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SOCIEDADE CULTURAL PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA CURSO DE CANTO GREGORIANO DISCIPLINA: TONS SALMODICOS 4° ANO DE CANTO GREGORIANO. BELO HORIZONTE, MG PROFESSOR: PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA INTRODUCAO, I - NOGOES GERAIS DE SALMODIA E CANTOS SALMODICOS Existem diferentes maneiras de cantar um Salmo em gregoriano. Levando-se em consideragio a estrutura ¢ a situaclo primitiva do servic litirgico da Igreja cristi, encontramos trés elementos que sio: + as LEITURAS, # os CANTICOS; # as ORACOES, Constatando-se também que o texto dos cantos litirgicos so em sua quase totalidade tirados do Saltério hebraico (os 150 salmos de Davi), pode-se dizer, com razo, que 0 dito Saltério & a “verdadeira coletdnea’” dos cantos cristaos. A estes salmos se acrescentam os chamados CAnticos do Novo Testamento: Magnificat (Vésperas) de Maria (Le 1, 46-55), Benedictus (Laudes) de Zacarias (Le 1, 67-79), Nune dimittis (Completas) de Simedo (Le 2, 28-32). II - DIFERENTES MANEIRAS DE CANTAR UM SALMO A Tradigao litargica nos oferece trés maneiras de cantar o Salmo: 1, maneira direta (ou continua) (in directum): O Salmo é cantado numa sequéncia continua, por um solista ou por todos, do primeiro ao iltimo versiculo sem intercalar 0 refido. A expressio latina © diz bem “in directum” (diretamente, continuamente, sem interrup¢a0). O nico exemplo sio os TRACTUS (apés a primeira leitura; oft.GT 144, GT 673; GT 465) 2. mantira responsorial: 0 solista (ou grupo) canta os versos de um Salmo ou certo niimero de vversos e a assembléia ou a Schola Cantorum responde, depois de cada versiculo, intercalando algum ‘verso com refidio, ou mesmo alguma frase jé entoada pelo solista no comego do Salmo. Os exemplos sio frequentes na Liturgia das Horas, como na Completas 0 responsério breve In manus tuas, cf. repertério do coral gregoriano # Ostende, Démine, 17 Manual Novo - In manus: 138. 3. maneira antifonal ou alteraada: menos antigo que os precedentes, este sistema salmédico logo teve um grande desenvolvimento no Oriente e Ocidente, especialmente nos mosteiros e conventos onde a Liturgia das Horas ¢ toda cantada durante o dia em coro. Ele consiste na alternincia da assembléia ou da Schola / Coro, cada lado cantando, alternadamente ¢ claro, 0 salmo, como que fazendo eco um para o outro. Esta salmodia recebeu logo o nome de antifOnica, do greco “anti + fonein” = fazer ressoar face a face, cada um por sua vez, como um eco, “Antifoné” = voz contra voz, voz reciproca, alternada. Um refrdo € cantado antes e depois do salmo. Este modo ¢ 0 mais comum entre 0 responsorial ¢ antifonal. Ex.: Ordo Exsequiarum, GT 678; Completas: M. 166. II- © LIVRO DOS SALMOS EM GERAL Girard, Mare em seu livro © LIVRO DOS SALMOS, espelho da vida do povo, usa uma triplice imagem para enxergar-se melhor a riqueza contida neste patrimdnio universal do Saltério: 1. uma reserva florestal: densa, escura, com 0 risco de se perder dentro dela, ao mesmo tempo atraente e fascinante, por causa do potencial de vida que ela esconde. Ai encontramos todo tipo de vida, quer vida rara, quer familiar 4 gente. Nao é a toa que os indios chamam a selva de “a matriz de toda e qualquer vida” 2. um comedouro para passarinhos: os salmos nunca deixaram de alimentar a orago dos judeus e dos eristios, sinal de seu poder nutrtivo, alimento bisico do povo de Deus. Sio cles um alimento de libertagio tanto coletiva quanto individual. Veja-se 0 $1 55, 7-12 3. um espelho fiel: cada um de nés, inclusive cada comunidade, pode se olhar nos Salmos ¢ assim como num espelho, eles devolvem 0 retrato fiel do que somos