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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

ANDRÉ CALCAGNITI PADILHA


BEATRIZ DE MACÊDO ZERO
DANIEL JOSÉ ZAQUEU
DANIELA MOREIRA DOS SANTOS VITORINO
MÁRCIA MARIA MEDEIROS DE CARVALHO
MARINILSON DE OLIVEIRA REIS
SUZE MARA GOMES

Jogos no ensino de Grandezas e Medidas e Unidades de Medida


nos anos finais do Ensino Fundamental II (9º ano)

Apresentação do Projeto Integrador:

< https://prezi.com/view/7zSPzFQxAmWgzyiHXkd3/>

Araras – SP
2019

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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

O trabalho com grandezas e medidas por meio de um jogo: uma


possibilidade de atuação para o professor de Matemática

Relatório Técnico-Cientifico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso de
Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática da
Fundação Universidade Virtual do Estado de São
Paulo (UNIVESP).

Tutora: Carla Vital

Araras - SP
2019
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PADILHA, André Calcagniti; ZERO, Beatriz de Macêdo; ZAQUEU, Daniel José;
VITORINO, Daniela Moreira dos Santos Vitorino; CARVALHO, Márcia Maria
Medeiros de; REIS, Marinilson de Oliveira; GOMES, Suze Mara. O trabalho com
grandezas e medidas por meio de um jogo: uma possibilidade de atuação para
o professor de Matemática. 00f. Relatório Técnico-Científico (Licenciatura em
Ciências Naturais e Matemática) – Universidade Virtual do Estado de São Paulo.
Tutora: Carla Vital. Polo Araras, 2019.

RESUMO

O presente projeto integrador aborda uma possibilidade de trabalho sobre grandezas


e medidas e suas respectivas unidades padronizadas por meio de um jogo, com a
hipótese inicial de que se trata de um recurso concreto que poderia auxiliar na
aprendizagem dos alunos do ensino fundamental II – especificamente no 9º ano, um
período destacável, visto que se trata de uma transição de etapa de ensino (do
ensino fundamental para o ensino médio). Para a seleção do jogo em questão,
buscou-se descobrir quais conhecimentos prévios esses alunos possuíam sobre
grandezas e medidas, bem como se analisou entre os diversos tipos de jogos, qual
seria o mais apropriado para trabalhar esse conteúdo, além de apresentar um
desafio e proporcionar a motivação para resolvê-lo.

PALAVRAS-CHAVE: Grandezas e medidas; jogos; recurso didático; material


manipulável.

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PADILHA, André Calcagniti; ZERO, Beatriz de Macêdo; ZAQUEU, Daniel José;
VITORINO, Daniela Moreira dos Santos Vitorino; CARVALHO, Márcia Maria
Medeiros de; REIS, Marinilson de Oliveira; GOMES, Suze Mara. The work with
greatness and measures through a game: a possibility of acting for the teacher
of Mathematics 00f. Technical-Scientific Report (Bachelor in Natural Sciences and
Mathematics) – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Adviser: Carla Vital.
Polo Araras, 2019.

ABSTRACT

This work addresses a possibility of working on quantities and measures and their
respective units standardized through a game, with the initial hypothesis that it is a
concrete resource that could aid in the learning of elementary school students II -
specifically in the 9th year, a period that is detachable, since it is a transition from the
teaching stage (from elementary to secondary). For the selection of the game in
question, it was sought to find out what previous knowledge these students
possessed on magnitudes and measures, as well as analyzed among the different
types of games, which would be the most appropriate to work on this content,
besides presenting a challenge and provide the motivation to solve it.

KEYWORDS: Quantities and measures; didatic resource; manipulable material.

