Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FILIPENSES 2.5-11
UMA DEFESA DA DIVINDADE DE JESUS NA PERSPECTIVA PAULINA
FORTALEZA - CEARÁ
2019
FRANCISCO ADRIANO DOS REIS RIBEIRO
FILIPENSES 2.5-11
UMA DEFESA DA DIVINDADE DE JESUS NA PERSPECTIVA PAULINA
FORTALEZA - CEARÁ
2019
FRANCISCO ADRIANO DOS REIS RIBEIRO
FILIPENSES 2.5-11
UMA DEFESA DA DIVINDADE DE JESUS NA PERSPECTIVA PAULINA
Aprovada em: / /
_______________________________________________________
Prof. Helyannai Herysson Baptista dos Santos. (Membro interno)
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Prof. Ms. Humberto Duarte de Medeiros. (Membro externo)
_______________________________________________________
Observações
AGRADECIMENTOS
Ao Deus trino que por todo esse tempo em sua presença, nos agraciou com muitas
bençãos.
Aos meus primos de Boa Vista/Roraima, Cláudio e Sandra Damasceno que nos
ajudou financeiramente.
Para o Prof. Helyannai Herysson Baptista dos Santos pela paciência e orientação.
Ao Prof. João Evangelista Vieira Júnior nosso diretor executivo do SETADEM pelo
convite e motivação para fazer essa graduação.
Aos membros da banca, Prof. Ms Hermano Moura Campos e Prof. Ms. Humberto
Duarte de Medeiros pelas sábias observações, indagações e análises.
“Há apenas quatros coisas que
contribuem para tornar completa toda a
condição de nosso Senhor Jesus Cristo: a
sua divindade, a sua humanidade, a
conjunção de ambas, e a distinção entre
elas como sendo parte de uma única
coisa.”
Richard Hooker
RESUMO
1 INTRODUÇÃO.
Contudo, vivemos hoje em uma época que essa cristologia tem sido
distorcida e deturpada por tendências modernas, porém, por questionamentos
antigos, assim como antes, originárias de visões teológicas heréticas, sendo,
algumas delas, o ebionismo, gnosticismo, monarquianismo, arianismo,
apolinarianismo, nestorianismo e eutiquismo. Essas heresias tiveram um papel
preponderante no passado, reforçando a igreja criar credos cristológicos. Agora,
com ousadia, sutilidade, aparato gráfico e uma multidão de adeptos, as
Testemunhas de Jeová, que são os arianos contemporâneos, estão anunciando que
Jesus não é Deus, e sim, uma criatura. Fazendo-se necessário criarmos um ponto
específico de defesa para rebater essa heresia em nossos dias.
Seu nome Saulo tem origem hebraica, vem de Saul que passa a ser
Saulo na literatura grega, seu significado é: “Aquele que foi conseguido por meio de
13
orações”. A educação de Saulo começou nos seus cincos anos de idade, os rabinos
ensinavam que o pai seria o principal educador, como salienta em sua obra, Charles
Ferguson (BALL, 1998, p.13).
O fato é que Paulo em alguns momentos de sua vida adulta usaria esse
privilégio de cidadão romano. Tarso era capital da província Ciliciana que hoje é
território da moderna Turquia, uma região marítima relativamente pequena e estreita
14
da Ásia Menor. Um fator importante de Tarso era o seu polo cultural e intelectual,
Ball diz:
dos responsáveis pela morte de Estevão, o primeiro mártir daquela empreitada. Nos
dias posteriores ao esse apedrejamento, a caçada continuava, e Saulo realmente se
tornara um perseguidor ferrenho da igreja.
“Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo:
Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu
no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do
Espírito Santo.” (ALMEIDA, 1993)
“nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas
parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco.
Decorridos três anos, então, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e
permaneci com ele quinze dias” (ALMEIDA, 1993).
Retirou-se para Arábia, dessa lacuna temporal, o teólogo F.F. Bruce
afirma: “Uma resposta comum é que ele foi para o deserto, para refletir sobre sua
nova situação, talvez para ter comunhão com Deus nas proximidades de ‘Horebe, o
monte de Deus’, onde Moisés e Elias tinham estado com ele tempos atrás”.
