Notas de Aula
Fı́sica Geral I (F 128)
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Art. No 0317
ISBN 978–11–3991–71–9
Edition 0.1
1 Introdução à Fı́sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 O método cientı́fico 7
1.2 Grandezas Fı́sicas 8
1.2.1 Grandezas fı́sicas fundamentais 8
1.2.2 Unidades 9
1.2.3 Notação Cientı́fica 9
1.3 Algarismos significativos 10
1.4 Estimativas e ordem de grandeza 11
1.5 Análise Dimensional 11
1.6 Questões de revisão 12
1.7 Problemas 12
2 Movimento em 1 dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1 Descrição do movimento 14
2.1.1 Representação gráfica 15
2.1.2 Representação matemática 15
2.2 Posição, deslocamento e distância percorrida 16
2.3 Velocidade média e velocidade escalar média 16
2.4 Velocidade instantânea 17
2.5 Movimento com velocidade constante 17
2.6 Posição, deslocamento e velocidade como vetores 18
3
2.7 Variações na velocidade: aceleração 18
2.7.1 Movimento com aceleração constante 18
2.8 Questões de revisão 20
2.9 Problemas 21
3 Momento linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.1 Atrito 24
3.2 Inércia 25
3.3 Quantidade de movimento ou momento linear 27
3.4 Sistemas 27
3.5 Conservação do momento 29
3.6 Outras questões de revisão 30
3.7 Problemas 31
4 Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Classificação de Colisões 35
4.2 Energia Cinética 36
4.3 Colisões Elásticas 37
4.4 Colisões Inelásticas 37
4.5 Energia Interna 37
4.6 Conservação de Energia 39
4.7 Separações Explosivas 40
4.8 Outras questões de revisão 41
4.9 Problemas 42
5 Interações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.1 Os efeitos das interações 44
5.2 Energia potencial 46
5.3 Dissipação de energia 47
5.4 Fontes de energia 49
5.5 Tipos de interações 49
5.5.1 Interações não-dissipativas 49
5.5.2 Interações dissipativas 50
5.6 Um exemplo de interação não-dissipativa: queda livre 51
5.7 Outras questões de revisão 52
5.8 Problemas 52
6 Revisão 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.1 Problemas 55
7 Forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
7.1 Força e momento 58
7.2 A reciprocidade das forças 60
7.3 Equilı́brio translacional 61
7.4 Diagrama de corpo livre 62
7.5 Tipos de forças 62
7.6 A força gravitacional 63
7.6.1 A força gravitacional próxima da superfı́cie da Terra 63
7.7 Forças de contato 64
7.7.1 Molas 64
7.7.2 Força de tensão 64
7.7.3 Força de compressão ou normal 65
7.8 Impulso 66
7.9 Sistemas de objetos interagindo entre si 66
7.9.1 Sistemas de dois objetos 66
7.9.2 Sistemas de vários objetos interagindo entre si 68
7.10 Centro de massa 68
7.10.1 Generalização para um sistema com vários objetos 69
7.11 Outras questões de revisão 69
7.12 Problemas 70
8 Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
8.1 Força e deslocamento 73
8.2 Trabalho positivo e negativo 74
8.3 Trabalho realizado sobre uma única partı́cula 75
8.4 Escolha do sistema 76
8.5 Trabalho realizado sobre um sistema de várias partı́culas 78
8.6 Forças variáveis 79
8.7 Potência 80
8.8 Outras questões de revisão 81
8.9 Problemas 82
9 Movimento no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
9.1 O termo “em linha reta” é relativo 85
9.2 Vetores num plano 86
9.3 Movimento de um objeto em duas dimensões 88
9.4 Colisões e momento em duas dimensões 90
9.5 Decomposição de forças 90
9.6 Trabalho como produto de dois vetores 91
9.7 Atrito 92
9.8 Trabalho e atrito 94
9.9 Problemas 94
Literature . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
1. Introdução à Fı́sica
Muito provavelmente você está fazendo esta disciplina de Fı́sica porque ela é obrigatória para
o seu curso, e talvez não esteja claro porque você deveria fazer esta disciplina. Um primeiro
bom motivo para fazer uma disciplina de Fı́sica é que, primeiramente e mais importante, a
Fı́sica fornece um conhecimento fundamental do mundo. Além disto, independente de você
estudar Engenharia, Geologia, Licenciatura, Biologia, Quı́mica ou Fı́sica, ou qualquer outra
formação, disciplinas de Fı́sica são uma excelente oportunidade para você adquirir habilida-
des de raciocı́nio lógico. Saber Fı́sica significa se tornar um melhor resolvedor de problemas
(independentemente do tipo de problema!), e se tornar um bom resolvedor de problemas leva
a um benefı́cio impagável no longo prazo: permite que você tenha uma metodologia clara de
como abordar um problema desconhecido, o que vai lhe dar mais confiança (e aqui quero di-
zer qualquer problema real, não problemas de livro texto). Portanto, antes de começar nossa
jornada vamos mapear questões fundamentais da Fı́sica como ciência, para que você entenda
com o que estará lidando nos próximos meses.
Referências para leitura: Halliday (capı́tulo 1) e Bauer (capı́tulo 1).
7
8 1.2. Grandezas Fı́sicas
Figura 1.1: O método cientı́fico é um processo iterativo na qual uma hipótese, que foi inferida
a partir de observações, é utilizada para fazer uma predição, que é então testada fazendo
novas observações.
1.2.2 Unidades
O sistema de unidades mais usado atualmente é o Sistema Internacional de Unidades (SI, do
francês, Système International). Os padrões internacionais para essas unidades foram defini-
dos através de acordos internacionais. Esses padrões são usados em todas as medições.
É possı́vel obter múltiplos reconhecidos pelo SI das unidades de base multiplicando-os
por vários fatores de 10. Esses fatores tem abreviações com letras universalmente aceitas que
são usadas como prefixos (Figura 1.2).
A conversão de unidades de uma mesma grandeza fı́sica pode ser feita usando o método
de conversão em cadeia, no qual os dados originais são multiplicados sucessivamente por
fatores de conversão unitários, e as unidades são manipuladas como quantidades algébricas
até que apenas as unidades desejadas permaneçam.
Solução:
60s
2min = 2
min
·
= 120s
min
1
Portanto, o número de átomos no corpo humano pode ser escrito de forma compacta como
7 × 1027 .
Outra vantagem da notação cientı́fica é que ela facilita multiplicar ou dividir números
muito grandes ou muito pequenos, pois podemos fazer estas operações de forma indepen-
dente para a mantissa e o expoente.
Figura 1.3: Exemplo da importância dos algarismos significativos: dois termômetros me-
dindo a mesma temperatura. (a) O termômetro está marcado em décimos de grau e pode
ser lido com quatro algarismos significativos (36, 85o C); (b) o termômetro está marcado em
graus, então pode ser lido com apenas três algarismos significativos (36, 8o C).
Capı́tulo 1. Introdução à Fı́sica 11
Exemplo 1.2 Com base no procedimento acima, verifique as ordens de grandeza dos
seguintes comprimentos: (a) 0, 0086 m ∼ 10−2 m; (b) 0, 0021 m ∼ 10−3 m; (c) 720 m
∼ 103 m.
x ∝ an t m
faça sentido. Na expressão acima, x, a e t representam, respectivamente, a posição, a
aceleração e o tempo.
Solução: Sabemos que a relação é correta somente se os dois lados da equação tiverem
a mesma dimensão. Como a equação do lado esquerdo é comprimento, a do lado
direito também deve ser comprimento. Logo,
[an t m ] = L = L1 T 0 .
Como as dimensões de aceleração são L/T 2 e a dimensão do tempo é T , então:
n
L
T m = L1 T 0 −→ Ln T m−2n = L1 T 0
T2
Logo, n = 1 e m − 2n = 0 −→ m = 2. Portanto, a expressão deve ter a forma x ∝ at 2 .
12 1.6. Questões de revisão
1.7 Problemas
Atividade 1.1 O raio médio da Terra é 6370 km. Pressupondo que existam 7 bilhões
de habitantes no planeta, qual é a área de superfı́cie disponı́vel por pessoa? Escreva
todos os números em notação cientı́fica.
Atividade 1.2 Uma calculadora exibe o resultado 1, 3652480×107 kg. A incerteza esti-
mada neste resultado é ±2%. Quantos dı́gitos devem ser incluı́dos como significativos
quando o resultado é escrito?
Atividade 1.3 (a) A distância entre duas cidades é 100 milhas. Em quilômetros, qual
é a distância entre as cidades? (b) Em uma rodovia interestadual numa região rural
norte-americana, um carro viaja a 38 m/s. O motorista está excedendo o limite de
velocidade de 75 mi/h?
Exercı́cio 1.2 Suponha que a aceleração a de uma partı́cula movendo-se com veloci-
dade v em um cı́rculo de raio r seja proporcional a alguma potência de r, digamos r n ,
Capı́tulo 1. Introdução à Fı́sica 13
Problema 1.2 O fı́sico italiano Enrico Fermi era famoso por fazer perguntas com esti-
mativas. Segundo Fermi, “é melhor estar aproximadamente certo do que exatamente
errado.” Não por acaso, Fermi estimou a energia liberada pela explosão nuclear Trinity
em 16/07/1945, no Novo México (EUA), observando a que distância um pedaço de
papel foi soprado pelo vento com a explosão.
Uma das perguntas famosas de Fermi foi usar a estimativa para determinar a ordem
de grandeza de afinadores de piano em Nova York. Seguindo esta inspiração, estime a
ordem de grandeza de dentistas na cidade de Campinas.
Atividade 1.2, Atividade 1.4, Exercı́cio 1.1, Exercı́cio 1.3, Exercı́cio 1.4
2. Movimento em 1 dimensão
O ramo da fı́sica que lida com representações quantitativas do movimento é chamado de ci-
nemática. A cinemática não considera as causas e os efeitos do movimento; seu objetivo é
somente fornecer uma descrição matemática do movimento. Nesta aula, nós seguimos uma
abordagem cinemática; ou seja, nós representamos o movimento em um gráfico e quantifica-
mos o movimento sem nos preocuparmos com suas causas. Em aulas futuras começaremos
a olhar para as causas do movimento, mas por ora somente nos importaremos com o mo-
vimento enquanto ele está acontecendo. Ao descrever o movimento como representado em
um clip de vı́deo, começamos a desenvolver as qualidades mais básicas na fı́sica: construir
representações simplificadas de situações do mundo real. Você aprenderá como usar tabe-
las, gráficos e funções matemáticas para representar dados do movimento. Finalmente, você
aprenderá a fazer a distinção entre posição e deslocamento.
Para analisar o movimento de um objeto, nós temos que medir a posição do objeto em dife-
rentes instantes de tempo. Se a posição do objeto muda conforme o tempo passa, o objeto
está se movendo. Se a posição não está mudando, o objeto está em repouso.
Considere o movimento de uma pessoa
que anda em linha reta (Figura 2.1). Uma
forma de registrar o movimento desta pes-
soa é tirar fotos da posição desta pessoa em
relação a um ponto especı́fico (digamos, por
exemplo, o canto esquerdo da Figura 2.1),
e anotar todos estes dados numa tabela (Fi-
gura 2.2(A)). A mesma informação pode ser
mostrada graficamente, onde a posição em
relação ao canto esquerdo é graficada em
Figura 2.1: Representação do movimento de uma
função do número da foto (Figura 2.2(B)). pessoa que caminha em linha reta.
14
Capı́tulo 2. Movimento em 1 dimensão 15
Figura 2.2: (A) Tabela com a posição da pessoa em cada foto tirada. (B) Representação gráfica
dos dados da tabela.
∆x = xf − xi .
Quando uma partı́cula se desloca de uma posição x1 para uma posição x2 durante um in-
tervalo de tempo ∆t, a velocidade média da partı́cula durante esse intervalo é dada por:
∆x
vmed ≡ .
∆t
Na representação gráfica, a velocidade
média em um intervalo de tempo ∆t é igual
à inclinação da curva que representa as duas
extremidades do intervalo (Figura 2.5).
A velocidade média não depende da
distância que uma partı́cula percorre, mas
apenas das posições inicial e final. A
escalar
velocidade escalar média vmed de uma
partı́cula durante um intervalo de tempo ∆t
depende da distância total percorrida pela
partı́cula nesse intervalo: Figura 2.5: Representação gráfica do movimento
em duas velocidades diferentes. Caminhar com
escalar d metade da velocidade leva o dobro do tempo para
vmed ≡ .
∆t se deslocar na mesma distância.
Capı́tulo 2. Movimento em 1 dimensão 17
Figura 2.6: Velocidade instantânea como limite da razão entre deslocamento e intervalo de
tempo: (a) velocidade média sobre um intervalo de tempo longo; (b) velocidade média sobre
um intervalo de tempo mais curto; (c) velocidade instantânea em um tempo especı́fico, t3 .
∆x xf − xi
vmed = v = = −→ xf = xi + v∆t
∆t ∆t
18 2.6. Posição, deslocamento e velocidade como vetores
∆v vf − vi
amed ≡ = .
