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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO: HISTÒRIA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
DOCENTE: JOÃO FILHO
ALUNO: CÍCERO JOSÉ DE ARAÚJO SILVA

LÉVI-STRAUSS, Claude. O olhar distanciado. São Paulo: Edições 70, 1976.p. 69-
99.

O autor destaca que a família é uma entidade histórica e cultural, ou seja variável de
acordo com o período histórico e com a cultura.. Faz uma comparação das percepções e das
formações de famílias espalhadas pelo globo, distribuídas em ambientes socio-culturais com
suas alteridades e particularidades. Monogamia, poligamia, famílias formadas com interesses
econômicos, entre outros. Fecha sua reflexão dizendo que não existe uma definição ou
conceito pronto a respeito de família. Está é sobretudo uma construção social e cultural.
Levi-Strauss inicia sua fala dizendo que os estudos etnológicos sobre a família
precisou se reinventar , desconstruir os conceitos e definições para abarcar todos os tipos de
famílias existentes, essa postura permitiu aos etnólogos uma maior compilação e
sistematização dos novos dados existentes. “ foi preciso tratar e deformar os fatos para que
eles vergassem as hipóteses” (p. 69)
Tratar a família por um viés evolucionista e biológico foi aos poucos se tornando uma tese
obsoleta e refutável. A ideia de uma evolução linear das instituições familiares caiu por terra,
Strauss usa como exemplo alguns grupos nativos do Brasil central como os Nambikwara que
mesmo não possuindo um nível tecnológico aprimorado, exibiam uma estrutura social muito
bem definida, com uma família, muitas vezes monogâmicas onde os pares eram facilmente
identificáveis. Sendo assim não é possível condicionar a família á uma evolução biológica e
tecnológica.
Segundo Stauss, embora a família conjugal seja largamente aceita, existe sociedades em
que ela tem seu papel restringido, como por exemplo entre os Nayar da índia onde os homens
absolvidos pela guerra não pode formar família, ou ainda entre certas tribos africanas, como
os Massai, onde os jovens destinados a serem guerreiros estabelecem relações sexuais e
sentimentais liberais com moças de sua idade. Em vários grupos o empréstimo de mulheres é
pratica comum e o homem que se recusar a faze-lo é considerado avarento. Essa situação
degenera a paternidade biológica, transformando a família em uma associação econômica de
interesses recíprocos. O homem contribui com a caça e a mulher com coleta.
A família poligâmica é outro ponto interessante complexo a ser abordado por Levi-
Strauss, tanta a união de um homem com varias mulheres, como o inverso. Em alguns casos a
família poligâmica é a sobreposição de varias monogâmicas, como por exemplo o homem que
possui varias mulheres, estas com seus filhos morando em casas separadas. A poligamia não
descaracteriza a identidade sentimental e econômica da família.
Strauss aborda que para se analisar a família em sua evolução histórica é preciso se
libertar de certos dogmas. A família conjugal, mesmo sendo frequente nas sociedades
“rudimentares” não é a única, existe a não conjugal. A família conjugal não é uma
necessidade universal. Existem assertivas que são características distintivas para a família
pensada pelo autor; a família tem sua origem no casamento, inclui marido, mulher e filhos
nascidos dessa união e os membros da família estão unidos por laços variados como jurídicos
ou religiosos. O casamento monogâmico predomina, não por ser algo atribuído a natureza
humana e sim porque em sociedades normais a proporção é de um homem para uma mulher.
Seja monogâmico ou poligâmico há uma distinção entre o casamento legal e
socialmente aceito e as uniões temporárias, dadas por violência e sem consentimento. Muitos
grupos condenam o celibato e ser solteiro é uma desonra, sinônimo de descuido, pois em uma
sociedade baseada na divisão do trabalho, um homem sem mulher para coletar e apanhar terá
sua sobrevivência dificultada. Essa situação se estende em menor grau também a um casal que
não sem filhos que não possuirá descendentes para lhes renderem culto e homenagens.
Para o autor a moral cristã foi responsável por regular o sexo durante séculos
permitindo-o apenas com fins familiares e reprodutivos, expurgando dai a pratica sexual por
prazer. Na índia central a grupos como os Muria, dão plena liberdade sexual a seus jovens,
que colocados em casas comuns gozam da liberdade sexual, mas esta é restringida com a
chegada do casamento. Essa liberdade de escolha varia de uma sociedade para outra. Levi
Strauss diz que seria incoerente reduzir a família a sua base natural e instinto de procriação,
ainda que estes fatores sejam muito importantes a outros que o antecedem, por exemplo para a
surgimento de uma família é necessário a existência de outras duas famílias.
Levi Strauss depois de apresentar todas essas percepções e variantes sobre família,
conclui que não se sabe com exatidão o que é família, sendo, no entanto possível descrever
quais são suas condições de existência e quais as leis que regem sua reprodução. Em nossa
opinião essas sentenças são as únicas que o autor defende como prontas, porém nos resta
refletir a partir o que foi dito, e pensar até que ponto podemos nos dias atuais discutir família.
No texto senti falta de uma discussão que nos permitisse pensar a família brasileira, os
debates sobre família tradicional e famílias compostas por uniões homoafetivas. Ainda assim
considero um texto coerente, e denso que pode contribuir muito para sairmos do lugar comum
e encarar a família a partir de outros olhares e perspectivas. Nos fornecendo parâmetros para
para abrirmos nosso escopo de informações e opiniões.

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