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SUMÁRIO

1. Introdução......................................................................................................5
1.1 Problemas e Objetivos.....................................................................................6
1.2 Justificativa da escolha do jogo e do fundamental teórico...............................8
2. Fundamentação Teórica................................................................................9
3. Materiais e Métodos Empregados...............................................................10
4. Considerações Finais...................................................................................19
5. Referências Bibliográficas...........................................................................21

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1. Introdução

A Matemática está presente em diversas situações e contextos sociais e, além de


sua função como matéria compositiva do currículo escolar, tem um papel
extremamente necessário na educação básica para que o cidadão em formação
possa atuar no meio em que vive, bem como conseguir resolver problemas em seu
dia a dia. Entre os diversos conteúdos dessa disciplina, encontram-se as grandezas
e medidas.
Grandezas podem ser definidas como as propriedades que nos permitem medir
fenômenos, corpos ou substâncias (CREASE, 2011). Essas propriedades podem ser
expressas em forma quantitativa, e categorizadas como escalares, vetoriais e
físicas. São comumente confundidos objetos ou fenômenos com grandezas físicas:
por exemplo, a água não é uma grandeza física; no entanto, sua temperatura de
condensação, densidade, condutividade, volume e entalpia são.
Medidas, de forma resumida, podem ser definidas como processos experimentais
que permitem obter dados que caracterizam certa grandeza. Já a unidade de
medida está associada aos diferentes tipos de grandezas: através de um processo
de medição e com a definição de um tamanho unitário previamente definido,
podemos “calcular” a magnitude de uma grandeza física (CREASE, 2011). Como
exemplos de medidas, podemos citar algumas unidades padronizadas, localizadas
em instrumentos (como réguas, trenas, fitas métricas), e em distâncias e volumes
(como quilômetros e pesos).
A Matemática e o conteúdo indicado (grandezas e medidas) podem auxiliar nas
vivências dos indivíduos – especialmente quando estão no processo de
escolarização e atuarão no mundo do trabalho futuramente, como é o caso dos
alunos do 9º ano – foco do presente trabalho -, que se encontram em transição para
o ensino médio.
D’Ambrósio (1996, p. 7 e 8) ressalta a importância dessa disciplina para a vida
social:

Vejo a disciplina matemática como uma estratégia desenvolvida pela espécie


humana ao longo de sua história para explicar, para entender, para manejar e
conviver com a realidade sensível, perceptível, e com o seu imaginário,
naturalmente dentro de um contexto natural e cultural. Isso se dá da mesma
maneira com as técnicas, as artes, as religiões e as ciências em geral. Trata-se
da construção de corpos de conhecimento em total simbiose dentro de um
mesmo contexto temporal e espacial, que obviamente tem variado de acordo
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com a geografia e a história dos indivíduos e dos vários grupos culturais a que
eles pertencem – famílias, tribos, sociedades, civilizações. A finalidade maior
desses corpos de conhecimento tem sido a vontade, que é efetivamente uma
necessidade, desses grupos culturais de sobreviver no seu ambiente e de
transcender, espacial e temporalmente, esse ambiente.

Outro importante aspecto nessa reflexão é a formação de professores de


matemática: é necessário que tais professores em formação (licenciandos) - como é
o caso dos protagonistas desse projeto - tenham acesso a um repertório de
estratégias de ensino, além do domínio efetivo do conteúdo que será ensinado. Para
García Blanco (2003 p. 71): “O que deve conhecer o professor de matemática está
relacionado com os contextos e situações em que ele irá utilizar tal conhecimento,
isto é, com atividades, objetivos educacionais e contextos de ensino da matemática”.
Nesta direção, para a efetivação deste projeto e sua concepção como um
importante elemento da formação inicial dos componentes que o elaboraram
(licenciandos e autores), tanto o contexto de aplicação (escola selecionada) quanto
o processo de elaboração e planejamento, foram fundamentais, visto que
promoveram um aprofundamento de ideias por meio das leituras realizadas, uma
busca e conhecimento de novos recursos de ensino (visto que há uma variedade de
jogos), o que consequentemente foi fundamental para nosso crescimento e
desenvolvimento acadêmico, além da integração de disciplinas já realizadas (como
Didática) – resultando na percepção da formação como um processo em que a
integração de todos os elementos é necessária para tornar-se professor.