∆t ∆t
Também de forma similar, para determinar a aceleração de um objeto num dado instante de
tempo t, calculamos a aceleração média num intervalo de tempo ∆t muito curto, próximo de
zero. Desta forma, a aceleração instantânea (ou simplesmente aceleração) no tempo t é:
d 2x
!
∆v dv d dx
a ≡ lim = = = 2,
∆t→0 ∆t dt dt dt dt
∆v
amed = a = −→ vf = vi + a∆t.
∆t
Capı́tulo 2. Movimento em 1 dimensão 19
Graficamente, a integral representa a área sob a curva a(t) entre ti e tf na Figura 2.7(c).
Uma vez que temos a velocidade, podemos fazer a mesma abordagem para obter o des-
locamento a partir da velocidade. Matematicamente,
Z tf
∆x = v(t)dt.
ti
Questão 2.1 Descreva o movimento representado por cada um dos gráficos da figura
abaixo:
Questão 2.2 Suponha que você caminhe numa linha reta do ponto P ao ponto Q, a 2 m
de P, e depois retorne ao ponto P pela mesma trajetória. (a) Qual é a componente x do
seu deslocamento durante toda a caminhada? (b) Qual foi a distância percorrida du-
rante toda a caminhada? (c) A distância percorrida é a mesma coisa que a componente
x do deslocamento?
Questão 2.3 (a) Qual das linhas 1-8 nos gráficos da figura da questão 2.1 representa
a maior velocidade escalar média? (b) E para qual das linhas a velocidade média é
negativa?
Questão 2.4 Cada uma das fotografias estroboscópicas (a), (b) e (c) na figura abaixo
foi tirada de um disco único movimentando-se para a direita, que consideramos como
a direção positiva. Para cada fotografia, o intervalo de tempo entre imagens é cons-
tante. (a) Qual fotografia mostra movimento com aceleração zero? (b) Qual fotografia
mostra movimento com aceleração positiva? (c) Qual fotografia mostra movimento
com aceleração negativa?
Capı́tulo 2. Movimento em 1 dimensão 21
2.9 Problemas
Atividade 2.3 Uma partı́cula se move ao longo do eixo x de acordo com o gráfico
abaixo. (a) Encontre a velocidade média no intervalo de tempo t = 1, 50 s a t = 4, 00 s.
(b) Determine a velocidade instantânea em t = 2, 00 s. (c) Em qual valor de t a partı́cula
para?
Atividade 2.5 A figura abaixo mostra uma sequência de fotos (visto de cima) de um
objeto se movendo da esquerda para a direita ao longo de uma trilha. Os interva-
los de tempo entre as fotos são todos iguais. Durante que instantes do movimento o
objeto está (a) acelerando (aumentando o módulo de sua velocidade) e (b) freando (di-
minuindo o módulo de sua velocidade)? Explique como você chegou a esta conclusão.
(c) Como suas respostas mudariam se o objeto estivesse se movendo da direita para a
esquerda?
22 2.9. Problemas
Exercı́cio 2.1 A posição de uma partı́cula se movendo pelo eixo x varia com o tempo
segundo a expressão x = 4t 2 , onde x está em metros, e t está em segundos. Avalie a
posição da partı́cula
(a) em t = 2,00 s
(b) em 2,00 s + ∆t
(c) Avalie o limite de ∆x/∆t conforme ∆t se aproxima de zero, para encontrar a veloci-
dade em t = 2, 00 s.
Exercı́cio 2.2 Você tem que viajar de Campinas a Bauru, que fica a 300 km de
distância. Você precisa chegar em Bauru às 11:15. Você planeja dirigir a 100 km/h
e parte às 8:00 para ter algum tempo de sobra. Você dirige à velocidade planejada du-
rante os primeiros 100 km, mas, em seguida, um trecho em obras o obriga a reduzir a
velocidade para 40 km/h por 40 km. Qual é a menor velocidade que você deve manter
no resto da viagem para chegar a tempo?
Exercı́cio 2.3 Você está dirigindo numa rua de Campinas a 60 km/h quando avista um
semáforo que acabou de ficar amarelo. A maior desaceleração que seu carro é capaz
é 5,18 m/s2 , e seu tempo de reação para começar a frear é de 750 ms. Para evitar
que a frente do carro invada o cruzamento depois que o sinal mudar para vermelho,
sua estratégia deve ser frear até parar ou prosseguir a 60 km/h se a distância até o
cruzamento e a duração da luz amarela forem, respectivamente, 40 m e 2,8 s? As
respostas podem ser frear, prosseguir, tanto faz (se as duas estratégias funcionarem),
ou não há jeito (se nenhuma das estratégias funcionar).
Exercı́cio 2.4 Uma motocicleta parte do repouso e acelera conforme mostra a figura.
Determine (a) a velocidade escalar da motocicleta em t = 4, 0 s e em t = 14, 0 s, e (b) a
distância percorrida nos primeiros 14,0 s.
Capı́tulo 2. Movimento em 1 dimensão 23
Problema 2.1 A posição de uma partı́cula como função do tempo é dada por
1
x(t) = x0 e3αt ,
4
onde α é uma constante positiva.
(a) Em que tempo a partı́cula está em 2x0 ?
(b) Qual é a velocidade escalar da partı́cula como função do tempo?
(c) Qual é a aceleração da partı́cula como função do tempo?
(d) Quais são as unidades do SI para α?
Atividade 2.3, Exercı́cio 2.1, Exercı́cio 2.2, Exercı́cio 2.3, Exercı́cio 2.4 e Problema 2.1
3. Momento linear
Referências para leitura: Halliday (seções 5.1, 6.1, 9.2-9.5) e Bauer (seções 4.7, 7.1-7.3).
3.1 Atrito
A Figura 3.1 mostra o movimento de um bloco de ma-
deira deslizando sobre três superfı́cies diferentes. A
diminuição da velocidade é devido ao atrito - a re-
sistência ao movimento que uma superfı́cie ou um ob-
jeto encontra ao tentar se mover sobre outra. Note que a
forma como a velocidade do bloco diminui quando este
desliza sobre o gelo é bem diferente do que quando o
bloco desliza sobre o concreto. O efeito do atrito é tra-
zer o bloco ao repouso. Quanto menos atrito há entre
o bloco e a superfı́cie, mais tempo vai demorar para o
bloco parar. Na ausência de atrito, objetos que se mo-
vem ao longo de uma trajetória horizontal continuam
se movendo sem diminuir sua velocidade.
Na realidade, não há nenhuma superfı́cie total-
mente livre de atrito na qual objetos podem deslizar
para sempre, mas há formas de minimizar o atrito.
Figura 3.1: Velocidade em função do
Questão 3.1 As acelerações dos movimentos tempo para um bloco de madeira des-
mostrados na Figura 3.1 são constantes? Para lizando sobre 3 superfı́cies diferentes:
qual superfı́cie a aceleração tem o maior módulo? gelo, madeira polida e concreto.
24
Capı́tulo 3. Momento linear 25
3.2 Inércia
Podemos descobrir um dos princı́pios mais fundamen-
tais da fı́sica estudando como as velocidades de dois
carros com pouco atrito mudam quando os carros coli-
dem. Vamos primeiro analisar o que acontece com dois carros idênticos, quando colocamos
eles num trilho de ar (onde o atrito será praticamente nulo). A figura 3.2 ilustra o nosso
arranjo experimental. O primeiro carro fica parado; depois, colocamos o segundo carro no
trilho há uma certa distância e se movendo em direção ao primeiro carro. Os dois carros
colidem, e a colisão altera a velocidade de ambos.
A colisão faz o carro 1 se mover para a direita, e o carro 2 parar. A figura 3.3(a) mostra
as velocidades dos dois carros em diferentes instantes de tempo. A região em cinza mostra
o intervalo de tempo no qual a colisão ocorreu. Embora a colisão pareça “instantânea,” dela
demora aproximadamente 10 ms para o movimento dos carros se ajustar.
Podemos repetir este experimento várias vezes, dando um empurrão cada vez maior no
carro 2. Vamos descobrir que não importa qual é a velocidade do carro 2, a colisão sempre troca
as duas velocidades.
Figura 3.3: Gráfico da velocidade em função do tempo para (a) dois carros idênticos e (b) um
carro simples e um carro duplo, antes e depois de uma colisão num trilho de ar (isto é, com
atrito desprezı́vel).
26 3.2. Inércia
Para determinar se a quantidade de matéria afeta o movimento, podemos colar dois car-
ros para ter o carro 1 com o dobro da massa do carro 2. Desta vez o carro 2 não para comple-
tamente; a colisão reverte a direção de movimento, de forma que depois da colisão o carro
2 se move para a esquerda, conforme mostra a Figura 3.3(b). Após a colisão, o carro duplo,
sendo mais difı́cil para se colocar o movimento do que um único carro, se move para a direta
como anteriormente, mas desta vez com uma velocidade menor. É mais fácil mover uma
pedra pequena do que uma pedra grande!
Podemos repetir o mesmo experimento variando as velocidades iniciais e as direções de
movimento, e vamos observar que não importa como os carros se movem (ou nem se movem)
inicialmente, a variação da velocidade do carro duplo é sempre metade da velocidade do carro
simples. Além disso, as variações das velocidades são sempre em direções opostas, o que
significa que o módulo da velocidade de um carro aumenta enquanto a do outro diminui.
Podemos perceber que é mais difı́cil mudar o movimento dos objetos mais pesados do
que o movimento de objetos mais leves. Objetos mais pesados têm maior resistência quando
tentamos mudar a velocidade deles. Esta tendência de um objeto a resistir a uma mudança
na sua velocidade é o que chamamos de inércia. A inércia de um objeto é determinada pelo
tipo de material na qual o objeto é feito e pela quantidade de material contida no objeto.
Quantitativamente, a inércia de um objeto é representada pelo sı́mbolo m (m vem de
massa, uma grandeza escalar que está relacionada com a inércia e que vamos estudar pos-
teriormente). Matematicamente, podemos usar os experimentos de colisões mencionados
acima para definir a inércia de qualquer objeto, pois a razão da inércida de dois objetos u e s
está relacionada com o inverso da razão da variação do módulo das velocidades dos objetos:
mu ∆v
=− s (3.1)
ms ∆vu
3.4 Sistemas
No capı́tulo 2 analisamos o movimento de um único objeto. Mas a situação da seção anterior
coloca uma situação mais realista, onde um número de objetos interagem uns com os outros.
Para analisar estas situações, temos que focar em um ou mais objetos principais - uma pessoa
escalando uma montanha, dois carros colidindo, átomos de um gás num recipiente. O pri-
meiro passo de qualquer análise que fizermos é então separar o(s) objeto(s) de interesse do
resto do Universo. Qualquer objeto, ou grupo de objetos, que podemos separar, na nossa
cabeça, de todo o resto que está ao redor é um sistema.
Por exemplo, quando consideramos uma colisão entre dois carros, podemos considerar
ambos os carros como o nosso sistema. Quando alguém joga uma bola e nós estamos inte-
ressados somente no movimento da bola, a escolha lógica de sistema é a bola; todo o resto -
o lançador, o ar ao redor da bola, a Terra - está fora do sistema e constitui a vizinhança.
Ao analisar qualquer problema, a escolha
do sistema deve ser bastante clara. Há sem-
pre mais de uma forma de separar um sistema.
Para os dois carros colidindo numa trilha, como
ilustrado na Figura 3.4, podemos definir nosso
sistema contendo ambos os carros (como fize-
mos) ou apenas um carro. Decidir o que incluir
no sistema vai quase sempre ser definido pela
informação que você quer aprender. Geralmente
a escolha é óbvia; algumas vezes você vai preci-
sar de experiência para fazer a decisão. Mais im-
portante: uma vez definido o sistema, este deve
permanecer o mesmo durante toda a sua análise.
Falhar ao fazer uma escolha consistente de sis-
tema é uma fonte frequente de erro. Figura 3.4: Duas escolhas para sistema de
carros colidindo numa trilha.
28 3.4. Sistemas
Questão 3.4 As seguintes quantidades são extensivas ou intensivas: (a) inércia, (b)
velocidade, (c) o produto da inércia com a velocidade?
Figura 3.6: Os efeitos de entrada, saı́da, criação e destruição sobre as quantidades extensivas
de um sistema.
Capı́tulo 3. Momento linear 29
Para uma quantidade conservada num sistema no qual não há a possibilidade de trans-
ferência, as coisas são ainda mais simples: o valor da quantidade não pode mudar. Quan-
tidades conservadas têm um papel importante na fı́sica porque sua contagem é muito sim-
plificada. Nos sistemas nos quais não há transferência de uma quantidade conservada, a
quantidade não muda independente dos processos que ocorrem dentro ou fora do sistema.
psistema ≡ pu + ps ,
∆psistema = 0. (3.3)
Logo, quando consideramos os dois carros como um sistema, podemos dizer que a colisão
não altera o momento do sistema.