aqui ¢ agora ¢ também do ideal que Deus quer para nbs e que temos que buscar alcangar. IV -NATUREZA GLOBAL DO SALTERTO Uma colesio das mais belas oragdes do povo de Israel da qual este mesmo povo se servia regularmente sobretudo em suas assembléias da comunidade. E uma colegio que recolhe mais ou menos seis séculos de vida comunitaria em Israel. Um livro de poesia, enquanto que nada pode exprimir melhor os sentimentos e as emogdes do que a poesia, o poema, tendo sido _compostos para serem cantados, com ou sem instrumentos ‘musicais. Por serem poesia nfo seguem necessariamente uma sequéncia logica dos acontecimentos, ‘mas recorrem muito mais a imaginagao e intui¢io simbélica: “como a erva do telhado, que seca, e ninguém a corta” (SI 129, 6) e “a sua frente, vem um fogo devorador, ¢ ao seu redor, tempestade violenta” (S1 50,3). A linguagem simbélica dos Salmos tem o poder de refletir, 4 semelhanga do espelho fiel, a experiéncia mais profunda e universal da humanidade. Uma Palavra de homem ou Palavra de Deus? Na maioria dos Salmos fala um pobre gritando a sua miséria. Em outros, a comunidade canta os louvores de Deus. Os Salmos, com toda a Biblia, so palavras de homens, na experiéncia rica de suas circunstincias. Seus autores exprimiram com sinceridade, as vezes “brutal”, 0 que estavam pensando, sentindo, vivendo. Porém, sio também palavra de Deus, ele como que “nos empresta sua palavra” a partir da experiéncia do seu povo e, por ele, da humanidade inteira, Muitas vezes, na medida em que faltam palavras, a Biblia as pde na boca do povo, com uma profundidade incompardvel. Sao formulas de que Deus se serve para traté-lo com familiaridade, como Pai, como saidas do coragao humano, com 0 misterioso poder de nutrir ainda hoje a oragio comum de tanta gente. Uma palavra que volta a ser de todo 0 povo, e nao de uma elite, como era de todo 0 povo de Israel, sobretudo dos mais pobres. V - QUATRO GRANDES FAMILIAS DE SALMOS Y. 1. Quatro palavras-chaves, indicadas por verbos: 0 povo luta, 0 povo aprende, © povo se maravilha, ¢ 0 povo festeja, Esses verbos resumem as quatro grandes familias dos Salmos: ‘Salmos de Libertacio: 0 povo luta, enfrenta seus dramas, ¢ problemas, crises, conflitos, catastrofes e miséria humana ‘Salmos de Instrucio: 0 povo aprende, enriquece sua experiéncia, sendo a vida a melhor das escolas, aprende a criticar as préprias escolhas morais, reforgar seu sistema de valores. Salmos de Louvor: 0 povo se maravitha, a liberdade de sair de si mesmo e louvar, encontrando o reflexo de Deus na beleza da natureza ou no progresso da pequena historia, pessoal, familiar e de todo 0 povo tt Salmos de Celebracio da “Vida”: 0 povo festeja, celebra em meio ao deserto da provagdo da vida, ou das duras tempestades da vida cotidiana, Em outras palavras: DRAMA / LICAO / ADMIRACAO / FESTA. V. 2, Alicerces biblicos dos Salmos so os mesmos de toda a Biblia, enquanto historia da salvagdo de Deus para com seu povo: + Opressiio-xodo, assim comega a historia do povo eleito, com a passagem da opressiio para a libertagio, 0 que depois passaria a ser perfeito na morte/ ressurreigio do Cristo, 0 ‘Mesias Libertador; . Eleicio-alianea, uma vez sendo povo eleito, Deus faz com ele uma alianga, sempre renovada, prefigurando a alianga “nova e eterna” do sangue do Cordeiro, o Servo Softedor, ‘© Cordeiro de Deus. Tudo na historia do povo eleito tem que ser visto, vivido, revisto, celebrado & luz desta alianga e eleigio, . - » Criagio, enquanto Deus se manifesta a seu povo no apenas como o Criador da natureza e do cosmos, e sobretudo do homem, mas também como o criador da historia e do tempo, autor de um plano de salvagio tao misterioso