1.1 Problema e objetivos

O presente Projeto Integrador tem como objetivo principal a utilização e


aplicação de jogos no ensino de Grandezas, Medidas e Unidades de Medida nos
anos finais do Ensino Fundamental II, particularmente no 9º ano.
Na perspectiva de grandezas e medidas, esse conhecimento é, naturalmente,
essencial para a vida prática do indivíduo. Deparamo-nos frequentemente com
simbologias, referências, comparações e decisões que envolvam algum tipo de
grandeza, medida ou unidade de medida. Unidades monetárias, grandezas de
altura, comprimento, temperatura, massa são apresentadas para os indivíduos de
uma sociedade desde os primeiros anos de vida. Afinal de contas, a imagem de uma

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criança ansiosa em saber o quanto “sua altura” aumentou em um ano é muito
frequente em nossas vidas.
No entanto, não é raro encontrar alunos que frequentam os últimos anos do
Ensino Fundamental sem o conhecimento necessário do tema grandezas e
medidas. E, por mais desconecto que pareça, muitos deles veem diversas
grandezas e medidas em outras disciplinas sem terem sido previamente
apresentados ao conceito e definição do tema.
O ensino de matemática é considerado um elemento desafiador para
professores e sua aprendizagem vista como algo desagradável ou dificultoso para
diversos alunos – principalmente aqueles que compreendem a matemática como
algo aversivo, resultando na matofobia (PAPERT, 1988).
Esse problema, de certa forma crônico, possui diversas causas raízes: falta de
interesse por parte dos alunos, metodologia utilizada pelo professor muito distante à
realidade da sala, didática escolhida de forma indevida, entre outros. Até mesmo o
próprio sistema educacional não dá o devido tratamento ao tema, como pontuam
Lima e Bellemain (2010):
Contudo, ainda há livros nos quais o estudo das grandezas e medidas
aparece concentrado nos últimos capítulos da obra, e isso contribui, muitas
vezes, para que esses conteúdos não sejam estudados durante o ano
letivo. Além do mais, vários livros apresentam exclusivamente as unidades
padronizadas de medição de grandezas. Outros dedicam excessiva
importância à conversão de unidades de medida. Em alguns casos, nos
primeiros anos do Ensino Fundamental, é dada atenção precoce às
fórmulas de cálculo de perímetro e de área de figuras planas. (LIMA E
BELLEMAIN, 2010, p. 168).

Outro ponto que impacta na aprendizagem de grandezas e medidas é que é


comum que os alunos não tenham uma boa apresentação do tema nos anos iniciais
de aprendizado, principalmente pelo fato de que os professores cumprem
exclusivamente o que consta nos materiais didáticos, sem um planejamento
detalhado das aulas que abordam o tema. Isto vai contra a proposta dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que dizem:
O professor, ao organizar as atividades que envolvam Grandezas e
Medidas, deverá levar em conta que o trabalho com esse tema dá
oportunidade para abordar aspectos históricos da construção do
conhecimento matemático, uma vez que os mais diferentes povos
elaboraram formas particulares de comparar grandezas como comprimento,
área, capacidade, massa e tempo. Assim também, o estudo das estratégias
de medidas usadas por diferentes civilizações pode auxiliar o aluno na

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compreensão do significado de medida. Além disso, possibilita discutir a
temática da pluralidade cultural. (BRASIL, 1998, p. 129).

No entanto, apesar da abordagem precária dada ao tema, o mesmo possui uma


grande riqueza de interdisciplinaridade. Ângela Maria da Silva Godoi (2008- 2009)
faz uma excelente conexão entre o tema matemática e a história de antigas
civilizações:
Quando o homem começou construir habitações e a desenvolver a
agricultura, precisou criar meios de efetuar medições e começaram a usar
como referência parte do corpo, surgindo, assim, as primeiras medidas de
comprimento: a polegada, o pé, a jarda, a braça e o passo. Algumas dessas
medidas (a polegada, o pé, a jarda) continuam sendo empregadas até hoje.
(GODOI, 2008-2009, p. 3).

Por se tratarem as grandezas e medidas de um conteúdo específico de tal


disciplina (Matemática) e encontradas na vida cotidiana dos alunos, é necessário
que o professor utilize recursos e estratégias que propiciem e facilitem o processo
de aprendizagem dos alunos. Através deste Projeto Integrador, procuraremos
desenvolver um recurso estratégico, que é o jogo educacional da “Damas das
Grandezas e Medidas”, que auxiliará no ensino da matéria e de suas respectivas
unidades padronizadas. De forma generalizada, nosso estuda será um subsídio para
a análise de jogos educacionais como para a contribuição para o ensino de um
conteúdo matemático, e a avaliação dos resultados da aplicação de um jogo para o
ensino das grandezas e medidas.