Podemos nos perguntar o que faz o momento de um sistema se alterar. Para isso, vamos
voltar a pensar no movimento do bloco de madeira sobre o piso de concreto da Figura 3.1.
Se considerarmos o bloco como nosso sistema, vemos que há uma interação entre o sistema
(bloco) e o exterior (no caso, o piso). Vamos definir o conceito de interação mais adiante
no curso; por ora, por interação queremos dizer dois objetos tocando um ao outro de forma
que um deles (ou ambos) é acelerado. As interações entre objetos dentro de um sistema
são chamadas de interações internas. As interações entre um objeto do sistema e qualquer
outro objeto fora do sistema são interações externas. No caso do objeto se movendo no piso de
concreto, considerando o objeto como nosso sistema, há ao menos uma interação externa.
Definição 3.1 (Sistemas isolados) Um sistema no qual não há interações externas é
chamado de sistema isolado. Para sistemas isolados, não há nada que possa alterar o
momento do sistema, de forma que
Experimentos mostram que qualquer interação entre dois objetos - não apenas colisões -
transfere momento de um objeto a outro. Contudo, a soma dos momentos dos objetos inte-
ragentes nunca muda. Até hoje, nenhuma interação ou outro fenômeno no qual momento
é criado do nada ou destruı́do foi observado. Podemos com isso concluir que o momento
pode ser transferido de um objeto para outro, ou de um sistema para a vizinhança, mas
não pode ser criado ou destruı́do. Esta afirmação é um dos princı́pios mais fundamentais
da fı́sica, e geralmente é referido como conservação do momento. Para qualquer sistema
isolado, a conservação do momento significa que ∆psistema = 0. Para um sistema que não é
isolado, temos que
∆p = J, (3.5)
onde J representa a transferência de momento do ambiente externo para dentro do sistema.
A quantidade J é chamada de impulso entregue ao sistema. Como o momento, o impulso é
30 3.6. Outras questões de revisão
um vetor (ou seja, tem módulo e direção) e tem unidades de kg·m/s. Dependendo da direção
em relação ao momento, o impulso pode aumentar ou diminuir a quantidade de momento
do sistema.
A equação 3.5 é chamada de lei do momento, e vamos usa-la extensivamente neste curso.
A equação engloba a conservação do momento porque ela nos diz que o momento de um
sistema pode mudar somente devido à transferência de momento para o sistema (J). Para
um sistema isolado, o impulso é zero (J = 0) e a lei do momento toma a forma da equação
3.2.
Questão 3.5 Os gráficos abaixo mostram diferentes situações dos efeitos dos carros A
e B colidindo com um carro S. Comparando (a) com (b), e depois (c) com (d), liste os
carros A, B e S em ordem crescente de inércia.
Questão 3.6 Suponha que você esteja contando o número de cabeças de gado numa
fazenda. O que você escolhe como seu sistema? Quais são os processos corresponden-
tes à entrada, saı́da, criação e destruição? É possı́vel ter transferência para dentro/fora
do sistema? A contagem é uma grandeza conservada?
3.7 Problemas
Atividade 3.1 Considere os dois gráficos da velocidade por tempo mostrados abaixo,
que descrevem um objeto deslizando livre sobre uma superfı́cie plana.
a) Em qual dos dois casos houve uma maior variação do módulo da velocidade?
b) Em qual dos dois casos o módulo da aceleração é maior?
c) O efeito do atrito no movimento é mais pronunciado em qual dos dois casos?
Atividade 3.2 A figura abaixo representa o gráfico da velocidade por tempo para dois
objetos, A e B, antes e após eles colidirem entre si. O objeto B está inicialmente em
repouso.
a) Estime a variação da velocidade dos objetos A e B.
b) Com base na sua resposta para o item anterior, qual objeto deve ter maior inércia?
c) Qual é a razão entre as inércias dos objetos A e B?
Atividade 3.3 Você está andando num ônibus e pensando sobre o número de passa-
geiros dentro do ônibus.
a) O número de passageiros se mantém constante?
b) O número de passageiros dentro do ônibus é uma quantidade extensiva ou inten-
siva?
c) Em termos de número de passageiros, o ônibus pode ser considerado um sistema
isolado?
Atividade 3.4 Um garoto de 65,0 kg e a irmã de 40,0 kg, ambos utilizando patins,
estão de frente um para o outro em repouso. A garota empurra o garoto com força,
mandando-o para trás com velocidade 2,90 m/s em direção ao oeste. Despreze o atrito.
a) Descreva o movimento subsequente da garota.
32 3.7. Problemas
Exercı́cio 3.1 A figura abaixo mostra a posição em função do tempo para uma colisão
entre dois carros numa pista onde o atrito pode ser ignorado. O carro 1 tem uma
inércia de 1,0 kg; o carro 2 tem uma inércia de 4,0 kg. (a) Quais são as velocidades
iniciais e finais de cada carro? (b) Qual é a variação na velocidade de cada carro? (c)
Esboce o gráfico da velocidade em função do tempo para a colisão. (d) O carro 1 tem
aceleração diferente de zero? Se sim, quando, e qual é o sinal da aceleração? (e) O carro
2 tem aceleração diferente de zero? Se sim, quando, e qual é o sinal da aceleração? (f)
Verifique que a conservação de momento se aplica neste caso.
Exercı́cio 3.2 Uma bala de inércia mb é atirada horizontalmente com velocidade vb,i
contra um bloco de madeira de inércia mm inicialmente parado numa superfı́cie sem
atrito. A bala atravessa o bloco e sai com velocidade vb,f . Determine a velocidade final
do bloco, vm,f , seguindo o seguinte roteiro:
a) É possı́vel definir um sistema isolado para tratar o problema? Em caso positivo, de-
fina tal sistema.
b) Calcule o momento linear total do seu sistema imediatamente antes e imediata-
mente após a interação da bala com o bloco.
c) Calcule vm,f . Deixe sua resposta em termos das quantidades dadas.
Capı́tulo 3. Momento linear 33
Exercı́cio 3.3 Uma bola de futebol de massa m = 200 g é chutada em direção a uma
vidraça, atingindo-a quando está se deslocando horizontalmente, a uma velocidade de
3 m/s. A bola atravessa a vidraça, diminuindo sua velocidade para 1 m/s. Determine
o impulso transferido para a bola pela vidraça através do seguinte roteiro:
a) É possı́vel definir um sistema isolado para tratar o problema? Em caso positivo, de-
fina tal sistema.
b) Calcule o momento linear total do seu sistema imediatamente antes e imediata-
mente após a interação da bala com a vidraça.
c) Calcule o impulso.
Exercı́cio 3.4 Em um perı́odo de seis meses a Terra realiza meia revolução em torno
do Sol. A massa da Terra é de ∼ 6 × 1024 kg e sua velocidade de translação é de ∼ 105
km/h.
a) Calcule a variação do momento linear da Terra nestes seis meses.
b) Um sistema isolado pode ser definido como contendo a Terra e o Sol. O momento
linear é conservado neste sistema? Justifique.
c) Calcule a variação da velocidade do Sol nestes seis meses. A massa do Sol é de
∼ 2 × 1030 kg.
Problema 3.2 Considere uma molécula de um gás monoatômico de inércia m, que está
preso numa caixa e se move para frente e para trás com velocidade constante v entre
as paredes A e B, opostas uma a outra e distantes l uma da outra. A cada colisão com a
parede, a molécula muda a direção do movimento sem mudar seu módulo. Em termos
das variáveis do problema, escreva (a) a variação do momento da molécula quando
ela colide com a parede B, (b) o intervalo de tempo entre colisões com a parede B, (c)
o número de colisões por segundo da molécula com a parede B, e (d) a variação no
momento, por segundo, como resultado destas colisões.
Problema 3.3 Um canhão é rigidamente fixado a uma base, que pode se mover ao
longo de trilhos horizontais. A massa do canhão e da base é de M = 5000 kg. O canhão
dispara um projétil de massa m = 200 kg a uma velocidade de v0 = 125 m/s fazendo
um ângulo de 45° acima da horizontal.
a) Considerando somente a dinâmica na direção horizontal, o sistema definido pelo
canhão, base e projétil define um sistema isolado? E considerando a dinâmica na
direção vertical?
b) Encontre a velocidade de recuo do canhão.
c) Encontre o impulso exercido no canhão pelo chão.
Exercı́cio 3.1, Exercı́cio 3.2, Exercı́cio 3.4, Problema 3.2 e Problema 3.3
4. Energia
Referências para leitura: Halliday (seções 7.1, 8.2, 8.5, 9.6-9.7) e Bauer (seções 5.1-5.2, 6.5,
7.4-7.7).
35
36 4.2. Energia Cinética
Figura 4.1: Velocidade em função do tempo duas colisões, uma com dois carros idênticos, e outra
com carros de inércias diferentes. Em ambas as colisões a velocidade relativa dos carros antes e depois
da colisão não se altera.
Na figura 4.2 temos dois exemplos de colisão onde as condições iniciais são idênticas. A
primeira colisão é elástica, e a segunda totalmente inelástica. Para a colisão elástica, onde
a velocidade relativa não muda, a soma das energias cinéticas dos dois carros antes e de-
pois da colisão é a mesma. Para a colisão totalmente inelástica, tanto a velocidade relativa
como a soma das energias cinéticas dos dois carros mudam. De forma geral, observamos que
numa colisão elástica, a soma das energias cinéticas dos objetos antes e depois da colisão
é sempre a mesma.
1 2 1 2 1 2 1 2
m1 v1i + m2 v2i = m1 v1f + m2 v2f
2 2 2 2
ou seja,
∆K = 0
onde K = K1 + K2 = 21 m1 v12 + 12 m2 v22 é a energia cinética total do sistema.
Supondo que conhecemos as velocidades iniciais de duas partı́culas que colidem elasti-
camente, com as equações de conservação de momento e conservação de energia, podemos
determinar suas velocidades finais. Após um pouco de manipulação algébrica, encontramos:
m1 − m2 2m2 2m1 m − m2
v1f = v1i + v2i ; v2f = v1i − 1 v
m1 + m2 m1 + m2 m1 + m2 m1 + m2 2i
A maioria das colisões ocorre em uma situação que é um meio termo entre uma colisão
elástica e uma colisão totalmente inelástica. Podemos parametrizar esta situação definindo
um coeficiente de restituição, , como a razão das velocidades relativas finais e iniciais:
v12,f v2,f − v1,f
≡− =−
v12,i v2,i − v1,i
define o objeto. Após uma colisão inelástica, o estado do sistema muda de alguma forma, ao
contrário de uma colisão elástica, onde o estado do sistema permanece inalterado.
A transformação de um sistema de um estado inicial para um estado final é chamada de
processo. Processos causam mudança no sistema, por isso na Fı́sica queremos entende-los.
As colisões inelásticas envolvem mudanças que não podemos desfazer: dois carros ficam
danificados após uma colisão inelástica, e não é possı́vel “desfazer” esta mudança simples-
mente separando os carros. Os processos causados por estas colisões inelásticas são proces-
sos irreversı́veis, o que significa que as mudanças nos objetos envolvidos no processo não
podem ser desfeitas de forma espontânea.
De forma oposta, colisões elásticas são processos reversı́veis, o que significa que não há
mudanças permanentes no estado do sistema. Os objetos parecem os mesmos antes e depois
da colisão.
Suponha que pudéssemos associar uma quantidade com a mesma unidade da energia
cinética (kg·m2 /s2 ) com o estado de um sistema - vamos chamar esta quantidade de ener-
gia interna, Eint . Desta forma poderı́amos arrumar as coisas de forma que numa colisão
inelástica o aumento da energia interna do sistema é igual à diminuição da energia cinética
dos objetos do sistema. Isto significa que numa colisão inelástica uma forma de energia é
convertida em outra forma (cinética para interna) mas a soma das energias cinética e interna
- coletivamente chamadas de energia do sistema - não muda. A energia pode ser convertida
de uma forma para outra, mas não pode ser criada ou destruı́da. É portanto uma variável
extensiva conservada.
Questão 4.2 Um pedaço de massa é jogado contra uma parede e gruda na parede. A
energia interna do sistema massa-parede aumenta, diminui ou permanece a mesma?
Definição 4.1 (Sistemas fechados) O sistema contendo a mola e o carro na Figura 4.3
não está isolado. Contudo, nenhuma energia é transferida para o sistema, de forma
que a energia do sistema é constante.a Qualquer sistema no qual nenhuma energia
é transferida é chamado de um sistema fechado. Um ponto importante é que um
sistema fechado não precisa ser isolado (e, de forma análoga, um sistema isolado não
necessariamente é fechado).
a Como eu sei que nenhuma energia é transferida para o sistema carro-mola? A expansão da mola e a
aceleração do carro não causam nenhuma mudança no estado ou movimento da vizinhança (o trilho, a
Terra, etc.). Consequentemente, a energia da vizinhança não muda, o que significa que nenhuma energia
foi transferida da vizinhança para o sistema.
Ei = Ef
ou
∆E = 0.