(BRUCE, 2003, p.76). O Jonh Scott acrescenta:
17
Alguns acham que ele foi pregar, mas outros são convincentes em sugerir
que ele precisava de tempo para meditar, e que Jesus teria revelado a ele
aquelas verdades característica da solidariedade judaico-gentia no corpo de
Cristo que ele depois chamaria de “o mistério” dado a conhecer através de
“revelação”, “ meu evangelho” e “ o evangelho...(que) recebi... mediante
revelação de Jesus Cristo” (STOTT, 1994, p.197)
1
Mapa da Primeira Viagem Missionária de Paulo - Anexo
19
2
Mapa da Segunda Viagem Missionária de Paulo - Anexo
20
Em Trôade, Paulo tem uma visão, indicando que o seu destino seria
pregar o Evangelho em Macedônia. Atos 16:9 registra: “E Paulo teve de noite uma
visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa
à Macedônia, e ajuda-nos.” (ALMEIDA, 1993). Alguns escritores corroboram que
essa foi a mais importante viagem de Paulo, e a sua primeira vez que pregou em
terras europeias. Jonh Stott diz:
O Apóstolo dos gentios, pisa pela primeira vez nessas terras e segue
imediatamente para Filipos. Apesar de humilhações e maltratos em Filipos,
prosseguiram a viagem rumo a Tessalônica, depois partem para Beréia, sendo
perseguidos e temendo confusões Paulo viaja para Atenas. Ao chegar prega para os
atenienses, O pastor Esdras Costa escreve seu artigo diz:
21
3
Mapa da Terceira Viagem Missionária de Paulo - Anexo
22
Num período de três anos Paulo esteve em Éfeso, tornando a maior igreja fundada
pelo apóstolo. Agora Paulo, estava planejando uma nova missão, chegar à capital
do Império, Roma. O texto de Atos 19.21b diz: “importa-me ver também Roma”.
(ALMEIDA, 1993). Ao despedir dos irmãos de Éfeso, Paulo viaja à Macedônia.
Será que Paulo foi libertado depois dos dois anos mencionados por Lucas
(v.30)? é certo que ele esperava por isso. As cartas pastorais dão evidencia
nesse sentido, pois ele reassumiu suas viagens por mais dois anos, antes
de ser preso novamente, julgado, condenado e executado em 64 d.C.
(STOTT, 1994, p. 456-457)
Não teria sido Paulo apenas um vulto que ajudou a firmar a igreja e a
expandir o evangelho, mas que ficou para trás neste nosso mundo de tantas
concessões, sabendo-se principalmente de seu rigorismo e ascetismo?
Talvez alguns assim pensem, no entanto entendemos que Paulo é
extremamente atual. Não apenas isso. É relevante e contemporâneo, pois
alguns aspectos que ele focaliza são vividos hoje pela igreja. A ênfase
antropocêntrica de nosso tempo torna imperioso para a igreja atual o estudo
dos escritos paulinos. [...] Paulo, ao contrário, é contemporâneo porque
seus princípios não permaneceram confinados ao contexto cultural da
época e é relevante porque suas palavras ainda têm valor no mundo de
hoje. Há uma questão mais a mencionar. Não consideramos os escritos de
Paulo registrados no Novo Testamento simples opiniões pessoais, teses
sociológicas ou mesmo conceitos culturais restritos, todos, a uma época.
Nós os entendemos como Palavra de Deus, e é nessa direção que
caminhamos. Os escritos de Paulo integram as Escrituras Sagradas, são
parte da Bíblia e, portanto, inspirados por Deus. (REGA, 2009, p. 18-19)
24
Roy B. Zuck (2010) em seu livro a Teologia do Novo Testamento, faz uma
definição da importância do legado literário de Paulo para as igrejas que fundara e,
por conseguinte, sobressaindo no cânon posteriormente, segundo ele: “Paulo
escreveu essas epístolas por ser pastor fundador e estar preocupado com o bem-
estar das igrejas plantadas por meio de seu ministério.” (ZUCK, 2010, p. 271).
