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Figura 3.1- Sistema porta hepático. Todos os nutrientes que deixam o intestino pelo sangue
passam pelo fígado antes de entrarem na circulação sistêmica.
Grande parte dos aminoácidos que passa pelo fígado fica aí retida, nunca atingindo
a circulação sistêmica. Os aminoácidos captados pelos hepatócitos podem entrar na síntese
de proteínas. Em cães, 14% dos aminoácidos vão entrar na formação de proteínas hepáticas
e 6% na formação de proteínas plasmáticas. A maior parte dos aminoácidos que entra no
fígado é convertida em carboidratos. Vamos ver como isto acontece.
Inicialmente os aminoácidos são desaminados, ou seja, os grupos amino são
removidos e as moléculas são convertidas em seus análogos ceto. Estes entram nas vias de
metabolismo de carboidratos, onde podem ser metabolizados para fornecer energia,
convertidos em glicose ou glicogênio, ou entrar na síntese de ácidos graxos (Figura 3.2). A
dieta natural de carnívoros, como cão e gato, contém uma grande quantidade de proteína e
pouco carboidrato. Porém a necessidade de glicose nestes animais não é menor que aquela
AGRONOMIA Bases da Fisiologia Animal Metabolismo e Transporte de Nutrientes 2006 64
dos outros animais, e por isso é extremamente importante que eles sintetizem glicose a
partir de aminoácidos.
Então, no estado absortivo, a maioria dos aminoácidos absorvidos pelo fígado é
convertida em carboidratos.
novas moléculas de triglicerídios, que ficam aí armazenadas, como será visto mais adiante.
glicose
glicose 6-P
GLICÓLISE
piruvato
acetil- CoA
Ciclo
de CO2
Krebs
Os ácidos graxos livres são utilizados como fonte de energia pela maioria dos tecidos
no período pós-absortivo.
Como vimos acima, durante o período absortivo o fígado capta a glicose do sangue
e converte-a em glicogênio e gordura; as células adiposas captam a glicose do sangue e
convertem-na em gordura estocada na forma de triglicerídios e as células do organismo
utilizam glicose preferencialmente como fonte energética.
Durante o período pós-absortivo estes processos são revertidos. O fígado quebra o
glicogênio para fornecer glicose ao sangue; o fígado e o tecido adiposo fornecem ácidos
graxos ao sangue e a maioria das células do organismo utiliza preferencialmente os ácidos
AGRONOMIA Bases da Fisiologia Animal Metabolismo e Transporte de Nutrientes 2006 70
graxos como sua fonte de energia. As proteínas musculares também são quebradas e os
aminoácidos liberados para a corrente sanguínea.
Um tecido que não muda a sua fonte de energia durante o período pós-absortivo é o
sistema nervoso central (SNC). As células nervosas requerem um constante fornecimento
de glicose. Esta dependência do SNC em glicose é a razão pela qual as outras células do
organismo tenham que mudar seus requerimentos energéticos para gordura durante o
período pós-absortivo. Esta mudança preserva a glicose disponível e os estoques de
glicogênio para o sistema nervoso por muito tempo.
O que então dirige esta mudança do metabolismo energético? A insulina e o
glucagon, dois hormônios produzidos e liberados pelo pâncreas, são responsáveis por
controlar as direções que as moléculas energéticas tomam. O mais importante destes
hormônios é a insulina, que é liberada em resposta a níveis elevados de glicose no sangue.
O pâncreas libera insulina para a circulação sistêmica quando a glicose no sangue
aumenta acima do nível normal pós-absortivo. A insulina facilita a entrada de glicose para
maioria das células do corpo. Quando a insulina está presente, quase todas as células usam
a glicose como fonte de energia; as células adiposas usam a glicose para fazer gordura e as
células hepáticas convertem a glicose em glicogênio e gordura. A ação da insulina se dá
ativando enzimas envolvidas nestes processos de armazenamento de combustível e
oxidação da glicose. Ao mesmo tempo, a insulina inibe a quebra de glicogênio, a quebra de
gordura (lipólise) e a quebra de proteínas nos tecidos (proteólise) e a síntese de glicose
(gliconeogênese)
Tão logo a glicose retorna ao seu nível normal, isto é, quando a absorção intestinal
está bastante reduzida, a liberação de insulina diminui rapidamente e a entrada de glicose
nas células é inibida, exceto nas células nervosas. A mobilização de combustível em tecidos
periféricos ocorre quando as concentrações sanguíneas de Insulina diminuem.