Mesmo que ainda não sabemos calcular a energia interna, Eint , a equação acima nos permite
chegar a conclusões importantes. Primeiro, se a energia cinética de um sistema fechado
muda, então o estado do sistema também deve mudar de
∆Eint = −∆K.
40 4.7. Separações Explosivas
Figura 4.4: Dois exemplos de conservação de energia num sistema fechado. (a) A energia
cinética da bola é convertida em energia interna no colchão deformado. (b) Energia quı́mica
armazenada na bateria é convertida em energia térmica.
Como exemplo, considere a bola que cai sobre o colchão e eventualmente fica em re-
pouso (Figura 4.4(a)). Até a bola parar, o movimento da mola muda, assim como a forma
do colchão. A bola e o colchão constituem um sistema fechado, e a diminuição da energia
cinética da bola deve estar acompanhada do aumento da energia interna no sistema.
A segunda conclusão é que se a energia cinética de um sistema não muda, então a energia
interna do sistema também não muda. Mas como Eint é a soma das energias internas de todas
as partes que compõem o sistema, ∆Eint = 0 não significa que nenhuma mudança ocorreu.
Tome, por exemplo, a Figura 4.4(b). Quando a bateria é utilizada, se torna muito quente.
Como não há movimento antes ou depois do processo de utilizar a bateria, não há mudança
na energia cinética no sistema. No entanto, a energia quı́mica na bateria é convertida em
energia térmica, de forma que
∆Equim + ∆Eterm = 0.
Para determinar as velocidades finais dos carros precisamos saber quanta energia Eint a
mola libera (vamos discutir isto mais adiante no curso). Uma vez que obtermos ∆Eint , temos
duas equações que nos permite obter as duas velocidades finais, uma como consequência da
conservação de momento
0 = m1 v1,f + m2 v2,f
1 2 1 2
∆K + ∆Eint = m1 v1,f + m2 v2,f + ∆Eint = 0.
2 2
4.9 Problemas
Atividade 4.1 (a) Você está dirigindo um carro a 25 m/s quando ultrapassa um ca-
minhão viajando na mesma direção a 22 m/s. Se a direção na qual os dois carros estão
viajando é tida como positiva do sistema de coordenadas, qual é a velocidade do ca-
minhão em relação a você? (b) Agora uma motocicleta ultrapassa você a 29 m/s. Qual
é a velocidade da motocicleta em relação a você?
Exercı́cio 4.1 Um rio flui com velocidade constante v. Um estudante nada rio acima
uma distância d e depois volta ao ponto de partida. O estudante consegue nadar a
uma velocidade c em água parada. (a) Em termos de d, v e c, que intervalo de tempo é
necessário para o percurso completo? (b) Que intervalo de tempo seria necessário se a
água fosse parada? (c) Qual intervalo de tempo é maior? Explique se é sempre maior.
c) Faça um gráfico das velocidades dos blocos em função do tempo, ressaltando em seu
gráfico as velocidades relativas dos blocos.
Exercı́cio 4.5 Um carro de 1000 kg viajando em linha reta com velocidade de +20
m/s colide de frente com uma caminhonete de 1500 kg viajando com velocidade de
−10 m/s. (a) Se 10% da energia cinética do sistema é convertida em energia interna
durante a colisão, quais são as velocidades finais do carro e da caminhonete? (b) Se o
carro tivesse batido na traseira da caminhonete que estaria se movendo com +10 m/s,
como a resposta do item (a) mudaria?
Problema 4.1 Um mito urbano diz que é possı́vel escapar com vida de uma queda de
elevador pulando para cima instantes antes do elevador tocar no chão. Supondo uma
queda de 5 metros de altura, calcule o impulso que você deve dar ao elevador para
que este plano funcione. Quanto de energia você deve gastar neste processo? Avalie
criticamente os valores encontrados. Suponha um elevador de 500 kg de massa e que
você tenha 70 kg.
Atividade 4.3, Exercı́cio 4.1, Exercı́cio 4.3, Exercı́cio 4.4, Exercı́cio 4.7
5. Interações
Na semana anterior vimos como as interações podem alterar a energia cinética de objetos bem
como suas energias internas. Todo evento que ocorre neste universo é o resultado de alguma
interação entre objetos. As interações determinam a estrutura do universo, desde a escala
subatômica até a escala cosmológica. Neste capı́tulo vamos estudar como as interações con-
vertem energia de uma forma para outra. No processo vamos aprender mais sobre o conceito
de energia interna introduzido na semana anterior.
44
Capı́tulo 5. Interações 45
A equação acima é válida para todas as interações num sistema de dois objetos isolado, in-
dependente do que acontece com a energia durante a interação.
Figura 5.2: Conservação de momento e energia cinética numa colisão elástica entre dois
carrinhos num trilho de ar.
46 5.2. Energia potencial
Questão 5.1 (a) Use a Figura 5.2 para calcular o momento dos dois carros em t = 30, 60
e 90 ms. (b) O momento é o mesmo em cada um destes instantes? (c) Use a Figura 5.2
para calcular as energias cinéticas dos dois carros em t = 30, 60 e 90 ms. (d) A energia
cinética do sistema se mantém constante?
A Figura 5.2(d) mostra a energia cinética dos dois carros. Assim como o momento, a ener-
gia cinética de cada carro muda, mas como a colisão é elástica, a energia cinética do sistema
é a mesma antes e depois da interação. Note, no entanto, que a energia cinética do sistema
não se mantém constante durante a colisão! Ao contrário do momento, a energia cinética de
um sistema de objetos colidindo muda durante a colisão - mesmo quando a colisão é elástica.
O desaparecimento da energia cinética não está em contradição com a conservação de
energia. A energia cinética faltante durante a interação foi temporariamente convertida em
energia interna. Após a interação, a energia cinética convertida em energia interna durante a
interação reaparece como energia cinética. Porque o sistema é fechado, a energia do sistema
se mantém constante durante a colisão.
Em colisões inelásticas, nem toda a energia cinética do sistema antes da colisão conver-
tida em energia interna durante a colisão reaparece como energia cinética depois da colisão.
Parte da energia cinética inicial é convertida em energia interna de forma irreversı́vel.
Questão 5.2 Considere uma bola que é atirada contra a parede numa trajetória ho-
rizontal com velocidade v0 . (a) Qual é o momento da bola durante a colisão? (b) O
momento da bola é constante antes, durante e após a colisão? Se sim, por que? Se não,
por que não, e para qual sistema o momento é constante?
1. a razão das acelerações dos objetos é inversamente proporcional à razão de suas inércias;
2. a energia cinética do sistema muda durante a interação. Parte desta energia é con-
vertida para alguma forma de energia interna durante a colisão. Numa colisão elástica
toda a energia convertida reaparece como energia cinética após a colisão. Numa colisão
inelástica apenas parte da energia convertida é convertida como energia cinética após
a colisão; numa colisão totalmente inelástica nenhuma energia convertida reaparece
como energia cinética após a colisão.
Questão 5.3 Na Figura 5.3, a velocidade inicial do carro é vi . Assumindo que não há
nenhuma energia potencial armazenada na mola inicialmente, quanta energia poten-
cial é armazenada na mola (a) na terceira situação da figura e (b) na última situação da
figura? Dê suas respostas em termos de m, vi e v.
um pequeno deslocamento na mesma direção. Conforme você dobra a folha, você armazena
energia potencial na folha; quando você solta a folha, a energia potencial aparece como
energia cinética.
Na segunda situação, a mudança na forma é incoerente porque os átomos são deslocados
em direções aleatórias. A folha não pode voltar à forma original porque o deslocamento
aleatório deixou os átomos uns no caminho dos outros.
Podemos então dar uma classificação completa da energia. Toda energia pode ser divi-
dida em duas classes fundamentais: energia associada ao movimento e energia associada
com a configuração dos objetos interagentes. Cada classe de energia vem em duas formas:
coerente e incoerente (Figura 5.4).
Quando todos os átomos num objeto se movem de forma coerente na mesma direção -
o que significa que o objeto se move nesta direção - a energia de movimento é chamada de
energia cinética. Energia armazenada em mudanças coerentes numa configuração é chamada
de energia potencial. A soma das energias potencial e cinética de um sistema é chamada de
energia mecânica ou energia coerente do sistema.
Além da energia coerente, um sistema pode ter energia incoerente associada ao movi-
mento incoerente e à configuração de seus objetos. Uma parte importante da energia inco-
erente de um sistema é sua energia térmica. Quanto maior a energia térmica de um objeto
maior sua temperatura. A soma da energia incoerente e da energia potencial de um sistema
é a energia interna do sistema.
1. energia cinética, K;
2. energia potencial, U ;
3. fontes de energia Es , e;
As interações convertem energia de uma categoria para outra, mas a conservação de energia
requer que, para um sistema fechado, a energia E do sistema se mantenha constante. Logo,
para um sistema fechado,
∆E = ∆K + ∆U + ∆Es + ∆Eth = 0 (5.1)
∆Em = 0.
∆Kcarro = −∆Umola ,
onde ∆Umola é a energia potencial elástica associada com a forma da mola. Conforme a mola
vai sendo comprimida (ou alongada), a energia potencial deve mudar. Portanto, Umola deve
ser função da posição, isto é, Umola deve ter um valor definido em cada posição x. De forma
geral, a energia potencial de qualquer sistema pode ser escrita na forma
U = U (x), (5.3)
onde U (x) é função da posição x que quantifica a configuração do sistema. Uma consequência
direta desta dependência da energia potencial com a posição é que a mudança na energia
cinética de um objeto que se move de uma posição x1 para uma posição x2 durante uma
interação não-dissipativa depende somente das posições x1 e x2 , e não do caminho percor-
rido pelo objeto.
Também podemos deduzir um ponto muito im-
portante do fato da energia potencial depender da
posição. Considere um sistema fechado com uma
função de energia potencial como a da Figura 5.6. Se
não há dissipação, então a energia mecânica deste sis-
tema fechado se conserva. Porque a energia potencial
aumenta com x, a energia cinética deve diminuir com
x. Isto significa que o objeto tende a ser acelerado na
direção de menor energia potencial, independente da
sua direção original de movimento.
Mas ∆U = 0 porque não há mudança na posição do bloco em relação à Terra e não há molas
envolvidas; ∆Es também é zero neste caso, de forma que
∆Kbloco = −∆Eth .
Embora a expressão acima seja muito similar à equação do sistema bloco-mola, o lado direito
é conceitualmente muito diferente. Em particular, a energia térmica não é uma função da
posição.
o que nos leva a deduzir que a energia potencial gravitacional do sistema Terra-bola próxima
à superfı́cie da Terra é
Ug (x) = mgx, (5.4)
onde x é a coordenada vertical do objeto (com o eixo x apontando para cima).
52 5.7. Outras questões de revisão
Questão 5.4 (a) Você está segurando uma bola a uma certa altura do chão. Se você
solta a bola, ela acelera para baixo. A interação que causa a aceleração da bola é devido
a que outro objeto? (b) Esta interação é atrativa ou repulsiva? (c) Quando a bola bate
no chão, a direção do seu movimento é revertida. Esta reversão é resultado de uma
interação atrativa ou repulsiva?
Questão 5.5 Por causa do atrito, um bloco de 100 g inicialmente deslizando sobre o
gelo a 8,0 m/s diminui sua velocidade a uma taxa de 1,0 m/s2 até parar. (a) Em gráficos
separados, esboce a velocidade do bloco e sua energia cinética como função do tempo.
(b) A energia cinética do bloco é convertida em que forma de energia?
Questão 5.6 Para cada um dos processos seguintes, determine qual conversão de ener-
gia ocorre e classifique a interação como dissipativa ou não-dissipativa: (a) lançamento
de uma bola pela expansão de uma mola comprimida, (b) queda de uma bola liberada
a partir de uma certa altura acima do solo, (c) o freamento de uma bicicleta até parar,
(d) a aceleração de um carro.
5.8 Problemas
Atividade 5.1 Duas crianças estão empurrando uma a outra numa pista de gelo, ambas
segurando um corrimão no canto da pista. As inércias das crianças são 30 kg e 25 kg.
(a) Se num instante a criança de 30 kg está acelerando a 1,0 m/s2 para a esquerda, qual
é a aceleração da outra criança nesse instante? (b) O que acontece com as acelerações
se a criança de 25 kg para de empurrar?
Atividade 5.2 A energia potencial de uma interação é dada por U (x) = ax2 , onde
a = +6, 4 J/m2 . (a) Se a velocidade inicial de um objeto de 0,82 kg nesse sistema é de
2,23 m/s em x = 0, quão longe o objeto viaja até parar? (b) A sua resposta no item (a)
depende se o objeto está viajando na direção positiva ou negativa do eixo x?
Atividade 5.3 Você joga uma bola de uma janela 12 m acima do chão, a partir do
repouso, e pouco antes da bola atingir o chão sua velocidade é medida a 14,6 m/s.
Qual a fração da energia cinética da bola é dissipada devido à resistência do ar?