1.2 Justificativa da escolha do jogo e do fundamental teórico

A justificativa para a elaboração do projeto e na escolha do recurso


metodológico de ensino (jogo), do público-alvo para aplicação do recurso (alunos do
9º ano) e do referencial teórico a ser adotado (quais autores direcionariam o
trabalho) levou em consideração uma série de reflexões:
I) Selecionamos um jogo que proporcionasse um trabalho efetivo com o
conteúdo em questão (grandezas e medidas), visando conseguir a motivação e
atenção dos estudantes.
II) Nosso público-alvo (alunos de 9º ano) pode ser encontrado em escolas
públicas e particulares. Optamos pelo primeiro caso por ser uma grande
possibilidade de trabalho futura (visto que muitos professores de matemática atuam
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nessas instituições) e por considerarmos uma responsabilidade social trazer nossa
contribuição. É também uma devolutiva de nossos estudos e formação para tais
locais (onde também se encontram uma série de problemáticas a serem
solucionadas, como desigualdades sociais, ausência de recursos físicos e
estruturais, má qualidade do ensino em muitos casos, assim como concebemos ser
um direito do aluno ter acesso a uma educação de qualidade e podermos auxiliar na
efetivação deste caso).
III) Para a escolha dos autores que direcionariam nossa reflexão e adoção de
conceitos teóricos, selecionamos D’Ambrósio (1996) por abordar a Etnomatemática
como um caminho didático que atende a outros modelos culturais para o ensino de
matemática e Brito (2006) para explorar a importância da motivação na resolução de
problemas.

2. Fundamentação Teórica

Após a definição do tema “Grandezas e Medidas” e do estudo das principais


problemáticas do ensino deste conteúdo, pesquisamos referências sobre jogos
educacionais e suas aplicações no cotidiano de sala de aula, procurando
norteadores que nos auxiliassem na elaboração da proposta do jogo e como
concretizar as suas aplicações.
A aplicação de Jogos Educacionais pode ser definida como o processo de
elaborar jogos específicos para ensinar um determinado assunto, expandir algum
tipo de conceito e reforçar desenvolvimento e entendimento sobre determinados
eventos (HARLOW, 1949). Estes jogos têm como principal objetivo passar às
crianças algum fundamento, seja ele técnico, ético ou de valores de vida. Podendo
ser apresentados de variadas formas, vêm sendo muito usados por educadores.
Do ponto de vista da neurociência, e de acordo com pesquisa realizada por
Godden e Baddeley (1975), um aprendizado proveniente de treinamentos é
diretamente relacionado à habilidade treinada e o contexto do treinamento. Na área
educacional, é interessante que o aprendizado se estenda além do treinamento
específico. Exemplificando no campo da Matemática, é mais interessante que o
aluno consiga utilizar o raciocínio matemático para a resolução de problemas fora de
sala de aula do que apenas utilizar operações e fórmulas prontas nos contextos e
exercícios vistos em sala.
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É importante ressaltar também a importância da utilização de jogos educacionais
nas últimas décadas: estes começaram a ser utilizados de forma educativa
principalmente com o rompimento dos paradigmas tradicionais e com os novos
conceitos construtivistas (que dão ênfase à participação do sujeito na
“autoconstrução” de seus conhecimentos, por meio das práticas interativas). A
capacidade do professor e o conteúdo dos materiais didáticos passaram a não ser
mais suficientes para o processo de aprendizagem. Os jogos educacionais passam
a ter uma fundamental importância como ferramenta que complementa a construção
e fixação de conceitos desenvolvidos em sala, e também um recurso motivador para
o professor e, principalmente, para o aluno.
Diante destas pequenas exposições, fica evidente que há um grande “abismo”
entre a teoria e a prática no tema de Unidades de Medidas e Grandezas na
disciplina de Matemática. E, apesar das dificuldades, vimos que existem inúmeras
possibilidades para o tratamento e conexões do tema, seja através de didáticas
alternativas de ensino ou até mesmo a interdisciplinaridade com outras matérias.
Desta forma, estudaremos a problemática do ensino de Grandezas e Medidas
para aluno do 9º ano do Ensino Fundamental, identificando as principais
oportunidades através de visitas e pesquisas de campo. Após essa análise, o grupo
deverá aplicar a proposta do jogo educacional relacionado ao tema estudado, de
forma que este seja uma ferramenta didática para o ensino na sala de aula.

