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Liza Fensterseifer1
Blanca Susana Guevara Werlang2
Resumo
O presente artigo aborda, por meio de uma exposição teórica, o quanto a forma de vida pós-moderna pode
propiciar, ainda mais, a exacerbação de um sentimento de vazio e desesperança no homem contemporâneo,
contribuindo para o aumento nas taxas de comportamentos desviantes e patológicos, como os voltados à
autodestruição. Para isso, apresenta-se brevemente a idéia e o conceito de pós-modernidade, momento
histórico e cultural que se vive hoje, caracterizado, dentre outras coisas, pelo sentimento de desamparo, perda
de identidade e exacerbação do narcisismo, demarcando a influência disso nas formas de subjetivação do
ser humano inserido neste contexto. A elevada incidência de psicopatologias, tais como a depressão, os
quadros narcisistas e borderline, o uso e abuso de drogas e os transtornos de ansiedade, assim como atos
violentos auto e hetero-infligidos, apontam para sintomas típicos do mundo pós-moderno. Discute-se
também até que ponto a sociedade contemporânea pode ser responsabilizada por estas manifestações, no
momento em que tantos comportamentos desviantes, e inclui-se aqui os atos terroristas, a corrupção, os
índices de suicídio, a busca por alívio e satisfação com de substâncias químicas, são tão freqüentes atualmente
como nos tempos passados. Serão estes os subprodutos da pós-modernidade? Destaca-se, ainda, o lugar e
o papel da Psicologia neste contexto, no sentido de mostrar o seu compromisso com a promoção da saúde
e do bem-estar dos indivíduos.
Palavras-chave: Pós-modernidade; Psicopatologias; Comportamentos autodestrutivos; Subprodutos; Psico-
logia.
1
Psicóloga Clínica. Mestre em Psicologia Clínica pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. Professora Assistente do Instituto de Psicologia da Pontifícia Universida-
de Católica de Minas Gerais – PUC-MG, Endereço para contato: Rua Júlio Diniz, 257, ap. 205, Bairro Santa Branca, Belo
Horizonte, MG, Brasil, CEP: 31565-180, E-mail: pxl@terra.com.br
2
Psicóloga Clínica. Especialista em Diagnóstico Psicológico. Doutora em Ciências Médicas – Saúde Mental – UNICAMP. Professo-
ra Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – PUCRS, Endereço para contato: Av. Ipiranga, 6681 Prédio 11 – 9o andar sala 924 PUCRS, CEP 90619-900 – Caixa
Postal 1429 – Porto Alegre, RS, Brasil, E-mail: bwerlang@pucrs.br
Abstract
This article discusses, within a theoretical approach, how postmodern lifestyle can exacerbate loneliness and
hopelessness feelings in contemporary man, contributing to increase rates of deviant and pathological
behaviors, such as self-destruction. The paper briefly presents the idea and concept of postmodernity, the
historical and cultural moment we currently live, characterized by feelings of helplessness, lost of identity and
exacerbation of narcissism, outlining their influence on the subjectivation of the human being within this
context. The high incidence of psychopathologies such as depression, narcissism and borderline narcissistic
make-ups, drug use and abuse and anxiety disorders, as well as violent acts – self-inflicted or not - indicate
typical symptoms of the postmodern world. It is also discussed whether contemporary society could be
considered responsible for these manifestations, as deviant behaviors such as terrorism, corruption, suicide
and the search for relief and satisfaction through chemicals are as frequent as they were in the past. Would
they be postmodernity byproducts? The role of Psychology within this context is also highlighted, intending
to show its commitment to promote individuals’ health and wellbeing.
Keywords: Postmodernity; Psychopathologies; Self-destructive behaviors; Byproducts; Psychology.
Assim, constata-se altíssimo consumo de zio, uma crise. A relação do moderno e do pós-
medicamentos (calmantes, relaxantes, sedativos...), moderno é contraditória, sendo, em alguns mo-
ações alarmantes de tráfico de drogas, atos de in- mentos, de ruptura, e em outros, de continuidade.
justiça e corrupção, mortes violentas acontecidas Esta idéia é parcialmente compartilhada por Har-
por acidentes graves (meios de transporte), por vey (2004), quando aponta que há mais continui-
agressões fatais e por suicídios, que explicitam e dade do que diferença ou ruptura entre a história
tornam flagrante a realidade em que se vive. Espe- do modernismo e do pós-modernismo.