Exercı́cio 5.1 Dois carros de brinquedo (m1 = 0, 200 kg e m2 = 0, 250 kg) são mantidos
juntos um ao outro por uma mola comprimida entre eles. Quando o sistema é liberado,
os carros estão livres para se mover. Se você medir a aceleração do carro de 0,200 kg
como 2, 25 m/s2 para a direita, qual é a aceleração do outro carro?
Capı́tulo 5. Interações 53
Exercı́cio 5.2 Quando um carro compacto de 800 kg acelera do repouso até 27 m/s,
consome 0,0606 l de gasolina, e 1 l de gasolina contém aproximadamente 3, 2 × 107 J
de energia. Qual é a eficiência do carro?
Exercı́cio 5.3 Um tı́pico avião comercial carregado tem uma inércia de 2, 1 × 105 kg.
(a) Quanta energia é necessária para levar o avião até a velocidade de vôo de 270 m/s?
(Ignore a resistência e o arraste do ar.) (b) Quanta energia é necessária para levar o
avião até a altitude de 10.400 m de altura se o avião viaja a esta altitude com velocidade
de vôo (constante)?
Exercı́cio 5.5 Uma bola de basquete de 700 g cai no piso de uma quadra e retorna a
65% da sua altura original. (a) Se a bola cai de uma altura de 1,5 m, quanta energia é
dissipada na primeira batida no chão? (b) Quanta energia é dissipada na quarta batida
no chão? (c) A energia dissipada é convertida em que tipo de energia incoerente?
Exercı́cio 5.6 Uma corda uniforme de inércia m e comprimento l está esticada sobre
uma mesa escorregadia. Quando sua ponta é colocada para fora da mesa, ela começa
a escorregar. Calcule a velocidade de queda da corda quando ela abandona de vez a
mesa.
Problema 5.1 Num trilho de ar, um carrinho de 0,36 kg inicialmente se movendo para
a direita a 2,05 m/s colide elasticamente com um carrinho de 0,12 kg inicialmente se
movendo para a esquerda a 0,13 m/s. O carro de 0,12 kg bate no carro de 0,36 kg e
comprime uma mola que está à direita dos carros no final do trilho. (a) No instante
de máxima compressão da mola, quanta energia potencial elástica é armazenada na
mola? (b) Se a mola devolve toda essa energia para o carrinho, e os dois carrinhos
colidem novamente, qual é a velocidade final de cada carrinho?
Problema 5.3 Um carro de 1,00 kg tem anexado a sua frente um dispositivo explo-
sivo que, quando colide em algo, explode liberando uma quantidade de energia E.
Este carro está se movendo para a direita com velocidade v quando colide com outro
carro de massa 2,00 kg que viaja para a esquerda com a mesma velocidade. A ex-
plosão acontece quando os carros colidem, causando uma separação dos carros. Se um
quarto da energia da explosão se dissipa em uma mistura incoerente de energia sonora
e deformação dos carros, qual é a velocidade final de cada carro?
Exercı́cio 5.1, Exercı́cio 5.4, Exercı́cio 5.6, Problema 5.1, Problema 5.2
6. Revisão 1
TODOS os problemas abaixo correspondem à lista de atividades que deverá ser feita para a
aula exploratória de 23/setembro/2019. Um dos exercı́cios será sorteado para entrega.
6.1 Problemas
Exercı́cio 6.1 Uma motocicleta parte do repouso e acelera conforme mostra a figura
abaixo.
Exercı́cio 6.2 A velocidade de uma partı́cula se movendo pelo eixo x varia com o
tempo segundo a expressão v(t) = 6t 2 − 4, onde v está em metros por segundo, e t está
em segundos. Sabendo que a partı́cula sai da origem em t = 0 s:
(a) Determine a velocidade média da partı́cula entre t = 1 s e t = 2 s.
(b) Determine a aceleração da partı́cula em t = 2 s.
55
56 6.1. Problemas
Exercı́cio 6.3 A figura abaixo mostra a posição em função do tempo para uma colisão
entre dois carros numa pista onde o atrito pode ser ignorado. O carro 1 tem uma
inércia de 1,0 kg e o carro 2 tem uma inércia de 5,0 kg.
(a) Supondo que a inércia do carro B é de 200 g, calcule a inércia do carro A a partir
das informações do gráfico.
(b) Qual seria a velocidade final dos carros caso o carro B estivesse inicialmente parado,
e fosse atingido pelo carro A com a mesma velocidade inicial do item anterior?
Capı́tulo 6. Revisão 1 57
Exercı́cio 6.6 Um carro de 1000 kg viajando em linha reta com velocidade de 20 m/s
para a direita colide de frente com uma caminhonete de 1500 kg viajando com veloci-
dade de 10 m/s para a esquerda. Se 10% da energia cinética do sistema é convertida
em energia interna durante a colisão, quais são as velocidades finais do carro e da
caminhonete?
Exercı́cio 6.7 Dois carrinhos de massa 1,0 kg e 2,0 kg são mantidos nas extremida-
des de uma mola que está inicialmente comprimida. Num determinado momento o
conjunto é liberado, a mola fica numa posição relaxada, e o carrinho de 1,0 kg adquire
uma velocidade de +4, 0 m/s.
(a) Qual é a velocidade do carrinho de 2,0 kg após a mola ficar relaxada?
(b) Qual é a energia armazenada inicialmente na mola comprimida, sabendo que 70%
desta energia é dissipada após o conjunto se soltar.
Exercı́cio 6.8 Dois patinadores A e B estão ligados pela cintura por um elástico sobre
uma pista de gelo. Em um certo instante o patinador A empurra o patinador B, fazendo
que o patinador B adquira uma velocidade de 0,4 m/s. Quando o elástico se estica,
ele reverte o movimento de separação dos patinadores, que passam a se aproximar
novamente. Considere que as inércias dos patinadores A e B são, respectivamente,
mA = 48 kg e mB = 72 kg.
(a) Calcule a velocidade do patinador A após o empurrão.
(b) Qual a energia potencial armazenada pelo elástico, sabendo que 10% da energia
mecânica é dissipada pelo elástico em forma de energia térmica.
7. Forças
Neste estágio do curso, você já pode resolver uma quantidade grande de problemas usando
apenas as leis de conservação. Até agora temos aplicado estas leis apenas em sistemas iso-
lados ou fechados; mas nem sempre é possı́vel identificar tais sistemas. Por esta razão, você
também precisa saber uma abordagem para resolver problemas que é válida em sistemas que
estão interagindo com a vizinhança. Se você olhar para os capı́tulos anteriores, irá perceber
que muitas das interações que discutimos envolvem empurrar, puxar ou esfregar - todas ações
relacionadas com a noção comum de força. De forma a trabalhar com sistemas que não estão
isolados, devemos discutir o conceito de força.
58
Capı́tulo 7. Forças 59
o colchão muda seu momento num perı́odo de tempo maior, pois a mudança do momento
ocorre numa taxa menor com o colchão.
Este exemplo ilustra dois pontos importantes. O primeiro é que forças são manifestações
de interações. A força exercida pelo colchão sobre você é uma parte da interação entre você
e o colchão (a outra parte é a força que você exerce sobre o colchão). O segundo ponto é que,
para um objeto que está participando de uma interação, a força exercida sobre o objeto é a
taxa de variação temporal do momento do objeto:
∆pobjeto dpobjeto
Fobjeto ≡ lim = .
∆t→0 ∆t dt
Como a força está relacionada com a mudança no momento, esta grandeza fı́sica é um vetor
e também tem direção. Sua unidade no SI é kg· m/s2 , que é definido como newton (N) em
homenagem ao cientista inglês Isaac Newton.
Questão 7.1 Imagine que você empurra um objeto ao longo de uma trajetória horizon-
tal sobre uma superfı́cie com velocidade constante de 1 m/s. Qual é a taxa temporal
da variação do momento do objeto?
∆p2 ∆p
Fpor 2 em 1 = = − 1 = −Fpor 1 em 2 .
∆t(a) ∆t(a)
Em outras palavras, a força exercida pelo carrinho 1 sobre o carrinho 2 é igual em módulo à
força exercida pelo carrinho 2 sobre o carrinho 1, e na direção oposta.
A única diferença entre as duas colisões da Figura 7.2 é que na Figura 7.2(a) o impacto
é amortecido pela mola, de forma que o tempo no qual o momento muda é maior nesta
primeira colisão. Logo, para a colisão da Figura 7.2(b) o intervalo de tempo é muito menor,
e podemos esperar forças de interação muito maiores para esta segunda situação. Ainda
assim, a força exercida pelo carrinho 1 sobre o carrinho 2 é igual em módulo à força exercida
pelo carrinho 2 sobre o carrinho 1, e na direção oposta. †
Figura 7.2: Dois exemplos de colisões entre dois carrinhos num trilho de ar.
Capı́tulo 7. Forças 61
De forma geral, podemos concluir que quando dois objetos interagem, eles exercem
forças um sobre o outro que são iguais em módulo mas com direções opostas. O par de
forças que dois objetos exercem um sobre o outro é chamado de par de interação. Esta
conclusão é um resultado direto da conservação de momento e da nossa definição de força.
Figura 7.3: Livro em repouso sobre uma mesa (a soma vetorial das forças exercidas sobre o
livro são zero).
Questão 7.3 Na Figura 7.3, a força de contato exercida pela mesa sobre o livro e a
força gravitacional exercida pela Terra sobre o livro são um par de interação?
• A interação gravitacional é responsável pela atração entre objetos que têm massa;
• A interação forte ou nuclear ocorre entre objetos feitos de quarks, como prótons e neu-
trons, e os mantém juntos no núcleo de um átomo (apesar da forte repulsão elétrica
entre os prótons);
• A interação fraca afeta todos os tipos de partı́culas elementares mas é muito mais fraca
que as interações forte e eletromagnética.
Nesta disciplina vamos nos focar primariamente nas interações gravitacional e eletro-
magnética, e nas forças que manifestam estas interações.
Capı́tulo 7. Forças 63
onde G = 6, 7 × 10−11 N·m2 /kg2 é uma constante, dita “universal” porque é a mesma para
qualquer par de massas que interagem entre si. O valor de G foi medido pela primeira vez
por Cavendish entre 1797-1798.
ME m
Fg = G ,
(RE + y)2
ME 2 6 × 1024 kg
−11 N · m
G 2
= 6, 7 × 10 2 6 2
= 9, 8m/s2 .
RE kg (6, 4 × 10 m)
Definimos esta constante como g ≡ +9, 8m/s2 , de forma que a força exercida pela Terra sobre
um objeto de massa m tem módulo Fg = mg.
64 7.7. Forças de contato
7.7.1 Molas
Para melhor entender a origem das forças de
contato, vamos primeiro examinar o com-
portamento de uma mola. Considere por
exemplo a Figura 7.7, que ilustra o compor-
tamento de uma mola quando conectada a
um objeto. Na figura 7.7(a) o objeto com-
prime a mola e chega a uma posição de
equilı́brio abaixo do comprimento da mola
relaxada. No caso do objeto ser suspenso
pela mola, como na Figura 7.7(b), a mola
se distende ao “puxar” o objeto. De forma
Figura 7.7: Diagrama do corpo livre para um ob-
geral, a força exercida pela mola sempre
jeto no caso da mola (a) empurrar ou (b) puxar o
tende a retornar a mola para sua posição re- objeto.
laxada. Considerando x0 a posição relaxada
da mola, dentro da região elástica da mola, é um fato experimental que a força exercida pela
mola no objeto é linearmente proporcional ao deslocamento da mola em relação a x0 ,
onde k é chamada a constante de mola. A equação acima é chamada de lei de Hooke, desco-
bridor desta relação.
Figura 7.8: (a) Uma bola pesada presa a um fio fino. (b) Modelo fı́sico representando as
ligações interatômicas num fio quando a massa é presa ao mesmo.
7.8 Impulso
Na seção 3.5 definimos a mudança no momento de um sistema ou objeto como o impulso
realizado sobre o sistema ou objeto. Nesta seção vamos determinar a relação entre força e
impulso, que nos permite determinar o efeito que as forças têm sobre o momento.
Vamos considerar um caso simples: um objeto sujeito à forças constantes. Para calcular
o que acontece com o momento do objeto, vamos considerar seu movimento durante um
intervalo de tempo ∆t = tf − ti . As forças constantes exercidas sobre o objeto aceleram o
objeto com uma aceleração constante a. Como a aceleração é constante,
∆v
a= .
∆t
Multiplicando os lados da equação acima pela inércia m do objeto, temos
∆v ∆p X
ma = m = −→ ∆p = ma∆t = F ∆t.
∆t ∆t
Comparando a equação acima com a lei do momento (∆p = J, equação 3.5), vemos que o
impulso exercido pelas forças no objeto é
X
J= F ∆t (força constante). (7.4)
A equação 7.4 estabelece que o impulso exercido num objeto durante um intervalo de tempo
∆t é igual ao produto da força resultante exercida sobre o objeto e a duração do intervalo de
tempo.