3. Materiais e Métodos Empregados

Para a elaboração da proposta, baseamo-nos no clássico jogo de damas,


adaptando-o com um “card game” que relacionasse cada ação do jogo com o
conceito de grandezas e medidas. Demonstraremos abaixo os principais conceitos
do jogo, a simplicidade de sua construção e a forma de aplicação em sala de aula.

Materiais para Construção e Aplicação


1. Tabuleiro (podendo ser impresso em papel A4), composto por 64 casas,
alternadamente entre claras e escuras (conforme modelo da Figura 1);

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2. Pedra ou peças (tapinha de garrafas, rodelas de madeira ou peça impressas em
papel colado em papelão), sendo o total de 24, com 12 peças escuras e 12 claras
(conforme modelo da Figura 2);
3. Cartões (folha A4), sendo cortados em medidas aproximadas de 6cm x 6cm,
preenchidos com questões relacionadas ao tema “Grandezas e Medidas”.

Figura 1

Fonte: Blog 3BP (2009)

Figura 2

Fonte: Embalagens diversas

Regras do Jogo

a) Posicionamento
I) Deve ser praticado por dois jogadores, um com as peças claras e outro com as
escuras;
II) As peças devem ser posicionadas nas casas escuras;

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III) O tabuleiro deve ficar entre os jogadores, a diagonal principal escura deve ficar
sempre a esquerda de cada jogador.

b) Movimento das Peças


I) Jogador com as peças claras deve iniciar o jogo;
II) A pedra desloca-se obrigatoriamente para a frente, em diagonal, da casa onde
permanece para uma casa livre da travessa seguinte;
III) A pedra que atingiu a linha de coroação e ali permaneceu no final do lance, é
promovida a dama. Assinala-se a coroação da pedra sobrepondo-se uma outra
pedra da mesma cor;
IV) A dama recém-coroada deve aguardar que o adversário tenha jogado uma vez,
antes de entrar em ação;
V) A dama pode mover-se para frente e para trás, da casa onde está colocada para
qualquer outra, à escolha, na diagonal que ocupa até onde estiver livre;
VI) Considera-se terminado o movimento da peça quando o jogador a houver
largado depois de deslocá-la;
VII) Se o jogador que tem o lance toca uma das suas peças jogáveis, fica na
obrigação de movê-la;
VIII).Se a pedra tocada ou em deslocamento não foi ainda solta é permitido coloca-la
noutra casa, se isso for possível;
IX) O jogador com o lance que desejar dispor corretamente no tabuleiro uma ou
mais peças, deve, antes de fazê-lo, prevenir claramente o adversário com o
expresso “AJEITO”.

c) Tomada de peças
I) A tomada de peças adversárias é obrigatória e tanto se realiza para a frente como
para trás. Uma tomada completa conta-se como um só lance jogado. É vedado
tomar as próprias peças, deve obrigatoriamente saltar a peça e ocupar a casa livre;
a peça adversária então é retirada do tabuleiro;
II) Quando a dama e peça adversária estão na mesma diagonal perto ou distante
uma da outra e existe atrás da peça adversária pelo menos uma casa vazia na
mesma diagonal, a dama deve obrigatoriamente passar por cima da peça adversária