Salientamos que a ordem que segue na Bíblia está relacionada a
extensão, o tamanho do volume e não a sua data cronológica que foram escritas.
Romanos:
1 Coríntios:
2 Coríntios:
26
Gálatas:
Efésio:
Uma das quatros cartas escritas por Paulo na prisão em Roma no ano 62
ou 63 (ZIBORDI, 2015, p.22). Sua abordagem tem temas fundamentais, a unidade
da igreja, tornando os judeus e gentios um só em Cristo, a importância de viver
diferente e ser blindado com a armadura de Deus. Seu versículo chave é Efésios 1.3
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com
toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (ALMEIDA, 1993).
Filipenses:
27
Colossenses:
1 Tessalonicenses:
2 Tessalonicenses:
1 Timóteo:
Uma das três cartas pastorais de Paulo, as outras são: 2 Timóteo e Tito.
Essa primeira carta ao jovem Timóteo, o qual estava pastoreando a Igreja de Éfeso,
teve um caráter instrutivo para sua liderança pastoral. O Apóstolo Paulo escreve
essa carta no ano 64 ou 65 d.C., na Macedônia (ZIBORDI, 2015, p.21). Diante do
desafio de combater as falsas doutrinas ensinadas por algumas pessoas naquela
igreja, encorajando Timóteo, ao ensinar que evitasse os discursões vãos e que
visasse “ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem
hipocrisia.” 1 Timoteo 1.5 (ALMEIDA, 1993).
2 Timóteo:
Nessa segunda carta, ao seu amado filho na fé, Timóteo. Paulo encontra-
se na prisão em Roma em 67 d.C. Ciro Sanches salienta: “trate-se da derradeira
carta de Paulo e contém suas ultimas palavras escritas e muitas instruções valiosas”
(ZIBORDI, 2015, p.23). Agora o velho soldado estava fortalecendo o jovem que o
sucederia, no decorrer dos quatros capítulos, Paulo pontua várias incumbências a
Timóteo e finaliza citando algumas pessoas que eram próximas a ele naqueles
momentos finais.
Tito:
Filemom:
Neste capítulo, vamos de encontro com um dos textos mais importante para a
defesa de Cristo, em Filipenses 2.5-11. Mas antes conheceremos a história da
cidade de Filipos, a chegada de Paulo na primeira cidade europeia, estabelecendo
anos depois como uma igreja muito importante para o Apóstolo; de sua prisão em
Roma escreve uma carta da qual tem esse texto que decorremos. Abordaremos, o
hino cristológico que alguns defende que Paulo incluiu e até mesmo seja o próprio
autor, através de uma síntese textual, mostraremos que a divindade e humanidade
de Jesus está contida em suas linhas. Ressaltaremos uma discursão sobre a
kenosis nos séculos XIX e XX, um entendimento equivocado do esvaziamento de
Cristo e finalizaremos trazendo um relato do que aconteceu em Calcedônia que
promulgou a União Hipostática.
A cidade de Filipos, que teve como seu fundador Filipe II, pai do
Alexandre o Grande, que ano 360 a tirou do domínio tracianos. (LOPES, 2007, p.
14). Sua história está registrada num dos acontecimentos mais significativos para o
Império Romano, a vitória dos comandantes Otávio e Marcos Antônio contra os
rebeldes Brutus e Cassius, posteriormente tornando uma colônia e
consequentemente usufruindo de direitos legais como qualquer cidadão de Roma.
De acordo com William em seu livro aponta que:
3.1.2 Autoria
A igreja estava sob ataque também pelo perigo dos falsos mestres (3.2). O
judaísmo e o perfeccionismo atacavam a igreja. Paulo os chama de
adversários (1.28), inimigos da cruz de Cristo (3.17). Os judeus buscavam e
esperavam obter justiça; Paulo fixa os seus olhos em alvos diferentes e
34
anseia por ganhar a Cristo. Esses falsos mestres viviam como inimigos da
cruz - em seu comportamento, deificando seus apetites, honrando valores
vergonhosos, só pensando nas coisas deste mundo. (3.19). Paulo tem que
lidar também com missionários gnósticos perfeccionista. (LOPES, 2007, p.