A relação entre impulso e força é verdadeira mesmo quando a força resultante não é
constante. Neste caso, análogo ao que vimos na seção 2.7, que a área sob a curva a(t) de
um objeto nos fornece a variação na velocidade, podemos calcular o impulso exercida por
qualquer força resultante Fres (t) como:
Z tf
∆p = J = Fres (t)dt (força variando no tempo).
ti
Figura 7.10: Dois carros com imãs que se repelem movendo sob influência de uma força
externa exercida no carro 1.
psistema = p1 + p2 .
A soma vetorial das forças exercidas sobre o carro 1 consiste de duas partes: a força externa
exercida no carro 1 e a força interna exercida pelo carro 2 sobre o carro 1 (devido à repulsão
magnética):
X
F1 = Fext,1 + F2,1 .
P
Como não há força externa no carro 2, F2 = F1,2 . Substituindo isto na equação 7.9.2,
dpsistema
= Fext,1 + F2,1 + F1,2 .
dt
Como F1,2 e F2,1 formam um par de interação, temos que F1,2 = −F2,1 . Logo,
dpsistema
= Fext,1 (7.5)
dt
A equação acima mostra que somente a força externa exercida sobre o carro 1 muda o mo-
mento do sistema. As forças internas não têm nenhum efeito sobre o momento do sistema.
68 7.10. Centro de massa
1 X
xCM = mi xi ,
M
i
P
onde xi é a posição x da i-ésimo objeto, e a massa total é M = i mi . Neste caso, seguindo o
mesmo raciocı́nio da seção anterior, pode-se mostrar que
X
Fext = MaCM . (7.7)
Logo, a conclusão da seção anterior também é válida para um sistema com mais de 2 objetos:
independente das interações que ocorrem entre os objetos dentro do sistema e independente
de onde o sistema as forças externas são realizadas, podemos determinar o movimento do
centro de massa dos objetos.
Questão 7.4 Se você deixa um livro cair de uma certa altura, ele é acelerado durante
a queda por causa da força gravitacional exercida pela Terra sobre o livro. Porque as
forças sempre existem em pares de interação, o livro deve exercer uma força sobre a
Terra. (a) Como o módulo da força feita pelo livro sobre a Terra compara com o módulo
da força feita pela Terra sobre o livro? (b) A Terra está acelerando durante a interação?
Questão 7.5 Identifique todas as forças exercidas nos objetos destacados em cada uma
das situações: (a) um livro em cima de uma revista sobre uma mesa. (b) Uma bola se
movimento ao longo de uma trajetória através do ar. (c) Uma pessoa sentada em uma
cadeira sobre o chão de um quarto. (d) um imã levita em cima de outro imã que está
sobre uma mesa.
70 7.12. Problemas
7.12 Problemas
Atividade 7.2 Durante uma partida de tênis, uma bola que chega a um jogador com 40
m/s é rebatida pela raquete de tênis e retornada a 40 m/s. O outro jogador, percebendo
que a bola está fora da área de jogo, pega a bola na mão. Assumindo que o intervalo de
tempo de contato é o mesmo nos dois casos, compare a força exercida pela raquete do
primeiro jogador sobre a bola com a força exercida pela mão do segundo jogador sobre
a bola.
Atividade 7.3 Dois carrinhos de 5,00 kg cada, um vermelho e outro verde, estão a 1,00
m de distância um do outro sobre uma superfı́cie na qual cada carrinho está sujeito à
uma força de atrito de 5,00 N quando se movem. O carrinho vermelho é puxado com
uma força constante de 12,0 N em direção ao carrinho verde. Qual é a aceleração (a)
do centro de massa antes dos dois carros colidirem? (b) do carrinho vermelho antes
da colisão, e (c) do centro de massa após a colisão? (d) Que conclusão você chega ao
comparar suas respostas para os itens (a) e (c)? Considere que a força de 12,0 N deixe
de atuar quando os carrinhos colidem.
Exercı́cio 7.1 Todos os blocos da figura abaixo são idênticos e você pode ignorar qual-
quer atrito nas polias. Coloque a tensão nas corda nas quatro situações em ordem
crescente.
Exercı́cio 7.2 Um estudante de 60 kg está num elevador se movendo para baixo com
velocidade constante. Ele usa uma balança de banheiro para medir a força exercida
sobre seus pés. Qual é a força lida pela balança (a) quando o elevador tem velocidade
constante, (b) quando o elevador desacelera com módulo de 2,0 m/s2 , e (c) quando o
elevador volta a descer acelerando a 2,0 m/s2 ?
Capı́tulo 7. Forças 71
Exercı́cio 7.3 A figura abaixo mostra dois blocos. Um dos blocos está em cima de uma
mesa sem atrito, e segura o outro bloco a partir de uma corda de massa desprezı́vel que
passa por uma polia de baixo atrito. O segundo bloco está suspenso no ar. (a) Se você
segura o bloco suspenso, e depois o libera, qual deve ser a inércia deste bloco para que
o sistema comece a deslizar? (b) Nesse caso, qual deveria ser a aceleração do sistema,
em termos de g, m e M?
Exercı́cio 7.5 Imediatamente antes de bater no chão, uma bola de basquete parcial-
mente cheia de 0,625 kg tem velocidade de 3,30 m/s. A bola perde metade de sua
energia cinética ao quicar no chão. (a) Qual é a velocidade da bola imediatamente após
quicar no chão? (b) Se a bola fica em contato com o chão por 9,25 ms, qual é o módulo
da força média exercida pelo chão sobre a bola?
Exercı́cio 7.7 Duas molas são conectadas conforme mostra a figura abaixo. Quando
um bloco de 4,0 kg é suspenso a partir da extremidade da combinação, o conjunto de
molas se estica 15 cm em relação ao seu ponto relaxado. (a) Qual é a constante de mola
do conjunto? (b) Se a mola de cima se alonga 10 cm, qual é a constante de mola de cada
mola?
72 7.12. Problemas
Problema 7.1 Um carrinho de 2,34 kg num trilho de ar longo e nivelado, sem atrito,
está se movendo em direção a um ventilador elétrico com velocidade de 0,23 m/s. O
ventilador, que estava inicialmente desligado, é ligado. Enquanto o ventilador acelera,
o módulo da força que ele exerce sobre o carro é dado por at 2 , onde a = 0, 02 N/s2 .
(a) Qual é a velocidade do carro 3,5 s após o ventilador ter sido ligado? (b) Depois de
quantos segundos o carro pára?
Problema 7.2 Um livro vermelho de 5,0 kg é suspenso com uma mola presa ao teto
de um elevador que está acelerando para baixo. Ao prender o livro vermelho na mola,
a mola se alonga 71 mm em relação ao seu comprimento quando relaxada. Mas você
também tem um livro amarelo de inércia desconhecida. Quando você prende os livros
amarelo e vermelho na mola ao mesmo tempo, a mola se alonga 110 mm em relação ao
seu comprimento quando relaxada. Quando o elevador está em repouso, a combinação
dos dois livros faz a mola se alongar 140 mm em relação à posição relaxada. (a) Qual é
a constante da mola? (b) Qual é a inércia do livro amarelo? (c) Qual é a aceleração do
elevador?
Exercı́cio 7.1, Exercı́cio 7.2, Exercı́cio 7.5, Exercı́cio 7.7, Exercı́cio 7.8, Problema 7.1
8. Trabalho
Como vimos no capı́tulo anterior, um sistema sujeito à forças externas - isto é, forças exerci-
das por objetos fora do sistema sobre os objetos do sistema - não está isolado. A relação entre
o momento de um sistema não isolado e a força resultante exercida sobre o sistema é simples:
a força resultante é igual à variação temporal no momento do sistema. Mas além de afetar o
momento, as forças externas podem alterar a energia do sistema. No caso mais simples, uma
única força exercida sobre um sistema consistindo de um único objeto faz o objeto acelerar, e a
força muda a energia cinética do sistema. As forças também podem mudar o estado fı́sico dos
objetos (comprimir ou alongar uma mola, ou amassar uma folha de papel). Como o estado
do sistema está relacionado com a energia interna, vemos que as forças podem mudar não só
a energia cinética mas também a energia interna do sistema. Para descrever essas mudanças
na energia, os fı́sicos usam o conceito de trabalho: o trabalho é a variação de energia num
sistema devido às forças externas.
Questão 8.1 Imagine que você esteja empurrando uma parede, conforme a Figura
8.1(a). (a) Considerando a parede como o sistema, a força que você exerce sobre a
parede é interna ou externa? (b) A energia da parede muda com a força que você
exerce nela? (c) A força que você realiza na parede realiza trabalho sobre a parede?
73
74 8.2. Trabalho positivo e negativo
Figura 8.1: Uma força externa realiza trabalho sobre o sistema somente se a força faz o ponto
no qual ela é aplicada se mover.
Como o exemplo acima ilustra, as forças externas exercidas sobre um sistema nem sem-
pre realizam trabalho sobre o sistema. No caso da Figura 8.1(a) não há trabalho realizado
sobre o sistema. Já no caso da Figura 8.1(b) a força aplicada sobre algo que tem rodas faz
o objeto ser acelerado, alterando sua energia cinética. Por fim, se você empurra um objeto
deformável, como um colchão na Figura 8.1(c), o objeto muda sua forma e, com isso, sua
energia potencial. Nos dois últimos casos, há trabalho sendo realizado sobre o sistema.
A chave para entender a diferença entre a primeira e as duas últimas situações está no
ponto de aplicação da força (isto é, no ponto onde a força é exercida sobre o sistema). Nos dois
últimos casos da Figura 8.1, o ponto de aplicação da força é deslocado. Para que uma força
realize trabalho, o ponto no qual a força está sendo aplicada precisa se mover. Em 1D,
quando o deslocamento é diferente de zero, a força realiza trabalho sobre o sistema, fazendo
com que a energia do sistema mude. (Em mais de uma dimensão, veremos que o ângulo
entre a força e o deslocamento também é importante.) Para distinguir o deslocamento no
ponto onde a força é aplicada de qualquer outro deslocamento, vamos adicionar o subscrito
F no deslocamento: ∆rF .
Definição 8.1 (Partı́cula) O termo partı́cula se refere a qualquer objeto que não tem
estrutura interna. Justamente por não ter estrutura interna, uma partı́cula não pode
mudar sua forma, e portanto sua energia interna é fixa (∆Eint = 0). Apenas a energia
cinética pode mudar numa partı́cula.
1 2 2
X
∆Kcm = Kcm,f − Kcm,i = m(vcm,f − vcm,i = macm ∆xcm = Fext ∆xcm .
2
Embora a equação acima seja similar à equação que obtivemos para o caso de uma única
partı́cula, ∆Kcm não representa o trabalho realizado por uma força externa sobre o sistema.
O motivo para tal é que a energia cinética Kcm é apenas uma parte da energia cinética
do sistema; para um sistema com várias partı́culas que interagem entre si podem ocorrer
mudanças em outras formas de energia. Logo, ∆Kcm , ∆E. Como, pela definição, o trabalho
é o responsável pela variação de energia do sistema (equação 8.1, ∆E = W ), vemos que ∆Kcm
da equação 8.5 não pode ser igual a todo o trabalho realizado pela força externa sobre o sis-
tema com mais de um objeto. Nestes casos, quando uma força externa é exercida sobre uma
das partı́culas do sistema, sabemos que:
W = Fext,1 ∆x1 .
Podemos generalizar o resultado acima para um sistema com várias partı́culas sujeitas a
diferentes forças constantes:
ou X
W= Fext,n ∆xn .
n
Note que para calcular o trabalho devemos tomar o produto de cada força externa e o
deslocamento realizado por esta força. Se o sistema é um objeto que se deforma, os valores
de deslocamento são diferentes em diferentes partes do sistema. Por esta razão, a equação
acima envolve uma soma sobra n.
Se a força é dissipativa, não podemos usar esta expressão porque a energia dissipada é
distribuı́da ao redor da extremidade do sistema.
Capı́tulo 8. Trabalho 79
Wn = Fx (xn )δx,
Um exemplo de uma força que varia com a posição é a força exercida por uma mola, onde
Fmola = −k(x − x0 ). Através da equação 8.6 podemos facilmente calcular o trabalho realizado
por uma força como esta:
Zx Zx
1
W= F(x)dx = k(x − x0 )dx = k(x − x0 )2 .
x0 x0 2
Quando usar esta equação, lembre-se que a energia é dissipada nos dois lados da superfı́cie
onde o atrito ocorre. Logo, embora o lado direito das duas últimas equações são o produto
de uma força constante e o deslocamento, não seria correto se referir a este produto como “o
trabalho realizado pela força de atrito exercida sobre o bloco.”. Além disso, a equação 8.3 só
funciona para o deslocamento em uma direção; se o bloco muda a direção do seu movimento,
você deve aplicar a equação 8.3 para cada direção separadamente.