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e ocupar qualquer casa livre após a peça, à sua escolha. Tal operação é tomada
feita pela dama;
III) Regra criada pelo grupo: Antes de retirar a pedra do adversário do tabuleiro ou
do jogo, o jogador deve retirar um cartão de perguntas sem ver a questão e entregar
para o seu adversário. Este deverá ler a questão em voz alta e aguardar a resposta
do jogador que está tentando tomar a peça: em caso de acerto, o adversário perde a
pedra. Em caso de erro, quem perderá a pedra é o respondente. Em caso de tomar
mais de uma pedra na mesma jogada (pulos consecutivos), deverá responder
apenas um cartão por jogada de tomada de pedra. (O professor pode participar
desse momento como mediador caso queira fazer alguma orientação e explicação);
IV) Uma tomada deve ser executada claramente e na ordem devida. A falta de
indicação clara da tomada equivale a uma incorreção que deve ser retificada a
pedido do adversário. A tomada considera-se terminada após a retirada da pela ou
peças adversárias;
V) Quando uma pedra que capturou se encontra de novo, diagonalmente, em
contato com a peça adversária, atrás da qual existe uma casa vazia, ela deve
obrigatoriamente saltar essa segunda peça, a seguir uma terceira e assim
sucessivamente, ocupando a casa livre após a última jogada. As peças adversárias
assim capturadas são, após completar o lance, imediatamente retiradas do tabuleiro
(conforme definição de “saldo” do item III);
VI) Quando uma dama, ao tomar, depois do primeiro salto, fica na mesma diagonal,
perto ou a distância, de outra pedra adversária, existindo atrás desta uma ou mais
casas vazias, dama deve obrigatoriamente passar por cima desta segunda peça,
depois por cima de uma terceira e assim sucessivamente e ocupar uma casa livre, à
escolha, após a última peça capturada. As peças adversárias assim capturadas são,
após completar o lance, imediatamente retiradas do tabuleiro;
VII) Numa tomada em cadeia é permitido passar mais de uma vez por uma casa
vazia, mas só se pode saltar uma vez a peça adversária;
VIII) Uma tomada em cadeia deve ser claramente executada, peça a peça, salto a
salto, até que se alcance a casa final. A falta de indicação clara de uma tomada
equivale a uma incorreção que deve ser retificada a pedido do adversário;
IX) O movimento da peça durante uma tomada em cadeia, considera-se terminado
quando o jogador tiver soltado a peça, seja no final seja no meio do movimento.

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d) Resultados
I) A vitória ocorre quando acabam todas as peças de um dos jogadores;
II) O empate acontece quando os dois jogadores em comum acordo decide finalizar
o jogo por não ter mais condições de realizar jogadas produtivas para finalização do
jogo e realizar a contagem dos pontos das peças no tabuleiro: a dama vale 10
pontos, e a peça normal vale 1 ponto.

e) Exemplos de cartas que podem ser utilizadas


As cartas abaixo são exemplos dos conceitos que podem ser utilizados na
aplicação do jogo, fazendo uma alusão ao item III do item “Tomada de Peças”:

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Figura 3

Fonte: Material criado pelo grupo

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f) Considerações gerais

De forma sintética, o jogo é uma versão modificada do tradicional “Damas”, com


algumas inserções do conteúdo “Grandezas e Medidas”, na forma de um simples
card game. A principal diferença é que a tomada das peças está condicionada à
resposta de uma das diversas perguntas disponibilizadas nos cartões (obviamente
todas relacionadas a algum tema de grandeza ou de medida). Em caso de acerto, o
movimento de tomada é permitido. Em caso de erro, o participante é “penalizado”,
perdendo a peça para seu adversário.
Outra diferença na aplicação do jogo é que, apesar da tradição das Damas
ser um jogo “a dois”, a aplicação do “Damas de Grandezas e Medidas” pode ser
realizada em equipes. Tendo em vista que a aplicação será principalmente em sala
de aula, por fatores como tempo de aula, recursos disponíveis, quantidade de alunos
em sala, muitas das vezes tornar-se-á inviável a aplicação do jogo em duplas. A
alternativa será realizar o jogo em equipes, tendo um representante de cada time
para a movimentação das peças, mas dando liberdade a todos os membros da
equipe em opinarem em relação à movimentação e à resposta das perguntas dos
cartões.