quanto admiravel. Cada vez que a comunidade erista se maravilha com o Senhor e as obras dele, esta refazendo por sua conta a teologia biblica da criagao; . +++ Resta, sobretudo em ocasides especiais a realgar a celebracdo, a festa, a alegria da historia da salvagio. Grande nimero de relatos biblicos sio de festa: cli, tribo, familia (casamentos, nascimentos, revelagdes...), feriados nacionais, festas populares. A orago publica em Israel chegou a dar a tais manifestagdes de alegria um sentido religioso de suma importancia. Estes sfio ainda hoje, os alicerces da histéria de um povo, que sempre continua a querer satisfazer suas necessidades fundamentais: 1. livrar-se dos problemas (89 Salmos: 3-7; 140-144, etc.); 2. deixar-se instruir (19 Salmos: 78; 50. 52-53; 95, etc.); 3. maravilhar-se com o que ¢ belo e bom (25 Salmos: 29. 98-99), 4. fazer festa (17 Salmos: ligadas ao rei: 2, 72. 132; nupcias: 45; viajantes: 46. 48. 84, 121-122; colheita; 65. 67) VI - PISTAS DE APLICACAO PRATICA Situagdo geral dos Salmos, ¢ o detalhe de cada um FAMILIA DE SALMOS PALAVRA-CHAVE | EVENTO BiBLICO CORRESPONDENTE 1, Salmos de Libertacao drama opressiio-éxodo 2. Salmos de Instrugio ico elei¢o-alianca 3. Salmos de Louvor admiracio criagio 4, Salmos de Celebracao da “Vida” festa ocasides especiais VII - CLASSIFICAGAO DA SALMODIA. ‘A Salmodia pode ser considerada sobre diversos aspectos. Segundo estes aspectos ela pode ser assim classficada: VIL. 1. Segundo o ESTILO MELODICO: a) si b) meumitica (exemplo: Missa de Req c) ornada ou solene (exemplo: GT 15); d) melismatica (exemplo: GT 673), ples (exemplo: Completas M. 166-168; Ritual dos Defuntos GT 678); GT 669), 2, Segundo a ESTRUTURA INTERNA ou CADENCIA: a) tnica, se baseada sobre 0 acento t6nico (GT 679); b) cursiva, se baseada no “cursus” latino (GT 22/ 343); 235 VII. 3. Segundo a SYNAXE LITURGICA (celebragao litirrgica): a) Salmodia da Missa (cucaristia, sacramentos); b) Salmodia do Oficio Divino (Liturgia das Horas) VIL. 4. Segundo o MOMENTO em que cla é executada: a) Salmodia depois de uma Leitura (Gradual, Trato, Resp..), b) Salmodia durante uma ago (SI. do Introito, Comunhio); c) Salmodia simplesmente eucolégiea, i.¢. independente de uma agdo ou leitura (almos cantados numa Hora Candnica; um Salmo cantado no momento final da missa como ago de gragas). VIII - ESTRUTURA DAS FORMULAS SALMODICAS Trés so os elementos de que se compdem as formulas melodica: A. Entoagio; B. Tenor; C. Cadéncia. A. Entoacio: Serve para ligar o final da reftdo (antifona) & corda de recitagao do Salmo, a qual nos Modos auténticos em geral € a quinta, e nos plagais a terca ou a quarta acima da t6nica, Portanto, é um inciso melédico destinado a tornar ficil a passagem de um canto para outro, Nos Tratos € nos cantos sem reffdo, ele serve apenas de introdugao, mais ou menos solene, GT 686; 687; 688, eff. Nune dimittis # 140, p.170 (tenor: Si) ‘A entoagio tem 0 mesmo estilo do género salmédico 4 qual ela pertence, sendo sempre relativamente curta; nos cantos simples, ela contém uma, duas ou no maximo trés silabas. ‘Alguns tons salmédicos, silébicos ou ormados, tém duas entoagdes diferentes, uma para a primeira, e outra para a segunda parte do versiculo. Mas na Salmodia simples na Liturgia das Horas (Oficio), existe apenas uma entoacao. GT 669; 216; 219 B. Tenor: a corda sobre a qual se recita ou se canta a parte do texto compreendida entre a entoasio ¢ a cadéncia, Em época recente, esta corda de recitagaio recebeu o nome de dominante (!) » A recitagao salmédica se faz sempre sobre uma corda mais elevada (terga, quarta, quinta) da t8nica modal, ¢ ao redor dela a voz. executa muitas vezes ondulagdes melédicas