23-24).
O texto ainda evidencia a palavra forma, sugerindo ser aquilo que tem
um aspecto, uma semelhança. Por outro lado, em relação a Deus, sua definição de
fato, refere-se à forma imprescindível da divindade, ao continua seu raciocínio
escritor Hernandes Dias descreve:
Silas Daniel ao tratar a respeito: “Essa teoria não erra ao afirmar que
houve ekenosen, mas erra ao tentar definir o que teria sido a ekenosen.” (DANIEL,
2010, n.p). Salienta ainda que a Kenosis aconteceu, mas não como os teólogos
kenoticistas dizem. Nas palavras de Macleod: “Na verdade, muito da linguagem do
kenoticismo é monofisita, partindo da premissa de que a ideia de duas consciências
e duas mentes e duas vontades em uma pessoa são simplesmente absurdas.”
(MACLEOD 2007, p. 226). Também decorrendo sobre as críticas a essa corrente
teológica:
Ele não trocou a sua natureza divina pela natureza humana, mas renunciou
às prerrogativas inerentes de sua divindade para assumir 100% as
prerrogativas humanas. Ele não fez de conta que era homem. Ele foi 100%
homem, como era 100% Deus. (CABRAL, 2013, p.65).
Ele assumiu a forma de servo, Ele serviu.[...] Ele, de fato, foi servo! A única
pessoa no mundo que tinha razão de fazer valer os Seus direitos, os
renunciou.[...] Jamais algum servo serviu com mais imutável lealdade,
abnegação, devoção e irrepreensível obediência do que Jesus.[...]. O que
Paulo quer dizer quando afirmou que Cristo Jesus se tornou em
semelhança de homens e foi reconhecido em figura humana? Aquele que
era em forma de Deus e era igual a Deus desde toda a eternidade tomou a
forma de um homem num particular momento da história.[...] Ele continuou
subsistindo em forma de Deus em Sua natureza essencial a despeito de
Sua encarnação. Ele conservou a natureza essencial de Deus mesmo
depois de se tornar à semelhança de homens. (LOPES, p, 130).
em sua apreciação, não viram nele mais que um mero ser humano, igual a
eles em muitos aspectos[...] Mas, ainda que estivessem certos em
reconhecer sua humanidade, estavam errados em dois aspectos:
Rejeitaram a. sua humanidade impecável e b. sua deidade. E ainda que
toda sua vida, particularmente suas palavras e atos poderosos,
manifestasse “a divindade velada na carne”, todavia, de um modo geral,
rejeitaram suas reivindicações e o odiaram ainda mais por causa delas (Jo
1.11; 5.18; 12.37). Cumularam-no de escárnio, de forma que “era
desprezado e o mais rejeitado entre os homens ...” (Is 53.3).[...] Além do
mais, sua obediência não conheceu limites: até à morte. Nessa morte ele,
atuando tanto como Sacerdote quanto como a oferta pela culpa, deu-se a si
mesmo como um sacrifício expiatório pelo pecado (Is 53.10). Por isso, essa
morte não foi uma morte comum, mas foi como disse Paulo: morte numa
cruz. (HENDRIKSEN, 2005, p.481-482).
Por todos esses aspectos é importante citar 1 Pedro 2.24 que diz:
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para
que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes
sarados. (ALMEIDA, 1993). “A morte de cruz foi o clímax da humilhação que Jesus
suportou, constituindo-se na vergonha maior que um condenado podia passar.”
(CABRAL, 2013, p.66). Ao enfrentar o calvário e a dolorosa morte na cruz, Jesus
desceu o ponto mais baixo da humilhação, mas Paulo faz uma transição ao terminar
o hino com a sua exaltação nos versículos 9 a 11, vale destacar o que Hernandes
diz a respeito:
“Fica claro que essa elevação de Jesus não foi a restituição da natureza
divina, porque Ele jamais a perdeu, mas foi a restituição da gloria eterna
que tinha com o Pai antes que houve mundo, da qual voluntariamente havia
se despojado (Jo 17.5,24)” (LOPES, p, 135).