g) Aplicação do Jogo Educacional

Realizamos as aplicações do jogo “Damas de Grandezas e Medidas” nas duas


primeiras semanas do mês de junho de 2019. Escolhemos a Escola Estadual José
Ometto, localizada na Zona Rural do município de Araras, estado de São Paulo. A
escolha desta instituição se deu pelo fato de dois integrantes do grupo fazerem o
Estágio Supervisionado nessa escola, o que nos possibilitou um acesso “mais fácil”
ao ambiente de sala de aula. Conforme a proposta do Projeto Integrador, realizamos
a atividade com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, em uma sala de 26
alunos, sob-responsabilidade do Professor “Z”. As aulas ocorrem sempre no período
da manhã, e frequentávamos (alternadamente) às segundas, quartas e sextas-
feiras. Para realizar o jogo, planejamos as atividades em alguns passos:

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Apresentação ao docente: Reunimo-nos primeiramente com o Professor Z,
explicando o objetivo de nossa pesquisa e projeto, e se seria possível a aplicação da
atividade junto aos alunos da classe. Ficou acordado que utilizaríamos, por aula, no
máximo 15 minutos do tempo da hora-aula, entre explicações das atividades,
aplicação do jogo e entrevistas/conversas com os alunos. Aproveitamos essa
primeira abordagem para questionar Z como o conteúdo “Grandezas e Medidas” foi
tratado durante esse primeiro semestre do 9º ano. O docente nos explicou que
costuma tratar esse tema da forma tradicional: abordando os assuntos previstos na
BNCC (relações de comprimento, área, volume, ângulos, relação de proporção entre
medidas, cálculos de áreas de polígonos). Normalmente o professor segue o
material didático oferecido, e utiliza-se dos exercícios propostos para a parte prática
da disciplina. Em relação às principais dificuldades dos alunos, o mais observado é a
falta de contato com algumas medidas estudadas, principalmente as que “fogem” da
realidade e cotidiano dos alunos. Outra dificuldade é a da aplicação dos cálculos de
área: normalmente os alunos precisam das fórmulas prontas para calcular
área/volumes de formas geométricas, e não entendem a real aplicação dessas
medidas em situações cotidianas. O docente Z ainda nos relatou que existem
poucas oportunidades de relacionar o tema Grandezas e Medidas com outras
disciplinas.

Apresentação aos alunos: Após a primeira reunião com o professor, marcamos


o primeiro contato com os alunos. Antes de qualquer apresentação de nosso real
objetivo, introduzimo-nos como estudantes de Matemática, e pedimos que nos
explicassem o que entendiam sobre “Grandezas e Medidas”. Era previsível que
haveria um certo desconforto com essa primeira pergunta, mas alguns alunos
conseguiram nos dar alguns simples exemplos do que entendiam sobre o tema:
“números que usamos para medir”, “unidades para falar sobre altura”, “como calcular
o calor” foram alguns exemplos que escutamos das respostas. Após deixa-los falar,
explicamos que estaríamos com eles durante algumas semanas para realizar a
aplicação de um jogo educacional sobre o assunto de grandezas e medidas na
próxima semana. Nesse momento, não explicamos ainda como seria o jogo.

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Aplicação do jogo educacional: Em nosso segundo encontro com os alunos,
levamos todos os materiais do jogo educacional. Explicamos que o jogo se baseia
no clássico tabuleiro de damas, e todos conheciam a sistemática do jogo tradicional.
Apresentamos a ideia dos cartões com as perguntas, e mostramos que a condição
para tomar a peça do adversário seria acertar a pergunta relacionada às Grandezas
e Medidas. No caso do erro, aquele que respondesse indevidamente perderia uma
peça ao adversário. Percebemos certo “estímulo eufórico” nos alunos quando
apresentamos os conceitos e estimulamos a “competição saudável”. Nessa primeira
aplicação, montamos duplas de alunos: uma dupla jogaria, enquanto mediávamos o
confronto, e os demais alunos seriam observadores. Percebemos que as duplas
iniciais foram mais impulsivas no jogo: estavam mais interessados em tomar as
peças dos adversários do que responder corretamente as questões. Ao perceber
que respostas impulsivas incorretas estavam os “prejudicando”, começaram a tomar
decisões com mais precaução, e a pensar melhor antes das respostas, inclusive
tentando solicitar a ajuda de outros colegas de sala quando não sabiam a resolução
de algum problema. Como ponto negativo de nossa primeira aplicação, como
tínhamos pouco tempo em sala, conseguimos realizar as atividades com poucas
duplas, e a maioria dos alunos da sala acabou realizando o papel de observador.