dando relevo aos acentos principais do texto. Esses acentos, como sabemos, eram para os antigos elevagdes da voz. Pode ser: 1. tonal ou subtonal, conforme a nota que esta abaixo do tenor for um tom ou um semi-tom; 2 ianico, duplo ou triplo, conforme houver, na recitagao do versiculo uma, duas ou trés cordas de recitagiio. GT 612 =La - Sol - Fa 252=La-Fa 216 (Quasimodo) C. Cadéncia: Ela se constitu pelo tragado melédico que termina a primeira e a segunda parte do versiculo. Pode ser ent&o: ‘¢ mediana (ou mediante), também chamada intermediaria; ou final, ‘© acadéncin mediana é suspensiva, e a final é conclusiva; dem ser tOnicas ou cursivas, conforme forem baseadas nos acentos (t6nicas) ou nos cursus literario (cursiva); GT 235 (cursiva) © as cadéncias cursivas somente sio finais, as ténicas podem ser finais ou medianas, GT 235 ¢ 264 ‘as cadéncias cursivas se encontram somente na Salmodia solene e ornada. SALMODIA E CANTOS ANTIFONICOS. L. Observacio inicial ‘Ké falamos das trés maneiras de cantar um salmo: direta, responsorial e antifonal (alternada). Em nosso estudo, a maneira que vai nos ocupar ¢ a terceira: salmodia antifonica. Lembrando suas caracteristicas: 1° ) no ha solo (solista); 2°) 0s versiculos sao alternados pelas duas partes do Coro; 3° ) portanto é uma salmodia essencialmente coral; 4° ) 0 refido tem seu nome do proprio sistema salmédico: antifona, ou seja, ‘A (antifona) - B (salmo) - A’ (repet IL, Salmo ¢ cantos antifonicos da Missa ILL. Antifonas do INTROITO ¢ da COMUNHAO a) estes trés cantos acompanham uma aco: ago de entrar, introito; aglio de ir comungar, comunhao; ago de apresentar as ofertas, ofertorio. ) portanto, so dois cantos processionais, terminada a ago (procisséo) eles devem também terminar; serdo trés cantos caso haja procissio das ofertas, ©) 0 canto de entrada, abre a sinaxe litiirgiea, como preliidio dando o sentido da festa e do mistério da celebragio, mostrando aos figis os sentimentos de fé ¢ piedade que devem marcar sua atitude de celebrar, contendo a idéia central da celebracdo dentro da festa ¢ do ano liturgico. E uma espécie de fio condutor da agio celebrativa, 6 d) © canto de comunhio, fecha a celebracio, tendo uma relagio direta ou indireta com a Eucaristia, e com o fruto da comunhio no coracao do fiel; as vezes, contém também uma alusio & festa do dia. Trata-se de um canto mais de louvor, ago de gracas. mais recolhido ¢ calmo do que o introito; ©) 0 estilo dos introitos ¢ das comunhdes, deixadas de lado as diferengas apontadas, sio um meio termo entre 0 estilo silébico ¢ 0 melismatico, As “Communio”, normalmente, sio menos ricas de grupos neumiticos do que os Introitos, também pelo lugar que ocupam na celebraglo. 2) 0 Introito & sempre seguido de um salmo, mais ou menos longo dependendo da duragaio da procissio (ago); a Communi deveria também ser seguida do salmo, mas nem sempre isso acontece, por varias razdes. IL2. Os oito Tons da Salmodia dos Introitos e Comunhées ‘Na época classica da Liturgia (I. Média, por ai), os ito Tons aplicados ao Salmo do Introito da Comunho eram 0s mesmos, evidentemente quando 0 Modo do Introito e Comunhio era o mesmo, a supressio, portanto, do Salmo na Comunh&o no trouxe prejuizo nenhum para 0 repertério dos Tons gregorianos. Estes Tons so do estilo das antifonas que os precedem, ié neuméticos e fazem parte da Salmodia Solene e clissica do canto litirgico romano. Ficaram substancialmente intactos ao longo dos séculos e os encontramos tais quais estio nos documentos mais antigos. Pode-se pois afirmar com toda certeza: os Tons Salmédicos dos Introitos, como aparecem na Edig&o Vaticana, sio verdadeiramente tradicionais. No manuscrito 