cificamente sobre o comportamento suicida, os Muitos autores apontam características
dados epidemiológicos nacionais e internacionais responsáveis pelas feições desse período. Para
(Barros, Oliveira & Marín-León, 2004; Bertolote & Lourenço (2004), foi a indecisão a respeito da es-
Fleischnann, 2004a, 2004b) apontam que em su- sência do homem e da verdade que produziu re-
jeitos com idade entre 15 e 34 anos, o suicídio flexos nos comportamentos do homem contem-
figura como um importante e incidente aconteci- porâneo, que se concretizam na efemeridade dos
mento, que tem preocupado autoridades, sendo relacionamentos, em tantas formas de violência,
considerado uma questão de saúde pública. En- no consumismo, no narcisismo exagerado. Con-
tão, o que se propõe abordar, por meio de uma forme Santos (2001), outra importante característi-
exposição teórica, no presente artigo, é o quanto ca da pós-modernidade é a rapidez e a intensida-
a forma de vida pós-moderna pode propiciar a de com que as coisas acontecem, o que, assim
exacerbação de um sentimento de vazio e deses- como torna a realidade “hiper-real”, também a
perança, contribuindo para o aumento nas taxas banaliza e a torna trivial, o que diminui sua capa-
de comportamentos desviantes e patológicos, como cidade de entusiasmar, surpreender e empolgar os
os voltados à autodestruição. Para isso, fez-se uma indivíduos. As relações são desterritorializadas,
breve explanação a respeito do que é compreen- ultrapassando fronteiras policiadas pelos idiomas,
dido como pós-modernidade, as conseqüências, pelos costumes, pelas tradições, pelas ideologias.
em termos psíquicos, desta na constituição do su- O autor aponta a utopia como única solução para
jeito e, enfim, o lugar e o papel de comportamen- enfrentar a mudança paradigmática proposta pela
tos patológicos neste contexto. pós-modernidade, uma vez que é a partir dela que
novas possibilidades e vontades humanas são ex-
ploradas. É necessário que o futuro possa ser rein-
Mas, afinal, o que é a pós-moderni- ventado e que um novo horizonte de alternativas
dade? possa ser vislumbrado. O status adquirido pela ci-
ência na modernidade, com a extrema valorização
Para Bauman (1999), a idéia da pós-mo- da razão, fez com que o pensamento utópico fos-
dernidade representa algo que se determina e de- se praticamente esquecido. E, será que a morte da
fine pelo fato de ser ‘pós’, posterior, e esmagada utopia não é, também, a morte do futuro? Para
pela consciência dessa condição. Destaca igual- Santos (2001), a utopia funciona como a esperan-
mente que não há, necessariamente, rejeição às ça, pois é por meio dela que o indivíduo recusa o
idéias da modernidade, e sim, uma reflexão sobre fechamento das possibilidades, cria novas alterna-
elas, o que propiciou a percepção da necessidade tivas e, principalmente, a vontade de lutar por elas.
de uma mudança. Assim, a pós-modernidade é, No entanto, o que parece de mais impor-
para este autor, a “modernidade que atinge a mai- tante e contundente em relação a este momento,
oridade, a modernidade olhando-se a distância, e que tem sido (adequadamente ou não) denomina-
não de dentro, fazendo um inventário completo do de pós-modernidade, é o impacto que suas
de ganhos e perdas, psicanalisando-se, descobrin- características têm causado nos sujeitos e em seu
do as intenções que jamais explicitara, descobrin- modo de viver. À medida que a rejeição das plura-
do que elas são mutuamente incongruentes e se lidades e diferenças se intensificou, a solidão pas-
cancelam” (p. 288). sou de um sentimento esporádico para uma con-
Por outro lado, Santos (2001) sustenta que dição padrão. Cabe lembrar que os horrores co-
o nome pós-modernidade não é adequado, uma metidos contra os judeus, durante a Segunda Guer-
vez que ela demarca uma fase de transição, que se ra, deflagram a intolerância com que era tratado
apresenta superficialmente como um grande va- aquele que fosse considerado diferente. Neste con-
texto, a solidão era algo a que o sujeito deveria se Conseqüências inevitáveis da contem-
ajustar. Bauman (1999), fundamentando-se em poraneidade
Wasserman, descreve muito bem o sentimento de
não pertencença e de solidão, fruto das novas car-
A sociedade pós-moderna ameaça o eu
tografias da pós-modernidade, quando refere que
dos indivíduos com a desintegração, uma vez que
ninguém mais considera o outro seu afim, e que
o sentimento de vazio é uma constância. Lasch
hoje, a grande incerteza não diz respeito a qual
(1990) fala de uma cultura do narcisismo, justa-
grupo eu pertenço, e sim à dúvida de realmente
mente para pontuar as estratégias de sobrevivên-
pertencer a algum.