Segunda aplicação do jogo: Nesse terceiro encontro, decidimos aplicar o jogo


em formato de equipes. Dividimos em duas equipes de 13 alunos, e cada uma das
equipes escolheu um representante para movimentar as peças. No momento da
escolha dos movimentos e respostas das questões, todos podiam opinar. Em
equipes o ambiente ficou ainda mais competitivo, mas pudemos ver uma maior
interação entre os participantes, gerando mais discussão positiva no momento das
repostas e nas decisões dos jogos. Também tiveram casos em que os alunos
“resgataram” conceitos previamente estudados para poderem dar uma resposta no
jogo. Em relação ao tempo de atividade, como realizamos em equipes, tivemos
tempo suficiente para realizar três rodadas de Damas.

Percepções Gerais da Atividade: Em nosso último encontro, procuramos


conversar com os alunos e perceber como havia sido a realização do jogo
educacional. Recebemos devolutivas positivas, principalmente pelo fato de relatarem

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que muito dificilmente terem a oportunidade de aplicar conceitos estudados através
de atividades práticas e lúdicas. Percebemos que o que mais os estimulou foi a
competição, e que devemos aproveitar esses momentos para explorar ainda mais os
conceitos, e conectá-los com aspectos do cotidiano e realidade dos alunos. Alguns
alunos relataram que o jogo poderia ficar “enfadonho” com aplicações repetidas, e
demonstraram interesse (quando questionamos) em versões do jogo em ambiente
virtual e com variações.
Ao conversar com o Professor Z, também tivemos um bom feedback do jogo
educacional. Z nos disse que em poucos momentos utiliza atividades desse tipo em
suas aulas (tanto de Matemática como de Física), principalmente por considerar
essas matérias mais convencionais do que outras. Achou extremamente válido
utilizar atividades do tipo em suas aulas, mas relatou algumas dificuldades, como o
tempo disponível para conciliar todo o conteúdo necessário do 9º ano e a inclusão
de atividades desse tipo na carga horária normal de aula. O docente ainda relatou
que a atividade seria ainda mais valiosa se fosse realizada em um período próximo
ao em que os conceitos foram apresentados aos alunos: dessa forma, o conteúdo
seria “melhor fixado” e os alunos conseguiriam relacionar ainda mais com o dia a
dia.

4. Considerações Finais

Após a aplicação da atividade desenvolvida, percebemos o quão valiosa é a


utilização de um jogo educacional no ensino de uma matéria ou de um conteúdo
específico. Apesar da simplicidade do jogo, foi muito efetiva a realização do mesmo
em sala de aula, tanto em relação ao interesse dos alunos quanto como ferramenta
de ensino aos docentes. Também identificamos que, para um melhor
aproveitamento da atividade, é necessário dedicar um pouco mais de tempo para a
prática do jogo (podendo até ser em um período “extra-aula”), e conciliar a parte
teórica “tradicional” apresentada em aula com a parte prática e lúdica dos jogos,
preferencialmente em momentos próximos e sequenciais. Identificamos também que
é totalmente possível (e plausível) o desenvolvimento de jogos educacionais através
de plataformas virtuais, inclusive com algumas já existentes no mercado. Isso
estimularia ainda mais o interesse dos alunos, ampliando as possibilidades de

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realização das atividades de forma remota, não só em ambiente de sala de aula, e
com muito mais interação (mesmo que de forma virtual) entre os alunos e docentes.
Afinal de contas, nós docentes temos a função (entre muitas outras) de formar
cidadãos para viverem em uma sociedade que muda a cada dia, cheia de inovações
tecnológicas, comportamentais e situacionais. A educação, logicamente, não pode
ficar para trás, e é nosso dever caminhar e conduzi-la constantemente por esse
futuro, muitas das vezes cheios de incertezas, mas com a esperança de ser
promissor.

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5. Referências Bibliográficas

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