula sugerida pelo iluminismo em que as ciências físicas eram tidas como
paradigmas do conhecimento, com o qual se podia medir o restante da cultura (objetividade).
Desde o iluminismo as ciências físicas eram consideradas como parâmetros para medir
o conhecimento humano.
Há um mito iluminista que buscava a comensurabilidade de todo o conhecimento
produzido, ou seja, tendo como base uma medida comum, desse modo conservando coerência
interna.

Segundo rorty (1988), o subjetivo é associado a questões irrelevantes ou controversas,


indagações deslocadas que devem ser deixadas de lado pelos discursos racionais. Um segundo
sentido, talvez mais tradicional associa a subjetividade ao que está dentro, ao emocional, ao
fantástico, uma questão de gosto, enquanto objetivo é compreendido como o que está fora, ao
que é possível ser captado pelo intelecto.
O objetivo é associado a uma certeza em si, a uma realidade em si, e o subjetivo a
dúvida proveniente do interior humano incompartilhável.

- Reduz, assim o mundo à dimensão objetivista, reificando-o, concebendo-o como


realidade estática e dada, ocultando as complexas relações sociais e de poder que estão por
detrás de cada fato, de cada significado construído. Limita-se o epistemológico aos efeitos
políticos de uma racionalidade pura, ingênua, uma ilusão que coloca a realidade de modo
coerente, lógico e não contraditório, adquirindo feições estereotipadas ao recusar o caráter
conflitivo, antagônico e complexo do real, sem levar em conta a subjetividade (WARAT, 1982,
2004)

Para o senso comum, “inexiste o diálogo entre ambas as dimensões. Como resultado, a interação
entre elas é conflitiva, dando-se por meio da oposição. Para se aprender a objetividade deve-
se eliminar o subjetivo”. (ROCHA, 2014 p. 17)

Essa concepção de individuo atomista e a-historico de Kant, racionalmente autônomo e


constituído com fim em si, com a capacidade inata de aprender a realidade como ordem prévia
das próprias coisas.

Noção dicotômica entre sujeito dado interpretante de um objeto dado, fazendo o por meio de
uma racionalidade.

Hegel percebe em certo grau as insuficiências que envolvem a oposição entre sujeito e objeto, e
em consequência disso entre objetividade e subjetividade.

Subjetividade e objetividade em Kant

A conceituação filosófica dos termos objetividade e Subjetividade foi especialmente


trabalhada por Kant, que usa a palavra "objetivo" para indicar que o conhecimento científico
deve ser justificável, independentemente de capricho pessoal. Uma justificação será objetiva se
puder, em princípio, ser submetida a prova e compreendida por todos. Diz Kant: "Se algo for
válido para todos os que estejam na posse da razão, seus fundamentos serão objetivos e
suficientes" (8). Aplica a palavra "subjetivo" para os nossos sentimentos de convicção (de
vários graus).

O conhecimento objetivo é aquele centrado no objeto, aquele que não depende do


sujeito que o detém, sua produção advém da objetividade humana – é aquele que gera e
lida com compreensões e explicações (busca verdades) sobre o mundo.

O conceito de objetividade caracteriza a validade de um conhecimento ou de uma


representação relativa a um objeto independente do sujeito que lida ou usa aquele
conhecimento.

A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo interno
é composto por emoções, sentimentos e pensamentos – é aquele que gera e lida com valores e
significados (busca sentido) da nossa presença no mundo.

Na teoria do conhecimento, a subjetividade é o conjunto de idéias, significados e


emoções que, baseados no ponto de vista do sujeito, e portanto influenciados por seus interesses
e desejos particulares. Em oposição, a objetividade produz o que pode ser verificável por
diferentes sujeitos.
Objetividade é a virtude com qual sonha toda ciência e filosofia - a imparcialidade tão
sonhada para com a verdade, a indiferença para com os sentimentos e impulsos mais
dominadores.

HEGEL – DENIS L. ROSENFIELD

A Grécia clássica exercia um fascínio sobre esses jovens, que, com ela, se identificavam. Em
sua vida Hegel jamais abandonará sua admiração pela bela unidade ética da vida grega, onde se
conjugam arte e religião, politica e filosofia. (ROSENFIELD, 2005)

Nesse sentido há de se ressaltar que há no pensamento grego uma certa unicidade do mundo,
diferente do que é tido na modernidade. Como afirma Costa (1998, p. 39): “o mundo moderno
descarta qualquer ideia de unidade ou semelhança entre as coisas. A natureza é feita de
identidades ou individualidades, cuja natureza única deve ser conhecida e que estão separadas
por espaços passíveis de descrição e mensuração. É como se os campos do saber estivessem
organizados da mesma maneira que os elementos de uma pintura numa projeção perspectiva:
cada um ocupando um único e próprio espaço, com distâncias nítidas e conhecidas entre eles”.

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