8.7 Potência
Frequentemente estamos interessados não só em saber quanta energia é convertida dentro
de um sistema ou transferida para um sistema, mas também em saber quão rápida a energia é
convertida ou transferida. A taxa na qual a energia é transferida ou convertida é chamada de
potência. Se a energia de um sistema varia de uma quantidade ∆E ao longo de um intervalo
de tempo ∆t, a potência média é definida como:
∆E
Pmed = . (8.4)
∆t
A unidade no SI para a potência é o watt (W), que é igual a 1 J de energia por segundo: 1 W ≡
1 J/s. Uma pessoa em boa condição fı́sica pode entregar aproximadamente 75 W de trabalho
médio sobre um intervalo de tempo prolongado. Isto significa que uma pessoa saudável pode
realizar trabalho numa taxa de aproximadamente 75 J/s. Um atleta pode entregar aproxi-
madamente 400 W durante um intervalo de tempo longo, e até 1000 W durante intervalos
curtos de tempo.
Capı́tulo 8. Trabalho 81
A potência instantânea é
∆E dE
P = lim = . (8.5)
∆t→0 ∆t dt
A equação 8.5 dá a taxa na qual a energia do sistema varia. O conceito de potência pode ser
aplicado à taxa na qual qualquer tipo de energia varia. Por exemplo, a potência na qual a
energia térmica é gerada é dada por
dEth
P= .
dt
Numa situação onde a energia de um sistema é alterada por uma força externa constante
Fext , podemos escrever
!
∆E W ∆x
Pmed = = = Fext = Fext vmed ,
∆t ∆t ∆t
onde vmed é a velocidade média do ponto de aplicação da força. Para obter a potência ins-
tantânea tomamos o limite de ∆t indo a zero, chegando a
P = Fext v
Questão 8.2 Uma bola é jogada verticalmente para cima. (a) Enquanto a bola se
move para cima, e diminui sua velocidade sob influência da gravidade, o trabalho
realizado pela Terra sobre a bola é positivo ou negativo? (b) Depois de chegar na sua
altura máxima, a bola começa a descer, ganhando velocidade. Neste caso, o trabalho
realizado pela força gravitacional sobre a bola é positivo ou negativo?
8.9 Problemas
Atividade 8.2 Você está levantando uma bola com velocidade constante. (a) Quando
o sistema é a bola, há trabalho realizado sobre o sistema? Se sim, quem realiza o
trabalho? (b) Descreva a energia potencial deste sistema durante o levantamento. (c)
Quando tomamos a bola e a Terra como sistema, há trabalho realizado sobre o sistema?
Se sim, quem realiza o trabalho? (d) Descreva como a energia potencial do sistema
Terra-bola muda durante o levantamento.
Atividade 8.3 Qual é o trabalho realizado pela gravidade sobre uma gota de chuva de
2,0 mg quando a gota cai de uma nuvem a 2000 m de altura até o chão?
Atividade 8.4 Um carro de 1000 kg viajando a 5 m/s bate numa parede. A parede de
concreto da passagem não é afetada, mas o carro é amassado de forma que no intervalo
de tempo entre o impacto e o momento que o carro para seu centro de massa se desloca
0,50 m para frente. Qual é (a) a força média exercida sobre o carro, (b) o trabalho
realizado pela parede sobre o carro, e (c) a variação na energia cinética do centro de
massa do carro?
Atividade 8.5 Um corredor tem que fazer uma força de 25 N contra a resistência do ar
para manter uma velocidade de +5 m/s. A qual taxa o corredor está gastando energia?
Exercı́cio 8.1 No arranjo mostrado na figura abaixo, três segmentos de uma corda
c exercida por uma pessoa sobre
puxam o bloco. (a) Mostre que o módulo da força Fpr
a corda para levantar o bloco a uma velocidade constante é mg/3, onde m é a inércia
do bloco. (b) Um trabalhador usa este mesmo arranjo para levantar um bloco pesado,
enquanto outro trabalhador transporta um bloco idêntico com uma corda reta. Após
os dois blocos terrem sido levantados até a mesma janela do segundo andar, qual dos
dois trabalhadores realizou mais trabalho?
Capı́tulo 8. Trabalho 83
Exercı́cio 8.2 Dois carrinhos de 0,50 kg, um vermelho e um verde, estão a 0,5 m um
do outro num trilho de ar sem atrito. Você empurra o carrinho vermelho com uma
força constante de 2,0 N por 0,15 m e depois retira sua mão. O carrinho move 0,35
m no trilho até colidir com o carrinho verde. (a) Qual é o trabalho realizado por você
sobre o sistema dos dois carrinhos? (b) Quanto o centro de massa do sistema se move
enquanto você está empurrando o carrinho vermelho? (c) Qual é a variação da energia
cinética do centro de massa do sistema devido à força que você faz?
Exercı́cio 8.3 Num jogo, o jogador atira uma bola contra um palheiro. Para uma jogada
tı́pica, a bola deixa o palheiro com metade da velocidade de entrada. (a) Se a força de
atrito exercida pelo palheiro é constante e vale 6,0 N, e o palheiro tem espessura de 1,2
m, derive uma expressão para a velocidade de entrada como função da massa da bola.
Assuma que o movimento seja apenas na horizontal, e ignore os efeitos da gravidade.
(b) Qual é a velocidade de entrada tı́pica se a bola tem uma inércia de 0,50 kg?
Exercı́cio 8.4 Você desenvolve um carro a corda, que é impulsionado por uma mola,
para viagens até o supermercado. O carro tem 4,2 m de comprimento e uma inércia de
500 kg, e é capaz de ir do repouso a 20 m/s pelo menos 50 vezes antes de ser necessário
”dar corda”novamente, ou seja, comprimir novamente a mola. A corda tem o tamanho
do carro, e uma vez comprimida por completo tem metade deste tamanho. A fim de
ter a aceleração necessária, qual deve ser a constante de mola?
Exercı́cio 8.5 Um carro de 1000 kg se movendo a 7,0 m/s se aproxima da base de uma
montanha de 20 m de altura. Para economizar gasolina, o motorista usa uma média de
3,3 kW de potência do motor, percebendo que metade da energia proporcionada pelo
motor e metade da energia cinética inicial serão dissipadas. Qual é o menor intervalo
de tempo necessário para o carro ir da base ao topo da montanha?
84 8.9. Problemas
Atividade 8.2, Atividade 8.4, Exercı́cio 8.1, Exercı́cio 8.2, Exercı́cio 8.5, Problema 8.2
9. Movimento no Plano
Até o momento, nos restringimos ao estudo de eventos na fı́sica que acontecem ao longo de
uma linha reta - ou seja, em uma dimensão (1D). Neste capı́tulo vamos desenvolver as fer-
ramentas que nos permite lidar com o movimento no plano - em outras palavras, movimento
que acontece em duas dimensões (2D). Como você vai ver, qualquer problema em duas di-
mensões pode ser reduzido a dois problemas em uma dimensão (que nós já sabemos resolver).
Após discutir as técnicas que nos permite lidar com quantidades vetoriais em duas dimensões,
vamos estudar a decomposição de vetores de força em duas dimensões. Esta decomposição nos
permite examinar mais de perto as forças de contato que ocorrem na superfı́cie entre dois ob-
jetos, que leva ao tema do atrito. Finalmente, vamos estender o conceito de trabalho de forma
que ele se aplique a situações onde a força e o deslocamento não estão na mesma direção.
Referências para leitura: Halliday (cap. 3, 4 e seção seção 7.2) e Bauer (seção 1.6, cap. 3 e
seção 5.2).
85
86 9.2. Vetores num plano
x = r cos θ
ˆ
~ = A~x + A~y = Ax î + Ay j,
A
Ay
tgθ = .
Ax
d~r ∆~r ˆ
v~ ≡ = lim = vx î + vy j, (9.2)
dt ∆t→0 ∆t
onde
dx dy
vx = e vy = .
dt dt
O deslocamento, a velocidade instantânea e
a aceleração da bola da Figura 9.1 são mostra-
dos na Figura 9.6. Como a velocidade média da
bola é o deslocamento dividido pelo intervalo de
tempo durante o qual o deslocamento ocorre, a
velocidade média (não mostrada na Figura 9.6
aponta na mesma direção do deslocamento. A
velocidade instantânea da bola é a velocidade
média avaliada durante um perı́odo de tempo
infinitesimal, e como a bola não se move em li-
Figura 9.6: Deslocamento, velocidade ins- nha reta, a velocidade instantânea não necessa-
tantânea e aceleração da bola da Figura 9.1. riamente aponta na mesma direção do desloca-
mento.
Capı́tulo 9. Movimento no Plano 89
Figura 9.8: Diagramas de corpo livre para um tijolo sobre uma prancha em diferentes
ângulos de inclinação da prancha.
W = F∆x.
O trabalho é um escalar, mas a força e o deslocamento são vetores. Discutimos que o des-
locamento ∆x na equação acima deve ser provocada pelo trabalho. Logo, no caso da força e
o deslocamento não apontarem na mesma direção, podemos decompor a força nas direções
paralela e perpendicular ao deslocamento provocado. É possı́vel perceber que a componente
da força perpendicular ao deslocamento não causa nenhum deslocamento e portanto não
realiza trabalho sobre o objeto. Apenas a componente da força paralela ao deslocamento é
capaz de realizar trabalho sobre o objeto.
Este resultado pode ser escrito de forma mais
compacta usando a definição do produto escalar en-
~eB
tre dois vetores. Se o ângulo entre dois vetores A ~
é φ, o produto escalar é
~·B
A ~ ≡ AB cos φ.
W =F ~
~ · ∆r. (9.3)
92 9.7. Atrito
9.7 Atrito
Considere novamente o caso de um tijolo sobre uma prancha horizontal. Suponha agora que
você tente empurrar o tijolo ao longo da prancha com a sua mão. Se não houvesse o atrito
o tijolo se moveria facilmente sobre a prancha. No entanto, você tem que fazer uma força
razoável para fazer o tijolo começar a se mover; uma vez que o tijolo começou a se mover,
você deve continuar empurrando para manter o movimento. Se você parar de empurrar, o
atrito vai fazer o movimento parar.
A interação entre o tijolo e a prancha se manifesta através da força de contato exercida
pela prancha sobre o tijolo. A componente normal desta força de contato é chamada de
força normal e já discutimos esta força no capı́tulo 7. A componente tangencial da força
de contato é chamada de força de atrito. Embora ambas são decomposições da força de
contato, o comportamento macroscópico destas componentes é bastante diferente, e por isso
são tratadas como duas forças separadas.
Para entender a diferença, considere a componente normal da força de contato do tijolo
com a prancha. Como o tijolo não se move nesta direção, o módulo da força normal deve
ser igual ao módulo da força gravitacional. Ao empurrar o tijolo para baixo você aumen-
tará a força total para baixo sobre o tijolo, e, como uma mola sob compressão, a prancha
pode começar a se entortar até a força normal que ela exerce sobre o tijolo iguala as forças
exercidas pela Terra e pela sua mão sobre o tijolo. Se você empurrar mais forte para baixo,
a prancha vai entortar ainda mais, e a força normal continua a aumentar até o ponto que
você excede a capacidade da prancha de dar suporte ao tijolo e se quebra, fazendo com que a
força normal desapareça. Logo, forças normais assumem qualquer valor necessário para não
deixar um objeto empurrado para baixo não se mover através da superfı́cie - até o ponto em
que a superfı́cie quebra.
Imagine agora que o empurrão seja feito na horizontal, para a direita, como na Figura
9.10. Se você não empurrar muito forte, o tijolo permanece em repouso, o que significa que
as forças horizontais exercidas sobre o tijolo se somam para obter zero, e portanto a prancha
deve fazer uma força que é igual em módulo a força do seu empurrão mas na direção oposta.
Esta força horizontal é causada pelas ligações microscópicas entre as superfı́cies em contato.
Quando dois objetos estão em contato, estas ligações se formam nas extremidades das su-
perfı́cies dos objetos. Quando você tentar empurrar o tijolo para a direita, estas pequenas
ligações microscópicas agem como pequenas molas, exercendo uma força para a esquerda.
O resultado macroscópico da força originada por estas ligações é segurar o tijolo no lugar.
Se você aumentar a força do seu empurrão, as superfı́cies resistem mais e a componente tan-
gencial da força de contato aumenta. Este atrito exercido pelas superfı́cies que não estão se
movendo uma em relação a outra é chamado de atrito estático.
Capı́tulo 9. Movimento no Plano 93
Figura 9.10: Base microscópica para as forças de atrito cinética e estática (b = tijolo, p =
prancha, h = mão).
Estas ligações microscópicas não conseguem aguentar forças muito grandes, de forma
que se você continuar aumentando a força do seu empurrão as ligações são quebradas e o
tijolo começa a se mover. Uma vez que o tijolo passa a se mover em relação a prancha,
o contato entre as superfı́cies ainda existe, e as superfı́cies continuam a formar e quebrar
ligações microscópicas. Esta constante formação e quebra das ligações microscópicas entre
as superfı́cies é chamada de atrito cinético ou dinâmico. Se você parar de empurrar o tijolo,
a força de atrito cinético vai desacelerar o tijolo. Se você quiser manter o tijolo se movendo,
a força necessária para manter o movimento é menor do que a força necessária para fazer o
tijolo começar a se mover.