E assim ele completa a menção do nome que está acima de todo nome: e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus o
Pai. Conferir Isaías 45.23; Romanos 14.11. Não só renderão plena
reverência, mas, ao agirem assim, também reconhecerão e proclamarão
publicamente o soberano senhorio de Jesus. Confessarão que JESUS
CRISTO (é) SENHOR, KYPIOS IHSOYS XPISTOS. (HENDRIKSEN, 2005,
p.488).
O pastor Elienai conclui: “O cristianismo só tem valor por aquilo que crê. A
confissão de que Jesus Cristo é o Senhor se constitui no ponto convergente da
igreja” (CABRAL, 2013, p. 70). Conseguinte, Hendriksen traz algumas questões
conclusivas das quais destacamos essa:
d.C, Constantinopla no ano 381 d.C, Éfeso em 431 e Calcedônia 451. ( SHELLEY,
2018, p.137). Franklin Ferreira ratifica:
Nos primeiros cinco séculos, os pais da igreja lutaram para entender quem
é Jesus Cristo, como revelado nas Escrituras. Ele é Deus? Ele é humano de
fato? Como Jesus pode ser tanto humano como divino? Como essas duas
naturezas se relacionam na pessoa de Cristo? Em vários concílios ocorridos
nesta época, a igreja chegou a conclusões que se tomaram padrão para a
fé cristã. (FERREIRA apud MYATT, 2007, p. 486)
Ele escreve, " demonstra que a Palavra de Deus foi kath’ hypostasin, unida
à carne. Contudo, há dúvida sobre se Cirilo dava muita importância a esse
termo. Um dos seus editores mais recentes, Lionel R. Wickham, argumenta,
por exemplo, que embora ele tenha inventado, "o termo não era para ele um
termo técnico, ele o abandonou rapidamente. É certamente duvidoso se
Cirilo o usou com a precisão que ele veio a possuir mais tarde. Wickham,
por exemplo, traduz kath' hypostasin como "substancialmente" na
passagem da Segunda carta a Nestório citado anteriormente, e isso é
justificado pelo fato de que Cirilo não esboçou uma distinção exata entre
hypostasis e physis. Se a união era uma kath' hypostasin ela tambem era,
como vimos, uma união de mia physis. ( MACLEOD, 2007, p. 203 )
Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que
se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo,
perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade;
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma
racional e de corpo, consubstancial (homoousios) ao Pai, segundo a
divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo
semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo
Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a
humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria,
Theotokos [“mãe de Deus”]; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor,
45
O termo "união hipostática" resume três verdades: que Cristo é uma pessoa;
que a união entre suas duas naturezas surge do fato de que elas pertencem
a uma e mesma pessoa; e que essa pessoa, o Filho de Deus, é o agente
por detrás de todas as ações do Senhor, o Locutor de todas suas elocuções
e o Sujeito de todas as suas experiências.
Um grupo de leitores que ele tem vista não convencido de que Jesus era
Deus em sentido pleno. Para esse grupo, o autor destaca que a vida de
Jesus só pode ser explicada pelo fato de que, em Cristo, o verbo eterno de
Deus foi encarnado.[...] no entanto, João tinha outros leitores que
precisavam ser convencidos da plena humanidade de Cristo, e estes
evidentemente consideravam Cristo uma aparição de Deus sobre a terra em
forma humana, mas sem carne e sangue reais. (SHELLEY, 2018, p.p, 66-
67).
lei e os costumes judaicos, eram hostilizados tanto por judeus quanto pelos
cristãos. (SOARES, 2008, p. 64)
ser de Deus, mas por um ato de criação de sua parte, i.e., deve ter sido
chamado à existência do nada" (CAMPOS, 2003, p. 143)
Nestório, ensinou que Maria não era "Mãe de Deus" (theotokos), afirmando
que Maria não deu à luz o verdadeiro Deus. Antes, ela deu à luz o Jesus
humano, cuja humanidade - embora unida ao Logos divino - devia ser
entendida como separada e distinta de sua natureza divina. Para Nestório,
ocorreu em Cristo uma união mecânica de suas duas naturezas.