cia que tiveram de ser adotadas: apatia seletiva,
A pós-modernidade iluminou o fato de que
descompromisso emocional frente aos outros. Além
o mundo é regido pela incerteza, e não mais pela
disso, destaca a necessidade de os indivíduos, em
certeza e pela existência de uma verdade única,
sua vida cotidiana, assumirem características bas-
como prometia a ciência, e fez com que o homem
tante indesejáveis, típicas dos comportamentos ado-
tomasse consciência disso. Então, parece possível
tados em situações extremas. O mesmo autor cita
dizer segundo Bauman (1999), que o desconforto
Victor Frankl, que salientou muito o assalto come-
causado pela certeza de que não há saída nem so-
tido ao significado, uma vez que é característica
lução para a incerteza que pauta e ordena a vida é
da sociedade moderna frustrar as buscas pelo sig-
a fonte de mal-estares típicos e específicos.
nificado das coisas e, em última instância, da vida.
A grande incerteza frente às coisas, mar-
A automação nas indústrias e empresas privou os
ca registrada da pós-modernidade, advém da su-
sujeitos de um trabalho útil, gerando o tédio e a
peração do estatuto da ciência como algo onipo-
insatisfação. O advento da ciência e da cientifici-
tente, onipresente e onisciente. No século passa-
dade fez ruir a crença na religião. Tudo isso pare-
do, por exemplo, a aposta foi muito alta na crença
ce ter criado um vazio existencial, uma falta de
de que a ciência progrediria a ponto de poder
significado para a existência dos homens, que quan-
dominar cada vez mais a natureza e, sem dúvida,
do ficam privados de significado, sua vontade de
todos os avanços contribuíram em grande parte
viver e de sobreviver ficam ameaçadas.
nessa direção, por constantes desafios aos limites
Cada época ou momento histórico tem
do conhecimento, principalmente no que diz res-
formas particulares e específicas de patologias, que,
peito ao aumento da duração média de vida. Nes-
de certa forma, expressam de maneira exacerbada
se contexto, em que o mundo volta-se para o pro-
uma estrutura de caráter subjacente. Isso fica bas-
gresso e para a produtividade, as mortes não natu-
tante claro quando se pensa que a histeria e as
rais, as banais e, principalmente, as por suicídio,
neuroses obsessivas, patologias típicas e freqüen-
irrompem como uma afronta, estabelecendo um
tes na época de Freud, representavam a sociedade
paradoxo, um contra-senso. Neste sentido, a pós-
daquele tempo, que vivia uma fase prematura da
modernidade deflagra o fato de que a ciência, por
ordem capitalista, marcada pela avidez, pelo fer-
tudo o que se sabe e o que se pode saber, é ape-
vor e devoção fanática pelo trabalho e, o princi-
nas uma versão dentre muitas. Logo, passa a ser
pal, uma repressão feroz da sexualidade (Macedo,
na pluralidade e não na sobrevivência dos mais
2003).
aptos que reside a esperança.
Não parece que a própria pós-moderni-
O pesadelo do homem contemporâneo
dade seja responsável pelo mal-estar que o ho-
é, então, para os teóricos da pós-modernidade, fi-
mem vem sentindo e no qual vem vivendo, mas
car sozinho, alienado, à deriva, sem raízes. A mai-
sim, os efeitos dela sobre a subjetividade. Na ativi-
or cicatriz emocional deixada pela pós-moderni-
dade clínica é possível observar as demandas que
dade foi o temor do vazio, representado pela falta
esses efeitos vêm gerando, tornando as pessoas
daquele padrão inequívoco, obrigatório e univer-
queixosas, insatisfeitas, vazias, desesperançosas,
sal. Além disso, numa sociedade que prioriza o
desmotivadas, agressivas, impulsivas. Além disso,
consumo, o fracasso gera culpa e vergonha, a frus-
elas têm dificuldade para entrar em contato com
tração alimenta o embaraço e a apatia, fato que,
seus sentimentos, uma vez que parece mais fácil
conseqüentemente, gera manifestações importan-
e, com certeza, menos doloroso, buscar em práti-
tes, e por que não pensar, inevitáveis, na vida e
cas alienantes formas de não enfrentar ou não ter
nas formas de subjetivação dos indivíduos.
que se deparar com suas próprias dores e feridas.
o que se faz. Logo, a auto-estima do homem da blema foi que a corrida atrás deste sonho pós-mo-
atualidade fica totalmente subordinada ao êxito derno produziu alguns rejeitos: aqueles que fracas-
social. O sentimento do eu baseado na autoconfi- saram e não encontraram o prazer, o cenário belo,
ança e nas convicções e crenças pessoais a respei- uma vida brilhante e espetacular.