Para descrever o movimento de objetos ao longo de superfı́cies precisamos de uma ex-
pressão quantitativa para a força de atrito. A partir do exemplo da Figura 9.10, vemos que
a força de atrito estática tem um valor máximo, uma vez que se você empurrar o tijolo com
uma força alta o suficiente ele vai começar a se mover. O valor máximo da força de atrito
estática exercida por uma superfı́cie sobre um objeto é proporcional à força normal exer-
cida pelo objeto sobre a superfı́cie, e não depende da área de contato. A constante de
proporcionalidade é adimensional, µs , e é chamada de coeficiente de atrito estático.
Uma vez que o objeto passa a se mover em relação à superfı́cie, a força de atrito cinético é
constante e também é proporcional à força normal, além de ser independente da velocidade
relativa entre as duas superfı́cies:
c n
F12 = µc F12 , (9.4)
9.9 Problemas
Atividade 9.1 Dentro de um trem você percebe um garoto deixando cair uma bola de
tênis do telhado da casa dele. (a) Qual é a trajetória que você vê a bola fazendo se o
trem está se movendo com velocidade constante? (b) Você veria a trajetória como uma
linha reta se o trem estivesse acelerando? Justifique.
~ = 3, 0î + 2, 0jˆ e B
Atividade 9.2 Para os vetores A ˆ determine (a) A
~ = −2, 0î + 2, 0j, ~+B
~e
~ + B|.
(b) o módulo de |A ~
Atividade 9.3 Um rifle é posicionado a 100 m de um alvo, e a bala deixa o rifle a 650
m/s. Se o rifle e o alvo estão alinhados horizontalmente, e o rifle está posicionado para
atingir o centro do alvo, por quanto a bala erra o alvo? Qual seria a mudança no seu
cálculo se o rifle e o alvo seguissem alinhados porém com uma certa inclinação em
relação à horizontal?
o trabalho realizado pela força sobre a partı́cula. (b) Qual é o ângulo entre a força e o
deslocamento da partı́cula?
Atividade 9.5 Ao mover uma caixa de 51 kg num piso, você descobre que precisa de
uma força de 200 N para conseguir fazer a caixa se mover, e 100 N para manter a caixa
em movimento com velocidade constante. Quais são os coeficientes de atrito estático e
cinético entre a caixa e o piso?
Exercı́cio 9.1 Um avião viaja em linha reta da posição A até a posição B em 65 min,
se movendo com velocidade média de 400 km/h. Em um carro viajando de A até B,
um motorista descobre que a viagem tem 600 km pelo caminho que ele é obrigado a
seguir, que é ir em linha reta para o sul por uma certa distância e depois em linha reta
para oeste por uma distância maior. Qual é o ângulo a sudoeste que o avião viaja?
ˆ
~ = (At−Bt 2 )î+C j,
Exercı́cio 9.2 A velocidade de um objeto é dada nas unidades SI por v
com A = 14m/s2 , B = 10m/s3 e C = 22m/s. (a) Se a posição inicial do objeto em t = 0
é a origem (xi = yi = 0), quando o objeto retorna a origem? (b) Quando a velocidade é
zero? (c) Quando o objeto tem aceleração zero?
Exercı́cio 9.3 Conforme um metal derretido respinga, uma gotı́cula voa para o leste
com velocidade inicial vi a um ângulo θi acima da horizontal, e outra gotı́cula voa para
o oeste com a mesma velocidade e ângulo acima da horizontal, como mostra a figura
abaixo. Em termos de vi e θi , encontre a distância entre as duas gotı́culas como função
do tempo.
Exercı́cio 9.4 Uma mola (k = 3800 N/m) é comprimida entre dois blocos: bloco 1, de
inércia 1,40 kg, e bloco 2, de inércia 2,00 kg. O conjunto se move na direção horizontal
numa pista de gelo a 2,90 m/s quando, de repente, a mola quebra, permitindo sua
expansão e a separação dos blocos. O bloco 2 passa a se mover num ângulo de 34o
em relação ao seu movimento inicial com velocidade de 3,50 m/s, enquanto o bloco
1 se move com velocidade e ângulo desconhecidos. Nenhum bloco roda, e você pode
ignorar a inércia da mola. (a) Determine a velocidade do bloco 1 após a separação. (b)
Determine a compressão original da mola em relação ao seu comprimento relaxado.
96 9.9. Problemas
Exercı́cio 9.5 Um plano inclinado que faz um ângulo de 30o com a horizontal tem
uma mola de constante elástica 4500 N/m no seu ponto mais baixo. Um bloco de 2,2
kg é liberado próximo ao topo do plano inclinado e se move para baixo, comprimindo
a mola de até 0,0240 m em relação ao seu tamanho relaxado. (a) Ignorando qualquer
efeito de atrito, calcule a distância que o bloco percorre do momento que é liberado até
o momento que ele para no ponto máximo de compressão da mola. (b) Suponha agora
há atrito entre o bloco e a superfı́cie do plano inclinado, com µc = 0, 10. Se o bloco é
novamente colocado em algum lugar do plano e permitido escorregar para baixo até
comprimir a mola pelos mesmos 0,0240 m, quão longe o bloco deve viajar agora?
Problema 9.1 A figura abaixo mostra um amigo em pé no topo de um prédio a 51,8
m de altura. O teto é quadrado e mede 20 m em cada lado. Você quer jogar uma bola
de forma que ela atinja o teto e usa para isso uma pistola de paintball que atira bolas a
42 m/s. O único problema é que há um painel publicitário de 67,5 m de altura entre
você e o prédio, a 20 m na frente do prédio. Você se posiciona na frente do painel
publicitário de forma que quando você segura a pistola a 1,5 m do chão e atira, a bola
passa raspando o painel, no ponto mais alto da trajetória. (a) Qual ângulo θ em relação
à horizontal você precisa atirar a bola para passar o painel publicitário? (b) Qual é
a distância que você precisa estar do painel publicitário? (c) Quanto tempo a bola
demora para chegar do ponto mais alto da sua trajetória até o telhado do prédio? (d) A
bola atinge o telhado? (e) Qual é a velocidade da bola quando ela atinge o telhado?
Capı́tulo 9. Movimento no Plano 97
Problema 9.2 Você sabe que você pode fornecer 500 W de potência para mover objetos
grandes. Você precisa mover um cofre de 50 kg para o andar de cima, a 10 m do chão.
(a) Com qual velocidade média você pude puxar o cofre na direção vertical para cima?
(b) Quanto trabalho você faz sobre o cofre para puxa-lo como no item anterior? (c)
Com qual velocidade média você pode puxar o cofre se puxa-lo com um ângulo de 30o
em relação à direção do seu movimento? (d) Quanto trabalho você faz sobre o cofre
nesta última situação?
Problema 9.3 Você empurra para baixo um livro de inércia m inicialmente parado
sobre uma mesa com uma força direcionada num ângulo θ com a vertical. O coeficiente
de atrito estático entre o livro e a mesa é µs . Se θ não for maior que um determinado
valor crı́tico, você não consegue fazer o livro deslizar sobre a mesa, não importa o quão
forte você empurra. Qual é este valor crı́tico?
Atividade 9.4, Exercı́cio 9.2, Exercı́cio 9.3, Exercı́cio 9.4, Problema 9.3
A. Respostas dos Problemas
Aula 1
Atividades
Exercı́cios
Problemas
1.1
1.2 Resposta depende dos valores estimados para o número de pessoas na cidade de
Campinas, o número de visitas ao dentista por pessoa e o tempo de cada consulta.
Aula 2
Atividades
98
Apêndice A. Respostas dos Problemas 99
2.2
2.3 (a) −2, 4 m/s; (b) −3, 8 m/s; (c) 4,0 s
2.4 1, 9 × 108 anos atrás
2.5 (a) Do primeiro ponto ao quinto ponto; (b) Do quinto ponto ao nono ponto; (c) As
respostas seriam as mesmas porque os pontos seriam designados “primeiro” até o “nono”
começando da extrema direita da sequência, ao invés da extrema esquerda.
Exercı́cios
2.1 (a) x(t = 2, 00s) = 16, 0 m; (b) x(t = 2, 00 + ∆t) = (16, 0 + 16, 0 · ∆t + 4(∆t)2 ) m; (c)
limDeltat→0 ∆x
∆t = 16, 0 m/s
2.2
2.3
2.4 (a) v(t = 4, 0s) = 20 m/s, v(t = 14, 0s) = 12 m/s; (b) 230 m.
Problemas
2.1
2.2
Aula 3
Atividades
3.1
3.2 (a) ∆vA = e ∆vB = ; (b) O objeto que tem menor variação de velocidade, ou seja, mB ;
(c) mA /mB = 2, 5
3.3 (a) Não, o número de passageiros muda quando as pessoas entram ou saem a cada
parada do ônibus. Em princı́pio, pessoas também podem nascer ou morrer no ônibus; (b)
Extensiva; (c) Não.
3.4
3.5
Exercı́cios
3.1
mb
3.2 (a) (b) (c) vm,f = mm vb,i − vb,f
3.3
3.4
3.5
100
Problemas
3.1
3.2
3.3
Aula 4
Atividades
4.1 (a) 3,0 m/s na direção negativa de x; (b) 4,0 m/s na direção positiva de x
4.2
4.3
Exercı́cios
2d/c 2d
4.1 (a) 1−v 2 /c2 ; (b) c (c) A viagem em água fluindo tem maior intervalo de tempo. O
nadador nada na corrente para cima por um intervalo de tempo mais longo, de modo que
sua velocidade média é reduzida para menos de c. Matematicamente, 1/(1 − v 2 /c2 é sempre
maior que 1. No extremo, conforme v → c, o intervalo de tempo torna-se infinito. Neste caso,
o estudante nunca pode retornar ao ponto de partida porque não consegue nadar rápido o
suficiente para superar a corrente do rio.
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
Problemas
4.1
4.1
Aula 5
Atividades
Exercı́cios
Problemas
5.1 (a) 0,59 J; (b) v0,36kg,f = 1, 1 m/s para a esquerda, v0,12kg,f = 3, 0 m/s para a direita
5.2 dE
dt = −mg 2 τ(1 − e−t/τ )2 = 1 − e−t/(5.68 s) 1276 W
q q
5.3 v1kg,f = − 2v3 − 7 2 E
9 v + 2 para a direita, v 2kg,f = + v
3 − 7 2 E
9 v + 2 para a direita
Aula 7
Atividades
7.1
7.2
7.3
Exercı́cios
Problemas
Aula 8
Atividades
8.1 a) b ≤ t ≤ c e d ≤ t ≤ e; b) a ≤ t ≤ b, c ≤ t ≤ d e e ≤ t ≤ f ; c) f ≤ t ≤ g;
8.2 (a) Sim, ha trabalho sobre o sistema. Sobre a bola atuam duas forças externas, a força
exercida pela pessoa e pela terra. Cada uma dessas forças realiza trabalho, sendo Wp > 0 e
WT < 0.
(b) A variação da energia potencial gravitacional referente à configuração terra-bola é nula,
pois a terra não faz parte do sistema.
(c) Sim, há trabalho, e deve-se à força externa exercida pela pessoa sobre a bola. Wp > 0 e
WT = 0.
(d) Durante o levantamento a distância terra-bola aumenta, portanto a energia potencial do
sistema também aumenta.
8.3 -39.2 J.
8.4 a) Fm = −m(v0 2 /2∆xcm ) = −2.5 × 104 N; b) W = 0; c) ∆K = −Fm ∆xcm = −1.3 × 104 J
8.5 P = -62.5 W
Exercı́cios
Problemas
q
2
k kd
8.1 a) v = m d; b) h= 2mg
8.2 a) F = W /d = ∆K/d = mv 2 /18d; b) Ebala /EBloco = 7
Aula 9
Atividades
9.1 a) A trajetória vista de dentro do trem seria uma linha reta (trem com v = const. ⇒
referencial inercial.) b) Não, pois o trem em movimento acelerado não é mais um referencial
inercial. √
~+B
9.2 a) A ~ = 1.0î + 4.0jˆ b) |A
~ + B|
~ = 17 = 4.1
9.3 Na primeira situação o projétil ira errar o centro do alvo por uma distância de ≈
0.11m. segunda pergunta: mesmo resultado.
9.4 (a) W=−300 J, (b) θ = 167◦
Apêndice A. Respostas dos Problemas 103
Exercı́cios
Problemas
?? a) θ = 58, 910 ; b) d = 79, 60m; c) t = 3, 67s; d) d = 38, 82m < 40m, portanto a bola atinge
o telhado; e) v = (21, 689i − 17, 542j)m/s.
9.2 a) vmed = PPot = 1, 02m/s; b) W = P h = 4900J; c) vmed = F cosP ot
300
= 2, 36m/s; d) W = F ·h =
0 0 0
F cos 30 h = P sin 30 cos 30 h = 2121, 76J.
9.3
sin θ > µs cos θ → tan θ > µs
104