A queima de reservas de combustíveis nesta fase está sob o controle do hormônio
Glucagon, também produzido pelo pâncreas. O glucagon age preferencialmente em dois
tecidos: fígado e tecido adiposo. No fígado, ele vai estimular a quebra de glicogênio
armazenado e a síntese de novas moléculas de glicose (ativa a gliconeogênese). Desta
forma, a glicose é lançada na corrente pelo fígado, já que não pode ser utilizada como
energia, nem ser armazenada como glicogênio devido a falta de insulina. No tecido
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Os outros dois ácidos graxos voláteis, o ácido acético e butírico vão entrar na
formação de ácidos graxos de cadeia longa (principalmente no tecido adiposo) e de corpos
cetônicos (fígado) que serão utilizados como energia pela maioria dos tecidos. Estes ácidos
graxos voláteis representam cerca de 70-80 % da fonte de energia nestes animais.
Nos animais herbívoros não ruminantes como os eqüinos, que ficam o tempo todo
no pasto ou recebem volumoso, os carboidratos vão ser transformados em ácidos graxos
voláteis (acético, butírico e propiônico) no ceco pelo processo de digestão fermentativa
semelhante àquele que ocorre no rúmen. e são aí absorvidos. Estes nutrientes vão ter o
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mesmo destino que os ácidos graxos voláteis absorvidos pelo rúmen. Se o animal recebe
parte de sua dieta na forma de concentrado, um pouco de amido pode ser degradado e
absorvido no intestino, na forma de glicose. Nesta situação, o intestino estaria contribuindo
um pouco com a gliconeogênese hepática na manutenção da a glicemia. Mesmo assim, os
eqüinos são dependentes do fígado para a síntese de glicose (através da gliconeogênese).
TRANSPORTE
O coração O coração é considerado uma bomba que ejeta sangue para os pulmões onde
ocorre troca do dióxido de carbono pelo oxigênio e para os demais tecidos do organismo.
Ele é dividido em quatro câmaras; dois átrios e dois ventrículos. No átrio direito
desembocam a veia cava superior e inferior, no átrio esquerdo desembocam as veias
pulmonares. No ventrículo direito sai o tronco pulmonar, que após um curto trajeto bifurca-
se em artérias pulmonares direita e esquerda, do ventrículo esquerdo sai a artéria aorta
(Figura 3.6.). Entre os átrios e os ventrículos existem estruturas denominadas válvulas
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atrioventriculares que permitem que o sangue flua em uma única direção, ou seja, do átrio
para o ventrículo.
Aorta
Veia cava
superior Artéria pulmonar
Ventrículo
esquerdo
Ventrículo
direito
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Figura 3.9. - Reflexo barorreceptor - RPT = resistência periférica total;DC = débito cardíaco
AGRONOMIA Bases da Fisiologia Animal Metabolismo e Transporte de Nutrientes 2006 77
A difusão através da parede capilar A força que gera o transporte de substâncias através
da parede capilar é a diferença de concentração. A substância deve estar mais concentrada
no sangue para que possa ocorrer difusão para o interstício. A depender do tamanho e da
solubilidade em gordura, as substâncias podem se difundir através de poros ou da própria
da parede. Substâncias hidrossolúveis como glicose, aminoácidos e a própria água movem-
se através de poros. Substâncias lipossolúveis como o oxigênio, o dióxido de carbono e os
ácidos graxos podem difundir através da parede capilar.
A troca de oxigênio e dióxido de carbono O sangue arterial que chega nos capilares é rico
em oxigênio que vem da respiração. O oxigênio é transportado em solução no plasma
(1,5%) porém, a maior parte do oxigênio é transportada no sangue em combinação química
com a hemoglobina (98,5%), que é uma proteína contida nas células vermelhas do sangue.
Nos capilares, o oxigênio se difunde para o líquido intersticial, enquanto que o dióxido de
carbono é transportado no sentido inverso, do interstício para o sangue. O dióxido de
carbono é transportado no sangue em solução no plasma (7%) assim como em combinação
química (ligado a hemoglobina (23%) ou sob a forma de íon bicarbonato (70 %)) (Figura
3.10). A maior parte do dióxido de carbono que entra no sangue difunde-se para as
hemácias para serem transportados até os pulmões. Nas hemácias, grande parte se combina
com a água formando ácido carbônico, que depois se dissocia em hidrogênio e bicarbonato.
Portanto, podemos dizer que o CO2 é transportado principalmente na forma de bicarbonato
(HCO3-).
CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3-
Quando o sangue chega nos pulmões ocorre reação contrária, com a passagem de
CO2 para os pulmões e sua troca pelo O2 vindo da respiração.
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células Capilar
Controle da respiração
PO2
Músculos PCO2
Controlador Central Ventilação
respiratórios
PH
Receptores de
estiramento
Receptores
pulmonares e das
vias áreas
Quimioreceptores
centrais e
periféricos