121 de Einsiedeln cada Introito ¢ seguido de seu versiculo salmédico, enquanto que os versiculos das Comunhdes se encontram no fim do livro, precedidos da “incipit”de cada Comunhio. IIL. Salmodia e cantos antifonicos do Oficio (Liturgia das Horas) IEL1. As antifonas do Oficio Levando em conta a fonte de onde foram tirados os textos das anifonas, elas podem ser organizadas em quatro classes: a) salmédicas, GT 700 - Sitivit anima mea Ps. 41, 3. b) biblicas (ndo salmédicas), GT 689 - Audivi vocem Apoc. 14, 13; GT 676 ~ Lux aetéma. ©) éclesiasticas (compostas por autores da igreja), GT 141 - Gléria, laus - no € antifona, mas apenas um exemplo de testo “eclesiastico”. Em geral todos os Hinos, sequéncias so textos eclesidsticos: GT 159 - Redémptor, GT 168 - Ubi caritas, GT 170 - Pange lingua. 4d) historias (tiradas das “Paixdes” e “Vida dos santos”) GT 861 - Vir Dei (Festa de S. Bento). E necessario acrescentar a estas as chamadas antifonas aleluidticas, aquelas compostas unicamente da palavra alleluia, cantadas no Tempo pascal. Note-se que, no mesmo T. pascal, todas 1s antifonas devem terminar por um ou mais alleluias, execdo feita para 0 Oficio dos Mortos. (ct GT 825 - 827) para antifonas da Missa. IH1.2. Os Tons da Salmodia simples do Oficio ‘A Salmodia simples do Oficio se desenvolveu sobretudo nas comunidades monisticas do Oriente e do Ocidente, desde os primeiros séculos do cristianismo. Nao ha documentos que informem exatamente sobre o carater desta Salmodia, nem sobre os Tons empregados no momento de sua apatigdo. Os documentos mais antigos sio do século IX. Assim Aureliano de Réomé (século 1) fala sobre uma salmodia da Missa do Oficio: ele diz coisas interessantes mas se limita quase’ sé a consideracdes gerais sem informar sobre a maneira concreta ¢ esquemiitica das formulas dos Tons Salmédicos. Ele dé também conselhos sobre como cantar bem os salmos, porém nada sobre os Tons. Outros autores, como Hucbald, Réginon de Prum e os Tonarios (Livro Litirgico contendo os Tons Salmédicos) também trazem indicagdes sobre os Salmos, inclusive sobre os Tons da salmodia. a) 05 elementos da salmodia simples do Oficio so 0s mesmos de outras salmodias: entoagio, tenor, cadéncia. Somente que 0s elementos so muito simples como o exige o estilo silabico das antifonas ¢ 0 carater coral cotidiano ) a salmodia simples do Oficio ¢ calcada sobre a Salmodia ornada dos intrditos, segundo anilise dos mais antigos documentos: - tenor (corda de recitago) & a mesma; = tanto tenor quanto os outros elementos sio uma redugiio e simplificagao da salmodia dos intréitos, - diferentemente da Missa e dos Responsérios de Natal e Vigilia Pascal (GT 185 - Iubilate), a salmodia das Horas candnicas aparece, na sua origem, muito variiivel, mostrando a auséncia de uma prética uniforme e universal; ~ a fixagio das formulas a pritica uniforme foram se configurando pouco a pouco, podendo-se dizer, com certeza, que jé estavam realizadas no século XII, pois as variantes que aparecem nos Antifondrios dos séculos XI - XII e nos seguintes se reduzem a muito pouca coisa; ~ certamente, neste trabalho de elaboragio e de fixagdo, houve um estagio intermediario entre as formulas de intréito e as do Oficio, estagio este que é representado, mais ou menos, pelos Tons salmédicos dos Canticos Evangélicos (Magnificat, Benedictus M.73 / 104 e Nune Dimittis M 140 / 170). Cf. Manual do Repertério Gregoriano, Estes Tons sio mais omados que os Tons simples das Horas candnicas, e seu estilo se conforma bem ao de suas respectivas antifonas. TONS SALMODICOS DA EDICAO VATICANA (Tons eclesisticos tradicionais) 1. Observacies preliminares a) No Saltério Monastico (PSM 1981) se