Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conto
Conto
Ela acordava, ainda noite, saía para trabalhar e seguia sua rotina de
sempre. Fazia as coisas de sempre. Via as pessoas de sempre. Se
reinventara há pouco e na sua nova versão não havia tempo
para reflexões sobre a sua mesmice. As reflexões podiam matá-la.
Mas ela fingia. Ela deixava passar. Ela dormia, sempre noite, e esquecia
esses questionamentos bobos, essa busca de si. Aliás, fingia esquecer…
Uma música, uma lembrança, uma briga, um filme, um garçom e um
suco de acerola faziam ela se lembrar quem ou o quê ela era agora e,
consequentemente, quem ela não sabia que era.
O caos, ela sabia que estava ali. Aquele velho e familiar caos. Aquele que
explodia em raras ocasiões que ela não sabia controlar. Seria aquilo a sua
essência? O caos? Seu desejo pelo caos externo, sua fascinação pelas
distopias, sua pulsão de morte diziam que sim. Aquilo era a única parte
de sua vida que permanecia intacta em anos.
Aqui jaz