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488)
Salienta ainda “o que se passa numa geração, no final das contas, volta
aparecer em outra geração. O nome ou rótulo da heresia pode mudar, mas
provalvelmente o erro é o mesmo cometido...” (MCGRATH, 2014, p. 6).
cita: " Contando com mais de 110 filiais e congêneres espalhadas mundo afora, a
Torre de Vigia imprime milhões de publicações, entre livros, revista, folhetos,
brocuras etc., em mais de 480 idiomas." (MENESES, 2009, p.46)
" 1. Os russelitas dizem que Jesus não é Deus porque existem coisas que
ele não sabe. Esse argumento da STV é com base em Mateus 24.36, que
diz: "Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o
Filho, mas unicamente meu Pai". Os melhores manuscritos não constam a
expressão: "nem o Filho, mas não pro isso que vamos deixar de acreditar
na autencidade do texto.[...] 2. Segundo os russelitas, Jesus disse ser
inferior ao Pai, logo não pode ser ele Deus. A STV ensina isso baseada em
João 14.28, que diz: Ouviste que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se
me amásseis, certamente exultarieis por ter dito: Vou para o Pai; porque o
Pai é maior do que eu". Os arianistas se apegaram com muita garra nesse
versiculo para negar a divindade de Cristo, [...] A humanidade de Cristo, ou
seja, está subordinação ao Pai dirigida pelo Espirito Santo, foi uma condição
para o seu messiado, e isso não neutraliza a sua deidade.[...] 3. Os
russelitas argumentam que Deus nunca foi visto por alguém, o Filho foi, logo
ele não pode ser Deus. As "testemunhas de Jeová" baseiam esse
argumento em João 1.18, que diz: "Deus Nunca foi visto por alguém. O
54
Filho Unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer". [...] e o texto
aqui diz que Deus nunca foi visto por homem algum.[...] 4. Como o Filho
pode ser Deus visto que a Bíblia diz que Deus é a Cabeça de Cristo? A STV
se utiliza desse argumento dando uma falsa e inconsistente interpretação
ao texto de 1 Corintios 11.3, que diz: "Mas quero que saibais que Cristo é a
cabeça de todo varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de
Cristo" Este texto diz que o Pai dirigiu o Filho, e Cristo dirige o homem e o
homem a mulher.[...] 5. O próprio Filho se sujeitará ao Pai na eternidade. As
"testemunhas de Jeová", aqui se baseim num texto que a primeira vista
parece prejudicar a divindade do Filho, o texto diz: "E, quando todos as
coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará
aquele que todas as coisas lhe sujeitou, para deus seja tudo em todos"(1 Co
15.28).[...] A sujeição não é a do Filho como Filho, mas como Filho
encarnado e assim não envolve a desigualdade da essência e da
natureza.[...] (SILVA, 1991, p.p 143-147)
6. Dizem os russelitas que Jesus não pode ser Deus porque é chamado na
Bíblia de o "primogênito da criação de Deus", e assim não é eterno, mais
criatura. Esse pensamento está baseado numa interpretação errada de
Colossenses 1.15, que diz: "O qual é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação". O texto diz que Jesus é o primogênito de
toda a criação e não o primogênito de Deus.[...] 7. Os russelitas dizem que
Jesus não é Deus porque é criatura.[...] A STV baseia essa doutrina
asquerosa em apenas dois versículos da Bíblia, um já vimos, que é
Colossenses 1.15,[...] e o outro é Apocalipse 3.14, que diz: "E ao anjo da
igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o princípio da criação de Deus". O texto aqui não diz que Jesus
é criatura, mas " o principio da criação de Deus".[...] 8. Os russelitas dizem
que Jesus não é Deus porque ele mesmo disse que ninguém é bom se não
o Pai.[...] Mas por que Jesus disse ao mancebo de qualidade: "Por que me
chamas bom?" Ora Jesus queria que o Pai fosse glorificado juntamente com
ele, foi por isso que Jesus disse: "Ninguem é bom, se não um, que é Deus"(
Lc 18.19).[...] 9. Os russelitas dizem que Jesus é distinto do Pai, logo ele
não pode ser Deus. Eles se baseiam em João 17.3, que diz: "E a vida
eterna é esta, que conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste".[...] O texto ensina o monoteísmo judaico-cristão
sem prejudicar em nada a doutrina da Trindade e da Deidade do Filho.