to de seu próprio valor não mais existe. O senti- Neste contexto é que se abre o espaço
mento que a pessoa tem referente a si mesmo e à para a psicopatologia, para os distúrbios psíqui-
sua importância depende do eco que encontra, ou cos, para as dores da alma. Depressão, dependên-
que não encontra, nos outros. Ninguém mais crê cia química, pânico, autodestruição, agressão, ter-
no seu valor, prescindindo de sua popularidade rorismo, corrupção: manifestações típicas e freqüen-
junto aos outros. Além disso, numa sociedade ca- tes dos dias atuais. A grande questão que se im-
pitalista, a produção do indivíduo também pauta e põe é o quanto a sociedade pós-moderna é res-
delimita seu valor, e a instabilidade deste processo ponsável pela produção de sujeitos psiquicamen-
pode ser igualmente apontada como outra das te doentes, tão descrentes e desesperançosos em
causas decisivas da despersonificação e, em últi- relação à vida e ao futuro que percebem o suicí-
ma instância, do suicídio contemporâneo. dio ou outros comportamentos de risco que, indi-
Dessa forma, não há como este processo retamente e inconscientemente levam o indivíduo,
de depauperação e esvaziamento do eu não inci- senão à morte, bem próximo dela, como saídas
dir na proliferação das patologias voltadas para a possíveis e, mais do que isso, prováveis.
destruição. Por meio delas o indivíduo encontra A psicologia se insurge aí como uma pos-
um alívio, pois atua, sem rodeios ou escrúpulos sibilidade de atender às demandas da contempo-
de consciência, alguns de seus impulsos mais pri- raneidade, oferecendo um espaço para que o su-
mitivos e, eventualmente, até psicóticos, tais como jeito possa olhar para tudo isso e pensar em si, na
as toxicomanias, o furto, o assassinato do outro, o sua dor, pautando sua existência em outros impe-
assassinato de si. Por isso, Kalina & Kovadloff rativos, que não os vigentes. No entanto, parece
(1983) dão ao comportamento suicida idéia que que também é marca registrada do homem pós-
se (re)atualiza na sociedade pós-moderna e no modern, o aprisionamento na impossibilidade de
modelo cultural vigente, um status de traço distin- parar para pensar, fazendo um movimento de vol-
tivo central, e não periférico, uma vez que não é tar-se para dentro, talvez com receio de olhar para
um lapso, não pertence à fronteira do processo si e se assustar com o que vai encontrar.
civilizatório, e sim ao seu núcleo. Tanto as formas Realmente, o mundo tradicional já não
“disfarçadas” de suicídio, quanto o suicídio pro- existe mais, e o que está aí adquiriu novas feições
priamente dito, são modos, mesmo que ilusórios, e dimensões. O sentimento de desamparo e o po-
que o homem encontrou de contestar os efeitos tencial de incerteza do sujeito aumentam bastante,
desastrosos de sua inconsistência pessoal, impor- demarcando a necessidade deste de inscrever-se
tante legado da pós-modernidade. num mundo que, ao mesmo tempo em que lhe
abre muitas possibilidades, aponta-lhe muitas im-
possibilidades existenciais. Então, não há nada a
Considerações finais fazer? Há, e muito. Há que se fazer com que as
pessoas possam redescobrir o valor de seu ser,
Ao passear pelo legado da pós-modernida- desatrelado ao valor de seu ter. Há que se fazer
de, fica evidente que o sujeito que vive este e neste com que aprendam que a dor e o sofrimento, em
momento histórico precisa adaptar-se. E esta adapta- alguma medida, fazem crescer, e que não devem
ção não é simplesmente de ordem prática, mas sim ser ferozmente combatidos. Há que se fazer com
de ordem funcional. O homem pós-moderno está que a busca do prazer, o individualismo e o narci-
vendo seu próprio funcionamento dar sinais de des- sismo retomem seus lugares na ordem do dia, dei-
gaste, de cansaço. Atrapalhadamente, maneiras de xando de ser os protagonistas da cena pós-moder-
não sucumbir ao sentimento de vazio e desamparo na. Se isto é utopia, que seja. Se isso é utopia, se
são freneticamente buscadas, no afã de efetivamente quer acreditar, assim como Santos (2001), que isso
encontrar o que todos falam que a pós-modernidade “não é tarefa fácil nem é uma tarefa individual.
veio trazer: o prazer sem limite, o estético, o desejo, Mas se é verdade que a paciência dos conceitos é
os espetáculos, enfim, a felicidade irrestrita. O pro- grande, a paciência da utopia é infinita” (p. 346).
Para tanto, há que se pensar onde se in- Freud, S. (1994a). Além do princípio do prazer. In
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