encontra todo o elenco dos Tons salmédicos usados atualmente no canto do Oficio: - tons do OCTOECHOS, tradicionalmente usados e encontrados nos livros litirgicos precedentes ao PsM; - tons ARCAICOS e PRE-OCTOECHOS, existentes antes da reforma carolingia do século vil b) No Aniphonale Romanum (AR 1924) se encontram, no estilo daqueles do Octoechos, outros TRES TONS salmédicos, diretamente ligados & uma Antifona: - Tom direto para a salmodia direta; - Tom pascal, usado até a reforma litargica de 1964 para a Hora Canénica da Terca do dia de PAscoa, também nos salmos sem antifona e Céntico de Sime%o no Oficio da Pascoa até as Vésperas do Dom. in Albis. - Tom dos defuuntos, usado nas Completas dos fiis defuntos. ©) © tom salmédico é uma formula fixa sobre a qual ¢ aplicado 0 texto de um salmo. Originariamente, era constituido de uma estrutura monocordal com uma das trés cordas-mae: DO, RE, MI, sobre as quais o salmista executava o texto. Dai nasceu a breve composigéo modal do “titornello” (refrdio) na salmodia responsorial (Ex.: GT 683 Ps. 88, Ordo Exsequiarum; Ps 129, GT 681, 8 etc.) e da Antifona na salmodia antifonada (GT 678 - 680; Manual p. 165 - 168 - Completas). Com 0 aparecimento desta tiltima o tom salmédico se estabilizou em uma formula esquematizada substancialmente igual & que cantamos hoje (Tons salmédicos da Vaticana, tons eclesisticos tradicionais) 4) Nas edigdes atuais de gregoriano no inicio de cada Antifona, além da indicagéo do tom salmédico, vem colocada uma letra alfabética para assinalar a terminagao a ser escolhida. Esta letra corresponde 10 tltimo som (nota) da terminago ou diferenga do salmo. As vezes acrescenta-se um * acima da letra indicando que deve ser acrescentada uma nota superior (aguda) para poder ligar com a ‘entoagdo da Antifona. ¢) Existem hoje NOVE TONS SALMODICOS dos quais: = OITO sho considerados regulares e normais (estrutura clissica da salmodia), Octoechos = UM (1) considerado irregular (estrutura propria: 2 cordas de recitagéo, uma para o primeiro e outra para o segundo hemistiquio) (Tom Peregrino), ) As cadéncias finais tém varias terminagées diferentes nos tons regulares, conforme a variedade de entoago das Antifonas para que a ligago melédica seja bem feita ¢ facilitada, g) Sendo cadéncies tonicas, silabicas e portanto métricas, o lugar dos acentos ténicos e secundarios ‘tem que ser bem observado, com aparecimento de notas suplementares em fungao do texto, as vezes com notas de preparacio do acento, Por serem métricas ¢ possivel uma adaptagio ao verniculo, ‘guardando-se a natureza dos acentos nas cadéncias. h) A flexa acontece s6 no primeiro hemistiquio, quando o texto ¢ longo, podendo-se fazé-la com simples episema em recto tono. ‘No GT encontram-se exemplos tirados do Oficio dos Fiéis Defuuntos: * GT 688: Miserere mei Deus (Salmo 50); © GT 691; Memento, Domine, David (Salmo 131); ‘© GT 699; Confitémini Domino (Salmo 117). ven. = 8 vis om ano = ay uM Wo-3M iS 43 HunL= 9-314 91S “UNL Ia = J9- RI DI SON OLENA - BND tet SE ee ge ake aa ¥ 4 ti cm i Se “WRIg ~ wiaRgEVT “~~~ "Og a: “OO SERVIER GS) RR a Sooo ="" pgg@niase 307 WaRRS”~~--" Oya WORN (7) WOL OLYYND sun IN = sot anb- av RN. -y 1a =am 3 Hunieus-piy ois “uni- 1d ~ Jo-MI O16 SAW 02 on —tLaL coxa oo 5858-5 eo a Lenn ee nnd d OpDRLART ~30~ VaR OE5R0IRE sun, -IN = 14 ols 3m = ay Kana TY 710-3 os asHun.-uo-s1s o's ‘yn4 = 18 -J9- MI oI SAN-OL Sna-NpO-35 Cad ® a 2—_.—# 2—)—.—2 2-52-22 ci t ri OOO YRIST WISNBORS ~~ "~~ ORBUTISNT SC BaD? a Oys¥liSSy 3a WaRGT ~~~ 7 -y-0 cam ois aa Humt-Uu9-gr4 oI “yn-id = JO- MI O'S SEM- OL SON =e oe Oe ee ee ee ay WSNGORS ‘Bia! 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