(SILVA, 1991, p.p 147-150)
55
Mantenham a mesma atitude que Cristo Jesus teve, embora ele existisse
em forma de Deus, não pensou numa usurpação, isto é, em ser igual a
Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo que tinha, assumiu a forma de
escravo e se tornou humano. Mais do que isso, quando veio como homem,
ele se humilhou e se tornou obediente a ponto de enfrentar a morte, sim,
morte numa estaca. Por essa razão, Deus o enalteceu a uma posição
superior e lhe deu bondosamente o nome que está acima de todo outro
nome, a fim de que, diante do nome de Jesus, se dobre todo joelho dos que
estão no céu, na terra e debaixo do chão e toda língua reconheça
abertamente que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai.
(TRADUÇÃO NOVO MUNDO, 2018, p. 1626, 1627)
(MENESES, 2009, p.112). Para reforçar alegam que a Tradução Novo Mundo é a
melhor no ponto de vista contextual, afirmam:
O qual, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era
algo a que devia apegar-se (NVI). Pois ele, subsistindo em forma de Deus,
não julgou como usurpação o ser igual a Deus (ARA). Ele tinha a natureza
de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus (NTLH). Ele tinha a condição
divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar
ciosamente (BJ). Embora ele fosse Deus na sua natureza real, ele não
pensou que ser igual a Deus era algo para utilizar para seu próprio benefício
(VF). Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus
(BP). Ele, que é de condição divina, não considerou como presa a agarrar o
ser igual a Deus (TE). Pois ele, que por sua natureza sempre foi Deus, não
se apegou a seus privilégios como alguém igual a Deus (CH). Ele, existindo
na condição divina, não ambicionou o ser igual a Deus (CNBB). (MENEZES,
2009, p. 113)
Tanto no período em que ela era dirigida pelo "pastor" Russell como
depois, e até hoje, a razão tem sido sempre o "grande deus" ante o qual
todos os seguidores do movimento "Estudante da Bíblia" dizem inclinar-se
com grande respeito. Aliás, o "grande parafraseador", como Russell certa
vez foi chamado, chegou ao ponto de afirmar que a razão, ou a capacidade
de pensar e tirar conclusões, podia desvendar ao intelecto do homem o
caráter do próprio Deus. [...] Russell afirma que Deus se acha sujeito ao
nosso raciocínio. (MARTINS, 1992, p. 70).
Deus não está querendo dizer com isso que, no processo de busca do
conhecimento, o homem deva pôr de lado a razão e o intelecto. Ele afirma,
isso sim, que ninguém pode conhecer a plenitude da sua mente, da
natureza e dos pensamentos do Senhor, já que o homem é finito e Deus
infinito. (MARTINS, 1992, p. 71).
Alister na mesma página vai costurar uma verdade que está fora do
espectro das Testemunhas de Jeová, ao invocarem a razão tudo que não se
consegue explicar, ele vai dizer: “A doutrina, então, de uma vez por todas preserva
os principais mistérios no cerne da fé e vida cristã, enquanto permite que sejam
examinados e explorados em profundidade. (MCGRATH, 2014, p.39)
como Filipenses 2.5-11 tem a defesa mais pungente, certeira e inspiradora que o
Apóstolo Paulo escreveu. Hino cristológico e os credos são merecedores de que
nossos estudiosos se comprometem em estuda-los cada vez mais em frente aos
inimigos de Cristo.
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda há outros textos paulinos que permeiam esse tema, que, para os
nossos dias, podemos defender essa verdade transcendente, real, necessária e
importante, a saber, que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem.
63
REFERÊNCIAS
REGA, Lourenço Stelio. Paulo e sua Teologia. São Paulo: Editora Vida, 2009.
65